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Boas Práticas motivadoras e inspiradoras de higienização das mãos para manipuladores de alimentos

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O que fazer para inspirar os manipuladores de alimentos a realizar os procedimentos básicos de higienização das mãos? Além de orientar, treinar, informar dos riscos devemos também motivar e incentivar quanto à conformidade às práticas e comportamentos adequados e não somente exigir!!

Por exemplo, você sabe…

Por que a temperatura da água é importante na lavagem das mãos?

Embora haja pesquisas recentes que tenham mostrado que há pouca diferença estatística entre a limpeza das mãos lavadas em água quente ou fria, o Código Alimentar do FDA especifica uma temperatura mínima da água: 37,7 °C.  Além de ser geralmente mais confortável do que a água fria, incentivando a frequência da lavagem das mãos, a temperatura da água também pode afetar a solubilidade ou a emulsificação de alguns resíduos presentes. A água morna também é mais eficaz do que a água fria na remoção de resíduos gordurosos, e um fluxo adequado de água morna fará com que o sabão ensaboe e ajude na remoção mais rápida dos resíduos das mãos.

… Quando os manipuladores de alimentos devem lavar as mãos?

Devem lavar as mãos antes de entrar na área de processamento, depois de usar o banheiro, após uso de utensílios de limpeza, após refeições e na alternância entre o manuseio de alimentos crus e cozidos. Além disso, devemos orientar que eles lavem as mãos após tossir, espirrar ou assoar o nariz e antes de por luvas e/ou troca de luvas.

… Qual a responsabilidade dos gestores?

Garantir que os manipuladores de alimentos lavem as mãos, conforme necessário. Para isso, devem:

  • Fornecer acesso a pias para lavagem de mãos, mantidas e providas com água morna, limpa e corrente, distribuídas estrategicamente em vários locais no chão de fábrica para que os manipuladores possam ter mais acesso às estações de lavagem de mãos.
  • Disponibilizar sabonete bactericida e toalhas de papel não reciclável ou outros meios aprovados para secagem.
  • Criar sinalização visual que oriente os manipuladores de alimentos sobre o correto procedimento de lavagem das mãos. Passo a passo.
  • Realizar monitoramento dos manipuladores na área de alimentos para garantir uma lavagem adequada e o registro da higienização das mãos durante os turnos de trabalho.
  • Fornecer desinfetantes antissépticos para as mãos. Porém, devem também garantir que os mesmos não sejam usados sozinhos para que ocorra uma correta lavagem das mãos. Os mesmos devem ser usados somente após a lavagem adequada das mãos.
  • Providenciar espaços amplos para higienização das mãos com pias de acionamento automático ou por pedal e portas do tipo bang bang. Evitar a contaminação cruzada das mãos e dos braços dos manipuladores ao tocar nas alças das portas e ao fechar torneira da pia.

Nem sempre é fácil garantir que todos os manipuladores de alimentos lavem as mãos completamente ou usem luvas limpas quando necessário – mesmo que a indústria possua uma excelente e equipada área de higienização.

Abaixo, seguem algumas dicas como referência (benchmark) e boas práticas compartilhadas sobre como deve ser conduzido o procedimento de higienização das mãos dentro das indústrias de alimentos. Não se pode apenas punir, cobrar, exigir, mas também é preciso premiar os colaboradores que realizam a atividade com maestria, seguindo todos os procedimentos já implementados na indústria.

 Te peguei trabalhando com segurança!! Um programa de reconhecimento, onde os supervisores por monitoramento verificam as melhores práticas de Segurança e Qualidade (bons hábitos de higiene). O programa concede ao colaborador um cartão de validação e elogio sempre que eles forem observados trabalhando de maneira segura ou seguindo as BPFs (Boas Práticas de Fabricação). Os colaboradores que recebem o cartão são reconhecidos nos DDS (Diálogos Diários de Segurança e Qualidade) e ao final do mês participam de um café da manhã com os gestores. Esta observação é realizada aleatoriamente 2 vezes por semana em diferentes horários e turnos alternados. Para esse resultado esperado, faz-se necessária a realização de treinamentos de Segurança e BPF, nos quais devem ser detalhadas a importância da boa higiene e da segurança do local de trabalho para o sucesso contínuo da operação.

Sorria, você está sendo vigiado!! Um estudo de campo alemão publicado em fevereiro de 2018 baseou-se na ideia de que os seres humanos modificam seu comportamento de maneira socialmente desejável quando observados por outros. Partindo do pressuposto de que o comportamento de higienização das mãos é socialmente desejável e os indivíduos demonstram maior conformidade com a higiene das mãos ao serem observados, os pesquisadores colocaram um cartaz no banheiro público das mulheres avisando que a lavagem das mãos protege contra a disseminação de patógenos. O cartaz incluía uma grande imagem estilizada de olhos humanos. Em outro banheiro, um cartaz com três estrelas no lugar dos olhos era usado como uma condição de controle. A análise revelou um percentual significativamente maior de adesão à higiene das mãos no banheiro de grandes olhos observadores (83,3%) quando comparado ao banheiro de controle (71,9%). Confira a pesquisa na íntegra aqui!

