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Carne suína e bovina: avaliação e cuidados no recebimento

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Quando uma empresa  recebe as matérias-primas de origem animal que utiliza em seu ramo, sempre confere informações como: quais os cortes, pesos, rastreabilidade, valores, etc. Mas será que é só isso que deve ser avaliado no momento do recebimento da carne suína e bovina? Com certeza NÃO! Pensando em qualidade, a lista é bem específica e importante.

É  primordial que seja feito um cronograma de compra e recebimento de MP (carne suína e bovina) para que seu estoque esteja sempre renovado, obedecendo às regras  F.I.F.O. Desta forma, a empresa não corre riscos de ter que descartar carne devido ao prazo de validade.

Dentro das câmaras sempre lembrar que as prateleiras e estrados plásticos devem ser mantidos a uma distância de 10 cm da parede, a fim de evitar a transmissão da umidade pela parede e permitir a circulação de ar. A cada 15 dias, deve ser realizada uma limpeza e desinfecção efetivas das paredes, azulejos, teto, piso, prateleiras e estrados plásticos.

Em relação ao modo de recebimento, avaliação e acondicionamento das carnes suínas e bovinas, existem algumas diferenças:

Carnes bovinas resfriadas

A matéria-prima, ao ser recebida, deve ter sua temperatura medida no núcleo (parte maior), bem como devem ser observadas as condições das embalagens, higiene e manuseio.

As carnes devem ser mantidas na embalagem original e retiradas somente no momento da preparação, sendo então transferidas para monoblocos limpos, verificando os seguintes itens:

– Temperatura, que deve estar de acordo para a destinação;

– Odor característico de carne bovina;

 – Consistência deve estar firme e elástica, e a coloração do sangue pode variar de vermelho vivo ao vermelho escuro, mas sem viscosidade.

Carnes bovinas congeladas

– Observar se não há acúmulo de água e sangue no fundo do monobloco ou saco plástico, o que pode indicar processo de descongelamento; se a embalagem não foi violada.

 – Realizar o teste de deterioração: colocar uma amostra da carne bovina com um pouco de água e elevar a temperatura até realizar o descongelamento, então verificar o odor exalado;

– Manter a carne bovina armazenada em câmaras frigoríficas ou freezers até o momento do uso.

Carnes suínas resfriadas

A matéria-prima, ao ser recebida deve ter sua temperatura medida no núcleo (parte maior), bem como devem ser observadas as condições das embalagens, higiene e manuseio.

As carnes devem ser mantidas na embalagem original e retiradas somente no momento da preparação, sendo então transferidas para monoblocos limpos, verificando os seguintes itens:

– Temperatura, que deve estar de acordo para a destinação;

– Odor característico de carne suína;

 – Consistência deve estar firme e elástica, e a coloração pode variar de rosa claro ao branco, mas sem viscosidade.

– Observar o escurecimento ou manchas esverdeadas e/ou outras cores estranhas ao produto.

Carnes suínas congeladas

– Observar se não há acúmulo de água e sangue no fundo do monobloco ou saco plástico, o que pode indicar processo de descongelamento; se a embalagem não foi violada.

 – Realizar o teste de deterioração: colocar uma amostra da carne suína com um pouco de água e elevar a temperatura até realizar o descongelamento, então verificar o odor exalado;

– Manter a carne suína armazenada em câmaras frigoríficas ou freezers até o momento do uso.

Acondicionamento conforme RDC 216 – ANVISA

A RDC determina que  as carnes bovina, suína, de aves e embutidas quando resfriadas, devem ser mantidas entre 0º e 2ºC, podendo chegar a até 4ºC.

Descongelamento conforme RDC 216 – ANVISA

O descongelamento das carnes suína e bovina deve ser realizado em temperatura menor ou até 4°C, sob refrigeração ou em condições controladas.

Todos estes cuidados devem ser seguidos à risca para evitar contaminações microbiológicas das carnes, e consequentemente do produto a ser comercializado nas empresas.

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Respostas inteligentes para perguntas capciosas sobre BPF (Vídeo – Parte 2/2)

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Se você é membro da ESA (Equipe de Segurança de Alimentos), trabalha na área da qualidade ou é líder em uma empresa de alimentos, certamente já se deparou com perguntas ‘capciosas’ sobre BPF (Boas Práticas de Fabricação).

