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Higienização em açougues: dicas de ouro para luvas de malha de aço

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Higienização em açougues é sempre prioridade no ramo alimentício. Quando observamos a estrutura e processo de um açougue, são inúmeros os pontos a serem observados e definidos referentes a sua higienização, cabendo definir a frequência conforme o risco de contaminação do produto.

Muitas vezes, ao avaliar e descrever o POP de higiene de um açougue, foca-se em estrutura (paredes, piso, mesas), deixando passar despercebido um item que entra em contato direto com toda matéria-prima que é manipulada no açougue, as LUVAS DE MALHA DE AÇO!

O indicado é que seja descrito um POP específico de higienização das luvas de malha de aço que contenha um passo-a-passo da sua limpeza e sanitização. Sim, SANITIZAÇÃO das luvas!!!!

A sanitização das luvas é de suma importância, a fim de garantir a eliminação de todos os microrganismos ali presentes, que possam não ter sido eliminados pela limpeza. E é sim possível implantar esse processo pois hoje existem no mercado inúmeros sanitizantes com preços acessíveis aos pequenos e médios açougues,  como o  ácido peracético. 

O processo de limpeza e sanitização deve ser escrito e estar em painel/quadro/orientação visível aos funcionários, com um passo-a-passo simples de ser seguido, tal como:

1 – Lavar a luva de malha de aço com água corrente, realizando um enxágue para retirar todo o resíduo cárneo e gorduroso;

2 – Aplicar detergente líquido desengraxante em toda a luva de malha de aço;

3 – Com uso de escova de cerdas grossas, realizar a esfrega, para remover todo resíduo e sujidade presente;

4 – Realizar o enxague com água corrente de forma a retirar todo o detergente e resíduos;

5 –  Avaliar a efetividade da limpeza das luvas. Se for observada a presença de resíduos, repetir o procedimento a partir do item 1;

6 – Se a limpeza estiver conforme, aplicar sanitizante ácido peracético por imersão por 15 minutos.

Recomenda-se que seja feita a higienização das luvas a cada 2 horas, para que se possa garantir a segurança de toda matéria-prima manipulada no açougue.

Como dica-bônus, é sempre importante ter registro de treinamento dos funcionários, a fim de comprovar ao órgão fiscalizador (V.I.S.A; S.I.M; S.I.S.B.I) que os manipuladores estão devidamente orientados e seguem o POP.

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Desenvolvimento da estratégia de mitigação de fraude, segundo o programa Food Fraud da U.S. Pharmacopeia

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Já fizemos aqui no blog a avaliação das etapas iniciais do guia de Food Fraud Mitigation da US Pharmacopeia. Nesta postagem, traremos as orientações do quarto e último passo, o desenvolvimento da estratégia de mitigação.

Leia também:

Passo 1: Avaliação das vulnerabilidades, segundo o programa Food Fraud da US Pharmacopeia

Passos 2 e 3: Avaliação dos impactos potenciais e caracterização das vulnerabilidades, segundo o programa Food Fraud da US Pharmacopeia

Passo 4: Desenvolvimento da estratégia de mitigação de fraude

De acordo com a classificação do passo 3, diferentes ações são tomadas para cada ingrediente avaliado:

  • Se o resultado obtido for verde, registrar e documentar a avaliação já é suficiente. Opcionalmente, pode-se criar controles que minimizem a vulnerabilidade.
  • Mas se o resultado for laranja, deve-se avaliar se a vulnerabilidade é aceitável. Caso não seja, é necessário prosseguir com recursos de mitigação.
  • Nos casos em que o resultado for vermelho, a avaliação de recursos de mitigação deve ser imediata.

O guia diz que a estratégia de mitigação é dinâmica e cíclica, devendo ser realizada quantas vezes forem necessárias. O objetivo é reduzir as classificações dos fatores controláveis de vulnerabilidade do passo 1, trazendo-os para as colunas da esquerda (coluna C do quadro 1 do primeiro passo).

Temos aqui algumas dicas para ajudar a desenvolver sua estratégia de mitigação:

  • Priorizar os fatores mais controláveis. Por exemplo, melhorar o relacionamento com o fornecedor está mais em nossas mãos do que as questões geopolíticas. Após isso, tratar os fatores que mais influenciam os resultados da classificação do passo 1.
  • Priorizar os ingredientes que têm maior potencial de risco, de acordo com a proporção utilizada no produto final.
  • Considerar estratégias de menor custo para a companhia. O guia traz como exemplo que melhorar a frequência de testes analíticos do insumo é mais barato que estipular um programa mais extenso de auditorias de fornecedores.
  • Avaliar a possibilidade de recursos de terceiros que já trabalham com mitigação de Food Fraud, como associações e órgãos públicos.

Portanto, traçar um plano de ação, executá-lo e refazer as avaliações iniciais são as etapas do passo 4, um processo que lembra os conceitos do conhecido ciclo PDCA.

Importante reforçar que o material da U.S. Pharmacopeia está disponível gratuitamente aqui, com inúmeras interpretações de cases reais, além de fontes de pesquisa que funcionam como recursos para as avaliações de vulnerabilidades. Não deixe de conferi-lo na íntegra!

Deixe nos comentários a sua contribuição em relação a este modelo de mitigação de Food Fraud.

Referências:

Food Fraud Mitigation Guidance – Apêndice XVII do Food Chemicals CodexU.S. Pharmacopieal Convention

Guidance Document Food Fraud MitigationFood Safety System Certification 22000

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ENFIT disponibiliza guia completo sobre segurança de alimentos no transporte

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Depois do sucesso do guia traduzido para limpeza de caminhões-tanque  da FSSC 22000 que disponibilizamos aqui no Food Safety Brazil, você vai adorar esta novidade.

Food Safety in Supply Chain

Transport of Unpacked raw materials and foodStuffs in food transport containers

São 198 páginas de um denso conteúdo, cujo índice se encontra aqui.

Para você ter uma ideia, a Associação Federal Alemã de Inspetores de Alimentos já encomendou um treinamento de toda a equipe de fiscais neste manual!

Quem escreveu este manual?

A ENFIT é uma associação sem fins lucrativos que desenvolve normas de segurança dos alimentos, critérios para certificação de limpeza de caminhões/containers a granel.

O foco é o transporte de alimentos e insumos para alimentação animal não embalados, que são transportados em caminhões-tanque, contêineres-tanque, veículos-silos, IBCs e vagões-tanques. Eles também desenvolveram um sistema de digitalização protegido por block-chain.  Um novo grupo de trabalho irá escrever em breve uma norma sobre higienização de diversos tipos de veículos.

Como conseguir o guia completo?

Para obter o guia, escrever para um e-mail para:

info@enfit.eu

Assunto: Guideline FSBrazil

Não é permitido o compartilhamento por grupos de celular ou e-mail. A obtenção deve ser feita individualmente diretamente com eles, embora não tenha custos.

Consultorias podem usar o guia?

Para consultores de segurança de alimentos, institutos de treinamentos ou outros, é possível usar o guia em consultoria e treinamento de pessoal com um contrato de licença ENFIT.

A empresa será deve ser previamente treinada para que a multiplicação ocorra conforme os padrões ENFIT.

Auditores treinados e autorizados recebem o certificado “ ENFIT-Certified Supply Chain Auditor“.  Os interessados devem escrever para o e-mail acima.

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Avaliação dos impactos potenciais e caracterização das vulnerabilidades, segundo o programa Food Fraud da U.S. Pharmacopeia

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Foi apresentado em uma postagem anterior o modelo proposto pela United States Pharmacopeia (USP) para o programa de Food Fraud, quando interpretamos o primeiro passo – avaliação das vulnerabilidades. Hoje faremos um apanhado geral sobre os dois passos seguintes, sendo a avaliação dos impactos potenciais e a caracterização das vulnerabilidades. Acompanhe com a gente e deixe nos comentários suas contribuições.

Leia também:

Passo 1: Avaliação das vulnerabilidades, segundo o programa Food Fraud da US Pharmacopeia

Passo 2: Avaliação dos impactos potenciais

Após levantar as vulnerabilidades de cada ingrediente, o próximo passo é avaliar os impactos potenciais que a fraude pode ter na saúde pública, na economia ou na confiança das autoridades reguladoras. A abordagem proposta pelo guia é avaliar inicialmente os impactos no aspecto de Food Safety e no âmbito da economia, seguido por uma configuração de pequenos multiplicadores que são capazes de amplificá-los.

Impacto na saúde pública (Food Safety): Após terem sido levantados os potenciais adulterantes dos ingredientes na etapa anterior, avalia-se o risco com base em sua natureza. Por exemplo: o adulterante é um produto permitido para uso em alimentos ou ele é um químico para uso industrial? Ele é um alergênico? Apresenta risco microbiológico capaz de causar intoxicações alimentares? Nesta avaliação devem ser considerados os impactos imediatos como também crônicos, como os causados por substâncias carcinogênicas.

  • Consumo específico: o impacto é maior para aqueles alimentos cujo consumo é específico, como baby food ou alimentos destinados a nichos populacionais mais frágeis. De maneira similar, quando o consumo é alto ou frequente um aumento do impacto é esperado, como no caso de suplementos nutricionais.
  • Suficiência nutricional: quando a substituição parcial ou total de algum ingrediente por adulterante pode reduzir o nível nutricional do alimento, torna-se um problema de saúde pública. Como exemplo, podemos citar as fórmulas infantis ou alimentação principal de populações com acesso restrito a alimento.

Impacto econômico: Este tipo de impacto pode ser sentido pela empresa produtora do alimento final, pelo segmento industrial como um todo ou pelas autoridades reguladoras. Ele pode ocorrer de forma direta ou indireta, quando a aceitação do consumidor em relação àquele alimento é comprometida, ou a confiança dos cidadãos no órgão regulador.

  • Confiança pública: o impacto passa a ser maior nos casos em que a fraude ocasiona efeitos extensos. Além do impacto específico àquele alimento, podem decorrer perdas significativas no setor industrial e problemas às autoridades que regulamentam alimentos.

Diante disto, deve-se classificar o impacto das fraudes levantadas no primeiro passo para cada ingrediente, conforme a matriz de avaliação de impacto proposta pelo guia, caracterizando-o como baixo, moderado ou alto. O quadro 1 apresenta de maneira prática como poderíamos avaliar o impacto das possíveis fraudes no ingrediente hipotético 1.

Quadro 1 – Matriz de avaliação de impacto

Passo 3 – Caracterização das vulnerabilidades gerais

Os passos anteriores foram necessários para que pudéssemos priorizar os esforços, focando aqueles ingredientes que representam os maiores riscos na cadeia alimentícia. Considerando o nível geral de vulnerabilidade dos fatores do passo 1, cruzados com a interpretação das consequências da fraude no passo 2, poderemos agora estabelecer a prioridade no controle de food fraud.

