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Segurança de alimentos e as redes sociais: como se proteger da desinformação?

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Em um passado nada distante, durante a pandemia, vivemos mudanças de comportamentos em nível mundial sob muitos aspectos. Dentre as principais mudanças, destacaram-se o aumento do consumo de alimentos caseiros, nos primeiros meses da quarentena. Com isso, foram redobrados os cuidados na higienização dos alimentos que colocávamos em casa, pois estávamos insuflados pela apreensão de uma possível transmissão de doenças virais por estes alimentos.

Olhando pelo lado da segurança de alimentos, aumentou a preocupação de consumir alimentos seguros, conforme artigo escrito no jornal da USP ainda em 2020.

No entanto, após a passagem da pandemia, herdamos muitos “especialistas” de redes sociais disseminando informações incorretas que nada têm a ver com utilidade pública. Não que este tipo de desinformação tenha ocorrido somente após a pandemia, podemos ver que este assunto já foi abordado aqui no blog: Mitos sobre alimentos nas redes sociais e Sensacionalismo x realidade.

Mas atualmente não é difícil se deparar com um áudio ou vídeo do amigo da tia, que encaminhou para o primo e tem certeza de que veio de uma fonte confiável, um “shorts” do YouTube ou um “reels” do Instagram. Vídeos nas redes sociais trazem soluções milagrosas para conter a contaminação do alimento, depreciando a segurança de algum produto de uma marca famosa, ou ainda os queridinhos do momento, sobre aumento de imunidade a partir do consumo de certos tipos de alimentos e temperos.

É o caso de um vídeo que orienta a não consumir partes de frutas cortadas de uma fruta contaminada por fungos, porque tal consumo estaria associado à ocorrência de candidíase.

Também há uma publicação sobre a necessidade de se ferver água para coar um café gourmet, com intuito de “eliminar os germes” e consequentemente eliminar a acidez que estes trazem aos grãos de café, inclusive citando grandes marcas de cafés tradicionais, colocando em xeque a segurança destes produtos. Existe ainda “a volta dos que não foram”, falando sobre a quantidade de perninhas de baratas que podem estar nos alimentos, ou ainda a velha mentira da embalagem de leite reprocessada, que por incrível que pareça, nunca sai de cena.

Nessas horas, certificações de reconhecimento internacional, auditorias, cursos de capacitação de toda uma empresa, trabalho de equipes de segurança de alimentos, e todos os controles rigorosos na produção de alimentos seguros podem perder a força a ponto de a marca/produto sofrer impactos na venda.

E fica a pergunta: as empresas estão preparadas para mitigar este tipo de desinformação e entregar uma melhor informação ao consumidor?

A meu ver, profissionais da área de segurança de alimentos precisam e devem trabalhar em conjunto com as áreas de atendimento ao cliente a fim de disseminar informações confiáveis, além de capacitar as partes interessadas e direcionar a correta busca por informação segura. Esta busca pode ser, por exemplo,  pela Biblioteca de Alimentos ; cartilhas da ANVISA; sites do MAPA, EMPRAPA, artigos científicos e todos aquelas fontes que possam trazer clareza e entendimento.

Você saberia dizer como o setor de comunicação e atendimento ao consumidor de sua empresa vem se preparando para trabalhar de forma a multiplicar informações de fontes seguras sobre a segurança de alimentos?

Fábia Carolina Lavoyer Llorente é graduada e mestre em engenharia de alimentos, especialista em segurança de alimentos, coordenadora da ESA e analista da Garantia da Qualidade.

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Polêmicas fake news sobre alimentos dos últimos cinco anos

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Você já deve ter lido ou visto alguma notícia bombástica que lhe causou espanto, medo ou preocupação.

Por dia, milhares de informações são divulgadas ao redor do mundo, informações importantes e também as famosas fake news, que possuem uma tendência rápida de disseminação e causam grandes alarmes na população. É preciso estar atento antes de compartilhar qualquer notícia nos dias de hoje.

O Food Safety Brazil separou para você polêmicas fake news em alimentos dos últimos cinco anos.