Monitore a conformidade!! Providencie estações de higienização totalmente bem equipadas em números suficiente para permitir que todos os colaboradores lavem as mãos em um período de tempo razoável; se eles tiverem que esperar muito tempo, poderão estar mais inclinados a pular etapas importantes no procedimento de lavagem das mãos. Incentive e monitore pessoa a pessoa relatando possíveis falhas no cumprimento dos procedimentos; realize verificações periódicas de conformidade. Esteja próximo às áreas de higienização para monitorar de perto com o uso de cronômetros quem lava as mãos corretamente ou quem lava pulando etapas. Instale câmeras na estação para permitir a observação aleatória não observada de lavagem das mãos. Monitore de perto a conformidade!

APLAUDA E RECOMPENSE! Além de realizar diversos treinamentos e blitz de monitoramento, promova esforços motivacionais e inspiradores, como:

  • Lidere pelo exemplo. Quando gerentes e diretores higienizam adequadamente as mãos, isto mostra que existe um compromisso real com a política interna da qualidade.
  • Eleja o modelo, o Mãos Limpas de cada turno. Às vezes é melhor que um colega (mesmo nível de trabalho) mencione a necessidade de uma melhor higiene das mãos do que se a solicitação for do gestor superior. Faça multiplicadores do programa!
  • Aplauda-os e recompense-os por um trabalho bem feito. Supervisores e gestores devem elogiar os colaboradores quando eles virem um manipulador praticando a higiene adequada das mãos. Também devem corrigir quando virem práticas inadequadas. Implemente um programa de Reconhecimento de Higiene das Mãos para incentivar todos a higienizarem suas mãos, mesmo que já seja obrigatória tal atividade.
  • Escolha bons produtos com segurança e qualidade. Procure sabonetes e desinfetantes para as mãos formulados com emolientes para manter as mãos macias e saudáveis, mesmo com o uso repetido.
  • Mostre e diga! Realize treinamentos práticos e vivenciais com o procedimento realizado na prática, in loco, com uso de produtos e apresentando o passo-a-passo e os pontos críticos de uma má higienização. Esse é um excelente momento para trocas de informações e insights com o time operacional. Torne atraente e incentive a prática do procedimento de lavagem de mãos!
  1. Forneça um sabão de alta qualidade e preferido pelo usuário. Todo mundo quer lavar as mãos se o sabonete não confere um odor forte nem tende a ressecar a pele. Instale dispensers de sabonetes e toalhas de papel, sem contato e fáceis de usar e garanta sempre sua disponibilidade. Em alguns casos, recomenda-se o fornecimento de papel toalha não reciclável para secar completamente as mãos. Em algumas indústrias, os colaboradores não utilizam o secador de mãos e acabam enxugando suas mãos em seus uniformes.
  2. Mantenha as estações de lavagem das mãos limpas. Ninguém quer lavar as mãos em um local mal higienizado e sem manutenção adequada.
  3. Forneça materiais de conscientização fáceis de entender. Use materiais de comunicação como pôsteres, placas ou adesivos nos banheiros, paredes, espelhos e portas com informação clara e direta. Esta comunicação deve ser interessante e assertiva para mostrar que a lavagem regular das mãos é essencial.
  4. Recompense os colaboradores por bom comportamento. Promova validação e reforço positivo para os manipuladores que desempenham boas prática de fabricação. Elogie em público e em caso negativo, notifique-os pela falha de cumprimento das boas práticas, dê feedbacks corretivos (sem constrangimento público).
  5. Torne divertido. Use cartazes, bate papos, minutos de qualidade, sistemas de recompensa e jogos para reforçar as mensagens sobre a lavagem das mãos e explique por que isso é tão importante. É mais provável que a sua equipe torne-se mais engajada e comprometida se eles entenderem o porquê de tal procedimento interno. Informe que a falha na execução do procedimento de lavagem de mãos pode causar doenças. Manipuladores não evitam de propósito lavar as mãos na esperança de deixar alguém doente, porém eles podem não entender a conexão entre a lavagem das mãos adequada (e regular) e a consequência de clientes seguros e saudáveis. Não apenas declare as regras, explique por que esses protocolos estão em vigor.

Treine, Priorize, Motive e Faça Parcerias!

Treinar. Crie oportunidades para lembrar os manipuladores de alimentos sobre a importância da higienização das mãos. Enfatize a lavagem das mãos no início de um turno, depois de usar o banheiro, entre o uso de luvas e outros. Essa ênfase ajudará a manter a boa higiene das mãos em primeiro plano. Torne os manipuladores conscientes da cobertura da mídia dos casos de surtos locais, nacionais e internacionais referente aos perigos de alimentos. Essa consciência reforça as informações das doenças e os bons procedimentos de lavagem das mãos.

Priorizar. Quando o gerenciamento impõe a conformidade da lavagem das mãos como um requisito obrigatório, os colaboradores são mais propensos a cumprir.

Motivar. Use programas de incentivo e outras motivações para incentivar os manipuladores de alimentos a se apropriarem e praticarem bons hábitos de higiene pessoal. Reforço positivo, validação e recompensa para a conformidade tem provado ter um impacto positivo na melhoria da conformidade da lavagem das mãos.

Parceirizar’. Use um sistema “amigável” para que os manipuladores de alimentos possam se apoiar mutuamente e trabalhar em parceiras, em colaboração.

Treine, forneça boas instalações, informe, motive, lidere, monitore e reconheça! Asseguro que estas são boas práticas fundamentais e essenciais para que sua indústria tenha sucesso e alcance forte comprometimento e engajamento de todo o time.

