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Categorias profissionais que fazem a segurança de alimentos – Atualização

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Após retorno de alguns leitores, segue lista atualizada de outras categorias profissionais que também fazem a segurança dos alimentos.

  • Farmacêutico – 20/01
  • Zootecnista – 13/05
  • Químico – 18/06
  • Cientista de Alimentos – 28/06
  • Economista doméstico – 21/10
  • Advogado – 11/08
  • Nutricionista – 31/08
  • Biólogo – 03/09
  • Médico veterinário – 09/09
  • Engenheiro químico – 20/09
  • Tecnólogo de alimentos – 06/10
  • Agrônomo – 12/10
  • Engenheiro de alimentos – 16/10
  • Biomédico – 20/11

Aproveitamos para parabenizar duas categorias que foram comemoradas no mês de agosto: Nutricionistas e Advogados.

Segue algumas atividades onde estes profissionais atuam dentro da Segurança de Alimentos.

Nutricionista: tem como uma das principais responsabilidades implementar e garantir o cumprimento das Boas Práticas de Fabricação dentro dos serviços de alimentação, garantindo refeições seguras aos consumidores.

Advogado: dentro das indústrias de alimentos, podem atuar na área de Assuntos Regulatórios, auxiliando a empresa no cumprimento e entendimento das legislações, além de participação nas consultas públicas mediando os interesses dos órgãos governamentais, indústria e consumidores.

Se você faz parte de uma destas categorias conte-nos sua experiência!

 

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Hoje é dia do cientista de alimentos!

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Muitos são os profissionais que contribuem para a segurança dos alimentos em nosso país. Como já citado aqui no blog (http://artywebdesigner.com.br/categorias-profissionais-que-fazem-a-seguranca-de-alimentos/) pela colega Juliana, são várias as categorias profissionais que trabalham, se dedicam e têm paixão por esta área. Aqui no blog mesmo, entre os colunistas, temos engenheiros de alimentos, tecnólogos de alimentos, químicos, economistas domésticos, e até advogados, como a nossa colega Cecília que é bastante ativa na questão da rotulagem de alergênicos.

 Mas hoje farei o meu post sobre a minha profissão, CIENTISTA DE ALIMENTOS, categoria essa que está cada vez mais se difundindo e tomando seu espaço nas universidades e nos centros de pesquisa e que também, claro, fazem sua diferença quando o assunto é segurança dos alimentos.

Segundo o site da APCAL (Associação dos Profissionais Cientistas de Alimentos), o cientista de alimentos é o profissional formado em Ciência dos Alimentos/Ciência e Tecnologia de Alimentos/Ciência e Tecnologia Agroalimentar e focado no conhecimento do alimento em todos os seus aspectos físico-químicos, microbiológicos, bioquímicos e tecnológicos, incluindo nutrição, características sensoriais, marketing, logística e gestão da qualidadeAcompanha o alimento em todas as suas etapas desde o campo até a mesa do consumidor. O curso também foca as interações Alimento – Homem – Meio Ambiente. Este profissional estuda Química de alimentos, Microbiologia de alimentos, Cálculo, Análise de alimentos, Higiene e Legislação, Tecnologias (em carnes e ovos, leite, pescado, frutas e hortaliças, etc), Gestão da qualidade, Antropologia da Alimentação, Gestão do Agronegócio, Gastronomia Molecular, Economia, entre outros. 

O cientista de alimentos é regido pelo CRQ – Conselho Regional de Química de cada região e entre as suas atribuições, compete a este profissional:

I – gerenciamento e responsabilidade técnica no âmbito da produção, controle e análise de matérias primas, insumos e alimentos;

II – assistência, assessoria, consultoria, elaboração de orçamento, divulgação e comercialização, no âmbito do controle, produção e análise de matérias primas, insumos e alimentos;

III – vistoria, perícia, avaliação, arbitramento e serviços técnicos; elaboração e análise de pareceres, laudos e atestados no âmbito do controle, produção e análise de matérias primas, insumos e alimentos;

IV – exercício do magistério, respeitada a legislação específica;

V – desempenho de cargos e funções técnicas no âmbito do desenvolvimento de produtos e processos no sistema alimentar;

VI – pesquisa e desenvolvimento de métodos analíticos, processos e produtos;

VII – análise química, físico-química, bioquímica, toxicológica, microbiológica, microscópica, sensorial, padronização e controle de qualidade de matérias primas, insumos, alimentos, águas e resíduos;

VIII – garantia e controle da qualidade de matérias primas, insumos, processos, alimentos e serviços alimentares;

IX – processamento de produtos alimentícios e insumos;

X – aproveitamento, controle e tratamento de resíduos;

XI – gerenciamento de operações e manutenção de equipamentos e instalação;

XII – estudo de viabilidade legal, técnica e econômica, elaboração e execução de projetos no âmbito do controle, produção e análise de matérias primas, insumos e alimentos;

XIII – estudo, proposição e aplicação de legislação no âmbito de matérias primas, insumos e alimentos;

XIV – integração em equipes de marketing, operações de abastecimento, logística de distribuição e comercialização.

As universidades que oferecem o curso são listadas a seguir:

USP – Esalq / Curso: Ciência de Alimentos / Campus: Piracicaba – SP / Ano de início: 2001;

IFSEMG – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais / Curso: Ciência e Tecnologia de Alimentos / Campus: Rio Pomba – MG / Ano de início: 2007;

UFV – Universidade Federal de Viçosa / Curso: Ciência de Alimentos / Campus: Rio Paranaíba – MG / Ano de início: 2008;

UFMT – Universidade Federal do Mato Grosso / Curso: Ciência e Tecnologia de Alimentos / Campus: Cuiabá – MT / Ano de início: 2009;

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina / Curso: Ciência e Tecnologia Agroalimentar / Campus: Florianópolis – SC / Ano de início: 2009;

UNIPAMPA – Universidade Federal do Pampa / Curso: Ciência e Tecnologia de Alimentos / Campus: Itaqui – RS / Ano de início: 2009;

UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto / Curso: Ciência e Tecnologia dos Alimentos / Campus: Ouro Preto – MG / Ano de início: 2009;

IFF – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense / Curso: Ciência e Tecnologia de Alimentos / Campus: Bom Jesus do Itabapoana – RJ / Ano de início: 2010.

Quem quiser saber mais sobre o profissional cientista de alimentos é só acessar o site da APCAL (http://www.apcal.com.br/).

Temos leitores cientistas de alimentos que trabalham com qualidade e segurança dos alimentos?

 

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Uma análise dos recalls brasileiros em alimentos e bebidas

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Qual é o histórico brasileiro de recalls? Que problemas mais atormentaram as empresas e os consumidores brasileiros?

Para responder estas dúvidas, o levantamento realizado pela Flavor Food em fontes oficiais traz conclusões importantes:

O Brasil realiza uma quantidade ínfima de recalls, quando comparado por exemplo com os EUA, Canada e Comunidade Européia.

Foram somente 16 ocorrências de 1999 a 2013. A pioneira isolada na iniciativa foi a então Brahma, que percebeu que uma garrafa promocional poderia ter seu gargalo facilmente quebrado. A empresa que esteve mais envolvida com o procedimento foi a Pepsico, seguida pela Mondelèz (Kraft na ocasião) e Unilever, o que nos leva a refletir: as empresas que mais fazem recall são as que mais erram ou as que melhor conhecem e cumprem esta obrigatoriedade legal?

 

De lá para cá, o número de ocorrências se mantém ínfima, com um pico em 2013, ano em que o Caso do Leite Compensando, fraudado com formol e uréia ganharam a mídia pelo rigor como o caso foi tratado pelas autoridades envolvendo 3 laticínios diferentes.

   

 

 

 

 

 

 

 

A principal causa de recall são as informações incorretas sobre ausência de glúten, com 38% dos casos. Lembramos aqui que há 10 anos o Brasil é obrigatório declarar se um alimento pode ou não conter glúten no rótulo, em proteção à saúde dos celíacos. Esse dado está alinhado com a principal causa de alergênicos nos EUA, como vimos aqui e aqui. Lembrando nossa legislação de rotulagem não trata de forma explícita outros alergênicos internacionalmente reconhecidos, deduz-se o impacto de uma futura obrigatoriedade, como já foi lido aqui no post O que poderá acontecer quando se tornar obrigatório declarar traços de alergênicos.

Uma reincidência é percebida, dado que duas empresas envasaram parte da solução de limpeza de equipamentos em bebidas em caixinha.

Destacamos que foram usados como fontes os sites do Procom São Paulo, Procom Rio de Janeiro e Site do Ministério da Justiça.  Por exemplo, há ações famosas na mída como  Recall da Parmalat de 2007, do nitrito em leite em Santa Catariana, e do milho de pipoca que não constam nos sites de referência deste levantamento. Este fato não deixa de ser um dado também significativo sobre a não aderência à pratica de registros nestes sites.

Veja também: Retrospectiva sobre os recalls no Brasil

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Os posts mais badalados de 2013 do blog Food Safety Brazil

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Queridos leitores, aqui está a lista dos cinco posts mais lidos de 2013.

