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Destaques do IX Encontro dos Profissionais da Garantia da Qualidade – Inteligência Artificial na cadeia de alimentos

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Demorou, mas seguimos com os destaques do IX Encontro dos Profissionais da Garantia da Qualidade! No segundo dia de evento, tivemos uma apresentação incrível sobre Inteligência Artificial na cadeia de alimentos, com o Prof. João Galdino da Genesis.

Você sabia que o primeiro modelo de machine learning foi desenvolvido na Unicamp, há 40 anos? E que estamos na terceira evolução de Inteligência Artificial (IA), com interação similar à humana, com análise de sentimentos e percepções? Hoje pode-se aplicar IA em robôs, máquinas e avatares.

São compostos modelos matemáticos, computacionais, com cálculos de até 40 páginas para gerar uma inteligência artificial. Saiba mais sobre o tema em: Inteligência Artificial e mudanças climáticas: soluções para a produção segura de alimentos.

Indústrias de alimentos já estão criando IAs customizadas aos processos, que avisam em tempo real sobre falhas de qualidade, como sobrecargas elétricas, qualidade da água de enxágue, erros de pesagem, emitindo alertas ou parando o processo. São usadas também para controle de estoques, validades e check lists.

Equipamentos com QR code junto às placas de patrimônio podem estar alinhados com IAs. Ao serem fotografados, podem automaticamente abrir não conformidades, ajudar a rastrear e alertar os envolvidos, seguindo fluxos de sistema de gestão.

Você pode usar a Inteligência Artificial na cadeia de alimentos como ferramenta do sistema de gestão, já que dependendo do modelo, pode ler 500 páginas de normas anexadas, em até 15 minutos. Pode-se fazer perguntas e ela irá responder com base na norma.

É possível colocar controle de cópias controladas, formulações, para que todos possam consultar documentos, procedimentos etc.

A IA pode também monitorar e analisar os dados (não só registrar), fazendo previsões de todos os parâmetros que podem trazer perigos, como qualidade do ar, temperatura, vazão, pressão, rotação de equipamentos, contagem de produtos, montando relatórios de produção, informando em tempo real a respeito de riscos ou de possíveis paradas. Os alertas podem ir diretamente para o time de eletricistas, que podem agir e evitar fogo, por exemplo.

Bons modelos de inspeção de qualidade não precisam de IAs, mas elas podem facilitar o processo. Elas podem sugerir soluções para NCs com base em históricos registrados no banco de dados dela.

Já existem robôs desenvolvidos com foco em indústrias, para carregar peso, sem tropeçar em pessoas, para entrar em áreas confinadas ou com risco em altura.  Vimos um em formato de cachorro, dançando em nossa frente, capaz de fazer movimentos acurados!

Mas algo que a IA não deve substituir é a sensibilidade. Ela poderá criar análises preditivas, com 99% de acuracidade, mas não substituirá análises críticas do cenário, a criatividade e decisões conclusivas, que continuarão demandando recursos humanos!

Discute-se globalmente uma renda básica para qualificar profissionais, para que sigam no mercado. Diversas profissões serão substituídas, mas a ideia é que a IA seja usada como suporte para otimização de processos.

O importante é o time de Qualidade não ficar para trás! Atualize-se sempre!

Em seguida, foi apresentada pelo psicólogo e engenheiro Daniel Dias Gonçalves uma palestra com o tema Qualidade Emocional e exigências de qualidade: os dois lados da mesma face.

Lidar com a pressão do dia a dia em indústrias causa ansiedades em todos nós. Auditorias frequentes, não anunciadas, times cada vez mais enxutos, em uma atmosfera BANI (Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível), tornam o ambiente de trabalho um mundo de possibilidades.

Precisamos lembrar que lidamos com pessoas, que estão susceptíveis aos acontecimentos externos, pressões e cobranças, sentimentos que sofrem alterações, conforme vão surgindo afetos, positivos e negativos, diariamente, no trabalho e em casa.

A cultura da empresa é permeada pela cultura da produção e de qualidade, e precisa ser equilibrada dentro das rotinas. Às vezes, existem cobranças impossíveis para os times de qualidade, que devem ser atendidas com baixo custo, dentro das normas e com poucas pessoas. E como controlar a ansiedade e não deixar o stress dominar nossas mentes?

