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DMAIC: uma ferramenta para otimizar processos na indústria de alimentos

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A indústria de alimentos enfrenta desafios crescentes em um ambiente cada vez mais competitivo, onde a segurança, a qualidade e a eficiência operacional são indispensáveis. Nesse contexto, a implementação de ferramentas de melhoria contínua, como o DMAIC, torna-se essencial para otimizar processos e alcançar resultados consistentes.

O DMAIC (Definir, Medir, Analisar, Melhorar e Controlar), parte integrante do Lean Six Sigma, destaca-se como uma abordagem estruturada e eficiente para identificar problemas, propor soluções e implementar melhorias sustentáveis. Este artigo explora a aplicação do DMAIC na indústria de alimentos, exemplificando sua eficácia em casos práticos que demonstram sua utilidade no dia a dia de profissionais do setor.

Por que o DMAIC é importante?

O DMAIC oferece uma estrutura lógica e disciplinada que permite abordar problemas complexos de maneira eficiente. Sua aplicação na indústria de alimentos é essencial devido a:

  • Foco em dados concretos: Reduz subjetividades e aumenta a precisão das decisões.
  • Soluções sustentáveis: Evita a recorrência de problemas ao atuar diretamente nas causas raízes.
  • Flexibilidade: Adapta-se a diferentes áreas, como segurança dos alimentos, redução de desperdícios e melhoria de qualidade.
  • Melhoria contínua: Promove mudanças consistentes que agregam valor à cadeia produtiva.

Além disso, sua abordagem baseada em etapas claras e bem definidas facilita a implementação, tornando-o ideal para processos que demandam análise e solução de problemas com profundidade.

Etapas do DMAIC

1 – Definir (Define)

Nesta etapa, o problema é identificado e descrito de forma clara e objetiva, considerando o impacto nos processos e nos clientes.

Exemplo: Uma fábrica de laticínios identificou um alto número de reclamações sobre inconsistências no sabor do iogurte. O problema foi definido como: “Reduzir as variações no sabor do iogurte em 30% nos próximos três meses.”

2 – Medir (Measure)

A fase de medição consiste em coletar dados relevantes para compreender o desempenho atual do processo.

Exemplo: Parâmetros como pH, concentração de açúcar e temperatura durante a fermentação foram monitorados. A análise apontou variações significativas na temperatura como principal fator responsável pelas diferenças de sabor.

3 – Analisar (Analyze)

Durante a análise, são identificadas as causas raízes do problema, utilizando ferramentas como o diagrama de Ishikawa e análises estatísticas.

Exemplo: O diagnóstico revelou que a calibração inadequada dos sensores de temperatura nos tanques de fermentação era a principal causa das inconsistências detectadas.

4 – Melhorar (Improve)

Com base nos dados analisados, ações corretivas são implementadas para solucionar o problema.

Exemplo: Sensores foram calibrados corretamente e protocolos de monitoramento contínuo foram desenvolvidos. Operadores receberam treinamento para garantir a adesão às novas práticas.

5 – Controlar (Control)

Nesta fase, são implementadas medidas para garantir a continuidade das melhorias realizadas.

Exemplo: A verificação semanal da calibração dos sensores foi incorporada ao programa de manutenção preventiva. Após três meses, a variação no sabor foi reduzida em 35%, superando a meta inicial.

Comparação com outras ferramentas

Embora o DMAIC seja robusto, existem outras ferramentas que podem ser mais apropriadas em diferentes situações. Confira a comparação:

Ferramenta Quando Usar Características
DMAIC Solução de problemas complexos com necessidade de análise detalhada. Estruturado em 5 etapas; foco em dados; resultados sustentáveis.
PDCA Processos simples que requerem melhorias contínuas. Cíclico, fácil de implementar; foco em ajustes rápidos.
Kaizen Melhorias incrementais rápidas com foco em curto prazo. Filosofia de melhoria contínua; envolvimento da equipe.
5 porquês Identificação ágil da causa raiz de problemas específicos. Simples e direto; ideal para problemas isolados.
FMEA Prevenção de falhas em novos produtos ou processos. Identifica riscos potenciais; prioriza ações preventivas.
Diagrama de Ishikawa Exploração inicial das causas possíveis de um problema. Ferramenta visual; útil para brainstorming e análises colaborativas.

No caso do DMAIC, a abordagem estruturada e focada em dados permite não apenas resolver problemas, mas também promover mudanças sustentáveis que aumentam a eficiência e a qualidade dos produtos.

A escolha do DMAIC ou de outras ferramentas deve ser estratégica, considerando a complexidade do problema e os objetivos desejados. A combinação inteligente de métodos e ferramentas é essencial para construir uma cultura de inovação e excelência na indústria alimentícia, consolidando sua competitividade e garantindo a satisfação dos consumidores.

Imagem: Diva Plavalaguna

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IFS Focus Day 2024 – Evolução e desafios na gestão de fornecedores sob a ótica do varejo – II

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A gestão de fornecedores é uma das bases para garantir a qualidade e a segurança dos alimentos que chegam aos consumidores. Durante uma recente apresentação, Patrícia Benucci Menezes, coordenadora de Qualidade do GPA, trouxe reflexões valiosas sobre o desenvolvimento de fornecedores, destacando avanços, desafios e as práticas adotadas para assegurar padrões elevados de qualidade e conformidade no varejo.

O programa de qualidade no varejo

O Programa de Qualidade do GPA é uma iniciativa robusta que busca garantir o compromisso dos fornecedores com a qualidade e segurança dos produtos. Ele vai além das auditorias, abrangendo:

  • Desenvolvimento de produtos e embalagens
  • Desenvolvimento de fornecedores
  • Gestão da qualidade e conformidade com políticas internas
  • Radar regulatório e alinhamento com tendências de mercado, ESG e políticas da empresa
  • Definição de indicadores  de monitoramento (conformidade de produto, reclamação, infrações, índice de qualidade dos fornecedores, redução do tempo de desenvolvimento)

A evolução desse programa de gestão de fornecedores reflete o compromisso do GPA em manter padrões rigorosos, desde as primeiras auditorias em 2000 até a implementação do IFS Progress Food v3, integrando protocolos atualizados e abordagens modernas de avaliação.