Para exemplificar, a vulnerabilidade do ingrediente hipotético avaliado no passo 1 como “média”, combinado com o impacto de “saúde pública moderado/econômico alto” no passo 2, sua caracterização conforme a matriz abaixo indica que “novos controles são extremamente recomendados”.

Quadro 2 – Matriz de caracterização de vulnerabilidade

Legenda:

Se a sua avaliação de impactos resultar em um formato não descrito no Quadro 2, como “Saúde Pública Baixo/Econômico Moderado” por exemplo, não se assuste! Busque posicioná-la no quadro 2 da maneira mais adequada possível, intercalando entre duas avaliações mais próximas.

A partir daqui, deve-se concentrar os esforços no desenvolvimento de estratégias de mitigação dos riscos, sendo este o 4º passo do guia proposto pela USP. Vale ressaltar que tal documento traz interpretações de cases que facilitam o entendimento de cada etapa de avaliação. Além disso, não perca as próximas publicações deste blog, quando faremos a conclusão do estudo do guia.

Referências:

Food Fraud Mitigation Guidance – Apêndice XVII do Food Chemicals CodexU.S. Pharmacopieal Convention

Guidance Document Food Fraud MitigationFood Safety System Certification 22000

3 min leituraFoi apresentado em uma postagem anterior o modelo proposto pela United States Pharmacopeia (USP) para o programa de Food Fraud, quando interpretamos o primeiro passo – avaliação das vulnerabilidades. Hoje […]

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Avaliação das vulnerabilidades, segundo o programa Food Fraud da U.S. Pharmacopeia

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O programa de Food Fraud passou a ser exigido como item obrigatório nos sistemas de gestão de segurança de alimentos desde sua proposta de inclusão pelo GFSI, sendo um item de grande relevância na prevenção de adulterações intencionais, normalmente motivadas por questões financeiras (Economically Motivated Adulteration – EMA). Com uma abrangência diferente dos programas de Food Safety e Food Defense, o Food Fraud busca avaliar as vulnerabilidades existentes em toda a cadeia e controlá-las através de estratégias de minimização e monitoramento.

Para tanto, foram desenvolvidas alternativas para a avaliação e planejamento de mitigação, como as ferramentas VACCP,  SSAFE e o guia da USP, o qual será objeto de estudo nesta publicação. Faremos um apanhado geral da avaliação das vulnerabilidades proposta no Food Fraud Mitigation Guidance, que é um apêndice do Food Chemicals Codex da U.S. Pharmacopeial (USP) Convention, disponível gratuitamente aqui.

Passo 1: Avaliação das vulnerabilidades (Food Fraud Vulnerability Assessment – FFVA)

Baseado em uma matriz de vulnerabilidade, fatores controláveis e não controláveis (coluna A) devem ser avaliados nesta primeira etapa do programa. Na matriz de riscos são consideradas situações que caracterizam a vulnerabilidade (coluna B), como apresentado no quadro abaixo.

O material da USP está repleto de relatos de fraudes reais que podem servir como cases na interpretação dos fatores de risco. Além disso, o apêndice do Food Chemical Codex já propõe a classificação da vulnerabilidade de baixa a alta (coluna C). Para defini-la, considere consultar as orientações de categorização do guia, descritas na definição de cada fator.

Quadro 1 – Matriz de avaliação dos fatores de vulnerabilidade

Clique aqui para ver o quadro com mais clareza.

O guia não traz um sistema de score para obter um resultado numérico na avaliação final dos ingredientes. Portanto, sugere-se desenvolver uma opção adequada à sua realidade. Isso faz com que se elimine a subjetividade da interpretação final. Pode-se atribuir, por exemplo, notas para cada classificação: baixa = 1; média-baixa = 2; média = 3; média-alta = 4; alta = 5. Ao fim da avaliação do ingrediente, soma-se os pontos, considerando-se avaliação geral como:

  • Baixa, se a pontuação total estiver entre 0 – 9;
  • Média-baixa 10 – 18;
  • Média 19 – 27;
  • Média-alta 28 – 36;
  • Alta 37 – 45.

Em nosso exemplo (coluna C), teríamos um total de 27 pontos, o que indica que o ingrediente hipotético avaliado seria caracterizado com vulnerabilidade média.

Temos aqui algumas dicas para implantação do programa em empresas com um grande portfólio de ingredientes:

  • Num primeiro momento, aplicar as orientações deste primeiro passo sem avaliar os fatores específicos dos fornecedores, como Supply Chain, Relacionamento do fornecedor, Histórico do fornecedor.
  • Agrupar os ingredientes por classes para avaliá-los em conjunto, quando eles não representam alta vulnerabilidade individualmente.
  • Priorizar ingredientes originados em países ou regiões com histórico conhecido de Food Fraud.

Após o preenchimento da matriz para todos os ingredientes, estaremos prontos para seguir para o passo 2 – Avaliação de impactos potenciais, o qual cruzará informações com a avaliação do passo 1. Não deixe de acompanhar as próximas publicações, por meio das quais conduziremos o estudo completo do guia.

Referências:

Food Fraud Mitigation Guidance – Apêndice XVII do Food Chemicals CodexU.S. Pharmacopieal Convention

Guidance Document Food Fraud MitigationFood Safety System Certification 22000

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Meu óleo vegetal está seguro?

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É muito difícil encontrar um restaurante que não trabalhe com fritura, correto? Afinal, o óleo possui funções primordiais na gastronomia. Serve de portador de ácidos graxos essenciais, vitaminas lipossolúveis, aromas e corantes. Também proporciona saciedade,  aeração, maciez e lubrificação, além de acentuar o sabor e aumentar o valor calórico dos alimentos.

Os óleos podem ser de origem animal (fígado) ou de origem vegetal (de oliva, milho, soja, amendoim, canola, linhaça, girassol). Eles são insolúveis em água e outros líquidos em temperatura ambiente.

Mas por que estou falando isso tudo? Pois as características e os tipos de óleos, fora os cuidados na manipulação, fazem total diferença na hora do preparo e garantia de um alimento seguro, que não cause doenças ao consumidor.

O óleo pode ser submetido a ranços, podendo ser eles oxidativos, hidrolíticos e decorrentes da fritura. 

Quando exposto ao calor, luz, traços de metais ou certas enzimas, há reação com o oxigênio do ar. Esta reação perturba a química natural do produto e ocorre o ranço oxidativo, causando mau cheiro e não sendo atrativo ao paladar. Por isso, os óleos devem ser mantidos em lugar fresco e escuro ou em embalagem fechada. 

Já reparou que as embalagens do azeite são escuras? Agora você sabe o porquê. Já as embalagens plásticas possuem um filme protetor para evitar a oxidação pela luz. 

Além dos cuidados com o armazenamento, também devemos estar atentos durante a fritura, pois pode ocorrer ranço decorrente deste processo. Isto acontece quando os alimentos imersos em óleo muito quente liberam água contida neles, reagindo com a gordura, o que provoca hidrólise e libera ácidos graxos, causando também mau cheiro (ranço hidrolítico). 

Na reutilização do óleo, há acumulação de ácidos graxos livres, o que altera o sabor e o torna um produto ruim. 

Outro problema da reutilização são as mudanças que o óleo sofre devido ao aquecimento em altas temperaturas. Esse processo causa uma reação, o glicerol é desidratado, produzindo acroleína. A acroleína pode causar riscos à saúde do consumidor, pois é um composto tóxico. É uma substância volátil e que irrita a mucosa gástrica.

Com a utilização do óleo por longos períodos ou maior duração do aquecimento, é possível ver a olho nu a liberação de uma fumaça densa e branca, que será produzida com temperaturas cada vez mais baixas. Essa alteração física chama-se ponto de fumaça.

E é neste ponto que os tipos de óleo se diferenciam, pois cada um possui um ponto de fumaça diferente. Quando for realizar uma fritura, escolha os que possuem maior resistência à temperatura. O óleo de soja é o que possui maior ponto de fumaça (240ºC), seguido do óleo de girassol (de 227ºC a 232ºC). Já o azeite de oliva (175ºC) e a margarina (150ºC) possuem menor resistência à temperatura.

Mesmo que o óleo apresente bom estado de conservação, não o utilize por muito tempo, pois também ocorre a polimerização, o que escurece e engrossa o óleo, dando uma consistência de xarope e impedindo a sua utilização. 

Resumindo, antes de utilizar o óleo, verifique se ele está em bom estado de conservação:

  • Só o reutilize se não apresentar nenhuma alteração de cor, sabor ou odor;
  • Se no aquecimento não houver produção de fumaça e espuma antes da temperatura ideal para o tipo do óleo;
  • Frite os alimentos com temperaturas de até 180ºC; e
  • Antes da reutilização, passe-o por filtros específicos.

Por fim, ao descartá-lo, coloque-o em recipientes próprios, armazene de forma correta e busque uma empresa especializada para fazer a coleta, evitando poluição. 

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Ideias para o Dia ou Semana da Qualidade em indústrias de alimentos – Ainda dá tempo!

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Se você precisa de ideias para o Dia da Qualidade ou Semana da Qualidade em indústrias de alimentos, trazemos algumas aqui.

Anualmente se comemora o dia mundial da qualidade. Trata-se de uma data que foi instituída em 1990 pela ONU e sua comemoração é realizada na segunda quinta-feira de novembro.

Isto significa que na próxima semana teremos mais uma comemoração, ou seja, há uma ótima oportunidade de realizar atividades de engajamento entre os colaboradores da sua empresa.

Este é um ótimo momento para reciclar pontos pertinentes sobre segurança do alimentos, PCCs, a importância do preenchimento dos relatórios de pragas, asseio pessoal, alergênicos, controle de contaminantes, ou seja, assuntos não faltam neste vasto universo.

Mas como?

Reservo esse post para dar algumas dicas de atividades que podem ser realizadas para celebrar o dia e também a semana da qualidade. Você pode estar pensando: “Mas eu não me programei, será que ainda dá tempo?”

A resposta é: Sim! Vou incluir algumas dicas de atividades simples e rápidas que podem ser preparadas e adaptadas ao longo dessa semana, ou seja, não há desculpas para não aproveitar este momento e deixar passar esse evento em branco. Vamos lá!

Depoimentos de Colaboradores

Disponibilize ainda essa semana um pequeno panfleto para que o colaborador da empresa escreva alguma mensagem como:

  • Por que a qualidade e segurança dos alimentos são importantes?
  • Qual o meu papel para contribuir com a qualidade e segurança dos alimentos?