Muitas vezes os colunistas debatem: qual será o assunto mais útil, mais interessante? Pensamos sempre no melhor para o nosso público. O resultado, na forma do retorno de vocês, foi:

  1. Surtos alimentares no Brasil – dados atualizados em 2013
  2. Publicação da CVS nº 5/2013 e revogação da CVS nº 6/1999 e CVS nº 18/2008
  3. O que são estas larvas no meu chocolate?
  4. Desinfecção de frutas, legumes e hortaliças
  5. Produto alimentício gera reação alérgica e empresa não apresenta laudos atestando segurança (mais comentado)
Agradecemos sua participação com comentários, curtidas e sugestões!

O que você vai querem encontrar em 2014?

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Dez anos de rotulagem nutricional: tendências e desafios

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A rotulagem nutricional é uma ferramenta para conhecer a composição do alimento e pode fornecer uma base para as escolhas de consumo, com reflexos na saúde.

Recentemente, o FDA ressaltou o impacto da rotulagem nutricional na diminuição do consumo de gordura trans pelos americanos: o consumo caiu pela metade em 20 anos. A redução foi atribuída à menor utilização de óleos hidrogenados na fabricação de alimentos e o FDA relata que a maior parte da redução ocorreu após a informação do teor de gordura trans ser adicionada ao rótulo dos alimentos em 2003.  

No Brasil, as normas que estabelecem a rotulagem nutricional obrigatória completam dez anos neste mês de dezembro. Para falar deste assunto, o blog entrevistou Marta de Toledo Benassi*, pesquisadora da Universidade Estadual de Londrina, com mais de 70 artigos científicos publicados nas áreas de análise química e sensorial de alimentos.

A população brasileira já incorporou a informação nutricional ao seu dia a dia?

Dez anos de rotulagem nutricional obrigatória não é um período longo, comparado ao tempo que produtores e consumidores de outros países tiveram para incorporar essa informação ao seu cotidiano. No Brasil, em cinco anos, passamos de uma primeira norma (1998) que previa rotulagem nutricional apenas para alimentos que destacavam alguma propriedade nutricional, para outra resolução (2003) com a obrigatoriedade de rotulagem nutricional para todos os alimentos e bebidas embalados. O setor produtivo brasileiro teve até 2006 para adequar os rótulos de seus produtos. Nos EUA, a rotulagem nutricional foi introduzida pelo FDA em 1973, de forma voluntária, e passou a ser obrigatória 20 anos depois (1993), mas nessa época estima-se que quase 90% dos alimentos no país já tinham declarações nutricionais no rótulo. Na Comunidade Europeia, somente a partir de uma norma regulatória proposta em 2011 e que vai entrar em vigor até 2016, a rotulagem nutricional tornou-se obrigatória.

As tabelas nutricionais dos alimentos comercializados no Brasil são confiáveis?

Existem vários trabalhos acadêmicos que fazem este tipo de avaliação, mas são pontuais na amostragem, produtos ou nutrientes avaliados. No geral, indicam muitos problemas na confiabilidade das informações da rotulagem, com alimentos apresentando teores maiores que os declarados de gordura total, gordura saturada, gordura trans e sal e menor teor de fibras.  

Na legislação de 1998, quando a rotulagem era opcional, era exigência que se reportassem dados analíticos. Quando a rotulagem passou a ser obrigatória, isso não foi mais exigido, o fabricante foi autorizado a obter dados de nutrientes por meio de cálculos teóricos baseados na fórmula do produto ou obtidos de valores de tabelas de composição de alimentos. Isso não necessariamente representa um problema, a norma europeia de 2011 é igual. O fabricante continua sendo responsável pela veracidade da informação e sabe que deve trabalhar com uma tolerância de 20% com relação aos valores de nutrientes declarados no rótulo. Essa faixa pode parecer grande para o consumidor, mas na verdade contempla a inevitável variação da composição das matérias primas e alterações no processamento, e não é fácil de ser atingida por quem não faz um controle de qualidade analítico da rotulagem de seus produtos.

Para realmente dar credibilidade à rotulagem de forma geral, essa pesquisa deveria ser feita de forma ampla e como rotina por agências reguladoras, que têm o papel de garantir essas informações.

Uma pesquisa divulgada pelo Idec em agosto de 2013 constatou que 30% das pessoas compreendem apenas parcialmente uma tabela nutricional e outras 10% compreendem nada ou muito pouco. O que pode ser feito pra facilitar esta compreensão?

Muitos trabalhos acadêmicos descrevem um panorama parecido com o citado nessa pesquisa. Uma parcela da população brasileira já tem dificuldade de compreensão de textos ou de tabelas, habilidades necessárias para aproveitar a informação da rotulagem. Por outro lado, é difícil usar uma linguagem muito simples sem distorcer informações; a informação é técnica, algum conhecimento básico é requerido para seu entendimento. O que me parece ainda mais preocupante é que a falta de interesse em entender as tabelas está muito associada a pouca credibilidade da informação oferecida. Muitos dos participantes dessas pesquisas declararam que não confiavam nos rótulos, por acreditarem que as informações são manipuladas, falsas ou colocadas como propaganda dos produtos, ou que não são fiscalizadas pelos órgãos competentes.

Campanhas de divulgação, na mídia, enfatizando a importância de se ler rótulos de alimentos em geral e da rotulagem nutricional, e o reforço dessas informações num contexto escolar e associadas ao estudo de química/biologia poderiam surtir efeito. No geral, as pessoas tem curiosidade em saber mais sobre os alimentos. É necessário despertar o interesse do consumidor e garantir que ele receba informações de qualidade.

Como a indústria pode participar deste processo?

A ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café) faz, desde 2003, uma pesquisa bastante abrangente sobre tendências de consumo de café pelo brasileiro, que já conta com oito edições e mais de 1600 entrevistados em cada edição, de todas as regiões do país, idades e classes sociais. Um dos pontos mais interessantes é que mais da metade dos entrevistados em 2010 relatou que já havia escutado sobre os benefícios do café à saúde e muitos conseguiam reportar informações bastante específicas e atuais como auxilio na prevenção de doenças crônicas e degenerativas e combate a radicais livres. Com certeza o brasileiro fica feliz em saber algo que o incentive a tomar café. Será que há o mesmo empenho em saber se está ingerindo mais gordura e sal que o recomendado?

As tabelas nutricionais são diferentes para cada país. Por que é tão difícil obter uma padronização e o que já existe neste sentido?

Nos últimos anos, as legislações vêm ficando mais padronizadas, tanto na exigência quanto aos nutrientes quanto na forma de expressão dos resultados (por peso/por porção). Em uma economia global, o estabelecimento de padrões de qualidade e normas técnicas comuns ocorre em função do aumento do intercâmbio comercial e devido à criação de mercados comuns, para permitir o fluxo de mercadorias entre os países parceiros. No Brasil, a legislação foi harmonizada em 2003 com a proposta para o Mercosul, na União Europeia houve uma readequação no mesmo sentido em 2011. Pode-se observar na nossa tabela, por exemplo, a necessidade de declarar o valor energético não apenas em kcal como também em kJ, unidade não usual no Brasil, mas que pode ser relevante se o objetivo for exportar.

Essa busca por padronização também vem ocorrendo em outras frentes, como na área de análise da composição de alimentos, que tem uma correlação direta com a qualidade da informação oferecida pela rotulagem nutricional. Há 30 anos, não havia padronização de metodologias e os dados das tabelas de composição de diferentes países eram extremamente discrepantes. Em 1984, foi estabelecido o programa mundial INFOODS (International Network of Food Data Systems) com o objetivo de melhorar a qualidade e a disponibilidade de dados de composição de alimentos em todo o mundo. Hoje o Brasil conta com dois importantes bancos de dados/tabelas de composição brasileiras, da USP e NEPA/UNICAMP, com disponibilidade de acesso total e nossos dados tem sido incorporados em tabelas mais abrangentes, como a da FAO. Assim, hoje não só o formato da rotulagem está mais padronizado, mas provavelmente as informações estão sendo obtidas por métodos similares.

Quais os principais desafios que a rotulagem nutricional enfrenta atualmente?

Como inovações e novas informações vão aparecendo continuamente, o desafio para a rotulagem de alimentos é que ela se mantenha dinâmica para incorporar adequada e rapidamente conhecimentos na área da alimentação e nutrição humana. É o caso da explicitação de componentes potencialmente alergênicos a grupos populacionais específicos. Temos um bom exemplo disso na nossa legislação com o glúten. Que outros mais poderiam ser necessários?

Achei bastante interessante que na discussão sobre rotulagem nutricional feita em 2011 na União Europeia, já se descreve o conceito de um nanomaterial artificial: “material intencionalmente produzido com dimensões da ordem de 100 nm com propriedades características da nanoescala incluindo as que estão relacionadas com a grande área de superfície específica dos materiais e/ou propriedades físico-químicas específicas que divergem das da não-nanoforma do mesmo material…”. Em 2012, numa Feira Europeia de Ingredientes Saudáveis, o prêmio de inovação do ano foi dado para o produto SODA-LO™ Salt Microspheres (Tate & Lyle), ingrediente para redução de sal, composto por esferas cristalinas nanoestruturadas de NaCl que promovem o sabor salgado a baixas concentrações. Nesse caso temos um ingrediente usual (sal), num formato diferenciado, mas que poderia ser rotulado da mesma forma, mas e nos casos em que isso não for possível?