Boato 2019 – Escorpiões se escondendo em tangerinas (mexericas): Recentemente uma imagem de um escorpião dentro de uma tangerina veio à tona causando preocupação em milhares de pessoas sobre o risco de consumir o fruto. Nessa história podemos destacar quatro fatos: os escorpiões possuem uma alimentação baseada principalmente em insetos e aranhas; a fruta deveria possuir um buraco significativo para permitir a passagem do escorpião e se existisse esse buraco o fruto já estaria com aparência de estragado em algumas partes dada a exposição; na imagem o escorpião aparenta estar morto reforçando a ideia de que não teria sentido “entrar” para morrer.

Boato 2018 – Reutilização de leite vencido indicada por barras coloridas no fundo da caixa de leite:  Pessoas em redes sociais compartilhavam uma postagem dizendo que as caixinhas de leite que continham barras coloridas no fundo da embalagem estavam vencidas, ou seja, teriam voltado para o fabricante e depois estavam sendo reaproveitadas para venda. As barras de cores são apenas informações gráficas de impressão e não tem relação nenhuma com o vencimento do produto vendido. Veja a matéria aqui.

Boato 2017 – Bicarbonato que elimina agrotóxicos de alimentos:  A história surgiu após um estudo realizado por cientistas de Massachussets. O estudo consistia na imersão de maçãs em uma solução de bicarbonato de sódio. Os resultados apresentados mostraram valores reduzidos  na quantidade de agrotóxicos presentes no fruto após a imersão, porém os testes foram feitos considerando apenas alguns inseticidas em específico sendo que hoje existem vários. Não há como confirmar a abrangência de sucesso sobre isso e foi verificado que os resultados foram melhores nas cascas, mas a polpa da fruta ainda possuía resultados elevados de contaminação pela penetração do inseticida no alimento.

Boato 2016 – Empresa produz achocolatado envenenado:  Em 2016 uma notícia informava a morte de uma criança que havia consumido achocolatado envenenado produzido por uma grande marca. Como conclusão final da investigação, o crime não teve nenhuma relação com a empresa, trava-se de um caso isolado envolvendo uma pessoa sem qualquer relação com a indústria e com propósitos de servir de isca para um ladrão. Veja a matéria aqui.

Boato 2015 – Empresa fornece molho de tomate com larvas:  uma senhora incentiva vários consumidores a dissolverem seus molhos de tomate em água para demonstrar que “larvas brancas” flutuavam sobre os mesmos e até “se mexiam”. A empresa prontamente publicou uma nota de esclarecimento incluindo uma imagem didática, explicando que os pontos brancos eram radículas (broto) das sementes do tomate. Veja a matéria completa aqui. 

Conclusão: esteja sempre atento aos conteúdos que estão sendo divulgados, existe muita coisa séria, mas também existem muitas fake news.

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A segurança de alimentos como fator chave para inovação

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Se você pertence a essa área recheada de inovação que é a de alimentos e também se preocupa em conhecer o que come, certamente ficou sabendo do caso da Ooho e sua famosa “água de comer” que Rodrigo García, Pierre Paslier e Guillaume Couche, estudantes de desenho industrial do Imperial College of Art de Londres, desenvolveram recentemente.

Ainda no começo, mas com o foco no impacto ambiental e com a inovação radical em embalagens de água mineral, a empresa pretende aderir a mais mercados. Pesquisadores da Skipping Rocks Lab almejam seu público alvo em bares e restaurantes, aos quais possam talvez desenvolver-se melhor no processo de inserção no mercado atual.

Premiados no Lexus Desing Award de 2014, o conceito do produto envolve claramente a sustentabilidade de uma membrana de resistência média, composta basicamente por derivado de algas, cloreto de cálcio e alginato de sódio, contudo comestível, que permite ser consumida sem deixar rastros no ambiente como garrafas PET ainda fazem. Na realidade, a empresa adota a própria falta da reciclagem de garrafas PET como o problema número um que ela poderia muito possivelmente resolver.