Fonte de pesquisa:

https://www.qualityassurancemag.com/article/inspiring-handwashing-compliance/

 

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A relação entre a motivação pessoal e a segurança dos alimentos

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Antes de falar propriamente sobre motivação e sua relação com a segurança de alimentos, vamos definir essa palavra tão utilizada atualmente. Segundo o dicionário [1], “motivação é o ato ou efeito de motivar; de despertar o interesse por algo: os elogios serviram de motivação para melhorar. Reunião das razões pelas quais alguém age de certa forma; processo que dá origem a uma ação consciente.”

Após definirmos o que de fato é a motivação, vamos relacioná-la ao nosso cotidiano e a nossa rotina dentro das indústrias de alimentos, restaurantes e demais serviços de alimentação, a fim de entendermos como ela está totalmente atrelada à segurança dos alimentos e dar a sua devida importância dentro desse cenário.

Dentro das empresas que produzem alimentos, temos a presença de vários colaboradores que trabalham direta ou indiretamente com esse alimento e que são responsáveis pela compra, produção, fabricação, armazenamento, distribuição e demais etapas do processo. Todos esses colaboradores, de quaisquer departamentos da empresa, são responsáveis pela qualidade e segurança de alimentos. Os colaboradores, quando desmotivados, não realizam e nem desempenham corretamente o seu papel, podendo comprometer as suas atividades e por em xeque o quesito de segurança do alimento, pois não darão total atenção ao trabalho executado.

Um conceito muito disseminado na área de qualidade e no sistema de gestão da segurança dos alimentos, principalmente em empresas que desejam se certificar em alguma norma de qualidade, é o Food Defense. O eixo principal desse requisito é manter a segurança total dos alimentos, mantê-los totalmente afastados e protegidos de todo e qualquer tipo de contaminação intencional, seja um possível ataque terrorista ou uma sabotagem idealizada por colaboradores muitas vezes insatisfeitos e desmotivados com a empresa que, a fim de denegrir  a marca ou causar uma destruição em massa, podem contaminar fisicamente o alimento com pedaços de vidros, plásticos rígidos, metais pontiagudos e demais materiais cortantes. Também podem causar contaminação química com produtos utilizados para limpeza e sanitização, produtos de manutenção de equipamentos, entre outros tipos de produtos. Saiba mais sobre esse tema lendo o artigo da nossa colunista Cíntia Malagutti: Referências sobre Food Defense, Food Fraud e Cultura de Segurança dos Alimentos. 

A desmotivação também faz como que o funcionário não se atente aos registros, controles e procedimentos específicos de qualidade e muitas vezes eles acabam não realizando as tarefas obrigatórias e até mesmo “burlando” os seus registros com informações não verídicas. Mas nesse caso, como devemos auxiliar no processo de motivação dos nossos colaboradores?

  1. Regra básica e primordial que deve ser seguida é o antigo lema “Elogie em público e chame a atenção em particular”. Expor um colaborador a uma situação constrangedora ao chamar sua atenção para algo incorreto que foi feito é considerado um assédio moral e além disso pode levar a uma grande desmotivação por parte do colaborador, porém o elogio em público reforça a autoconfiança dos funcionários e ainda leva o bom exemplo aos demais colegas de trabalho;

  2. O colaborador quer se sentir valorizado pela empresa, seja através de investimentos nos seus estudos, atividades que premiam e reconhecem o colaborador pelo seu bom desempenho, como a participação no lucro e além disso a sua promoção por mérito e seu destaque no trabalho;

  3. Realização de ações que promovam o seu bem-estar físico e emocional, como por exemplo palestras da semana da SIPAT e demais ações relacionadas como o sorteio de convites para um teatro, onde ele pode levar a sua família para um passeio;

  4. Canal de comunicação direto com a gerência e/ou área de recursos humanos, para que sejam atendidas as necessidades individuais de cada colaborador;

  5. Preocupação com as instalações da empresa, como os vestiários, sanitários, áreas de refeição e de descanso, bem como com questões de conforto do ambiente de trabalho.

A motivação é fator chave em todas as empresas, mas nas indústrias de alimentos e demais empresas do setor, ela é primordial e essencial para garantir a conformidade e a segurança dos alimentos, uma vez que a equipe representa o todo e cada um tem o seu valor e a sua contribuição dentro de uma organização.

 [1] Dicionário Online de Português. Disponível em: https://www.dicio.com.br/motivacao/

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Implementação de Cultura em Food Safety

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No dia 16 de maio publicamos um overview com os destaques do 5º Simpósio Internacional 3M Food Safety que pode ser revisto aqui. Hoje, especialmente, vamos focar um pouco mais a primeira palestra do evento na qual Dra. Lone Jespersen falou sobre a “Implementação de Cultura em Food Safety ”.  O blog já abordou este tema aqui, aqui e aqui.

Para a Dra. Lone Jespersen, “a Cultura em Food Safety consiste nas atitudes, valores e práticas predominantes relacionadas à segurança alimentar que são ensinadas direta e indiretamente a novos funcionários.”

Em um levantamento realizado por sua equipe, 80% dos profissionais de alimentos acreditam que criar uma cultura em food safety é o trabalho mais importante de qualquer diretor técnico de uma organização, mas o que é uma cultura de segurança alimentar? Quais são os benefícios de uma cultura forte?

