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Os impactos da 4ª Revolução Industrial no segmento de alimentos – 2

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Imagine obter instantaneamente e em qualquer lugar informações de temperatura, pressão, vazão, pH, packs envasados, brix, cor, paradas de linha, produtos finalizados, sub e sobrepesos, estatísticas de parâmetros de qualidade, variações elétricas, desvios em PCCs ou PPROs e o que mais imaginar, acessadas diretamente de seu smartphone ou de um tablet!

Pois bem, isso já é possível a custos bem razoáveis.

Detalhe, sem os erros, rasuras ou falta de completude dos tradicionais registros em formulários de papel preenchidos a mão, que a cada dia serão mais obsoletos, como é hoje um disco de vinil com 33 rotações.

Poderemos usar também algoritmos capazes de avaliar inúmeros cenários, com tudo sendo analisado em tempo real. Teremos informações precisas quanto à decisão de liberar lotes, rejeitá-los, destinar a reprocesso ou quaisquer outras destinações especiais.

Isso poderá implicar uma redução drástica de erros derivados de falhas humanas, assim como de custos de não qualidade e liberação de alimentos e bebidas inseguras ao consumidor!

É preciso desmitificar a Inteligência Artificial. AI não são robôs humanoides (ao menos por enquanto), mas sim sistemas integrados que analisam as variáveis operacionais presentes em processos de fabricação e identificam potenciais situações de risco, informando os gestores ou realizando intervenções de forma autônoma, por exemplo, tomando decisões no controle dos processos fabris, e claro, numa avaliação muito mais ampla, rápida e precisa do que as que fazemos usando, para exemplificar, nossas tradicionais cartas de CEP – Controle Estatístico de Processos.

Ou seja, o sistema autonomamente poderá decidir em caso de um desvio nos limites das variáveis de um processo sobre o que fazer para trazer o processo de volta à situação de controle, como num PCC, e para onde desviar automaticamente o produto que porventura possa ter sido produzido em condições parametrizadas como “não conforme”. Isso é qualidade acontecendo realmente just in time.

Claro que todas estas informações de controles estarão armazenadas e exigem transparência. Nisto surge outro conceito importante, o de blockchain, que são “protocolos de confiança”, ou bases de registros e dados distribuídos e compartilhados publicamente.

Estas bases de dados permitirão criar um índice global para todas as operações industriais em qualquer segmento, como insumos, embalagens, aditivos, cadeias de armazenamento, de distribuição, etc.

Existirá uma nova forma de prover, controlar e dividir registros, com muito mais segurança e com dados muito mais confiáveis, revolucionando as auditorias.

Na prática isso significa ter laudos analíticos de controle de matérias primas e liberações de lotes, rastreabilidade de insumos e matérias primas, controles das variáveis operacionais dos processos, dados completos sobre uma produção industrial, mercado e distribuição numa base de dados comum e compartilhada cliente-fornecedor.

Tudo isso dito até aqui sobre a indústria 4.0 facilitará muito o controle de liberações de lotes no segmento business to business e no varejo. Portanto, potencializará o controle de estoques de matérias primas, insumos, embalagens e produtos acabados, e a própria distribuição, além, é claro, do controle de demandas de fabricação aumentando a assertividade dos PCPs.

Segue uma lista onde as tecnologias da Indústria 4.0 serão e já são úteis:

  1. Controle de entradas de matéria-prima, insumos, embalagens com uso de QR Code;
  2. Controle absoluto para entrada de notas fiscais apenas de fornecedores qualificados;
  3. Otimização e assertividade da manutenção preditiva;
  4. Impressão de peças em impressoras 3 D
  5. Laudos de análise do fornecedor transferidos no momento da entrada para o banco de dados da empresa:
  6. Robôs controlando estoques;
  7. Rastreabilidade total e instantânea = blockchain;
  8. Aumento da assertividade na predição da programação;
  9. Algoritmos tomando decisões em PCCs, por exemplo, conciliando binômio tempo x temperatura e decidindo sobre ajustes, retornos e reprocessos;
  10. Sensores de internet das coisas com vazão, nível, cor, temperatura, pH, pressão, etc., otimizando os controles operacionais;
  11. Conexões por ondas de rádio (sem cabos) levando as informações destes sensores aos bancos de dados e dos bancos de dados para operadores e gestores;
  12. Dados coletados on-line com tomada de decisão usando indigência artificial e permitindo a criação de grandes bancos de dados (big-data) nas nuvesns;
  13. Máquinas e equipamentos se autoajustando em suas variáveis operacionais, portanto, sem ação humana;
  14. Controle de rendimento on line ajudando a avaliar desempenho de linhas, matérias-primas, ingredientes, e portanto, fornecedores;
  15. Compliance – Favorecimento valor de ações das empresas devido a maior confiabilidade das informações;
  16. Informações sobre paradas de equipamentos, causa das paradas, velocidade packs/ min, L/ h, etc;
  17. Gestores acessando todos dados de performance industrial (KPIs) em seus smartphones ou tablets;
  18. Resultados de análises por lote associados com dados de processo;
  19. Entradas e saídas de estoque com inventários precisos em tempo real;
  20. Robôs controlando estoques e saídas de produtos;
  21. Emissão de notas fiscais e laudos de análise correlatos em tempo real;
  22. Redução de ociosidade e melhor ocupação fabril com AI decidindo programações de produção;
  23. Retroalimentações, inclusive reclamações e devoluções, mais precisas e rápidas;
  24. Coleta de dados de rastreabilidade a montante em segundos com precisas informações;
  25. Rastreabilidade a jusante, com total segurança sobre onde cada produto está na cadeia de distribuição;
  26. Simuladores auxiliando a determinação das melhores configurações de operação de linhas industriais, ou simulando cenários para a investigação de problemas e validar PCCs e PPROs;
  27. Novos pedidos e especificações sendo informadas on-line com protocolos de confirmação, evitando erros de comunicação;
  28. Informações em tempo real sobre produtos que estão vendendo mais e que demandam maior produção, assim como tendências de mercado;
  29. Acionamento de gestão de crises e recall localizando consumidores em seus smartphones e dando alertas;
  30. Redução drástica dos riscos da geração de produtos não conforme ou de liberados em situações inseguras por terem extrapolado limites de controle em PCCs ou critérios de controle em PPROs.

Também contribuirá em transações comerciais com pagamentos sendo efetuados a partir das liberações dos lotes e com precificação em muitos casos variável, segundo atendimento de especificações acordadas entre clientes e fornecedores.

Teremos, além de tudo isso, agilidade em decisões que afetem riscos aos públicos consumidores, possibilitando ações rápidas e precisas como num eventual caso de recall, ou seja, garantindo ainda mais segurança em termos de qualidade de produtos e serviços, agora na óptica da gestão de crises.

Por fim, nas perspectivas econômicas que regem as oscilações nas bolsas de valores, teremos muito mais confiabilidade em marcas e organizações, pois suas informações serão muito mais transparentes, somando-se ao fato de que haverá uma melhor previsibilidade sobre as tendências dos mercados em que atuam.