Importante: Solicite também nome, área e turno.

Com este material podem se feitas várias atividades:
– Vídeo simples passando as mensagens no televisor do refeitório (editores simples de vídeos conseguem realizar isto;

– Ou imprima os textos e cole em um mural da empresa. Consegue ousar? Que tal uma parede toda? Só não vá criar contaminantes, utilize áreas não produtivas como corredores externos.

Mas se ainda assim, há muita gente em sua empresa e você tem pouco tempo ou não há recursos para digitar tanto material, vá a campo, escolha algumas pessoas e faça algumas perguntas. Desta forma você terá um número mais controlado, você pode optar entre falar com pessoas que influenciem positivamente ou escrever mensagens ditas por uma equipe/linha toda. A mensagem também ficará interessante, mas por experiência própria se você conseguir tornar isso individual o resultado será mais assertivo.

Está sem tempo? Aqui há um arquivo para auxiliá-lo – Baixe Aqui – Folheto de Qualidade

Parceria com Refeitório

Aproveite o momento e se oportuno alinhe o ajuste de algum cardápio diferenciado.
Realize uma decoração no refeitório com frases, curiosidades, utilize placas, banners.
Imprima mensagens e curiosidades e coloque nos displays que alguns refeitórios disponibilizam nas mesas ou no próprio mural de entrada.

Convide talentos internos para realizar alguma apresentação musical, que tal uma paródia? Tenho certeza de que o próprio talento musical já tem até uma ideia de paródia em mente.

Sorteio

Como está o budget? Que tal levantar algum fundo, algum cartão vale-compras?
Que tal providenciar brindes para entregar aos colaboradores? Cuidado com o tipo de brinde, não queremos novos contaminantes.

Está com tempo, mas orçamento apertado? Que tal caçar brindes “perdidos”, canetas, aquele último boné de algum evento, um caderno, um vale para alguma loja interna.
Mas como eu sorteio isto? Utilize listas de presença numeradas ao final de cada atividade, veja que você terá uma evidência de engajamento e também uma cartela para realizar sorteios.

E-mail alerta

Prepare um e-mail dedicado ao tema, fale sobre assuntos pertinentes e motivadores, explore curiosidades e fale sobre o motivo de tal evento, dispare esses alertas entre os e-mails dos colaboradores. Para quem não possui acesso, faça a impressão e disponibilize entre os quadros.

Plano de fundo para computadores

Verifique com o time de TI e Design a possibilidade de criar uma arte para seu evento. Essa arte pode conter uma agenda com datas e horários das atividades; quando virarmos a semana essa arte poderia entrar automaticamente como plano de fundo para o usuário e sairia automaticamente após terminada a semana.

Quer um desafio maior? Tire algumas fotos dos colaboradores com os produtos ou realizando atividades com o tema de qualidade, segurança de alimentos, como a realização de um monitoramento de PCC, resgate fotos “positivas”. Nada de puxão de orelha neste “meio de mensagem”, afinal queremos inspirar. Com estas fotos, customize um ou dois templates de plano de fundo adicionais e solicite ao TI o agendamento das trocas automáticas das imagens durante a semana da qualidade.

Palestras, vídeos motivacionais

Que tal uma pequena palestra? Se possuir tempo para tal organize pequenas turmas para passar uma mensagem importante. Não sabe o que falar ou não tem tempo para construir algo? Faça a busca de algum vídeo na internet e organize pequenas sessões após o almoço para transmiti-lo. Ao final, todos assinam a lista e podem também participar do sorteio do dia ou da semana da qualidade. Você pode inclusive reservar cada dia da semana por temas: PCC, Pragas, BPF, SAC….

Elogios via SAC

Se possível organize com o time de SAC alguns elogios marcantes, separe-os e compartilhe com os colaboradores. O compartilhamento pode ser feito de forma impressa em um mural. Adicione a cidade da pessoa e o primeiro nome, não queremos expor ninguém, mas vamos deixar a mensagem mais humanizada.
Se for possível ter acesso a áudios, uma ótima dica seria realizar edições e passar pequenos trechos em pequenas caixinhas de som.

Quer mais dicas de jogos? Clique Aqui 

Conclusão e feed-back

Espero que estas dicas o inspirem a não deixar passar esse evento em branco. Não se esqueça de voltar aqui depois e contar como foi a experiência, combinado?

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Simulado de Recall em alimentos – Parte 2: Por que sua empresa não está preparada?

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Recentemente escrevi um post sobre a diferença entre o exercício de rastreabilidade e o simulado de recall. Veja esse post aqui. Na ocasião falei muito sobre os simulados de recall serem exercícios de rastreabilidade “disfarçados”.

Hoje eu trago a parte 2 daquele post. E começo fazendo uma pergunta. Responda com sinceridade: a sua empresa está preparada para um recall real? Boa parte das empresas não está preparada, é o que o histórico de casos demonstra.

Veja abaixo os 4 principais motivos que podem demonstrar o despreparo de uma empresa, na visão das especialistas Jennifer McEntire and Amy Philpott:

  • Falta de clareza sobre a autoridade de tomada de decisão: os planos de recolhimento geralmente identificam o gerente de qualidade como o coordenador da equipe de recall, mas quando os clientes ou o governo perguntam à empresa se ela fará um recall, quem toma a decisão final? E se essa pessoa estiver em uma semana de férias sem serviço de celular? Quem participa da discussão? E se não houver consenso dentro da empresa? Especialistas externos são consultados? Normalmente nada disso é abordado em um procedimento ou simulado de recall;
  • Dificuldade em decidir quanto recolher: assim que for tomada a decisão de recolher, o próximo desafio é decidir quanto recolher. Se o recall deriva de um produto cujo teste deu positivo, você recolhe exatamente e apenas este lote? Como você pode ter certeza de que o problema não resultou da matéria-prima que poderia estar presente em vários lotes de produtos acabados (especialmente se o produto acabado não tiver uma etapa final, como produtos frescos)? Se o contaminante for Listeria monocytogenes, poderia ser contaminação ambiental de sua instalação? Este contaminante ainda está presente? Definir o escopo do recall pode ser muito desafiador;
  • Pouca comunicação ou comunicação tardia: a função de comunicação geralmente pega as empresas de “calças curtas” porque elas começam a pensar nisso tarde demais. A partir do momento em que um problema potencial é identificado, comece a se preparar para comunicações reativas e proativas. Identifique os vários públicos internos e externos que podem entrar em contato com você e aqueles com quem você pode precisar se comunicar. Para cada tarefa de comunicação, identifique a(s) pessoa(s) que a realizarão, como e quando. Por exemplo: qual (is) cliente (interno e externo) você contatará sobre um recall? Quem entrará em contato com cada um? Quando? Como? O que eles vão dizer – exatamente? Qual documentação você precisa para demonstrar que notificou os clientes? Lembre-se de que a comunicação é bidirecional, portanto prepare-se não apenas para emitir declarações e mensagens, mas também para receber perguntas e comentários de funcionários, consumidores, clientes, conselhos de administração, reguladores e outros. Monitore as mídias sociais e as fontes de notícias online, especialmente as locais.
  • Ter um plano não é suficiente: por fim, o maior desafio para realizar um recall de forma eficaz e eficiente é a falta de planejamento, ou cada vez mais, a falta de familiaridade com o plano. Planos de recall, na maioria dos casos, ficam nas estantes e nunca são atualizados, testados ou usados – mesmo quando há um recall. Nenhuma empresa deseja emitir um recall com frequência suficiente para ficar “boa nisso”; mas ser bom nisso pode salvar a empresa.

Então, pratique. Faça uma simulação anual de recall, ou até mais frequente, e torne-a o mais real possível: vá além do exercício de rastreamento, inclua as comunicações, teste o plano e envolva todas as principais funções de negócios da empresa como já dito no post anterior. Simulados de recall têm por objetivo mitigar riscos e medir sua capacidade de reagir a um evento de emergência com a maior precisão possível.

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IFT disponibiliza informações sobre Rastreabilidade de Alimentos

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Você sabe o que é rastreabilidade?

A necessidade de rastrear algo se deu para poder saber “o que” compõe um determinado produto, “de onde” veio, qual a sua origem e “para onde” foi enviado.

Rastrear representa a capacidade de traçar a história, a aplicação, como foi utilizado e qual a localização de uma mercadoria individual ou um conjunto de mercadorias. Para isso, são utilizados números (ou códigos) de identificação.

No portal IFT.org você irá encontrar diversos recursos gratuitos sobre rastreabilidade. Aproveite!

Acesse o link abaixo e saiba mais sobre o assunto:

https://www.ift.org/policy-and-advocacy/advocacy-toolkits/food-traceability

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Food Defense e Food Fraud: Você já fez a prova de acesso à sua instalação?

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Quando falamos de planos de Food Defense e Food Fraud, estamos falando basicamente de “prevenção” e não de “reação”.

Você avaliou bem as suas vulnerabilidades e ameaças e há uma boa chance de prevenir acontecimentos com base nas medidas implementadas, certo? Certo.

Mas pergunto: você realmente testou os seus planos? A sua fábrica é um alvo fácil ou um alvo difícil?

Veja: se para mim é fácil entrar na sua fábrica, caminhar pelos arredores, e ninguém se aproxima pedindo uma identificação, a sua fábrica pode ser um alvo fácil. Se alguém liga para a fábrica e fala: “eu estive com o seu produto e pus um contaminante fatal em algum lugar do seu armazém de ingredientes” – qual seria a sua resposta? Se você trabalha com transportadoras homologadas e sistema de agendamento de caminhões, você sabe antecipadamente o nome do motorista que chegará com o caminhão em questão? Você realmente checa essa informação? Em caso de devolução de produto, retrabalho e ou reprocesso, que tipo de medida de controle você estabelece para garantir que ninguém colocou um contaminante intencional que virá a ser misturado com o produto em produção?

É aí que entram os planos de prevenção.

Estes questionamentos nos ajudam a realmente medir o grau de profundidade com o qual estes assuntos foram tratados. Auditores do FDA costumam perguntar às empresas: “como vocês testaram o seu plano de segurança?” – já pensando na prova de penetração ou de acesso.

Aliás, você sabe o que é uma prova de acesso (ou de penetração)? Prova de penetração é um teste no qual uma pessoa não autorizada tenta obter acesso a uma área sensível.