1 – Estas são suas premissas: seu equipamento, o que a equipe está fazendo quando você entra, documenta e grava. É algo que você pode ver.

2 – Estes são os falados, um pouco abaixo da superfície. Essas são as coisas que são ditas, como a  comunicação dos gerentes, treinamento, recompensas, esquemas que são estabelecidos.

3 – Bem abaixo da superfície, estão os valores subjacentes. Estes são os mais difíceis de ver e os mais difíceis de avaliar, mas causam impacto na cultura. As regras não ditas.

Fique ligado nos próximos posts sobre o evento.

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Principais dificuldades na implementação da FSSC 22000 nas empresas de embalagens – II

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Dando continuidade ao assunto que é tema deste post, apresentaremos outro grande desafio enfrentado por empresas de embalagens que estão implementando a FSSC 22000: a resistência dos colaboradores.

Em toda e qualquer organização onde o SGSA é implementado, tem de haver um bom nível de comprometimento do pessoal que ali trabalha. Porém, a resistência dos funcionários a uma mudança de cultura organizacional já é naturalmente esperada como um grande desafio durante a implementação de uma nova norma, pois novas regras surgem e hábitos e atividades são modificados ou inseridos. Este aspecto pode, de fato, dificultar o bom funcionamento de um sistema de gestão e se tornar uma barreira no estabelecimento e cumprimento dos requisitos.  Algumas razões podem ser: fraca liderança, supervisão inconsistente, ambiente de trabalho abaixo do padrão, treinamento inadequado ou ineficaz e a falta de compreensão dos objetivos e metas da organização.

A resistência do pessoal está relacionada ao processo de mudança da cultura organizacional. Segundo Oliveira e Pinheiro (2010), esta mudança não é uma tarefa simples, pois requer iniciativas que interfiram na maneira de pensar, se comunicar, se relacionar e trabalhar dos colaboradores em prol do sistema de gestão que está sendo implementado.

Uma das organizações da pesquisa realizada (você pode ver na íntegra aqui) relatou que “a mudança de cultura atrelada à baixa formação da mão de obra dificultou a compreensão da importância dos requisitos e comportamentos necessários para garantia da segurança de alimentos” e outra relatou que a postura dos colaboradores era “sempre fizemos embalagem e nunca tivemos problema, e não havia essa quantidade de controle e frescura”.

Um bom sistema de gestão é baseado na cultura organizacional, nos elementos culturais pré-existentes e na flexibilidade de cultura organizacional para integrar novos valores e normas específicas (COSTACHE, FUNAR E ADAMESCU, 2009). A cultura de segurança de alimentos significa os padrões de crenças, valores e comportamento aprendido durante a história de uma organização que são manifestados nas atividades diárias (BALL, 2015). No quadro abaixo são apresentadas as principais características que diferem organizações com a cultura de segurança de alimentos das que não a têm.

Segundo Oliveira e Pinheiro (2010), a resistência à mudança está intimamente ligada à forma de pensar e agir das pessoas e também em relação à cultura organizacional e tem sido entendida como um dos principais entraves à melhoria das organizações. Suas causas estão relacionadas à incerteza, à ameaça de interesses próprios, a diferentes percepções sobre a necessidade da mudança e à falta de tolerância.

Quadro 1- Aspectos que diferenciam empresas que possuem e não possuem a cultura de segurança de alimentos

Ausência da cultura de segurança de alimentos Presença da cultura de segurança de alimentos
Falta de compromisso da alta direção para segurança de alimentos Equipe de gestão altamente comprometida
Pouca percepção da importância da segurança de alimentos Faz da segurança de alimentos prioridade alta
Baixo cumprimento dos requisitos regulamentares Está em conformidade com regulações
Pouca consideração das consequências das ações negativas Está em conformidade com sistema documentado

Fonte: Ball, 2015

A mudança de cultura, seguida pela resistência dos funcionários, foram as maiores dificuldades identificadas em uma pesquisa realizada pelo INMETRO (2005), por meio de entrevistas com 100 empresas certificadas na ISO 9001.

Também Maekawa, Carvalho e Oliveira (2013) em sua pesquisa sobre a norma ISO 9001, destacaram como maiores obstáculos à implementação de sistemas a resistência à mudança pelos funcionários e a baixa capacitação da mão de obra.

Quando as mudanças em uma organização ocorrem de forma rápida, isso requer que os gestores reavaliem como eles poderão desenvolver e implementar estratégias. Basicamente podem ser realizadas de duas maneiras. Uma maneira, mais tradicional, é a utilização da abordagem “top-down”, o que quer dizer de cima para baixo. Neste método a alta direção faz uso de sua autoridade para implementar a mudança, o que tem se mostrado ineficiente, já que o cumprimento das novas diretrizes é temporário. Outra maneira é envolver as pessoas que serão afetadas pela mudança, comunicando as necessidades para tal, de uma maneira positiva, motivando os colaboradores, permitindo e solicitando a participação deles em reuniões de planejamento, na elaboração de procedimentos e na tomada de decisões chaves. Assim eles se tornam também os agentes da mudança e sentem que tem autonomia e autoridade durante este processo (TEIK, 2009).

É muito importante que as empresas trabalhem para tornar a norma parte integral e sistêmica dentro das organizações, incorporando-a de fato à sua cultura e estrutura (MAEKAWA; CARVALHO; OLIVEIRA, 2013).

