2 min leitura
0

Ciguatoxina, o perigo de consumir peixes de coral

2 min leitura

Quem gosta de peixes de coral, como garoupas e pargos, deve ficar atento. Recentemente a Alemanha confirmou seu primeiro surto de intoxicação por ciguatoxina proveniente de peixes. O surto ocorreu no final de 2012 e foi causado por filés de pargo, que um importador alemão trouxe de uma distribuidora indiana. As autoridades alemãs notificaram um total de 14 pessoas envolvidas, sem vítimas fatais.

A demora na confirmação da causa do surto deveu-se à dificuldade em identificar a ciguatoxina, pela inexistência de um método oficial padronizado e porque a intoxicação se dá em concentrações extremamente baixas. Além disso, são conhecidas diferentes estruturas químicas das ciguatoxinas, que variam com o local de origem.

Segundo os cientistas alemães, até recentemente este tipo de intoxicação estava restrito a certas regiões do mundo, próximas aos grandes recifes de corais. Com o aumento do comércio mundial de peixes exóticos tropicais e subtropicais, espera-se um aumento na incidência deste tipo de intoxicação.

Origem e Sintomas

A ciguatoxina é produzida por várias espécies de dinoflagelados, pequenos organismos do plâncton marinho, presentes nos recifes de coral do Caribe e dos Oceanos Índico e Pacífico. A fonte mais comum de ciguatoxina é a espécie Gambierdiscus toxicus. Estas algas são consumidas por muitas espécies de peixes e, ao longo da cadeia alimentar, a ciguatoxina vai se acumulando nos tecidos dos animais marinhos. Os animais mais próximos do topo da cadeia, como as garoupas e os chamados peixes de coral, tendem a acumular maiores quantidades da toxina, em razão dos processos de bioacumulação e biomagnificação.

Os sintomas iniciais da intoxicação por ciguatoxina incluem náuseas, vômitos e diarreia. A maioria das vítimas também relata outras sensações desagradáveis, como queimação, formigamento e dor em contato com o frio. Perda de sensibilidade nas mãos e nos pés, fraqueza e dor muscular, ondas de calor e de frio também podem ocorrer. As perturbações raramente são fatais, mas podem persistir por meses.

É possível identificar, pelo aspecto, os peixes com ciguatoxina?

A ciguatoxina, em regra, acumula-se na cabeça, pele, vísceras e nos órgãos reprodutores dos peixes, sem, porém, causar quaisquer sintomas ou tornar os peixes doentes. Por isso um peixe tóxico não pode ser identificado pelo seu aspecto, odor ou textura da sua carne.

A ciguatoxina não é degradada pelo calor, de forma que os métodos tradicionais para o preparo de peixes e frutos do mar não são capazes de inativá-la. Por precaução, evite consumir grandes quantidades de peixes de coral de uma só vez (como garoupas, meros, dentões, ciobas, pargos), e não coma a cabeça, pele, vísceras e ovas destes peixes, partes em que a toxina se concentra. Ao consumir peixes de coral, evite o consumo de bebidas alcoólicas, nozes ou feijão, pois estes alimentos tendem a agravar os sintomas de intoxicação alimentar.

Leia também:

Top 5: Sorotipos de Salmonella relacionados a surtos alimentares

Alimentos “politicamente seguros”: arsênio, agrotóxicos e mais

A cafeína no banco dos réus

Imagem: CEAGESP

2 min leituraQuem gosta de peixes de coral, como garoupas e pargos, deve ficar atento. Recentemente a Alemanha confirmou seu primeiro surto de intoxicação por ciguatoxina proveniente de peixes. O surto ocorreu […]

2 min leitura
0

Teste mostra que a maioria do mel comercializado nos EUA não pode ser classificado como mel

2 min leitura

 Fraude alimentar: Teste mostra que a maioria do mel comercializado nos EUA não pode ser classificado como mel

Mais de três quartos do mel vendido em supermercados norte-americanos não são exatamente o que as abelhas produzem, de acordo com o teste realizado para o site www.foodsafetynews.com em 2011.

 O site Food Safety News decidiu testar o mel comercializado nos EUA após encontrar no mercado americano mel indiano anteriormente proibido de ser comercializado na Europa por ter sido considerado inseguro devido a presença de antibióticos, metais pesados e pela ausência de pólen que impediu rastreamento de sua origem.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, sem a presença do pólen não há maneira de determinar se o mel veio de fonte legítima e segura.

 Nos EUA, a Food and Drug Administration (FDA) estabelece que qualquer produto que tem sido ultrafiltrado e não contém pólen não pode ser considerado mel.  Já a diretiva da União Europeia sobre mel estabelece que a remoção de pólen vai tornar impossível a determinação da origem botânica e geográfica do mel, impossibilitando a capacidade de rastrear e identificar a origem real do mel.

  Os testes realizados no estudo citado mostram que o pólen tem sido frequentemente filtrado de produtos rotulados como “mel”. A ultrafiltração é um procedimento de alta tecnologia, onde o mel é aquecido, por vezes diluído e, em seguida, filtrado a alta pressão. Esta técnica foi refinada pelos chineses, que têm despejado ilegalmente toneladas de mel no mercado dos EUA durante anos.

O mel chinês tem uma má reputação nos EUA e em 2001 a Comissão Federal de Comércio impôs tarifas de importação ou impostos para impedir a entrada maciça no mercado americano de um mel baratíssimo e de qualidade questionável.

Para evitar as tarifas de dumping, os chineses começaram a utilizar países intermediários para comercializar o mel.

 Análises de amostras de mel importado pelos EUA, sem origem real conhecida,  indicaram a presença de diluição do mel com xarope de milho, adoçantes e presença de antibióticos não aprovados, podendo representar além de uma fraude alimentar, um risco à saúde dos consumidores.

No estudo, foram analisados 60 amostras de 10 estados americanos, além do Distrito de Columbia encontrando os seguintes resultados:

• 76 por cento das amostras compradas em supermercados tinham todo o pólen retirado.
• 100 por cento das amostras do mel compradas em farmácias não continham pólen.
• 77 por cento das amostras compradas em grandes lojas de varejo tiveram o pólen filtrado.
• 100 por cento das amostras embaladas em porções individuais (blisters) não continham pólen.

 Fabricantes de mel quando questionados relataram que a filtração ocorre devido a fatores como:

  • Maior aceitação do produto pelos consumidores
  • Maior vida de prateleira do produto processado.

 Apicultores, no entanto, afirmam que o processo de filtração tradicional é suficiente para reter partes de abelha, cera, detritos das colméias e outros contaminantes visíveis, sem retirar o pólen.

 O padrão da comissão do Codex alimentarius para Mel recomenda que o tamanho de malha do elemento filtrante não seja menor do que 0,2 milímetro ou 200 micra, tamanho considerado suficiente para filtrar detritos indesejados, mas que mantêm  cerca de 95 % do total do pólen.

 Os produtores de mel afirmam ainda que o único objetivo da ultrafiltração ocorrer é a remoção do pólen e com isso impedir a identificação da sua origem.

No Brasil, a IN 11/2000 e o regulamento MERCOSUL/GMC/RES. Nº 56/99, não há definição de mel ultrafiltrado, somente escorrido, prensado e filtrado.

2 min leitura Fraude alimentar: Teste mostra que a maioria do mel comercializado nos EUA não pode ser classificado como mel Mais de três quartos do mel vendido em supermercados norte-americanos não são […]

2 min leitura
0

Ainda se morre na Europa devido a doenças de origem alimentar?

2 min leitura

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças de origem alimentar causam diarreia, dores abdominais, vómitos e desidratação, o que dificulta ou impossibilita o seu diagnóstico exclusivamente através destes sintomas comuns, uma vez que estes se confundem com os sintomas de doenças de origem não alimentar, podendo conduzir a diagnósticos incorretos (WHO, 2002). Nos países mais industrializados estima-se que cerca de uma em cada três pessoas sofra, por ano, de uma doença de origem alimentar (WHO, 2010), podendo este número ser ainda maior devido ao número de casos não notificados ser muito elevado. Apesar da comprovada relação entre a ingestão de alimentos contaminados e o aparecimento de várias doenças, pouco se conhece sobre a real magnitude do problema na Europa, devido à escassez de informação disponível, existindo a necessidade de criar um sistema estruturado e harmonizado de comunicação/informação de doenças transmitidas por alimentos. Com efeito, de acordo com os dados da EFSA, em 2010 o panorama conhecido sobre doenças de origem alimentar nos diversos países da Europa, era muito desiquilibrado. Na maioria dos países, há um desconhecimento total sobre o número de hospitalizações e mortes devidas a doenças de origem alimentar, devido sobretudo ao diagnóstico difícil. É o caso de países como a Espanha, a Itália, Portugal, Grécia e outros. Em alguns países, os casos reportados são em número tão elevado que parece indicar que nesse País são comuns as doenças de origem alimentar. É o caso de países como a Áustria, França, Alemanha, Lituânia, Roménia, Eslováquia e Polónia em que foram reportados um número significativamente elevado de hospitalizações devido sobretudo a Salmonella, Campylobacter, Bacillus cereus, enterotoxinas estafilocócicas e a outros agentes não identificados. Resta saber se o número é elevado porque a vigilância é mais “apertada” ou simplesmenet porque há efetivamente mais “descuido” na prevenção e manipulação dos alimentos. E ainda se morre na Europa devido a doenças de origem alimentar. De acordo com a EFSA, em 2010, há a informação de 1 morte na Áustria devido a Salmonella Typhymurium, 2 mortes na Hungria por agentes não identificados, 1 morte na Holanda devido a Salmonella Enteritidis, e a 1 morte na Suiça devido a Norovírus… É caso para afirmar…que a segurança alimentar é atualmente um tema pertinente face à ocorrência e emergência de diversos casos de doença de origem alimentar, mesmo nos países mais desenvolvidos. Basta lembrar o que aconteceu em 2011, na Europa, devido à Escherichia coli enterohemorrágica. Mais informações: http://www.efsa.europa.eu