Mas e o custo disto tudo?

Certamente demandará investimentos, mas os custos associados com tecnologia vêm caindo diariamente, e breve serão quase tratados como commodities. Além disso, são sistemas que se pagam, seja pela redução de custos de não qualidade, pelos ganhos de produtividade, e claro, pela proteção das marcas e consumidores com o incremento em food safety.

E não para por aí, estão chegando as redes 5G que devem consumir até 90% menos energia que as redes 4G atuais, e com esta tecnologia, os tempos de conexão entre aparelhos móveis devem ser inferiores a 5 ms (milissegundos), face à latência de 30 ms das redes 4G, isso evita o chamado “delay“, otimizando radicalmente a possibilidade de controle de plantas industriais à distância.

O número de aparelhos conectados por área deve ser 50 a 100 vezes maior que o atual em muito pouco tempo e devem ser realizados aumentos drásticos na duração da bateria de dispositivos rádio receptores. Com isso, o uso de smartphones será maior, assim como de dispositivos de internet das coisas, e as máquinas, equipamentos, robôs, indústrias e negócios mais conectados ainda, num turbilhão de informação gerando ações e direcionando os rumos das indústrias de alimentos e bebidas.

Estima-se que com o uso das tecnologias que são abrangidas pela indústria 4.0 seja possível ganhar entre 10 e 40% em redução de custos de manutenções; 10 a 20% com redução de consumo de energia elétrica; e de 10 a 25% em eficiência operacional. Isso porque reduz setup, evita erros de operação e torna as operações mais enxutas.

Todas estas tecnologias e seus custos mais acessíveis também permitirão o uso de forma cada vez frequente da robótica, fazendo serviços com precisão, evitando erros e falhas de operação e a contaminação e falhas provenientes das ações humanas, lembrando também que robôs não têm problemas com regras de BPF quanto à higiene pessoal.

Isso tudo nos permitirá obter:

  1. Alimentos mais seguros e mais baratos;
  2. Redução do erro humano e operacional;
  3. Menor veiculação de patógenos via manipulação;
  4. Rastreabilidade mais rápida e confiável;
  5. Maior velocidade em gestão de crises;
  6. Melhor entendimento das necessidades dos stakeholders.

A nós humanos, caberão os serviços nos quais seremos melhores que os robôs, que precisem da sensibilidade humana, o que é bem relevante numa indústria de alimentos e bebidas que faz produtos para agradar aos desejos, paladares e anseios humanos.

Nosso papel será maximizar nossas interações com estas tecnologias, e na foto abaixo eu sou o sujeito careca tentanto fazer isso, ao aprender sobre máquinas que já possuem estes recursos, permitindo conexões on line e com realidade aumentada

O sujeito ao meu lado com um óculos descolado está utilizando uma tecnologia de realidade aumentada, pois com este recurso consegue ver ao lado de cada equipamento informações de produtividade, paradas e variáveis operacionais.

Por isso as competências e habilidades que precisaremos potencializar estarão associadas com o uso de nossas características sensoriais, organolépticas, emotivas, da criatividade e do relacionamento interpessoal, o que aliás, como já disse, tem tudo a ver com o desenvolvimento de produtos para o setor de alimentos e bebidas.

Mas claro, haverá também muito espaço ainda para a engenheira, a eletrônica, a computação, a física e a matemática, afinal, são elas que constroem e movem toda a indústria 4.0.

Você acha que isto é em um mundo distante? Que é ficção?

Olhe ao seu redor, as tecnologias e o modo de operação da indústria 4.0 já fazem parte da sua vida diária, ajudando-o a se comunicar por telefone celular com transmissão a baixo custo de informações, sons e imagens; fazendo reuniões ou dando aulas e treinamentos on line; ao buscar um meio de transporte com rotas otimizadas e emissão de notas fiscais; com marketing sobre medida oferecendo-lhe  produtos de acordo com suas buscas e perfis em redes sociais; para se hospedar numa cidade, via aplicativos; ao se locomover com inteligência na busca de rotas mais seguras e rápidas com aplicativos de celular; ao fazer contatos, contratar ou  procurar uma recolocação, via rede social profissional; até para arrumar uma namorada usando rede social específica; e claro, para pedir um lanche, um almoço ou um jantar.

Todas estas tecnologias já estão aí, monitorando dados, alimentando Big Data, gerando informações, tomando decisões com uso de AI, são o futuro, e o futuro é agora!

Seja bem-vindo ao mundo 4.0, use-o ao seu favor, explore todo o potencial que surge com a 4ª revolução industrial, olhe ao seu redor e admire este momento histórico que estamos vivenciando.

Esta nova revolução agora vai muito além do campo industrial, das oportunidades potenciais com que iremos nos deparar na gestão da qualidade e segurança dos alimentos, pois é uma revolução na forma humana de interagir, de se comunicar, de se relacionar, de consumir, de produzir, enfim, de viver!

Este artigo iniciou em Os impactos da 4ª Revolução Industrial no segmento de alimentos – parte 1.

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Controle de contaminantes em alimentos segundo a IN 88/21

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A ANVISA publicou, no Diário Oficial da União, em 31 de março último, a Instrução Normativa número 88, de 26 de março de 2021, que estabelece os limites máximos tolerados (LMT) de contaminantes em alimentos.

A IN se aplica de maneira complementar à RDC 487, também de 26 de março de 2021 e que também foi publicada no DOU em 31 de março.

O que elas têm em comum, além de citarem uma a outra?

Bem, a RDC, com três páginas, nos seus quatro capítulos e quinze artigos, trata das informações relativas ao ordenamento jurídico com as Resoluções GMC/MERCOSUL 12/2011 e 103/1994.

Nem parece que o bloco sul-americano já tem tanto tempo de vida, né?

Incrível é pensar que somente agora estamos nos alinhando aos demais países componentes no que diz respeito a limites de contaminantes em alimentos.

A RDC se aplica a toda a cadeia produtiva de alimentos. Mas, como sempre, existem as exceções… No caso aqui, são as águas potáveis, águas envasadas para consumo humano, aditivos alimentares, suplementos alimentares, compostos de migração de materiais de contato e matérias estranhas macro e microscópicas.

Há um capítulo para definições bem resumido, mas o que importa de verdade é o Capítulo III onde são tratadas as disposições gerais. Nele estão as informações mais importantes sobre os Limites Máximos de Tolerância (LMT) tanto para os produtos (parte comestível) como também para aqueles produtos que tenham sido desidratados, diluídos, transformados ou que sejam resultado de um composto de outros produtos, desde que não estejam listados na IN 88.

Outro ponto importante diz respeito à citação de fontes de referência como Farmacopeia Brasileira, outras farmacopeias oficialmente reconhecidas (de acordo com a RDC 37, de 06 de julho de 2009), Código de Produtos Químicos Alimentares (Food Chemicals Codex – FCC) e o Comitê de Especialistas da FAO/OMS sobre aditivos alimentares (JECFA).

