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Seu champanhe realmente é um champagne?

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Para poder ser chamado de champagne – ou champanhe, como escrevemos no Brasil – um vinho espumante deve ser produzido exclusivamente na região de Champagne, nas proximidades da cidade de Reims, no oeste da França. Além disso, deve também seguir um método de produção tradicional, além de outras exigências, como usar uvas típicas produzidas na região.

As vitis viniferas tintas Pinot Noir e Pinot Meunier, além da branca Chardonnay, correspondem a quase 100% das cepas plantadas na região de Champagne, que conta com 33.868 hectares.

Trata-se de uma localidade reconhecida pelo selo Appellation d’Origine Contrôlée (AOC), um certificado que corrobora o local como o único produtor original de champanhe no mundo, ou seja, champanhe que realmente é champanhe vem desta região e possui certificação desta AOC.

O método tradicional de produção de champanhe também é conhecido por método champenoise, no qual a primeira fermentação é feita no tanque de inox, porém, a segunda deve ocorrer já dentro da própria garrafa.

O sistema de AOC é muito sério, envolve responsabilidades conjuntas em toda cadeia produtiva, incluindo o compromisso de produtores primários, indústrias e negociadores, além da participação de outros stakeholders como o próprio governo da França, exigindo que as uvas utilizadas sejam exclusivamente cultivadas sob o clima e solos (terroir) desta região referenciada. No entanto, vale a pena o esforço, por agregar valor ao produto e torná-lo um item exclusivo e desejado em todo o mundo.

Mas e se o produto rotulado como “champanhe” sequer for um bom espumante?

Há um escândalo ocorrendo neste momento na França. Suspeita-se que 1,8 milhões de garrafas vendidas como champanhe sejam falsificações à base de vinhos baratos importados, dióxido de carbono (CO2) para dar o perlage (bolhas) e arredondados com licor, sendo vendidas por um preço entre €10 e €20.

Este escândalo caiu como uma bomba justamente por este ser o período de pico de vendas, que compreende as festas de Natal e Ano Novo e envolve a mais notória região produtora de espumantes do mundo.

Segundo a denúncia de uma gerente que atua no setor, Didier Chopin, o CEO na Champlat-et-Boujacourt a 130km a oeste de Paris, detentora de 22 marcas e que exporta para 40 países, com faturamento anual que ultrapassa €10 milhões, é a mente por trás da fraude.

Após a pandemia de Covid-19, em 2022, os preços do vinho explodiram e Didier Chopin, que comprava a bebida no atacado, já que seus 8 hectares de vinhedos cobrem apenas uma pequena parte da sua produção, começou a ter dificuldade em adquirir a bebida. Sua empresa, então, estava sujeita a multas de centenas de milhares de euros caso as encomendas dos supermercados (quase um milhão de garrafas de champanhe por ano) não fossem entregues, daí ele teve a brilhante ideia: fazer um produto “montado” e vender como champanhe.

A receita utilizada para a “montagem” do vinho espumante a princípio é perigosa para a saúde; o sabor e aroma não são os ideais e o mais importante: é uma fraude por enganar o consumidor, vendendo gato por lebre, ou seja, é uma mistureba gaseificada vendida como se fosse um autêntico Champagne e assim não cumpre as regras de denominação de origem.

Há também uma linha de suspeitas que sugere que o produto não seria montado, mas ainda assim, não poderia ser chamado de champagne, por estar fora da região AOC, pois havia na linha de produção caixas com rolhas “Grand vin de Champagne” sendo destinadas a garrafas usadas em produtos de fora do perímetro.

A Direção Geral da Concorrência, Consumo e Controle de Fraude (DGCCRF) francesa foi contatada e as análises do produto estão em andamento. Enquanto isso, o Ministério Público aguarda a recepção do processo da DGCCRF antes de abrir uma investigação formal e apurar responsabilidades.

Alguns supermercadistas franceses já retiraram as garrafas das marcas controladas por Didier Chopin de suas gôndolas para não se arriscarem a ter o nome envolvido neste escândalo.

A história ainda está em andamento. É preciso aguardar o desenrolar do caso para conhecer o tamanho e a natureza real do problema, mas se o escândalo realmente se confirmar, será um dos maiores casos de fraude no setor, comprometendo a integridade da garantia de origem na região de Champagne.

De minha parte, já sendo bairrista, sugiro irmos tomando os espumantes brasileiros que são excepcionais e estão ganhando o mundo por sua qualidade, aroma e sabor.

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Análise de lubrificantes – Manutenção preditiva na indústria de alimentos (3)

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No post de hoje, dando continuidade aos anteriores, abordarei a análise de lubrificantes do ponto de vista da manutenção preditiva e como ela pode atuar a favor da segurança dos alimentos.

É importante entender que entre engrenagens, motores, peças e demais componentes que estão interligados, consequentemente existirá atrito.

Os lubrificantes têm o papel de manter a integridade dos equipamentos, reduzindo os impactos do atrito, e com isso aumentando a vida útil dos componentes. O lubrificante industrial forma uma película entre cada componente do equipamento proporcionando o deslizamento fácil entre as partes.

Na imagem abaixo, imagine duas chapas metálicas vistas por meio de uma lente de aumento, onde cada uma das superfícies, quando ampliada, apresenta naturalmente uma superfície irregular. Entre cada chapa há um fluido para atenuar esse atrito.lubrificante - manutenção preditiva

Veja uma animação ilustrando o desenho acima

lubrificante entre chapas

Além da redução do atrito, os lubrificantes também contribuem para:

  • a dissipação do calor gerado durante o atrito;
  • a “vedação” dos maquinários contra poeira ou umidade;
  • a prevenção contra a corrosão dos componentes.