2 min leituraDe acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças de origem alimentar causam diarreia, dores abdominais, vómitos e desidratação, o que dificulta ou impossibilita o seu diagnóstico exclusivamente […]

4 min leitura
1

Um surto de origem alimentar que ficou na história: Jack in the Box

4 min leitura

Um dos surtos mais marcantes de doenças transmitidas por alimentos ocorreu em 1993, nos Estados Unidos, envolvendo a contaminação do hambúrguer da rede Jack in the Box pela bactéria Escherichia coli 0157:H7.

Este surto ficou na história por vários motivos. Primeiramente, pelo número de pessoas, pois atingiu cerca de 700 pessoas, em quatro estados, sendo a maioria delas formada por jovens e crianças, incluindo quatro que morreram. O caso recebeu ampla cobertura da mídia, com as vítimas e suas famílias contando suas histórias na televisão. As indenizações pagas às vítimas na Justiça somaram mais de 50 milhões de dólares. Uma menina de nove anos que se recuperou parcialmente depois de sofrer falência renal e outras complicações, incluindo 42 dias em coma, recebeu uma indenização de 15 milhões de dólares da empresa. Os prejuízos totais quase levaram a grande rede de restaurantes à falência. A segurança do tradicional hambúrguer americano nunca tinha sido tão questionada.   

 O surto

Em 13 de janeiro de 1993, o Departamento de Saúde de Washington foi notificado de que um grupo de crianças com síndrome urêmica hemolítica (HUS), doença grave secundária à infecção por E. coli, estava sendo tratado em um hospital de Seattle e que havia um aumento nos atendimentos de emergência de pacientes com diarreia sanguinolenta. O Departamento entrevistou os pacientes para a investigação epidemiológica e descobriu que quase todos tinham consumido hambúrgueres dos restaurantes Jack in the Box dias antes de adoecer.

A investigação do surto levou à descoberta de que os hambúrgueres produzidos pela empresa Von, da Califórnia, e vendidos pela rede Jack in the Box eram a fonte do surto.  A linhagem de E. coli pertencente ao sorotipo O157:H7 foi isolada de 11 lotes de hambúrgueres e o Jack in the Box anunciou o recall destes lotes, mas recuperou apenas cerca de 20 por cento do produto implicado. Os hambúrgueres contaminados tinham sido distribuídos aos restaurantes da rede em quatro estados e o surto contabilizou ao final os seguintes números:

  • Em Washington: 602 pacientes com diarreia sanguinolenta, 144 pessoas hospitalizadas, 30 desenvolveram HUS e três morreram;
  • Na Califórnia: 34 casos, 14 pessoas hospitalizadas, 7 desenvolveram HUS e uma criança morreu.
  • Em Idaho: 14 casos, 4 pessoas hospitalizadas e uma desenvolveu HUS;
  • Em Nevada: 59 pacientes, 9 hospitalizações, 3 desenvolveram HUS, não houve mortes.

Setenta e três restaurantes da rede Jack in the Box foram implicados no surto. Cinco plantas de abate nos Estados Unidos e uma no Canadá foram identificadas como as prováveis fontes da carne usada pela empresa Von na produção dos hambúrgueres vendidos ao Jack in the Box.

A rede Jack in the Box cancelou seus contratos com os fornecedores de hambúrgueres e exigiu novas garantias de segurança. Em resposta, uma das maiores empresas fornecedoras de hambúrgueres dos EUA desenvolveu, em conjunto com a companhia farmacêutica DuPont, um novo teste para detectar a E. coli O157:H7, usando PCR, Reação em Cadeia da Polimerase. A técnica por PCR é mais rápida que os testes microbiológicos tradicionais. Um novo sistema de amostragem também foi implantado na empresa para aumentar a segurança dos produtos.

Sobre a bactéria E. coli 0157:H7

Escherichia coli é um habitante normal do trato intestinal dos animais, incluindo o homem. Algumas cepas, no entanto, podem causar doenças gastrointestinais nos seres humanos e são coletivamente denominadas de E. coli diarreiogênicas. Atualmente, há seis grupos patogênicos de E. coli diarreiogênicas, que englobam diferentes sorotipos. O sorotipo O157:H7 pertence ao grupo das E. coli entero-hemorrágicas (EHEC) ou produtoras de toxina shiga (STEC) e pode causar colite hemorrágica, doença que pode resultar em um quadro conhecido como síndrome urêmica hemolítica (HUS).

Segundo Dra. Tereza Cristina Rocha Moreira de Oliveira, do Depto de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Estadual de Londrina, as pesquisas mostram que o trato intestinal de ruminantes, particularmente bovinos e ovinos, parece ser o principal reservatório das cepas entero-hemorrágicas de E.coli O157:H7. Nos últimos anos, entretanto, destaca a pesquisadora, aumentou significativamente o número de surtos associados com outros veículos além da carne, particularmente as frutas, os sucos de frutas, os vegetais e as saladas preparadas com vegetais. Os vegetais da produção orgânica também podem ser veículos desta bactéria patogênica, uma vez que adubo orgânico de origem bovina costuma ser utilizado. “É importante lembrar que E. coli O157:H7 é o sorotipo mais associado a surtos de colite hemorrágica e HUS, porém outros sorogrupos e sorotipos de E. coli podem produzir toxina shiga e causar doença grave, como o sorotipo 0104:H4 e o sorogrupo O121”, completa ela.

O cozimento ou fritura dos hambúrgueres não deveria ter destruído a E. coli?

Naquela época, as normas do estado de Washington requeriam que os hambúrgueres atingissem temperatura interna de 68°C, temperatura necessária para destruir a E. coli 0157:H7. Porém, o requisito da FDA, a Agência Nacional, era de apenas 60°C, que era a temperatura utilizada na rede Jack in the Box. Após o ocorrido, o padrão de temperatura interna de 68°C passou a ser utilizado em todo o território estadunidense. Além disso, foi exigido que todo produtor de carne nos EUA implantasse e seguisse programas de APPCC, pois mesmo o produto cru deve ter boa qualidade sanitária, não podendo depender do calor para obtenção de um alimento final seguro.

No Brasil, a Portaria 2619/2011, da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, estabelece que todas as partes do alimento atinjam no mínimo 74°C ou combinações de tempo e temperatura equivalentes, como 65°C por 15 minutos ou 70°C por 2 minutos.

E no Brasil, temos E. coli 0157:H7 nos alimentos?  

“Vários trabalhos avaliando grande número de amostras de alimentos indicaram uma baixa frequência de isolamento de E. coli O157:H7 em produtos brasileiros”, informa Dra. Tereza Cristina. “Esses dados, porém, devem ser interpretados com cuidado uma vez que no Brasil não há um monitoramento sistemático que possa indicar a verdadeira situação da ocorrência dessa bactéria em alimentos”. Ainda segundo a pesquisadora, Centros de Vigilância Epidemiológica de vários estados brasileiros já registraram casos de HUS, o que evidencia a necessidade de monitoramento das linhagens produtoras de toxina shiga (STEC), pois a experiência tem mostrado que, em um mundo globalizado, microrganismos emergentes podem ser rapidamente disseminados.

O blog agradece a participação da Dra. Tereza Cristina Rocha Moreira de Oliveira, da Universidade Estadual de Londrina.  

Leia também:

Os 4 piores surtos de origem alimentar da década

Top 5: Sorotipos de Salmonella relacionados a surtos alimentares

Como se determina a segurança de um novo aditivo alimentar?