Se você é leitor do Food Safety Brazil, certamente aquela coceirinha atrás da orelha da segurança de alimentos está perturbando toda essa inovação da equipe inglesa nas perguntas: “E a higiene?”, “Como transportaria isso em larga escala?”, “Como poderíamos rotular esse produto?”, “Qual seria o mercado desse produto?” Logo em seguida, um grande NÃO viria em mente. De fato, o próprio time de pesquisadores confessa que não existem respostas para essas perguntas, tornando-se então o atual e grande desafio da equipe Skipping Rocks Lab.

Contudo, é possível perceber um contexto pouco popular, mas muito importante: a presença da segurança em alimentos no desenvolvimento de produtos e na inovação, relação essa que deveria, por si só, bater o martelo da aprovação de qualquer tipo de novo produto alimentício, afinal cuidar da qualidade e segurança de alimentos requer altíssimas responsabilidades.

Outro ponto a ser defendido pelos empreendedores em questão é a sustentabilidade que envolve o produto perante a grande quantidade de lixo gerado pelas garrafas PET. Neste caso, há uma ótima intenção quando o propósito é evitar a violência ao meio ambiente, porém a falta de reciclagem desse material não está ligada à sua própria existência, mas sim à atitude de quem o usa, ou seja, a responsabilidade do descarte do PET é de inteira responsabilidade de quem o consome. Há certa linha de pensamento que norteia o desenvolvimento de novas tecnologias para facilitar o ciclo de consumo, mas por outro lado, você já pensou se existe alguma tecnologia que corrige esse tipo de atitude do consumidor?

Na era das mudanças, as transformações tecnológicas são as mais presentes no nosso cotidiano. Televisões, smartphones e até alimentos ganharam muito mais conceitos do que tinham inicialmente, ficamos cercados de facilidades e deixamos o conceito de inovação à mercê da tecnologia, mas será mesmo que estamos seguros ao permitir isso? Afinal, será que a inovação termina quando a segurança começa?

Na verdade, o produto proposto pela Ooho demonstra claramente esse impasse, apesar de ainda se deparar com os pontos críticos de higiene. A instituição conduz maiores pesquisas que podem, sim, solucionar o problema ambiental de consumo de água a curto prazo. A partir disso é possível perceber que a segurança em alimentos não deve ser encarada como uma dificuldade a ser encontrada no decorrer do processo de desenvolvimento de produtos e de inovação, mas sim como uma preocupação que se alia ao conceito, a fim de justificar o porquê dessa inovação ser necessária.

A inovação inglesa trouxe divergentes sensações para a comunidade global, mas deve-se considerar sempre nesse processo que temos uma grande responsabilidade por dentro de cada inovação: a de garantir que a necessidade do consumidor será cumprida e o produto será seguro para quem o consome. Esta é uma preocupação inerente: não basta fornecer uma alimentação para o globo, é necessário entregar-lhes um alimento seguro do ponto de vista higiênico-sanitário. A segurança na inovação de alimentos é mais do que definir o que deve ou não deve, é inserir uma cultura de segurança de alimentos na inovação. Seja consumidor ou empreendedor, é necessário definir bem o perfil profissional de segurança de alimentos almejado, afinal a segurança de alimentos na inovação não deve ser uma faca de dois gumes.

Escrito por Lucas da Silva Nicoleti, este post foi o vencedor do Concurso Cultural do blog Food Safety Brazil, garantindo ao autor uma vaga de cortesia no III Workshop Food Safety Brazil e o reembolso de suas despesas.

Lucas é técnico em química e graduando em engenharia de alimentos pela USP. Atuou na indústria alimentícia de ingredientes Kerry do Brasil Ltda e tem vivência em pesquisa e desenvolvimento no segmento de sweets’n confectionery. Estagia pela Tacta Food School, participando da administração de cursos da consultoria. 

A comissão organizadora agradece a todos que participaram do concurso e parabeniza o ganhador. Em breve, publicaremos outros posts selecionados. 

Imagem:  Skipping Rocks Lab

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Caiu na rede é achocolatado?