Sabemos que em uma indústria de alimentos o cuidado no uso de lubrificantes deve ser redobrado. É preciso seguir uma série de recomendações, como informações de rastreabilidade, tipo de lubrificante, ponto de aplicação, pois durante a produção, se existir a possibilidade de ocorrer contato incidental entre lubrificante e alimento, isto pode ocasionar consequências graves à saúde do consumidor. Portanto, estes lubrificantes devem ser de grau alimentício (food grade) e certificados de acordo com as normas de higiene exigidas pelos órgãos reguladores (mais informações sobre os lubrificantes de grau alimentício e suas categorias podem ser encontrados nos textos citados no final desse post).

Mesmo com lubrificantes certificados, aprovados e adequados, ainda é preciso fazer monitoramento pela manutenção?

Simplesmente ter um lubrificante adequado não é suficiente. Ele pode ser utilizado incorretamente, em condições impróprias de operação ou com armazenamento inadequado. O foco desse post é justamente abordar os cuidados com os lubrificantes, pois mesmo sendo os corretos, ainda podem ser um problemão se não forem bem monitorados. Além disso, eles podem ser sinalizadores de futuros potenciais problemas quando incluídos nos planos de manutenção preditiva, ou seja, quando se analisa um lubrificante, pode-se predizer as condições do processo.

Análise de lubrificantes na Manutenção Preditiva

A análise de lubrificantes é uma das técnicas preditivas mais utilizadas e comuns, realizada por meio de avaliações em laboratórios de forma rápida e precisa. Ela ajuda a monitorar a condição dos equipamentos.

Com essa análise, é possível detectar a qualidade dos óleos e fluidos utilizados, a saúde dos equipamentos e também a presença de contaminantes. Com isso obtém-se informações de onde atuar para evitar quebras, danos, paradas desnecessárias e consequente impactos no produto acabado.

Se existe atrito, há desgaste!

A análise de lubrificantes também permite que seja possível identificar os primeiros sintomas de desgaste em um equipamento. Essa identificação pode ser realizada por meio de um estudo das partículas sólidas presentes e que ficam misturadas no lubrificante.

O equipamento “respira” o ambiente onde está instalado, ou seja, o lubrificante pode atuar como um termômetro para contaminações. Os contaminantes aproveitam-se de microfissuras, respiros inadequados e abertos de equipamentos, frestas, falhas em vedações, imperfeições nas superfícies dos equipamentos. As fontes de contaminantes mais comuns para um lubrificante são: calor, lodo, ventilação, partículas do ambiente e um dos mais comuns e destrutivos é a água, que pode reduzir a vida útil de um componente em 50 a 70%.

Uma amostra de óleo lubrificante é retirada do equipamento e enviada para análise. Cada amostra estará associada a um relatório que apontará sua qualidade. Vários fatores são avaliados em uma análise de óleo, como por exemplo, cor, aparência, viscosidade, ponto de ebulição, presença de água, contagem de partículas e outros. Os resultados são interpretados considerando as condições de operação do equipamento e as condições ambientais ao seu redor.

O óleo é o “sangue” do sistema e a máquina é o “homem”

Analisar um lubrificante consiste em uma série de interpretações, mas não significa que você deva realizar a mesma ou todas as análises para todos os equipamentos e lubrificantes. Fazendo uma analogia com um exame de sangue, o médico, baseado no relato do paciente, determina quais testes serão realizados. Portanto, com base nas condições de operação do equipamento e no que se deseja verificar, são determinados os testes no lubrificante. Com os resultados verificam-se as tendências e os caminhos para as ações seguintes.

Na manutenção preditiva, a análise de lubrificantes ainda pode ser combinada com a termografia e a análise de vibração, fornecendo ainda mais indícios do estado dos equipamentos e das condições ambientais do processo.

Manutenção preditiva – Análise de lubrificantes e segurança dos alimentos

A relação direta entre a análise de lubrificantes e a segurança dos alimentos pode não ser evidente à primeira vista. Listo abaixo como ambas podem atuar em conjunto:

  • Equipamentos industriais nas instalações em indústrias de alimentos frequentemente utilizam lubrificantes. Se os lubrificantes não forem devidamente monitorados, não há controle de consumo ou monitoramento sobre vazamentos, ou seja, onde foram parar aqueles X litros de lubrificante que deveriam durar X meses?
  • A análise de lubrificantes ajuda a identificar sinais precoces de desgaste ou falhas nos componentes mecânicos. Isso é estratégico para identificar deterioração forçada de equipamentos. Se um equipamento está deteriorando, há um potencial risco de partículas de contaminantes se desprendendo no processo. É hora de realizar uma preventiva no seu equipamento evitando potenciais contaminações no alimento.
  • Presença de contaminantes nos lubrificantes indica sinais ambientais que precisam ser observados sobre o tipo de contaminantes que aparece nos testes. É um forte indício de que as condições ao redor do equipamento precisam ser reconsideradas quanto aos procedimento de limpeza adotados ou até mesmo a falta de limpeza não mapeada, sobre as condições de isolamento e geração de partículas, sobre as condições de temperatura etc.
  • Mesmo um lubrificante certificado e apropriado pode ser comprometido quando exposto a condições inadequadas de uso ou armazenamento. Tambores de lubrificantes mesmo quando fechados devem ser devidamente armazenados. Qualquer água parada na superfície pode ser succionada para dentro do recipiente se houver pressão e calor/frio e falha na devida vedação e respiro. Veja na imagem abaixo:

tambor de lubrificante com água

 

Uma análise de óleo pode ser um bom indicador do seu processo e quando manutenção e qualidade trabalham em conjunto, esses dados são ricos para a segurança dos alimentos.