Fontes:

Food Safety News, BeefpointWikipedia 1, Wikipedia 2Bill Marler

4 min leituraUm dos surtos mais marcantes de doenças transmitidas por alimentos ocorreu em 1993, nos Estados Unidos, envolvendo a contaminação do hambúrguer da rede Jack in the Box pela bactéria Escherichia […]

2 min leitura
0

Os perigos de nossa salada: nutrição x contaminação

2 min leitura

Verduras ou vegetais folhosos, como alface, escarola, rúcula, couve e espinafre, entre outras, surgem em geral como as estrelas nutricionais de uma dieta saudável. Estes componentes da nossa salada costumam ser elogiados por médicos e agências de saúde pública tanto pelo seu conteúdo em vitaminas e minerais, como pela capacidade de prevenção de certos tipos de doenças.

Nos EUA, terra da praticidade, é comum a venda de verduras cortadas ou picadas, já prontas ou semiprontas para o consumo, na forma de uma salada, que podem ser denominadas de minimamente processadas.

No entanto, um relatório recente feito pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA colocou as verduras picadas no topo da lista dos 10 alimentos mais arriscados de serem consumidos.

Segundo esse relatório, que analisou doenças transmitidas por alimentos entre 1998 e 2008, saladas e outros alimentos que continham verduras picadas causaram 22% – cerca de um quinto – das doenças transmitidas por alimentos nesse período de 11 anos.

Embora bactérias patogênicas como a E. coli, Salmonella e Listeria possam contaminar as verduras, o relatório mostra que os norovírus foram a principal causa de doenças ligadas às verduras. As noroviroses são citadas às vezes como “gripe do estômago” porque causam sintomas gastrointestinais (vômitos e diarreia).

O estudo feito para o CDC não é a única bandeira de advertência dos perigos potenciais das verduras. O Código de Alimentos do FDA (versão 2009) já classificava os vegetais folhosos picados como “alimento potencialmente perigoso.” Nesta mesma classificação estão também os tomates e melões picados. Em 2009, a FDA fez advertências sobre estes produtos depois de analisar 24 surtos ocorridos a partir de 1998 relacionados ao consumo de verduras picadas. Como exemplo, um surto de E. coli desencadeado por espinafre cru causou três mortes e 199 infectados, incluindo 102 hospitalizações. 

É importante destacar que não se está aconselhando as pessoas a não comer verduras. Assim, para poder consumir uma boa salada com segurança, aqui estão algumas dicas para os consumidores:

  • Se você usa sacolas retornáveis, tenha a certeza de que ela está higienizada e se possível, promova algum tipo de resfriamento, usando blocos de gelo ou mantendo-a na geladeira antes de sair para um mercado. Isso ajudará a manter as verduras que você comprar mais frescas até chegar em casa.
  • Chegue em casa e coloque as verduras na geladeira o mais rápido possível.
  • Antes de lavar as verduras, certifique-se de lavar as mãos e as superfícies onde você irá trabalhar com elas;
  • Tenha cuidado para não contaminar as verduras com carne crua, aves ou peixes. Mantenha-as bem separadas destes tipos de alimentos. Use aparadores diferentes para cada tipo de alimento;
  • Faça a desinfecção das verduras imergindo-as em solução contendo água potável mais água sanitária (1 colher de água sanitária comercial para 1 litro de água por 15 minutos). Para maiores detalhes, leia Desinfecção de frutas, legumes e hortaliças.   

Para ler o relatório completo do CDC, clique aqui.

Leia também:

Alimentos “politicamente seguros”: arsênio, agrotóxicos e mais

Adoçantes artificiais ajudam a engordar?

A gordura trans volta à discussão

2 min leituraVerduras ou vegetais folhosos, como alface, escarola, rúcula, couve e espinafre, entre outras, surgem em geral como as estrelas nutricionais de uma dieta saudável. Estes componentes da nossa salada costumam […]

3 min leitura
2

Fraudes em alimentos como forma de redução de custos pelos fabricantes?

3 min leitura

Organização norte-americana está estudando o aumento no registro de casos de leite fraudado com água, azeite de oliva “diluído” e outros substitutos perigosos na cadeia de alimentos.

 Alguns vinhos finos são valorizados por um aroma gramíneo, de ervas, mas se este aroma estiver presente na sua xícara de chá, pode ser que ele seja devido a uma fraude que o fabricante faz no chá, usando grama cortada.

Esta prática é utilizada pelos fabricantes de alimentos como uma medida para cortar custos.  A Convenção Farmacopeica dos Estados Unidos (U.S.P.), uma organização científica independente e sem fins lucrativos, revelou no final de janeiro de 2013 que sua base de dados e registros de incidentes com fraudes em alimentos aumentou drasticamente em 2011 e 2012. Isto significa que os casos de fabricantes de alimentos que fraudam produtos, como por exemplo, pela adição de grama ou folhas de samambaia nos chás, são bem mais numerosos do que se pensava originalmente.

O criador do banco de dados da U.S.P. e analista líder, Dr. Jeffrey Moore, explicou que esse banco de dados foi criado e trabalhado no sentido de auxiliar os fabricantes de alimentos, os órgãos regulatórios e outras organizações a aumentar a segurança de alimentos na cadeia de suprimentos. “Embora a fraude em alimentos já seja conhecida por séculos, com uma grande quantidade de casos notórios e bem documentados, suspeitamos que o que sabemos sobre esse assunto seja apenas a ponta do iceberg”, disse Moore.

O banco de dados da U.S.P. tem cerca de 1300 relatórios acadêmicos e notícias sobre fraude em alimentos abrangendo um período de 30 anos, entre 1980 e 2010. Mas a atualização desse banco de dados registrou 800 novos casos de fraudes em alimentos publicados em 2011 e 2012.

As constatações da U.S.P. mostram que leite, azeite de oliva e especiarias continuam tendo uma grande vulnerabilidade à fraude, sendo a diluição a principal prática.

Autoridades da Índia descobriram num estudo de 2012 que a maioria das amostras de leite produzido no país era diluída ou continha agentes como peróxido de hidrogênio, detergente e ureia – um composto naturalmente encontrado na urina e que pode ser produzido sinteticamente. Alguns produtores de leite da América do Sul substituíram a gordura do leite por óleo vegetal, outro produto suscetível à fraude.

O azeite de oliva fraudado é normalmente diluído com versões de baixa qualidade do produto, mas há relatos que mostram casos de óleo destinado a resíduo sendo utilizado como óleo para cozinhar na China.

Os novos registros revelaram que frutos do mar, suco de limão e chá são também especialmente vulneráveis à fraude. Um estudo de 2009 demonstrou que restaurantes de sushi frequentemente serviam um tipo de peixe diferente daquilo que estava no cardápio e que estava sendo cobrado. A U.S.P. está particularmente preocupada com o peixe-prego (também conhecido como peixe-escolar, Lepidocybium flavobrunneum), que é banido em diversos países pela alta concentração de “gempylotoxin”, uma gordura que causa uma forma especial de intoxicação (diarreia oleosa, dores de estômago, náusea, dor de cabeça entre outros sintomas). É relativamente comum as peixarias venderem o peixe-prego passando-se por atum branco.

“Peixes e frutos do mar são exemplos de alimentos em que os controles de segurança e antifraude são espécie-específicos, e isso faz com que a substituição de um tipo de peixe por outro seja um caso especialmente perturbador”, afirmou Moore.

Alguns registros de fraudes continham documentos datados do século 19, mostrando como os comerciantes de alimentos diluíam o gin com água para aumentar o peso e adicionavam pimenta-Caiena, açúcar e canela para mascarar o sabor alterado do gin diluído. Tabelas de dados de órgãos regulatórios de outros países também estão no banco de dados da U.S.P., incluindo uma tabela desenvolvida pelo Ministério da Agricultura da Índia que lista os elementos de fraude mais comuns em alimentos, que apresentam potencial de causar problemas à saúde pública (veja aqui a tabela: http://www.agmarknet.nic.in/adulterants.htm). As folhas de chá podem ser contaminadas com serragem colorida artificialmente; areia, pedra e outras sujidades podem ser usadas para aumentar o peso de grãos.

Fraudes em alimentos causaram revoltas públicas significativas recentemente, com os casos de hambúrguer de carne de boi vendido em redes de supermercados britânicos contendo DNA de porco e cavalo. Uma amostra de hambúrguer vendido na rede Tesco continha 29% de carne de cavalo em seu conteúdo total de carne.

A China viveu um dos casos mais graves e trágicos em segurança de alimentos e fraude deste século, em 2008, quando seis crianças morreram e mais 300 mil bebês ficaram doentes pelo consumo de leite em pó contaminado. Foi encontrada melamina no produto, e acredita-se que foi deliberadamente adicionada para que o leite passasse nas análises nutricionais.