O ciclo de auditorias

O GPA adota uma abordagem ampla e detalhada para avaliar seus fornecedores, que inclui:

  1. Pré-auditoria: Avaliação documental preliminar realizada pela equipe de qualidade
  2. Auditorias de qualidade: Análise presencial do sistema de gestão e segurança do produto
  3. Auditorias sociais: Verificação das condições de trabalho com base na política de ética social
  4. Bem-estar animal: Implementação de guias específicos para cadeias como suínos, aves e pescados

Desafios na avaliação de fornecedores sob ótica do varejo

Patrícia destacou alguns dos principais desafios enfrentados na avaliação de fornecedores no varejo:

  • Diversidade de fornecedores: parceiros de diferentes portes e localizações geográficas
  • Legislações e tendências: atualização constante frente às mudanças regulatórias e exigências do mercado
  • Otimização de tempo e custos: a busca pela eficiência em toda a cadeia é essencial para manter a competitividade
  • Novas políticas: a incorporação de guias como bem-estar animal e ética social demanda adaptações contínuas
  • Diferentes segmentos: diferentes protocolos para avaliação de fornecedor food e não food.

O papel da cultura e da equipe na qualidade

Um dos pontos centrais destacados foi a importância da cultura de segurança do alimento. A qualidade, segundo Patrícia, é responsabilidade de todos, exigindo comprometimento da alta direção, gestores e líderes, além de equipes qualificadas e bem preparadas. Investir em recursos adequados e manter a documentação legal válida são pilares para sustentar sistemas confiáveis.

Suporte aos fornecedores

O GPA também desempenha um papel ativo no apoio aos fornecedores, por meio de:

  • Suporte técnico: Visitas e avaliações documentais
  • Planos de ação: Reuniões de trabalho, análise das ações  e apoio nas priorizações
  • Auditorias de acompanhamento.

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Como a cibersegurança pode ajudar a Segurança de Alimentos: casos reais

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Foi realizado em novembro um webinar inovador, com a participação do blog Food Safety Brazil, QIMA, SQFI e um consultor especializado em cibersegurança, Vanderlei N. Moreira. Durante o evento, tivemos a oportunidade de explorar a sinergia crescente entre a cibersegurança e a indústria alimentícia.

À medida que a indústria avança para a automação e adota as tecnologias da Indústria 4.0, como blockchain, RFT, rastreabilidade e unificação de documentos, ganhamos em agilidade e eficiência nos processos. No entanto, esse avanço tecnológico também abre uma lacuna significativa, muitas vezes invisível e imperceptível: a maior vulnerabilidade dentro das redes corporativas. Isso ocorre porque, frequentemente, não temos plena consciência dos riscos relacionados à falta de cibersegurança.

Para contextualizar melhor, apresento alguns conceitos que, acredito, sejam novos para muitos profissionais da área de alimentos.

Cibersegurança

A cibersegurança refere-se à proteção de sistemas, redes e dados contra ataques digitais, como hackers, malware, ransomware e outras ameaças cibernéticas. Envolve o uso de tecnologias, processos e boas práticas para garantir que informações sensíveis estejam seguras, prevenindo acessos não autorizados, interrupções e destruições de dados.

Aspectos importantes da cibersegurança:

  • Proteção de dados: A segurança de informações pessoais e corporativas, como dados financeiros ou de clientes.
  • Segurança de redes: Proteção de redes de comunicação para prevenir invasões e interceptações.
  • Criptografia: Técnica que codifica dados para que só partes autorizadas possam acessá-los.
  • Educação e conscientização: Treinamento de funcionários e usuários para reconhecer ameaças como phishing ou ataques de engenharia social.

Como a cibersegurança pode ajudar a segurança de alimentos?

A cibersegurança pode ajudar diretamente a segurança de alimentos ao proteger os sistemas tecnológicos usados em toda a cadeia de produção e distribuição de alimentos. À medida que a indústria alimentícia torna-se mais dependente de tecnologias digitais, a integridade e a segurança dos dados e sistemas tornam-se essenciais para evitar contaminações, fraudes ou interrupções.

Existem diversos exemplos reais de casos que ilustram como a cibersegurança impacta a segurança de alimentos na indústria. Vejam alguns recentes:

1 – Caso de adulteração em sistemas automatizados

Uma fábrica de laticínios na América do Norte foi alvo de hackers que alteraram os parâmetros de pasteurização em 2017.

  • Impacto: A falha no processo de pasteurização levou ao recall de milhares de litros de leite, que poderiam ter sido contaminados por bactérias como Salmonella ou Listeria.
  • Solução: Após o incidente, a empresa implementou monitoramento contínuo e firewalls robustos nos sistemas de automação.

2 – Caso do sistema de refrigeração na Alemanha (2018)

Um ataque cibernético em 2018 comprometeu os sistemas de controle de refrigeração em uma instalação de armazenamento de alimentos na Alemanha.

  • Impacto: Hackers invadiram o sistema e desligaram os refrigeradores, resultando na deterioração de grandes estoques de alimentos perecíveis. Além do prejuízo econômico, a segurança dos alimentos foi comprometida, pois alimentos deteriorados podem causar doenças graves.
  • Solução: A empresa investiu em protocolos de segurança cibernética e sistemas de backup para evitar futuras ocorrências.

3 – Manipulação de dados de rastreabilidade

Em 2019, uma fábrica na Ásia sofreu um ataque de hackers, que alteraram registros de rastreabilidade de alimentos.

  • Impacto: O ataque ocultou informações sobre um lote contaminado de alimentos, retardando o recall e expondo consumidores a riscos.
  • Lição: Este caso destacou a importância de sistemas blockchain e outras tecnologias seguras para garantir a rastreabilidade imutável.

4 – Caso: Ataque ao sistema de ordenha automatizada (2019)

Na Holanda, uma fazenda com sistema de ordenha automatizado foi atacada por hackers, causando dor e ferimentos graves nas vacas, que resultaram em mortes devido a infecções e hemorragias causadas pela pressão excessiva nas glândulas mamárias.