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Infrações mais comuns em inspeções do FDA em 2022 e 2023

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Mais de 300.000 empresas exportam alimentos para os EUA e algumas delas vem recebendo inspeções do FDA.

No período de 01.01.2022 a 30.09.2023 o FDA identificou 7230 infrações à legislação americana em empresas de alimentos, espalhados em 687 itens (veja aqui). Veja também dados de infrações do período de 2017 e 2018 em post neste blog.

Apresentamos no gráfico abaixo os casos mais comuns, que corresponderam a mais de 100 ocorrências registradas nas inspeções (excluímos os casos de falta de programa de verificação de empresas estrangeiras encontradas em empresas localizadas em território americano, que foram 789 casos) :

O nome que os EUA usam para essas Não Conformidades é observations, pois no entendimento deles é uma transgressão que precisa ser corrigida e eles dão o prazo de até 15 dias úteis para responder no formulário 483, cada uma das observations.

O Formulário 483 da FDA não constitui uma determinação final da Agência sobre se alguma condição viola a Lei FD&C ou qualquer um de seus regulamentos relevantes. O Formulário 483 é considerado, juntamente com um relatório escrito denominado Relatório de Inspeção do Estabelecimento, todas as evidências ou documentação coletada no local e quaisquer respostas feitas pela empresa. A Agência considera todas essas informações e então determina quais ações adicionais, se houver, serão apropriadas para proteger a saúde pública, podendo em último caso, excluir a indústria de determinado país do cadastro de empresas aprovadas pelo FDA para exportar para os EUA.

Nos anos anteriores à pandemia acompanhei pessoalmente várias inspeções do FDA como consultor e PCQI – Preventive  Controls Qualified individual (Indivíduo Qualificado em Controles Preventivos) e percebi que são auditorias muito diferentes das auditorias de certificação em segurança de alimentos que estamos acostumados aqui no Brasil, como as auditorias de FSSC 22000, ISO 22000, BRC ou IFS Food. Cada inspetor do FDA tem sua forma de inspecionar, o tempo é mais reduzido e em geral não usam check list. Só usam em alguns casos em que a legislação americana prevê check lists bem específicos, como por exemplo ao inspecionarem bebidas de baixa acidez.

Inspetor do FDA com camisa roxa ao centro da foto, no final de uma inspeção em indústria no Brasil

Tenho conhecimento de diversas indústrias no Brasil que receberam email do FDA nesse segundo semestre de 2023 informando que em breve realizarão visita de inspeção nas respectivas unidades produtivas.

Por fim, acho interessante ressaltar dois pontos:

  • Lembrar que a lei FSMA – Food Safety Modernization Act, em vigor – exige de todas as empresas que exportam alimentos para os EUA um plano de segurança de alimentos diferente do APPCC do Codex ou da ISO 2200.  Trata-se do HARPC, que exige que alguns controles que normalmente são entendidos como PPR (ou BPF) podem ser classificados como Controle Preventivos com monitoramento, verificação e validação no nível de um PCC como conhecemos;
  • Alertar que fiz esse mesmo gráfico que apresentamos acima, com dados do período anterior, de 2021, e percebi que o item “pesticidas com uso indevido” não estava na lista dos casos com mais de 100 repetições e agora subiu para o terceiro maior problema.

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Fraude no azeite de oliva: o que você precisa saber

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O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), por meio de uma operação realizada entre 20 a 24 de novembro de 2023, apreendeu mais de 6.000 garrafas de azeite de oliva falsificado e inutilizou mais de 16.000 litros de azeite proveniente de importação, que foi considerado impróprio para o consumo (leia aqui).

Segundo dados históricos e o próprio MAPA, o azeite de oliva é o segundo alimento mais fraudado em todo o mundo, ficando atrás somente do pescado (veja aqui). Por ser considerado um produto nobre, com valor agregado, sua suscetibilidade à fraude é alta e, de certa forma, a fraude é simples de ser realizada.

Primeiramente, vamos entender o que é a fraude nos alimentos, também conhecida como food fraud. Ela consiste basicamente em adulterações intencionais nos alimentos visando ganho econômico. A fraude pode ocorrer por substituição, adição, falsificação ou por informação falsa ou enganosa na rotulagem.

Para o azeite, a fraude mais comum é a diluição do azeite extra virgem em algum outro tipo de óleo de menor valor, sendo utilizado comumente o óleo de soja, por conta de seu sabor mais neutro, às vezes com emprego de corantes e aromatizantes para que se assemelhe ao produto final.

Cabe salientar que nas prateleiras existem alguns tipos de azeite com denominação de “óleo composto”. Neste caso vale atenção, porque muito embora não se trate de um azeite de oliva puro, a comercialização do óleo composto é permitida, não sendo caracterizada como fraude, uma vez que a informação da denominação de venda está claramente apresentada ao consumidor, não o induzindo ao erro.

Mas como identificar os produtos adulterados?

Existem alguns pontos de atenção que precisam ser levados em consideração na hora da aquisição, entre eles:

Características físico-químicas – Para o azeite, levamos em consideração a acidez (abaixo de 0,8%) e o índice de peróxidos, que aponta o estado de oxidação inicial do azeite. Para o extra virgem, o índice de peróxidos deve ser menor ou igual a 20 miliequivalentes de oxigênio ativo por quilograma de gordura (mEq O2/kg).  Não é considerada uma medida isolada para prevenção. Uma vez que a fraude pode advir do próprio rótulo, deve ser combinada com outras medidas.

– Dê preferência para empresas que concentram seu processo em um único ambiente fabril (esmagamento e envase), uma vez que quanto mais houver terceirização de etapas, mais suscetível à fraude o azeite estará;

– Desconfie de preços abaixo do valor do mercado – este item é de extrema importância, uma vez que justamente por ser um produto de valor considerável, o azeite é passível de fraude.