E você, caro leitor, o que acha destes relatos de fraude? Será que as autoridades no Brasil estão fiscalizando? E os fabricantes, realmente lançam mão deste “artifício” para obter maior vantagem financeira? Apesar de não haver grande divulgação, existem registros concretos e oficiais no nosso país, como o caso de 2007 de leite fraudado com uma mistura de soda cáustica, ácido cítrico, citrato de sódio, sal, açúcar e água, em uma cooperativa na região do triângulo mineiro. Pode ser que o problema seja  muito mais comum do que imaginamos…

 

Fonte: The Guardian

3 min leituraOrganização norte-americana está estudando o aumento no registro de casos de leite fraudado com água, azeite de oliva “diluído” e outros substitutos perigosos na cadeia de alimentos.  Alguns vinhos finos […]

2 min leitura
0

Vídeos ensinam como fazer registro de produto na Europa

2 min leitura

A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) é uma fonte independente de aconselhamento científico e comunicação dos riscos associados à cadeia alimentar, que visa aumentar a segurança alimentar na União Europeia (UE). As atribuições da EFSA englobam a segurança dos géneros alimentícios, a segurança dos alimentos para animais, a nutrição, a saúde e bem-estar animal, a fitossanidade e a protecção das culturas.

Uma parte crescente do trabalho da EFSA refere-se à avaliação da segurança de produtos, substâncias regulamentadas e processos, e da fundamentação das alegações de autorização apresentados na União Europeia (UE). Muitos alimentos e produtos alimentares requerem avaliação científica dos riscos pela EFSA antes de serem autorizados para uso no mercado da UE: os “produtos regulamentados” incluem substâncias utilizadas na alimentação humana e animal (como os aditivos, enzimas, aromatizantes, fontes de nutrientes), materiais em contato com alimentos e pesticidas, OGM, os processos de fabricação de alimentos e auxiliares tecnológicos. A fundamentação científica das alegações nutricionais e de saúde é também avaliada pela EFSA antes de sua aprovação no mercado. A EFSA não concede autorização nem proíbe a entrada de produtos no mercado da UE, mas fornece aconselhamento científico independente e uma sólida base científica para apoiar as decisões de mercado de autorização ou proibição tomadas por Estados Membros da UE e da Comissão Europeia. O trabalho da EFSA em relação à avaliação científica dos pedidos de produtos regulamentados é realizada pelos seus painéis científicos de especialistas independentes e pela equipe de trabalho científico em unidades científicas da EFSA.

Em 2011 a EFSA criou o balcão de apoio aos pedidos de produtos regulamentados, o “Applications helpdesk”. Este serviço atua na recepção e apoio aos candidatos (em particular pequenas e médias empresas), Estados-Membros e outras partes interessadas que têm perguntas sobre os pedidos. O balcão de apoio é também responsável na EFSA para centralizar e processar os passos iniciais de todas as aplicações administrativas (incluindo a recepção, registo e verificação da informação administrativa e científica no pedido apresentado) permitindo que as unidades científicas se concentrem na avaliação científica dos riscos.

Se tiver alguma dúvida, por exemplo, como fazer um pedido, qual o quadro jurídico ou quais os requisitos técnicos para as submissões, e todas as questões a colocar sobre “produtos regulamentados” na EU, envie para o “Applications helpdesk”.

Mais informações em

 

Site da EFSA

Canal EFSA no Youtube

 

 

2 min leituraA Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) é uma fonte independente de aconselhamento científico e comunicação dos riscos associados à cadeia alimentar, que visa aumentar a segurança alimentar […]

2 min leitura
1

Adoçantes artificiais ajudam a engordar?

2 min leitura

Segundo Marion Nestle, professora emérita do Departamento de Nutrição da Universidade de Nova York, o consumo de adoçantes artificiais aumenta em simetria com as taxas crescentes de obesidade na população. Ela ironiza então, que por essa ótica, seriam eles os causadores da obesidade. Mas poderiam mesmo os próprios adoçantes artificiais causar obesidade?

Pesquisadores brasileiros sugerem que sim. Isso mesmo: brasileiros.

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul fez um estudo preliminar envolvendo edulcorantes e ganho de peso em ratos. Eles relataram que, com uma ingestão calórica total semelhante, ratos alimentados com adoçantes artificiais ganharam mais peso do que os que receberam açúcar de mesa (sacarose).

O estudo

No estudo, um grupo de ratos consumiu iogurte contendo açúcar (grupo de controle) e outros dois grupos receberam iogurte contendo apenas adoçantes artificiais (um grupo com aspartame e outro com sacarina). Todos os grupos tinham quantidades ilimitadas de água e ração à disposição.

Os ratos alimentados com iogurte contendo adoçantes artificiais não gostaram muito do sabor do iogurte, pois eles comeram menos iogurte do que o grupo que recebeu iogurte contendo açúcar. No entanto, eles compensaram este consumo menor de iogurte comendo mais ração. Apesar disso, o aumento da ingestão de calorias provenientes de ração foi compensado pela diminuição em calorias de iogurte, de tal forma que houve ingestão calórica total semelhante nos 3 grupos após o período de 12 semanas da experiência.

Mesmo assim, com ingestão calórica total semelhante, os grupos que se alimentaram com adoçantes artificiais ganharam mais peso do que o grupo que recebeu iogurte com açúcar.

Causas prováveis

As explicações para o ganho de peso dos grupos alimentados com sacarina e aspartame ainda são especulativas. Os autores do estudo sugerem que os adoçantes artificiais poderiam induzir um menor dispêndio de energia ou ainda um aumento da retenção de líquidos.

Trata-se de um pequeno estudo preliminar utilizando apenas 10 ratos em cada um dos três grupos. O trabalho, porém, foi publicado pela revista científica internacional Appetite, da rede Elsevier, edição de janeiro de 2013, e já teve repercussão, merecendo um post exclusivo no blog de Marion Nestle.

Referência:

Fernanda de Matos Feijó et al.  Saccharin and aspartame, compared with sucrose, induce greater weight gain in adult Wistar rats, at similar total caloric intake levels.  Appetite 2012; 60:203-207. doi: 10.1016/j.appet.2012.10.009

Leia também:

Adoçantes sintéticos podem contribuir para a diabetes, diz um novo e controverso estudo

A gordura trans volta à discussão

Corantes artificiais causam hiperatividade em crianças?

2 min leituraSegundo Marion Nestle, professora emérita do Departamento de Nutrição da Universidade de Nova York, o consumo de adoçantes artificiais aumenta em simetria com as taxas crescentes de obesidade na população. […]

< 1 min leitura
2

Encontrado DNA suíno em produtos Halal

< 1 min leitura

Dietas de cunho religiosos ou filosóficos, como a dieta halal ou o vegetarianismo, ainda respondem por uma parcela pequena do consumo brasileiro e tendem a ser esquecidas por boa parte da indústria de alimentos, principalmente no planejamento de seus Sistemas de Segurança dos Alimentos. Carne de porco não é perigo, não é? Pois para um muçulmano, é sim.

Com um mercado consumidor extremamente expressivo no mundo (estima-se que no Brasil vivam cerca de 200 mil muçulmanos, enquanto que a comunidade ultrapassa 2,5 milhões de pessoas nos EUA e na Europa, 44 milhões), suas restrições alimentares representam um filão importante da economia que não pode ser negligenciado, muito menos desrespeitado.

Por isso, não foi com pouca surpresa que chegou aos mercados no mês passado a informação de que foram encontrados traços de DNA suíno em tortas salgadas halal de carne bovina servidas em prisões inglesas e galesas. Ela vem em seqüência da notícia também recente da identificação de carne de cavalo em hambúrguer congelado na Irlanda.
Contudo, o que mais me surpreende neste caso não é o desrespeito às regras impostas pelo mercado consumidor atendido pela empresa.

 Não chama atenção que um problema de qualidade em refeições servidas no sistema prisional tenha obtido divulgação internacional? Traços de DNA foram encontrados nas tortas salgadas inglesas, enquanto no Brasil os presos são tratados em condições sub-humanas, comem carne de procedência e qualidade duvidosas e feijão recheado de larvas e pedras?

Temos muito o que nos desenvolver como nação, mesmo. 

< 1 min leituraDietas de cunho religiosos ou filosóficos, como a dieta halal ou o vegetarianismo, ainda respondem por uma parcela pequena do consumo brasileiro e tendem a ser esquecidas por boa parte […]

2 min leitura
0

O uso da sub-tipagem molecular para resolver os enigmas de segurança de alimentos

2 min leitura

Fazer investigação de surtos não é uma tarefa fácil. Vide o caso da injusta incriminação dos pepinos espanhóis em 2011, acusados de serem os causadores do surto de infecção por E.coli O104:H4, que fez vítimas fatais e deixou seqüelas em outras tantas. Literalmente se fez uma salada deste alimento com o broto de feno grego, o real causador do problema, consumido inicialmente na Alemanha acionador um choque diplomático na época.

 Dispor de tecnologia forense para determinar as “impressões digitais” genéticas dos patógenos investigados é fundamental para rastrear origem, tomar medidas preventivas de saúde pública e principalmente conter o consumo de alimentos comprovadamente comprometidos. Sim, se usa o termo “forense” para alimentos, da mesma forma como os médicos legistas se referem à investigação de crimes.