Equilibrar as demandas com o que é possível absorver, sem deixar o trabalho absorver 100% do seu tempo, é muito importante para garantia da saúde mental.

Devemos atentar ao que consumimos, na internet, em alimentos, em bebidas, para entendermos as reações que nos causam, se nos deixam em estado de ansiedade.

É impossível controlar tudo e todos e e é necessário aceitar que temos falhas, limitações. Pessoas têm variações de humor, problemas pessoais e o peso emocional de ser um dos ou o responsável pela garantia da qualidade deve ser trabalhado, muitas vezes, com apoio psicológico. Este peso precisa sair da esfera da culpa e ir para a esfera da responsabilidade, que trará movimento e produtividade!

Viver a realidade da indústria de alimentos é conviver com stress e pressão diariamente! Torço por uma vida mais leve para todos.

Imagem: cottonbro studio

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É necessário o registro na ANVISA para resina PET virgem?

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Recentemente recebemos uma pergunta da leitora Emanuelle sobre o tema embalagens: “Sobre o uso de resina PET virgem 100% em embalagens com contato direto com alimentos, é necessário o registro na ANVISA deste fornecedor?”

A atual RDC Nº 27/2010, que dispõe sobre as categorias de alimentos e embalagens isentos e com obrigatoriedade de registro sanitário, estabelece em seu Anexo I que as embalagens em geral são isentas da obrigatoriedade de registro. No entanto, consta no Anexo II desta norma que as embalagens elaboradas a partir de PET pós-consumo reciclado (PCR) grau alimentício têm registro obrigatório.

É preciso lembrar, porém, que em breve a RDC 27/2010 será revogada pela RDC Nº 843/2024 que entrará em vigor em 1° de setembro de 2024 e dispõe sobre a regularização de alimentos e embalagens. Seu Artigo 3º estabelece que a regularização de alimentos e embalagens deve ser realizada previamente à sua oferta por meio dos seguintes procedimentos, descritos nos respectivos anexos da Instrução Normativa 281, de 22 de fevereiro de 2024:

  • Registro junto à ANVISA. Não se aplica a nenhum tipo de embalagens ou a resina (seja resina virgem ou PCR);
  • Notificação junto à ANVISA. No setor de embalagens há aplicabilidade, quanto a obrigatoriedade de notificação junto à ANVISA, apenas para a categoria de Resina de PET-PCR grau alimentício;
  • CIF – Comunicação de início de fabricação ou importação junto à autoridade sanitária do Estado, do Distrito Federal ou do município). Há aplicabilidade deste comunicado a quaisquer embalagens para alimentos, incluindo embalagens finais de PET-PCR grau alimentício quando essas forem elaboradas a partir de artigo precursor notificado.

Desta forma, até 31 de agosto de 2024, a única embalagem que precisa de registro na ANVISA é a PET-PCR grau alimentício. Como dito anteriormente, a partir de 1° de setembro de 2024 a notificação será aplicável apenas às resinas de PET-PCR grau alimentício. Para saber mais sobre a notificação, consulte o Anexo II e o Anexo X da IN nº 281/2024.

Quanto à resina PET virgem, não há nenhum instrumento regulatório normativo (lei, portarias, resoluções, instruções normativas etc.) que obrigue os fabricantes de embalagens que utilizam resinas PET virgens a fazer o registro no órgão competente.

Concluindo, não é necessário fazer nenhum registro, notificação ou comunicado na ANVISA ou autoridade sanitária sobre a utilização de resinas virgens.

Se tiver perguntas sobre este e outros temas relacionados à Segurança de Alimentos, envie para redação@foodsafetybrazil.com.

Gosta deste assunto? Acesse o documento Perguntas e respostas publicado pela ANVISA.

Leia também:

Dispensa de registro para embalagem reciclada: nova regra da Anvisa

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Auditoria de primeira, segunda e terceira parte: o que é isso?

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Quem no mundo da Segurança de Alimentos nunca ouviu falar sobre auditoria de primeira, segunda e terceira parte? Mas você sabe realmente o que é isso?

Na área de alimentos, as auditorias de primeira, segunda e terceira parte são aplicadas de maneira específica para garantir a segurança, qualidade e conformidade dos produtos alimentícios com normas e regulamentações.