– Por último, mas não menos importante, a avaliação sensorial é fundamental para identificar a fraude após a aquisição do azeite, já que este tem odor e sabor bem característicos.

– Para o olfato, o azeite de oliva, assim como um bom vinho, tem notas marcantes. Essas notas remetem a campo ou ao pomar, com toques de folhas, ervas frescas, frutos e especiarias. Já para o paladar, o azeite extra virgem pode exibir 3 características diferentes, podendo trazer ao paladar notas de tom frutado, amargo e picante. Justamente por essas características marcantes, ao ser misturado com óleos com odor e sabores mais neutros, as notas sensoriais podem ser enfraquecidas, facilitando a percepção da fraude.

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Dicas para prevenir a compra de azeite de oliva fraudado

Entenda como acontecem as fraudes e adulterações de azeite de oliva

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Pesticidas em alimentos: 1 em cada 4 vegetais tem substância proibida ou acima do permitido

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Foi publicado em 06/12/2023 o relatório do PARA – Programa de Análise de Resíduos de Pesticidas em Alimentos, da ANVISA, referente aos anos de 2018, 2019 e 2022.

Os resultados do PARA do período anterior, de 2013 a 2015, foram publicados aqui no blog Food Safety Brazil (veja aqui).

O ciclo 2022 é o terceiro e último ciclo do Plano Plurianual de 5 anos do PARA, que prevê o monitoramento de 36 alimentos, que representam 80% do consumo total de alimentos de origem vegetal no país.

Os principais resultados do PARA foram:

  • 1 em cada 4 (ou 25%) dos alimentos pesquisados apresentam resíduos de pesticidas proibidos ou acima do máximo permitido.

NPC = Não Permitido para a Cultura

LMR = Limite Máximo do Resíduo

  • Com relação ao risco ao consumidor

A Anvisa realizou a avaliação da exposição aguda e crônica a partir de critérios científicos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e adotados no âmbito do Codex Alimentarius.

 

2.1 Avaliação do risco AGUDO ao consumidor

O risco agudo de 2022 foi menor do que no monitoramento de 2018 a 2019. Além da laranja, ao longo desse ciclo de 5 anos foram encontradas amostras contendo resíduos de agrotóxicos que extrapolaram a DRfA – Dose de Referência Aceitável nos seguintes vegetais:

1 – Uva

2 – Mamão

3 – Maracujá

4 – Pimentão

5 – Couve

2.2 Avaliação do Risco Crônico ao consumidor

A ANVISA entende que simulações sobre o consumo ao longo da vida não apontam para um risco de longo prazo, mesmo se considerarmos um consumidor hipotético que come todos esses alimentos todos os dias. A tabela abaixo mostra a quantidade de pesticidas que vêm sendo expostos ao brasileiro em relação à IDA – Ingestão Diária Aceitável.

Principais recomendações

Em seu relatório resumo do PARA, a ANVISA menciona as seguintes recomendações:

Analisando os resultados do relatório completo do PARA, selecionamos mais algumas informações que consideramos relevantes.

1) Com relação aos pesticidas utilizados:

Dentre os 10 princípios ativos mais detectados no Brasil, 6 deles são PROIBIDOS na Europa. São eles:

  1. Acefato
  2. Bifentrina
  3. Carbendazim
  4. Ditiocarbamatos
  5. Imidacloprido
  6. Procimidona

Veja a tabela abaixo:

  • Segue a lista dos pesticidas mais encontrados nos vegetais pesquisados:

NOTA: O gráfico mostra em amarelo o percentual de amostras com aquele pesticida acima do limite e em verde o percentual dentro do limite.

Incluí neste artigo as 2 figuras acima pois tenho visto nas auditorias que venho fazendo que muitas indústrias fazem análises de pesticidas, mas algumas vezes não sabem quais são proibidos no Brasil e nos países de venda de seus produtos e nem aqueles que foram encontrados em níveis acima do permitido para aquela cultura (aquele alimento).

É importante que os técnicos que atuam em toda a cadeia produtiva do segmento de alimentos, do campo à mesa, orientem e assegurem que as análises dos pesticidas encontrados no alimento que ele atua seja realizada.

As não conformidades identificadas são consideradas infrações sanitárias e devem ser combatidas.

Este blog publicou muitos outros artigos relacionados a pesticidas em alimentos. Dentre eles destacam-se o artigo sobre regulatórios de pesticidas (aqui)  e o artigo sobre como consultar os limites de pesticidas nos alimentos (aqui).

O Relatório do PARA de 2018 a 2022 na íntegra está disponível aqui.

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Como tornar a avaliação preditiva de risco microbiológico uma realidade na indústria?

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Você já se perguntou como a indústria de alimentos pode antecipar riscos microbiológicos e garantir a segurança dos produtos que chegam à mesa dos consumidores?

No contexto industrial, o termo “risco” pode ser utilizado num sentido mais amplo, abrangendo não só questões de segurança de alimentos, mas também questões de qualidade dos alimentos (uma vez que a qualidade pode ser alterada pela deterioração microbiana). Esses riscos são causados por perigos, que normalmente são abordados em sistemas básicos de controle de qualidade, como APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) e BPF (Boas Práticas de Fabricação), por exemplo.

Além desses sistemas, ao longo dos anos as indústrias têm colocado em prática as tecnologias da Qualidade 4.0, que têm o potencial de revolucionar a forma como os alimentos são produzidos, processados e distribuídos.  Os recursos da era digital e da análise de dados são a base para uma gestão de qualidade eficiente. A partir deles, as indústrias passam a tomar decisões mais assertivas, com base em dados oriundos da própria planta de processamento e dos desafios encontrados diariamente na produção.