Em geral, essas perguntas têm um caráter desafiador, com o objetivo de desacreditar uma regra.

Por exemplo: você pede para um colaborar corrigir o uso da touca, para cobrir as orelhas, e ele responde: “…mas e as sobrancelhas, não caem?” ou “…mas eu sou careca, preciso mesmo usar touca?”.

Muitas vezes, a pergunta nos deixa sem palavras, não é?

Até sabemos a resposta, mas ela não está na ponta da língua e acabamos respondendo: “a regra existe porque a lei exige”, ou, “se não cumprir a regra, você levará não conformidade na auditoria…”.

Preparei, então, 2 vídeos divertidos e amigáveis, com 5 perguntas desafiadoras em cada um, para você compartilhar com as lideranças e membros da ESA da sua empresa, de forma a prepará-los para o “desafio das perguntas capciosas”.

Convido você a acessar o link e assistir aos vídeo (1 e 2).

Lembre-se: você pode compartilhar esse vídeo na empresa para ajudar o pessoal-chave com as perguntas mais recorrentes sobre BPF.

Quer saber mais? No blog tem alguns artigos interessantes sobre BPF:

Uso de touca pelos carecas

O porquê de algumas regras 

Sobre o uso de barba e bigode


Considerações a respeito de vídeos no estilo ‘whiteboard’ ou ‘mão escrevendo’: são vídeos que aproveitam um formato consolidado nos últimos anos que consiste em uma animação que se desenrola a partir de desenhos em uma lousa. Eles prendem a atenção, são didáticos e aproximam o espectador do criador, mesmo que não estejam juntos. São uma ótima opção para treinamento em empresas alimentícias.

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Respostas inteligentes para perguntas capciosas sobre BPF (Vídeo – Parte 1/2)

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Se você é membro da ESA (Equipe de Segurança de Alimentos), trabalha na área da qualidade ou é líder em uma empresa de alimentos, você certamente se deparou com perguntas ‘capciosas’ sobre BPF (Boas Práticas de Fabricação).

Em geral, essas perguntas têm um caráter desafiador, com o objetivo de desacreditar uma regra.

Por exemplo: você pede para um colaborar voltar para a barreira sanitária e lavar as mãos, já que você evidenciou que ele ‘passou direto’ pela pia de lavagem de mãos, e ele responde: “Acabei de lavar as mãos no banheiro…”.

Muitas vezes, a pergunta nos deixa sem palavras, não é?

Até sabemos a resposta, mas ela não está na ‘ponta da língua’ e acabamos respondendo: “A regra existe porque a lei exige…”, ou, “Se não cumprir a regra, você vai levar uma não conformidade na auditoria…”, ou até mesmo: “Já falei mais de 1000 vezes com você sobre isso…”.

Preparei, então, um vídeo divertido e amigável, no formato ‘whiteboard’, com 5 perguntas desafiadoras e suas respectivas respostas inteligentes, para você compartilhar com as lideranças e membros da ESA da sua empresa, de forma a prepará-los para o ‘desafio das perguntas capciosas’.

Convido você a acessar o link no Youtube e assistir ao vídeo.

Lembre-se, você pode usar esse vídeo e compartilhar com o pessoal-chave na sua empresa.

Quer saber mais sobre o assunto? No blog tem 2 artigos interessantes sobre isso:


Considerações a respeito de vídeos no estilo ‘whiteboard’ ou ‘mão escrevendo’: são vídeos que aproveitam um formato consolidado nos últimos anos, que consiste em uma animação que se desenrola a partir de desenhos em uma lousa. Eles prendem a atenção, são didáticos e aproximam o espectador do criador, mesmo que não estejam juntos. São uma ótima opção para treinamento em empresas alimentícias.

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Tradução: Químicos Aplicados na Higienização dos Processos de Alimentos V. 2

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Mais uma vez o Food Safety Brazil está trazendo informação facilitada para você que precisa contar com preciosas referências internacionais.

Já havíamos traduzido o Volume 1 – O uso ideal de agentes de limpeza, sanitizantes e desinfetantes para minimizar o risco de traços nos alimentos.