1. Auditoria de Primeira Parte (Auditoria Interna):

  1. Quem realiza: Realizada pela própria organização, geralmente pela equipe interna de qualidade.
  2. Propósito: Avaliar a conformidade dos processos e sistemas de gestão de segurança de alimentos da própria organização com normas internas e requisitos regulamentares. Também serve para identificar áreas de melhoria antes de auditorias externas.
  3. Exemplo: Uma empresa de processamento de alimentos realiza auditorias internas periódicas para verificar se seus processos de produção estão em conformidade com os requisitos da norma ISO 22000 (Sistema de Gestão de Segurança de Alimentos).

2. Auditoria de Segunda Parte (Auditoria de Fornecedor):

  1. Quem realiza: Realizada por uma organização (como um fabricante, consultor ou varejista de alimentos) sobre seus fornecedores ou prestadores de serviços.
  2. Propósito: Avaliar a conformidade dos fornecedores com os requisitos contratuais, regulatórios e normativos estabelecidos pela organização. Pode incluir a verificação das práticas de segurança de alimentos, higiene e qualidade.
  3. Exemplo: Um supermercado realiza uma auditoria em seus fornecedores de produtos frescos para garantir que eles seguem as boas práticas de fabricação e cumprem os requisitos da certificação GLOBALG.A.P. (Good Agricultural Practices).

3. Auditoria de Terceira Parte (Certificação Independente):

  1. Quem realiza: Realizada por organismos de certificação independentes e imparciais, que podem ser acreditados por organismos nacionais ou internacionais.
  2. Propósito: Avaliar a conformidade do sistema de gestão de segurança de alimentos da organização com normas externas (como ISO 22000, BRCGS, FSSC 22000, entre outras) e conceder a certificação oficial.
  3. Exemplo: Uma fábrica de produtos lácteos contrata um organismo de certificação para realizar uma auditoria e obter a certificação FSSC 22000, que demonstra a conformidade com os padrões internacionais de segurança de alimentos referentes a essa norma.

Importância das auditorias na área de alimentos

  • Auditoria de Primeira Parte: Ajuda a identificar e corrigir problemas internos antes que eles se tornem graves, garantindo a conformidade contínua e a melhoria dos processos internos.
  • Auditoria de Segunda Parte: Garante que os fornecedores e parceiros comerciais atendam aos requisitos específicos de segurança e qualidade de alimentos, mitigando riscos na cadeia de suprimentos.
  • Auditoria de Terceira Parte: Fornece uma validação independente da conformidade da organização com normas reconhecidas internacionalmente, aumentando a confiança dos consumidores e clientes na segurança e qualidade dos produtos alimentícios.

Essas auditorias são essenciais para garantir a segurança dos alimentos, proteger a saúde dos consumidores e manter a reputação das empresas no mercado alimentício. E pensando nisto, o Food Safety Brazil em conjunto com a QIMA WQS irá realizar um webinar com o tema “Maximizando a eficácia dos Planos de Ação em auditorias de segunda parte“.

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Intoxicação alimentar em festa de formatura atinge mais de 400 pessoas

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No início de julho de 2024, foi noticiada a intoxicação alimentar de mais de 400 convidados que estiveram presentes no jantar da festa de formatura da Faculdade de Medicina de Taubaté, município do interior de São Paulo.

Os relatos são de sintomas gastrointestinais, como vômitos, diarreia, náuseas, febre, incluindo pessoas que precisaram ser hospitalizadas. Um dos pacientes foi diagnosticado com norovírus, que passou a ser o principal suspeito como agente causador destes casos de intoxicação alimentar.

A empresa responsável pelo buffet do jantar colocou-se à disposição para acompanhar as investigações do caso, mas já respondeu em suas redes sociais e inclusive pelo site Reclame Aqui, conforme trecho abaixo:

“Protocolo de Higiene e Segurança:
A XX (nome da empresa) segue rigorosos protocolos de higiene e segurança em todos os eventos que organiza. No caso específico deste evento, uma nutricionista acompanhou todo o manuseio dos alimentos, e o fornecedor de buffet adotou todas as medidas de higiene exigidas pelas normas sanitárias. No entanto, não podemos descartar a possibilidade de que o problema tenha ocorrido fora do nosso controle.”