Dentro deste contexto surgem novas abordagens para o monitoramento microbiológico preventivo, como o uso de biologia molecular, que a partir do sequenciamento de DNA, data science e inteligência artificial, podem identificar micro-organismos preventivamente.

SEQUENCIAMENTO DE DNA E A NOVA ERA DA MICROBIOLOGIA DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

Agências de saúde no Brasil e no mundo utilizam o sequenciamento de DNA de nova geração no controle de contaminações microbiológicas. Como exemplo, nos EUA o FDA (Food and Drug Administration) e o CDC (Center for Disease Control and Prevention) usam o sequenciamento de DNA para investigação de surtos causados por micro-organismos.

Os testes para identificação de micro-organismos no ambiente de fabricação ou no produto acabado são um passo importante na avaliação e verificação da eficácia de bons controles de fabricação / higiene e de processo.

Quando patógenos, por exemplo, são detectados em produtos acabados, uma etapa fundamental na análise da causa raiz é identificar a fonte de contaminação, ou seja, rastreabilidade de origem. Essas análises pontuais são realizadas normalmente quando o perigo microbiológico já está presente na planta industrial, sendo observados desvios na produção ou no produto final.

Para não atuar na defensiva aos perigos microbiológicos, nos últimos 10 anos é possível perceber que outras tecnologias vêm sendo aplicadas à microbiologia. Nesse cenário, novos horizontes se abriram com o uso da microbiologia preditiva, data science e inteligência artificial. Essas tecnologias, alimentadas com informações microbiológicas e dados relacionados, criam uma nova perspectiva no monitoramento de produtos e processos.

Se normalmente as indústrias utilizam metodologias para identificar micro-organismos potencialmente prejudiciais, aos humanos ou ao produto final, no futuro breve a perspectiva é que essas tecnologias consigam predizer o risco de um processo ou produto ser contaminado por alguma bactéria ou fungo. A partir dessa informação, os responsáveis pelo controle de qualidade poderão tomar uma ação preventiva antes da contaminação, de fato, acontecer.

 MICROBIOLOGIA PREDITIVA E A ANÁLISE DE RISCOS

A estrutura de análise de risco, conforme definida pela FAO, OMS e Comissão do Codex Alimentarius (CAC, 1999), consiste em três componentes: avaliação, gerenciamento e comunicação de risco. Cada uma delas contempla várias etapas a serem seguidas antes de se ter certeza dos riscos. No entanto, os dados gerados precisam ser rapidamente interpretados para traçar as ações necessárias em cada etapa da análise dos riscos.

Pensando na integralidade do processo, na automatização dos resultados gerados e na necessidade de avaliação rápida dos resultados, a Neoprospecta possui uma grande iniciativa na área de prevenção de riscos, chamada RIR (Relatório de Indicadores de Riscos) que combina diferentes abordagens como sequenciamento de DNA, cálculos matemáticos, matriz HAZOP, banco de dados de micro-organismos e axiomas microbiológicos.

Utilizando análises de sequenciamento de DNA, é realizada uma avaliação estratégica dos micro-organismos identificados em pontos da planta industrial.  Assim, obtém-se um alerta, de forma antecipada, da probabilidade de acontecer um desvio em indicadores como falha em higienização, shelf life, condições higiênico-sanitárias e/ou contaminação por patógenos.

 

O banco de informações de micro-organismos aliado a cálculos matemáticos preditivos faz com que o RIR apresente métricas dos riscos encontrados na produção, além de diagnosticar os locais que devem ter maior controle, evitando desvios do padrão de qualidade. Padrões estes que são estabelecidos pela legislação ou por procedimentos internos da indústria.

A apresentação do RIR é realizada através de um dashboard. Assim, a partir dos resultados, a alta gestão pode tomar uma ação corretiva em tempo hábil com base em dados reais da indústria.

Gráfico – Indicadores de risco na ferramenta RIR

A implementação dessa ferramenta na indústria permite comparar a eficiência de diferentes medidas de redução de risco e, mais precisamente, de diferentes configurações operacionais, prevendo o seu efeito no resultado final do processo. O RIR torna o uso preditivo de dados microbiológicos uma realidade na indústria, sendo um forte aliado da garantia dos padrões de qualidade dos alimentos.

O RIR, além de ser uma ferramenta de predição de riscos, é uma ferramenta extremamente intuitiva para tomada de decisões, tanto pela alta gestão quanto para todos os seus usuários internos da indústria. Diante dos resultados, o usuário consegue criar planos de ações para solucionar os problemas de formas preventivas ou corretivas, acompanhando todo o progresso das ações, os responsáveis e data de finalização das ações.

Dessa forma, os problemas microbiológicos são resolvidos cada vez mais preventivamente, e com completa compreensão da causa raiz, atuando na fonte do problema e trazendo ganhos de produtividade, redução de retrabalho e redução de custos.

AVALIAÇÃO DE RISCO COMO PADRÃO DE QUALIDADE

Algumas normativas da qualidade já trazem em seu escopo a análise preventiva dos riscos microbiológicos.

A FSSC 22000 (Certificação de Sistema de Segurança de Alimentos), por exemplo, em sua 6ª versão, trouxe alterações e aumento da abrangência de alguns requisitos, incluindo tópicos relacionados à avaliação de risco. A norma deixa explícito, por exemplo, que a organização deverá obter um programa de monitoramento ambiental baseado em risco para os patógenos relevantes, organismos deteriorantes e indicadores.