A autoria é do Grupo Técnico de Trabalho do GFSI.  Este grupo foi estabelecido para definir as melhores práticas em relação aos biocidas (definidos como resíduos de agentes de limpeza e sanitizantes) na cadeia de suprimento de alimentos. O objetivo do trabalho do grupo era garantir a proteção do consumidor através da aplicação apropriada de agentes de limpeza e sanitizantes, do campo à mesa, equilibrando os riscos e benefícios associados ao seu uso, enquanto facilita o comércio global de alimentos.

O volume 2 fornece uma compreensão mais aprofundada dos processos de avaliação dos riscos. Ele inclui uma visão geral dos métodos existentes para detecção de traços em pontos relevantes no processo de produção. Além disso, critérios e abordagens para uma avaliação de riscos em relação à aquisição, aplicação e uso de produtos químicos de higienização para empresas de alimentos e produtores primários são fornecidos para utilização como um guia, juntamente com várias ferramentas para apoiar o processo de avaliação de riscos.

Baixe aqui o:

VOLUME 2 – Agentes de limpeza, sanitizantes e desinfetantes em indústrias de alimentos: detecção de traços e processos de avaliação de risco à saúde humana

Produtos químicos para higiene dos alimentos (GFSI) – Volume 1 em português

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Higienização em açougues: dicas de ouro para luvas de malha de aço

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Higienização em açougues é sempre prioridade no ramo alimentício. Quando observamos a estrutura e processo de um açougue, são inúmeros os pontos a serem observados e definidos referentes a sua higienização, cabendo definir a frequência conforme o risco de contaminação do produto.

Muitas vezes, ao avaliar e descrever o POP de higiene de um açougue, foca-se em estrutura (paredes, piso, mesas), deixando passar despercebido um item que entra em contato direto com toda matéria-prima que é manipulada no açougue, as LUVAS DE MALHA DE AÇO!

O indicado é que seja descrito um POP específico de higienização das luvas de malha de aço que contenha um passo-a-passo da sua limpeza e sanitização. Sim, SANITIZAÇÃO das luvas!!!!

A sanitização das luvas é de suma importância, a fim de garantir a eliminação de todos os microrganismos ali presentes, que possam não ter sido eliminados pela limpeza. E é sim possível implantar esse processo pois hoje existem no mercado inúmeros sanitizantes com preços acessíveis aos pequenos e médios açougues,  como o  ácido peracético. 

O processo de limpeza e sanitização deve ser escrito e estar em painel/quadro/orientação visível aos funcionários, com um passo-a-passo simples de ser seguido, tal como:

1 – Lavar a luva de malha de aço com água corrente, realizando um enxágue para retirar todo o resíduo cárneo e gorduroso;

2 – Aplicar detergente líquido desengraxante em toda a luva de malha de aço;

3 – Com uso de escova de cerdas grossas, realizar a esfrega, para remover todo resíduo e sujidade presente;

4 – Realizar o enxague com água corrente de forma a retirar todo o detergente e resíduos;

5 –  Avaliar a efetividade da limpeza das luvas. Se for observada a presença de resíduos, repetir o procedimento a partir do item 1;

6 – Se a limpeza estiver conforme, aplicar sanitizante ácido peracético por imersão por 15 minutos.

Recomenda-se que seja feita a higienização das luvas a cada 2 horas, para que se possa garantir a segurança de toda matéria-prima manipulada no açougue.

Como dica-bônus, é sempre importante ter registro de treinamento dos funcionários, a fim de comprovar ao órgão fiscalizador (V.I.S.A; S.I.M; S.I.S.B.I) que os manipuladores estão devidamente orientados e seguem o POP.

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Desenvolvimento da estratégia de mitigação de fraude, segundo o programa Food Fraud da U.S. Pharmacopeia

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Já fizemos aqui no blog a avaliação das etapas iniciais do guia de Food Fraud Mitigation da US Pharmacopeia. Nesta postagem, traremos as orientações do quarto e último passo, o desenvolvimento da estratégia de mitigação.