Vou dar dois exemplos de prova de penetração que considero muito legais:

1. Você envia uma pessoa desconhecida, bem vestida, com um jaleco sobre a roupa, por um trajeto entre a área de recepção/portaria da empresa até a área de pesagem de ingredientes. Uma vez lá, ela permanecerá por até vinte minutos, a menos que seja questionada por um funcionário. Ela então irá embora. Se o intruso for desafiado, ele alegará ser um novo consultor de segurança de alimentos ou gerente de conta do controle de pragas ou novo gerente de recursos humanos e tentará permanecer na área. No relatório do teste de penetração, devem ser registrados os nomes de pessoas que estarão trabalhando nas áreas afetadas no momento do desafio e avaliado se elas foram treinadas em food defense/food fraud. Deve conter ainda uma descrição do que a equipe deve fazer neste cenário e quais procedimentos devem ser seguidos. Os critérios de fracasso e sucesso devem ser documentados, bem como o que acontecerá se os procedimentos de food defense/food fraud funcionarem 100%  e o que acontecerá se os procedimentos funcionarem apenas parcialmente; e finalmente, como o cenário pode progredir se houver uma falha completa de procedimentos e sistemas.

Por exemplo:

a) Se o “intruso” for capaz de permanecer na área de pesagem de ingredientes por 20 minutos sem ser contestado por um funcionário, isso pode ser considerado uma falha completa do sistema de food defense/fraud.

b) Se o intruso for questionado, mas puder convencer o funcionário a permitir que ele permaneça na área sem supervisão, isso pode ser considerado uma falha parcial.

c) Se o funcionário optar por ficar com o intruso para “ficar de olho nele”, isso pode ser considerado um resultado melhor do que deixar o intruso sozinho.

Execute o desafio! Faça com que um membro da equipe de confiança observe a uma distância discreta. Descreva no relatório o que aconteceu. Convoque uma reunião da equipe de food defense/food fraud e analise os resultados do teste de desafio. Realize análises de causa-raiz e estabeleça as ações corretivas para quaisquer falhas no sistema. Tome medidas para evitar que um cenário como este volte a ocorrer, com base nas análises de causa-raiz.

2. Você simula um ataque cibernético para uma avaliação extensiva da vulnerabilidade de seus sistemas digitais? Essa prova é mais difícil de ser realizada internamente e dependerá da área de T.I da sua empresa. Você pode achar pouco provável que isso ocorra, não é mesmo? Mas já tivemos casos aqui no Brasil em que uma empresa perdeu todos os registros dos últimos 6 meses em função de um ataque de hackers. Atualmente existem empresas especializadas no mercado para fazer este tipo de teste.

E aí? Você está preparado para aplicar completamente os planos de Food Defense e Food Fraud? Vale a reflexão e é aquele velho ditado: “Melhor prevenir do que remediar”.

Espero que tenham gostado e até a próxima! 🙂

Referências

https://www.fda.gov/media/84376/download

https://www.fdanews.com/ext/resources/files/10-14/10-20-14-OIGReport.pdf?1518192066

https://www.foodfraudadvisors.com/beyond-vulnerability-food-defense/

3 min leituraQuando falamos de planos de Food Defense e Food Fraud, estamos falando basicamente de “prevenção” e não de “reação”. Você avaliou bem as suas vulnerabilidades e ameaças e há uma boa […]

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Segurança de Alimentos para produtos embalados: condições básicas para transporte e armazenamento

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Há muitas informações e referências sobre as condições básicas que garantem a segurança de alimentos em etapas como manipulação e fracionamento. Existem elos, porém, que muitas vezes permanecem vulneráveis e carecem de regulações específicas, como as etapas de transporte e armazenamento (incluindo-se aqui o armazenamento nos pontos de venda e a exposição dos produtos nas gôndolas). Estas etapas talvez passem uma falsa impressão de segurança porque nelas os alimentos estão embalados.

Apesar disso, sabe-se que há muitas não conformidades oriundas dessas etapas e que muitas vezes, os fabricantes (seja dos produtos ou das embalagens) podem, num primeiro momento, ser os primeiros “suspeitos”.

Vamos falar um pouco mais sobre transporte e armazenamento e entender as diretrizes básicas nesse contexto de produtos embalados.

Como todas as outras etapas da cadeia, devemos levantar todos os tipos de perigos (químicos, físicos e biológicos) de cada etapa e gerenciar todos os fatores que os influenciam. Nesse momento não podemos deixar de citar as nossas tão conhecidas Boas Práticas, que devem ser seguidas até a casa do consumidor.

Mas como gerenciar as Boas Práticas em pontos em que não tenho controle, nem mesmo indireto? Como saber se uma embalagem avariada foi de responsabilidade do fabricante da embalagem, do transporte, do fabricante do alimento, do armazenamento ou do ponto de venda? Ou mesmo o consumidor?

A ABIA (Associação Brasileira de Indústria de Alimentos) oferece algumas orientações nesse sentido, mas é importante avaliar, no contexto de cada produto, as legislações aplicáveis e normas de certificação (quando de linhas de produção certificadas), para que todas as exigências sejam atendidas.

Em relação ao transporte, vale lembrar que este não se limita apenas ao deslocamento dos produtos, mas inclui também todas as operações de carregamento e descarregamento. Falta de cuidado nestas etapas podem prejudicar a qualidade e segurança destes produtos.

Algumas medidas imprescindíveis para TRANSPORTE são:

  • A cabine do condutor deve ser totalmente independente de partes que contenham alimentos;
  • O material do compartimento que entra em contato com a carga deve ser de material liso, resistente, impermeável, atóxico e lavável;
  • Se o alimento estiver apenas em sua embalagem primária, não deverá ser transportado em contato direto com o piso do veículo;
  • Quando as instruções do produto indicarem, este deve ser colocado em prateleiras ou similares, pallets ou slip sheet, evitando contaminação;
  • Todos os materiais utilizados para fixação e proteção da carga (pallets, cortinas, divisórias móveis, espaçadores, calços, cordas, grampos, prateleiras, estrados, lona, plásticos, encerados) devem estar limpos, em boas condições (inclusive sem furos), evitando contaminação e não causando danos aos produtos.

O treinamento dos motoristas e auxiliares também é um fator importante a ser considerado, evitando freadas bruscas e curvas em altas velocidades para não prejudicar a disposição da carga. Eles devem ser conscientizados sobre riscos de contaminação e deterioração de alimentos.

Veículos com carroceria ou vagão aberto podem ser utilizados para transporte de produtos que não exijam condições especiais, de acordo com as recomendações do fabricante (produtos não perecíveis, carga seca). Nesses casos, sugere-se:

  • Amarração e enlonamento completo da carga;
  • Carroceria mantida limpa e seca, sem materiais estranhos em seu interior (pneus, estepes, ferramentas ou quaisquer outros);
  • Manutenção do piso e das laterais da carroceria periodica, evitando que lascas de madeira ou pregos possam danificar as embalagens e produtos.

Para higienização dos veículos que transportam alimentos, devem ser usados produtos atóxicos, sem odor e registrados em órgãos competentes. Os veículos devem ter limpeza interna antes de todo carregamento e ter controle de pragas trimestralmente.

No caso de caminhões-baú, as portas devem ter vedação suficiente para evitar entrada de pragas, permitir higienização e manutenção da temperatura adequada.

É importante lembrar que o resfriamento do container para transporte de perecíveis deve ser efetuado antes do carregamento. O transporte deve atender as exigências do fabricante quanto à umidade e temperatura durante todo o trajeto.

Outro ponto importante (que pode parecer óbvio na teoria, mas que impacta bastante em questões de logística) é o transporte compartilhado de alimentos com outros produtos, bem como com pessoas e animais. É proibido transportar alimentos com produtos tóxicos ou outras substâncias que possam comprometer a integridade dos alimentos ou contaminá-los.

O transporte de alimentos de diferentes categorias numa mesma câmara só é admitido no caso de alimentos compatíveis, ou seja, aqueles que em função de sua origem, características de conservação e embalagens de acondicionamento não correm risco de contaminação cruzada. Quando não houver essa compatibilidade, alimentos de diferentes categorias podem ser transportados num mesmo veículo, se:

  • Houver separação total (áreas devidamente isoladas);
  • As separações forem dotadas de revestimento interno de fácil limpeza, com divisórias instaladas de forma que isolem a passagem de odores aos demais ambientes;
  • Acesso independente para cada ambiente.

Nos casos de produtos com diferentes temperaturas, cada câmara deve atender às exigências dos fabricantes, porém, no caso de produtos secos, não se recomenda o transporte com cargas frigorificadas.

Impossível não citar também nesse contexto a questão dos alergênicos: o serviço de transporte contratado ou a frota própria da sua cadeia de fornecimento deve ser transparente o suficiente para comunicar questões de transporte de alimentos alergênicos, seguindo a legislação vigente, para que exista a correta rotulagem dos produtos. É comum termos no rótulo um alergênico informado como “pode conter”, exatamente devido à etapa de transporte.

Além disso, deve-se avaliar exigências específicas de clientes. Cito como exemplo um cliente que exija a avaliação das 3 últimas cargas daquele veículo no check list de recebimento/expedição.

Para descarregamento e armazenamento, algumas orientações que, apesar de parecerem óbvias, são sempre importantes de se lembrar aos responsáveis pelas atividades:

  • Não arremessar ou arrastar embalagens;
  • Nunca deixar produtos em contato direto com o chão;
  • Não colocar pesos excessivos sobre caixas ou fardos, nem desobedecer o empilhamento máximo indicado pelo fabricante;
  • Não pisotear ou sentar sobre as caixas;
  • Não bater, empurrar ou arrumar os produtos com os pés;
  • Não carregar embalagens soltas em cima das caixas (transportando preferencialmente com um meio adequado disponível);

O descarregamento e armazenamento de produtos que exijam condições de manutenção de temperatura devem ser armazenados prioritariamente, com seus respectivos registros de temperatura. Além disso, os equipamentos devem sofrer manutenção e calibração periódicas.

Para um correto armazenamento, os alimentos devem ser armazenados ao abrigo de luz solar direta, calor, goteiras ou umidade excessiva.

