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Justiça americana pune executivos associados à mortes por contaminação por Salmonella

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Uma notícia de condenação, associada a um surto de Salmonella ocorrido em 2008 nos Estados Unidos, reacendeu as discussões a respeito da responsabilidade dos executivos das indústrias de alimentos e também dos profissionais da área de Qualidade e de Segurança de Alimentos.

Stewart Parnell, de 61 anos de idade, ex-executivo da Peanut Corporation of America (falida), foi condenado a 28 anos de prisão após ser comprovada a sua responsabilidade em vários crimes relacionados com um surto de Salmonella que matou 9 pessoas e hospitalizou pelo menos 714 outras em 46 estados de seu país e também no Canadá.

Seu irmão, Michael Parnell, foi condenado a 20 anos de prisão.

É a punição mais grave dada a um produtor de alimentos por conta de um surto de contaminação alimentar.

A justiça americana apurou que o ex-executivo tinha conhecimento da contaminação e da falsificação de documentos de laboratório para validar um produto inadequado ao consumo humano.

O recall de produtos de amendoim contaminados por Salmonella foi um dos maiores da história. O surto também foi um dos maiores na história dos EUA, especialmente considerando que para cada caso de Salmonella relatado por órgãos de saúde pública, pelo menos, 30 não são notificados.

A fábrica em Blakely, Georgia, onde os produtos foram produzidos tinha um telhado com vazamento e vestígios da presença de baratas e de roedores, ocasionando condições totalmente insalubres.

Agentes encontraram bolores em crescimento no teto e nas paredes, aberturas no telhado e insetos mortos perto do amendoim. A empresa não tomou nenhuma providência e nem limpou seus equipamentos depois de descobrir a presença da Salmonella na planta. Também não havia separação entre os produtos in natura e os produtos acabados.

Os produtos contaminados foram liberados mesmo sabendo que eles estavam contaminados com bactérias patogênicas.

O FDA informou que a PCA liberou produtos contaminados sem reteste. Embora houvesse um primeiro resultado positivo, os responsáveis pela planta consideraram um segundo resultado, que deu negativo, como válido. Segundo o FDA, o primeiro resultado positivo deveria ter sido suficiente para que os produtos fossem destruídos.

A presença de insetos, incluindo baratas e roedores na planta, proporcionou condições perfeitas para a contaminação bacteriana.

Uma sucessão de erros e atitudes inadmissíveis para uma indústria de alimentos!

Parnell pediu desculpas às pessoas que adoeceram e às famílias dos mortos o que, obviamente, não é suficiente. Ele pode ser condenado até 803 anos de prisão por 67 acusações criminais.

O processo de torrefação, anterior à preparação da pasta, feito em condições corretas, é suficiente para a eliminação da Salmonella, evitando a contaminação do produto acabado. É necessário que haja validação do processo térmico para isso. Contudo, se houver contaminação em etapa posterior, como a moagem para obter a pasta de amendoim, ela não ser eliminada.

Há algum tempo, escrevi sobre os casos de recall de alimentos, comparando os EUA e o Brasil. A diferença entre os números é assustadora!

Nos EUA, a decisão considerada um marco histórico na direção da produção de alimentos cada vez mais seguros está sendo muito comemorada.

Advogados especialistas em segurança de alimentos envolvidos no processo deram declarações firmes a esse respeito:

– Justiça significa tratar as pessoas da mesma maneira. Um empresário que matou por o lucro deve ser condenado como qualquer outro. A sentença de hoje representa um passo para tornar a nossa alimentação mais segura. Este é um resultado histórico. Quando você contamina nosso alimento e o faz intencionalmente, haverá consequências reais, disse um deles.

– Ele teve o que mereceu. Sua sentença também envia uma mensagem para outros executivos de alimentos que colocam os lucros à frente da segurança. Os procuradores federais e estaduais precisam ser agressivos em fazer cumprir as leis de segurança alimentar, afirmou outro.

Copiando o “mestre” Ishikawa que ensinou que “Só pode ser gerenciado o que é medido”, digo que só pode ser punido aquilo que é inspecionado.

Quando a lei é firme, a justiça não tarda e, embora isto não traga a vida das pessoas falecidas, a lição e o exemplo ficam para a posteridade.

Ah! A Gerente responsável pela Área da Qualidade “pegou” 5 anos… Pouco para quem, alegando cumprir ordens, colocou a vida de milhares de pessoas em risco.

Referência interpretada: Food Poisoning Bulletin

Imagem: Food Poison Journal

 

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Entendendo o surto de Salmonella em pepinos nos EUA

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Sabe-se que os EUA foram acometidos por um surto de Salmonella Poona  em pepinos importados de Baja California no México. Vamos entender melhor o caso?

Os pepinos são de cor verde escuro e com comprimento de 7 a 10 polegadas. No varejo são vendidos em expositores sem proteção plástica ou de bandeja.

Os primeiros relatos de pessoas contaminadas surgiram em julho de 2015. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA confirma  o relato de 418 casos  em 31 estados, sendo:

– 91 pessoas hospitalizadas ;

– Mais da metade das pessoas que adoeceram eram crianças com menos de 18 anos;

– Duas mortes : uma mulher de 99 anos da Califórnia e uma mulher do Texas que apresentava graves problemas de saúde.

Estes surtos acometem em maior escala à crianças pequenas, idosos e pessoas com o sistema imunológico enfraquecido.

FORNECEDOR DOS PEPINOS :

Os pepinos eram importados do México e distribuídos por  Andrew Williamson & Fresh Produce. Os pepinos da marca Fat Boy , feitos sobre encomenda também estão sendo investigados.

Os pepinos eram comercializados em Caixas de papelão  com a inscrição em verde e vermelho: Fat Boy Fresh Produce ou em recipiente de plástico reutilizável preto.

embalagem_pepinos_preta

 

pepino_papelao

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DADOS DO SURTO

Gráfico de pessoas infectadas com as estirpes de Salmonella Poona , desde o início da doença.

surto_pepino_salmonella

Fonte: CDC – Centers of disease control and prevention

 

RECALL

O recall  voluntário teve início em 04 de setembro de 2015 e envolvem os estados de Alasca, Arizona, Arkansas, Califórnia, Colorado, Flórida, Idaho, Illinois, Iowa, Kansas, Kentucky, Louisiana, Minnesota, Mississipi, Montana, Nevada, New Jersey, Novo México, Dakota do Norte, Oklahoma , Oregon, Carolina do Sul, Texas e Utah. Provavelmente estes pepinos não possuem etiquetas de identificação. Vários departamentos de saúde estaduais e agricultura estão coletando e testando pepinos de locais de varejo para a presença de Salmonella. Desde a última atualização em 09 de setembro de 2015, o Departamento de Serviços de Saúde do Arizona e do Departamento de Saúde Pública e Serviços Humanos Montana está avaliando pepinos em diversos pontos do varejo.

A empresa Andrews & Williamson diz que está a cooperar plenamente com as autoridades de saúde. “Atualmente, estamos conduzindo uma avaliação completa da nossa agricultura pepino e operações de embalagem para determinar se podemos encontrar a causa raiz de como isso poderia ter acontecido”, disse a empresa em um comunicado. “A saúde e o bem-estar dos consumidores é a nossa maior prioridade.”

Os consumidores estão sendo informados a descartar pepinos quando tiverem dúvida da procedência ou a perguntar no local de venda o nome do fornecedor.

SINTOMAS

A maioria das pessoas infectadas com Salmonella desenvolvem os seguintes sinais e sintomas de  12-72 horas após serem expostos às bactérias:

  • – Diarreia
  • – Febre
  • – Cólicas abdominais
  • A doença geralmente dura de 4 a 7 dias e a maioria das pessoas recupera sem tratamento

dependendo sistema imunológico.

Em algumas pessoas, a diarreia pode ser tão grave que elas precisam ser hospitalizadas. Nesses pacientes, a infecção por Salmonella pode se espalhar dos intestinos para a corrente sanguínea, e depois para outros locais do corpo e pode causar a morte se a pessoa não for tratada rapidamente com antibióticos.