No Reino Unido, a Agência de Controle de Alimentos propôs o uso do Semáforo Nutricional como meio de facilitar o uso das informações nutricionais pelos consumidores. A ideia é incluir na parte frontal das embalagens um semáforo com as indicações: verde para nutrientes em baixas quantidades, amarelo para aqueles que estão em quantidades medianas e vermelho para os que aparecem em quantidades altas. O que acha desta proposta? 

É uma comprovação de que conseguir que o consumidor entenda a rotulagem nutricional não é um desafio só no Brasil, é mundial.

O semáforo é um modelo simples e interessante, com certeza facilita o entendimento, mas não tenho ideia de como o consumidor brasileiro reagiria. Tenho medo da simplificação excessiva, simplesmente concluir que o verde é bom e o vermelho perigoso pode não ser a melhor opção. Qual vai ser o critério para definir se um determinado componente do alimento deve ser designado como alto, médio ou baixo? Ninguém come um só produto, o conjunto da dieta é que define se alguém tem uma alimentação saudável. Sinal verde para um consumidor menos informado pode dar uma falsa sensação de segurança. O consumo de vários produtos com sinal verde de um nutriente que deve ser consumido em baixas quantidades não necessariamente resulta numa dieta com teores inexpressivos desse nutriente.

Pessoalmente acho que visualizar os dados dos Valores Diários de Referência por porção é uma informação mais completa, quem sabe a associação dos dois modelos poderia ser o mais interessante. Atualmente uma série de outras propostas estão em discussão. A questão é alterar um sistema, que mesmo com os citados problemas de entendimento, após 20 ou 30 anos já está implantado em escala mundial, de forma razoavelmente padronizada. Isso requer um tempo considerável e provavelmente uma “briga” com muitas empresas de alimentos que não vão gostar de associar seus produtos a um sinal vermelho.

No entanto, independentemente do formato adotado, o mais importante é qualificar minimamente o consumidor para o uso da informação nutricional e convencê-lo da sua credibilidade, e que ela pode ser estratégica para manutenção da sua saúde, contribuindo na redução dos índices de obesidade, deficiências nutricionais e doenças crônicas associadas a uma dieta inadequada.

*Marta de Toledo Benassi é engenheira de alimentos pela Unicamp, com mestrado e doutorado em Ciência de Alimentos também pela Unicamp. É professora e pesquisadora na Universidade Estadual de Londrina, onde orienta alunos de mestrado e doutorado. 

Leia também:

A gordura trans volta à discussão e pode ser banida nos EUA

Alimentos “politicamente seguros”: arsênio, agrotóxicos e mais

Como se determina a segurança de um novo aditivo alimentar?

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20 anos da Portaria 1428

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Hoje faz 20 anos que a Anvisa aprovou o

“Regulamento Técnico para Inspeção Sanitária de Alimentos”, as “Diretrizes para o Estabelecimento de Boas Práticas de Produção e de Prestação de Serviços na Área de Alimentos” e o “Regulamento Técnico para o Estabelecimento de Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ´s) para Serviços e Produtos na Área de Alimentos”.

Ele determina que “os estabelecimentos relacionados à área de alimentos adotem, sob responsabilidade técnica, as suas próprias Boas Práticas de Produção e/ou Prestação de Serviços, seus Programas de Qualidade, e atendam aos PIQ\’s para Produtos e Serviços na Área de Alimentos.”

Tomados de grande surpresa, a indústria e os órgão fiscalizadores tiveram que lidar (ou não) com a novidade que era passar a avaliar o APPCC nas inspeções sanitárias, bem como o cumprimento do PIQ.

O que trouxe?

Muita novidade. Uma delas é uma contraditória definição, (reescrita futuramente de forma diferente em outros regulamentos) que “Boas Práticas são normas de procedimentos para atingir um determinado padrão de identidade e qualidade de um produto e/ou de um serviço na área de alimentos”.

Não fosse já bastante informação para uma nação só, também passou a estabelecer que:

Padrão de Identidade e Qualidade – PIQ: compreende os padrões a serem adotados pelo estabelecimento.

Também definia que o APPCC deveria ser um dos critérios de inspeção, mas não explicava exatamente como.

Qual era o contexto na época?

O Codex Alimentarius havia feito sua vigésima reunião em Genebra e logo após,  em 14 de junho de 1993 o APPCC se tornou diretiva na Europa e adotado a ferramenta oficialmente. Era moda os países internalizarem a ferramenta. Quem não o fizesse, estaria “por fora”. O Brasil teria que inserir de alguma forma essa diretriz e correu como pode.

Estávamos preparados?

A resposta fica para sua análise, caro leitor. Nossos fiscais tinham domínio de como auditar APPCC? Vinte anos depois, o estão fazendo Brasil afora?
PIQ são objeto de fiscalização ou atualmente o mercado se auto-regula?

O que sim continua muito atual e pode ser usado para uma descrição de cargo, são as atribuições dos Responsáveis Técnicos. Quantos seriam aprovados hoje no que foi estabelecido naquela época?

Quanto a Responsabilidade Técnica
– A Responsabilidade Técnica – RT é aqui entendida como a exercida por agentes definidos nos termos do Decreto nº 77.052 de 19.01.76, observados os itens XIX, XXV e XXVI da Lei 6437, de 20.08.77.
– O exercício da Responsabilidade Técnica deve ser feito no sentido de atender às exigências legais a que se refere o item anterior, e, ainda, outros requisitos básicos que norteiam o presente documento, tais como:
. compreensão dos componentes do Sistema APPCC;
. capacidade de identificação e localização de Pontos Críticos de Controles (PCCs) em fluxogramas de processos;
. capacidade de definir procedimentos, eficazes e efetivos, para os controles dos PCCs;
. conhecimento da ecologia de microrganismos patogênicos e deterioradores;
. conhecimento da toxicologia alimentar;
. capacidade para selecionar métodos apropriados para monitorar (PCCs), incluindo estabelecimento de planos de amostragem e especificações;
. capacidade de recomendar o destino final de produtos que não satisfaçam aos requisitos legais.
– Os estabelecimentos deverão ter uma responsável pelas técnicas utilizadas por local de prestação de serviço.
– Para que o responsável Técnico possa exercer a sua função ele deve contar com autoridade e competência para:
.elaborar as Boas Práticas de Fabricação e Boas Práticas de Prestação de Serviços na área de alimentos;
.responsabilizar pela aprovação ou rejeição de matérias-primas, insumos, produtos semi-elaborados e produtos
terminados, procedimentos, métodos ou técnicas, equipamentos ou utensílios, de acordo com normas próprias
estabelecidas nas Boas Práticas de Fabricação e Boas Práticas de Prestação de Serviços na área de alimentos.
.avaliar a qualquer tempo registros de produção, inspeção, controle e de prestação de serviços, para assegura-se de que não foram cometidos erros, e se esses ocorreram, que sejam devidamente corrigidos e investigadas suas causas;
.supervisionar os procedimentos de fabricação para certificar-se de que os métodos de produção e de prestação de serviços, estabelecidos nas Boas Práticas de Fabricação e Boas Práticas de Prestação de Serviços na Área de alimentos estão sendo seguidos;
.adotar métodos de controle de qualidade adequados, bem como procedimentos a serem seguidos no ciclo de
produção e/ou serviço que garantam a identidade e qualidade dos mesmos;
.adotar o método de APPCC – Avaliação de Perigos e Determinação de Pontos Críticos de Controle, para a garantia de qualidade de produtos e serviços.
Quanto aos Parâmetros de Segurança a Respectivos Procedimentos.
– Os parâmetros de segurança e respectivos procedimentos devem estar respaldados em referências técnicas e legais.

Referência da 1428

Na época uma das referências da Portaria foi o Manual de Boas Práticas de Fabricação para Indústria de Alimentos – da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos – SBCTA.

Hoje estão vigentes as publicações dos guias: “Implementação de Sistemas da Qualidade e Segurança dos Alimentos”, também da SBCTA.

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Hoje é o dia do engenheiro de alimentos

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Em 1970 se formou a primeira turma de engenheiros de alimentos no Brasil. Eram apenas 6 pessoas.

Deste então, esta categoria profissional não para de zelar pela qualidade e segurança dos alimentos que consumimos.

Um colega presta depoimento sobre a carreira, assista o vídeo:

http://redeglobo.globo.com/globouniversidade/videos/t/eu-amo-meu-trabalho/v/eu-amo-meu-trabalho-engenheiro-de-alimentos/2868031/

 

Saiba mais sobre a história da profissão:

http://www.abea.com.br/userfiles/file/historia/pdf_historiafeaunicamp.pdf

 

Com orgulho desejo a todos os parabéns por esta data.

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Cinco anos da tragédia do leite chinês com melamina

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Em 2008, o mundo ficou estarrecido com a que foi considerada uma das maiores tragédias em segurança de alimentos de todos os tempos: a descoberta do esquema de contaminação intencional do leite em pó e outros derivados de leite com melamina, na China, tendo vitimado milhares de bebês.