Os norovirus foram os primeiros agentes virais ligados a doenças de sintomas gastrointestinais, mas por muito tempo sua relevância foi secundária, sendo o rotavírus o agente de maior importância nesses casos.

Não é o primeiro relato desse vírus como agente causador de doença gastrointestinal em pessoas em eventos. No inicio de 2009, houve relato de surto de gastroenterite durante um cruzeiro de luxo.

O norovirus é transmitido através de água ou alimentos contaminados e é um importante causador de gastroenterites no Brasil. Pode ser detectado por testes moleculares, tanto em fezes de pacientes acometidos com sintomas gastrointestinais quanto em água e alimentos, possíveis fontes de contaminação.

É um vírus com presença comum em locais confinados ou de contato próximo, como eventos, asilos, hospitais, isso porque a transmissão de pessoa para pessoa ocorre com facilidade e diferentemente de outros vírus, os adultos também podem ser acometidos.

Existem poucos relatos de intoxicação alimentar em festas de formatura, com completa investigação do caso e detecção dos agentes causadores. Fazendo uma busca, encontrei:

  • Formatura da 53ª turma de direito da Faculdade de Uberlândia, em 2006, causada por Salmonella, porém o buffet defendeu-se dizendo que as amostras foram coletadas quatro dias após o evento, sendo que no dia da festa os alimentos não se apresentavam contaminados;
  • Mais de 100 pessoas com sintomas de intoxicação alimentar na cidade de Icó, no Ceará, em 2020, sem que eu encontrasse o agente causador;
  • Formatura da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Londrina, em 1998, também sem maiores informações sobre o caso.

Eventos, festas ou mesmo o caso do cruzeiro são situações em que os alimentos são preparados em grande quantidade, nem sempre respeitando processos seguros de preparação, como temperatura de cozimento, higienização de superfícies e utensílios e por pessoas que podem não ter recebido todos os treinamentos relativos às boas práticas de manipulação de alimentos. Estes fatores são possíveis causas de contaminação de alimentos que podem provocar intoxicações alimentares.

Estudos completos desses casos, com participação da Vigilância Sanitária e de outras entidades, com investigação e isolamento do agente causador, seriam importantes formas de prevenção para que novos casos não aconteçam.

Imagem: Julia Kuzenkov

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Contaminação microbiológica em poços artesianos

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Um leitor compartilhou sua preocupação sobre a qualidade da água de um poço utilizado para consumo há quase quatro décadas. Recentemente, análises revelaram a presença de bactérias coliformes e aeróbicas na água coletada, gerando dúvidas sobre a segurança dessa água e sobre quais as medidas apropriadas para sanar o problema.

Causas da contaminação microbiológica em poços

A contaminação microbiológica em poços pode ocorrer devido a vários fatores:

  1. Infiltração de águas superficiais: Poços mal vedados permitem a entrada de água de superfície contaminada.
  2. Proximidade de fontes de poluição: Sistemas sépticos, como esgoto não tratado, podem se infiltrar no solo; resíduos animais e áreas agrícolas próximas podem contribuir para a contaminação.
  3. Formação ou presença de biofilmes: Bactérias podem formar biofilmes nas paredes do poço, ou nas telas, colunas de bombas e bombas, dificultando a erradicação da contaminação. As trepidações durante o bombeamento podem fazer com que os biofilmes se desloquem, liberando as bactérias coliformes.
  4. Manutenção inadequada: Falta de limpeza e desinfecção regular, ausência de manutenção e/ou troca de tubulações, conexões antigas ou inapropriadas, além de filtro sujos e bombas danificadas ou sujas, podem permitir o crescimento de bactérias.

Em muitos casos, será necessário realizar testes de integridade e perfilagem ótica (filmagem do interior do poço) para mapear os principais pontos de melhoria e identificar as causas da contaminação. Em um estudo realizado na Austrália, em 2015, foram identificadas fontes com maior incidência de contaminação. Os testes de integridade e a visualização por câmera revelaram que o poço revestido de aço estava em más condições, apresentando corrosão e laminação severas (figura C). Além disso, havia árvores nas proximidades (figura A), cujas raízes penetraram através de aberturas nas juntas de PVC (figura B).

 

A CETESB monitora a qualidade das águas subterrâneas em poços tubulares e nascentes desde 1990, no Estado de São Paulo. O relatório de 2023 indicou que 46,7% das amostras apresentaram não conformidades nos parâmetros microbiológicos, principalmente coliformes totais e E. coli.