O que restaurantes e varejistas precisam fazer?

Restaurantes e varejistas devem seguir os passos abaixo:

  • Lavar e desinfetar   câmaras  e expositores onde os produtos potencialmente contaminados foram

armazenados.

  • Lavar e desinfetar tábuas de corte, superfícies e utensílios usados para preparar, servir ou

armazenar produtos potencialmente contaminados.

  • Lavar as mãos com água morna ou detergente antisséptico após o processo de limpeza e

sanitização.

  • Os varejistas, restaurantes e outros operadores de serviços de alimentação que processam e

embalam todos os produtos potencialmente contaminados precisam estar preocupados com a contaminação cruzada que podem contaminar produtos seguros.

  • Limpeza frequente regular e desinfecção de superfícies de contato com alimentos e utensílios

utilizados na preparação de alimentos pode ajudar a minimizar a probabilidade de contaminação cruzada.

 

COMO OS PEPINOS SÃO CONTAMINADOS POR SALMONELLA?

A bactéria Salmonella não ocorre naturalmente em pepinos como ocorre em frangos , carne bovina , carne de porco , então da onde ela vem?

Os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) realizou uma reunião com peritos independentes da indústria sobre este surto no dia 26 de agosto de 2015.Eles discutiram a produção de culturas e práticas de distribuição que podem ter causado a contaminação. Estes pepinos contaminados foram cultivadas em estacas em um campo.

A maioria dos consumidores não estão cientes de que o produto fresco é uma das principais veículos para  bactérias patogénicas Na verdade, Salmonella e legumes  (tomates, pepinos) é a terceira combinação mais comum responsável por surtos, de acordo com dados do CDC- Centers of disease control and prevention.

Como as bactérias contaminaram os pepinos?

O primeiro indício são fezes no campo que podem  contaminar os produtos hortifrutícolas. Animais selvagens no campo podem defecar em plantas em locais de armazenamento, se estes não possuírem as barreiras físicas necessárias para evitar o seu acesso.  Investigadores encontraram fezes humanas e papel higiênico nos campos. As pessoas podem ser portadoras de bactérias Salmonella sem mostrar quaisquer sintomas. Então, fezes humanas pode ter sido uma das causas.

Em segundo lugar, a água de irrigação pode ser contaminada com as bactérias. Grandes confinamentos, ou operações de alimentação de animais concentrados (CAFOs) , criar toneladas de esterco cheia de bactérias patogénicas que podem entrar para a água subterrânea. Quando a água é usada para irrigar os campos agrícolas, pode contaminar frutas e legumes.

Em terceiro lugar, condições insalubres nos galpões de embalagem e canais de distribuição pode contaminar os produtos hortifrutícolas. Se caminhões, contêineres, equipamentos de lavar roupa, correias transportadoras, ou edifícios não possuem projeto  sanitário e  são limpas regularmente com desinfetante, o produto pode ser contaminado. Muitos destes edifícios usados para limpar os produtos pode ser aberto para aves e animais selvagens, que também podem contaminar o produto.

Estas são todas as razões por que é criticamente importante que os consumidores, varejistas e restaurantes adquiram práticas seguras.

Todos os produtos devem ser cuidadosamente lavados com água corrente potável antes de ser preparado ou consumido. Superfícies enrugadas ou ásperas, como melão e espinafre, podem ser difícil de limpar. Cozinhar irá matar as bactérias patogênicas, mas muitos vegetais, na maioria das vezes são consumidos crus e por isto o risco de contaminação é elevado.

 

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Fraude no setor de alimentos – a experiência italiana envolvendo pesquisa e experimentação. Resumo da palestra do Dr Enrico Novelli no IV Workshop Internacional de Food Safety

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Por incrível que pareça, a Europa não possui uma legislação harmonizada do que é fraude – assim, cada estado-membro possui uma legislação própria. Essa foi a frase de abertura da palestra do Dr Erico Noevelli, da Universidade de Pádua, no IV Workshop Internacional de Food Safety em Florianópolis.

A única menção harmonizada encontra-se na Diretiva 178/2002, artigo 8.

A fraude alimentar é deliberadamente colocada no mercado – peixe e carne são os itens com maior número de notificações na RASFF (o sistema europeu de alertas de alimentos e ração animal) de 2008 a 2012.

Problemas documentais são a principal causa de fraude: como importações não autorizadas e documentos fraudulento. Na Itália, vinhos e azeite de oliva são mais sujeitos a controle – o nível de custo relacionado a fraude neste segmento, em 214, foi de mais de 42 milhões de euros.

Fraudes são muito comuns em produtos orgânicos – vinhos orgânicos chegam a ter 10,4% das amostras coletadas com irregularidades.

Com sua rica e milenar tradição alimentar, a Itália possui mais de 400 diferentes proteções de marca para alimentos e bebidas – os PDO (protected designation of origin), PGI (protected geographical indication) e TSG (traditional speciality guaranteed). A cada ano, uma bateria de análises é conduzida para proteger a veracidade destes selos

A fraude de substituição é muito comum em pescado como o bacalhau (substituição do bacalhau nórdico pelo eglefino) e atum.

Outro exemplo de fraude é a rotulagem com os termos “Made in Italy”, quando os produtos são feitos em outros países.

Quais são as principais expectativas do consumidor de alimentos: que seja seguro, que represente o que está rotulado, que seja fresco e preservável como indicado, que tenha boa aparência e sabor, e que não seja caro.

EXEMPLO DE COMBATE A FRAUDE EM PESCADO – PEIXE SELVAGEM

O robalo pode ser selvagem ou cultivado. O cultivado custa 8-15 €/kg e o selvagem 35-50 €/kg. Como distinguir os dois: o peixe cultivado tem maior conteúdo de gordura na cavidade abdominal e na massa muscular, tem um perfil diferente no focinho, cor e brilho diferente das escamas.

Tudo isso é muito útil, mas não determinante, porque varia conforme o clima, tamanho e local de pesca.

Mais precisa é a análise de isótopos estáveis e perfil de de ácidos graxos do tecido muscular. O robalo cultivado tem maior conteúdo de ácido linolênico devido ao consumo de ração. Das amostras testadas no laboratório do Dr Novelli (33), apenas 10 eram de robalo realmente selvagem.

Outro exemplo é a busca por produtos descongelados, rotulados de “frescos”, como peixes, moluscos e crustáceos. A espectroscopia de NIR-visível está sendo desenvolvida para detectar a diferença – e no futuro poderá ser usada tanto em laboratórios quando no campo.

EXEMPLO DE COMBATE A FRAUDE EM LÁCTEOS – PROTEÇÃO DE ORIGEM

A indicação do país de origem, assunto que já foi tratado aqui no blog, deve ser fornecida. No caso da Itália, para leite e queijo a área da ordenha é indicada no rótulo – e uma marca de proteção especifica a área onde as vacas e laticínios estão localizados.

Para detectar fraude neste aspecto, é utilizada a análise de isótopos – do Equador em direção aos polos, a água se torna progressivamente mais leve, tanto para os isótopos de oxigênio quanto de hidrogênio. O18 e H2 são indicadores confiáveis de local de origem quando avaliado regiões no sentido longitudinal (norte-sul).

A Itália produz apenas 50% do leite que é necessário para a indústria e todo o resto é  importado. Pela análise de isótopos, é fácil distinguir dois grandes agrupamentos de leite: o vale Padana e a região mais ao norte, depois dos Alpes (fora da Itália).

No sentido latitudinal (leste-oeste), outros métodos são necessários. O que apresenta maior promessa é a análise de elementos raros como o bismuto.

 

 

Você pode ver os artigos publicados pelo Dr Novelli aqui:

Use of Near-Infrared Spectroscopy for Fast Fraud Detection in Seafood: Application to the Authentication of Wild European Sea Bass (Dicentrarchus labrax)

Analytical employment of stable isotopes of carbon, nitrogen, oxygen and hydrogen for food authentication.