A melamina é uma substância química sintética, rica em nitrogênio (66,6% em peso), usada em resinas para a fabricação de laminados, plásticos, adesivos e outros. Na Europa e nos Estados Unidos, este composto não é aprovado como ingrediente ou uso direto em alimentos. O uso da melamina como adulterante ocorre em parte porque os métodos mais comuns utilizados para análise do teor de proteínas são indiretos, baseados na quantidade de nitrogênio, e não conseguem distinguir se o nitrogênio é de fonte proteica ou não. E isto traz resultados falsos de alto teor de proteína, proveniente de nitrogênio de qualquer fonte, fornecendo então um incentivo econômico para a adição ilegal de melamina no leite e em outros produtos alimentícios. Veja mais informações sobre a melamina aqui: http://artywebdesigner.com.br/por-que-algumas-pessoas-sao-mais-susceptiveis-a-melamina/
O escândalo começou em 16 de julho de 2008, na província de Gansu, após a internação de 16 bebês com cálculos renais. Todos haviam sido alimentados com leite em pó produzido pela planta de Shijiazhuang, da empresa Sanlu Group, segundo maior fabricante de laticínios no mundo. Após o foco inicial na Sanlu, investigações revelaram que o problema existia também, em menor grau, em produtos de 21 outras empresas, incluindo Arla Food-Mengniu, Yili e Yashili. A identificação de contaminações com melanina envolvendo produtos chineses já havia sido reportada nos Estados Unidos em 2007, em alimentos para animais de estimação (pet food), causando o recall de 1154 produtos. Acredita-se que mais de 1000 cães e gatos morreram por falência renal pelo consumo de alimentos adulterados.
No desenrolar dos fatos, descobriu-se que o próprio governo chinês teve um papel crítico e direto na proliferação das fraudes de alimentos com melamina. A Sanlu Group havia sido “agraciada” com o selo de isenção de inspeção pelo mais alto órgão de saúde e segurança de alimentos do país. O selo era concedido para empresas que tinham boa reputação em qualidade e grandes fatias de mercado, deixando efetivamente na mão das companhias a fiscalização da qualidade de seus próprios produtos. Enquanto isso, inspetores e fiscais do governo, tanto em níveis locais quanto nacionais, também colaboraram ativamente ou passivamente, ao acobertar a crescente escalada da crise.
O evento levantou grande insegurança em relação aos produtos chineses, tendo manchado a imagem dos exportadores. Além disso, expôs algumas das mais duras realidades por trás do milagre econômico do país – os altos preços que se pagam pela corrupção institucionalizada e de supervisão inadequada nos períodos de rápido crescimento. O consumo de laticínios na China é relativamente recente, impulsionado pelo aumento dos rendimentos e estimulado pelo governo, que promoveu os benefícios nutricionais do leite, especialmente para as crianças. Como houve crescimento da demanda, as indústrias sofreram para conseguir suprir as necessidades do mercado, mas confiaram numa cadeia mal gerenciada de milhares de pequenos produtores, que forneciam às vacas alimentação de má qualidade e vendiam o leite através de inúmeros distribuidores e intermediários independentes e não legalizados. A pressão pelo aumento de produção e pela queda do preço fomentou ainda mais a fraude nos produtos.
Em novembro de 2008, foram contabilizadas 6 mortes e 294 mil bebês afetados, com mais de 50 mil deles hospitalizados com problemas urinários e renais. No final das contas, o incidente levou ao colapso da Sanlu Group, que há mais de 10 anos era uma das marcas mais reconhecidas da China. A alta direção da Sanlu sabia da fraude no leite e os riscos para a saúde desde 2007, e mesmo havendo reclamação por parte dos consumidores, nenhuma ação foi tomada para a melhoria dos produtos. Tian Wenhua, gerente geral da Sanlu, foi condenada à prisão perpétua em janeiro de 2009. Zhang Yujun (vice-prefeito da cidade de Shijiazhuang e responsável pela secretaria municipal de agricultura e alimentos) e Geng Jinping (gerente de um distribuidor de leite para a Sanlu Group, que produziu e vendeu o produto fraudado) foram executados em novembro de 2009.

Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/2008_Chinese_milk_scandal
http://thinkbusiness.nus.edu/articles/item/118-tainted-milk-unravelling-china%E2%80%99s-melamine-scandal
http://www.who.int/foodsafety/fs_management/infosan_events/en/

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A história da segurança dos alimentos

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A 3M preparou um vídeo muito especial sobre a história da segurança dos alimentos que foi apresentado na última conferência do Global Food Safety Initiative (GFSI), em Barcelona.

Delicie-se com esta viagem e produção de qualidade primorosa!

Clique aqui para ir ao Youtube.

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Uma breve história do HACCP

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Pode-se dizer que o mês atual é bastante significativo para a segurança de alimentos no mundo. Em junho de 1959, a NASA, agência espacial americana, contratou a empresa Pillsbury, com o objetivo de produzir alimentos que pudessem ser consumidos em gravidade zero, e ao mesmo tempo, serem seguros. Aproveitando essa data especial, trazemos abaixo uma breve história do HACCP, a ferramenta de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle:

1959 – A Pillsbury é contratada pela NASA

A alimentação obviamente iria desempenhar um papel crítico no programa espacial americano.  O grupo inicialmente envolvido com esse tema era formado por Herbert Hollander, Mary Klicka, e Hamed El-Bisi dos laboratórios do exército americano em Natick, Massachusetts e o Dr. Paul A. Lachance do Manned Spacecraft Center. A empresa Pillsbury se uniu ao programa, como subcontratada em 1959 com Howard E. Baumann representando a empresa como cientista chefe.

1971 – O HACCP é discutido na National Conference of Food Protection

O HACCP sai do contexto meramente experimental e restrito à NASA, para ser amplamente divulgado. A National Conference on Food Protection, nos Estados Unidos, discute a aplicação dos PCCs e das Boas Práticas de Fabricação na produção de alimentos seguros.

1972 – A Pillsbury cria um programa de treinamento em HACCP para a FDA

O programa de treinamento da Pillsbury para o FDA em 1972, entitulado “Food Safety through the Hazard Analysis and Critical Control Point System“, marca a primeira vez em que o HACCP é utilizado publicamente.

1973 – Adoção na regulamentação de alimentos enlatados de baixa acidez

O sistema HACCP é adotado nas regulamentações de alimentos enlatados de baixa acidez, na sequência de um incidente de botulismo envolvendo a sopa Bon Vivant Vichyssoise.

1975 – Cresce o escopo do HACCP

O HACCP era baseado inicialmente em três princípios (atuais princípios 1, 2 e 4), A Pillsbury adotou dois princípios a mais (atuais princípios 3 e 5) para sua organização em 1975. Essa mudança foi posteriormente reconhecida pela National Academy of Sciences (NAS) utilizada como referência pelas inspeções governamentais da FDA.

 

1985 – Recomendações da NAS

A NAS recomenda a aplicação do HACCP em várias categorias de alimentos não enlatados.

 

1987 – Formação do NACMCF

A partir de uma proposta da NAS é desenvolvido o National Advisory Committee on Microbiological Criteria for Foods (NACMCF). O NACMCF foi responsável inicialmente por definir os conceitos e guias de aplicação para o HACCP’.

 

Anos 90 – O HACCP conquista o mundo

As etapas preliminares e os agora sete princípios tornam-se  o padrão, formando os 12 passos do Codex Alimentarius para a implementação da ferramenta. Em 1993, na Europa: o HACCP entra oficialmente para as regulamentações da Comunidade Europeia com a diretiva  Hygiene of food matters. O FDA estabelece o HACCP como obrigatório para diversas categorias de produtos, como: pescados e frutos do mar, produtos cárneos e bebidas.  Diversos países, inclusive o Brasil, seguem essa tendência. No Brasil é publicada a regulamentação para a área de pescados como ARPCC (Análise de Riscos e Pontos Críticos de Controle), definição que trazia um erro conceitual. Posteriormente, foi consolidado no Brasil como APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle).

Os anos 90 representaram o grande período de difusão mundial do HACCP e também marca o surgimento de diversas certificações de sistemas de gestão acreditados que usam o HACCP como base, em países como Holanda, Dinamarca, Reino Unido, França, Alemanha, Dinamarca e  Austrália, dentre outros.

2005 – A publicação da Norma ISO 22000

A publicação  da Norma ISO 22000 em setembro de 2005 muda a cara do HACCP, expandindo seus conceitos e incorporando-o a um sistema de gestão inteligentemente construído com base no ciclo PDCA de melhoria contínua. Outra mudança de conceito importante é a possibilidade de aplicar a ferramenta em qualquer organização da cadeia produtiva de alimentos, e não só na indústria, como foi o conceito corrente por muitos anos. O HACCP passa definitivamente a fazer parte do dia-dia das organizações, que têm como objetivo estratégico a produção de alimentos realmente seguros para seus consumidores.

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10 anos da RDC nº172 – BPF para estabelecimentos industrializadores de amendoins processados e derivados

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Segundo dados da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) na safra de 2010/2011 o Brasil produziu 242,3 mil toneladas de amendoim. O cultivo da semente é feito em todo país, mas São Paulo é responsável por 80% da produção nacional.