A RDC também informa que as metodologias a serem usadas devem atender ao Manual de Procedimento do Codex Alimentarius.

Especificamente sobre o arsênio inorgânico, há a informação de possibilidade de uso de metodologia que quantifique o arsênio total desde que os valores obtidos sejam inferiores aos limites estabelecidos na IN 88. Nesse caso, deverá ser feita a quantificação inorgânica do contaminante.

Por fim, a RDC traz a lista da legislação revogada pela IN 88:

I- Portaria SVS/MS nº 11, de 15 de maio de 1987;

II- Portaria SVS/MS nº 685, de 27 de agosto de 1998;

III- Resolução de Diretoria Colegiada – RDC nº 7, de 18 de fevereiro de 2011;

IV- Resolução de Diretoria Colegiada – RDC nº 42, de 29 de agosto de 2013;

V- Resolução de Diretoria Colegiada – RDC nº 138, de 8 de fevereiro de 2017; e

VI- Resolução de Diretoria Colegiada – RDC nº 193, de 12 de dezembro de 2017.

Ambas, IN 88 e RDC 487, entraram em vigor em 03 de Maio de 2021.

O prazo para adequação é de 12 (doze) meses a partir da entrada em vigor (acima).

Aí, vocês devem estar se perguntando:

O que tem o texto com o título?

Bem, o arcabouço legal de um Sistema de Gestão da Qualidade e de Segurança de Alimentos (SGQSA) é um dos requisitos avaliados em processos de auditoria de terceira parte.

Geralmente, auditorias de segunda parte não avaliam esse item com rigor.

Dessa forma, além de estabelecer um modelo robusto e confiável de atendimento regulatório é muito importante que esse aspecto seja checado nas auditorias de primeira parte (internas).

Uma leitura aprofundada na IN 88 e na RDC 487 mostra bem o que quero dizer.

Nelas, há a citação de pelo menos 12 (doze) Leis, RDC, Resoluções e Instruções Normativas, sem contar as 6 (seis) revogadas por elas.

O que temos de bom nesse caso?

A simplificação e unificação dos limites de tolerância de diversos contaminantes em uma única Instrução Normativa. Isso vai ajudar demais as Equipes de Segurança de Alimentos nas revisões dos seus Planos HACCP.

Só que isso não significa sossego para quem cuida do tema, afinal a legislação nacional está em constante aperfeiçoamento e é preciso estar atento(a), sempre!

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Os impactos da 4ª Revolução Industrial no segmento de alimentos – 1

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Descobertas e avanços na tecnologia atualmente crescem em progressão geométrica. Para se ter uma ideia do reflexo disso, hoje 75% do mundo já está conectado por smartphones e a perspectiva deste número é crescente a cada dia, conectando pessoas em todos os continentes, suas ideias e desejos!

Parece um simples detalhe, mas esses smartphones aproximam diversos grupos mercadológicos e interagem com todos o tempo todo, expondo suas demandas em relação à indústria produtora e o setor comercial, fornecendo informações de hábitos de consumo, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, facilitando assim o entendimento das tendências, e claro, maximizando o contato entre produtores e consumidores, seja no varejo ou no mercado business to business.

Não tenha dúvidas: seus posts, comentários, likes e visualizações nas redes sociais feitas de seu computador, smartphone ou tablet, assim como  suas compras on line, ou mesmo as visitas feitas a sites de compras, estão direcionando os futuros negócios e para onde migrará o fluxo financeiro e os esforços no desenvolvimento de novos produtos, ditando que tipos de produtos, cores, sabores, texturas e tendências serão lançados.

É o futuro que já chegou, onde a tecnologia vem se tornando cada vez mais acessível, e nesse sentido, temos algo que vem sendo chamado de a 4° revolução industrial ou Indústria 4.0.

Nossa geração está vivendo um grande marco de transformação, pois a tecnologia fluente está ajudando imensamente a todos os segmentos industriais, e claro, isso causará mudanças nas relações entre os diversos stakeholders que são afetados pelos produtos e serviços de uma organização, e em consequência, sobre as expectativas quanto aos padrões de qualidade, e obviamente, no segmento de alimentos e bebidas isso não é diferente.

Podemos dizer que as definições de foco no cliente foram atualizadas!

Chama-se 4ª revolução industrial porque a 3ª aconteceu em meados do século 20, com a chegada da eletrônica, da tecnologia da informação e das telecomunicações; a 2ª ocorreu por volta de 1850 com a intensificação do uso da eletricidade que permitiu a manufatura em massa; já a 1ª e normalmente mais lembrada, marcou a passagem da produção manual à mecanizada, entre 1760 e 1830, especialmente, pelo uso das máquinas movidas a vapor que usavam carvão como combustível, dando um salto pouco tempo depois, quando se começou a utilizar derivados de petróleo.

O termo indústria 4.0 ou a 4ª revolução industrial é uma expressão que engloba algumas tecnologias para automação e troca de dados, utilizando conceitos de sistemas ciber-físicos e, com isso, facilita a visão e execução de “fábricas inteligentes” capazes de trazer inúmeras oportunidades para a agregação de valor aos consumidores e aumento de produtividade nos processos, e claro, tem um grande potencial para auxiliar numa efetiva gestão da qualidade e ajudar a melhorar as rotinas associadas com a segurança dos alimentos nas organizações.

Para iniciar com um exemplo corriqueiro, já convivemos atualmente com um novo fenômeno que veio para ficar: a força das redes sociais como o Facebook, Instagram, LinkedIn, Twitter etc., ou grupos que se comunicam via WhatsApp e que são capazes de potencializar a amplitude de uma reclamação ou insatisfação, inclusive com fotos, áudios e até vídeos.

Com todas essas formas de comunicação em massa provenientes do uso generalizado da tecnologia, um erro de uma organização que venha a causar a insatisfação dos clientes, uma falha de food safety, seja pelo produto não atender suas expectativas, estar com algum tipo de falha ou contaminante, gerar algum dano, desagradar demandas de algum grupo de stakeholders, um serviço mal realizado, etc, podem imediatamente viralizar, dependendo da atratividade do problema ao público, e então se disseminar, chegando a milhares de consumidores.

Este processo pode ferir ferozmente a imagem de uma marca ou de toda uma organização, e em segundos, atingir mais pessoas do que campanhas tradicionais de marketing que custaram milhões ou de construção de marcas que levaram anos.

Atuar, portanto, em redes sociais no monitoramento, tratativa e contenção de problemas é uma boa prática, estando atento às inovações que surgem na forma de se comunicar com clientes e consumidores, como foi visto no artigo “O papel estratégico do SAC para a qualidade e a segurança dos alimentos“.