  • Impacto: O ataque hackeou o software que controlava as máquinas de ordenha, alterando os parâmetros de funcionamento, como a pressão aplicada nos tetos das vacas, o tempo de ordenha e a frequência das sessões.
  • Resultado: A fazenda reforçou a segurança do sistema de ordenha com criptografia avançada e autenticação.

5 – Contaminação potencial em embalagens inteligentes

Com o aumento das embalagens inteligentes que monitoram a frescura dos alimentos, surgem novos riscos cibernéticos. Em 2020, pesquisadores demonstraram como sensores IoT em embalagens podiam ser hackeados para transmitir informações erradas sobre a qualidade do alimento, indicando falsamente que o produto estava seguro para consumo.

  • Impacto potencial: Esse tipo de ataque pode levar à venda de alimentos contaminados, causando surtos de doenças.
  • Solução: Empresas começaram a integrar protocolos de cibersegurança em dispositivos IoT usados em embalagens, garantindo que apenas usuários autorizados tivessem acesso ao software crítico.

6 – Ataque à JBS (2021)

A JBS, uma das maiores empresas de processamento de carne do mundo, sofreu um ataque de ransomware em junho de 2021.

  • Impacto: O ataque forçou a empresa a interromper suas operações nos Estados Unidos, Austrália e Canadá. Embora não tenha causado contaminação direta nos alimentos, ele demonstrou como um ataque cibernético pode interromper a cadeia de suprimentos alimentares, resultando em atrasos que podem afetar a qualidade e segurança dos alimentos perecíveis.
  • Resposta: A empresa pagou um resgate de US$ 11 milhões para recuperar o controle de seus sistemas. Esse evento destacou a necessidade de reforçar a segurança cibernética em toda a cadeia produtiva.

Esses casos demonstram como ataques cibernéticos podem comprometer diretamente a qualidade, a segurança e a distribuição de alimentos, além de impactar a confiança do consumidor. A indústria alimentícia precisa priorizar a cibersegurança, incluindo:

  • Proteção de sistemas industriais;
  • Backup de dados críticos e redundância nos sistemas;
  • Educação e conscientização de funcionários.
  • Implementação de tecnologias avançadas como blockchain para rastreamento seguro.

Essas medidas são cruciais para garantir a integridade da cadeia de suprimentos alimentares em um mundo cada vez mais digitalizado. Além disso, é fundamental aplicar técnicas de análise de risco, identificação de vulnerabilidades e avaliação de impactos, contando com equipes multidisciplinares dentro das indústrias para detectar pontos frágeis. Um recurso valioso, ainda pouco conhecido, é a contratação de empresas especializadas em cibersegurança para realizar um ataque controlado aos sistemas, permitindo mapear as vulnerabilidades, como se fosse um exercício de simulação de crise. Esse tipo de abordagem pode fornecer um diagnóstico preciso sobre onde é mais urgente implementar medidas de segurança adicionais. Outro recurso interessante, disponível no site Food and Ag ISAC, é um guia de cibersegurança com orientações para pequenas e médias empresas.

A cibersegurança desempenha um papel essencial para assegurar que a segurança dos alimentos seja preservada em um ambiente tecnológico cada vez mais avançado. Desde a produção até a entrega, proteger os sistemas digitais e a integridade dos dados é fundamental para evitar riscos à saúde pública e garantir que os consumidores recebam alimentos seguros e de alta qualidade.

Você já contemplou esse tema em seu Programa de Gestão de Crises e/ou Defesa de Alimentos?

Sua empresa está segura?

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Destaques do 12º Meeting Food Safety Brazil sobre IN 313/2024

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No dia 09 de outubro de 2024, Hygiena e o blog Food Safety Brazil realizaram o 12º Meeting, um evento que reuniu profissionais da cadeia produtiva de alimentos, especialistas em segurança de alimentos e representantes da indústria para debater as mais recentes diretrizes e tecnologias do setor de alimentos de origem animal.

A palestra de destaque abordou a IN nº 313/2024, que estabelece novas regulamentações para a produção e segurança dos produtos. Aqui, respondemos as principais questões levantadas durante o evento e os pontos-chave discutidos:

1. Como as empresas avícolas podem utilizar a tecnologia e automação para facilitar a implementação das novas diretrizes da IN nº 313/2024?

A tecnologia e a automação surgem como ferramentas essenciais para agilizar e garantir a conformidade com as novas diretrizes. Entre as possibilidades, destaca-se o uso de sistemas de monitoramento em tempo real, que permitem acompanhar dados críticos como temperatura, umidade e higiene ao longo da produção. Sensores automatizados, por exemplo, podem detectar pequenas variações nos parâmetros de qualidade, permitindo ajustes imediatos e prevenindo desvios que poderiam comprometer a segurança do alimento.

Além disso, a digitalização dos processos facilita o armazenamento e análise de dados históricos, o que é fundamental para a rastreabilidade exigida pela IN nº 313. Os softwares de gestão, integrados aos sistemas de automação, simplificam a verificação de conformidade e geram relatórios automáticos. Essas ferramentas não apenas atendem aos requisitos regulatórios, mas também contribuem para a redução de erros humanos e garantem maior eficiência operacional.

2. Segurança na liberação de resultados negativos

Durante o evento, Lauane abordou um tema crucial: a segurança na liberação de resultados negativos. Ela explicou que a Hygiena possui um sistema de controle interno específico que permite maior segurança na liberação desses resultados, garantindo confiabilidade no diagnóstico. Esse controle interno, conforme explicado, é exclusivo do sistema Hygiena, destacando um diferencial em relação a outros métodos disponíveis no mercado. Embora outros sistemas também possuam mecanismos de validação e segurança, o controle específico da Hygiena é um adicional que assegura uma maior precisão ao liberar resultados negativos.

3. Uso de kits sem laboratório de microbiologia: quais os riscos?

Uma questão importante foi sobre a segurança do uso de kits de diagnóstico sem um laboratório de microbiologia interno. Sem um laboratório dedicado, o ambiente de incubação pode, de fato, representar um risco. O processo de incubação requer controle rigoroso para evitar a contaminação cruzada, e, sem a estrutura adequada, existe a possibilidade de contaminação do próprio local de trabalho, comprometendo a segurança dos resultados. Por isso, é recomendável que as empresas que não possuam um laboratório estruturado considerem alternativas, como parcerias com laboratórios externos para análises microbiológicas, garantindo a confiabilidade e segurança das operações.