COSTACHE, FUNAR E ADAMESCU (2009) recomendam primeiramente que os gestores que compõem a alta direção enviem mensagens mediante seu próprio comportamento a fim de ser um exemplo a ser seguido pelos colaboradores; além disso, os gestores deverão dar suporte aos treinamentos dos seus colaboradores, e juntamente com as equipes avaliar o progresso alcançado; e também os gestores deverão revisar e apoiar periodicamente o desenvolvimento de uma cultura organizacional orientada na direção do sistema de gestão que está sendo implementado.

Uma estratégia que pode ser adotada para auxiliar a redução da resistência dos colaboradores é estabelecer programas de treinamentos específicos por setor, envolvendo-os na discussão sobre os procedimentos, ressaltando a importância de sua atividade e solicitando a eles, sugestões de melhoria. Assim, ainda que mais demorado e dispendioso do que, por exemplo, realizar um único treinamento para toda empresa, esta estratégia além de transmitir conhecimento para o pessoal, auxilia na mudança de atitude e comportamento deles.

Ressalta-se que um dos fatores mais importantes no processo de mudança é a atitude das pessoas. Por isso, se elas forem devidamente esclarecidas e conseguirem entender os motivos por que ela está ocorrendo, podem espontaneamente aceitá-la, facilitando o processo de implementação de um sistema de gestão.

Referência:

CANTANHEDE, VanessaPEREIRA, Karen Signori e BARRETO, Daniel Weingart. FSSC 22000 Packaging Implementation: a Plastics Industry Research. Polímeros [online]. In press. .  Epub 15-Mar-2018. ISSN 0104-1428.  http://dx.doi.org/10.1590/0104-1428.06816.

 

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Incentivo para funcionários lerem o POP – Procedimento Operacional Padrão

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Certo dia me deparei com uma cópia de Manual de BPF (disponível para consulta) cheio de poeira. Fiquei desapontado pois isso evidencia que os funcionários nem o pegam na mão para consulta. Na mesma empresa notei que os funcionários preferem consultar outros funcionários mais experientes ao invés de usar o procedimento para tirar suas dúvidas. Diante desse desinteresse pelos POPs imaginei uma dinâmica e gostaria de compartilhar.

Dentro dos procedimentos podemos colocar um aviso, assim teremos certeza de que quem viu o aviso, pelo menos abriu o procedimento.  Esse aviso deve ter uma recompensa, como “Passe no Controle de Qualidade e retire seu prêmio”. O prêmio pode ser um bombom, algo mais legal ou até mesmo um abraço, enfim, o que for mais aplicável. O importante é ter uma recompensa para ter o incentivo. Essa recompensa não pode ser “gratuita”, pois se for, o primeiro funcionário que achar o aviso acionará seus colegas de trabalho que vão sair abrindo os POPs somente para pegar o aviso e posteriormente pegar a recompensa. Portanto, sugiro dar a recompensa somente se o funcionário responder a uma pergunta relativa ao documento, assim ele não terá apenas aberto o procedimento, mas sim lido e entendido. As perguntas podem ser inúmeras, seguem algumas delas:

O que fazer quando avistar uma praga na área produtiva?

Qual produto de limpeza devo utilizar para higienizar X item/máquina/utensílio?

Quantos Kg/L/mL/g de X ingrediente devo colocar em Y produto?

Com que frequência devo aferir o detector de metais?

Em qual etapa do processo devo adicionar X ingrediente em Y produto?

Onde verifico o lote de X matéria prima?

Quantos dias posso repedir meu conjunto de uniforme sem lavar?

Onde devo descartar X item?

O que faço com o equipamento que acabou de passar por manutenção?

Qual lubrificante devo utilizar em X parte da máquina?

Você também pode fazer algumas pegadinhas, isso ajudará ainda mais o funcionário a refletir e se ele errar nunca mais vai esquecer a resposta certa! Exemplos:

Qual parte das mãos não precisa ser higienizada?

Com qual peça de roupa posso vir vestido de casa? 

Qual porta devo manter fechada?

Espero ter contribuído para tornar seus funcionários mais interessados, seu processo produtivo mais seguro e sua rotina mais dinâmica.

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Dicas para melhorar a assimilação dos treinamentos de manipuladores de alimentos

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Muitas empresas ministram treinamento para seus operadores ou manipuladores de alimentos, com mais ou com menos qualidade. Mas é quase unânime que a assimilação do conteúdo dos treinamentos fica a desejar em relação ao resultado esperado. Já contei no post Treinamentos em segurança de alimentos – revelações de uma pesquisa mundial, que 62% dos colaboradores não cumpriam procedimentos do chão de fábrica após o treinamento, um dado frustrante. Os motivos do insucesso incluem a natural “curva de esquecimento”, que considera que 90% dos conhecimentos é esquecido em uma semana, a metodologia não interessante ou complexa demais para o nível dos participantes, e também o não reforço pelas lideranças no dia-a-dia. O mesmo relatório dá o caminho para resultados melhores de assimilação:

  • Reduzir o tempo e aumentar a frequência dos treinamentos (será que aquele treinamento anual realmente é o que faz diferença?)
  • Usar modernos mecanismos de treinamento com interatividade, jogos, dinâmicas de grupo, treinamentos supervisionados e práticos e outras técnicas de aprendizagem para proporcionar uma experiência de treinamento envolvente e consistente
  • Incentivar os supervisores a darem treinamento e reforço em tempo real no dia-a-dia (ou seja, o encarregado/supervisor de produção é uma pessoa essencial para transmitir de forma contínua os conceitos que devem ser aplicados, pois é justamente quem está acompanhando o comportamento da sua equipe)
  • Reforçar o treinamento em sala através de convívios de equipes estruturadas, orientações pontuais e focadas (como os diálogos diários) e recursos visuais de repetição (como cartazes).