Ter uma boa e arrojada sistemática de SAC, alinhada com os novos conceitos tecnológicos, portanto, é necessário para toda e qualquer organização que queira mesmo sair da zona de conforto e francamente ouvir o que o consumidor tem para dizer.

Entrando mais fundo no assunto, atualmente temos muito mais acessos a grandes bancos de dados, chamados de Big Data, com boa parte das informações coletadas justamente das já citadas redes sociais, contendo uma quantidade enorme de informações em diversos servidores que funcionam em sistemas de redes operacionais, portanto, interligados entre si.

A capacidade per capita tecnológica do mundo para armazenar informações praticamente tem dobrado a cada 40 meses, desde a década de 1980.

Para essa perspectiva ficar mais clara em sua mente, compare o quanto conseguia armazenar num disquete de 3 ½ polegadas e o quanto pode armazenar agora num pendrive ou num HD externo, portanto, as limitações que tinha e que não existem mais!

A partir de 2012, foram criados a cada dia 2,5 exabytes (2,5 x 1018 bytes) de dados, sendo que 90% dos dados no mundo foram criados nos últimos dois anos, decorrente da adesão das grandes empresas à internet, sendo exemplos, novamente, as redes sociais, mas também dados de GPS, dispositivos embutidos e móveis.

Estes dados podem ser valiosos dando sustentação para análises de riscos, tomadas de decisão em processos com foco na redução de custos de não qualidade e aumento da segurança dos alimentos, rastreabilidade em toda a cadeia produtiva, desde a produção primária, indústria de transformação e distribuição, incremento nos controles associados com estatísticas para a abordagem de surtos em doenças veiculadas por alimentos, e onde a imaginação permitir.

Mesmo pequenos produtores podem se dar ao luxo de tirar vantagens do Big Data, uma vez que não precisam fazer grandes investimentos nem se preocupar com o sistema operacional e hardware, podendo acessar seus dados na “nuvem computacional”, utilizando tecnologias chamadas de Cloud Computing, que referem-se à utilização da memória e da capacidade de armazenamento e cálculo de computadores e servidores compartilhados e interligados por meio da internet, fora que as atualizações dos softwares são feitas de forma automática.

Isso tudo, mais os avanços em automação com tecnologias para conexão ampla, na capacidade de miniaturização de dispositivos de coletas de dados online e o surgimento de sensores de todo tipo, que permitem que praticamente qualquer equipamento eletrônico possa fornecer informações na rede em tempo real, serão muito vantajosos para a construção de processos enxutos, assertivos e com ganho de produtividade, qualidade e segurança, como por exemplo, ajudando no controle de diversas variáveis operacionais, prevenindo a ocorrência de contaminações em linhas industriais, monitorando e controlando PCC e PPROs.

Uma vez estando tais sensores acoplados em linhas industriais, teremos a aplicação da chamada “Inteligência das Coisas” ou como vem sendo conhecida no mundo, Intelligent Things, permitindo em tempo real e de forma muito dinâmica, obter informações sobre o controle operacional e informações como tempo, temperatura, pH, vazão, acidez, viscosidade, cor, turbidez, etc.

Isso tudo encontrará diversas aplicações em toda a cadeia produtiva de alimentos e bebidas, desde a agroindústria até o pós venda, como veremos na segunda parte deste artigo.

Este artigo continua em Os impactos da 4ª Revolução Industrial no segmento de alimentos 2.

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Impactos e mudanças após a RDC 326/19 – é necessário novo laudo de migração?

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O prazo de adequação à RDC 326/19 foi encerrado no dia 03/06/21! Como está sua empresa em relação a esta legislação? Já fez o “dever de casa”? Ainda não sabe muito bem o que deve fazer? Apresento neste post os principais impactos e mudanças que a revogação da RDC 17/08 e a publicação da nova regulamentação de aditivos para materiais e revestimento poliméricos em contato com alimentos trouxeram para as indústrias de alimentos, de embalagens e para os fabricantes de resina e master.

Não é novidade que a legislação de aditivos poliméricos RDC 326/19 está valendo e revogou a antiga RDC 17/08. Mas ainda recebo muitas dúvidas sobre como se adequar e atender a este regulamento.

Minha intenção não é detalhar toda legislação, mas sim, ir direto ao que interessa… a parte prática! O que esta mudança trouxe de relevante e que devo atender? Quais são as ações que devo tomar?

Separei os 4 principais impactos para os fabricantes e usuários de embalagens plásticas ou revestimento poliméricos:

Ø  Ensaio de migração de aminas aromáticas primárias

Materiais plásticos e revestimentos poliméricos coloridos, impressos e/ou que tenham na composição adesivos poliuretanos deverão realizar ensaio de migração de aminas aromáticas primárias! Este ensaio deve ser realizado para comprovar que não há migração destas substâncias acima do limite de detecção do método de análise de 0,01 mg de substância por kg de alimento ou simulante de alimentos (se aplica à soma das aminas aromáticas primárias que migram).

Ø  Ensaio de migração específica de sais metálicos

Quando presente na formulação algum dos sais metálicos como aditivo do material polimérico é necessário realizar ensaio de migração específica. A legislação apresenta os LME (T) para cada um:

Alumínio = 1 mg/kg

Bário = 1 mg/kg

Cobalto = 0,05 mg/kg

Cobre = 5 mg/kg

Ferro = 48 mg/kg

Lítio = 0,6 mg/kg

Manganês = 0,6 mg/kg

Níquel = 0,02 mg/kg

Zinco = 5 mg/kg

 Ø  Revisão das formulações devido à exclusão de substâncias da lista positiva

A mudança da legislação apresentou a exclusão de algumas substâncias da lista positiva de aditivos que antes eram permitidos pela RDC 17/08 (ex: diethylphthalate CAS 84-66-2, dicyclohexyphthlate CAS 84-61-7). Isso é um ponto muito relevante que deverá ser avaliado pelos fabricantes de resinas, master e embalagens, que deverão neste caso, modificar a formulação e comunicar formalmente ao próximo elo da cadeia. A modificação na composição, por sua vez, trará a necessidade de que novo ensaio de migração seja realizado.

Vale ressaltar a importância de verificar para as substâncias que se mantiveram na lista positiva, se houve modificação no limite de migração específica ou em alguma outra restrição.

Ø  Revisão do resultado de migração de Zinco – RDC 52/10

As empresas deverão avaliar nos laudos de migração relacionados ao atendimento da RDC 52/10, o resultado de Zinco, pois o limite de migração foi reduzido de 25 para 5 mg/Kg. É necessário verificar se o valor encontrado atende a este novo limite.

Vamos então ao dever de casa!

Como se adequar à RDC 326/19? – Dever de casa para indústria de alimentos:

1-     Solicitar aos fornecedores de embalagem novo documento de declaração de conformidade citando a RDC 326/19

2-     Garantir evidência de novos ensaios de migração na embalagem final, quando aplicável:

a)      aminas aromáticas primárias – embalagens coloridas, impressas ou com adesivo poliuretano

b)     sais metálicos – quando presente na formulação

3-     Revisar laudos de migração de metais para atendimento à RDC 52/10 – verificar se resultado de Zinco atende ao limite de 5 mg/Kg.