4. Validações de kits: exigências e aplicações

Outro ponto discutido foi a necessidade de validação dos kits utilizados para monitoramento. Segundo as diretrizes do MAPA, as validações devem ser realizadas em laboratórios acreditados pela ISO 17025 ou pelo próprio MAPA, para garantir a qualidade e precisão dos resultados. Kits utilizados para monitoramento em fábricas podem ser ferramentas valiosas para controles internos, mas a validação inicial deve ocorrer em um laboratório credenciado para assegurar conformidade com as normas exigidas.

5. O INPC é uma molécula sintética?

Finalmente o conceito do INPC foi abordado. Esse composto é, de fato, uma molécula sintética, projetada para ser utilizada em monitoramentos específicos. Por ser sintético, o INPC possui características que permitem sua fácil detecção e controle, tornando-se uma ferramenta útil no monitoramento de processos e validações. Isso garante que seja utilizado de forma controlada e segura no ambiente de produção, auxiliando no cumprimento dos padrões estabelecidos pela regulamentação.

Assista à gravação completa

Para quem não pode participar ao vivo ou deseja rever os conteúdos abordados, disponibilizamos a gravação completa do evento. Acesse o link para assistir aqui.

Agradecemos a participação de todos e esperamos que essas informações ajudem a aplicar as melhores práticas no dia a dia da produção.

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Metas ou miragens? Como transformar objetivos em resultados na segurança dos alimentos

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As metas têm um papel importante no direcionamento da empresa, elas quantificam e qualificam os desejos e anseios do negócio. Quando pensamos nas indústrias de alimentos e principalmente nas diretrizes da segurança dos alimentos, o princípio é o mesmo, é de vital importância a definição de metas, pois caso contrário o processo fica “solto”.

Embora pareça óbvia, trago aqui uma reflexão: você possui metas ou apenas objetivos? Digo isso porque muitas vezes as metas limitam-se a objetivos como: eliminar reclamações ou reduzir não conformidades. Veja que aqui temos um objetivo, mas o quanto queremos eliminar, quanto queremos reduzir e em quanto tempo isso irá ocorrer?

Se queremos de fato ter uma meta, esse objetivo precisa de um valor e um prazo. Portanto:

  • Objetivo: Reduzir o número de não conformidades
  • Valor: 25%
  • Prazo: Junho de 2025
  • Meta: Reduzir o número de não conformidade em 25% até Junho de 2025

A importância de se ter um valor e um prazo é para tornar palpável o desafio para os setores, pois agora existe um “norte” a ser seguido.

Outro ponto óbvio que vale a pena ser reforçado é sobre a abrangência dos setores e pessoas envolvidas no compromisso da meta. Se a meta é de X pessoas, essas pessoas precisam ter acesso ao histórico de resultados e saber qual a meta a ser atingida, ou seja, saber o valor, o prazo e não apenas o objetivo: “Temos que reduzir não conformidade….”

Muitas vezes uma meta é criada e incoerentemente fica limitada a uma linha de uma planilha, a um slide de uma apresentação, a um arquivo na rede, e acaba sendo recordada mensalmente em uma reunião de resultados.

Metas boas são aquelas que estão visíveis, estão ali no Gemba, todos podem ver e principalmente todos sabem que suas ações contribuem ou não para o atingimento.

Outro fator relevante é o desdobramento das metas de modo que elas se conectem com o principal objetivo do negócio. Metas que não estão alinhadas com a estratégia da empresa serão facilmente deixadas de lado,  e confrontadas pela liderança, perderão força e compromisso. Uma dica de desdobramento pode ser vista neste artigo: Hoshin Kanri como metodologia de gestão por metas em food safety.

Será que hoje você possui metas claras? Metas desafiadoras? Metas que se conectam às diretrizes do sistema de gestão da segurança dos alimentos? Ou são apenas miragens?

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Ferramenta da qualidade 8S na indústria de alimentos

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Com o passar dos anos, o mundo vem se tornando cada vez mais globalizado, requerendo das empresas uma concorrência mais acirrada, com filosofias de metas mais produtivas aliadas à diminuição de custos empregados em processos.

Fornecer produtos de qualidade no âmbito das indústrias de alimentos gera uma vantagem importante em relação à competitividade e a permanência no mercado, pois um produto fora dos padrões pode acarretar sérios problemas à marca, entre outros aspectos.

Uma das características das ferramentas da qualidade é harmonizar os processos de forma a atender as normas exigentes de uma determinada organização e de seus consumidores por meio de soluções viáveis, estudos e parâmetros analíticos.

A busca pela melhoria e padronização dos processos levou ao surgimento da ferramenta de qualidade 8S, que abrange, além do 5S, aspectos como a redução dos desperdícios, a capacitação dos funcionários e o aperfeiçoamento dos processos produtivos.

Cultura de Segurança de Alimentos

Segundo a Norma ISO 22000:2018, o termo segurança de alimentos é definido por: “A garantia de que o alimento não causará efeitos adversos à saúde do consumidor quando for preparado e/ou consumido de acordo com o uso pretendido”.

A segurança de alimentos caracteriza-se pela atuação desde o início do ciclo produtivo até o transporte, estocagem e chegada do alimento ao consumidor final, elucidando assim a expressão “alimento seguro” como a garantia de que o alimento chegará ao consumidor mantendo atributos correlacionados à saúde e a segurança, fazendo referência ao termo em inglês food safety.

A expressão “alimento seguro” está associada ao conceito de saúde pública, que converge para o controle de perigos, pela implementação das Boas Práticas de Fabricação (BPF) e da Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), sistema amplamente difundido que se tornou presente em legislações de vários países.

Quando se fala em qualidade na indústria alimentícia, é evidente que ela se torna uma vantagem frente ao mercado competitivo na elaboração de produtos, pois quando um determinado produto não atende aos padrões de qualidade exigido, é fato que a imagem da marca pode ficar comprometida, podendo até levar ao fracasso definitivo.