Outra pesquisa, realizada no sul do Brasil para avaliar a qualidade e a segurança hídrica em áreas rurais e urbanas, analisou amostras de água coletadas entre 2013 e 2021. Os resultados mostraram que, nas áreas rurais, 77,54% das amostras de água estavam contaminadas por coliformes e 44,5% por Escherichia coli. Além disso, 20,95% das amostras contaminadas estavam correlacionadas com a quantidade de chuvas. Nas áreas urbanas, 10,95% das amostras continham coliformes e 2,53% continham E. coli, com 9,33% das amostras contaminadas associadas à precipitação. A presença de cloro residual livre foi verificada em 14,38% das amostras rurais e em 56,13% das amostras urbanas, indicando variações significativas na qualidade da água tratada.

 

Com estas informações, fica mais claro que a qualidade da água é comprometida pela ausência de manutenção, limpeza, fatores pluviométricos, alterações físico-químicas e pelo impacto de atividades humanas. Assim, ausência de tratamento de desinfecção no poço e na linha de distribuição são fatores críticos se a destinação é o consumo de água potável.

Tipos de poços e riscos associados

Os poços são classificados como fontes de água bruta e o sistema de captação dessas águas é chamado Solução Alternativa Coletiva (SAC) ou Individual (SAI), e essas águas geralmente não passam por tratamento, podendo não atender aos parâmetros de potabilidade para consumo humano conforme Portaria GM/MS nº 888/2021.

A qualidade da água varia conforme o tipo de poço e sua infraestrutura:

Poço “caipira” (cacimba/escavado): Comum em áreas rurais, perfurado manualmente e revestido com tijolos ou concreto. Capta águas superficiais, com profundidade média de 20 metros, sendo suscetíveis a contaminações sazonais e atividades industriais ou agropecuárias próximas.

Poço semi-artesiano: Capta água de reservas mais profundas (20 a 50 metros), utiliza bombeamento para extração e sistemas de filtragem de águas subterrâneas. Possui risco moderado de contaminação, dependendo da profundidade e localização.

Poço artesiano: Capta água de reservas muito profundas (50 a 2000 metros), geralmente sem necessidade de filtros. Apresenta baixo risco de contaminação microbiológica e física, sendo geralmente mais seguro para consumo.

É de suma importância seguir as normas brasileiras (ABNT) para construção de poços até mesmo para fazer melhorias e adequações necessárias. A ABAS (Associação Brasileira de Águas Subterrâneas) disponibiliza algumas recomendações, normas e entidades profissionais e técnicas no seu site para auxiliar nos requisitos e caminhos fundamentais para garantir a potabilidade da água.

Medidas de controle

A Portaria GM/MS nº 888/2021, assim como as legislações anteriores que disciplinavam os padrões de potabilidade da água no país – as já superadas Portaria Nº 2.914/2011 e Portaria de Consolidação Nº 5 (Anexo XX) – inclui a necessidade de um Plano de Segurança da Água -PSA (link) e o monitoramento por meio de análises laboratoriais periódicas para garantir a conformidade com os padrões de qualidade.  

Para prevenção da contaminação é importante adotar os controles mínimos:

  • Desinfecção: Implementar sistemas de cloração para eliminar contaminações microbiológicas e garantir o teor mínimo de cloro residual livre em toda a extensão do sistema de distribuição (reservatório e rede) e nos pontos de consumo.  A portaria descreve os controles no processo de desinfecção da água por meio da cloração e de outros agentes como cloraminação, isocianuratos, ozônio e luz ultravioleta para manancial subterrâneo e superficial
  • Limpeza de caixas d’água e reservatórios:  para evitar formação de biofilmes.
  • Manutenção preventiva:

(i)      Limpeza e desinfecção periódica do poço e reservatórios para evitar a formação de biofilmes. Técnicas de limpeza incluem a utilização de escovas mecânicas e a aplicação de soluções desinfetantes.

(ii)    Inspeções regulares para identificar e corrigir problemas, como rachaduras no revestimento, falhas na vedação, selos ou tampas danificadas, além de defeitos de construção que podem permitir a entrada de contaminantes como conduíte elétrico e outras conexões.