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Se você é da área de alimentos, certamente foi marcado na publicação que está circulando nas mídias sociais a respeito do caso do achocolatado da ITAMBÉ, cuja marca foi associada à morte de uma criança de dois anos em Cuiabá. Também já deve ter recebido os supostos áudios de testemunhas do caso pelos grupos de WhatsApp. E certamente já presenciou a preocupação com o caso por mães ou cuidadoras de crianças, principais consumidoras do produto, muito desapontadas com a credibilidade do produto (deste e de qualquer outro similar, diga-se de passagem).

De acordo com o G1, há inquérito aberto para apuração dos fatos após denúncia que uma criança de dois anos faleceu por ter consumido o produto em questão. Por medida CAUTELAR (cautela = precaução, cuidado), a ANVISA solicitou o recolhimento do lote e proibição de comercialização do achocolatado por período determinado. Os fatos estão sendo apurados, e a empresa se pronunciou informando que não há qualquer reclamação similar deste ou outro lote do produto. A investigação e a perícia dirão se há alguma relação entre a morte do menino e o produto.

Quem é da indústria sabe que é altamente improvável que uma única caixinha de achocolatado tenha sido contaminada no processo produtivo, que ocorre continuamente ou em bateladas com grande volume de produção. Muitas hipóteses poderiam ser levantadas e questionadas, mas todas serão esclarecidas pela perícia. O papel de esclarecimento é das autoridades competentes e, portanto, temos que aguardar.

Não é novidade que as mídias sociais mudaram o mundo e a comunicação entre as pessoas, aumentando exponencialmente a velocidade de trocas de informações. Tudo isso permite alavancar ou derrubar marcas em questão de horas. Nada passa despercebido pelo botão COMPARTILHAR das redes sociais. Ávidos por INFORMAR, os usuários repassam a notícia com rapidez e agilidade impressionantes. E assim se faz a notícia. Se procede ou não, não há tempo para VERIFICAR. Esses novos tempos me assustam. Assustam também a você?

Nesse caso, fiquei impressionada que os supostos áudios circulando pelo WhatsApp são sempre seguidos de frases do gênero: “Não sou de compartilhar, mas veio de fonte segura”; “Veio de uma pessoa que trabalha na delegacia”. Parece um verdadeiro telefone sem fio. A fonte é SEGURA, mas ninguém cita. É CONFIÁVEL, mas ninguém sabe quem é. Por favor, caros leitores, não sejamos tão inocentes.

Além disso, ressuscitaram o caso do Toddynho® que é de 2014 e lá se foram milhares de compartilhamentos, como se fosse atual, sem sequer observar a data da notícia. Meus amigos de boa índole, contem até dez antes de repassar as informações! Confiram a data e a credibilidade do meio de informação. Não conhecem? Sugiro que aguardem até repassar adiante.

Claro que são necessárias cautela e atenção para casos que envolvem recolhimento e contaminação de produtos. Isso é fundamental para manter a segurança dos alimentos, que é o nosso principal objetivo, mas é necessário peneirar o correto do duvidoso. Ao COMPARTILHAR tudo que cai na rede, podemos colocar em risco uma marca, uma empresa, a reputação de funcionários e seus empregos.

Se o caso do achocolatado ITAMBÉ for esclarecido e não houver qualquer relação com a morte da criança, será que todos os que compartilharam a notícia também se pronunciarão a respeito? Ao olhar a marca nas prateleiras, você se lembrará que o caso não tinha relação com a morte ou ficará sempre com o pé atrás? Qual será a herança disso para essa marca?

Dê uma olhada no que escreveu nossa editora-chefe, Juliane Dias em “Sensacionalismo x Realidade: quem vence nas mídias sociais?” e você verá que o pedido de desculpas não gera tanto interesse, não dá tanto IBOPE.

Caros colegas de profissão, treinem suas equipes de Gestão de Crises e façam sua parte. E rezem muito para não cair na rede!

Créditos de imagem: Nação Verde.

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Carne pode ter formol?