Em 2010, o Brasil exportou 54 mil toneladas da semente, o equivalente a 22% da produção. O restante é utilizado no mercado interno e sua destinação concentra-se na área de confeitos, salgadinhos e doces. Entre os doces destaques especiais para paçoca e o pé-de-moleque, verdadeiros ícones da cultura popular, com grande aceitação de norte a sul do país.

De acordo com dados de uma pesquisa realizada pelo IBOPE, por encomenda da ABICAB – Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados – 66% da população brasileira costuma consumir amendoim, esta porcentagem é maior quando se trata de derivados como paçoca (75%) e o pé de moleque (71%).

Porém, o amendoim é um dos produtos agrícolas mais susceptíveis à contaminação por aflatoxina, que é um metabólito tóxico produzido por fungos do gênero Aspergillus flavus e A. parasiticus os quais em condições favoráveis de temperatura e umidade se desenvolvem durante o cultivo e a estocagem de produtos agrícolas.

A ingestão de aflatoxina em altas concentrações pode resultar em intoxicação chamada de aflatoxicose. As principais toxinas de interesse são designadas de B1, B2, G1 e G2. Entretanto, a aflatoxina B1 é geralmente predominante, sendo também a mais tóxica. A aflatoxina causa necrose aguda, cirrose e carcinoma de fígado em diversas espécies animais. A toxicidade pode ser influenciada por fatores ambientais, quantidade e duração de exposição, idade, estado de saúde e nutricional. Por serem resistentes ao calor representam um grande risco quando presentes no alimento. Efeitos agudos de gastroenterites podem ser identificados; contudo os efeitos crônicos resultam de ingestão moderada e ao longo do tempo, dificultando o reconhecimento da associação entre a toxina e a doença. Para mais informações acesse o site do CVE

Por serem possíveis veiculadores de aflatoxina amendoins processados e derivados constituem risco a saúde pública, por este motivo há 10 anos a ANVISA estabeleceu a Resolução RDC – nº172, 04 de julho de 2003, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Industrializadores de Amendoins Processados e Derivados e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Industrializadores de Amendoins Processados e Derivados.

Abaixo estão os principais itens tratados nesta resolução:

4. Seleção de fornecedores de amendoim cru;

            5. Processamento de amendoins e derivados

                        5.1Recepção das matérias-primas, ingredientes e embalagens;

                        5.2 Armazenamento das matérias-primas, ingredientes e embalagens;

                        5.3 Seleção amendoim cru;

                        5.4 Produção de amendoins processados e derivados;

                        5.5 Armazenamento e transporte do produto final;

                        5.6 Controle de Qualidade produto final;

                        5.7 Rotulagem de amendoins processados e derivados;

                        5.8 Responsável pelo processamento;

                        5.9 Documentação e registro;

                        5.10 Disposições gerais – Lista de verificação.

           

            Os principais tópicos da Lista de Verificação são:

  1. 1.     Edificações e instalações
  2. 2.     Equipamentos móveis e utensílios
  3. 3.     Manipuladores
  4. 4.     Seleção dos fornecedores de amendoim cru
  5. 5.     Processamento de amendoins e derivados
  6. 6.     Documentação (incluindo atendimento aos POP´s)

 Ao final da lista de verificação o estabelecimento pode ser classificado em 3 grupos:

            Grupo 1 – Estabelecimento de baixo risco

            Grupo 2 – Estabelecimento de médio risco

            Grupo 3 – Estabelecimento de alto risco

                                  

Fontes:

http://www.abicab.org.br/amendoim/historia-3/

http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/Aflatoxinas.htm

http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/503f2c00474579428651d63fbc4c6735/RDC_172_2003.pdf?MOD=AJPERES

 

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Aflatoxinas em amendoim estão sob controle: dados divulgados em 2013

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Faz 10 anos hoje que foram aprovadas as normas de Boas Práticas de Fabricação específicas para indústrias de amendoins e derivados, constantes na Resolução 172/2003, da Anvisa. A publicação desta Norma fez parte de um esforço tanto governamental quanto do setor privado para melhorar a qualidade do amendoim brasileiro, seriamente comprometida na época pela contaminação por aflatoxinas.  

Aflatoxinas são substâncias produzidas por fungos filamentosos do gênero Aspergillus consideradas agentes carcinogênicos pela Organização Mundial de Saúde. Sua ocorrência é maior no amendoim devido à afinidade do fungo Aspergillus flavus por este alimento e, principalmente, quando as condições de umidade e temperatura são favoráveis ao seu crescimento.  

Num estudo publicado em 2002, pesquisadoras da Unicamp e do Instituto Adolfo Lutz analisaram um grande número de trabalhos envolvendo micotoxinas realizados no Brasil entre 1991-2000 e chamaram a atenção para os níveis alarmantes de aflatoxinas presentes no amendoim. Em 2001, as principais indústrias de amendoim do país, reunidas em sua associação, a ABICAB, lançaram o selo “Pro-Amendoim”, um programa de autorregulamentação com foco na prevenção das aflatoxinas e com objetivo de estimular a produção de amendoim dentro dos padrões nacionais e internacionais de qualidade.  Atualmente 10 empresas fazem parte do programa.

A indústria também partiu para uma atuação conjunta com os produtores, buscando selecionar as variedades da planta mais resistentes ao fungo e um melhor manejo das condições de produção, colheita, beneficiamento e armazenagem do amendoim.

A contaminação diminuiu depois disto?  

Em março de 2013, uma pesquisa sobre o monitoramento de aflatoxinas em amendoim e derivados comercializados na região de Marília (SP) foi divulgada pela revista científica Alimentos e Nutrição / Brazilian Journal of Food and Nutrition, da Unesp (SP).  O estado de São Paulo concentra grande parte da produção brasileira de amendoim, sobretudo nas regiões da Alta Mogiana e Alta Paulista, onde está o município de Marília. O estudo, conduzido por uma equipe do Instituto Adolfo Lutz, traz dados do período 2002-2009. Neste intervalo, um total de 75 amostras de amendoim cru e derivados foram analisadas, sendo que apenas 16% delas apresentaram índice detectável de aflatoxina (< 2 µg/kg) e somente 6 amostras (8% do total) tinham níveis de aflatoxinas acima do limite tolerado no Brasil (20 µg/kg). No amendoim cru, duas das 10 amostras estavam contaminadas e, entre as paçocas, 4 das 47 amostras (8,5%) continham aflatoxinas em nível acima do aceitável. Também foram testados amendoim frito, com cobertura de chocolate, com cobertura colorida e amendoim tipo japonês, sendo que nenhuma das 18 amostras apresentou índice detectável de aflatoxina.  A separação entre índice detectável e índice aceitável deve-se ao fato de que persistem dúvidas se os teores de aflatoxinas tolerados não constituem realmente um risco à saúde pública, pois para um consumo constante, vários autores consideram que a segurança total só seria alcançada com a ausência de contaminação.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) também monitora os índices de aflatoxina no amendoim através do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC/Vegetal). As amostras neste caso são apenas de amendoim cru destinado ao uso pelo consumidor. No ano-safra 2010-2011 foram analisadas 57 amostras do produto, com 45 delas apresentando teor de aflatoxina abaixo de 20 µg/kg (79% de conformidade). No último levantamento, divulgado em janeiro de 2013 e correspondente ao ano-safra 2011-2012, o nível de conformidade foi de 90%. Como o programa do MAPA foi instituído em 2008, não há números anteriores a esta data para avaliar a evolução da conformidade.

Os dados levantados nestas pesquisas devem ser vistos com cautela, pois há limitações evidentes de amostragem e de área abrangida, mas parecem ser bons indícios de que os esforços governamentais e da iniciativa privada resultaram em produtos de amendoim mais seguros para o consumidor.

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30 de junho – Dia do Fiscal Federal Agropecuário

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O controle da qualidade e da sanidade dos alimentos que chegam à mesa da população brasileira existe no serviço público federal há mais de 150 anos. Essas atividades de inspeção e fiscalização e o controle de defesa agropecuária eram, inicialmente, exercidas pelos engenheiros agrônomos e pelos médicos veterinários. Para tanto, as atribuições e as habilitações profissionais eram respaldadas em diplomas legais disciplinares.

A história do Ministério da Agricultura começa em 1860, durante o 2º Império. Originalmente denominada Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, a pasta é criada por decisão da Assembléia Legislativa, integrando a estrutura formal do gabinete de Dom Pedro II. A estrutura dura 32 anos e é extinta no início do Regime Republicano. As atribuições passam a ser incorporadas pelo Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas. Em 1909, os assuntos referentes ao setor agrícola voltam a ter destaque, com a criação do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio e em 1930, o ministério passa a compor a estrutura governamental da República. Já na década de 1980, os assuntos referentes à reforma agrária e aos recursos florestais e pesqueiros são excluídos da competência do Ministério.

 A carreira de Fiscal Federal Agropecuário só foi oficializada em 30/06/2000. Atualmente esta categoria é formada por engenheiros agrônomos, médicos veterinários, químicos, farmacêuticos e zootecnistas lotados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e há treze anos trabalham para garantir qualidade de vida, saúde e segurança alimentar às famílias brasileiras.