Leia também:

Passo 1: Avaliação das vulnerabilidades, segundo o programa Food Fraud da US Pharmacopeia

Passos 2 e 3: Avaliação dos impactos potenciais e caracterização das vulnerabilidades, segundo o programa Food Fraud da US Pharmacopeia

Passo 4: Desenvolvimento da estratégia de mitigação de fraude

De acordo com a classificação do passo 3, diferentes ações são tomadas para cada ingrediente avaliado:

  • Se o resultado obtido for verde, registrar e documentar a avaliação já é suficiente. Opcionalmente, pode-se criar controles que minimizem a vulnerabilidade.
  • Mas se o resultado for laranja, deve-se avaliar se a vulnerabilidade é aceitável. Caso não seja, é necessário prosseguir com recursos de mitigação.
  • Nos casos em que o resultado for vermelho, a avaliação de recursos de mitigação deve ser imediata.

O guia diz que a estratégia de mitigação é dinâmica e cíclica, devendo ser realizada quantas vezes forem necessárias. O objetivo é reduzir as classificações dos fatores controláveis de vulnerabilidade do passo 1, trazendo-os para as colunas da esquerda (coluna C do quadro 1 do primeiro passo).

Temos aqui algumas dicas para ajudar a desenvolver sua estratégia de mitigação:

  • Priorizar os fatores mais controláveis. Por exemplo, melhorar o relacionamento com o fornecedor está mais em nossas mãos do que as questões geopolíticas. Após isso, tratar os fatores que mais influenciam os resultados da classificação do passo 1.
  • Priorizar os ingredientes que têm maior potencial de risco, de acordo com a proporção utilizada no produto final.
  • Considerar estratégias de menor custo para a companhia. O guia traz como exemplo que melhorar a frequência de testes analíticos do insumo é mais barato que estipular um programa mais extenso de auditorias de fornecedores.
  • Avaliar a possibilidade de recursos de terceiros que já trabalham com mitigação de Food Fraud, como associações e órgãos públicos.

Portanto, traçar um plano de ação, executá-lo e refazer as avaliações iniciais são as etapas do passo 4, um processo que lembra os conceitos do conhecido ciclo PDCA.

Importante reforçar que o material da U.S. Pharmacopeia está disponível gratuitamente aqui, com inúmeras interpretações de cases reais, além de fontes de pesquisa que funcionam como recursos para as avaliações de vulnerabilidades. Não deixe de conferi-lo na íntegra!

Deixe nos comentários a sua contribuição em relação a este modelo de mitigação de Food Fraud.

Referências:

Food Fraud Mitigation Guidance – Apêndice XVII do Food Chemicals CodexU.S. Pharmacopieal Convention

Guidance Document Food Fraud MitigationFood Safety System Certification 22000

2 min leituraJá fizemos aqui no blog a avaliação das etapas iniciais do guia de Food Fraud Mitigation da US Pharmacopeia. Nesta postagem, traremos as orientações do quarto e último passo, o […]

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ENFIT disponibiliza guia completo sobre segurança de alimentos no transporte

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Depois do sucesso do guia traduzido para limpeza de caminhões-tanque  da FSSC 22000 que disponibilizamos aqui no Food Safety Brazil, você vai adorar esta novidade.

Food Safety in Supply Chain

Transport of Unpacked raw materials and foodStuffs in food transport containers

São 198 páginas de um denso conteúdo, cujo índice se encontra aqui.

Para você ter uma ideia, a Associação Federal Alemã de Inspetores de Alimentos já encomendou um treinamento de toda a equipe de fiscais neste manual!

Quem escreveu este manual?

A ENFIT é uma associação sem fins lucrativos que desenvolve normas de segurança dos alimentos, critérios para certificação de limpeza de caminhões/containers a granel.

O foco é o transporte de alimentos e insumos para alimentação animal não embalados, que são transportados em caminhões-tanque, contêineres-tanque, veículos-silos, IBCs e vagões-tanques. Eles também desenvolveram um sistema de digitalização protegido por block-chain.  Um novo grupo de trabalho irá escrever em breve uma norma sobre higienização de diversos tipos de veículos.

Como conseguir o guia completo?

Para obter o guia, escrever para um e-mail para:

info@enfit.eu

Assunto: Guideline FSBrazil

Não é permitido o compartilhamento por grupos de celular ou e-mail. A obtenção deve ser feita individualmente diretamente com eles, embora não tenha custos.

Consultorias podem usar o guia?

Para consultores de segurança de alimentos, institutos de treinamentos ou outros, é possível usar o guia em consultoria e treinamento de pessoal com um contrato de licença ENFIT.

A empresa será deve ser previamente treinada para que a multiplicação ocorra conforme os padrões ENFIT.