 Hoje o método mais adotado nos EUA e em outros países desenvolvidos é o PFGE (Pulsed Field Gel Electrophoresis), uma técnica usada para separar pedaços do DNA pelo emprego de um campo elétrico em uma matriz de gel.

 Graças a esta tecnologia, por exemplo, foi possível saber que o surto ocorrido em 2005 e causado por tomates contaminados com Salmonella Newport teve o mesmo padrão genético do surto ocorrido em 2002 e foi originado em produtores da costa leste e afetou 10 estados.

Fiquei pensando quando teremos esta tecnologia em uso em massa em nossos laboratórios de saúde pública. Segundo a opinião da pesquisadora da USP, Maria Teresa Destro, infelizmente estes métodos são ainda considerados sofisticados e salvo se houver pressão do mercado, ela não enxerga adoção rotineira dos mesmos dentro de 1 a 2 anos.

 Além do equipamento, um dos gargalos é ter uma base robusta de dados para cruzar as informações sobre os agentes que já estiveram envolvidos em  surtos prévios.

 

Fonte: 

Fontes: palestras de Atin Datta, Ph.D. e de Don L. Zink, Ph.D do CFSAN, USFDA.
XX Simpósio da Abrapa, que cordialmente cedeu uma vaga para o blog Food Safety Brazil.

2 min leituraFazer investigação de surtos não é uma tarefa fácil. Vide o caso da injusta incriminação dos pepinos espanhóis em 2011, acusados de serem os causadores do surto de infecção por […]

2 min leitura
2

Organização de consumidores pressiona FDA a se posicionar sobre arsênio em arroz

2 min leitura

Nos EUA, a organização de consumidores Consumer Reports divulgou, em sua publicação de novembro de 2012, dados preocupantes sobre a contaminação por arsênio em arroz e produtos à base de arroz.

A organização testou mais de 200 produtos, incluindo itens tradicionais de marcas famosas, alimentos orgânicos e outros da categoria “sem glúten”.  Em praticamente todos os produtos testados foram encontradas quantidades mensuráveis de arsênio total em suas duas formas: orgânica e inorgânica. 

O arsênio inorgânico tem efeitos carcinogênicos a longo prazo. O arsênio orgânico é menos tóxico, mas ainda nocivo. Além disso, a organização expressa sua preocupação por se tratar de alimentos populares, consumidos por adultos e crianças em grandes quantidades. A EPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA) assume que não há, na verdade, um nível “seguro” de exposição ao arsênio inorgânico. Não existe nos EUA um limite federal para o arsênio na maioria dos alimentos, mas o padrão aceitável para água potável é de 10 partes por bilhão (ppb). Usando este padrão, uma única porção de alguns tipos de arroz analisados poderia dar, a um adulto médio, quase uma vez e meia o arsênico inorgânico que ele obteria pelo consumo de um dia inteiro de água (cerca de 1 litro).  Alguns cereais infantis de arroz, que são muitas vezes o primeiro alimento sólido do bebê, tinham níveis de arsênio inorgânico pelo menos cinco vezes maior do que foi encontrado em outras alternativas como a aveia. Com base nestes resultados, a organização sugere a seus associados e aos consumidores em geral, limitar o consumo de produtos de arroz. Recomenda ainda que os bebês não comam mais do que uma porção de cereal infantil de arroz por dia, em média. Eles reconhecem que sua amostragem foi apenas uma fotografia do mercado, com muitos produtos comprados apenas na área metropolitana de Nova York e arredores, mas cobram do FDA (Food and Drug Administration) que defina os limites de arsênio em arroz e sucos de frutas como um ponto de partida.

O arroz absorve arsênio do solo ou de água muito mais eficazmente do que a maioria das plantas. Por ser cultivado em grandes áreas inundadas, o arsênio pode ser facilmente absorvido pelas raízes e armazenado nos grãos.  

Até o momento, o FDA divulgou um resultado parcial de suas próprias análises de arsênio em produtos de arroz. Embora admita que seus resultados sejam semelhantes aos da Consumer Reports, a Agência não fez nenhuma recomendação sobre o consumo destes produtos, preferindo aguardar a conclusão de suas análises para avaliar o assunto. Esta posição do FDA já foi assunto de um post publicado no blog Food Safety Brazil.

Para saber mais, consulte o relatório original da Consumer Reports.

Leia também:

Arsênio em arroz: segurança do alimento x segurança alimentar

Alimentos seguros ou “politicamente seguros”?

Como se determina a segurança de um novo aditivo alimentar?

2 min leituraNos EUA, a organização de consumidores Consumer Reports divulgou, em sua publicação de novembro de 2012, dados preocupantes sobre a contaminação por arsênio em arroz e produtos à base de arroz. […]

< 1 min leitura
0

Link do Dia: Foodnet

< 1 min leitura

Outro grande aprendizado que estou trazendo do XX Simpósio da Abrapa de Inocuidade de Alimentos, que cordialmente cedeu uma vaga para o blog Food Safety Brazil é entendimento de todo o potencial do site do Center of Desease Control (EUA), algo análogo aos nossos Centros de Vigilância Epidemiológica.

O Foodnet  é uma incrível base de dados norte-americana. que começou em 1995, e é uma rede de vigilância ativa para enfermidades. Suas informações são a base para o estabelecimentos de políticas de segurança de alimentos e ações de prevenção. O FoodNet estima o número de DTA, monitora tendências de incidências, correlaciona uma doença com alimentos específicos ou localidades e dissemina esta informação.

Alguns dados que podem ser encontrados:
– Números de infectados por 100.000 habitantes
– Mortes e hospitalizações (filtro por faixa etária)
– Mapas de surtos multi-estaduais

Também poderá encontrar um gráfico como este, onde se pode visualizar que a incidência de Vibrio está crescendo.

Os patógenos cobertos são:
Campylobacter, Cryptosporidium, Cyclospora, Listeria, Salmonella, Shiga toxin-producing Escherichia coli (STEC) O157 and non-O157, Shigella, Vibrio, Yersinia.

Nem todos os estados são cobertos pelo sistema (aproximadamente 15% da população foi contemplada)

Aqui no blog já compartilhamos informações deste site no post:
EUA não atingem seus objetivos de segurança de alimentos.

Use e abuse.

< 1 min leituraOutro grande aprendizado que estou trazendo do XX Simpósio da Abrapa de Inocuidade de Alimentos, que cordialmente cedeu uma vaga para o blog Food Safety Brazil é entendimento de todo […]

< 1 min leitura
0

O planejamento estratégico de Segurança de Alimentos da FSIS

< 1 min leitura

O Serviço de Inspeção de Segurança de Alimentos, algo próximo ao nosso serviço de Inspeção Federal, publicou este ano seu planejamento estratégico, digno de se comparar com as mais competitivas organizações de classe mundial. O programa de resultados deve ser alcançado até 2016.

Vamos nos inspirar?

Objetivos do planejamento estratégico:
Objetivo 1: Garantir que as fiscalizações de segurança de alimentos sejam alinhadas com os riscos existentes e emergentes
Objetivo 2: Maximizar a conformidade doméstica com as políticas de segurança de alimentos
Objetivo 3: Melhorar a educação pública e o ampliá-la para melhorar as práticas de manipulação de alimentos
Objetivo 4: Fortalecer a colaboração entre interessados internos e externos para prevenir Doenças Transmitidas por Alimentos
Objetivo 5: Efetivamente usar a ciência para compreensão das doenças alimentares e tendências emergências
Objetivo 6: Implementar políticas efetivas para reagir a riscos existentes e emergentes.
Objetivo 7: Fortalecer seu quadro de funcionários com treinamentos, recursos e ferramentas para possibilitar o sucesso na proteção da saúde pública
Objetivo 8: Baseado nas necessidades definidas na Agência, desenvolver, manter e usar metodologias inovadoras, processos e ferramentas, incluindo o Sistema de Informação de Saúde Pública, para proteger eficazmente a população e atingir às necessidades de saúde pública definidas e seus objetivos.

Veja a íntegra do planejamento estratégico do FSIS aqui.


< 1 min leituraO Serviço de Inspeção de Segurança de Alimentos, algo próximo ao nosso serviço de Inspeção Federal, publicou este ano seu planejamento estratégico, digno de se comparar com as mais competitivas […]

2 min leitura
1

Sugestões de temas para pesquisas em Segurança de Alimentos

2 min leitura

Pesquisadores de todo o Brasil: cada país tem sua realidade, mas para inspiração de todos traduzimos e disponibilizamos esta espécie de convocação do FSIS para que pesquisadores coloquem a mão na massa e trabalhem nestes temas considerados como uma prioridade para o Departamento de Agricultura dos EUA. Algumas sugestões parecem ainda ficção científica, mas se não nos movermos, quando serão realidade?

O FISIS é o Serviço de Inspeção de Segurança de Alimentos, algo análogo ao nosso Sérvio de Inspeção Federal.