Não esqueça de conferir também posts já publicados aqui no Food Safety Brazil com muitas dicas para tornar os treinamentos mais dinâmicos e interessantes!

Treinamentos de manipuladores de alimentos: contaminação cruzada

Vídeos para uso em treinamentos de Boas Práticas de Fabricação

Dinâmicas para uso em treinamentos de Boas Práticas

Música para utilizar em treinamentos de BPF

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Pontos negativos da falta de comprometimento

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Gostaria de compartilhar uma experiência.

Ao realizar um trabalho em uma empresa X, treinei todos os funcionários a seguir o que o próprio POP – Procedimento Operacional Padrão – da empresa indicava: “em área produtiva é necessário o uso de toucas, sapatos específicos, roupa específica, não se pode comer…” E todos outros itens que compõem as normas de BPF e que auxiliam na segurança dos alimentos. Entretanto, percebi falta de comprometimento da alta diretoria com esses itens, principalmente quando eles entravam em área produtiva.

Diante dessa ocorrência, pude refletir sobre alguns pontos negativos nessa atitude:

1° Contaminação: Ao entrar em área produtiva sem touca e/ou com roupa pessoal e sapato pessoal levamos microrganismos do ambiente externo e também cabelos e pelos presos em nossas vestes.

2° Financeiro: O mais óbvio é o gasto desnecessário com um funcionário capacitado, afinal, se não for para seguir o que o setor de Controle de Segurança e Qualidade indica, porque contratá-lo? Muitas vezes, é gerada perda na produção devido a pausas para reuniões e treinamentos, que serão em vão caso não sejam seguidos. Outro ponto negativo financeiramente é o fato de que se ocorrer contaminação devido a essa não conformidade, pode estragar um lote e/ou uma grande quantidade de produto no mercado dependendo do quão perecível é o produto. Outro item, muito conhecido pela alta direção, é o famoso recall, gerando grandes gastos e perdas financeiras. Também podemos pensar na perda de vendas caso a marca seja difamada por um consumidor que encontrou um pelo ou cabelo no produto.

3° Político: A política da empresa é regida pelas suas normas. Se o POP (uma norma) indica que tal atitude é errada, ela não deve ser tomada, independentemente do cargo. 

4° Cultural: Os funcionários, mesmo que fiquem quietos diante de uma situação errada, observam e cada vez se torna mais difícil fazer com que eles sigam as orientações passadas em treinamentos, pois a própria alta direção não se importa com isso.

5° Moral: Não seguir certas orientações é um desrespeito com o trabalho do próximo. Costumo dizer ao pessoal de mecânica quando realizo treinamento: “Imagine você arrumando uma máquina e alguém indo lá e quebrando. Seria um desrespeito com seu trabalho, certo!?” Da mesma forma o Controle de Segurança e Qualidade seleciona toda matéria prima, água e cuida de tudo para evitar uma contaminação e tudo isso é jogado por água abaixo quando um funcionário toca no produto com as mãos sujas de graxa. Isso também é um desrespeito com o trabalho da equipe, certo?! Pois da mesma forma que o mecânico não consegue cumprir seu papel deixando a máquina em perfeito estado, a outra equipe não consegue cumprir seu papel deixando o produto seguro.

Recentemente no FSB houve uma publicação que aborda estatisticamente esse assunto. A imagem está em sintonia tão grande com o assunto deste texto que não resisti à tentação de colocá-la aqui:

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Encerro com uma frase para a Alta Direção refletir ainda mais: “Não faz sentido contratarmos pessoas inteligentes e dizer a elas o que devem ou não fazer! Nós contratamos pessoas inteligentes para elas nos dizerem o que nós temos que fazer” Steve Jobs

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Vídeos para uso em treinamentos de Boas Práticas de Fabricação

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Muitos de nossos leitores pediram nos comentários de alguns posts que fizéssemos um post com links de vídeos que podem ser usados em treinamentos de boas práticas de fabricação. Pois bem, neste post atendemos aos pedidos de vocês!

INTOXICAÇÃO ALIMENTAR – A IMPORTÂNCIA DA MANIPULAÇÃO SEGURA DE ALIMENTOS
https://youtu.be/702PqUxLYP4

OS PERIGOS DA INTOXICAÇÃO ALIMENTAR
https://www.youtube.com/watch?v=pRg5fnNqrHo

CONEXÃO REPÓRTER – VÍDEO FLAGRA FALTA DE HIGIENE EM DIVERSOS RESTAURANTES
https://www.youtube.com/watch?v=pn-qAkLmJKY

OBJETOS ESTRANHOS
https://www.youtube.com/watch?v=rdAIpiNA7EQ

VÍTIMA DE INTOXICAÇÃO ALIMENTAR NO REFEITÓRIO DA EMPRESA SERÁ INDENIZADA
https://www.youtube.com/watch?v=kdP-RoJdB50

CONTAMINAÇÃO CRUZADA
https://www.youtube.com/watch?v=DXAGq91mC-w

MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS E CONTAMINAÇÃO CRUZADA
https://www.youtube.com/watch?v=-o-cve9MoYM

O RISCO DOS ALIMENTOS
https://www.youtube.com/watch?v=vd9jaoawh0U

INTOXICAÇÃO ALIMENTAR E DIREITOS DO CONSUMIDOR
https://www.youtube.com/watch?v=mrNu0aX5Lyw

Espero que esses vídeos auxiliem nos treinamentos de boas práticas ministrados, impactando os colaboradores quanto à responsabilidade do manipulador de alimentos!