Como se adequar à RDC 326/19? – Dever de casa para indústria de embalagens resina e master:

1-     Estudar a RDC 326/19 e para substâncias não mais presentes na lista positiva, MODIFICAR formulação;

2-     Emitir novo documento de declaração de conformidade citando a RDC 326/19;

3-     Conduzir novos ensaios de migração na embalagem final, quando aplicável:

a)      aminas aromáticas primárias – embalagens coloridas, impressas ou com adesivo poliuretano

b)     sais metálicos – quando presente na formulação

c)      modificação na formulação da embalagem

E se as mudanças da RDC 326/19 não se aplicarem ou não impactarem a embalagem que fabrico ou utilizo? Ainda assim é necessário novo laudo de migração?

Neste caso não é necessária a realização de novo ensaio de migração, entretanto, o documento de Declaração de Conformidade (ou Certificado de Conformidade) deve ser atualizado e novamente emitido, a fim de demonstrar que a embalagem utilizada em contato com alimento atende a todos os regulamentos vigentes, incluindo a RDC 326/19. Sugiro ainda que se tenha um registro documentado da avaliação realizada e da conclusão atestando que não há necessidade de um novo ensaio de migração.

Um exemplo seria uma embalagem plástica incolor, cuja formulação não apresenta nenhum dos sais metálicos e cujas substâncias continuam presentes na lista positiva sem modificação nas restrições de composição, restrições de uso ou no limite de migração específica.

Nota: algumas informações deste post também foram inspiradas e têm como referência o conteúdo ministrado no seminário técnico de materiais em contato com alimentos realizado pela TÜV SÜD em 15 de julho de 2021.

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Evento: Qualidade e Segurança de Alimentos se põem à mesa

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Data: 11 de agosto de 2021

9h00 – A pessoa atrás do balcão e o futuro do seu negócio. Crístian Leal Roque, Food Safety Brazil.

10h00 – Perspectivas e Desafios de Crescimento no Foodservice Sérgio Molinari, Food Consulting.

13h00 – Segurança dos Alimentos como diferencial de Marketing Fabrício Schibuola, Hambúrguer Perfeito

14h00 As 5 Medidas Essenciais para Garantir a Segurança das Bebidas. Thuany Melo, 3M – Divisão de Filtração

15h00 Medidas para garantir a segurança de alimentos e processos em restaurantes. Thiago Feris, 3M – Divisão de Soluções Comerciais

16h00 Inovações e Tendências para os Processos para o Food Service. Thuany Melo e Thiago Feris

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Mediação: Vanessa Avelar, Food Safety Brazil.

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Como os hematomas afetam a segurança da carne?

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Por indicação da autoridade sanitária (Inspeção Veterinária), a carne com hematomas deve ser confiscada nos estabelecimentos de abate. É considerada imprópria para consumo humano.

O que é um hematoma? Começaremos definindo o hematoma como a perda de sangue dos vasos sanguíneos lesados para o tecido muscular circundante. Os hematomas são a principal causa do confisco de carnes nos frigoríficos, afetando milhares de toneladas de alimentos, que não podem ser consumidos ou industrializados. Todos os elos da cadeia da carne estão, de uma forma ou de outra, envolvidos nesta questão. A prevenção de hematomas é uma consideração importante para limitar as aparas da carne afetada e melhorar a segurança de alimentos. Estudos constataram que a maioria dos hematomas que precisam ser aparados ocorrem dentro de 10 dias antes do abate.

As causas pelas quais um hematoma pode ocorrer são muito variadas e estão relacionadas a uma questão de fundamental importância: o Bem-Estar Animal (BA). O escopo deste artigo se refere aos hematomas ou contusões que poderiam acontecer no gado bovino. Os hematomas sempre ocorrem no período pré-morte. Estão relacionados às etapas de arrear depressa dentro do estabelecimento do produtor, transporte, espera em baias fora e dentro do estabelecimento de abate, até a etapa de atordoamento e sangria. Em todas essas etapas os animais são expostos a maus-tratos. Para evitar essas situações que afetam fisicamente o gado, é necessário tomar uma série de cuidados:

1- Treinamento de pessoal. Quem vai atuar nas etapas anteriores à do atordoamento no matadouro, deve ter treinamento adequado sobre as diretrizes básicas de bem-estar animal, como forma de conduzir os animais corretamente para evitar traumas ou golpes desnecessários que possam resultar na presença de hematomas em músculos ou ossos quebrados. Bater com paus, objetos pontiagudos ou outros que machuquem ou causem dor no animal devem ser práticas completamente erradicadas.

2- Ter instalações adequadas para o manejo de animais. Áreas escorregadias ou íngremes ou desiguais durante o carregamento dos animais até o meio de transporte e seu posterior desembarque podem causar quedas e ocasionar vários hematomas. Durante o transporte, deve-se respeitar um espaço mínimo para que não fiquem superlotados. Recomenda-se também que os animais sejam da mesma categoria e nem mesmo misturem tropas de diferentes estabelecimentos produtores no mesmo transporte. O pastoreio dentro do estabelecimento do produtor e o transporte até o estabelecimento de abate causa grande estresse no gado. Isso afeta sua condição física e a consequente qualidade da carne. Batidas intencionais ou acidentais e até mesmo ferimentos que podem ser causados uns aos outros por feridas por chifres ou pontapés fazem parte das possíveis contusões que causam os hematomas.

3- Dentro dos currais e nos caminhos que levam à área de atordoamento devem ser evitados ângulos retos e cantos onde os animais possam se bater. Falta de manutenção do chão, alterações na iluminação das áreas, ruídos, gritos ou qualquer situação que aumente o estresse devem ser evitados.

4- A contenção do animal para o atordoamento e a metodologia aplicada para esta função é um dos principais pontos onde se deve ter muito cuidado para evitar hematomas da carne.

Como os hematomas afetam a segurança da carne? Por indicação da autoridade sanitária, a carne com hematomas deve ser confiscada. É uma perda do ponto de vista econômico, além de constituir um risco para o consumidor. A carne com sangue extravasado é um meio ideal para o crescimento de bactérias deteriorantes (a carne se decompõe mais rapidamente). Também favorece o desenvolvimento de outros contaminantes, incluindo patógenos de origem entérica, como E. Coli, Campylobacter, Salmonela, Yersinia, Clostridium, entre outros, além de bactérias provenientes da pele durante a ação de retirar o couro, por isso deve ser confiscada durante a inspeção veterinária. O tamanho da parte afetada é variável. Pode variar desde um pequeno corte de 1 kg até confiscar meia carcaça ou vários cortes. Os hematomas podem ser avaliados por sistemas de pontuação dependendo de características como: extensão ou localização (superficial ou profundo), cor, aparência ou gravidade ou uma combinação de todos eles.