Seguem algumas medidas importantes em relação ao ARMAZENAMENTO:

  • Em relação à separação de categorias: é importante separar os alimentos de produtos de limpeza, perfumaria, produtos químicos, solventes, ração animal e produtos não alimentícios tóxicos ou com odores fortes. Produtos químicos devem ser mantidos a no mínimo 4 metros de distância dos alimentos;
  • Recomenda-se segregar farináceos e grãos dos demais produtos, para que as pragas características destes produtos não atinjam os demais, mesmo que embalados;
  • Manter segregação e identificação de alergênicos;
  • Instalações em bom estado de conservação, livre de rachaduras, umidade e bolor, sem vazamentos ou mau cheiro, sem aberturas que permitam entrada de pragas;
  • Instalações, equipamentos e aberturas (portas e janelas) de material liso, de fácil higienização e resistentes, ralos e drenos com fechamento;
  • Ausência de animais (pragas ou animais domésticos);
  • Correto controle de validades;
  • Manter as condições de umidade e temperatura de acordo com as recomendações do fabricante, lembrando que produtos que exijam armazenamento em local seco e fresco também precisam de cuidados em regiões de temperaturas muito elevadas, e a umidade deve ser mantida entre 50 a 65%;
  • Limpeza e higienização: o setor deve permitir fácil acesso à limpeza e higienização, mesmo com toda sua capacidade de armazenamento;
  • Manter o local livre de materiais obsoletos, equipamentos ociosos e entulhos (inservíveis);
  • Respeitar o distanciamento entre piso, paredes e teto (sempre respeitando legislação local), e ter também espaço livre entre os equipamentos, permitindo fácil acesso e movimentação de mercadorias, evitando avarias e quedas dos demais produtos;
  • Para evitar entrada de veículos para entregas e coletas nos setores de armazenamento, ideal ter plataformas.

Os arredores dos setores também precisam ser mantidos limpos e sem materiais obsoletos, resíduos ou água estagnada.

No caso dos pallets, estes também devem sofrer higienização periódica e padronizada. No caso de pallets de madeira, devem ser mantidos em bom estado de conservação e não sofrer higienização úmida para não favorecer aparecimento de bolor.

É ideal que se mantenha armazenamento separado entre matérias primas e produtos acabados.

Outro fator importante, tanto no caso de armazenamento quanto de transporte, é a separação dos produtos impróprios para consumo. Quaisquer produtos avariados, vencidos ou não conformes devem estar devidamente segregados e identificados.

No caso de alimentos embalados para transporte até o consumidor final, o conhecido delivery, tão atual em tempos de quarentena, podemos encontrar informações aqui e aqui.

Respeitadas estas medidas, assim como o atendimento de condições básicas em todas as demais etapas da cadeia, garantimos um produto seguro, além de evitar o desperdício de alimentos.

E, respondendo à pergunta inicial, sobre como avaliar a origem das diversas não conformidades que podem surgir ao longo de todo o percurso dos alimentos, isso só será possível se todos os elos estiverem comprometidos com questões de segurança de alimentos, assumindo suas responsabilidades e, acima de tudo, o controle de processos que estão sob sua responsabilidade, além de um boa gestão de fornecedores, incluindo os que citamos aqui: transporte, logística e armazenamento.

Fonte: https://www.abia.org.br/vsn/anexos/CAC.pdf

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3 dicas para utilizar a biblioteca de agrotóxicos da Anvisa

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Como alguns já sabem, para a melhor gestão do seu estoque regulatório, todas as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) foram organizadas em Bibliotecas de Temas a partir de 2018. As bibliotecas reúnem todas as normas vigentes sobre determinado macrotema, como por exemplo:  alimentos, saneantes, cosméticos, medicamentos, agrotóxicos, entre outras que correspondem às grandes áreas de atuação da Agência.

Estas bibliotecas têm o objetivo de facilitar o acesso e a aplicabilidade do estoque regulatório e aprimorar o processo de revisão normativa, e foram estruturadas em temas que representam seções do estoque regulatório, descritos de acordo com o que a Anvisa regula (produtos e serviços sujeitos à vigilância sanitária) e como ela regula (registro, notificação, fiscalização, monitoramento, etc).

Cabe ressaltar que a ANVISA coordena as ações na área de toxicologia no âmbito do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, com o objetivo de regulamentar, analisar, controlar e fiscalizar produtos e serviços que envolvam riscos à saúde e se caracterizem como agrotóxicos, componentes e afins e outras substâncias químicas de interesse toxicológico.

A biblioteca de agrotóxicos, por sua vez, é estruturada em 5 sessões nas quais é possível o acesso à legislação vigente por meio de links disponíveis para cada documento.

Itens Subitens
1 Regularização de produtos sujeitos à vigilância sanitária 1.1 Critérios e Exigências para Avaliação Toxicológica de Agrotóxicos
1.2 Critérios e exigências para avaliação e classificação toxicológica para preservativos de madeira, Lista de componentes de agrotóxicos
1.3 Avaliação do risco ocupacional e dietético de agrotóxicos
1.4 Critérios para a realização de estudos de resíduos e estabelecimento de limites máximos de resíduos (LMR) de agrotóxicos para fins de registro de agrotóxicos
1.5 Pós-Registro de Agrotóxicos, Reavaliações toxicológicas de ingredientes ativos de agrotóxicos
2 Informações ao consumidor 2.1 Bula e rotulagem de agrotóxicos
2.2 Promoção comercial e publicidade de agrotóxicos
3 Controle, fiscalização e monitoramento de produtos e serviços 3.1 Programa de análise de resíduos de agrotóxicos em alimentos (PARA)
3.2 Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (RENACIAT)
3.3 Rastreabilidade de alimentos in natura
4 Controle sanitário em comércio exterior e ambientes em PAF e recintos alfandegados 4.1 Controle da importação de padrões de referência, incluindo padrões de produtos agrotóxicos
4.2 Uso de brometo de metila no Brasil exclusivamente em tratamento fitossanitário com fins quarentenários nas operações de importação e de exportação
4.3 Procedimentos para registro de produtos técnicos, pré-misturas, agrotóxicos e afins destinados exclusivamente à exportação
5 Monografias de agrotóxicos, saneantes desinfestantes e preservativos de madeira

Agora que já estamos familiarizados com a estrutura do documento, vamos às dicas!

#Dica 1: Como o documento não tem nenhum texto explicativo e contém apenas a lista de normas e seus respectivos links, utilize o índice para localizar o assunto de interesse antes de tentar localizar a norma em questão, principalmente se estiver acessando a biblioteca de agrotóxico diretamente do navegador.

#Dica 2: Sempre consulte a última versão vigente de qualquer biblioteca no portal da ANVISA, antes de utilizar. É possível baixar estas bibliotecas, mas como são atualizadas periodicamente é melhor garantir que se esteja consultando a versão mais atualizada. A última atualização da biblioteca de agrotóxicos foi em 15 de julho de 2020 e já está na versão 1.14.

#Dica 3: Fique atento às publicações de normas nos bancos de dados oficiais do governo como por exemplo o portal de legislação do governo federal e o Diário Oficial da União (D.O.U), pois pode ocorrer de novas publicações não estarem contempladas ainda na biblioteca da ANVISA.

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Rotação de sanitizantes: mito ou necessidade?

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A rotação de sanitizantes ou desinfetantes tem sido amplamente debatida há tempos pela indústria farmacêutica, porém na indústria de alimentos esse assunto ainda precisa ser melhor explorado. A preocupação é que o uso prolongado de um desinfetante químico específico selecione uma população resistente, tornando o regime de desinfecção ineficaz.

Apesar de haver diversas pesquisas sobre a eficácia dos sanitizantes frente a diversos microrganismos, não há clareza sobre a necessidade de rotação dos sanitizantes. Isto ocorre porque a maioria das pesquisas se baseia em teste de eficácia de sanitizante x microrganismo e no quesito rotatividade existem duas linhas de pensamento, muitas vezes baseadas na experiência prática dos gestores.

Primeiramente vamos rever algumas questões básicas

A limpeza e controle de contaminação microbiana são áreas de foco crítico nas indústrias de alimentos. Programas robustos de limpeza e desinfecção são necessários para evitar adulteração, contaminação cruzada e contaminação microbiana dos produtos. Consequentemente, a seleção e o número de agentes sanitizantes utilizados, a frequência de aplicação e a rotação de (um ou mais) desinfetantes devem ser justificados por uma análise de risco microbiano.

Os procedimentos de higienização nas indústrias de alimentos consistem basicamente na utilização de água, detergente e sanitizante. A sanitização consiste na utilização de métodos físicos ou químicos com o objetivo de reduzir a quantidade de microrganismos presentes na superfície a valores aceitáveis de modo a permitir a produção de alimentos seguros do ponto de vista higiênico-sanitário.

Embora as medidas de desinfecção possam ser empregadas no processamento e preparação de alimentos, é mais comum utilizar métodos de sanitização para reduzir a presença microbiana.

Os termos sanitizante e desinfetante são sinônimos, a escolha entre um e outro está mais baseada na escola de formação dos técnicos (americana ou europeia) do que na diferença de conceito. Mais detalhes podem ser acessados aqui.

Com relação à resistência microbiana, podemos dizer que ela ocorre em diversos cenários. Por exemplo: se houver formação de biofilmes, estes se tornarão menos suscetíveis à erradicação quando comparados aos mesmos microrganismos sob a forma planctônica. Há resistência relacionada à fisiologia geral do microrganismo que decorre de propriedades ou mecanismos já presentes nele, portanto é importante verificar se o composto escolhido de fato é indicado para aquele grupo de microrganismo.

Há resistência que ocorre devido a alterações genéticas causadas por mutações ou pela aquisição de material genético extra-cromossômico, como plasmídeos. A resistência adquirida tem sido estudada extensivamente em relação ao uso de antibióticos, mas até o momento, estudos limitados foram realizados com relação a desinfetantes químicos. A resistência através da adaptação ocorre após um aumento sucessivo da exposição antimicrobiana a concentrações sub-letais. Esse tipo de resistência geralmente é instável e o microrganismo pode reverter para um estado sensível se o antimicrobiano for removido do ambiente de crescimento.

Fazer ou não a rotação de sanitizantes?

Muitos técnicos acreditam que a necessidade de rotação de sanitizantes foi extrapolada da área médica, uma vez que sempre houve preocupação com a resistência a antibióticos. Por isso, algumas empresas acreditam ser necessário efetuar a rotação de sanitizantes a fim de evitar a resistência dos microrganismos tratados por períodos prolongados com a mesma substância, independentemente de obter bons resultados de desempenho nos programas de higienização.

Nem todos concordam com a rotação do sanitizante baseada na teoria de resistência, há aqueles que acreditam ser necessária a substituição de produtos em virtude da ineficácia contra um determinado grupo de microrganismos que com o tempo de uso dos produtos, tornou-se resistente de forma inerente e não devido a mutações.

Há no entanto um grupo de técnicos que defende a teoria de que “em time que está ganhando não se mexe”. Se seu programa está funcionando bem e apresentando bons resultados nos registros de monitoramento e verificação, não há razão para fazer a rotação de sanitizantes. Estes técnicos muitas vezes são contra a rotação por acreditar que falhas na desinfecção são na maioria das vezes decorrentes do mau uso do produto e não pela criação de resistência por parte do microrganismo, o que de fato muitas vezes pode ser identificado por análises de causa-raiz.