  • Monitoramento da qualidade: Realizar análises frequentes para monitorar a qualidade da água. O plano de amostragem deve incluir a definição dos pontos de coleta, número, frequência das coletas, parâmetros analisados, conforme a Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano. Importante reforçar que as análises devem ser realizadas por laboratórios especializados que apresentarem um programa de qualidade conforme a NBR ISO/IEC 17025.
  • Registro e documentação:  Todos os controles de limpeza, manutenção, construção e análises laboratoriais devem ser registrados e Procedimentos Operacionais Padronizados (POP) devem estar em documentos escritos.

Interpretação dos resultados 

A detecção de todos os microrganismos patogênicos na água é trabalhosa, demorada e cara. Por este motivo, seguir a análise conforme o artigo 27 da Portaria GM/MS nº 888/2021 assegura a potabilidade da água.

Embora as bactérias coliformes possam indicar problemas no poço, a amostra de água pode ter sido contaminada durante o processo de coleta. Além disso, é importante considerar que as torneiras de amostra podem ser um potencial fator de contaminação ou formação de biofilme. Avalie a substituição do ponto de coleta, que pode estar contaminado com biofilme.

Analisar o histórico dos resultados microbiológicos é fundamental, pois as coletas podem ter sido realizadas em diferentes épocas do ano e a contaminação pode ser sazonal, principalmente em épocas de muita chuva.

Coliformes Totais: são bactérias de vida livre encontradas no solo, água e plantas, sem necessariamente indicar poluição fecal. Usar apenas coliformes totais para avaliar a qualidade da água, especialmente de fontes individuais, pode superestimar os riscos à saúde.

– Água não tratada (água in natura): A presença de coliformes totais pode não estar relacionada diretamente à poluição fecal, mas serve como um alerta para possível contaminação da fonte;

– Saída do tratamento: O monitoramento de coliformes totais após a desinfecção avalia a eficiência do tratamento. A presença desses microrganismos indica a necessidade de medidas corretivas;

– Sistema de distribuição: Mesmo após um tratamento eficaz, a água pode se deteriorar durante a distribuição. A presença de coliformes totais no sistema de distribuição pode indicar falhas na desinfecção e na infraestrutura, necessitando de investigação e correção.

O artigo 27 ressalta que quando detectadas amostras com resultado positivo para coliformes totais, ações corretivas devem ser adotadas e amostras devem ser coletadas em dias imediatamente sucessivos até que revelem resultados satisfatórios. E para os sistemas de distribuição, as novas amostras devem incluir no mínimo uma recoleta no ponto onde foi constatado o resultado positivo para coliformes totais e duas amostras extras, sendo uma a montante e outra a jusante do local da recoleta.

Escherichia coli: o mais preciso indicador da contaminação da água por material fecal, sendo a sua presença um indicio da ocorrência de microrganismos patogênicos.

– Saída do tratamento: a presença na saída do tratamento, após o processo de desinfecção, explicita a deficiência desse processo empregado e exige medidas imediatas para correção do problema.

– Sistema de distribuição: a detecção de contaminação na água do sistema de distribuição é um sinal inequívoco de tratamento insuficiente da água ou de (re)contaminação fecal durante a distribuição dela. Nesse caso, tornam-se necessárias ações corretivas para o reestabelecimento da normalidade.

Nos casos de resultado positivo para Escherichia coli em manancial subterrâneo, o artigo 31 recomenda seguir o processo de desinfecção da água por meio da cloração ou outros agentes, garantindo os tempos de contato e as concentrações residuais na saída do tanque de contato em relação aos pH e temperatura conforme as orientações presentes na portaria. Após este tratamento corretivo, assegure a concentração residual mínima de cloro no sistema de distribuição (reservatório e rede) até o ponto de consumo.

Bactérias aeróbicas: Embora a maioria não seja patogênica, sua presença em grandes quantidades pode indicar condições que também favorecem a presença de patógenos.  A análise tem o objetivo de monitorar a eficiência de tratamento da ETA em sistemas SAC com mananciais superficiais, conforme o Artigo 29, se a média geométrica móvel dos últimos 12 meses for igual ou superior a 1.000 Escherichia coli/100mL.