 

Quer ver mais resumos das palestras do IV Workshop Internacional em Food Safety?

O uso da tipagem microbiana como ferramenta para controle de qualidade – Resumo da Palestra do IV Workshop Internacional em Food Safety

Food defense: protecting the global food system from intentional adulteration – Neal Fredrickson

Inocuidade Alimentar, Proteção de Alimentos e Comércio Internacional – visão do MAPA

 

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Como manipular os alimentos de forma segura quando queremos comer ao ar livre?

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Quando imaginamos comer com segurança, logo nos vem em mente um ambiente fechado e isolado de qualquer meio externo. Mas é possível realizarmos uma refeição no campo e/ou praia sem comprometer a segurança dos alimentos.

É importante lembrar que eventos como esses a questão do clima quente é um fator que apresenta oportunidades para os microrganismos causadores de doenças se multiplicarem.

Para proteger sua família e amigos, lembre-se que a segurança se inicia na escolha das matérias primas, preparação e nesses casos a forma de armazenar e transportar é um ponto crítico, que precisa de muita atenção.

Abaixo segue algumas dicas importantes:

– Mantenha os alimentos frios no frio!

Os alimentos congelados e resfriados ao serem transportados devem manter-se nas temperaturas determinadas conforme especificação do fabricante. Para fazer isso deixe o alimento no seu refrigerador até minutos antes de sair de casa. Além disso durante o transporte, mantenha em bolsas térmicas e/ou isopor com gelo ou pacotes em gel congelado. Esse simples método irá manter a carne do seu churrasco segura.

Durante seu evento, mantenha a bolsa térmica ou coolers fechados, isso irá ajudar a manter os alimentos frios, pois não irão perder temperatura.

 

– Higiene de mãos e utensílios

A segurança dos alimentos começa com a higiene das mãos. Antes de começar a manipular seus alimentos, certifique-se que suas mãos e utensílios estão limpos.

Se você não tem acesso a água corrente, leve papel toalha não reciclável, álcool e/ou lenços umedecidos (sem perfume). Isso não eliminará os possíveis microrganismos, mas irá reduzir, pois irá retirar sujidades.

lenco_umedecido

Atenção!

Os alimentos frios devem ser mantidos em suas embalagens térmicas até a hora de servir.

Uma vez servido, não ultrapasse por mais de 1 hora, se isso acontecer descarte!

Os alimentos quentes devem permanecer em recipientes isolados termicamente até o momento de servir, assim como os alimentos frios os mesmos não podem ficar por mais de uma hora em exposição. (Caso tenha a possibilidade de reaquecer, aguardar até atingir 74°C e poderá servi-lo novamente)

 

Previna a famosa Contaminação Cruzada!

Não reutilize placas de corte ou utensílios que foram usados para manipular alimentos crus juntamente com alimentos prontos para consumo. Isso é muito importante quando for em situações onde o cardápio do evento é churrasco.

Além de todas as dicas acima, vale a pena lembrar de cuidar do meio ambiente também! Leve sacos para o descarte do lixo!

Fonte: FDA

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Como fazer atualização em legislação de alimentos

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Toda indústria de alimentos deve cumprir a legislação vigente aplicada aos seus produtos/ processos e isso não é novidade para ninguém, porém a última década intensificou a importância desse assunto para as empresas que buscam certificação, já que normas como ISO 22000 e BRC incluíram tais itens como fatores primordiais para um Sistema de Gestão da Qualidade e Segurança do Alimento eficaz. A partir daí, as políticas de Qualidade passaram a explicitar o cumprimento às normas vigentes e o assunto ganhou mais notoriedade.

Normalmente, médias e grandes empresas possuem cargos ou até setores dedicados a Assuntos Regulatórios, cujas funções consistem, principalmente, em acompanhar novas legislações e consultas públicas, fomentar a discussão com as equipes de segurança do alimento e representar a empresa em reuniões de associações de classe, órgãos reguladores e afins. E como fazem as pequenas empresas que não possuem orçamento para colaboradores dedicados exclusivamente a esse fim?

Entendo que o primeiro passo seja a elaboração de um POP (Procedimento Operacional Padrão) formalizando a sistemática de atualização e controle de legislação.

Tal procedimento deve incluir, no mínimo, tais informações:

1) Definir o responsável pelo acompanhamento e atualização de legislações:

Nesse caso, o ideal é que tal atividade seja atribuída a algum colaborador da área da Qualidade ou Segurança do Alimento que tenha facilidade com pesquisa e Internet.

2) Listar os órgãos reguladores nacionais e internacionais que regulamentam seus produtos, insumos ou processos atrelados aos seus negócios:

Exemplos: ANVISA, Ministério da Agricultura, INMETRO, FDA, JECFA, entre outros. Importante citar também os endereços eletrônicos para acesso.

3) Definir a periodicidade de acesso necessária para cada órgão regulador:

Definir para cada órgão regulador escolhido a periodicidade necessária para a visita ao endereço eletrônico a fim de verificar se houve alguma notícia relevante ou publicação de nova legislação. Exemplo: ANVISA – semanal, INMETRO – mensal, JECFA – semestral (após as reuniões oficiais), etc.

4) Formalizar uma lista-mestre de legislações mais importantes e mantê-la atualizada.

É fundamental que haja uma lista-mestre onde as principais legislações relacionadas à Qualidade e Segurança de seus produtos sejam listadas. Essa relação deve ser revisada periodicamente, sendo que cada legislação deve ser visitada e sua vigência confirmada. Novas legislações devem ser incluídas e legislações obsoletas retiradas da lista à cada revisão.

Se possível, montar também uma relação de PIQ (Padrão de Identidade e Qualidade) de cada insumo, o que permite maior acuracidade na elaboração e/ou aprovação de especificações internas e de clientes.

5) Em caso de exportação, a legislação do país de destino deve ser considerada.

Nesse mesmo POP, é importante manter uma lista de endereços eletrônicos de órgãos reguladores internacionais de países onde seus produtos podem ser destinados. Tal prática facilita a avaliação das normas vigentes em tais países no caso de lotes de exportação.

Exemplos:

 
Órgãos Reguladores Internacionais Endereço Eletrônico
Austrália/ Nova Zelândia www.foodstandards.gov.au

 

É muito importante que toda atividade relacionada a pesquisas, visitas e atualizações sejam registradas pelo responsável e assinadas pelo Supervisor ou Gerente responsável pela área e mantidas arquivadas.

Outra prática interessante é manter visitas periódicas em sites relacionados à Qualidade e Segurança dos Alimentos, como o blog Food Safety Brazil, por exemplo.

Lembrando que ainda há a opção de contratação de empresas terceirizadas especializadas em atualização em legislação, porém a prática interna também é possível e muito saudável para o sistema de Gestão, pois permite o maior envolvimento da equipe nesses assuntos.

Se você ainda não padronizou sua sistemática, mãos à obra! E bom trabalho!

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Contaminação por caixotes de hortifruti

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Quem trabalha em cozinhas comerciais e industriais e também em empresas que têm como matérias-primas legumes, vegetais e frutas in natura têm de lidar com um uma problemática a mais na hora do recebimento de produtos: as caixas onde são entregues os hortifrútis!

Até abril de 2013, a entrada das caixas de madeira – caixas onde a maior parte das frutas, legumes e verduras eram entregues – eram proibidas nas áreas de manipulação, porém, com a publicação da CVS 05 de 09 de abril de 2013 tais caixotes passaram a ser permitidos nas áreas de armazenamento e pré-preparo, desde que as mesmas sejam de uso único e armazenadas em equipamentos dedicados para o armazenamento de produtos em caixas de madeira. Ressalto aqui, que essas caixas de madeira permitidas não são aquelas caixas reaproveitadas e em mau estado de conservação e sim aquelas caixas com bom aspecto e de uso único, ou seja, que não pode ser reaproveitada.