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A internet ficou polvorosa quando a mídia relançou uma matéria de dezembro alegando que uma empresa famosa do ramo de alimentos foi multada em aproximadamente R$ 7 milhões pelo PROCON do Paraná, devido um laudo laboratorial que indicava a presença de formol em uma peça bovina.  Foram analisados diferentes cortes cárneos deste frigorífico, porém apenas uma das peças – uma capa de filé resfriada embalada a vácuo – apresentou presença do formaldeído com “odor não característico”. Amostras de outras empresas também foram analisadas e nenhuma não conformidade foi detectada (saiba mais aqui).

O diretor do Procon envolvido no processo informou que os exames ocorreram devido à queixa de um consumidor que comprou duas peças de capa de filé da empresa em questão, e as mesmas estavam impróprias para o consumo. Em detrimento à queixa, várias amostras foram recolhidas pelo Procon e pela Vigilância Sanitária, sendo encaminhadas para exames no laboratório da Universidade local.

Existem vários questionamentos que eu faria como leitor e profissional do ramo:

  • Embora o formol tenha função de preservação, estagnando o crescimento microbiológico, por que uma empresa multinacional aplicaria propositalmente um produto proibido? Tantos milhões gastos em marketing e se submeter a este procedimento fraudulento seria muita estupidez;
  • Supondo que não tenha sido por ordem da alta direção, como um funcionário de “chão de fábrica” aplicaria esse produto por sabotagem? A RDC 36/09 proibiu a venda do formol 37% em farmácias, supermercado, loja de conveniência, entre outros. Isto é, a aquisição deste produto não é tão fácil;
  • Apenas em UMA AMOSTRA em questão detectou presença do formaldeído. Essa representatividade é muito baixa e pode ser considerado um viés;
  • O mesmo laudo que constatou a presença do Formol, apresentou a descrição de “odor não característico” de formol. O formaldeído é um aldeído, logo extremamente volátil. Sendo a embalagem a vácuo, não deveria apresentar algum odor estranho no momento da abertura?
  • Foi realizada contra-prova? Diante da baixa representatividade eu questionaria se não houve falha na análise laboratorial, ou seja, um resultado falso positivo.

Reflexão é importante ao nos depararmos com este tipo de informação, pois propagá-la (principalmente via internet) é como um vírus letal em um ambiente fechado. Por isso o objetivo deste post é trazer algumas informações científicas, para que possamos refletir neste caso e possivelmente para outros que virão.

Se a palavra “formol ou formaldeído” te lembra um corpo embalsamado numa mesa de aço fria, você não é exceção, porém o que é o formaldeído?

O formaldeído pertence à classe dos aldeídos, sendo um composto químico simples, feito de hidrogênio, oxigênio e carbono, cuja fórmula é CH2O (Figura 1), porém todas as formas de vida orgânicas – bactérias, plantas, peixes, animais e seres humanos – produzem naturalmente formaldeído como uma consequência dos processos em metabolismo celular (Leia aqui).

Figura 1 – Composição Química formaldeído (Formol)

molecula

Em todas as espécies animais, o formaldeído é um intermediário metabólico essencial das células, na qual pode ser formado a partir de grupos hidroximetil durante os processos de metilação e de desmetilação enzimática. Também é um composto essencial na biossíntese de purinas, timidina e certos aminoácidos (Saiba mais aqui).

As concentrações NORMAIS de formaldeído nos alimentos são resumidos pela OMS (1989): frutas e vegetais conter entre 3 e 60 mg/kg; de leite de aproximadamente 1 mg/kg; de carne e peixe 6-20 mg/kg e moluscos de 1-100 mg/kg. Água de beber geralmente contém <0,1 mg/L.

Para detecção do formol em carnes é utilizada a PROVA PARA FORMALDEÍDO, onde basicamente o reagente floroglucina reage com o formaldeído em meio alcalino, produzindo o derivado hidroximetilado, de coloração salmão fugaz (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985).

Em nota, a empresa questionou o PROCON: “solicitamos informações sobre os procedimentos e critérios usados na realização dos testes. Até agora, os laudos apresentados por eles são inconclusivos e sequer indicam a suposta quantidade de formol identificada na amostra de carne testada”. (leia aqui).