No que se refere estritamente à segurança de alimentos, os hematomas constituem um meio para o crescimento de bactérias potencialmente perigosas para o consumidor, além de reduzir drasticamente a vida útil, o que obriga a inspeção veterinária a confiscar a carne afetada, por ser considerada imprópria para o consumo humano. Você está disposto a trabalhar para melhorar o bem-estar animal?

 

Fontes consultadas:

https://es.calameo.com/read/0058002979db0420c69b4

https://pdf.sciencedirectassets.com/778414/1-s2.0-S1751731109X70278/1-s2.0-S1751731109004091/main.pdf?X-Amz-Security-Token=IQoJb3JpZ2luX2VjEDoaCXV

https://foodsafetybrazil.org/bem-estar-animal-e-qualidade-da-carne-que-consumimos/

https://www.contextoganadero.com/cronica/prevenir-los-hematomas-en-el-ganado-para-evitar-perdidas

https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/113776/000802717.pdf;jsessionid=3FEA907A326DFB058900BC1307BC69F1?sequence=1

https://foodsafetybrazil.org/importancia-do-bem-estar-animal-para-sua-empresa/

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Desafios atuais em serviços de alimentação – entrevista com Luiza Dutra

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Quais são os atuais desafios em Serviços de Alimentação? Conheça-os nessa entrevista com Luiza Dutra.

Atrás de cada post do blog existe um profissional que se dedica a compartilhar experiências e conhecimento. Diante disso, o Food Safety Brazil iniciou uma série de entrevistas com seus colunistas para que vocês possam conhecê-los um pouco mais. A entrevistada de hoje é Luiza Dutra, que faz parte do FSB desde 2018.

Luiza é engenheira química, pós-graduada em Vigilância Sanitária, consultora especialista em gestão, serviços de alimentação, atendimento ao consumidor, treinamentos, Perita Judicial e Assistente técnico.

Food Safety Brazil: Quais são as maiores dificuldades dos negócios de serviços de alimentação atualmente?

Luiza: Atualmente percebo que as maiores dificuldades vieram (ou se agravaram) junto com os problemas financeiros devido à pandemia: faturamento baixo, muitas pessoas ainda se sentem inseguras para sair de casa, demissão de colaboradores, etc.

Alguns estabelecimentos não tinham um delivery bem estruturado e acumularam dívidas nos meses em que precisaram fechar o funcionamento presencial.

Na reabertura, se acostumar com a nova realidade tem sido desafiador. Todo mundo teve que se adaptar de alguma forma, seja reorganizando uma equipe menor ou por meio de novas contratações, o que significa treinar novamente os colaboradores de acordo com cada detalhe da cozinha e com as boas práticas, é claro!

Além dos manipuladores de alimentos, os próprios clientes dificultam a implementação de protocolos em alguns casos, como o distanciamento em filas, o uso de álcool gel, a etiqueta respiratória, o distanciamento de mesas, a restrição do número de pessoas por ambiente, entre outras situações.

Além disso, devido à crise econômica que se instalou nessa pandemia, o ticket médio também sofreu alterações e acredito que muitas pessoas passaram a se alimentar menos fora do lar.

É possível notar que muitos serviços de alimentação têm dificuldades com as boas práticas, às vezes relacionadas a conceitos bem básicos e importantes. Infelizmente, o profissional da área de segurança de alimentos não é tão valorizado no setor de serviços de alimentação como na indústria de alimentos.

Muitos empresários ainda tomam decisões sem orientação e acabam prejudicando a empresa mais ainda devido à falta de conhecimento específico na área.

Pelo menos na minha cidade, percebo que nem todos tem um profissional para fazer um bom acompanhamento e muitos que têm este tipo de serviço contratado não conseguem se adequar de maneira satisfatória, muitas vezes por causa de falhas na capacitação da equipe e na comunicação.

Já atendi clientes que tinham o acompanhamento de boas práticas com outro profissional e quando precisei identificar pontos de melhoria entendi que o problema não era a equipe, mas os tipos e metodologias de treinamentos ministrados anteriormente.

Se o colaborador não assimila o que é necessário, de nada adianta tentar implementar planilhas e fazê-los assinar listas de presença, se eles não conseguem reproduzir o que a legislação pede e o que é necessário para garantir a segurança dos alimentos.

O controle de qualidade nos serviços de alimentação é, dessa forma, uma grande dificuldade para o setor e não deve ser negligenciado.


Food Safety Brazil: Como se tem contornado a falta de recursos e a crise do setor, causada pela pandemia, do ponto de vista da segurança de alimentos?

Luiza: Muitos estabelecimentos escolhem reduzir o cardápio, mudar os fornecedores e procurar maneiras de reduzir o desperdício durante as preparações.

Essas opções são maneiras realmente eficazes para contornar a crise, todavia é importante destacar erros comuns que podem acontecer durante essas manobras.

É interessante, sim, procurar fornecedores com melhores condições de pagamento e bons preços, mas a qualidade dos alimentos deve ser sempre prioridade em qualquer compra.

A seleção de fornecedores nunca deve ser esquecida. Afinal, a matéria prima está diretamente relacionada à qualidade e à segurança dos alimentos produzidos. De nada adianta tomar todo o cuidado no preparo sem o cuidado da escolha de um bom fornecedor.

Ao reduzir os desperdícios, é imprescindível prestar atenção na padronização das receitas, nas fichas técnicas (que determinarão não somente as quantidades, mas também o modo correto de preparo, temperatura, armazenamento, etc.) nos rendimentos das preparações (principalmente no pré-preparo e na escolha de marcas e fornecedores) e no volume de vendas de cada prato.

Por incrível que pareça, as vendas também influenciam a segurança dos alimentos, visto que um simples erro de cálculo pode levar a um exagero de produção de um item que vai, literalmente, “apodrecer” no estoque se a cozinha não estiver alinhada com o salão.

É muito fácil cometer erros que influenciam as validades e os armazenamentos incorretos.

É necessário adaptar tudo de acordo com o momento que estamos vivendo, inclusive as quantidades que eram praticadas antes da pandemia. Tudo isso influencia diretamente a segurança dos alimentos e deve ser tratado com seriedade.

Infelizmente, alguns estabelecimentos optam, também, por economizar no material de limpeza ou no controle de qualidade, mesmo que sejam itens tão básicos e indispensáveis.

O controle de qualidade é fundamental para o bom funcionamento de qualquer serviço de alimentação e deve ser visto como um investimento, e nunca como gasto.

Os controles são essenciais para evitar problemas graves com a saúde dos consumidores. Além disso, ninguém frequenta estabelecimentos que tiveram o nome manchado por interdições da vigilância sanitária ou casos de intoxicação alimentar.

Então, pensando por esse lado, tudo dentro de um serviço de alimentação pode ser relacionado com a segurança dos alimentos. É ilusão pensar que Food Safety não tem nada a ver com a gestão de um negócio do setor alimentício.