Muitas nutricionistas, engenheiras de alimentos e demais responsáveis pela segurança dos alimentos dos serviços de alimentação continuam a proibir a entrada das caixas de madeira, ideia a qual eu particularmente compartilho, pois dentre outros, há ainda o perigo físico de contaminação dos alimentos pelas farpas de madeira provenientes da caixa.

Porém, mesmo sendo a caixa de recebimento de hortifrúti de material plástico continuamos a ter diversos perigos potenciais, tais como:

  • Sujidades dos caixotes: uma reclamação recorrente aos fornecedores de hortifrúti é quanto à limpeza dos caixotes, em geral, os mesmos são enviados aos serviços de alimentação com terra, areia, poeira e outros resíduos
  • Presença de pragas: eu mesma já vi com meus próprios olhos uma barata saindo do meio das folhas que eram recebidas no caixote de hotifruti e o inseto caiu na escada do restaurante…

Afinal de quem é a responsabilidade pela higienização dos caixotes de hortifruti e pela garantia da integridade do produto? Do fornecedor!

Porém, o estabelecimento que está recebendo o produto também tem sua responsabilidade no controle dos perigos, a começar pela seleção do fornecedor, sabemos o quanto é difícil achar um fornecedor dessa categoria que trabalhe 100% em conformidade, mas considero que a reclamação em especial da higienização dos caixotes ajuda e muito a condicionar os fornecedores a manter os caixotes mais limpos.

Como proposta para solução desse problema recomendo a transferência dos produtos das caixas dos fornecedores para caixotes plásticos internos do estabelecimento ainda na área do recebimento. Assim, garantiríamos que os produtos ficassem em caixotes devidamente higienizados na área do recebimento e que pudessem ir diretamente para a área de pré-preparo, além, de impedir que eventuais pragas fossem levadas acidentalmente para essas áreas.

Sei que essa pratica, porém não é muito fácil devido à falta de funcionários e ao tempo exigido para essa tarefa…

O trabalho então terá de ser em conjunto, entre as cobranças aos fornecedores e a cooperação de seus funcionários para que os riscos inerentes dessas caixas afetem o mínimo possível a segurança do seu produto.

Leia também: Estudos apontam contaminação em caixas plásticas reutilizáveis para produtos frescos

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PALESTRA – “Bacillus cereus. Diversity and Adaptation to Conditions in the Food Chain”

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Título: “Bacillus cereus. Diversity and Adaptation to Conditions in

the Food Chain”

 

Palestrante: Dr Frédéric Carlin

Director des pesquisa, INRA, Avignon, France

Editor Associado – Food Microbiology

Data: 01 de Outubro de 2015

Horário: 11:00-11:30 (palestra) / 11:30-12:00 (perguntas e discussões)

Local: Salão Nobre, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade

Estadual de Campinas.

 

EVENTO GRATUITO

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Que exames devem fazer os manipuladores de alimentos?

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O Ministério do Trabalho, por meio da NR-7, determina a realização do PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, cujo objetivo é prevenir, rastrear e diagnosticar precocemente as doenças relacionadas ao exercício de cada profissão. Cabe ao empregador garantir a elaboração e efetiva implementação do PCMSO, bem como zelar pela sua eficácia. Este controle deve ser realizado por um médico especializado em medicina do trabalho, devendo incluir a realização obrigatória dos exames médicos: admissional, periódico, de retorno ao trabalho, de mudança de função e demissional.

Porém, quando a função está relacionada à manipulação de alimentos, a preocupação vai além da saúde do empregado, ela chega à sanidade dos alimentos. Se o empregado for veículo de microrganismos patogênicos ao alimento, isto pode ser foco de um problema de saúde pública.

Em âmbito nacional, a Portaria SVS/MS nº 326 de 1997, em seu item 7.2, estabelece que as pessoas que mantêm contatos com alimentos devem submeter-se aos exames médicos e laboratoriais que avaliem a sua condição de saúde antes do início de sua atividade e ou periodicamente, após o início das mesmas. O exame médico e laboratorial dos manipuladores deve ser exigido também em outras ocasiões em que houver indicação, por razões clínicas ou epidemiológicas.

A Portaria CVS 5 de 2013, que regulamenta as boas práticas para estabelecimentos comerciais de alimentos no Estado de São Paulo, estabelece que o manipulador de alimentos não deve ser portador aparente ou inaparente de doenças infecciosas ou parasitárias. Exames médicos e laboratoriais devem ser realizados anualmente, mas podem ser reduzidos a critério médico. A comprovação documental da saúde do manipulador de alimentos mediante laudos médicos e laboratoriais estará de acordo com as Normas Regulamentadoras vigentes. Esta mesma portaria determina que não devem manipular alimentos, os funcionários que apresentam patologias ou lesões de pele, mucosas e unhas, feridas ou cortes nas mãos e braços, infecções oculares, pulmonares ou orofaríngeas e infecções/infestações gastrintestinais agudas ou crônicas. O funcionário deverá ser encaminhado para exame médico e tratamento e afastado das atividades de manipulação de alimentos, enquanto persistirem estas condições de saúde. A norma não define quais os exames laboratoriais necessários para o manipulador de alimentos e revoga Portarias anteriores (Portaria CVS n°6 de 1999 e Portaria CVS n°18  de 2008).

Assim, fica a critério do médico a determinação destes exames. Encontramos algumas vertentes de entendimento quanto ao tema. Aqui no Blog Food Safety Brazil, uma colunista já escreveu sobre um relatório antigo da Organização Mundial de Saúde que considerou desnecessária a realização desses exames médicos.

Porém, médicos mais conservadores, diante de sua autoridade para definir os riscos e exames, buscam mais a fundo, inclusive em normas já revogadas, referências de exames. A norma do município de São Paulo, Portaria SMS n° 2535 de 2003 (revogada pela SMS 1210 de 2006 – que também já foi revogada pela SMS 2619 de 2011) no item 6.2, definia no Programa de Saúde que o manipulador deveria ser submetido a exame clínico anual, acompanhado dos exames laboratoriais: hemograma, coprocultura, coproparasitológico, além dos exames exigidos pelo PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (NR 7).

Já a Portaria SMS 2619 de 2011, no item 15.34.1. definia que, adicionalmente ao indicado no PCMSO, deveriam ser realizados, na admissão e no acompanhamento periódico, os exames laboratoriais de coprocultura e coproparasitólogico.

No Guia de Elaboração do Manual de Boas Práticas para Manipulação de Alimentos publicado em 2007 pelo Conselho Regional de Nutricionistas da 4ª Região, no Rio de Janeiro, RJ,  são citados EAS (exame de urina), coproparasitológico, hemograma completo e outros que forem necessários conforme avaliação médica.

Entre alguns sites sugerindo exame de unhas, encontrei um documento do curso de especialização em Medicina do Trabalho, realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina, que lá no ano 2000 sugeria a realização de coprocultura e exame bacteriológico de secreção nasofaríngea, assim como pesquisa de BK (Bacilo de Koch) no escarro ou PCR para o BAAR (bacilo álcool-ácido-resistente), para manipuladores de alimentos.

Vale a pena medir os reais riscos de contaminação dos alimentos, repensar as medidas preventivas e, é claro, os custos de exames periódicos desnecessários.

E você, leitor? Qual seu entendimento?

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ABNT NBR 15635 – Boas Práticas para Serviços de Alimentação

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No último dia 09/09/2015, a ABNT publicou a norma ABNT NBR 15635:2015 (Serviços de alimentação — Requisitos de boas práticas higiênico-sanitárias e controles operacionais essenciais). Esta norma especifica os requisitos de boas práticas e dos controles operacionais essenciais a serem seguidos por estabelecimentos que desejam comprovar e documentar que produzem alimentos em condições higiênico-sanitárias adequadas para o consumo. É destinada para empresas que trabalham com alimentos prontos para o consumo, tais como restaurantes e padarias, sendo mais adequada aos pequenos negócios, que ainda não utilizam uma ferramenta de segurança de alimentos e necessitam qualificar os seus serviços.