Auditores treinados e autorizados recebem o certificado “ ENFIT-Certified Supply Chain Auditor“.  Os interessados devem escrever para o e-mail acima.

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Avaliação dos impactos potenciais e caracterização das vulnerabilidades, segundo o programa Food Fraud da U.S. Pharmacopeia

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Foi apresentado em uma postagem anterior o modelo proposto pela United States Pharmacopeia (USP) para o programa de Food Fraud, quando interpretamos o primeiro passo – avaliação das vulnerabilidades. Hoje faremos um apanhado geral sobre os dois passos seguintes, sendo a avaliação dos impactos potenciais e a caracterização das vulnerabilidades. Acompanhe com a gente e deixe nos comentários suas contribuições.

Leia também:

Passo 1: Avaliação das vulnerabilidades, segundo o programa Food Fraud da US Pharmacopeia

Passo 2: Avaliação dos impactos potenciais

Após levantar as vulnerabilidades de cada ingrediente, o próximo passo é avaliar os impactos potenciais que a fraude pode ter na saúde pública, na economia ou na confiança das autoridades reguladoras. A abordagem proposta pelo guia é avaliar inicialmente os impactos no aspecto de Food Safety e no âmbito da economia, seguido por uma configuração de pequenos multiplicadores que são capazes de amplificá-los.

Impacto na saúde pública (Food Safety): Após terem sido levantados os potenciais adulterantes dos ingredientes na etapa anterior, avalia-se o risco com base em sua natureza. Por exemplo: o adulterante é um produto permitido para uso em alimentos ou ele é um químico para uso industrial? Ele é um alergênico? Apresenta risco microbiológico capaz de causar intoxicações alimentares? Nesta avaliação devem ser considerados os impactos imediatos como também crônicos, como os causados por substâncias carcinogênicas.

  • Consumo específico: o impacto é maior para aqueles alimentos cujo consumo é específico, como baby food ou alimentos destinados a nichos populacionais mais frágeis. De maneira similar, quando o consumo é alto ou frequente um aumento do impacto é esperado, como no caso de suplementos nutricionais.
  • Suficiência nutricional: quando a substituição parcial ou total de algum ingrediente por adulterante pode reduzir o nível nutricional do alimento, torna-se um problema de saúde pública. Como exemplo, podemos citar as fórmulas infantis ou alimentação principal de populações com acesso restrito a alimento.

Impacto econômico: Este tipo de impacto pode ser sentido pela empresa produtora do alimento final, pelo segmento industrial como um todo ou pelas autoridades reguladoras. Ele pode ocorrer de forma direta ou indireta, quando a aceitação do consumidor em relação àquele alimento é comprometida, ou a confiança dos cidadãos no órgão regulador.

  • Confiança pública: o impacto passa a ser maior nos casos em que a fraude ocasiona efeitos extensos. Além do impacto específico àquele alimento, podem decorrer perdas significativas no setor industrial e problemas às autoridades que regulamentam alimentos.

Diante disto, deve-se classificar o impacto das fraudes levantadas no primeiro passo para cada ingrediente, conforme a matriz de avaliação de impacto proposta pelo guia, caracterizando-o como baixo, moderado ou alto. O quadro 1 apresenta de maneira prática como poderíamos avaliar o impacto das possíveis fraudes no ingrediente hipotético 1.

Quadro 1 – Matriz de avaliação de impacto

Passo 3 – Caracterização das vulnerabilidades gerais

Os passos anteriores foram necessários para que pudéssemos priorizar os esforços, focando aqueles ingredientes que representam os maiores riscos na cadeia alimentícia. Considerando o nível geral de vulnerabilidade dos fatores do passo 1, cruzados com a interpretação das consequências da fraude no passo 2, poderemos agora estabelecer a prioridade no controle de food fraud.

Para exemplificar, a vulnerabilidade do ingrediente hipotético avaliado no passo 1 como “média”, combinado com o impacto de “saúde pública moderado/econômico alto” no passo 2, sua caracterização conforme a matriz abaixo indica que “novos controles são extremamente recomendados”.

Quadro 2 – Matriz de caracterização de vulnerabilidade

Legenda:

Se a sua avaliação de impactos resultar em um formato não descrito no Quadro 2, como “Saúde Pública Baixo/Econômico Moderado” por exemplo, não se assuste! Busque posicioná-la no quadro 2 da maneira mais adequada possível, intercalando entre duas avaliações mais próximas.