Food Safety Brazil: O que acontece com o self-service nos restaurantes nesta pandemia?

Luiza: Acredito que, culturalmente, será difícil ver este tipo de serviço desaparecer por completo no Brasil. Porém, com a pandemia, muitas pessoas passaram a prestar mais atenção na higiene durante a manipulação de alimentos e pode ser que estabelecimentos com este modelo de negócio não sejam mais a primeira escolha do consumidor.

A melhor solução que vejo para os restaurantes self-service será adaptar os serviços para garantir a segurança de quem consome no local e, assim, conquistar a confiança dos clientes por meio da readaptação do self-service.

Food Safety Brazil: Que dicas práticas você dá para viabilizar a rastreabilidade em serviços de alimentação?

Luiza: Devido à correria comum nos serviços de alimentação, os colaboradores às vezes deixam os controles de lado. Infelizmente, sem dados não temos rastreabilidade. As equipes costumam ser pequenas e muitos manipuladores têm dificuldades em preencher dados nas planilhas.

Muitos não se dão bem com termos técnicos, números e tabelas. Eu costumo simplificar ao máximo tudo que for possível para garantir que os dados sejam fiéis.

De nada adianta números inventados apenas para preencher o que foi solicitado. Além da simplificação e melhoria da didática, gosto de investir na conscientização de toda a equipe sobre a seriedade de cozinhar para o próximo.

Muitos não têm a noção real do risco que existe em cada erro e pensam que a maioria das orientações são frescuras.

Para um controle de qualidade de sucesso é essencial a implementação da cultura de Food Safety na empresa como um todo. Com isso, a adequação às normas e legislações se torna apenas um detalhe e o mais importante passa a ser o sentido verdadeiro de garantir a segurança dos alimentos.

Neste link podem ser encontrados os posts escritos pela Luiza.

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Cultura de Segurança de Alimentos levada a sério: um caso de política pública

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Há algumas formas conhecidas, utilizadas por uma parcela das organizações do setor de alimentos, para fazer alavancar sua Cultura de Segurança de Alimentos. Esta parcela é, em sua maioria, formada por empresas que precisam atender a novos requisitos normativos ou requisitos de clientes. Não é raro que toda obrigação seja cumprida apenas através da quantidade mínima de esforço necessário. É a q.s.p., que nossos leitores químicos e farmacêuticos saberão reconhecer.

E isto acontece, sobretudo, porque uma fração importante de nossas lideranças não reconhecem a importância vital da Segurança de Alimentos para o negócio e, em função disso, a negligenciam.

Naturalmente que estes líderes não são más pessoas e nem querem propositalmente contaminar consumidores mundo afora. Tampouco profissionais da Qualidade foram talhados para lidar com este tipo de situação. Ao fim das contas, somos todos produtos do meio em que vivemos.

Por isto, o estudo da Cultura de Segurança de Alimentos é tão fascinante, cuja origem está fora do contexto do nosso setor. A Cultura de Segurança de Alimentos não é uma disciplina à parte da cultura de um povo, de uma sociedade, de uma comunidade. Trata-se, simplesmente, de Cultura. Incentivo desde sempre o estudo da nossa História e de disciplinas específicas da Sociologia, da Antropologia e da Psicologia. Pelo gosto e pelo prazer de nos conhecermos melhor e de saber como, de verdade, podemos mudar os comportamentos nas organizações.

Enquanto nossa cultura for legislar (de um lado) e trabalhar pelo cumprimento de requisitos (de outro), vamos seguir fazendo bem menos do que o necessário para ver nascer e naturalizar-se uma Cultura Positiva de Segurança de Alimentos.

E eis que venho me deparando com uma chuva de requisitos normativos e requisitos legais que pretendem impor às organizações para que haja iniciativas relacionadas ao avanço de uma Cultura de Segurança de Alimentos. Aqui mesmo no blog, recentemente, tratamos da publicação de uma atualização do Regulamento Europeu sobre o tema, que você pode reler aqui. Por si só, o empenho em relação a “haver iniciativas” é louvável. O problema é no que isto se transforma logo depois: uma chuva de guias, “receitas de bolo”, “faça você mesmo em 5 passos” e outros coelhos da cartola. A quem sabe usar um Guia com a leitura crítica necessária, este cumprirá sua função de orientar. A quem procura fazer tal qual, cuidado: soluções para a Cultura são como um vestido de noiva, ajustado e reajustado no corpo da modelo, conforme ele se transforma. As organizações não têm, nunca, as mesmas crenças, os mesmos valores compartilhados e tampouco são estáticas, elas se transformam conforme o trabalho evolui ou retrocede.

Sendo assim, a Cultura de Segurança de Alimentos se torna mais dependente de um contexto social geral, do que de ações pontuais aqui e ali dentro das organizações. Quanto mais pessoas e mais grupos na sociedade estiverem conscientes da importância do tema, como um tema de saúde pública, mais avanços teremos. Uma sociedade cujos cidadãos tenham o direito de ser manipuladores e consumidores mais instruídos, certamente resultará em uma Cultura de Segurança de Alimentos mais avançada e menos dependente de esforços pontuais.

E, enfim, tem uma boa notícia aqui do lado: na América do Sul, o exemplo pioneiro veio do Chile. Por lá, em 2018, foi lançado um plano, para o ciclo 2018-2030, de uma Política Nacional de Segurança e Qualidade dos Alimentos, que incorpora, como princípio e objetivo, o desenvolvimento de uma Cultura de Segurança de Alimentos e pode ser lida aqui.

O primeiro e enorme passo foi reconhecer que algo não ia bem e identificar as causas-raízes. O cenário no País, à época do estudo, foi caracterizado, com suas fortalezas e seus principais desafios. E, entre os desafios, percebeu-se a necessidade de uma estratégia para a ampliação da comunicação de riscos a diversos setores da sociedade, associando isto a uma Cultura institucional, que incluía o compromisso do próprio governo. Ou seja, existe ali uma visão de que é preciso conversar com a sociedade sobre Segurança de Alimentos. A Política cita, inclusive, que embora, em um primeiro momento, a responsabilidade possa ser atribuída às empresas que produzem alimentos, são os cidadãos, é a sociedade, como um todo, que vai criar alternativas, seja como manipuladores de alimentos, seja como consumidores, exigindo padrões de segurança mais elevados.

O desenvolvimento desta Cultura é declarado como uma ferramenta complementar das ações de regulação e controle, o que difere totalmente de outros regulamentos, como o Europeu. As ações de inspeção prosseguem, mas o principal compromisso destes órgãos passa a ser a prevenção. O documento também faz uma ponte entre essa Política Nacional de Segurança de Alimentos e os sistemas de saúde primária e de ensino. A Cultura de Segurança de Alimentos é declarada no documento como um “a expressão de um compromisso ético, e o compromisso de uma sociedade responsável”. São definidas linhas estratégicas bastante claras, propondo a formação de profissionais voltados para este tema em todos os setores da cadeia, a educação de crianças e adolescentes para a formação de consumidores conscientes, e também a educação dos atuais consumidores. Há também estratégias específicas para as pequenas empresas e empresas familiares e artesanais.