A NBR 15635 já existia, e a versão anterior era datada de 2008. A versão 2015 estará válida a partir de 09/10/2015, e pode ser adquirida através do site da ABNT, clicando aqui.

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Perigos em alimentos x processos judiciais

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Falar sobre perigos em alimentos é “chover no molhado” , principalmente para  quem atua na área  e sabe quais são os  perigos químicos  , físicos e biológicos. Mas  estamos evitando estes perigos realmente em nosso processo ?

Posso afirmar que os perigos continuam aparecendo nos mais diversos tipos de alimentos provenientes de empresas grandes, pequenas e multinacionais no formato de processos judiciais.

Os perigos encontrados são dentes, cabelos, fungos, pele de rato, sem contar no não atendimento das especificações solicitadas pela empresa

pelo fornecedor. Uma empresa já perdeu toda sua produção de ovos de Páscoa , porque o boneco que iria como surpresa contaminou com odor e transmitiu ftalatos ao chocolate.

O interessante é que a equipe de gestão da qualidade saiba exatamente identificar a procedência do perigo , o local exato do processo de onde provêm e mostrar todos os testes analíticos realizados para evitar este problema. Apresentam controles em papéis , fichas técnicas no caso de fornecedores , softwares avançados mas o problema aconteceu e o processo foi gerado.

O que mais assusta aos consumidores e o principal argumento nestes processos judiciais são: fui enganado , me senti humilhado , após perceber o perigo, senti fortes dores abdominais , vômitos e diarreia. Neste caso  a maioria das vezes são danos  totalmente psicológicos pois tal perigo citado não causa nada disto.

Como evitar estes processos? Realize uma análise de riscos eficaz e  a dica principal : não subestime  os perigos mais simples e que parecem estar controlados, pois são eles que passam despercebidos e geram os processos judiciais,  e com isto ,a exposição negativa da marca , custos onerosos e desgaste interno.

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Auditoria ou Preenchimento de Questionário In Loco?

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Por Ellen Lopes, Ph.D.

 

Antes de entrar no tema, sou obrigada a recuperar um pouco da história da evolução da qualidade e da segurança de alimentos aqui no Brasil.

Na década de 80 ainda havia muita limitação de bons fornecedores quanto à segurança de alimentos. Vale observar que nesta época não se fazia “auditoria”, e sim “visita técnica”. O relatório demorava cerca de duas semanas para ficar pronto – era datilografado pelas secretárias… Além de avaliar o que deveria ser corrigido (na época não se usava termo “não conformidade” nem o termo “ação corretiva”), os profissionais de grandes empresas de alimentos designados para este trabalho tinham de apontar soluções, e por vezes trabalhar junto com os fornecedores até conseguirem a qualidade e nível de segurança de alimentos exigidos por sua empresa. Na terminologia atual,  faziam verdadeiras “consultorias” grátis (para o fornecedor, mas claro às custas da empresa interessada, já cliente ou não).

De 1992 a 1993, trabalhando no Inmetro, tomei contato com as normas ISO 9000, durante o auge do  PBQP – Programa Brasileiro de Produtividade Qualidade, que havia sido lançado em 1990 pelo Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento.

Enquanto muitos profissionais da área ainda não acreditavam que as normas da série ISO 9000 eram aplicáveis a alimentos, eu, fundamentada no aprendizado adquirido no Inmetro, o Organismo de Acreditação por excelência do Brasil, tinha não só a convicção como a certeza disso, e entendia que eu tinha a missão de ajudar a divulgar esta ideia. Comecei a procurar interlocutores, como foi o caso do então Diretor Técnico da ABIA, que ainda então descrente, me convidou para um Seminário onde o tema foi discutido.

Como parte desta missão me credenciei como auditor líder de ISO 9000 com a QMI – Quality Management International, da Inglaterra, em parceria com a Fundação Vanzolini. Fui a primeira auditora líder a trabalhar na Vanzolini com auditorias no segmento alimentos, e lá sempre exigíamos que a ISO 9000 fosse integrada com a segurança de alimentos, filosofia que nem sempre era seguida por várias outras certificadoras…

Já na Food Design, em 1999 fomos aprovados pela Nestlé para realizar auditorias do seu sistema de Certificação de Fornecedores, tendo trabalhado com praticamente toda a gama de matérias primas e co-manufacturings da empresa. Tempo média das auditorias: 2 a 3 dias in loco, mais média de 2 dias para relatório.

Em 2005 fui aos Estados Unidos para conquistar a certificação de auditor líder do sistema FPA/ SAFE, (mais trade chamado de GMA SAFE) o sistema de auditoria de alimentos mais profundo, melhor formatado para gestão da qualidade e segurança de alimentos que conheci.

Com meus mestres aprendi que auditoria exige a realização de muitos “checks”, challenges e avaliações críticas. No sistema GMA-SAFE estes “checks”, challenges e avaliações críticas não podiam ser “bypassados” pelo auditor, porque havia um rigoroso sistema de revisão e de pontuação do auditor, vinculado inclusive a sua remuneração. E apenas como referência, o padrão de tempo de auditoria era de no mínimo de 4 dias para a auditoria considerada padrão.

Depois vieram as normas IFS, BRC e FSSC 22000. E veio o GFSI – Global Food Safety Initiative.

Todo este cenário e evolução teve certamente um lado benéfico, induzindo muitas empresas a aprofundarem o nível de exigência em segurança de alimentos, para sua própria produção e ou para seus fornecedores.

Mas, paralelamente a tudo isso, assiste-se ao surgimento de um lado maléfico: há uma verdadeira “guerra” de preços, de um lado imposta pelos clientes,  e por outro lado, pela concorrência cada vez mais acirrada entre as empresas, certificadoras ou não.

Há uma diminuição da senioridade das equipes de auditores e dos gestores de muitas empresas.

Consequência ou não, percebe-se aumento do número de auditorias para qualificação de fornecedores com tempo e ou qualidade insuficiente para uma “real” auditoria.

Posso afirmar, com base em troca de experiência com outros consultores e ou através dos olhos e relatos de nossos clientes, que há um aumento de não conformidades descabidas, com interpretações “ao pé da letra”, que por vezes não têm fundamentação nem em normas nem em legislação, que não resultam em agregação de valor quanto à segurança de alimentos.

E  pior, estas  não conformidades descabidas podem levar a uma desagregação de valor, já que muitas vezes não são questionadas e muito tempo e dinheiro pode ser perdido em fazer/ refazer árvores decisórias, classificar/ reclassificar PCCs e PPROs etc etc etc.

 Finalizando este artigo,   gostaria de  alertar os profissionais que hoje coordenam sistemas de gestão da segurança de alimentos para que reflitam que estas más práticas de auditoria podem colocar em risco,  não só o bem maior que é a saúde dos consumidores, como o nome de sua empresa, seu próprio nome e sua credibilidade como profissional . Isso sem falar do risco de processo crime como co-responsável em caso de real agressão à saúde do consumidor.

Para o bem maior da segurança de alimentos, proponho como há empresas no mercado para as quais este tipo de trabalho vem sendo considerado útil, que mudemos o nome de “auditoria” para algum outro nome mais representativo do que de fato é oferecido, tipo “Preenchimento de questionário in loco”, para que não se venda e não se compre gato por lebre.

 

 

 

Fonte da imagem IMG Residency

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Não cozinhe seus alimentos com pano multiuso!

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No episódio 13 do Masterchef Brasil 2 o participante Lucas, estudante de Engenharia de Produção, causou arrepios nos profissionais da área de alimentos, mas também em donas de casa, amantes da cozinha e até mesmo leigos…

O participante utilizou um pano de cozinha descartável para fazer um “saquinho” para separar os ossos de uma carne ao cozinha-la.