Mais recentemente, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento publicou a Portaria SDA Nº 736, de 29 de dezembro de 2022, que aprova os procedimentos para adesão dos abatedouros frigoríficos ao sistema de inspeção post mortem com base em risco, aplicáveis aos frangos de corte. Inicialmente, os frigoríficos que tiverem interesse poderão cadastrar-se no programa do MAPA, mas a partir de 2028 será uma obrigatoriedade o uso de gerenciamento de riscos.

Com a ferramenta de risco da Neoprospecta, as indústrias de alimentos podem explorar as estratégias essenciais para identificar, analisar e mitigar ameaças invisíveis, os tão temidos micro-organismos. Os resultados auxiliam a garantir a excelência da qualidade nas diferentes zonas da produção dos alimentos. 

Nós temos a expertise e uma diversidade de soluções moleculares para identificação e rastreabilidade de micro-organismos-alvos para a indústria de alimentos, como por exemplo, bactérias e fungos, sejam eles patógenos ou deteriorantes de alimentos. O conhecimento gerado por nossas soluções direciona a indústria de alimentos a garantir o controle de qualidade e a saudabilidade dos seus alimentos. 

Você tem dúvidas de como o sequenciamento de DNA e o uso de dados  podem auxiliar na prevenção de micro-organismos? Ou como usar ferramenta preventiva de riscos na sua empresa?

Queremos ouvi-lo, saber quais são as suas dúvidas a respeito do uso da microbiologia preditiva como ferramenta.  Entre em contato conosco no +55 48 988154226 ou comercial@neoprospecta.com

Referências

Baert, L.; McClure, P.; Winkler, A.; Karn, J.; Bouwknegt, M.; Klijn, A.; Guidance document on the use of whole genome sequencing (WGS) for source tracking from a food industry perspective. Food Control. Volume 130, December 2021, 108148. Acesso em: https://doi.org/10.1016/j.foodcont.2021.108148

CAC (Comissão do Codex Alimentarius). Princípios e diretrizes para a condução da avaliação de risco microbiológico. CAC/GL 30-1999. Organização para a Alimentação e Agricultura e Organização Mundial da Saúde (FAO e OMS) ( 1999 ). Disponível online: https://www.fao.org/fao-who-codexalimentarius/sh-proxy/en/?lnk=1&url=https%253A%252F%252Fworkspace.fao.org%252Fsites%252Fcodex%252FStandards%252FCXG% 2B30-1999%252FCXG_030e_2014.pdf

Lawson, I.; Crafting the microworld: how Robert Hooke constructed knowledge about small things. The Royal Society. Published:16 December 2015. Acesso em: https://doi.org/10.1098/rsnr.2015.0057

New era of smarter food safety- FDA’s blueprint for the future. Acesso em: https://www.fda.gov/food/new-era-smarter-food-safety/new-era-smarter-food-safety-blueprint

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Entendendo a análise de umidade em alimentos: uma introdução

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A análise de umidade em alimentos desempenha um papel essencial na garantia da segurança e qualidade dos produtos. A umidade é fator crítico na deterioração dos alimentos, uma vez que possibilita a multiplicação de microrganismos e a ocorrência de reações químicas indesejadas, afetando também a textura, o sabor e a aparência dos alimentos.

Para assegurar a integridade dos alimentos, é imprescindível ter uma compreensão clara de dois parâmetros essenciais: o teor de umidade e a atividade de água (Aw). Embora ambos sejam importantes para a inocuidade dos alimentos, esses parâmetros baseiam-se em conceitos distintos, conforme detalhado a seguir:

Teor de umidade vs. atividade de água (Aw)

Aspecto Teor de Umidade Atividade de Água (Aw)
Definição
  • Quantidade total de água no alimento (% do peso total).
  • Medida da disponibilidade de água no alimento para reações químicas, enzimáticas e crescimento microbiano, variando de 0 (sem atividade de água) a 1 (atividade de água pura).
Importância
  • Afeta a textura, sabor e qualidade dos alimentos;
  • Usada para determinar a conformidade com padrões de qualidade e rotulagem nutricional;
  • Pode ser indicativo de fraude por adição de água.
  • Fundamental para a conservação de alimentos, pois microrganismos só se multiplicam na presença de água livre;
  • Determina a vida útil dos alimentos.
Formas de apresentação da água Considera todas as formas de água no alimento, incluindo água livre, adsorvida e ligada.
  • Leva em consideração a água livre, que é a forma de água disponível para processos biológicos e químicos.
Unidade de Medida Porcentagem (%) do peso total.
  • Adimensional, variando de 0 a 1.

Explorando os tipos de água em alimentos

Com essa compreensão em mente, vamos explorar mais detalhadamente os tipos de análise do teor de água nos alimentos, visando contribuir com o controle de qualidade, garantindo a inocuidade dos produtos durante sua vida útil .

O tipo de análise a ser conduzida depende diretamente do tipo de água que se deseja identificar em uma amostra. Existem três principais tipos de água que podem estar presentes em alimentos e outros materiais: água livre, água adsorvida e água ligada.

  • Água livre: Está presente na amostra de forma mais acessível e pronta para evaporar em condições normais de temperatura e pressão. Pode ser facilmente removida por aquecimento e é a forma de água que mais influencia a qualidade dos alimentos, pois é a principal responsável pela deterioração e proliferação de microrganismos.
  • Água adsorvida: Encontra-se na superfície de partículas sólidas, onde adere devido a forças de atração física, como a adsorção por pontes de hidrogênio e interações de Van der Waals. Essa água pode ser removida com maior dificuldade em comparação com a água livre, pois está ligada às superfícies das partículas. No entanto, pode contribuir para a atividade de água (Aw) e influenciar a textura e estabilidade dos alimentos.
  • Água ligada: Está quimicamente combinada com outras substâncias na amostra. Não está disponível para processos biológicos ou químicos e é a forma mais difícil de ser eliminada por aquecimento. A água ligada desempenha uma função menos relevante na deterioração dos alimentos, pois não está disponível para microrganismos ou reações químicas.