Em resumo, não estamos tratando aqui de um requisito legal, mas de uma política nacional que pretende, a médio e longo prazo, transformar definitivamente a relação do povo chileno com a segurança dos alimentos que produzem, distribuem e consomem. Os efeitos destas iniciativas serão conhecidos ao longo do tempo e, claro, também dependem da forma como serão implementados. Porém, nos parece um grande acerto que a Segurança de Alimentos seja promovida a partir da sensibilização e da conscientização de toda a sociedade, que passa a praticar e exigir alimentos mais seguros, independentemente da regulamentação.

Vamos acompanhar!

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Segurança de Alimentos no cinema: dicas de filmes

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Gosta de cinema? Chegou a hora da Sessão Pipoca do Food Safety Brazil!

Há diversos documentários interessantes disponíveis que tratam de assuntos relacionados à Segurança de Alimentos. Trago hoje 5 deles.

 

1. Rotten (2018-2019)

Série documental (12 no total, de aproximadamente 50 minutos cada) dividida em duas temporadas. Diferentes aspectos referentes à produção de alimentos são retratados de forma direta e com um excelente valor de produção, com um foco maior em aspectos sociais, como nos excelentes Bitter Chocolate (S2E5) e Big Bird (S1E4). O primeiro apresenta os contrastes entre o mercado de chocolates de alto padrão na Bélgica e as condições da mão de obra que produz sua principal matéria-prima no oeste africano, e o segundo é dedicado às péssimas condições laborais e de abate em alguns abatedouros.

Também há espaço para segurança de alimentos. Dois ótimos exemplos:  o episódio Lawyers, Guns & Honey (S1E1) retrata a adulteração do mel por empresas chinesas, e o episódio The Peanut Problem (S1E2) procura explicar a causa do recente aumento de casos de reações alérgicas pelo consumo de alimentos.

 Onde encontro: Netflix

Trailler: www.youtube.com/watch?v=_ot6W_7hvrM

Mais informações: www.imdb.com/title/tt7763662/

 

2. The Poison Squad (2020)

Este é para quem curte história. Poison Squad é um documentário com cerca de 2 horas, parte de uma série chamada American Experience. Ele é baseado no livro da historiadora vencedora do Pulitzer, Deborah Blum, e traz à tona a história de uma figura histórica e importantíssima para a Segurança de Alimentos: Dr. Harvey Wiley. Trata-se do químico que, no início do século XX, desafiou fabricantes de alimentos, em uma época em que produtos contaminados com fraudes, falsificações e diversos produtos químicos novos e não testados (de formaldeído a cocaína!) eram utilizados indiscriminadamente, ameaçando a saúde dos consumidores. O documentário relata uma série de testes ousados e controversos realizados em 12 seres humanos que se tornariam conhecidos como o “Esquadrão do Veneno”. Seguindo os experimentos incomuns de Wiley e sua defesa incansável pela Segurança de Alimentos, o filme traça o caminho do homem esquecido que lançou as bases para as leis de proteção ao consumidor dos EUA e, finalmente, a criação da FDA (Food and Drug Administration).

Poison Squad é um documentário excelente, e meio desconhecido (assim como a figura retratada). Um porém é que não há legendas em português.

Onde encontro: www.ket.org/program/american-experience/the-poison-squad/

Trailler: https://www.pbs.org/video/trailer-poison-squad-american-experience-d2l3gt/

Mais informações: www.imdb.com/title/tt11721804/

 

3. Food Inc. / Alimentos S.A. (2008)

Documentário que retrata e traz duras críticas à indústria de alimentos estadunidense. São abordados, por meio de entrevistas com especialistas, assuntos diversos como criação e abate de animais, uso indiscriminado de hormônios e antibióticos e grãos geneticamente modificados. As informações são tratadas de forma dinâmica, sem permitir que o espectador pisque durante a exibição. Atenção para as cenas com câmeras escondidas por trabalhadores em um abatedouro.

A produção gerou ampla discussão à época do seu lançamento, tendo sido indicada ao Oscar de 2009.  É um filme que traz alertas relevantes e impactantes, sobretudo em relação ao uso de antibióticos em bovinos, mas que em certos momentos acaba resvalando em algum sensacionalismo e naquela velha história de que as grandes indústrias são vilãs.

De qualquer forma, é um documentário necessário.

 Onde encontro: Amazon Prime

Trailler: www.youtube.com/watch?v=eHJiNC_7wuw

Mais informações: www.imdb.com/title/tt1286537/?ref_=fn_al_tt_1

 

4. Food Choices / Escolhas Alimentares (2016)

Este documentário aborda questões relacionadas a produtos de origem animal e questiona em toda sua duração (1 hora e 30 minutos): “Quão seguro é o consumo de ovos, laticínios e carnes?” Também traz o outro lado e pergunta: “Quão seguro é abandonar o uso destes produtos?”

Food Choices é um documentário para pessoas que consomem carne (como quem vos fala) e para vegetarianos / veganos, repleto de entrevistas e depoimentos. Aqui não faltam também críticas à indústria de alimentos, especialmente a pecuária.

Onde encontro: Netflix (também disponível na íntegra pelo Youtube: www.youtube.com/watch?v=wl9S3Wszw0A)

Trailler: www.youtube.com/watch?v=XVzXcBoufyU

Mais informações: www.imdb.com/title/tt06039284/

 

5. Kiss the Ground / Solo Fertil (2020)

É um documentário que denuncia a agricultura química e industrial, examinando o cultivo e uso de fertilizantes químicos e pesticidas, assim como seu impacto sobre a segurança de alimentos (tratado aqui de forma breve).

Em contraposição, o documentário mostra uma solução alternativa, com base na agricultura regenerativa através do uso de recursos biológicos renováveis (em detrimento de fontes fósseis), uma prática projetada para restaurar terras degradadas.

Uma curiosidade é que Kiss the Ground conta com a produção executiva da Gisele Bündchen.

 Onde encontro: Netflix

Trailler: www.youtube.com/watch?v=K3-V1j-zMZw

Mais informações: www.imdb.com/title/tt8618654/?ref_=fn_al_tt_1

 

Vem aí…

Está previsto para 2022 o lançamento do documentário Poisoned, baseado no livro de mesmo nome (Poisoned: The True Story of the Deadly E. Coli Outbreak That Changed the Way Americans Eat, de Jeff Benedict ). Ele irá retratar o surto de E. coli no hamburguer, que causou a morte de quatro crianças e a infecção de outras 732 pessoas nos EUA. Será distribuído pela HBO Max. Promete muito!

Gostaram das dicas? Comentem contando se gostaram ou não, ou então indiquem outras obras.

Caso tenham gostado, volto com novas dicas em breve.

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