Os chefes ainda o questionaram, mas ele disse:

“O pano não tem gosto, é estéril.”
A chef Paola Carosella ainda rebateu “E a tinta?”
“A tinta também não sai”
“Tem certeza?”
“Tenho!”

Bem essa resposta não convenceu muito os telespectadores que viram um tom azulado dentro da panela…

Além da tinta, que SIM soltou do pano, temos um problema tão perigoso quanto: panos desse tipo possuem desinfetante em sua composição química! Os panos possuem ação desinfetante conferida geralmente pelo componente bacteriostático Triclosan.

Ou seja, o Lucas cozinhou com pano, desinfetante e tinta!

E não o pano não é estéril… Pois ser estéril é diferente de ser bacteriostático…

Então fica nossa dica: não cozinhe usando panos! Nem os descartáveis, nem os de algodão, pois esses últimos além de também não serem estéreis, soltam pelinhos e são grandes fontes de contaminação em cozinhas pois nunca conseguimos os higienizar completamente (veja a foto do crescimento bacteriano em um pano de algodão usado em uma cozinha), além de seu uso ser proibido pelas legislações vigentes em superfícies que entrem em contato direto com os alimentos, e consequentemente proibido no contato direto com o alimento.

Sempre recomendamos que nossos clientes também não utilizem o pano descartável colorido para cobrir alimentos – sim, essa prática é muito comum um restaurantes japoneses onde o pano é usado para cobrir o arroz que fará o sushi (shari) e em pastelarias para separar as camadas de pastéis evitando que um grude no outro. Para esses procedimentos recomendamos que os alimentos sejam protegidos por plástico filme especifico para uso em alimentos. Ou que panos descartáveis sem o desinfetante em sua composição química e da cor branca seja usado.

Ressaltamos que o agente desinfetante dos panos descartáveis para uso em superfícies e equipamentos é de grande valia para o controle da multiplicação microbiana. Apenas não o utilize diretamente em seu alimento, senão, a contaminação com certeza ocorrerá mas por agentes químicos!

pano_antibacteriano

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto que mostra que o pano descartável contém agente desinfetante

pano_placa_petri

 

 

 

 

 

 

 

Foto de uma placa de Petri demonstrando o crescimento microbiano de um pano de algodão usado em cozinhas

 

Assista o vídeo do Lucas cozinhando o pano descartável.

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A vez do “frango verde”

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Atualmente, a palavra de ordem do setor de produção de alimentos por todo o mundo é: segurança. Neste universo, os produtos naturais deixaram de meros “figurantes” e cada vez mais “abocanham” a preferência dos consumidores exigentes, quando o assunto é: o que se põe à mesa. Esta tendência, segundos especialistas, partiu lá na Europa e hoje se alastra por todos os países, inclusive no Brasil.

Preocupados, os consumidores exigiram a garantia da qualidade dos produtos que retiravam das gôndolas dos supermercados, e os produtores buscaram uma filosofia de absoluto e total respeito à natureza e ao ser humano. E juntos, eles encontraram alternativas viáveis, buscando o mercado da agricultura natural. Diferentemente de alguns anos, hoje é possível encontrar sim, alimentos naturais para montar os mais variados cardápios. Frutas, verduras, legumes, ovos, sucos e até mesmo vinhos, são hoje produzidos em larga escala para atender uma demanda cada vez maior (revista rural, 2014). As fazendas orgânicas estão se tornando uma fonte cada vez mais popular de produção de alimentos na Europa. Existe, porém, um grau variado de sistemas de produção de aves que inclui além dos orgânicos outros não industriais como os “free range” (produção agro ecológica, 2010).

 

Manejo Redobrado

Na criação de frangos verde, a conversão alimentar é muito importante. Na recepção do milho, por exemplo, a máquina de limpeza deve separar, eventuais grãos de milho quebrados, e outras impurezas antes do armazenamento pois estes resíduos aumenta a probabilidade de contaminação por micotoxinas, que deprimem o sistema imunológico do plantel. A dieta das aves é complementada com vitaminas e mineral, mas não inclui ingredientes de origem animal.

 

No lugar dos antibióticos e dos promotores de crescimento (que, na verdade, também são antibióticos), os frangos recebem os probióticos. Os primeiros são fornecidos às aves para eliminar bactérias patogênicas, mas podem destruir as bactérias que atuam em sua defesa ou ainda favorecer o aparecimento de organismos resistentes a esses mesmos produtos. Os probióticos, por sua vez, agem de forma diversa: microorganismos “do bem” (como, por exemplo, os lactobacilos), eles são ministrados às aves para colonizar seu trato intestinal, e assim combater os agentes nocivos.

Os quimioterápicos como os anticoccidianos também ficam de fora do manejo do frango. A c occidiose, causada pelo protozoário eiméria, é uma das mais graves doenças que podem afetar as criações de frango, provocando diarréias tão severas que às vezes se tornam hemorrágicas. As aves produzidas pelo método verde recebem, em vez de anticoccidianos (que são similares a antibióticos), uma vacina contra a coccidiose. Além dessa vacina, as aves recebem imunização contra as doenças de Gumboro e Marek (revista rural, 2014).

Para os produtos destinados ao mercado interno, as normas permitem que a certificação seja efetuada por instituições que na sua estrutura interna possuam uma comissão técnica e um conselho de certificação, mas que podem prestar assistência técnica aos produtores que estejam pleiteando a certificação agroecológica/orgânica, não sendo permitido que as certificadoras comercializem produtos e insumos, o que permitirá que as atuais organizações não governamentais que prestam assessoria técnica a grupos de agricultores orgânicos sejam transformadas em instituições certificadoras.

 

Referências.

  1. http://www.revistarural.com.br/edicoes/item/5929-a-vez-do-frango-verde, acessado em 10 de Agosto de 2015.
  2. http://frangoc.blogspot.com.br/2010/04/producao-agroecologica-de-frangos-de.html, acessado em 09 de Agosto de 2015.

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Batata geneticamente modificada, que não escurece e produz menos acrilamida, é liberada nos EUA

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No dia 2 de setembro último, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos liberou a produção das chamadas batatas “Innate” ou inatas. Estas batatas foram desenvolvidas pela empresa Simplot com a promessa de não escurecerem e ainda produzirem níveis mais baixos de acrilamida quando submetidas a altas temperaturas. Em março de 2015, o FDA concluiu que esta batata geneticamente modificada era segura para o consumo.

O não escurecimento destas batatas foi obtido pela redução dos níveis das enzimas envolvidas nas reações de escurecimento. Já a redução da produção de acrilamida se deve à diminuição dos teores do aminoácido asparagina e dos açúcares redutores. A acrilamida é um composto formado em certos alimentos pela combinação de proteínas, açúcares redutores e altas temperaturas (maiores que 120°C, como frituras, por exemplo) e é considerado carcinogênico para roedores (mais detalhes aqui).

A Simplot alega que a batata Innate, quando submetida a altas temperaturas, produz entre 50% e 75% menos acrilamida que as convencionais. A denominação Innate é porque os genes introduzidos na batata são fragmentos de DNA da própria espécie capazes de silenciar outros genes. Não foram introduzidos genes de outras espécies de plantas ou de microrganismos.

Um dado interessante é que a Simplot é uma das principais fornecedoras de batata para a rede McDonald’s e a pergunta imediata que se faz é: a rede McDonald’s vai usar batatas geneticamente modificadas?

Além disso, nos EUA, ativistas pela causa da segurança de alimentos lutam há anos pela criação de leis que obriguem os produtores a informar nas embalagens se os alimentos são transgênicos ou se contêm substâncias transgênicas. O FDA não julga que seja necessário rotular os transgênicos. Provavelmente, a nova batata vai reacender esta polêmica.

Leia também: 

Salmão geneticamente modificado, duas vezes maior que o tradicional, é aprovado nos EUA

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Microrganismos indicadores: eles servem para aquilo que você precisa?

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No dia 17/09 , das 9h00-18h00, Maria Teresa Destro irá ministrar o treinamento:

Microrganismos indicadores: eles servem para aquilo que você precisa?