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Segurança de Alimentos x Padrão Cultural

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Ouve-se muito falar a respeito da Gestão de Segurança de Alimentos, dos Sistemas de Segurança de Alimentos e de todas as demais ferramentas técnicas já bem debatidas e estudadas. Claro que estas são de suma importância dentro da indústria ou dos estabelecimentos de serviços de alimentação, mas e a questão pessoal ou cultural?

Quando pensamos em cultura, pensamos em hábitos, costumes, modos de agir, pensar e realizar determinadas atitudes e é isso que mais observamos ou ouvimos na indústria. “Mas eu sempre fiz assim e deu certo” ou “Por que mudar se desde que começamos foi desta maneira”, são algumas frases típicas ouvidas dentro das empresas em que atuamos. E creio aí chegamos ao nosso maior desafio: mudar hábitos, mudar padrões, mostrar que o novo pode sim agregar na organização como um todo, garantindo maior segurança aos alimentos que estamos produzindo e entregando aos nossos clientes.

Para trabalharmos a Segurança de Alimentos com uma visão cultural, devemos observar que ela exige comprometimento individual e de grupo, envolvendo pensamentos, atitudes e comportamentos visando a este objetivo final. Para isto, é preciso rever conceitos, desafiar a todos que busquem e principalmente acreditem no novo. Acreditar que todos que ali estão são peças fundamentais dentro do grupo e que a não integração de um pode levar ao prejuízo do grupo como um todo e gerar algum risco ao consumidor final.

Podemos dispor dos melhores programas de qualidade, dos melhores treinamentos de Boas Práticas de Fabricação e de outros pré-requisitos, mas se não sensibilizarmos a todos os membros da equipe das necessidades básicas, por exemplo, de se lavar as mãos antes de manipular um alimento, não atingiremos nunca nosso objetivo final de produzir e entregar um alimento seguro. Exigir que os funcionários cumpram as determinações pode sim dar resultados por um período, mas só a partir do momento em que o fizermos acreditar na ideia de Alimento Seguro, de responsabilidade social ao produzir um alimento e se comprometer com a causa é que vamos ter um resultado final de fazer o certo por ser o certo, não por estar sendo cobrado para isto.

O problema vem de base, não temos uma educação básica voltada para a educação sanitária, não se debate abertamente na comunidade, nas famílias ou entre as pessoas socialmente, os conceitos básicos de higiene, limpeza, riscos de consumir alimentos contaminados ou das doenças transmitidas pelos alimentos. Nós, como consumidores, ainda estamos mais voltados ao preço do que à qualidade, muitas vezes abdicamos de observar a qualidade do serviço e do local prestado e assim culturalmente criamos hábitos que se perpetuam. É necessário mudar o comportamento das pessoas, sejam elas consumidoras ou funcionárias de empresas alimentícias, frente às questões de segurança para com os alimentos, e isto só pode ser realizado pela conscientização.

A visão de comprometimento dentro de uma empresa ou estabelecimento deve ser de todos os indivíduos, mas os líderes tem um poder muito grande, o poder do exemplo. Um gerente ou responsável da qualidade que não usa uniforme demonstra aos seus funcionários que não está integralmente comprometido e não terá jamais alcançado o objetivo de criar novos conceitos na equipe.

Alguns autores, buscando novos conceitos e formas de trabalhar a questão, falam em criar um Sistema de Gestão de Segurança de Alimentos Baseado em Comportamento, onde se acredita que, para alcançar a excelência no desempenho da Segurança de Alimentos deve-se iniciar criando expectativas de desempenho claras, atingíveis e entendidas por todos. Ou seja, todos devem saber o que se espera de cada um dentro da organização e o que devem fazer para satisfazer as expectativas definidas. Acredita-se que muitas vezes os colaboradores não fazem o que se esperava deles, por simplesmente não saber o que deveriam fazer. Nesta hora cabe ao líder orientar e repassar claramente a cada um dos colaboradores a sua função e o modo como esta deve ser realizada.

É importante lembrar que quando trabalhamos com Segurança de Alimentos o “quase” não pode de maneira alguma ser realizado ou permitido. Algo que está “quase bom, quase certo ou suficientemente bom” não trará resultados de excelência para esta equipe e ou empresa. Os padrões devem ser sempre muito bem definidos e estabelecidos para posteriormente serem bem cobrados e exigidos de todos. Deve-se trabalhar a equipe definindo exatamente o que se espera, quais temperaturas de recebimentos de matérias-primas serão aceitas, quais ações ele deve tomar diante das não conformidades e assim por diante, garantindo um procedimento padrão, responsabilidade individual e diretrizes bem especificadas.

É fundamental uma liderança com visão de Segurança de Alimentos, que seja capaz de determinar as expectativas, os objetivos e principalmente que saiba inspirar a todos a seguirem neste caminho. Se o líder passar este exemplo, a equipe toda passará a trabalhar em prol deste objetivo e com certeza o resultado final será acima do esperado.