 A presença da carreira, que hoje são em torno de 3000 profissionais na ativa, pode ser notada nos portos, aeroportos e nos postos de fronteira, nos campos brasileiros, nas empresas agropecuárias e agroindustriais, nos laboratórios, nos programas agropecuários, nas cidades e nas relações internacionais. Os Fiscais Federais Agropecuários atuam na inspeção e fiscalização de carnes, leite , peixes, ovos, mel e todos os seus derivados; na inspeção da produção e comercialização de bebidas em geral, vinhos e seus derivados, no controle da qualidade dos grãos e cereais; na fiscalização da qualidade dos insumos utilizados na agricultura como fertilizantes, sementes, mudas e agrotóxicos; nos laboratórios com o controle de qualidade de alimentos, dos medicamentos veterinários, diagnósticos de doenças vegetais e dos animais como a febre aftosa, a gripe aviária e a ferrugem da soja, na detecção de resíduos biológicos, tais como hormônios, agrotóxicos, antibióticos e metais pesados; e, na importação e exportação de produtos agropecuários.

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Uso de aspartame completa 30 anos e Agência Europeia faz sua reavaliação

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Em julho de 1983, portanto há 30 anos, a FDA, agência que controla alimentos e medicamentos nos EUA, aprovou o uso do aspartame em refrigerantes. Dois anos antes, em 1981, a Agência já havia liberado o aspartame como adoçante de mesa e para uso em cereais, café solúvel, chás, pudins, recheios e coberturas. Desde então, o aspartame tornou-se um dos mais consumidos – e mais controversos – aditivos alimentares em todo o mundo. De um lado, há o desejo do consumidor por um substituto do açúcar seguro e com menor potencial calórico e do outro, o medo deste mesmo consumidor de ser enganado por uma conspiração entre a indústria e os órgãos reguladores.

Exemplos desta tensão não faltam. Tempos atrás, circulou na internet uma mensagem falsa, supostamente escrita por uma médica e que relacionava o aspartame à ocorrência de quase todas as doenças imagináveis, como esclerose múltipla, mal de Parkinson, câncer, fibromialgia, tontura, dor de cabeça, zumbido no ouvido, dores articulares, depressão, ataques de ansiedade, fala atrapalhada, visão borrada e muitas outras, até perda de memória. A mensagem motivou, inclusive, a divulgação de um Informe Técnico da Anvisa, atualizado em janeiro de 2012, cuja leitura recomendo aos interessados.

Em 2005, houve um estudo realizado na Itália sobre a possível associação entre o consumo de aspartame e a indução de câncer em ratos. A Câmara Técnica de Alimentos da Anvisa considerou que os dados apresentados neste estudo são insuficientes para estabelecer uma relação direta entre o desenvolvimento destas doenças e o consumo de aspartame. A Autoridade Europeia de Segurança de Alimentos (EFSA) também avaliou este estudo em três oportunidades diferentesinclusive com acesso direto aos dados, e chegou à mesma conclusão.

Por que o aspartame seria tóxico?

O aspartame, também conhecido por um de seus nomes comerciais, Nutrasweet®, é um edulcorante (“substância diferente dos açúcares que confere sabor doce ao alimento”) com poder adoçante 200 vezes maior do que o açúcar. A preocupação com sua possível toxicidade deve-se à possibilidade da dissociação da molécula de aspartame no alimento com liberação de metanol, composto reconhecidamente tóxico.

No entanto, frutas cítricas, tomate e outras frutas também contêm altos teores de metanol, que é metabolizado naturalmente pelo organismo. A quantidade de metanol proveniente do aspartame necessário para adoçar uma lata de refrigerante equivale à quantidade liberada pelo mesmo volume de suco de laranja ou de maçã, sendo muito inferior à do suco de tomate e de uva.

O aspartame foi objeto de extensa investigação nestes 30 anos, incluindo pesquisas clínicas, estudos epidemiológicos e de exposição. Existe um consenso entre os diversos comitês internacionais considerando o aspartame seguro, quando consumido dentro da Ingestão Diária Aceitável* (40 mg/kg p.c).

A Autoridade Europeia para Segurança de Alimentos tem um programa de reavaliação sistemática de todos os aditivos alimentares aprovados antes de janeiro de 2009. A reavaliação do aspartame, programada para 2020, foi antecipada para 2013 e já está em andamento. O relatório final desta reavaliação deverá estar pronto até novembro deste ano.

No Brasil, os limites de uso dos edulcorantes em alimentos constam da Resolução RDC n° 18 de 2008, da Anvisa.

– *IDA (Ingestão Diária Aceitável): estimativa da quantidade da substância no alimento ou bebida, expressa em base de peso corpóreo, que pode ser ingerida diariamente por toda vida sem risco apreciável; é estabelecida em unidades de miligrama por kg de peso corpóreo (mg/Kg p.c.).

Leia também:

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Adoçantes artificiais ajudam a engordar??

Adoçantes sintéticos podem contribuir para a diabetes, diz um novo e controverso estudo

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Rindfleischetikettierungsüberwachungsaufgabenübertragungsgesetz banida

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A língua alemã, conhecida por seus substantivos gigantes e teoricamente infinitos, perdeu sua palavra mais longa: a até então campeã “Rindfleischetikettierungsüberwachungsaufgabenübertragungsgesetz” não existe mais.

 Abreviada para RkReÜAÜG, a palavra de 63 letras significa “a lei concernente à delegação de deveres para a supervisão de marcação de gado e etiquetação de bife” (aqui). Ela havia sido criada em 1999, durante a crise da chamada doença da vaca louca e foi reconhecida somente oito anos depois, quando “Grundstücksverkehrsgenehmigungszuständigkeitsübertragungsverordnung” (“regulação governando a delegação de autoridade concernente à permissões de transferências de propriedades”), de 67 letras, foi aposentada.

Na semana passada, foi a vez de RkReÜAÜG. O Parlamento regional do estado de Mecklenburg Vorpommern seguiu a decisão da União Europeia de que o exame de rebanhos saudáveis à procura da doença não era mais necessário – e tampouco a palavra alemã.

Fonte: Opera Mundi

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10 anos da Lei Federal nº 10.674 – Obrigatoriedade da informação sobre a presença / ausência de glúten

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            Em 16 de maio de 2003 foi sancionada a Lei nº10.674 que obriga os produtos alimentícios comercializados a informarem sobre a presença ou ausência de glúten, como medida preventiva e de controle a doença celíaca.

Conforme o Artigo 1º obrigatoriamente todos os alimentos deverão conter em seu rótulo as inscrições “CONTÉM GLÚTEN” ou “NÃO CONTÉM GLÚTEN”.

 

A doença celíaca

A doença celíaca (DC) é autoimune, sendo causada pela intolerância permanente ao glúten, principal fração proteica presente no trigo, no centeio, na cevada e na aveia.

Estudos de prevalência da DC têm demonstrado que ela é mais frequente do que se pensava, mas continua sendo subestimada. A falta de informação sobre a DC e a dificuldade para o diagnóstico prejudicam a adesão ao tratamento e limitam as possibilidades de melhora do quadro clínico.

Pesquisas revelam que a doença atinge pessoas de todas as idades, mas compromete principalmente crianças de 6 meses a 5 anos de idade. Foi também observada frequência maior em pacientes do sexo feminino, na proporção de duas mulheres para cada homem. O caráter hereditário da doença torna imprescindível que parentes em primeiro grau de celíacos se submetam ao teste para sua detecção.

 

Sintomas:

Podem variar de pessoa para pessoas, sendo os mais comuns:

  • Diarreia crônica (que dura mais do que 30 dias) ;
  • Prisão de ventre;
  • Anemia;
  • Falta de apetite;
  • Vômito;
  • Atraso no crescimento;
  • Humor alterado: irritabilidade ou desânimo;
  • Distensão abdominal (barriga inchada);
  • Dor abdominal;
  • Perda de peso ou pouco ganho de peso;
  • Osteoporose

 

Tratamento

O único tratamento é uma alimentação sem glúten por toda a vida. A pessoa que tem a doença celíaca nunca poderá consumir alimentos que contenham trigo, aveia, centeio, cevada e malte ou os seus derivados (farinha de trigo, pão, farinha de rosca, macarrão, bolachas, biscoitos, bolos e outros). Com a instituição de dieta totalmente sem glúten, há normalização da mucosa intestinal e das manifestações clínicas.  A doença celíaca pode levar à morte se não for tratada.

A dieta imposta é restritiva, difícil e permanente, ocasionando alterações na rotina dos indivíduos e de sua família.
Alimentos permitidos

• Cereais: arroz, milho.

• Farinhas: mandioca, arroz, milho, fubá, féculas.

• Gorduras: óleos, margarinas.

• Frutas: todas, ao natural e sucos.

• Laticínios: leite, manteiga, queijos e derivados.

• Hortaliças e leguminosas: folhas, cenoura, tomate, vagem, feijão, soja, grão-de-bico, ervilha, lentilha, cará, inhame, batata, mandioca e outros.

• Carnes e ovos: aves, suínos, bovinos, caprinos, miúdos, peixes, frutos do mar.