Local: Hotel Quality Suits Long Stay.  São Paulo, SP

Informações e inscrições:

marcus-vinicius.santos@biomerieux.com f. 21 24441333

 

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Como passar em uma auditoria? – Parte II

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Recentemente publiquei uma matéria sobre como passar em uma auditoria de certificação. Como já sabemos, não há uma fórmula mágica, mas quais seriam as decisões práticas que precisamos tomar / articular para poder ter uma auditoria o mais tranquila possível?

 1 – Prazos

 Vamos começar pensando em prazo de auditoria de certificação. A organização já definiu o prazo limite? Muitas vezes este prazo está atrelado a algum objetivo da organização (como realizar naquele ano calendário ou ano fiscal…. ou num determinado semestre daquele ano, por exemplo).

 Se este for o caso, em primeiro lugar certifique-se de que o organismo certificador tem disponibilidade de agenda para cumprir este prazo. É comum que o último trimestre do ano seja bem disputado. Muitas empresas definem as metas anuais já considerando a certificação, o que deixa as agendas dos organismos certificadores e dos auditores bem disputada.

 

A partir daí, pense em fazer uma contagem regressiva. Se a data já está definida (ou a semana), considere realizar a auditoria interna com no mínimo 3 a 4 meses de antecedência desta data. Assim a equipe terá tempo hábil para tratar os possíveis desvios identificados na auditoria interna antes da auditoria de certificação.

 

Aqui cabem uns parênteses para as ações que necessitam de investimentos. Estas precisam ser mapeadas com muito mais antecedência, pois precisam ser planejadas. Algumas vezes pequenos investimentos são possíveis de realizar em pouco tempo, mas conte com imprevistos. Eles podem acontecer (e em geral acontecem e podem comprometer o prazo inicialmente planejado).

 2 – Auditoria Interna

 Uma boa auditoria interna serve tanto para identificar as oportunidades do SGSA quanto para fazer um simulado com a equipe que será auditada durante o processo de certificação.

 Esta é a etapa de sermos muito verdadeiros. Qualquer oportunidade que vier a ser identificada nesta fase pode ser tratada sem que tenham surpresas desagradáveis envolvidas. Isto não significa que eliminamos o risco de uma não conformidade. Mas há grandes chances de que as falhas significativas (potenciais não conformidades maiores) sejam vistas nesta etapa.

 A auditoria interna pode ser realizada pela equipe interna ou por uma consultoria especializada. Pontos importantes na seleção da opção:

 Equipe interna: garanta que a equipe consiga avaliar os requisitos na profundidade adequada para verificar a conformidade das exigências em cada item da norma. Tanto na parte documental quanto na parte estrutural e registros. É comum que auditores internos sem experiência naveguem de forma superficial nos requisitos e não consigam avaliar adequadamente o atendimento ou em algumas situações não perceber que há uma falha sistêmica no assunto avaliado;

  • Consultoria especializada: a consultoria deve ser especializada em sistema de gestão de segurança de alimentos. Apesar de as normas acreditadas terem muitos assuntos “comuns”, é fundamental que a auditoria seja realizada por especialistas para avaliar adequadamente o levantamento de perigos, as medidas de controle, os pré-requisitos, etc.. Então peça referências, se for o caso converse com outros clientes da consultoria, avalie o curriculum do auditor que será designado para o trabalho.

 3 – Pós Auditoria Interna

 Bom….. depois da auditoria interna vem a etapa de “mão na massa”…. claro que as equipes já estavam trabalhando para a implementação do SGSA, e principalmente a equipe de segurança de alimentos (ESA), mas agora é aquele “gás final”…. kkkk.

 Elaborar planos de ação consistentes nesta fase é imprescindível para que os GAPs sejam eliminados e que a auditoria externa seja mais tranquila. Caprichem nas investigações de causa, na elaboração dos planos de ação e seja consciente com os prazos para execução das ações. As ações devem ser executadas antes da auditoria externa (ou a maioria delas).

 4 – Pré Auditoria Externa

 É comum que os auditados fiquem nervosos durante a auditoria externa. Então vale a pena pensar em fazer um exercício adicional à auditoria interna. Esta não é uma etapa obrigatória, aqui o intuito é fazer com que os auditados sintam-se um pouco mais confiantes para a auditoria externa. Isso pode se aplicar à ESA, ao pessoal diretamente envolvido nas principais operações do processo produtivo, às pessoas responsáveis pelo controle de PCCs, terceiros e prestadores de serviço chave da organização (equipe de limpeza, por exemplo), entre outros.

 Também é viável criar uma lista de verificação dos pontos críticos que estão em andamento para um acompanhamento periódico (semanal, e perto da auditoria pode-se pensar em fazê-lo a cada dois dias). Nesta lista considerem as ações de tarefas que estavam em andamento durante a implementação do SGSA, acompanhamento final das obras de infraestrutura que ainda estiverem em andamento, ações derivadas dos planos de ações corretivas da auditoria interna.

 5 – Auditoria Externa

 Como falamos lá no começo é importante garantir a agenda da auditoria externa com certa antecedência.  

 A auditoria de certificação é composta de duas fases. Na primeira é basicamente uma avaliação da documentação da organização, uma avaliação prévia das instalações, mas pouco se deve exercitar os controles operacionais ou entrevistas com a operação como um todo. O objetivo aqui é avaliar o requisito 7 da ISO22000:2006 basicamente. Outros pontos podem ser verificados, mas de forma um pouco mais superficial.

 Se for o caso, na fase I pode-se recomendar postergar a auditoria fase II. Dependendo das oportunidades e complexidades encontradas neste momento.

 Na fase II será acompanhado o desdobramento dos planos de ação identificados na fase I e uma avaliação mais profunda de todos os requisitos da norma, entrevistas com colaboradores, visitas às áreas, avaliação da documentação, etc.

 Auditorias de recertificação contemplam somente a fase II, pois se entende que a avaliação da documentação ocorreu na certificação e ao longo das auditorias de manutenção do ciclo de 3 anos.

  6 – O resultado e o pós-auditoria externa

 O resultado da auditoria externa é mensurado em “recomendado” ou “não recomendado”. A recomendação não depende do número de não conformidades identificadas, e sim da complexidade destas não conformidades (observações, não conformidades menores ou não conformidades maiores).

 Na fase final da auditoria externa, os planos de ação das não conformidades já devem estar estabelecidos, com suas devidas análises de causa feitas.

 Bem…. não é uma fórmula mágica, mas é quase uma receitinha de bolo…. Então agora é só por pra assar…..

 

 

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Falhas na interpretação de laudos de análises de água e alimentos

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A interpretação e avaliação de laudos de análises nem sempre é realizado como deveria. Um laudo de análise cujos resultados são expressos erroneamente, dentre outras falhas, pode conduzir a uma decisão errada para ajuste de processo o que pode gerar perdas financeiras ou a uma situação de não conformidades em auditorias de certificações.

Já me deparei com laudo terceirizado de água expresso da seguinte forma; coliformes/mL  quando o correto seria coliformes/100mL ou a amostra era sólida e a análise microbiológica foi expressa como UFC/mL ou seja houve erros na expressão da unidade de medida. Parece um erro sem significância, mas reflete que provavelmente não houve uma análise crítica antes da emissão do laudo para o cliente e outros erros podem ter passado despercebidos.

Outra situação já visualizada é quando o solicitante das análises terceirizadas não tendo especificado exatamente as análises necessárias ao Laboratório terceirizado e este, talvez por não ter equipe técnica com conhecimento adequado sobre a legislação pertinente, decide incluir análises desnecessárias.  Por exemplo; em análise de potabilidade de água incluir análises de Pseudomonas e Enterobactérias quando a Portaria 2914/2011 exige apenas Escherichia coli , sendo que no caso de sistema de distribuição deve ser acrescida a análise de bactérias heterotróficas e coliformes totais . Este fato gera um custo adicional desnecessário ao solicitante das análises.  Por isso, é importante o gestor responsável da qualidade conhecer bem a legislação e solicitar ao laboratório terceirizado um orçamento descrevendo exatamente quais análises necessita.