A gestão da qualidade tem como foco principal a satisfação dos consumidores em relação ao produto consumido, ou seja, a eficiência na gestão esbarra em custo e lucratividade dentro das empresas.

 O 8S na indústria de alimentos

Originalmente, o programa 5S foi desenvolvido por Karou Ishikawa, na década de 1950, e seu principal objetivo envolve a obtenção de melhorias na cadeia produtiva das indústrias mediante a transformação do ambiente de trabalho em um espaço mais produtivo.

As palavras Seiri, Seiton, Seison, Seiketsu e Shitsuke, que são de origem japonesa, fazem a composição do programa 5S e indicam: limpeza, utilização, organização, higiene e autodisciplina.

Apesar de ser ainda pouco conhecido, o programa 8S teve seu início a partir da dissertação de mestrado do professor José de Abrantes, em 1997. Ele propôs a inclusão de mais 3 sensos com foco em renovação de hábitos e conduta por meio de capacitação, instrução e práticas que levem ao crescimento produtivo no ambiente de trabalho e que perdurem dentro da organização.

Quando se pensa em investimentos, o programa 8S leva vantagem por não carecer da utilização de máquinas ou equipamentos, mas pela gestão de pessoas e recursos humanos competentes, capacidade da equipe em crescer durante os treinamentos, e o uso da criatividade com foco em performar diariamente.

  • Seiri – Senso de utilização
  • Seiton – Senso de organização
  • Seison – Senso de limpeza
  • Seiketsu – Senso de higiene, bem-estar e segurança
  • Shitsuke – Senso de autodisciplina

ShikariYaro – Senso de determinação e união

De acordo com Abrantes, este senso busca desenvolver entre os funcionários da organização, da alta liderança até o “chão de fábrica”, a parceria e união de setores. Independentemente de em qual setor cada funcionário está alocado, deve-se promover a união e determinação em prol da qualidade e do processo eficaz e, com isso, são necessários dois pontos que são a chave para o sucesso deste senso: liderança e comunicação assertiva entre gestores e parte operacional.

Shido – Senso de capacitação e treinamento

Este senso faz menção à disseminação de informações dentro do ambiente de trabalho, que são necessárias para a execução dos requisitos da qualidade e dos processos de segurança. Tendo em vista que no Brasil existem inúmeros casos de acidente de trabalho por falta de conhecimento de processos, demonstra-se a necessidade da implementação deste senso, de baixo custo atrelado. A necessidade de realizar treinamentos e processos educativos proporciona ganhos de motivação, aumento de produtividade e confiabilidade na execução dos processos implantados pela empresa

Setsuyaku – Senso de economia e combate ao desperdício

O oitavo senso é compreendido como o ponto máximo da implementação do programa, pois a medida que os sete sensos anteriores vão sendo incorporados aos costumes dos colaboradores, os mesmos tendem a estar mais motivados para interagir e apontar melhorias, que em grande parte são de baixo custo e auxiliam no enfrentamento ao desperdício, mitigando os gastos e aumentando a produtividade dentro da organização.

Conclusão

O programa 8S surge para complementar o já existente 5S, sendo uma importante ferramenta da qualidade, pois tem foco no ambiente de trabalho, bem-estar e capacitação de funcionários, além da busca pela produção de qualidade sem desperdícios, o que leva à economia e baixo custo durante os processos. A segurança dos alimentos ganha pontos positivos com a implementação do programa 8S, pois higienização e limpeza, tanto dos funcionários como das instalações, são abordados. Porém, ainda é necessário divulgar mais estudos que complementem as afirmativas sobre a implementação do programa 8S em indústrias de alimentos. Difundir amplamente as informações sobre esta ferramenta, que já tem mais de 20 anos de criação, pode tornar seu uso mais significativo.

Referências

ABRANTES, J. Como o Programa dos Oito Sensos (8S) pode ajudar na educação e qualificação profissional, reduzindo custos, aumentando a produtividade e combatendo o desemprego. ENEGEP. [s.l.], v. 1, n. 10. p. 34, 1998.

ABRANTES, J.; Programa 8S: da alta administração à linha de produção: o que fazer para aumentar o lucro? O combate aos desperdícios nas empresas, protegendo o meio ambiente e facilitando o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro, RJ. Interciência, 2ª ed. v.1, p 15. Sem. 2007

CUNHA, I. Percepção e análise do Programa 8S em uma empresa do ramo alimentício. Revista Eletrônica Nova Roma. Escola de Ciência, Tecnologia e Engenharia. v. 2, n. 1, p. 12-21, mar/ago. 2018.

PEREIRA, M. Os benefícios da implantação do programa 8S para uma empresa: um estudo de caso da FRAS-LE S/A. [s.l.], ENEGEP 2012.

Por Maicon Costa

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Poka-yoke para prevenção de erros na produção de alimentos

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Não importa quão bem treinado um trabalhador seja, ou quão bem conservado um equipamento esteja, falhas ocorrem. As pessoas cometem erros, tarefas são esquecidas, equipamentos deterioram e quebram.

O termo japonês “poka-yoke” significa à prova de erros. Trata-se de um método usado para minimizar ou eliminar erros, ou para tornar esses erros imediatamente óbvios, o que é muito valoroso para garantir que um produto não conforme nunca seja criado, ou pelo menos que nunca saia dos limites da organização e alcance os clientes, o que é inestimável na indústria alimentícia.

Poka-yoke é um conceito que faz parte do Sistema Toyota de Produção (STP) e foi desenvolvido primeiramente por Shigeo Shingo, a partir do princípio do “não-custo”.

A premissa central é evitar erros ou tornar os erros flagrantemente claros para que os produtos não sejam impactados e os clientes não recebam produtos inseguros devido a falhas ou contaminações.

Muitas vezes, as soluções não exigem investimento e podem ser de baixo custo e igualmente eficazes, requerendo atenção aos processos e criatividade nas soluções. Outras vezes exigem investimentos, porém, eles sempre se pagam justamente por prevenir erros que podem significar muitas vezes altas perdas por custos de não qualidade.