A partir daqui, deve-se concentrar os esforços no desenvolvimento de estratégias de mitigação dos riscos, sendo este o 4º passo do guia proposto pela USP. Vale ressaltar que tal documento traz interpretações de cases que facilitam o entendimento de cada etapa de avaliação. Além disso, não perca as próximas publicações deste blog, quando faremos a conclusão do estudo do guia.

Referências:

Food Fraud Mitigation Guidance – Apêndice XVII do Food Chemicals CodexU.S. Pharmacopieal Convention

Guidance Document Food Fraud MitigationFood Safety System Certification 22000

3 min leituraFoi apresentado em uma postagem anterior o modelo proposto pela United States Pharmacopeia (USP) para o programa de Food Fraud, quando interpretamos o primeiro passo – avaliação das vulnerabilidades. Hoje […]

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Avaliação das vulnerabilidades, segundo o programa Food Fraud da U.S. Pharmacopeia

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O programa de Food Fraud passou a ser exigido como item obrigatório nos sistemas de gestão de segurança de alimentos desde sua proposta de inclusão pelo GFSI, sendo um item de grande relevância na prevenção de adulterações intencionais, normalmente motivadas por questões financeiras (Economically Motivated Adulteration – EMA). Com uma abrangência diferente dos programas de Food Safety e Food Defense, o Food Fraud busca avaliar as vulnerabilidades existentes em toda a cadeia e controlá-las através de estratégias de minimização e monitoramento.

Para tanto, foram desenvolvidas alternativas para a avaliação e planejamento de mitigação, como as ferramentas VACCP,  SSAFE e o guia da USP, o qual será objeto de estudo nesta publicação. Faremos um apanhado geral da avaliação das vulnerabilidades proposta no Food Fraud Mitigation Guidance, que é um apêndice do Food Chemicals Codex da U.S. Pharmacopeial (USP) Convention, disponível gratuitamente aqui.

Passo 1: Avaliação das vulnerabilidades (Food Fraud Vulnerability Assessment – FFVA)

Baseado em uma matriz de vulnerabilidade, fatores controláveis e não controláveis (coluna A) devem ser avaliados nesta primeira etapa do programa. Na matriz de riscos são consideradas situações que caracterizam a vulnerabilidade (coluna B), como apresentado no quadro abaixo.

O material da USP está repleto de relatos de fraudes reais que podem servir como cases na interpretação dos fatores de risco. Além disso, o apêndice do Food Chemical Codex já propõe a classificação da vulnerabilidade de baixa a alta (coluna C). Para defini-la, considere consultar as orientações de categorização do guia, descritas na definição de cada fator.

Quadro 1 – Matriz de avaliação dos fatores de vulnerabilidade

Clique aqui para ver o quadro com mais clareza.

O guia não traz um sistema de score para obter um resultado numérico na avaliação final dos ingredientes. Portanto, sugere-se desenvolver uma opção adequada à sua realidade. Isso faz com que se elimine a subjetividade da interpretação final. Pode-se atribuir, por exemplo, notas para cada classificação: baixa = 1; média-baixa = 2; média = 3; média-alta = 4; alta = 5. Ao fim da avaliação do ingrediente, soma-se os pontos, considerando-se avaliação geral como:

  • Baixa, se a pontuação total estiver entre 0 – 9;
  • Média-baixa 10 – 18;
  • Média 19 – 27;
  • Média-alta 28 – 36;
  • Alta 37 – 45.

Em nosso exemplo (coluna C), teríamos um total de 27 pontos, o que indica que o ingrediente hipotético avaliado seria caracterizado com vulnerabilidade média.

Temos aqui algumas dicas para implantação do programa em empresas com um grande portfólio de ingredientes:

  • Num primeiro momento, aplicar as orientações deste primeiro passo sem avaliar os fatores específicos dos fornecedores, como Supply Chain, Relacionamento do fornecedor, Histórico do fornecedor.
  • Agrupar os ingredientes por classes para avaliá-los em conjunto, quando eles não representam alta vulnerabilidade individualmente.
  • Priorizar ingredientes originados em países ou regiões com histórico conhecido de Food Fraud.