 

Cuidados especiais

• Qualquer quantidade de glúten, por mínima que seja, é prejudicial para o celíaco; Leia com atenção todos os rótulos ou embalagens de produtos industrializados e, em caso de dúvida, consulte o fabricante;

• Não use óleos onde foram fritos empanados com farinha de trigo ou farinha de rosca (feita de pão torrado);

• Não engrosse pudins, cremes ou molhos com farinha de trigo;

• Tenha cuidado com temperos e amaciantes de carnes industrializados, pois muitos contêm glúten;

• Não utilize as farinhas proibidas para polvilhar assadeiras ou formas.

• Na escola, nunca separe a criança celíaca dos demais colegas na hora das refeições;

• O celíaco pode e deve fazer os mesmos exercícios que seus colegas;

• Existem celíacos que são diabéticos, portanto, sua alimentação não deve conter glúten e nem açúcar;

• Existem celíacos que têm intolerância à lactose, portanto, sua alimentação não deve conter glúten, nem leite de vaca e seus derivados.

 

 

Casos de recall no Brasil

De acordo com dados do Procon-SP de janeiro/2002 a abril/2013, há registros de 10 campanhas de recall de alimentos no Brasil, sendo metade dos casos referentes a informação incorreta no rótulo, com os dizeres de “NÃO CONTÉM GLÚTEN” quando na verdade o produto continha glutén. Colocando em risco as pessoas celíacas. Veja detalhes dos recalls no link:

http://sistemas.procon.sp.gov.br/recall/relatoriosPHP/campanhas_recall_segmento_defeito.php.

Dicas

Para saber mais detalhes e informações sobre doença celíaca acesse os sites:

 

Fontes:

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/pcdt_doenca_celiaca_livro_2010.pdf

http://www.hc.fmb.unesp.br/assistencia/servico-tecnico-de-nutricao-e-dietetica/nutricao-e-patologia/doenca-celiaca/

 

 

 

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10 anos do decreto 4680 da Casa Civil – rotulagem de transgênicos

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Hoje faz 10 anos que o presidente Lula assinou o decreto 4680, de vigência imediata, que estabelece que:

 § 1o  Tanto nos produtos embalados como nos vendidos a granel ou in natura, o rótulo da embalagem ou do recipiente em que estão contidos deverá constar, em destaque, no painel principal e em conjunto com o símbolo a ser definido mediante ato do Ministério da Justiça, uma das seguintes expressões, dependendo do caso: “(nome do produto) transgênico”, “contém (nome do ingrediente ou ingredientes) transgênico(s)” ou “produto produzido a partir de (nome do produto) transgênico”.

E a velocidade deveria ser tanta que:

§ 2o  A informação referida no § 1o pode ser inserida por meio de adesivos ou qualquer forma de impressão.

 Tema de grande controvérsia, reunimos aqui alguns links para que todos possam fazer uma avaliação crítica sobre o assunto:

Daqui do blog:

Ausência de evidencia não é evidência de ausência
Alimentos transgênicos – uma análise da rotulagem

Da Internet:
 Guia do Conselho de Informações sobre biossegurança
Artigos da Embrapa sobre soja transgênica
Debates atuais sobre a segurança dos alimentos transgênicos e os direitos dos consumidores
Saiba o que são alimentos transgênicos e quais são seus riscos
Mais de 76% da soja brasileira é transgênica – Globo Rural 2011
Adoção de milho transgênico no Brasil  (70%) é tema de debate – Embrapa 2012
Brasil perde o controle do milho transgênico
 

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Um surto de origem alimentar que ficou na história: Jack in the Box

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Um dos surtos mais marcantes de doenças transmitidas por alimentos ocorreu em 1993, nos Estados Unidos, envolvendo a contaminação do hambúrguer da rede Jack in the Box pela bactéria Escherichia coli 0157:H7.

Este surto ficou na história por vários motivos. Primeiramente, pelo número de pessoas, pois atingiu cerca de 700 pessoas, em quatro estados, sendo a maioria delas formada por jovens e crianças, incluindo quatro que morreram. O caso recebeu ampla cobertura da mídia, com as vítimas e suas famílias contando suas histórias na televisão. As indenizações pagas às vítimas na Justiça somaram mais de 50 milhões de dólares. Uma menina de nove anos que se recuperou parcialmente depois de sofrer falência renal e outras complicações, incluindo 42 dias em coma, recebeu uma indenização de 15 milhões de dólares da empresa. Os prejuízos totais quase levaram a grande rede de restaurantes à falência. A segurança do tradicional hambúrguer americano nunca tinha sido tão questionada.   

 O surto

Em 13 de janeiro de 1993, o Departamento de Saúde de Washington foi notificado de que um grupo de crianças com síndrome urêmica hemolítica (HUS), doença grave secundária à infecção por E. coli, estava sendo tratado em um hospital de Seattle e que havia um aumento nos atendimentos de emergência de pacientes com diarreia sanguinolenta. O Departamento entrevistou os pacientes para a investigação epidemiológica e descobriu que quase todos tinham consumido hambúrgueres dos restaurantes Jack in the Box dias antes de adoecer.

A investigação do surto levou à descoberta de que os hambúrgueres produzidos pela empresa Von, da Califórnia, e vendidos pela rede Jack in the Box eram a fonte do surto.  A linhagem de E. coli pertencente ao sorotipo O157:H7 foi isolada de 11 lotes de hambúrgueres e o Jack in the Box anunciou o recall destes lotes, mas recuperou apenas cerca de 20 por cento do produto implicado. Os hambúrgueres contaminados tinham sido distribuídos aos restaurantes da rede em quatro estados e o surto contabilizou ao final os seguintes números:

  • Em Washington: 602 pacientes com diarreia sanguinolenta, 144 pessoas hospitalizadas, 30 desenvolveram HUS e três morreram;
  • Na Califórnia: 34 casos, 14 pessoas hospitalizadas, 7 desenvolveram HUS e uma criança morreu.
  • Em Idaho: 14 casos, 4 pessoas hospitalizadas e uma desenvolveu HUS;
  • Em Nevada: 59 pacientes, 9 hospitalizações, 3 desenvolveram HUS, não houve mortes.

Setenta e três restaurantes da rede Jack in the Box foram implicados no surto. Cinco plantas de abate nos Estados Unidos e uma no Canadá foram identificadas como as prováveis fontes da carne usada pela empresa Von na produção dos hambúrgueres vendidos ao Jack in the Box.

A rede Jack in the Box cancelou seus contratos com os fornecedores de hambúrgueres e exigiu novas garantias de segurança. Em resposta, uma das maiores empresas fornecedoras de hambúrgueres dos EUA desenvolveu, em conjunto com a companhia farmacêutica DuPont, um novo teste para detectar a E. coli O157:H7, usando PCR, Reação em Cadeia da Polimerase. A técnica por PCR é mais rápida que os testes microbiológicos tradicionais. Um novo sistema de amostragem também foi implantado na empresa para aumentar a segurança dos produtos.

Sobre a bactéria E. coli 0157:H7

Escherichia coli é um habitante normal do trato intestinal dos animais, incluindo o homem. Algumas cepas, no entanto, podem causar doenças gastrointestinais nos seres humanos e são coletivamente denominadas de E. coli diarreiogênicas. Atualmente, há seis grupos patogênicos de E. coli diarreiogênicas, que englobam diferentes sorotipos. O sorotipo O157:H7 pertence ao grupo das E. coli entero-hemorrágicas (EHEC) ou produtoras de toxina shiga (STEC) e pode causar colite hemorrágica, doença que pode resultar em um quadro conhecido como síndrome urêmica hemolítica (HUS).

Segundo Dra. Tereza Cristina Rocha Moreira de Oliveira, do Depto de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Estadual de Londrina, as pesquisas mostram que o trato intestinal de ruminantes, particularmente bovinos e ovinos, parece ser o principal reservatório das cepas entero-hemorrágicas de E.coli O157:H7. Nos últimos anos, entretanto, destaca a pesquisadora, aumentou significativamente o número de surtos associados com outros veículos além da carne, particularmente as frutas, os sucos de frutas, os vegetais e as saladas preparadas com vegetais. Os vegetais da produção orgânica também podem ser veículos desta bactéria patogênica, uma vez que adubo orgânico de origem bovina costuma ser utilizado. “É importante lembrar que E. coli O157:H7 é o sorotipo mais associado a surtos de colite hemorrágica e HUS, porém outros sorogrupos e sorotipos de E. coli podem produzir toxina shiga e causar doença grave, como o sorotipo 0104:H4 e o sorogrupo O121”, completa ela.

O cozimento ou fritura dos hambúrgueres não deveria ter destruído a E. coli?

Naquela época, as normas do estado de Washington requeriam que os hambúrgueres atingissem temperatura interna de 68°C, temperatura necessária para destruir a E. coli 0157:H7. Porém, o requisito da FDA, a Agência Nacional, era de apenas 60°C, que era a temperatura utilizada na rede Jack in the Box. Após o ocorrido, o padrão de temperatura interna de 68°C passou a ser utilizado em todo o território estadunidense. Além disso, foi exigido que todo produtor de carne nos EUA implantasse e seguisse programas de APPCC, pois mesmo o produto cru deve ter boa qualidade sanitária, não podendo depender do calor para obtenção de um alimento final seguro.