A pergunta que não quer calar é: Por que não foi revelada a quantidade (mg/kg) do formaldeído detectado na análise? Não poderia estar dentro dos limites normais? O Codex Alimentarius permite níveis seguros de inúmeros resíduos em alimentos. Constatar PRESENÇA de um resíduo não significa que a saúde do consumidor será lesada, desde que não ultrapasse os valores estipulados.

Não exerço papel de advogado, tampouco posso denegrir o status de qualidade da empresa. Meu dever é passar todas as informações pelo crivo científico e convido você a fazer o mesmo, não só desta vez, mas também para as próximas.

Segurança para o consumidor:

O Departamento de Toxicologia e Medicina do Meio Ambiente do CDC (Centers for Disease Control and Prevention), em estudo, relatou quais são os efeitos da ingestão do formaldeído em animais de acordo com a tabela abaixo (Mais informações consulte CSF e ATSDR):

Dose (mg/kg/dia) Efeitos nos animais
251 a 300 Diminuição da ingestão de água e alimento; queda de peso; efeitos gastrointestinais como erosão e úlcera; alteração bioquímica e histopatológica do fígado; alteração renal como sangue oculto, mudança da densidade e volume urinário; diminuição de expectativa de vida.
201 a 250 Sem estudos.
151 a 200 Efeitos testiculares como alteração da morfologia do espermatozoide.
101 a 150 Diminuição da ingestão de água e alimento; queda de peso; efeitos gastrointestinais como erosão e úlcera; alteração bioquímica e histopatológica do fígado; alteração renal como sangue oculto, mudança da densidade e volume urinário.
50 a 100 Diminuição da ingestão de alimento; queda de peso; efeitos gastrointestinais como erosão e úlcera; alteração bioquímica e histopatológica do fígado; alteração renal como sangue oculto, mudança da densidade e volume urinário.
0 a 50 Sem efeitos.

Referências:

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz. v.1: Métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 3. ed. São Paulo: IMESP, 1985. p. 271- 272.

World Health Organization (WHO), 1989, online. Environmental Health Criteria 89, Formaldehyde. Disponível online.

Créditos de imagem: Revista Globo Rural.

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Video de um homem urinando em linha de produção está sob investigação nos EUA

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Do que é capaz a imaginação de um funcionário revoltado com a empresa onde trabalha? Já tivemos gente pisando em alface, um outro passando o órgão sexual no pão em uma grande rede de restaurantes e até gente tomando banho na pia da cozinha de um restaurante brasileiro. Dias atrás foi divulgado o vídeo de um homem urinando em linha de produção de cereais matinais nos EUA. O incidente foi gravado numa das fábricas da Kellog’s, em Memphis, Tennessee. A Food and Drug Administration, agência que regulamenta alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, já abriu uma investigação criminal para apurar o caso, segundo confirmou a própria empresa.

De acordo com o jornal The Guardian, uma investigação interna da companhia de cereais Kellog’s concluiu que o incidente, revelado num vídeo publicado no site World Star Hip Hop, teria sido gravado em 2014, quando a empresa estava envolvida em uma disputa laboral com o sindicato de funcionários.

O vídeo, de apenas 43 segundos e editado com tarjas, viralizou na internet. Considerando a data provável do ocorrido, o pior é pensar que provavelmente os alimentos envolvidos neste caso já foram todos consumidos. 

Veja o vídeo abaixo:

Leia também: Funcionários em atentado à higiene em estabelecimentos de alimentos

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Contaminação cruzada pouca é bobagem

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Um método para temperar a carne? Água para regular a brasa? Um vizinho da lavoura próxima aplicando agrotóxicos?

De qualquer forma, uma super contaminação cruzada neste churrasco.

< 1 min leituraUm método para temperar a carne? Água para regular a brasa? Um vizinho da lavoura próxima aplicando agrotóxicos? De qualquer forma, uma super contaminação cruzada neste churrasco.

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Contaminação Cruzada na cozinha

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CONTAMINAÇÃO CRUZADA – Você já sabe, mas é bom lembrar: os alimentos crus devem ficar longe dos prontos para consumo. Não permita que os sucos de carnes cruas entrem em contato com alimentos que serão servidos sem cozimento.

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