Técnicas de análise de umidade em alimentos

A escolha da técnica de análise adequada depende do tipo de água que se deseja identificar em uma amostra. Abaixo estão algumas técnicas de análise de umidade, seus conceitos e os tipos de água que podem ser medidos:

Técnica de Análise Conceito Tipos de Água Medidos
Secagem em estufa – Gravimetria Baseia-se na diferença de peso antes e depois da secagem da amostra em estufa, sob tempo e temperatura pré-definidos, calculando o teor total de água. Principalmente água livre
Titulação – Karl Fischer Emprega uma reação química envolvendo o iodo e a água na amostra. O excesso de iodo é detectado por titulação, permitindo quantificar a água presente. Água livre e água adsorvida (limitada na detecção de água ligada)
Secagem por radiação infravermelha Utiliza fonte de calor por infravermelho para aquecer a amostra e medir a perda de peso devida à evaporação da água durante a análise de umidade. Principalmente água livre
Secagem por micro-ondas Aplica micro-ondas para aquecer a amostra e medir a umidade com base na perda de peso devida à evaporação da água. Principalmente água livre
NIR (Espectroscopia no Infravermelho Próximo) Estima a quantidade de água com base na absorção de luz no espectro do infravermelho próximo. Principalmente água livre

A compreensão dos diferentes tipos de água e o uso das técnicas de análise apropriadas são essenciais para cumprir as normas regulatórias e fornecer alimentos seguros e de alta qualidade.

Como se pode ver, a análise de umidade em alimentos é muito importante para garantir a segurança do produto. Além disso, ela é capaz de fornecer informações sobre a quantidade de água no alimento, o que é útil para determinar a qualidade do produto e fazer outras considerações sobre o alimento.

Esperamos que este artigo tenha sido útil para que você possa entender um pouco melhor a análise de umidade em alimentos.

Imagem: Polina Tankilevitch

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Semana Nacional de Conscientização sobre Alergia Alimentar: novo marco na conscientização

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No dia 23 de novembro de 2023, foi sancionada no Brasil a Lei nº 14.731, que instituiu a Semana Nacional de Conscientização sobre Alergia Alimentar, a ser celebrada na terceira semana de maio de todos os anos.

O reconhecimento da necessidade de ter uma data para a pauta da alergia alimentar acontece pelo crescente aumento nos casos, não só no Brasil, mas no mundo todo. Um problema eminente na saúde pública, muitas vezes silenciosa, a alergia alimentar manifesta-se após a ingestão direta ou indireta (contaminação cruzada) de algum alimento considerado “estranho” pelo corpo humano.

Sua manifestação pode ocorrer com desconfortos momentâneos, como manchas vermelhas espalhadas pelo corpo, coceira ou inchaço. Também podem ocorrer, nos casos mais graves, dificuldade ao respirar, dor abdominal, tontura, entre outros sintomas. Em alguns casos,  a alergia alimentar pode  até levar a vítima a óbito.

O Brasil conta com regulamentação específica para rotulagem de alergênicos, por meio da RDC 727/2022, que apresenta em seu anexo III a listagem dos principais alergênicos, dentre eles: leite, soja, ovo, trigo, amendoim, castanhas, peixes e crustáceos, além do látex.

Ao contrário do que se pensa, o simples fato de não consumir o produto diretamente, não exime a pessoa alérgica da exposição, que pode ocorrer por meio da contaminação cruzada, ou seja, o alergênico pode estar presente por meio de pequenas partículas em razão do compartilhamento de utensílios ou de superfícies.

Por isso, adotar procedimentos de prevenção de contaminação cruzada, como metodologias validadas de limpeza de linhas (CIP) que processaram alergênicos, além de outros controles, é parte importantíssima na luta contra a alergia alimentar.

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Você já pensou sobre a segurança do alimento do seu pet?

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Nos últimos anos, a relação entre humanos e animais de estimação tem se estreitado cada vez mais, aumentando a importância da qualidade e segurança dos alimentos oferecidos a esses membros especiais de nossas famílias. Esta convivência não só contribui para o bem-estar emocional das pessoas, mas também levanta questões sérias sobre a saúde e segurança de ambos os lados da relação.

A proximidade entre tutores e seus animais de estimação gera inúmeros benefícios, incluindo a redução do estresse, a melhoria do humor e até mesmo a diminuição da pressão arterial. Além disso, a presença de animais de estimação tem sido associada a uma maior atividade física, promovendo um estilo de vida mais saudável. Essa conexão emocional também pode desempenhar um papel fundamental no apoio emocional e na redução da solidão, especialmente em momentos desafiadores.

Contudo, a intimidade com animais de estimação também apresenta desafios, particularmente no que se refere à saúde e segurança dos alimentos. A qualidade e segurança inadequada dos alimentos destinados aos animais de estimação podem levar a uma série de problemas de saúde. Intoxicação alimentar, alergias e deficiências nutricionais são apenas algumas das consequências possíveis. Além disso, a contaminação por patógenos como Salmonela e E. coli representa um risco significativo de doenças aos pets e que podem ser transmitidas dos animais para os humanos.

Eventos negativos de destaque relacionados ao segmento de pet food nos últimos anos ressaltaram a importância de estar atento à segurança dos alimentos destinados aos animais de companhia.