No Brasil, a Portaria 2619/2011, da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, estabelece que todas as partes do alimento atinjam no mínimo 74°C ou combinações de tempo e temperatura equivalentes, como 65°C por 15 minutos ou 70°C por 2 minutos.

E no Brasil, temos E. coli 0157:H7 nos alimentos?  

“Vários trabalhos avaliando grande número de amostras de alimentos indicaram uma baixa frequência de isolamento de E. coli O157:H7 em produtos brasileiros”, informa Dra. Tereza Cristina. “Esses dados, porém, devem ser interpretados com cuidado uma vez que no Brasil não há um monitoramento sistemático que possa indicar a verdadeira situação da ocorrência dessa bactéria em alimentos”. Ainda segundo a pesquisadora, Centros de Vigilância Epidemiológica de vários estados brasileiros já registraram casos de HUS, o que evidencia a necessidade de monitoramento das linhagens produtoras de toxina shiga (STEC), pois a experiência tem mostrado que, em um mundo globalizado, microrganismos emergentes podem ser rapidamente disseminados.

O blog agradece a participação da Dra. Tereza Cristina Rocha Moreira de Oliveira, da Universidade Estadual de Londrina.  

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Fontes:

Food Safety News, BeefpointWikipedia 1, Wikipedia 2Bill Marler

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Os 4 maiores surtos de origem alimentar da década

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A organização independente Center for Science in the Public Interest divulgou recentemente um relatório no qual analisa os maiores surtos de origem alimentar ocorridos nos EUA no período de 2001 a 2010.

Segundo este estudo, os 4  maiores surtos de origem alimentar desta década foram:

Maior surto proveniente de um único alimento – Em maio de 2006, 1644 detentos da Prisão Estadual da Califórnia foram acometidos de gastroenterite causada por Campylobacter presente no leite pausterizado.

Maior surto de abrangência nacional – Em abril de 2008, pimentas e derivados (como molho de pimenta) contaminados com Salmonella Typhimurium vitimaram 1532 pessoas em 42 estados americanos. Entre as vítimas, 308 foram hospitalizadas e 2 morreram. 

Surto com maior número de óbitos – Em setembro de 2008, amendoins e derivados contaminados com Salmonella Typhimurium provocaram 716 vítimas, causando 09 mortes, o maior número de mortos causado por um surto de origem alimentar nos EUA na década considerada.

Surto com a maior taxa de letalidade – Em julho de 2002, carne de peru contaminada com Listeria foi a responsável pelo surto de maior letalidade da década.  Em 7 estados, 54 pessoas adoeceram, das quais 08 faleceram, uma taxa de letalidade de 15%.

Outros dados interessantes do relatório:

– Em termos absolutos, os principais agentes dos surtos são alimentos com múltiplos ingredientes de origem não cárnea, seguidos por frutas e vegetais. Bebidas é a categoria com menor número de surtos;

– Restaurantes são os locais onde ocorreu o maior número de surtos, com número médio de 18 vítimas por ocorrência;

– O alimento com maior risco de consumo são os frutos do mar. No entanto, a taxa de surtos relacionados a estes alimentos apresentou nítida redução durante a década.

Acesse o relatório completo aqui. 

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Doenças transmitidas por alimentos que deixaram sequelas graves – casos reais

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No meio das possibilidades que vão de um breve mal-estar até morte, existe uma categoria de doenças transmitidas por alimentos que deixam sequelas graves, afetando a qualidade de vida de suas vítimas. Vamos à algumas histórias:

CASO 1: Jovem de 20 anos contrai E. coli e luta para andar novamente

Stephanie Smith shops at Teals Market in Cold Spring, Minn., on Tuesday, August 11, 2009. (Ben Garvin for the Times)
Stephanie Smith shops at Teals Market in Cold Spring, Minn., on Tuesday, August 11, 2009. (Ben Garvin for the Times)

A jovem Stephanie Smith, dos Estados Unidos, tinha 20 anos e era professora de dança para crianças quando ingeriu num churrasco de família um hambúrguer contaminado com E. coli em 2007. Após a ingestão da bactéria, a jovem desenvolveu anemia hemolítica, uremia (insuficiência renal aguda), tendo ficado 9 meses internada em hospital, incluindo mais 3 meses de coma induzido para prevenir convulsões. Também ficou paralisada e fez inúmeras sessões de fisioterapia, para ganhar forças e tentar andar novamente sem a necessidade de cadeira de rodas.

A ligação da doença de Stephanie com o hambúrguer foi por acaso, principalmente porque ela praticamente não come carne e porque a tia dela ainda tinha alguns hambúrgueres congelados, da mesma marca e data de fabricação que aqueles que tinham sido consumidos. A mãe de Stephanie havia pensado inicialmente que a contaminação tinha sido dada pelo consumo de espinafres, alimento regular na dieta da filha, que naquela época também tinham sido relacionados a um surto de E. coli. No entanto, as análises apontaram que a cepa de E. coli que infectou Stephanie era geneticamente idêntica a outra que também tinha aparecido em outros casos de contaminação relacionados ao mesmo hambúrguer.

As investigações apontaram que a contaminação ocorreu num hambúrguer fabricado pela Cargill e distribuído e vendido nas lojas do Sam’s Club, da rede Walmart, já que os outros casos também estavam ligados exatamente ao mesmo lote de hambúrguer. Stephanie teve a reação mais extrema e grave de todos os consumidores afetados. O lote foi todo rastreado, e tinha sido fabricado com carne de diversos abatedouros (incluindo de outros países), sendo difícil determinar exatamente em qual ponto ocorreu a contaminação. A Cargill havia feito análise do produto acabado, mas não havia análise de todos os lotes de matéria-prima (faltou o certificado da carne comprada no Uruguai). Além disso, a investigação apontou que a equipe de qualidade da Cargill havia feito auditorias nos fornecedores, e que em alguns deles, havia falhas graves de higiene e segurança de alimentos, mas a comunicação interna foi insuficiente, o problema não chegou à direção da empresa e nenhuma ação foi tomada. As autoridades americanas e canadenses (o produto também foi distribuído no Canadá) também demoraram a alertar o público. A Cargill teve que recolher cerca de 380 toneladas de produtos e arcar com milhares de dólares no tratamento dos consumidores doentes, incluindo as sessões de fisioterapia de Stephanie e seu tratamento hospitalar. E é provável que Stephanie ainda necessite de transplantes, hemodiálise e outros cuidados durante a sua vida.

 

CASO 2: Menina australiana de 7 anos fica tetraplégica e sem capacidade de fala após ingerir refeição contaminada com Salmonella

Monica Samaan, uma menina saudável de 7 anos vivendo num subúrbio de Sydney, entrou em coma durante 6 meses, teve o cérebro profundamente afetado e acabou ficando tetraplégica e sem capacidade de fala após ingerir um lanche de frango da rede KFC contaminado com Salmonella. O caso ocorreu em 2005. Os pais de Monica e um irmão também comeram o mesmo lanche, tiveram diarreia e vômitos, porém se recuperaram rapidamente. Monica hoje tem quase 15 anos, e é completamente dependente de cadeira de rodas e dos cuidados de seus pais e irmãos, e de acordo com os médicos, os danos ao sistema nervoso foram tão profundos que ela não será capaz de falar novamente ou de se mover. A família de Monica entrou com um processo contra o KFC, no valor de 8 milhões de dólares australianos (cerca de 17 milhões de reais), alegando que a contaminação no lanche provocou todos os danos à filha. Após ouvir os depoimentos de todas as partes em abril de 2012, um juiz de Sydney ordenou o pagamento daquele valor como indenização e ressarcimento de todas as despesas que a família de Monica teve com os tratamentos, bem como toda a adaptação da casa e os cuidados que serão necessários até o fim da vida dela. O pai de Monica teve que pedir demissão do emprego para poder ajudar a cuidar da filha. O KFC entrou com recurso, alegando que a família não tinha como comprovar que comeu o lanche e que ficou doente em função dele, e que as lojas possuem o mais alto grau de higiene. Em setembro de 2012, Monica e sua família reencontraram o KFC no tribunal mais uma vez, e os depoimentos apontaram que a loja onde o lanche foi adquirido não apresentava condições adequadas de higiene e segurança de alimentos. Alguns funcionários admitiram que os produtos nem sempre eram manipulados com as mãos limpas ou com luvas e que os produtos que caíam no chão também eram reaproveitados. O KFC alegou “falha na consideração de evidências” e “erro nas constatações factuais por parte do juiz”, além de pesos equivocados dados a certas evidências. Ainda não existe um desfecho para este triste caso. A família de Monica aguarda o pronunciamento do juiz após o recurso do KFC.

 

Mais informações:

http://www.nytimes.com/2009/10/04/health/04meat.html?pagewanted=all

http://www.foodpoisonjournal.com/food-poisoning-watch/stephanie-smith-remains-in-a-wheelchair-fighting-to-walk-and-dance-once-again-she-ate-an-e-c/#.UPloKCd9KSp

http://www.huffingtonpost.com/2012/09/19/monika-samaan-kfc-lawsuit-brain-damage-salmonella_n_1897019.html

http://www.thesun.co.uk/sol/homepage/news/4282773/5million-compo-for-KFC-chicken-Twister-poisoning-of-wheelchair-bound-Monika-Samaan.html

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