Anotem aí:

*Investigar e /ou desenvolver tecnologias para:
– redução do tempo de diagnóstico
– caracterização virulência e subtipagem de patógenos.
– a partir de uma única amostrar, analisar muitos micro-organismos.
-análises rápidas para de “alto risco” como contaminantes ambientais.
-detectar em tempo real os níveis mais altos de contaminação antes do abate/colheita.
*Desenvolver ou aperfeiçoar os métodos rápidos de teste para quantificar patógenos-alvo de produtos de aves, carne e ovos.
*Identificar e avaliar abordagens alternativas o método de amostragem (E. coli)
*Desenvolver modelos PBPK (Physiologically Based Pharmacokinetic) para estimar concentrações químicas em tecidos de carne de porco, carne bovina e de frango.
*Desenvolver métodos para detectar contaminantes químicos, principalmente relacionados à fraudes
*Aprofundar e desenvolver o uso de micro-organismos indicadores em estabelecimentos processadores e monitorar a eficácia das medidas de controle.
*Avaliar a eficácia das medidas de controle pré-colheita sobre os produtos acabados.
*Desenvolver métodos rápidos para a detecção de compostos hormonais e similares
*Levantar dados e estatísticas sobre práticas no varejo/serviço de alimentação que possam contribuir com contaminantes químicos (raticida, inseticida, fungicida, antimicrobiana) ou patógenos
*Determinar a magnitude e importância da migração de produtos químicos (por exemplo, desreguladores endócrinos) de embalagens
*Determinar a eficácia da aplicação de uma ou mais medidas de controle paralelas e/ou simultâneas na pré e/ou pós-colheita
*Realizar avaliações críticas do impacto da publicação de determinadas legislações.
*Determinar a presença de e fatores que contribuem para a resistência antimicrobiana de cepas resistentes em aves e bovinos.
*Desenvolver ou aprimorar modelos de cocção e de refrigeração.
*Desenvolver ou refinar as curvas dose-resposta para patógenos de interesse (incluindo subtipos específicos)
*Validar a eficácia (em reduções logarítimicas) das intervenções utilizadas pela indústria para reduzir os níveis de patógenos
*Identificar práticas de consumo que comprometem a segurança dos produtos e / ou gerar dados para desenvolver a educação pública e divulgação para melhorar a de alimentos
Vejam a lista original e detalhamento aqui:
Research Priority Description

2 min leituraPesquisadores de todo o Brasil: cada país tem sua realidade, mas para inspiração de todos traduzimos e disponibilizamos esta espécie de convocação do FSIS para que pesquisadores coloquem a mão […]

2 min leitura
0

Arsênio em arroz preocupa os americanos

2 min leitura

Nos Estados Unidos, a Agência de Controle de Alimentos e Medicamentos (FDA) vem testando a presença de arsênio em arroz por cerca de 20 anos. Em 19 de setembro de 2012, foram divulgados os primeiros resultados destas análises, compreendendo cerca de 200 amostras de arroz e produtos derivados. Mais de mil amostras ainda estão sendo analisadas e o FDA publicará os resultados assim que estiverem disponíveis.
As amostras incluíram várias marcas de arroz e produtos contendo arroz, tais como cereais matinais, bolos e bebidas e foram testadas para arsênio total e arsênio inorgânico.
O arsênio ou arsênico é um elemento químico presente no meio ambiente, originário tanto de fontes naturais, como erosão rochosa e erupções vulcânicas, como da atividade humana (principalmente mineração, fundição de minérios e pesticidas agrícolas). Pode se apresentar em duas formas: orgânico e inorgânico, sendo que o conjunto é referido como “arsênio total”. As formas inorgânicas de arsênio têm sido associadas com efeitos nocivos à saúde a longo prazo, como taxas mais altas de câncer de pele, bexiga e pulmão, assim como doenças cardíacas. O arsênio pode estar presente em muitos alimentos, incluindo grãos, frutas e vegetais. O arroz pode absorver arsênio do solo e da água mais facilmente que outros grãos.
Com base nos dados apresentados e na literatura científica, a FDA não está recomendando aos consumidores mudanças no consumo de arroz ou seus derivados. Ela os aconselha a comer uma dieta equilibrada, incluindo uma grande variedade de grãos, não só para uma boa nutrição, mas também para minimizar quaisquer potenciais consequências de consumir grande quantidade de um alimento em particular.
O FDA tem o objetivo de completar a coleta adicional e a análise de amostras até o final de 2012. Após a conclusão, a FDA vai realizar uma avaliação completa dos riscos e atualizar as recomendações, se necessário.
No Brasil, a Portaria 685, de 1998, estabelece valor máximo de 1,0 mg/kg de arsênio em cereais e produtos à base de cereais. Contudo, o Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes, do MAPA, não inclui a análise de arsênio em seu escopo analítico.
Para mais  informações, clique aqui

2 min leituraNos Estados Unidos, a Agência de Controle de Alimentos e Medicamentos (FDA) vem testando a presença de arsênio em arroz por cerca de 20 anos. Em 19 de setembro de […]

4 min leitura
0

Amendoim x Salmonella – de novo???

4 min leitura

Quando você ouve a palavra amendoim, o que você pensa?
Muitos diriam pasta de amendoim, eu diria micotoxinas, mas certamente, nos últimos dias a FDA diria salmonela.
A associação de amendoim com micotoxinas vem desde 1960, com o fato que ficou conhecido como “Turkey x Disease”, quando um surto de mortes de aves, principalmente de perus. Descobriu-se mais tarde que as mortes foram causadas pela ingestão da ração dos animais que era feita à base de amendoim. Este amendoim estava contaminado com uma substância fluorescente, produzida pelo fungo Aspergillus flavus, descobrindo-se então a Aflatoxina e é claro, as micotoxinas.
A Sunland Inc., empresa cuja a manteiga de amendoim gerou um surto de salmonela que deixou doente 41 pessoas este ano, tem um histórico de problemas de saneamento que datam de 2003, de acordo com relatórios divulgados quarta-feira (14/11/2012).
Inspetores da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA observou uma série de condições insalubres na fábrica da empresa de processamento de manteiga de amendoim, entre 2003 e 2011, revelam os documentos publicados recentemente. Durante a sua investigação na sequência do surto de salmonela este ano, a FDA descobriu que a empresa havia distribuído amendoim e manteiga de amendoim com teste positivo para salmonela em um total de 21 vezes desde 2009.
Durante a inspeção pós-surto, as autoridades de saúde encontraram salmonela em quatro amostras de produto acabado de manteiga de amendoim e uma amostra de amendoim cru sem casca. Duas das estirpes encontradas na manteiga de amendoim são conhecidos como sendo Salmonella Bredeney. Os sorotipos dos outros três ainda estavam sendo analisados quando o relatório foi lançado.
Os testes também revelaram resquícios de Salmonella em 23 amostras de esfregaço de equipamentos de processamento e piso na planta do processo de manteiga de amendoim.Três delas foram S. Bredeney, nove eram outras cepas, e o resto ainda têm de ser analisados, de acordo com o relatório.
Os inspetores observaram uma “falta de controle de fabricação necessários para minimizar o potencial crescimento de microrganismos e contaminação,” em sua inspeção pós-surto, realizada entre 17 de setembro e 16 de outubro de 2012.
Um total de nove outras violações também foram registradas. Entre os problemas que conduzem estas citações foram:
– Equipamentos de processamentos e linhas de embalagens não foram adequadamente limpos;
– As superfícies onde o produto seco é processado estavam úmidas;
– A construção de alguns equipamentos de processamento não permitiam a limpeza adequada;
– Algumas superfícies de contato com alimentos são desiguais, uma condição que permite o acolhimento de patógenos;
– Foi observado que os funcionários não lavavam as mãos antes de manusear o produto, e não era forncedias as instalações adequadas de lavagem de mão.
? Amendoim em casca eram armazenados em recipientes abertos, onde estavam vulneráveis à contaminação;
? O produto não era adequadamente protegido de pragas;
Em um exemplo, fezes de aves foram observadas em um palete de recipientes de manteiga de amêndoa.