Laudos de análises sejam do tipo física, química ou microbiológica, requerem a sua validação   através de uma análise crítica de cada resultado de todos os parâmetros analisados, confrontando com o limite máximo aceitável segundo a legislação. Ao final, é interessante que o gestor responsável pela validação assine e date ou carimbe como validado.

E mesmo que no laudo terceirizado tenha incluso uma interpretação dos resultados de conformidade ou não conformidade, este fato não exime o gestor responsável de realizar a validação.

Importante também ficar atento a resultados muito acima do esperado. Neste caso deve-se contatar diretamente o laboratório terceirizado para fazerem uma rastreabilidade no processo analítico e avaliar se houve algum desvio e/ou solicitar uma reanálise antes de tomar uma decisão sobre a ação corretiva no processo de sua empresa.

Para maior confiabilidade nos resultados de análises terceirizadas é recomendável selecionar laboratórios que sejam acreditados na ISO 17025 ou que comprovem que tenham um sistema de gestão de laboratório baseado nos requisitos da ISO 17025.

Autora: Ana Oliveira

Engenheira de Alimentos (UFC)- Consultora e auditora na FSSC 22000, BRC Global para segurança de alimentos; ISO 22000; ISO 9001 e ISO 17025.. Experiência de mais de 28 anos na Gestão da Qualidade e Segurança de Alimentos das fábricas de massas e biscoitos, gorduras e margarinas da região Nordeste do Grupo M. Dias Branco, atuando  especificamente em  Garantia e Controle da Qualidade; Coordenação das Certificações ISO 22000, HACCP, Boas Práticas de Fabricação, Gestão de Meio Ambiente, Normas Legais  e Programas de Satisfação de Clientes e Consumidores (SAC).

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XIV Seminário ABRAPA e 14o Prêmio Food Design

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No dia 16 de setembro de 2015, das 8h00 às 16h40, acontecerá no Auditório Faculdade de Ciências Farmacêuticas – USP o:

XIV Seminário Internacional ABRAPA de Segurança de Alimentos e o 14o Seminário Internacional Food Design.

Os temas do programa serão:

Recepção e credenciamento –

Planejamento estratégico com foco em Food Safety. Kelly Carvalho (Cargill)

O GFSI (Global Food Safety Iniative) e o acesso aos mercados. Ellen Lopes (Food Design)

Contaminantes químicos em alimentos: uma visão mundial. Leandro Reis (Eurofins)

Micotoxinas: papel para a exportação e o mercado interno brasileiro. Marta Taniwaki (ITAL)

The applicaAon of risk modelling to solve practical food safety problems Donald Shaffner (Rutgers)

RDC 12 e os padrões microbiológicos para alimentos no Brasil: situação atual Ligia Schreiner (ANVISA)

Espectrometria de massa: mais do que uma ferramenta para pesquisa Maria Teresa Destro STEC e

E.coli O157: desafios para o Brasil Mariza Landgraf (USP)

Aplicação da imunoseparação magnética combinada a PCR-RT para detecção de STEC Luis da Costa (BioControl)

14º Prêmio Food Design Internacional Regulamento

 

 

Para maiores informações e inscrições, clique aqui.

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Lanches escolares – dicas de segurança para pais e cuidadores

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Assim como para qualquer outro alimento, devemos ter muito cuidado com o preparo e armazenamento do lanche das crianças.

As bactérias que causam doenças transmitidas por alimentos (chamadas de intoxicações ou infecções alimentares, conforme o caso) estão presentes por toda parte e crescem rapidamente em temperaturas entre 5 e 60°C. Em apenas duas horas, esses microrganismos podem se multiplicar e atingir níveis perigosos, podendo causar doenças. Para certificar-se de que os lanches estão seguros, podemos seguir os quatro passos usados para garantir a segurança dos alimentos:

1-Higienização correta;

2-Separação dos alimentos;

3-Embalagens ideais para cada tipo de alimento;

4-Temperatura.

*Dicas de Embalagens seguras:     

  • Se o lanche contém alimentos perecíveis como carnes, ovos, queijos e iogurtes, é preciso embalá-los em recipientes térmicos e com gelo, pois bactérias nocivas se multiplicam rapidamente, podendo estragar esses produtos até a hora do lanche.
  • Se o lanche for quente, como sopas, cozidos, etc, deve-se usar um recipiente térmico para manter os alimentos aquecidos. Neste caso, deve-se orientar as crianças ou cuidadores para manter a embalagem fechada até a hora do lanche, evitando a queda de temperatura.
  • Se o lanche for preparado na noite anterior, os pais devem deixá-lo na geladeira durante toda a noite. E só deve ser retirado na hora de colocar na lancheira, evitando assim o risco de estragar.

*Dicas de Armazenamento:

  • Se possível, o lanche das crianças deve ser armazenado em geladeira ou refrigerador, assim que elas chegarem na creche ou na escola.
  • É preciso sempre deixar a tampa da lancheira ou bolsa térmica aberta na geladeira para que o ar frio possa circular melhor e manter a comida fria.

*Cuidados para eliminação de contaminantes antes do lanche:

As crianças devem ser educadas para sempre lavar as mãos antes e depois das refeições.

Após o lanche, deve-se descartar todos os restos de comida, embalagens e sacos de papel utilizados para o armazenamento.

Não reutilize embalagens descartáveis, para evitar contaminação cruzada com outros alimentos, causando doenças alimentares.

Fonte: http://www.usda.gov

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As Micotoxinas e as técnicas para controle, redução ou eliminação

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No post passado quando abordei a questão das Micotoxinas e a possibilidade de uso de grãos contaminados diluídos com grãos não contaminados, terminei o texto deixando um link para visitação.

Neste mês, sem querer me alongar e nem parecer repetitivo, vou abordar as formas de controle existentes nos dias de hoje, embora a grande maioria não esteja ainda validada.

A melhor das formas ainda é a seleção eletrônica. Hoje, os grãos passam por processo de seleção por colorimetria. Assim, os grãos que podem potencialmente estar contaminados, são descartados de acordo com padrões preestabelecidos armazenados nas memórias dos equipamentos.

Hoje, existem equipamentos de seleção eletrônica a laser que se mostram mais eficientes nesta função, tanto é que na Europa, dependendo do valor detectado, o lote pode ser processado (com autorização prévia) em unidades que possuem este equipamento para a redução do valor das Aflatoxinas. É claro que a validação é feita através de análises por HPLC com no mínimo duas leituras para garantir que os limites máximos de tolerância estejam sendo obedecidos.

Como em todos os processos analíticos, a etapa de amostragem é fundamental. Estudos estatísticos realizados pela University of Georgia, EUA (www.uga.edu) demonstram que, no caso das micotoxinas, cerca de noventa e oito por cento de um resultado está associado aos processos de amostragem e preparação da amostra em laboratório. Sendo oitenta por cento a amostragem e dezoito por cento a preparação. Então, além de um bom processo amostral, o que garante um resultado confiável é uma massa homogênea dos grãos moídos. Equipamentos para isto existem de vários modelos.

Com relação à eliminação das micotoxinas, existem algumas técnicas em desenvolvimento em institutos de pesquisa. Nos Estados Unidos há diversas publicações a respeito do uso do Ozônio como redutor. Os resultados obtidos são bons, mas apenas para lotes com valores de contaminação de até 10,0 ppb.

No Brasil, uma start up nascida a partir de pesquisas realizadas na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) em Piracicaba, está iniciando um trabalho neste sentido utilizando Etanol Anidro. Informações obtidas parcialmente indicam que para o Milho e a Soja a técnica pode funcionar bem. Para o Amendoim os testes estão apenas começando.

Assim que tivermos novidades, nós a traremos para vocês.

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