A prevenção contra erros é sempre importante, especialmente quando:   

  1. Uma etapa do processo de fabricação depende especialmente da atenção, habilidade ou experiência do trabalhador;
  2. A rotatividade (turnover) de trabalhadores é frequente;
  3. Um produto ou processo é transferido de um trabalhador para outro e pode impactar a velocidade ou a produção;
  4. Um pequeno erro pode se transformar em um grande no decorrer do processo;
  5. As consequências de um erro potencialmente podem causar graves danos à saúde dos consumidores ou econômicos.

É claro que o HACCP (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) é uma ferramenta que atua justamente na prevenção de contaminantes químicos, físicos e microbiológicos, ajudando, portanto, na prevenção de erros. No entanto, ações de poka-yoke podem ser uma ajuda adicional, complementar e agir como medida de controle para muitos perigos potenciais ao longo da cadeia produtiva.

A manutenção preventiva também é essencial, evitando quebra ou falha de equipamentos e potencial geração de contaminação ou produtos não conformes. Neste caso, o poka-yoke também pode ser de grande valia, ajudando alertar sobre falhas, quebras e desgastes.

Para cada erro potencial, pense nas ações, instrumentação, automação e práticas que poderiam ser colocadas em prática para eliminá-lo.

Considere três categorias diferentes de soluções: 

1° Eliminação 2° Substituição 3° Facilitação
Elimine a etapa ou prática que proporciona ocorrência do erro. Substitua a forma de trabalho por uma à prova de erros. Modifique o processo para que a ação correta seja mais fácil ou exija menos esforço do que o erro.

No entanto, se você não pode tornar o erro impossível, torne-o mais fácil de detectar, reduzindo suas repercussões e que se perpetue.

Em tarefas críticas, uma segunda verificação (double check) pode ser uma saída para evitar que erros sigam adiante. Por exemplo: recorrendo à assinatura de um líder sobre os registros de atividades operacionais. No entanto, obviamente, é importante que as pessoas não assinem por assinar, sem primeiro analisar criticamente o produto ou processo.

A automação e demais ferramentas que fazem parte do pacote da indústria 4.0, como internet das coisas, também podem ajudar muito. Um exemplo é o uso de dispositivos e sensores com sistemas de visão e câmeras de detecção automática de falhas, de nível, de pH, de cor, de peso, com uso de checkweighers etc.

Sistemas que facilitam a visualização rápida podem ser muito úteis, como:

  1. Uso de luvas azuis e curativos com fitas metálicas para que possam ser facilmente vistos ou detectados se caírem no produto;
  2. Em um Programa de Controle de Alergênicos (PCAL), as ferramentas e os ingredientes com alérgenos podem ser rotulados e codificados por cores marcantes para alerta;
  3. Uso de utensílios como vassouras, MOPs e escovas com cores diferentes para limpeza e higienização de parques fabris, contato com equipamentos, áreas externas e banheiros, a fim de prevenir contaminação cruzada;
  4. Os painéis de sombra visual mostram onde tudo deve ser armazenado, então uma rápida olhada revela que uma ferramenta está faltando e pode ter ido parar num produto, portanto, precisa ser encontrada.

Soluções de alerta a problemas podem contribuir muito, como sistemas que sinalizam quando um erro ocorreu fazendo uso de campainhas ou luzes que avisam no momento em que uma etapa do processo não foi concluída corretamente. Um exemplo é um equipamento com células de carga que dispara um sinal quando o peso não atinge o previsto, indicando que algum ingrediente não foi devidamente adicionado. Outro exemplo: quando um detector de metais detecta um metal, ele deve parar, acionar luzes, campainhas etc., notificando claramente que uma ação precisa ser tomada. Fora que o sistema pode possuir desvios automáticos para o produto potencialmente contaminado.

O exemplo clássico trata de junções elétricas, de tubulações ou outros utensílios de conexão cujos designs específicos permitem apenas o encaixe no local apropriado, impedindo que haja uma conexão errada.

Outra forma, mais simples, é quando, após adicionar um ingrediente, o trabalhador deve confirmar a adição do ingrediente na interface homem-máquina para indicar que a próxima etapa do processo pode começar.

São bem-vindas as rotinas de verificação após cada etapa crítica, desde que sejam eficazes e rápidas, não impactando a produtividade.

A construção inteligente e robusta de equipamentos também pode ser muito útil, por exemplo, a construção de sistemas de encaixe de peneiras que inviabilizem colocá-las de forma inapropriada que criem caminhos preferenciais ao produto sem passar pela tela ou malha da peneira, assim como sistemas que impedem o acionamento dos equipamentos quando tais peneiras são esquecidas ou estão mal colocadas.

As tecnologias emergentes provenientes da indústria 4.0 também podem ajudar muito em ações de prevenção de erros ao estilo poka-yoke. Um exemplo são os sistemas de rastreabilidade com uso de QR Code, quando um produto está não conforme ou potencialmente não conforme por desvios em PCCs ou PPROs e automaticamente pode ser bloqueado, impedindo seu faturamento. Com isso, não pode ser carregado e escapar dos limites da empresa.

Claro, quem “não tem cão caça como gato”. Onde a tecnologia ainda não chegou, o uso de áreas segregadas ostensivamente identificadas, uso de paletes de cor específica, etiquetas ostensivas também podem ajudar a prevenir erros e a liberação de produtos impróprios.

A equipe de segurança dos alimentos é essencial neste processo, devendo incluir em suas atividades rotineiras a criação de ações para prevenção de erros, e para isso, o uso dos conceitos do poka-yoke podem ser muito úteis.

Após determinar o método mais apropriado para remover o erro ou tornar o erro mais fácil de detectar, coloque a medida em prática e meça o sucesso ou o fracasso.

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Priorização Inteligente: como a matriz GUT otimiza planos de ação na indústria alimentícia

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No mundo da qualidade e segurança dos alimentos, a eficiência na gestão de pendências é crucial. A matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência) destaca-se como uma ferramenta eficaz para priorizar ações em planos de ação, especialmente quando existem altos volumes de tarefas decorrentes de checklists internos, normas de certificação, auditorias e regulamentações.

Mas o que é exatamente a matriz GUT e como ela pode ser uma aliada estratégica na indústria de alimentos?