Camila Muniz Nodari é médica veterinária, especialista em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal.

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Liderança em Qualidade transformando a realidade!

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No VI Encontro da sbCTA, dia 30/05/17, Thiago Cabral, da Royal Canin, compartilhou sua vivência na Cia Mars, como gerente de Qualidade e Segurança de Alimentos. Iniciou por um vídeo dos desenhos animados Lippy & Hardy para abrir o tema sobre o líder e o fracassado e com a notícia de que os funcionários não deixam más companhias e sim deixam chefes ruins (engajamento é a conexão das pessoas com a organização), colocando em risco a estratégia da empresa: 39% dos trabalhadores disseram que o seu supervisor não consegue cumprir o que promete, enfatizou o palestrante.

O histórico de liderança começa com: quem somos? Como fomos educados? Qual nosso exemplo de líder? Os exemplos vêm de casa, dos pais, dos professores e dos profissionais que cruzam nossas vidas. Pergunta: o líder nasce ou se torna? A genética ajuda, mas não é fator determinante, na opinião de Thiago. Liderança ao alcance é circunstancial, inicie por ser síndico do prédio onde mora. Virtude é a capacidade que pode ser desenvolvida e que dirige para o bem.

Destacou o dilema: chefe x líder. O primeiro tem poder e o usa para gerenciar. O líder provoca admiração, conquista pessoas e com respeito coloca a sua autoridade nas relações humanas. “Liderança não é cargo, mas uma condição, um comportamento humano” (Cortella).

Competência do líder é estabelecida pela comunicação assertiva, propósito correto, ético e com princípios, com transparência e feedbacks positivos ou negativos para moldar o caráter. Legitimidade dá credibilidade para impulsionar pessoas, processos e idéias. A confiança se constrói em anos, mas para perder basta um segundo. Líder acolhedor é o que se preocupa com seus liderados enquanto pessoas, não lida com associados (n° de matrícula) para que sejam parte da equipe, avaliando não apenas os resultados numéricos nas avaliações de desempenhos. O líder provoca e conduz os demais nos tempos de mudanças.

O tripé da liderança é construído pelo caráter (com competência técnica e vontade de mudar), coragem (não é ausência de medos e sim enfrentá-los! Agir com coração, mas não emocionalmente. Cuidado com o papel de vitimação e não querer sair desse status). Persistência é “o já, mas ainda não” e por último relevância (idéias boas e úteis no momento da organização).

Líder continua persistindo porque tem visão futura (segunda dimensão), paixão pelo que faz (olhar para suas fortalezas para impulsionar outras pessoas), pois há necessidades e prazeres. “Liderar é ser capaz de projetar e alimentar sonhos.” (Mussak)

Desafio é conciliar a situação atual e ter pensamento estratégico do futuro desejado, além das tarefas ordinárias. Partir de uma origem (autoavaliação) e um destino para se posicionar traçando caminhos (longa obediência na mesma direção, para algo que faça a vida valer a pena).

Líder deve priorizar o foco, acalmar o desespero e usar o tempo de forma produtiva e feliz. Na versão da ISO 9001:15 retirou-se a expressão “ação preventiva”, mas está intrínseca na gestão de mudanças a partir de avaliações de riscos, assim, a equipe deve ser conduzida com definição de prioridades.

Outra competência é desenvolver autonomia (autônomo cria regras, ao contrário do heterônomo que as cumpre sem razão), por isso desenvolver pessoas com programas de gestão de talentos, inspirando causas para as pessoas (“Por que fazemos o que fazemos?”). Dê sentido aquele trabalho! O time expurga pessoas que jogam contra a equipe, que são exceções, por isso explique as regras em épocas digitais para não viver crises. Equipe autônoma tem condições de “ajustar as velas em tempos de ventos contrários (crise)”.

Liderar através de exemplos, de forma justa (valores pessoais alinhados com os empresariais, moral e ética). Servir como objetivo de sua liderança e nunca se satisfazer com o mínimo, para não ser medíocre. Responsabilidade de líder é a do time, deve-se multiplicar pelo número de liderados e assumir, com humildade de assumir que errou, sem empurrar a culpa para o outro, pois o inocente ganha impotência, jogando contra a sua autoridade. Saia do papel de vítima e seja o protagonista que inspira para tudo, mesmo não concordando com as decisões da empresa. Não ser peso e sim alegria, com emoção, criando, celebrando, doando-se, inspirando, mesmo que haja renúncias, como falta de tempo, pressão por resultados, dentre outros.

“Liderar é atingir resultados através das pessoas”. Todo gestor tem que formar um sucessor e torná-lo KPI.

Para mudar a cultura é necessária uma decisão. Adote uma postura positiva, espalhe-a ao seu redor, nunca se deixe transformar em vítima (assuma o papel de protagonista da mudança) e, “pelo amor de Deus”, divirta-se! Articular com todos para compartilhar essa cultura não é treinar pessoas, menos de 10% é atingido com isso; e sim, por pesquisa de engajamento, diferente de pesquisa de satisfação (exemplo: a comida é ruim no refeitório, mas não é por isso que não vou acordar feliz para ir trabalhar).

Caro leitor, comente conosco sua opinião sobre SER LÍDER.

Imagem:  Starti

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