Ao optar pela rotação de sanitizantes é importante ressaltar que esta deve ocorrer entre grupos químicos diferentes. Ainda há quem defenda a necessidade de usar um terceiro grupo esporicida, uma vez que é evidente que não adianta fazer rotação com sanitizantes que ataquem o mesmo grupo de microrganismos. Para auxiliar na escolha dos produtos a serem utilizados, recomenda-se realizar análise de risco com base no tipo de processo que a indústria tem e qual o grupo de microrganismo o processo pode ter, uma vez que não existe um “super sanitizante” que seja perfeito para todos os grupos de microrganismos. Existem, porém, aqueles de melhor desempenho contra um grupo em relação a outro e nesse quesito vale a experiencia técnica e dados bibliográficos robustos para auxiliar a escolha.

O que significa a rotação?

A rotação é definida como um retorno ou sucessão em uma série. Por exemplo: uma rotação verdadeira seria o uso do desinfetante A, depois do desinfetante B, depois do desinfetante A, depois do desinfetante B e assim por diante. Alguns técnicos consideram que ao utilizar um agente esporicida, não estão fazendo rotação e sim complementação. Em minha opinião, isso é mera formalidade e se intercalo A com B, estou sim fazendo rotação.

O que deve ser levado em conta na escolha do sanitizante

A análise de risco e o programa de limpeza e desinfecção escolhido devem ser apoiados por uma revisão periódica dos dados relevantes de monitoramento e por auditorias regulares dos programas de limpeza e desinfecção. Programas inadequados causam riscos significativos à segurança dos alimentos, sem mencionar perdas financeiras para a empresa e recall de produtos.

A contaminação microbiana recorrente geralmente resulta de procedimentos inadequados de limpeza e desinfecção associados a uma investigação ineficaz da causa-raiz. É importante saber que a ação dos sanitizantes pode ser alterada pelas características da superfície, pelo tempo e pela temperatura de contato, pela concentração de uso e pelos tipos de resíduos presentes nas superfícies. Além disso, também interferem o pH, as propriedades físico-químicas da água e, ainda, substâncias inativadoras,  problemas de estabilidade dos produtos, falhas de armazenagem que possam causar redução na eficácia do produto, falhas no preparo das dosagens, etc. O tipo e a concentração de microrganismos contaminantes da superfície também influenciam a eficiência do sanitizante.

Critérios para selecionar adequadamente os sanitizantes

  • Utilizar produtos aprovados pelos órgãos competentes, como os Ministérios da Saúde e da Agricultura;
  • Apresentar amplo espectro de ação antimicrobiana e ser capaz de destruir rapidamente os microrganismos;
  • Apresentar estabilidade sob variadas condições de uso e possuir baixa toxidade e corrosividade.

Cabe ao usuário final decidir quais desinfetantes são adequados para seu programa de limpeza e higienização. Essas decisões geralmente são baseadas em avaliações de risco, dados ambientais, práticas da indústria, expectativas regulatórias e resultados de testes de eficácia desinfetante. De maneira geral, não existem evidências de que o uso adequado de desinfetantes no processamento de alimentos resulte obrigatoriamente no desenvolvimento de uma população de microrganismos resistentes.

Todos os sanitizantes químicos têm vantagens e desvantagens. Alguns podem ter melhor eficácia contra bactérias do que contra leveduras e fungos. Nos casos em que a microflora de uma linha de processamento de alimentos mudou devido a mudanças nas condições de produção, a rotação do sanitizante pode ser vantajosa. Portanto, a rotação dos sanitizantes nas instalações de produção de alimentos é uma ação que vale a pena quando o espectro de atividade microbiana e não o desenvolvimento da população de microrganismos resistentes é a principal preocupação.

Princípios para um programa eficaz de rotação de desinfetantes

  • Usar sanitizantes de rotina. Escolher produtos de uso diário para superfícies de contato com eficácia comprovada aos microrganismos normalmente encontrados no processo. Ao utilizar dois produtos você pode ampliar o espectro de ação (grupos de microrganismos);
  • Utilizar um agente esporicida periodicamente para matar bactérias que produzam esporos (por exemplo, espécies de Bacillus). A frequência de uso deve ser baseada nos resultados das análises de risco, nas classificações de área e nos dados históricos de monitoramento e verificação. Observe que a frequência de uso de um agente esporicida pode ser maior dentro de uma área de acesso restrito (produtos cozidos, por exemplo) do que em áreas classificadas como baixo risco.
  • Os resíduos de sanitizantes devem sofrer enxágue após o uso conforme as recomendações, para evitar que resíduos permaneçam na superfície e possam ser fonte de contaminação cruzada;
  • O número de sanitizantes a serem utilizados, sua rotação e frequência de uso devem constar nos programas de higienização e seu uso deve ser justificado com base nos resultados dos registros, no perfil de eficácia dos produtos, na classificação das áreas (grau de risco) e na revisão de dados históricos.
  • Para instalações novas ou totalmente renovadas a justificativa pode ser baseada na análise de risco microbiano, bem como perfil de eficácia dos produtos e na classificação de risco da área de produção.
  • Programas de controle ambiental e testes de avaliação de eficácia de sanitizantes são bons métodos para auxiliar o técnico em suas decisões. A revisão dos registros é também uma importante ferramenta para auxiliar a adaptar ou melhorar o programa de limpeza e desinfecção e confirmar se o perfil de eficácia microbiana do sanitizante e o espectro são adequados ao processo.

A revisão e análises periódicas de registros devem ser realizadas com atenção a fim de:

  • Confirmar a ausência do aumento de não conformidades que possam não ter aparecido em análises anteriores;
  • Identificar a re-ocorrência de tendência ou eventos adversos (por exemplo: o desvio recorrente com o mesmo microrganismo ou problemas de amostragem);
  • Identificar microrganismos-problemas;
  • Identificar fontes de contaminação (equipamento, processo ou sala);
  • Confirmar a ausência de microrganismos preocupantes ou considerados censuráveis como alguns tipos de salmonela e listeria, por exemplo.

Independentemente das diretrizes regulatórias, espera-se que pelo menos um sanitizante seja usado para controlar a flora microbiana vegetativa de rotina. Além disso, o uso periódico de um agente esporicida é justificado se os dados históricos confirmarem a presença de microrganismos formadores de esporos ou o processo apresente este risco.

Hoje, a maioria das empresas usa um programa em que dois sanitizantes são usados rotineiramente.  O uso de um sanitizante com esporicida é considerado superior ou incentivado pela rotação de vários desinfetantes. É importante que o sanitizante de escolha seja qualificado, com comprovação de eficácia no controle da contaminação microbiana, seja através de resultados de monitoramento, testes periódicos ou analise de risco ou tudo isso junto.

Outra consideração no estabelecimento de um programa adequado inclui a frequência entre a troca do desinfetante de rotina e o agente esporicida. Essa frequência deve se basear nos resultados de avaliações de risco microbiano, resultados de eficácia desinfetante, resultados de tendências e resultados de rotina.

O objetivo dos programas de limpeza e desinfecção deve estar além da conformidade regulatória elementar. A conformidade será alcançada se o programa de limpeza e desinfecção for capaz de controlar o nível de carga microbiológica a níveis aceitáveis.

Fontes:

https://www.cleanroomtechnology.com/news/article_page/Lifecycle_approach_to_cleaning_and_disinfection_rotation/140448

https://www.fda.gov/inspections-compliance-enforcement-and-criminal-investigations/inspection-references/inspection-observations

http://www.pharmtech.com/rotation-disinfectants-principle-true-or-false

https://www.pharmaceuticalonline.com/doc/should-you-rotate-disinfectants-industry-experts-weigh-in-0001

https://www.qualityassurancemag.com/article/rotate-sanitizer-food-processing-quality-assurance-february-2011/

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Check-list para reabertura do comércio pós-Covid-19 – Tradução da Food Standards Agency

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Este check-list tem o objetivo de ajudar as empresas de serviços de alimentação na reabertura de seus negócios pós-Covid-19. Foi desenvolvido pelo governo do Reino Unido e o traduzi em um formato já de pontuação para facilitar as ações corretivas e a verificação dos pontos fortes e fracos de cada empresa. Este documento contempla os seguintes aspectos: planejamento e preparação para o início das operações, checagem do local (incluindo gestão de pragas, lavatório de mãos e condições dos equipamentos), checagem de produtos e ingredientes e medidas de distanciamento.

Clique AQUI para baixar.

Roberta Godoy
Engenheira de Alimentos
Mestre em Ciência Tecnologia de Alimentos
Consultora em Segurança dos Alimentos

A fonte original encontra-se no site da Food Standards Agency:  aqui. 

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Hibernação de equipamentos em época de Covid-19

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Refletindo os efeitos do isolamento social e redução de consumo provocados pela Covid-19, a baixa demanda na capacidade instalada das indústrias devido às atividades suspensas ou com níveis operacionais reduzidos (é o momento ideal para antecipar manutenções preventivas programadas), a redução de custos tornou-se uma opção por hibernar parte de ou todos os equipamentos, que devem atentar para as boas práticas a fim de permitir uma rápida retomada quando a crise pandêmica passar.

Temos que programar as manutenções (planejar as atividades, cronograma de execução, definição de responsáveis por cada tarefa e treinamento de membros da equipe ainda não familiarizados com os procedimentos) para afastar riscos de corrosão ou de danos superficiais de partes e componentes, que são ocorrências comuns que podem prejudicar a integridade dos equipamentos para o momento da retomada da produção, definindo os critérios para análise dos equipamentos que seguem ativos para produção e os que serão hibernados.

Comece com a análise e a definição dos equipamentos que continuam ou não em operação. Como garantir que o equipamento está protegido? Se há umidade, como saber se foi totalmente retirada? Como fazer manutenção de equipamentos que não estão sendo utilizados? A seguir, algumas boas práticas recomendadas:

– Operação de desligamento

– Inspeção e checklist de manutenção

– Identificação e informação

– Riscos por inatividade

– Desgaste

– Componentes eletrônicos

– Umidade excessiva

– Plano de lubrificação

– Contaminações diversas

– Corrosão e ferrugem

– Tempo ocioso

Com essas dicas, estão prontos para hibernação de seus equipamentos e a retomada no pós-corona/crise? Afinal, hibernação com sucesso tem-se: Ativo Limpo; Ativo protegido; Ambiente Limpo; Ativo Saudável, com isso, em um exemplo, em usina de açúcar, garante-se o desempenho dos equipamentos retirados ou não durante a entressafra proporcionando que voltem a operar com a mesma confiabilidade do final de safra ou ao término da quarentena.