A matriz GUT é um método simples e eficiente de classificação que ajuda a identificar quais problemas devem ser abordados primeiro, baseando-se em três critérios principais: Gravidade, Urgência e Tendência. Neste artigo, exploraremos como essa ferramenta pode ser implementada para melhorar a qualidade e a segurança dos alimentos, otimizando processos e garantindo que as pendências mais críticas sejam resolvidas de maneira rápida e eficaz.

A matriz GUT funciona atribuindo uma pontuação para cada pendência ou problema baseado nos três critérios mencionados:

  • Gravidade (G): Refere-se ao impacto potencial do problema na qualidade ou segurança dos alimentos. Um problema com alta gravidade pode comprometer diretamente a saúde dos consumidores ou causar grandes prejuízos financeiros.
  • Urgência (U): Indica o tempo disponível para resolver o problema antes que ele cause danos. Pendências com alta urgência exigem ações imediatas para evitar consequências negativas.
  • Tendência (T): Reflete a probabilidade de o problema piorar com o tempo. Se uma pendência tem uma tendência crescente, significa que, se não for resolvida rapidamente, pode se agravar, tornando-se mais difícil de controlar.

Cada um desses critérios recebe uma nota de 1 a 5, sendo que 1 significa um impacto mínimo e 5 um impacto máximo. A pontuação final de cada pendência é calculada multiplicando os valores atribuídos a Gravidade, Urgência e Tendência (G x U x T). As pendências com as pontuações mais altas são aquelas que devem ser priorizadas nos planos de ação.

Pendência Gravidade (G) Urgência (U) Tendência (T) Pontuação GUT

(G x U x T)

Pendência A: Falta de controle de temperatura em uma câmara de armazenamento 4 5 3 60
Pendência B: Ausência de treinamento para novos colaboradores em procedimentos de higiene 3 3 4 36
Pendência C: Falta de manutenção preventiva de máquinas 2 2 2 8

No exemplo acima, a pendência A tem a maior pontuação e deve ser tratada com a maior prioridade. Isso mostra como a matriz GUT pode facilitar a decisão sobre onde concentrar os recursos e esforços para garantir a segurança e qualidade dos alimentos.

Aqui no blog, apresentamos um artigo com um estudo de caso que utiliza a matriz GUT para priorizar não conformidades em uma indústria de linguiças. Essa ferramenta complementa de forma eficaz o método 5W2H.

A matriz GUT não é apenas uma ferramenta de priorização, mas também um meio de assegurar que as ações corretivas na indústria alimentícia sejam conduzidas de forma organizada e eficiente. Ao usá-la, as empresas podem focar a resolução dos problemas mais críticos, garantindo que recursos limitados sejam usados onde são mais necessários, minimizando riscos e garantindo a conformidade com normas e regulamentos.

A implementação desta matriz nos planos de ação permite uma gestão mais eficaz das pendências, resultando em uma melhoria contínua dos processos, aumento da confiança do consumidor e, acima de tudo, na entrega de alimentos seguros e de qualidade.

Imagem: Fauxels

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Níveis de maturidade em Manutenção da Qualidade e sua relação com a segurança dos alimentos

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Vasculhando materiais antigos, deparei-me com um infográfico que achei muito interessante e pertinente compartilhar com os leitores do blog. Trata-se de uma interpretação sobre a maturidade cultural dos processos, pessoas e controles em uma empresa à medida que ela avança na implantação de programas de melhoria da qualidade e a adoção do Pilar de manutenção da Qualidade, pilar este que faz parte da metodologia TPM.

Recapitulando: o TPM é uma metodologia cuja sigla Total Productive Maintenance pode ser traduzida por Manutenção Produtiva Total e que é estruturada no que chamamos de pilares. Os pilares são “frentes de trabalho”. Ao todo, em TPM existem oito pilares e cada um fica à frente de uma estratégia na empresa (mais informações sobre cada um dos pilares e suas relações com qualidade e segurança dos alimentos você encontra no artigo:  Como implantar TPM com segurança dos alimentos – todos os passos da Manutenção Autônoma).

No pilar Manutenção da Qualidade, conhecido como M.Q., partimos do princípio de que para produzir produtos excelentes, é necessário estabelecer condições de processo adequadas, como uma temperatura, uma pressão, composições e fornecedores apropriados de matéria prima e também equipamentos, componentes e peças que devem ser instalados e mantidos para que funcionem perfeitamente e não criem os defeitos de qualidade.

Voltando à imagem, achei de total relevância aprofundar esse tema e dissecar esse infográfico do ponto de vista dos programas de qualidade e da metodologia TPM e o Pilar de M.Q. Embora o TPM tenha partido de uma metodologia oriental pautada na gestão da qualidade como um todo, perceba que sua análise nos faz refletir e tranquilamente correlacionar aos níveis de maturidade em relação à segurança dos alimentos.

Veja abaixo que interessante a reflexão proposta. Quando a empresa não possui padrões muito claros, não há uma abrangência na percepção da qualidade. Temos uma empresa centrada apenas no controle de qualidade e com controles de baixa eficiência, admitindo-se a ocorrência de defeitos no mercado. A imagem percebida da empresa é fatalmente ameaçada. Nesse estágio há possivelmente alto número de reclamações e de bloqueios internos, estes quando “pegos” internamente.

Maturidade da Qualidade nas empresas - Estágio 1
Maturidade da Qualidade nas empresas – Estágio 1

Avançando para o próximo estágio, temos um Controle de Qualidade mais eficiente e o surgimento da Qualidade Assegurada focada em verificações preventivas. Agora não estão mais em foco apenas os produtos, envolvemos também os processos dos quais esses produtos participam. Ações mais efetivas já buscam bloquear a saída de defeitos antes de irem para o mercado.

Maturidade da Qualidade nas empresas - Estágio 2

Na fase seguinte avançamos para uma gestão atuando em conjunto com uma Qualidade Assegurada focada em verificações preventivas e um gerenciamento em busca da condição ideal de seus processos internos. A Qualidade busca a redução das variações internas, aprofunda-se o conhecimento sobre os 4M, método, mão de obra, material, máquina e seus fatores de correlação que provocam a variação de Qualidade.