Após o preenchimento da matriz para todos os ingredientes, estaremos prontos para seguir para o passo 2 – Avaliação de impactos potenciais, o qual cruzará informações com a avaliação do passo 1. Não deixe de acompanhar as próximas publicações, por meio das quais conduziremos o estudo completo do guia.

Referências:

Food Fraud Mitigation Guidance – Apêndice XVII do Food Chemicals CodexU.S. Pharmacopieal Convention

Guidance Document Food Fraud MitigationFood Safety System Certification 22000

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Meu óleo vegetal está seguro?

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É muito difícil encontrar um restaurante que não trabalhe com fritura, correto? Afinal, o óleo possui funções primordiais na gastronomia. Serve de portador de ácidos graxos essenciais, vitaminas lipossolúveis, aromas e corantes. Também proporciona saciedade,  aeração, maciez e lubrificação, além de acentuar o sabor e aumentar o valor calórico dos alimentos.

Os óleos podem ser de origem animal (fígado) ou de origem vegetal (de oliva, milho, soja, amendoim, canola, linhaça, girassol). Eles são insolúveis em água e outros líquidos em temperatura ambiente.

Mas por que estou falando isso tudo? Pois as características e os tipos de óleos, fora os cuidados na manipulação, fazem total diferença na hora do preparo e garantia de um alimento seguro, que não cause doenças ao consumidor.

O óleo pode ser submetido a ranços, podendo ser eles oxidativos, hidrolíticos e decorrentes da fritura. 

Quando exposto ao calor, luz, traços de metais ou certas enzimas, há reação com o oxigênio do ar. Esta reação perturba a química natural do produto e ocorre o ranço oxidativo, causando mau cheiro e não sendo atrativo ao paladar. Por isso, os óleos devem ser mantidos em lugar fresco e escuro ou em embalagem fechada. 

Já reparou que as embalagens do azeite são escuras? Agora você sabe o porquê. Já as embalagens plásticas possuem um filme protetor para evitar a oxidação pela luz. 

Além dos cuidados com o armazenamento, também devemos estar atentos durante a fritura, pois pode ocorrer ranço decorrente deste processo. Isto acontece quando os alimentos imersos em óleo muito quente liberam água contida neles, reagindo com a gordura, o que provoca hidrólise e libera ácidos graxos, causando também mau cheiro (ranço hidrolítico). 

Na reutilização do óleo, há acumulação de ácidos graxos livres, o que altera o sabor e o torna um produto ruim. 

Outro problema da reutilização são as mudanças que o óleo sofre devido ao aquecimento em altas temperaturas. Esse processo causa uma reação, o glicerol é desidratado, produzindo acroleína. A acroleína pode causar riscos à saúde do consumidor, pois é um composto tóxico. É uma substância volátil e que irrita a mucosa gástrica.

Com a utilização do óleo por longos períodos ou maior duração do aquecimento, é possível ver a olho nu a liberação de uma fumaça densa e branca, que será produzida com temperaturas cada vez mais baixas. Essa alteração física chama-se ponto de fumaça.

E é neste ponto que os tipos de óleo se diferenciam, pois cada um possui um ponto de fumaça diferente. Quando for realizar uma fritura, escolha os que possuem maior resistência à temperatura. O óleo de soja é o que possui maior ponto de fumaça (240ºC), seguido do óleo de girassol (de 227ºC a 232ºC). Já o azeite de oliva (175ºC) e a margarina (150ºC) possuem menor resistência à temperatura.

Mesmo que o óleo apresente bom estado de conservação, não o utilize por muito tempo, pois também ocorre a polimerização, o que escurece e engrossa o óleo, dando uma consistência de xarope e impedindo a sua utilização. 

Resumindo, antes de utilizar o óleo, verifique se ele está em bom estado de conservação:

  • Só o reutilize se não apresentar nenhuma alteração de cor, sabor ou odor;
  • Se no aquecimento não houver produção de fumaça e espuma antes da temperatura ideal para o tipo do óleo;
  • Frite os alimentos com temperaturas de até 180ºC; e
  • Antes da reutilização, passe-o por filtros específicos.

Por fim, ao descartá-lo, coloque-o em recipientes próprios, armazene de forma correta e busque uma empresa especializada para fazer a coleta, evitando poluição. 

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