Imagem: manual de boas práticas para a indústria da Mobil.

2 min leituraRefletindo os efeitos do isolamento social e redução de consumo provocados pela Covid-19, a baixa demanda na capacidade instalada das indústrias devido às atividades suspensas ou com níveis operacionais reduzidos […]

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Guia para a indústria de alimentos: Melhores práticas de curto prazo no enfrentamento do coronavírus

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Os desafios para o enfrentamento do coronavírus são muito dinâmicos, bem como a publicação de materiais fruto destas experiências. Mais uma vez, a organização “The Food Industry Association”, ou FMI, compartilhou orientações úteis para a indústria de alimentos. Agora é a vez do “Melhores práticas de curto prazo no enfrentamento ao coronavírus”.

Nosso grupo de tradutores voluntários colocou à disposição mais este documento, do original:

Guidance for the Food Industry: Coronavirus Outbreak II. Short-Term Best Practices

Conteúdo:

  • Administrando e ajudando seus colaboradores
  • Ajudando seus clientes
  • Abordando a  cadeia de suprimentos
  • Recursos adicionais

Sabemos que a realidade americana é distinta da brasileira, sendo nossos problemas e soluções diferentes. Por exemplo: lá, um empregado doente afastado nem sempre tem direito a salário, o que pode incentivar um colaborador a insistir a ir para o trabalho, mesmo não se sentindo bem.

Por outro lado, o poder de articulação da indústria e da cadeia de suprimentos parece ser bastante ágil. Por exemplo: já aconteceram acordos entre empresas com capacidade delivery excedente, suprindo a de outras com esta deficiência. As soluções digitais também já se encontravam implementadas, ou a viabilidade de implementá-las é maior.

Inspire-se nestas sugestões!

Já publicamos também:

Preparação para enfrentar Pandemia de Coronavírus na Indústria de Alimentos (tradução)

Clique AQUI e baixe o guia.

 

Sobre a FMI:

Como associação da indústria de alimentos, a FMI trabalha com e em nome de toda a indústria para promover uma cadeia de suprimento de alimentos para consumidores mais segura, saudável e eficiente. A FMI reúne uma ampla gama de membros em toda a cadeia de valor – de varejistas que vendem a consumidores, produtores que fornecem alimentos e outros produtos, bem como a grande variedade de empresas que prestam serviços críticos – para ampliar o trabalho coletivo da indústria. www.FMI.org

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Tudo o que você sempre quis saber sobre laudos de migração de embalagens de alimentos (II)

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Dando continuidade ao tema “tudo o que você sempre quis saber sobre laudos de migração de embalagens“, neste post vamos entender quais informações devem ser consideradas na avaliação de um material de contato com alimentos frente às legislações e saber o que deve ser exigido do seu fornecedor como evidência.

Os requisitos de segurança das embalagens são definidos por regulamentos técnicos da ANVISA harmonizados com o Mercosul (GMC) desde 1992. Tem aqui um post bem completo sobre isso.

A preocupação em estabelecer um controle eficiente sobre os diversos componentes associados à fabricação de materiais para contato com alimentos é demonstrada pelos órgãos de regulamentação, que determinaram legislações aplicáveis ao tema.

O objetivo é limitar a concentração das substâncias que irão compor as embalagens e estimar o grau de contaminação dos alimentos com estas substâncias através de ensaios de migração.

Então vamos lá… Para ficar mais prático vou apresentar um passo a passo a ser seguido na hora de avaliar um material de embalagem (ou de contato) de alimentos frente à sua legislação correspondente, e já adianto, um fluxo bem simples, mas que resume bem o que vamos falar.

Passo 1 – Conhecendo o material/ embalagem

O primeiro passo é ter em mãos a composição do material de contato/ embalagem. Esta informação você conseguirá com o fornecedor do material/embalagem que é quem “formulou” e conhece as substâncias presentes. Sem isso você está “no escuro” e não conseguirá iniciar a avaliação da segurança do material/ embalagem.

É importante colocar como observação que há alguns casos em que o fornecedor responderá que a composição é segredo de formulação, e por isso, não poderá abrir. Diante disto, o que pode ser feito por exemplo, é um acordo de confidencialidade entre o fornecedor e um laboratório de análises competente para ensaio de migração, o qual receberá a informação e prosseguirá com a realização dos ensaios necessários e a emissão do laudo, atestando a segurança.

Passo 2 – Checando a lista positiva

A lista positiva é uma relação de substâncias aprovadas para uso em formulação de materiais, com uso proposto para contato com alimentos, cuja a utilização é considerada segura para a aplicação prevista, desde que cumpridas as especificações/ restrições estabelecidas.

Segue um resumo:

Tipo de Material Lista positiva que devo checar
Elastômeros Res nº 123/01
Celofane RDC n. 217/02
Adesivos Res n. 123/01 e RDC 91/01
Tripas sintéticas de celulose regenerada RDC n. 218/02
Materiais celulósicos RDC n. 88/16
Materiais celulósicos para cocção e filtração a quente RDC n. 88/16 e RDC n. 89/16
Materiais celulósicos durante a cocção ou aquecimento em forno RDC n. 88/16 e RDC n. 90/16
Resinas e polímeros RDC. n.56/12
Aditivos para plástico RDC n.326/19
Preparados formados de películas à base de polímeros e/ou resinas Item 3 da Res n.124/01
Vidro, porcelana e cerâmica Portaria n. 27/96
Metálicos RDC n. 20/2007

Com a composição em mãos, você vai conferir se todas as substâncias apresentadas constam na lista positiva da legislação correspondente. Por exemplo, se for uma embalagem plástica, é necessário verificar a RDC 326/19 (aditivos destinados à elaboração de materiais plásticos) e a RDC 56/12 (resinas e polímeros destinados à elaboração de materiais plásticos). Importante ressaltar que pode acontecer de a substância que seu fornecedor informou ser um polímero. No caso da Resolução RDC n. 56/12 é apresentada uma lista principalmente de monômeros. Assim, a empresa deve buscar na parte I os monômeros que formam o polímero para saber se estão aprovados. Por exemplo, deve-se procurar “etileno” e não “polietileno”. Além desses, também estão autorizados os polímeros listados nas partes II e V da RDC n. 56/12.

Checou e encontrou alguma substância que não está na lista correspondente? Isso é um problema! Ou esta substância não é segura, ou nunca foi estudada, ou não há informação suficiente para concluir sobre sua segurança ou nunca foi solicitada a sua inclusão. De forma simples e direta, seu material não está compliance e não pode ser utilizado em contato com alimentos.

Checou e tudo está ok? Segue para o próximo passo.

Passo 3 – Verificando se há restrição/especificação

Conforme você verifica se a substância está na lista positiva, é necessário avaliar se há alguma restrição ou especificação para aquela substância. Muitas substâncias não apresentam restrições, ou seja, elas podem ser utilizadas na composição da embalagem e ponto!

Entretanto, há casos em que a substância está aprovada, porém sob dada condição. Os casos de restrição e especificação podem ser: restrição de uso, limite de composição, critério de pureza, especificação e limite de migração específica.

 Quanto ao uso

Em alguns casos, para alimentos específicos, podem ser estabelecidas restrições de uso, por exemplo: substância só aprovada para contato com produto seco e não gorduroso. Nestas situações deve ser considerado então o alimento/bebida que entrará em contato com alimento. Não seria aceito, seguindo este exemplo, uma bebida láctea (não é seco e é gorduroso).

Pode haver diferentes tipos de restrição de uso:

– Por tipo de alimento (ex: apenas permitido o uso em embalagens de produtos alimentícios secos e não gordurosos)

– Por função (ex: apenas permitido o uso como catalisador), por tipo de material (ex: apenas permitido o uso em materiais de uso repetido)

– Por formulação (ex: substância só pode ser usada na formulação de um dado polímero)

Por condição de processo (ex: apenas permitido o uso em condições de T<40ºC).

Veja no exemplo extraído da RDC 56/12, que o Acetato de vinila está autorizado, com exceção para contato com alimentos aquosos.

Quanto ao limite de composição

– Limite de composição (LC): definição da concentração máxima permitida da substância no material ou no produto final, tais como, limite de residual de um monômero no polímero (%m/m) e limite em massa de monômero na formação de um copolímero (ex: máx de 5% (m/m) de dimetilacrilato no copolímero)).

– Critério de pureza: Este é um limite de composição relacionado ao teor máximo de contaminantes prováveis (ex: metais pesados, coprodutos de interesse toxicológicos, etc.)

Veja um exemplo extraído da RDC 56/12:

– Especificação: Massa molecular, temperatura de amolecimento, atendimento a requisitos técnicos. Segue um exemplo extraído da RDC 56/12.

Quanto ao limite de migração específica

É a quantidade máxima admissível da substância que é transferida a um simulante do alimento, em condições específicas de contato.

No exemplo extraído da RDC 56/12 (abaixo), veja que para o Acetaldeído há restrição de LME (limite de migração específica), o que indica que o Acetaldeído é aprovado, PORÉM tem que haver um ensaio que comprove que a migração deste componente não ultrapassa o limite de 6 mg/Kg.

Conclusão

Finalizada a avaliação da composição do material/embalagem para alimentos frente às legislações correspondentes, conforme os passos anteriormente demonstrados, você poderá concluir:

– Se a composição está presenta na lista positiva

– Se há alguma substância que apresenta restrição de uso e qual é esta (deverá avaliar se condição é respeitada)

– Se há alguma substância que apresenta limite de composição (necessário evidenciar atendimento – laudo de composição)

– Se há alguma substância que apresenta limite de migração específica (necessário evidenciar atendimento – ensaio de migração)

No próximo post deste tema falaremos sobre os ensaios analíticos que são necessários para comprovação do atendimento à legislação e como realizar avaliação do laudo de migração.

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O álcool gel no combate à Covid-19

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      SUMÁRIO

  1. POR QUE O ÁLCOOL?
  2. O QUE SIGNIFICA 70° INPM E 70°GL?
  3. GEL OU LÍQUIDO?
  4. POSSO FABRICAR EM CASA? QUAIS AS POSSÍVEIS FALHAS?
  5. ORIENTAÇÕES PARA FABRICANTES AUTORIZADOS

 

  1. Por que o álcool?

O Plano A para se eliminar o novo coronavírus é lavar as mãos com água e sabão por 20 segundos, segundo o Perguntas e Respostas da Anvisa.