Em setembro de 2022, um recall massivo foi iniciado devido à presença de etilenoglicol (não alimentício) em petiscos para cães, deixando o alimento com alto potencial de toxicidade e levando mais de 40 animais a óbito. Esse evento envolveu cerca de 5 fabricantes no Brasil. Outra situação crítica veio à tona na semana do dia 01/12/2023, quando auditores agropecuários realizaram a apreensão de 29 toneladas de ração para pets impróprias ao consumo, devido às más condições do ambiente de fabricação e uso de ingredientes impróprios para alimentos, além da falta de controles de produção.

Infelizmente no Brasil ainda não temos dados estatísticos históricos para demonstrar a representatividade e o crescimento desses casos. Porém, esses acontecimentos servem como alerta sobre os riscos de alimentos inadequadamente controlados, não apenas para os animais, mas também para os tutores que compartilham suas vidas de modo tão próximo.

A regulamentação da indústria de alimentação animal é recente e, culturalmente, muitos fabricantes ainda não estão conscientes sobre os riscos associados às falhas de programas básicos, como as Boas Práticas de Fabricação e os Planos de APPCC na fabricação desses alimentos e/ou petiscos. Por isso, os profissionais da área de segurança dos alimentos desempenham um papel fundamental na promoção da conscientização sobre a cultura de segurança de alimentos, adoção de práticas de produção seguras, minimização da contaminação cruzada, monitoramento rigoroso da cadeia de suprimentos, entre outros, para poder reduzir substancialmente os riscos associados a estes alimentos.

É sabido que a proximidade entre humanos e animais de estimação oferece inúmeros benefícios, no entanto cada dia mais a conscientização sobre os riscos associados é essencial. O cuidado com a qualidade e segurança dos alimentos oferecidos aos animais de estimação é uma responsabilidade compartilhada entre produtores, profissionais da segurança dos alimentos e proprietários de animais.

Dessa forma, uma abordagem proativa de todas as partes é urgente para minimizar essas ocorrências. Entre tantas outras ações, podemos citar:

  • medidas regulatórias mais rigorosas;
  • adoção de certificações de segurança de alimentos;
  •  inclusão de profissionais qualificados em segurança de alimentos nas indústrias de pet food
  • conscientização dos tutores quanto a sua responsabilidade na escolha dos alimentos disponíveis no mercado e na correta manipulação posterior em seus lares.

Essas ações apoiadas pela educação contínua e a fiscalização são fatores determinantes para manter os alimentos livres de contaminação e a convivência entre humanos e seus animais de estimação segura e saudável.

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Salmonella, o inimigo oculto: a importância da análise microbiológica na indústria de alimentos

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Na indústria de alimentos, onde a qualidade e a segurança são fundamentais, há um mundo invisível que desempenha um papel crucial: o reino dos microrganismos. A análise microbiológica surge, então, como uma ferramenta essencial, permitindo que os fabricantes garantam a integridade dos produtos que chegam às mesas dos consumidores.

A contaminação microbiológica pode causar a degradação dos alimentos, a redução do prazo de validade e, o que é ainda mais sério, pode trazer riscos à saúde dos consumidores. É aqui que a análise microbiológica entra em cena, revelando a presença e a concentração dessas bactérias invisíveis.

A Salmonella é uma bactéria que pode causar sérios problemas de saúde quando presente em alimentos. É uma das principais causadoras de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar. Neste texto, falaremos sobre a importância da análise de Salmonella em alimentos, destacando os métodos de detecção, prevenção e os riscos associados.

1. Riscos para a saúde: A presença de Salmonella em alimentos representa uma ameaça significativa à saúde pública. Infecções por Salmonella podem resultar em sintomas como diarreia, febre, cólicas abdominais e vômitos. Em casos mais graves, a infecção pode levar a complicações graves, especialmente em grupos vulneráveis, como crianças, idosos e indivíduos imunocomprometidos.

2. Métodos de detecção: A análise de Salmonella em alimentos é crucial para garantir a segurança do alimento. Métodos tradicionais, como cultura de isolamento, são frequentemente utilizados em laboratórios. No entanto, métodos mais avançados, como a reação em cadeia da polimerase (PCR), oferecem uma detecção mais rápida e precisa, reduzindo o risco de disseminação de alimentos contaminados.

 3. Prevenção e controle: A prevenção é fundamental no combate à Salmonella. Boas práticas de higiene durante a preparação e preparo de alimentos, além de medidas de controle ao longo da cadeia de produção, são essenciais. A implementação de sistemas de rastreabilidade também facilita a identificação rápida de lotes contaminados, permitindo uma retirada eficiente do mercado.

 4. Regulamentações e normas: A análise de Salmonella em alimentos está sujeita a regulamentações rigorosas em muitos países. As agências de controle de alimentos estabelecem limites aceitáveis e diretrizes para garantir a conformidade da indústria alimentícia. O cumprimento dessas normas é crucial para garantir a segurança dos consumidores. No caso da Salmonella, a legislação brasileira (Instrução Normativa nº161/2022) preconiza ausência para cada 25g de alimento.

 5. Desafios atuais e futuros: Apesar dos avanços na detecção e prevenção, a Salmonella continua a ser um desafio global. A evolução das cepas resistentes aos antibióticos e as mudanças nos padrões de consumo alimentar evidenciam a necessidade contínua de pesquisa e inovação na área.

Em resumo, a análise de Salmonella em alimentos desempenha um papel vital na proteção da saúde pública. A combinação de métodos de detecção avançados, práticas preventivas e conformidade com as regulamentações contribui para a segurança dos alimentos e a redução dos riscos associados à contaminação por este patógeno.

Autoras: Mariana Camille de Melo Moura e Hilana Ceotto Vigoder, do Instituto Federal do Rio de Janeiro – IFRJ 

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