Se a eficiência de remoção for inferior a 2,5 log (99,7%) em pelo menos quatro amostragens mensais, deve-se monitorar mensalmente cistos de Giardia spp. e oocistos de Cryptosporidium spp. durante os próximos 12 meses. O monitoramento de esporos de bactérias aeróbias pode ser interrompido ao iniciar o monitoramento de (oo)cistos.

Deve ser atendido também o padrão de turbidez para a garantia da qualidade microbiológica da água (artigo 28). O motivo é que o cisto de protozoário apresenta características (como dimensões e carga elétrica superficial) que o torna passível de ser removido em processos de clarificação da água, como coagulação, floculação, sedimentação e filtração. Tais indicações são referendadas por agências como a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e a Organização Mundial da Saúde e têm sido incorporadas em padrões de potabilidade em diversos países, como Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia e Brasil

Diante das informações apresentadas, fica evidente que a qualidade da água de poços artesianos pode ser comprometida por diversos fatores. A detecção destas contaminações microbiológicas destaca a necessidade de medidas corretivas imediatas e de um monitoramento conforme estabelecido pela Portaria GM/MS nº 888/2021. É essencial realizar desinfecções adequadas, preferencialmente utilizando cloração, e assegurar a concentração residual mínima de cloro até o ponto de consumo. A implementação de um plano de segurança da água e a consulta a profissionais especializados são passos essenciais para a manutenção da qualidade e a prevenção de contaminações futuras.

Leia também:

– O que são coliformes fecais e quais os riscos à saúde [link]

– Coliformes Totais e Coliformes Termotolerantes: qual a diferença? [link]

– Uma estrela do “Hall da Fama” dos patógenos: Escherichia coli O157:H7 [link]

– Como saber se a água que estamos consumindo é segura? [link]

– Pseudomonas aeruginosa: um perigo na água mineral [link]

– Plano de segurança da água e a segurança de alimentos [link]

– Dicas para elaboração do POP de potabilidade da água [link]

– Análise da nova Portaria MS 888/21 sobre controle e vigilância da água para consumo humano [link]

– A água contaminada no Brasil e sugestões para reduzir o problema na indústria de alimentos [link]

Referências:

– CETESB: Relatórios de qualidade das águas subterrâneas  [link]

Plano de Segurança da Água- Ministério da Saúde  [link]

Revisão do status de risco de poços de abastecimento de águas subterrâneas por meio do rastreamento da fonte de contaminação por coliformes [link]

– Guidelines for drinking-water quality, 4th edition, incorporating the 1st addendum [link]

– Coliform bacteria in well-water [link]

– What to Do about Coliform Bacteria in Well Water [link]

– Be Well Aware – Protect and clean your well [link]

– Padrão de Potabilidade e Mudanças [link]

– Partes constituintes e tecnologias de tratamento de água [link]

Vigilância e Controle da água para consumo Humano- Ministério da Saúde [link]

Juliana Lanza é engenheira de alimentos, especialista em Gestão de Qualidade e Segurança de Alimentos (Unicamp) e pós-graduada em MBA de Gestão de Qualidade e Produção (FGV). Atuou em grandes indústrias na área de produção, controle e garantia da qualidade, e tem mais de 14 anos na implementação de sistemas de qualidade e auditorias.

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A segurança das pimentas pode estar com a reputação queimando?

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Será que o consumo de alimentos muito picantes vai deixar de ser uma extravagância ou preferência pessoal para se tornar um assunto de saúde pública? A segurança das pimentas continua mesmo inabalada após séculos de consumo controverso?

Alguns acontecimentos parecem estar colocando esta categoria numa zona de questionamento.

Um caso recente e sem precedentes foi o da Autoridade Sanitária da Dinamarca, que simplesmente recolheu do mercado o produto “Hot Chicken”, de um dos maiores exportadores mundiais de lámen, cujo rótulo afirmava ser ser três vezes mais picante. O motivo: “a capsaicina em um único pacote é tão alta que representa risco de o consumidor desenvolver intoxicação aguda”.  O produto não apresentava outro “perigo” além deste e não houve recall em nenhum outro país.

Muito apreciada em algumas culturas na Ásia, África, América (Central) e em países árabes, a pimenta contém altas doses de capsaicina. A capsaicina, ou 8-metil-N-vanilil-1,6-nonamida, é o composto químico que cria a sensação de queimação. Quando os humanos comem pimentas, a capsaicina é diluída na saliva e se liga aos receptores na boca, levando ao estímulo de dor, ardência e ou coceira. Também pode causar sintomas circulatórios, como suores frios, alterações na pressão arterial ou tonturas em altas doses.