A característica de remover gordura do sabão/detergente através da formação de micelas remove também o causador da Covid-19 de suas mãos. Devido a isso, a etapa de enxágue é tão importante quanto a etapa de espalhar o sabão.

Quando você não estiver em um ambiente munido de torneira, água e sabão (exemplo: ônibus, metrô ou outros), é indicado o Plano B: Álcool. Segundo esse material da Anvisa,  ele destrói o envelope (camada lipídica) do vírus.

Estrutura do novo coronavírus (COVID-19):

Fonte: CRFSP

Excluindo o cenário atual (COVID-19), lavar as mãos é mais indicado do que utilizar *apenas o álcool em gel, pois além de remover contaminações físicas e químicas, existem agentes patogênicos para os quais o álcool em gel não tem eficácia comprovada, por exemplo: vírus sem envelope como o norovirus, hepatite A, bactérias como Clostridium difficile e outras.

*Entretanto aplicar o álcool em gel após lavar as mãos reforça a eliminação dos agentes patogênicos para os quais ele tem efeito.

Segundo artigos disponíveis na plataforma Science Direct, existem outros produtos químicos além do álcool etílico que destroem o novo coronavírus, como álcool isopropílico, glutaldeído e iodopovidona.

Para continuar o assunto vamos relembrar dois termos importantes:

Desinfetante – Segundo a RDC 14/2007, aplicável em superfície inanimada;

Antisséptico – Segundo Moriya e Módena, aplicável em tecido vivo.

O glutaldeído é um desinfetante, então não é recomendado passar nas mãos.

O iodopovidona vai manchar/sujar toda sua mão em ambiente público.

Restam como opção o álcool etílico e o *álcool isopropílico.

*A diferença do álcool etílico (etanol) para o álcool isopropílico (propanol) é que ele tem um carbono a mais na sua cadeia, dessa forma é mais hidrofóbico que o etanol, tendo uma ação em vírus hidrofílicos menor. Sua utilização é mais comum na higienização de equipamentos eletrônicos que temem a água.

Algumas notícias indicam um aumento das vendas de produtos químicos à base de cloreto benzalcônico. Esse produto tem efeitos sobre algumas bactérias como pode ser visto aqui, aqui e aqui. Aqui também podemos evidenciar ação fungicida. Porém não encontrei evidências de ação virucida, ao contrário, encontrei um estudo que cita sua ineficiência virucida. Mas o mais importante: até o momento a OMS e a ANVISA não sugeriram o uso desse produto químico no combate à Covid-19.

  1. O que significa 70° INPM E 70°GL? Qual a diferença?

INPM significa Instituto Nacional de Pesos e Medidas. Ele refere-se a PESO/MASSA, ou seja, uma solução de 1 kg de álcool 70°INPM tem 700 g de álcool.

 GL significa Gay-Lussac, professor de química que criou uma lei volumétrica. Essa escala de medida se refere a VOLUME, ou seja, em 1 L de álcool 70°GL tem 700 ml de álcool.

Para a maioria dos micro-organismos o álcool 70% tem um desempenho melhor que o álcool 99,6 (absoluto), pois os 30% de água presente facilitam sua entrada na membrana dos micro-organismos e por não ser tão concentrado, não evapora rapidamente, tendo um tempo de contato maior, consequentemente uma ação maior (conforme já explicado aqui pelo FSB).

Entretanto, no caso do COVID-19, segundo a Science Direct, o etanol e o propanol apresentam bom desempenho com concentrações acima de 70%. Até 95% para o etanol e até 100% para o propanol.

  1. Gel ou líquido

Os dois possuem a mesma ação. Porém o líquido pode ressecar a mão e o gel possui glicerina, emolientes e hidratantes que o tornam mais agradável para utilização. A textura em gel também facilita sua aplicação, o que pode influenciar diretamente em sua eficácia. Todos esses itens são levantados nesse texto aqui do FSB.

No Brasil, devido a quantidade de acidentes por queimaduras, foi proibido o comercio de álcool acima de 54ºGL que não seja na forma de gel pela RDC 46/2002. Porém devido ao cenário atual, a RDC 350/2020 autorizou TEMPORARIAMENTE o uso do álcool 70% na forma líquida e revogou a RDC 46/2002.

  1. Posso fabricar em casa? Quais as possíveis falhas?

NÃO! De imediato podemos listar como falhas acidentes causando incêndios e queimaduras.

Mas vamos listar outras falhas:

Segundo nota do CRQ – Conselho Regional de Química, dependendo do espessante utilizado, você pode potencializar a proliferação de micro-organismos. Exemplo: gelatina.

Ao diluir o álcool em casa para fabricar o álcool 70%, o produto não passará por nenhum controle de qualidade, logo não tem sua eficácia comprovada. Vamos imaginar a seguinte situação: ‘Você teve acesso a um álcool 70% líquido e o misturou em gel de cabelo’. Será que ele ainda é 70% ou teve sua graduação alcoólica reduzida ao ser diluído?

Ainda na questão de misturar ao gel de cabelo, mesmo que por um milagre você acerte a graduação alcoólica, qual a reação de misturar essas duas substâncias? Como é a interação entre elas? Será que não criei um produto tóxico?

Outra informação que está circulando nas redes sociais é sobre a utilização de álcool combustível para fabricar o álcool em gel. Segundo o Brasil Postos, temos históricos de etanol contaminados com metanol, substância altamente tóxica, você pode estar passando isso em suas mãos. Mesmo que o álcool combustível atenda às especificações normativas, ele tem um limite tolerável de metanol e chumbo, segundo tabela a seguir da ANP – Agência Nacional de Petróleo:

Fonte: ANP

Grande parte dos caminhões tanque que transportam gasolina não passam por lavagem no tanque para transportar etanol, portanto pode haver resíduos de gasolina no álcool que você passará na sua pele.

Outra opção que ronda as redes sociais e é vista em filmes é a utilização de bebidas alcoólicas. Segundo a seção IV do Decreto 6871/2009, a bebida com o maior teor alcoólico chega a 54%, ou seja, é bem menor que os 70% que aprendemos para ter a eficácia desejada. Ainda sobre o mesmo decreto, no capítulo VIII existe uma bebida com teor alcoólico de 54 a 95%, o Raw Grain Whisky, popularmente conhecido como whisky de malte ou whisky escocês. Ele pode ter o teor alcoólico de 55, 56, 57, até 69%, não apresentando a eficácia desejada. Vale a pena ressaltar também que o custo/ benefício de usar essa bebida como antisséptico não é viável.

A tequila é  uma outra bebida que não tem seu teor alcoólico regido por legislações brasileiras, pois o Decreto 9799/2019 deixa sob responsabilidade do México essa bebida.

Analisando a legislação mexicana, podemos ver que o maior teor alcoólico permitido é de 55%, ou seja, menor que nosso desejado 70%.

Para finalizar esse capítulo 04, gostaria de deixar uma reflexão: recentemente, em 18/03/2020, a Anvisa publicou aqui que autoriza temporariamente as farmácias de manipulação a produzir e comercializar álcool gel. Se as farmácias de manipulação que são munidas de profissionais e estrutura para a fabricação não são autorizadas definitivamente, por que você na sua casa seria?

  1. Orientações para fabricantes autorizados

Existe uma versão traduzida aqui das formulações de gel antisséptico recomendadas pela OMS – Organização Mundial da Saúde.

Vale a pena lembrar que devemos seguir as legislações e recomendações nacionais.

      6. Outras fontes

http://www.ufrgs.br/labvir/material/aulat27.pdf

http://portal.anvisa.gov.br/documents/219201/5777769/PROCEDIMENTO+01+-+PLD-Residuo-Efluentes-/54d4b6eb-36a9-45d9-ba8b-49c648a5f375

https://bula.medicinanet.com.br/bula/4374/pvpi.htm

https://www.brasilpostos.com.br/noticias/combustiveis-2/conheca-os-tipos-de-etanol-combustivel/

http://www.anp.gov.br/images/QUALIDADE/BOLETIM/BQ_COMBUSTIVEIS_062018.pdf

http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-rdc-n-350-de-19-de-marco-de-2020-249028045

https://www.cdc.gov/handwashing/pdf/hand-sanitizer-factsheet.pdf

http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271858/Nota+T%C3%A9cnica+n+04-2020+GVIMS-GGTES-ANVISA/ab598660-3de4-4f14-8e6f-b9341c196b28

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422013000800026

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-11692010000300021&script=sci_arttext&tlng=pt

 

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Livro Implementação de Sistemas da Qualidade e Segurança dos Alimentos – Volume 02 disponível para download em pdf

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Este momento, mais do que nunca, pode ser estratégico para o desenvolvimento profissional. Pensando nisso, os autores do livro “Implementação de Sistemas da Qualidade e Segurança dos Alimentos – Volume 02”  disponibilizaram para download gratuito a obra publicada em 2012.

O conteúdo aborda de maneira prática como aplicar requisitos normativos e legais para a indústria de alimentos em processo de implementação e melhoria de seus sistemas de gestão.

Conteúdo:

Os capítulos que poderá ler, agora na quarentena, ou sempre, são:

  • Perigos químicos
    Perigos físicos
    Rastreabilidade
    Food defense
    Manutenção na cadeia produtiva de alimentos
    Controles no recebimento, armazenamento e distribuição
    Gerenciando auditorias internas
    Gestão de Alérgenos
    Anexos com formulários, check-lists e materiais de aplicação prática

Participaram da iniciativa:

Juliane Dias
Luciana Heredia
Fernando Ubarana
Ellen Lopes
Ana Claudia Frota

Para acessar o livro, CLIQUE AQUI.

(Obs. algumas empresas podem bloquear o acesso ao Google Drive).

Baixe também o volume 01:

 

Livro Implementação de Sistemas da Qualidade e Segurança dos Alimentos – Volume 01 disponível para download em pdf

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Preparação para enfrentar Pandemia de Coronavírus na Indústria de Alimentos (tradução)

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Nossa equipe de voluntários realizou uma força-tarefa para você receber em português este guia elaborado pela Associação das Indústrias de Alimentos dos EUA: Preparação para enfrentar Pandemia de Coronavírus na Indústria de Alimentos.

Aqui há muitos insights para enfrentar este momento de crise.

Principais Recomendações de Continuidade de Negócios

Principais Recomendações para Apoiar os Nossos Consumidores

Recomendações chave para apoiar nossos colaboradores

Principais recomendações para recursos humanos

Principais recomendações para lojas de varejo

Principais recomendações aos centros de distribuição e transportadoras

Principais recomendações aos fornecedores de produtos

Principais recomendações para a mídia

CLIQUE AQUI PARA BAIXAR O GUIA TRADUZIDO.

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