Um histórico de problemas de saneamento

Relembrando relatórios de inspeção dos anos anteriores, os mesmos mostraram que esta não foi a primeira vez que a Sunland foi encontrada operando sob condições insalubres. Na verdade, foi a quinta vez em seis anos.
Em 2007, os inspetores descobriram que os funcionários não lavavam as mãos ou os equipamentos de higienização adequadamente, nem dispunham de locais de lavagem de mãos adequados disponível. Buracos foram encontrados tanto nas parede e os equipamentos de fabricação dos produtos eram armazenados em recipientes que não os protegiam de pragas.Um total de seis violações foram citadas no relatório emitido pela FDA para a empresa, pós-inspeção.
A FDA também encontrou salmonela em uma amostra feita a partir da porta de acesso à sala do moedor. As 60 amostras de outras tomadas da instalação deram resultados negativos.
Neste relatório de 2007, a FDA menciona uma inspeção realizada em 2003, no qual cinco violações foram relatadas. Duas delas não tinham sido corrigidas no momento da inspeção de 2007, de acordo com o documento. Estas incluíam o controle de pragas inadequado e partes do edifício em ruínas.
A FDA visitou a fábrica em 2009 e apenas duas das seis violações observadas em 2007 tinham sido corrigidas. Os problemas contínuos, incluindo um fracasso para minimizar o riscos de crescimento microbiano, falha em minimizar os riscos de contaminação na lavagem das mãos e incapacidade de programa integrado contra pragas.
Uma amostra ambiental tomadas durante esta inspeção em 2009, mostrou teste positivo para salmonela.
No ano seguinte, outra inspeção revelou que a empresa ainda não estava tomando as precauções adequadas contra a contaminação ou pragas. Os problemas anteriores parecem ter sido corrigidos, no entanto, os pisos ainda foram encontrados em condições precárias, os trabalhadores do sexo masculino não estavam usando proteção de barba e equipamentos não eram construídos de modo a evitar a adulteração do produto.
Finalmente, em março de 2011, a FDA realizou sua última inspeção na planta da empresa antes do surto deste ano, que começou em junho e durou até setembro. Durante essa visita, os inspetores encontraram duas violações em instalações da empresa: 1) amendoins em casca estavam sendo armazenados desprotegidos contra a contaminação, e 2) inadeuqdas medidas de prevenção de pragas persistiam.
A empresa Sunland relatou em uma carta datada de 13 de abril de 2011, que tinha tomado medidas para corrigir os problemas. A empresa respondeu a FDA com outras semelhantes após as inspeções de 2009 e 2010.

História repetida?

Os resultados desta investigação são estranhamente parecidos com o da Peanut Corporation of America, na sequência do surto de salmonela devastador de 2008-2009 ligadas a produtos de amendoim dessa empresa.
Assim como os produtos da Sunland enviados para testes apresentaram resultados positivos para salmonela, os executivos da APC teria ordenado amendoim para ser enviado para processadores após testes internos terem detectado salmonela em amostras de nozes.
Pelo menos 700 pessoas ficaram doentes pelo surto e nove morreram como resultado de suas infecções.
Vítimas do surto da APC e suas famílias entraram com acusações criminais contra Stewart Parnell, ex-CEO da empresa, que teria enviado um e-mail para o seu gerente de fábrica sobre os amendoins contaminados, ordenando-lhe para “deixá-los soltos.”
A Portales Sunland, em New México e plantas de manteiga de amendoim foram fechadas depois que autoridades de saúde ligados a empresa com surtos de salmonela Bredeney em setembro. Até agora, a empresa ainda tem de retomar as operações.

Referências: 

 http://www.microbiologia.vet.br/micotoxinas.htm

 http://www.foodsafetynews.com/2012/11/long-history-of-health-violations-at-peanut-co-linked-to-salmonella-outbreak/

4 min leituraQuando você ouve a palavra amendoim, o que você pensa? Muitos diriam pasta de amendoim, eu diria micotoxinas, mas certamente, nos últimos dias a FDA diria salmonela. A associação de […]

2 min leitura
1

Surto de Norovírus em um Cruzeiro em Sidney

2 min leitura

No dia 23/10/12, os passageiros do “Voyage os the Seas” foram ao caos com um surto de uma doença gastrointenstital, no qual pensa-se ser de norovírus.

Após o surto, os passageiros tiveram que preencher formulários e responder se tinham sofridos recentemente sintomas de gripe ou gastrite. Os que marcaram “sim” foram separados para passarem por exames médicos.

“Com muita cautela, estamos realizando uma limpeza reforçada a bordo do navio e no terminal dos cruzeiros, para ajudar a prevenir qualquer doença que afete os cruzeiros”, disse em comunicado,   o proprietário da Royal Caribbean”.

Entretanto, muitos passageiros informaram que não foram comunicados da causa do surto e a razão dos atrasos.

 Mas providências por parte dos responsáveis foram sim tomadas, segue a prova:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

fonte da imagem: http://barfblog.com/norovirus-outbreak-hits-voyager-of-the-seas-passengers-in-sydney-harbor/

  “Não use os banheiros para vomitar! O vômito vai para um lugar só (o mar)! Obrigado, sua tripulação.”

 Ja é um começo… mas como gerenciar na prática???? “Todos para o convés… e sem respingos, por favor!”

 Não é a primeira vez que acontece casos como esse, em março de 2011, 43 passageiros que desembarcaram no trapiche de Icoaraci, distrito próximo do centro de Belém, no Pará, também apresentaram sintomas de gastroenterite. Na ocasião, a Anvisa e da Secretaria de Saúde de Belém chegaram a vistoriar a embarcação em busca de água e alimentos contaminados.

De acordo com os técnicos especializados, haviam indícios que o surto poderia ter sido causado pelo “norovírus”, cuja contaminação é comum em locais reduzidos e com grande concentração de pessoas, como é o caso de navios e cruzeiros.

A intoxicação alimentar (ou gastroenterite) causada pelo norovírus pode afetar tanto o estômago como o intestino. Em geral, a duração da doença é de um a dois dias, e não causa problemas maiores para a pessoa contaminada. Além da ingestão de alimentos ou líquidos infectados, há outras possibilidades de contágio, tais como um simples contato. Os sintomas mais comuns são vômito, dores abdominais e diarréia.

 Este caso não teria acontecido se…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte da imagem: 

http://ococotasecoblog.blogspot.com.br/2011/06/enquanto-isso-num-banheiro-de-praia.html

Referência: 

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2011/11/22/navio-holandes-onde-passageira-morreu-teve-caso-de-intoxicacao-alimentar-em-marco.htm

Veja também a história de uma sacola de supermercado e um time de futebol americano que foi derrotado por este vírus.

 

2 min leituraNo dia 23/10/12, os passageiros do “Voyage os the Seas” foram ao caos com um surto de uma doença gastrointenstital, no qual pensa-se ser de norovírus. Após o surto, os […]

2 min leitura
1

Poluentes Orgânicos Persistentes: eles estão entre nós

2 min leitura

Num post anterior, falei da importância do monitoramento ambiental para a segurança dos alimentos. Citei o caso do pesticida DDT e dos danos causados ao ecossistema pelo seu uso. Assim como o DDT, há um grupo de compostos, de origem variada e com diferentes fórmulas químicas, que por seus efeitos adversos ao meio ambiente e à saúde humana, foram denominados POPs (do inglês “Persistent Organic Pollutants”, traduzido para “Poluentes Orgânicos Persistentes”).  Além de sua toxicidade, estes compostos têm em comum algumas características especiais:

  • estabilidade ou persistência no meio ambiente por longo tempo antes de sua decomposição;
  • a bioacumulação: por serem compostos lipossolúveis, acumulam-se nos tecidos vivos;
  • a biomagnificação: sua concentração nos tecidos vivos aumenta à medida que avançamos da base para o topo da cadeia alimentar (vide caso do DDT no post já citado);
  • a capacidade de ser transportado por longas distâncias, seja pelo ar, pela água, por animais migratórios ou por produtos contaminados.

Os POPs são provenientes de três categorias de substâncias:

  1. pesticidas utilizados na agricultura;
  2. produtos químicos industriais cuja dispersão ambiental não foi intencional;
  3. subprodutos de vários tipos de processos industriais ou de  combustão.

Os primeiros indícios do perigo potencial destes compostos surgiram há mais de 50 anos quando resíduos de DDT foram encontrados em tecidos humanos e no leite materno. Pouco tempo depois, descobriu-se que a diminuição da espessura das cascas de ovos de aves marinhas era causada pelo DDT. Sabe-se também que alguns POPs têm a capacidade de interferir e causar danos ao sistema endocrinológico humano e animal. Estas substâncias fazem parte do grupo de “Desreguladores Endócrinos”, assunto também já discutido aqui.

A presença de  POPs em rações animais e em alimentos como  peixes e laticínios tornou-se questão de segurança de alimentos em escala mundial. A partir de 2004, passou a vigorar um tratado internacional, a Convenção de Estocolmo, que classificou 12 substâncias como POPs, proibindo ou restringindo seu uso. São elas: Aldrin, clordano, Dieldrin, Endrin, Heptacloro, Hexaclorobenzeno, Mirex, Toxafeno, Bifenilas Policloradas, DDT, Dioxinas e Furanos. No Brasil, o Decreto 5472, de 2005, promulgou o texto da Convenção de Estocolmo. Em 2009, foram incluídas mais dez substâncias na lista e em 2011, foi a vez do pesticida Endosulfan entrar para o grupo dos produtos banidos.

A Convenção de Estocolmo também criou um Plano de Monitoramento Global dos POPs no ar, no leite humano e no sangue humano. No Brasil, por exemplo, o leite humano é monitorado em São Paulo e em Belo Horizonte e já há dados disponíveis para poder comparar os resultados com o resto do mundo, mas isso é assunto para um outro post.  