Maturidade da Qualidade nas empresas - Estágio 3

Por fim, no último estágio atingimos a Manutenção da Qualidade com o pleno gerenciamento da condição de trabalho, operação e processo ideais. Aqui já estão conhecidas e definidas as condições de Zero Falhas e Zero defeitos, temos uma gestão destas condições dentro de limites padronizados e as contramedidas são feitas antecipadamente.Maturidade da Qualidade nas empresas - Estágio 4

A Manutenção da qualidade é o estágio de maior autonomia e prevenção quando falamos em qualidade. Nesta fase temos como premissas três precondições básicas que você pode conhecer no artigo Três precondições para a manutenção da qualidade – TPM e Segurança dos alimentos.

A manutenção da qualidade aliada às certificações de segurança dos alimentos, programas internos de pré-requisitos e qualificações torna a gestão de qualidade mais assertiva e preventiva alcançando um grau elevado de maturidade para a empresa.

Se você gostou destes níveis de maturidade, já imaginou em qual está? Quer saber mais sobre os próximos passos? Deixe seu comentário.

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Simplificando o Diagrama de Ishikawa

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O Diagrama de Ishikawa, também conhecido como Diagrama de Espinha de Peixe ou Diagrama de Causa e Efeito, é uma ferramenta de gestão da qualidade amplamente utilizada para identificar a causa-raiz de problemas.

Criado por Kaoru Ishikawa nos anos 1960, esse diagrama tornou-se essencial em diversas indústrias por sua capacidade de organizar visualmente as possíveis causas de um problema específico. Ao adotar um formato que lembra a espinha de um peixe, com o problema na “cabeça” e as causas dispostas ao longo da “espinha”, a ferramenta facilita a análise e a comunicação entre equipes. Sua simplicidade e eficácia fazem deste diagrama uma escolha popular para melhorar processos e resolver problemas complexos.

A indústria de alimentos, caracterizada por processos complexos e um rigoroso controle de qualidade, encontra no Diagrama de Ishikawa um aliado importante. A necessidade de garantir a segurança dos alimentos e a qualidade dos produtos finais exige ferramentas eficazes para identificar e mitigar riscos. O Diagrama de Ishikawa é particularmente útil nesse contexto, pois ajuda a mapear todas as possíveis causas de problemas. A capacidade de visualizar e categorizar as causas potenciais permite às empresas implementar medidas corretivas mais precisas, melhorando a segurança e a qualidade dos produtos alimentares.

Problemas como contaminação microbiológica, inconsistências na qualidade do produto final, falhas logísticas e controle inadequado de temperatura são desafios comuns na indústria de alimentos que podem ser abordados com o Diagrama de Ishikawa. Por exemplo: a contaminação pode ser rastreada até falhas em práticas de higiene, equipamentos defeituosos ou matérias-primas contaminadas. O diagrama permite uma análise detalhada dessas questões, ajudando a identificar não apenas as causas imediatas, mas também as causas subjacentes, contribuindo  para o desenvolvimento de ações corretivas que previnam a reincidência dos problemas.

Como já conhecido, o Diagrama de Ishikawa levanta causas embasado nos 6 Ms: Método, que refere-se aos processos ou procedimentos utilizados; Mão de obra, causas relacionadas aos funcionários, suas habilidades e comunicação; Máquina, que inclui equipamentos, tecnologia e ferramentas utilizadas; Material, que envolve matérias-primas, componentes e informações; Medida, que abrange como as medições são feitas e os dados são coletados; e Meio Ambiente, que inclui condições ambientais, como localização, clima e cultura organizacional. Essas categorias permitem uma análise detalhada e estruturada, facilitando a identificação da causa-raiz dos problemas e a proposição de soluções eficazes.

Cada empresa possui formatos diferentes de realizar esse levantamento, descrevendo apenas causas potenciais, como se fossem conformidades ou não conformidades. A ideia de simplificar seria uma melhora do ponto de vista visual, elencando todas as possíveis causas e apresentando uma forma visual de conformidade e não conformidade. Essa abordagem facilita a interpretação e a análise dos dados, permitindo que as equipes identifiquem rapidamente as áreas problemáticas e tomem ações corretivas de maneira mais eficaz. A visualização clara e organizada das causas potenciais promove uma melhor compreensão dos processos.

A Figura abaixo apresenta uma abordagem sobre esse formato de apresentação, além de sugerir a utilização de 5 Por quês e brainstorming como ferramentas complementares. O método dos 5 Por quês visa identificar a causa-raiz de um problema, perguntando repetidamente “por que” até chegar à origem do problema. Já o brainstorming é uma técnica que promove a geração de ideias através da colaboração em grupo, incentivando os membros da equipe a contribuírem com suas perspectivas para identificar possíveis causas e soluções. Juntas, essas ferramentas facilitam uma análise mais detalhada e colaborativa, tornando o processo de resolução de problemas mais eficaz.

A proposta de simplificar o Diagrama de Ishikawa visa tornar a ferramenta mais fácil de usar e mais eficaz na identificação de causas de problemas. Essa simplificação não apenas facilita a utilização da ferramenta, mas também melhora a compreensão dos resultados, permitindo uma resposta mais rápida e eficaz. Cabe ressaltar que, após a identificação dos problemas, a utilização das ferramentas 5W2H e Matriz GUT seria interessante.

A 5W2H é uma ferramenta que ajuda a definir um plano de ação claro e estruturado, respondendo a sete perguntas-chaves: What (o que será feito?), Why (por que será feito?), Where (onde será feito?), When (quando será feito?), Who (quem fará?), How (como será feito?) e How much (quanto custará?). Já a Matriz GUT (Gravidade, Urgência, Tendência) é utilizada para priorizar problemas ou ações, avaliando cada um desses três aspectos para determinar quais questões devem ser tratadas em primeiro lugar.

Essas ferramentas complementares ajudam a garantir que as causas identificadas pelo Diagrama de Ishikawa sejam abordadas de maneira sistemática e eficaz, promovendo uma melhoria contínua nos processos.

Além disso, aqui no blog, há um estudo de caso que pode ser útil para maior compressão sobre o tema, que é o artigo Diagrama de Ishikawa e método dos “5 por quês” para iogurte mofado.

Lembre-se: “Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo nível de consciência que o criou.” Albert Einstein

Imagem: foto de Christina Morillo

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