Texto elaborado com base no material apresentado por Maria Yumiko Tominaga na IV Conferência Internacional em Segurança de Alimentos, realizada  pela Eurofins em Indaiatuba, SP, em julho de 2012. 

Leia também:

Jogo dos 7 erros: quais as informações obrigatórias que faltam nesta embalagem?

O monitoramento ambiental e a segurança de alimentos

PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) podem ser usadas livremente em alimentos? Entenda a regulamentação

2 min leituraNum post anterior, falei da importância do monitoramento ambiental para a segurança dos alimentos. Citei o caso do pesticida DDT e dos danos causados ao ecossistema pelo seu uso. Assim […]

4 min leitura
0

Corantes artificiais causam hiperatividade em crianças?

4 min leitura

Há estudos sugerindo que pode haver uma relação entre a ingestão de aditivos alimentares e efeitos comportamentais em crianças, mas sua validade é controversa.

Quando se trata de corantes artificiais, a questão fica ainda mais complexa por envolver o antagonismo “natural x artificial”, assunto já discutido aqui.

Em geral, as pesquisas que fazem este tipo de associação utilizam metodologias discutíveis, quando não incorretas. Vamos analisar um caso que teve certa repercussão, sobretudo na Europa.

Um estudo de pesquisadores ingleses publicado em 2007 na revista The Lancet concluiu que a ingestão de uma mistura de corantes artificiais associada ao conservante benzoato de sódio poderia causar um aumento da hiperatividade em certos grupos de crianças. No estudo, a maneira de “medir” a hiperatividade foi um indicador denominado de Global Hiperactivity Aggreggate (GHA). Este índice numérico não tem validade clínica e foi criado apenas para este estudo. Ele foi calculado por meio de uma pontuação dada ao comportamento das crianças por seus professores, por observadores situados nas salas de aula e por seus pais. Para as crianças de 8-9 anos, o índice também incluiu um teste computadorizado de atenção.

Na pesquisa, duas misturas de bebidas foram dadas às crianças na forma de suco de frutas:
– Mistura A, contendo quatro tipos de corantes artificiais e mais o conservador benzoato de sódio;
– Mistura B, contendo outros quatro tipos de corantes artificiais e também o conservador benzoato de sódio.
A escolha da mistura A foi baseada num polêmico estudo anterior sobre o mesmo assunto e a mistura B representava os corantes mais utilizados em produtos alimentícios no Reino Unido. O benzoato é um conservante usado geralmente em refrigerantes e outras bebidas.

Como controle, um terceiro grupo de crianças recebeu apenas placebo, ou seja, sucos de frutas sem corantes e sem conservante.

O experimento durou 6 semanas e apresentou os seguintes resultados:
– Nas crianças de 3 anos, houve aumento significativo do indicador GHA para o grupo que recebeu a mistura A em comparação com o grupo de controle. 
– Para o grupo de 8-9 anos, houve efeito significativo no índice GHA das crianças que receberam as misturas A e B quando comparadas às que receberam placebo.

Erros e lacunas

Por solicitação da Autoridade Europeia de Controle de Alimentos (EFSA), um grupo de 19 cientistas avaliou a pesquisa e emitiu um detalhado parecer científico, publicado no EFSA Journal, em 2008.

Primeiramente, utilizando os dados originais, este painel de cientistas constatou erro na análise estatística dos resultados apresentados e recalculou o valor GHA. Pelo cálculo correto, concluiu-se que:
– Nas crianças de 3 anos, não houve aumento significativo do indicador GHA nem para o grupo que recebeu a mistura A nem para o que recebeu a mistura B, em comparação com o grupo que recebeu placebo. 
– Somente para o grupo de 8-9 anos, houve efeito significativo no índice GHA das crianças que receberam apenas a mistura A, quando comparadas às que receberam placebo.

Além disso, o Painel também fez os cálculos utilizando um índice GHA no qual as pontuações dadas pelos pais foram excluídas, ou seja, considerando apenas as pontuações de observadores independentes e dos professores. Os resultados desta nova análise indicaram que os efeitos significativos registrados inicialmente nas crianças de 3 anos foram largamente direcionados pela observação dos pais. Em pesquisas deste tipo, não se recomenda a utilização de pais como observadores do comportamento dos filhos. 

O Painel concluiu que o estudo provê uma evidência limitada de que uma mistura de corantes sintéticos mais benzoato de sódio tem um pequeno efeito na atividade e atenção de algumas crianças selecionadas na população em geral, embora os efeitos não sejam observados para as crianças de todas as faixas etárias e não sejam consistentes para as duas misturas testadas.

A descoberta pode ser relevante apenas para indivíduos específicos numa população, que sejam sensíveis aos aditivos alimentares ou aos corantes sintéticos em particular. Contudo, não é possível avaliar a prevalência desta sensibilidade na população em geral e dados confiáveis sobre sensibilidade aos aditivos isoladamente não são disponíveis.

O significado clínico dos efeitos observados permanece obscuro, uma vez que não se sabe se estas pequenas alterações na atenção e atividade poderiam interferir no trabalho escolar ou em outras funções intelectuais.

O parecer dos especialistas ainda enumerou outras lacunas e falhas metodológicas do estudo, como a impossibilidade de avaliar os resultados com respeito aos efeitos unitários dos aditivos testados e o fato de o indicador GHA não ter significado clínico. Também não se conhece nenhum mecanismo biológico capaz de induzir efeitos comportamentais pelo consumo de corantes artificiais.

Analisando as evidências e as consideráveis incorreções, o Painel dos cientistas da Autoridade Europeia decidiu que os dados do estudo não podem ser usados para promover alterações da Ingestão Diária Aceitável (IDA) dos corantes analisados nem do benzoato de sódio.

Fontes:

McCann, D., Barrett, A., Cooper, C., Crumpler, D., Dalen, L., Grimshaw, K., Kitchin, E., Lok, K., Porteous, L., Prince, E., Sonuga-Barke, E., O’Warner, J., Stevenson, J., 2007. Food additives and hyperactive behaviour in 3-year-old and 8/9-year-old children in the community a randomized, double-blinded, placebo-controlled trial. The Lancet, Vol. 370, Issue 9598, 1560-1567.

Scientific Opinion of the Panel on Food Additives, Flavourings, Processing Aids and Food Contact Materials (AFC) on a request from the Commission on the results of the study by McCann et al. (2007) on the effect of some colours and sodium benzoate on children’s behaviour. The EFSA Journal (2008) 660, 1-53.

Leia também:

Exposição de crianças aos corantes artificiais continua preocupando

Adoçantes artificiais ajudam a engordar??

Batata geneticamente modificada, que não escurece e produz menos acrilamida, é liberada nos EUA

4 min leituraHá estudos sugerindo que pode haver uma relação entre a ingestão de aditivos alimentares e efeitos comportamentais em crianças, mas sua validade é controversa. Quando se trata de corantes artificiais, […]

2 min leitura
2

Grécia autoriza a venda de alimentos vencidos por preço menor

2 min leitura

A crise econômica na Grécia pode afetar a segurança dos alimentos consumidos pelos gregos e visitantes daquele país. Notícia publicada hoje (16/10), no site da Revista Exame, informa que o país vai permitir a venda de alimentos vencidos por um preço inferior ao original.

 Yorgos Moraitakis, assessor do Ministério de Desenvolvimento, Competitividade, Transporte e Comunicações, declarou nesta segunda-feira que: “Esta regulamentação existe há muitos anos e é algo permitido também no resto da Europa. A única coisa que fizemos foi detalhar que estes produtos devem ser vendidos a um preço baixo. Não entendo por que está causando tanto barulho.”

O Decreto Ministerial exclui a carne e os laticínios da lista de produtos perecíveis que podem ser vendidos e estabelece um limite máximo de datas nas quais pode ser continuada a comercialização.

Victor Tsiafutis, da Associação de Consumidores “Qualidade de vida”, uma das mais antigas da Grécia, interpreta essa decisão como “um ato imoral” e critica: “Em vez de tomar iniciativas para controlar os preços, permitem a venda de alimentos com data de validade superada”. Para Yannis, a venda de alimentos vencidos representa também um dilema moral, ao dividir os consumidores em dois grupos: os que podem pagar os alimentos básicos e os que, por pobreza, “se veem obrigados a recorrer a alimentos de qualidade duvidosa”.

Até onde uma crise dessas pode chegar? Sabemos que a validade de um produto é estabelecida após diversos testes de prateleira. E se essa data limite é superada, como garantir aos consumidores que o produto vencido não causará alguma doença? Espero que, com essa decisão, apareçam poucos casos de doenças veiculadas por alimentos e que a Grécia não aumente os seus gastos na área da saúde. Será?

2 min leituraA crise econômica na Grécia pode afetar a segurança dos alimentos consumidos pelos gregos e visitantes daquele país. Notícia publicada hoje (16/10), no site da Revista Exame, informa que o […]

Compartilhar
Pular para a barra de ferramentas