Em 2011, o Instituto Federal de Avaliação de Riscos da Alemanha (BfR) alertou para os riscos do consumo excessivo de pimenta e assumiu que o grau de picância tradicionalmente aceito por adultos durante uma refeição equivale a uma dose máxima de 5 mg de capsaicina por kg de peso corporal. Isto corresponderia a uma ingestão de 300 mg de capsaicina numa refeição para um adulto com 60 kg. Veja o estudo aqui.

O mesmo documento recomenda que a pimenta e outros molhos picantes com concentrações superiores a 100 mg de capsaicina por quilograma de alimento (0,1%) sejam rotulados e que sejam aplicados lacres de segurança para crianças nas embalagens. O BfR recomendou ainda que as autoridades sanitárias olhassem os produtos com uma concentração de capsaicina superior a 6.000 mg por quilograma, caso a caso, para determinar se podem ser considerados alimentos seguros.

Para os consumidores, o instituto solicitou cuidado com a ingestão de quantidades excessivas de molhos e extratos de pimenta extremamente picantes, como os encontrados em “Competições de Alimentos Condimentados”. Nestes casos, podem ocorrer graves problemas de saúde, como crises hipertensivas que podem ser fatais em determinadas circunstâncias. Em residências particulares, os molhos de pimenta devem ser armazenados fora do alcance das crianças pequenas.

Casos reais de reação

De fato, a “premonição” da BfR aconteceu.  Em 2023, nos Estados Unidos, um menino de 14 anos com cardiomegalia faleceu após participar de um desafio incentivado por um fabricante de salgadinhos fritos (snacks) ultra apimentados.  O episódio, que está rendendo um processo judicial, tem uma página na Wikipedia, One Chip Challenge, que é o nome do desafio.

Segundo a perícia, “Harris morreu de parada cardiorrespiratória, num contexto de ingestão recente de uma substância alimentícia com alta concentração de capsaicina”. Na embalagem havia o aviso de que o consumo do produto era destinado a adultos.

Outra ocorrência nos EUA foi em Massachusetts, em 2023.  Dez crianças foram hospitalizadas por causa de um desafio estimulado em rede social de uma goma de mascar.  Trazida de casa por um dos alunos, a goma continha extrato de pimenta medindo 16 milhões de unidades de calor Scoville. É quase o mesmo que comer spray de pimenta, de acordo com o chefe dos bombeiros que os atendeu. A mãe de uma das crianças, de 9 anos, encontrou seu filho vomitando e relatou que “era algo que você vê em um filme de terror. Honestamente, parecia que essas crianças estavam em um ataque.  Eles estavam alinhados no corredor, na área do hall da frente, chorando. Suas mãos estavam vermelhas, seus rostos estavam vermelhos como beterraba e eles choravam, dizendo que estavam com dor”. As mãos de um médico que fez o atendimento também apresentaram ardência.

Não letal, mas também digno de nota, foi o caso de um alemão de 27 anos que foi internado após participar de um concurso para ingestão de pimenta indiana no ano passado. Cerca de duas horas e meia depois de ingerir a comida picante, o homem começou a sentir dores abdominais e forte inchaço no estômago. No Hospital os médicos não conseguiram encontrar mais nada de errado e administraram alguns analgésicos que deram uma pausa temporária no sofrimento. Cerca de 12 horas depois de comer a pimenta, o homem vomitou e começou a melhorar lentamente.

Aqui no Brasil, tivemos um caso muito comentado no qual uma jovem sofreu uma lesão cerebral em fevereiro de 2023 após uma grave reação alérgica ao cheirar pimenta em conserva. Os médicos acreditam que o contato da jovem com a pimenta foi um gatilho para ela desencadear uma crise de asma grave, fazendo com que não conseguisse respirar normalmente. Isso levou à baixa circulação de oxigênio para o cérebro e o coração, o que provocou uma parada cardiorrespiratória na jovem. Ela segue em tratamento para as sequelas.

Semana passada, 13 moças e um rapaz foram levados a um hospital no Japão depois que um aluno levou como diversão um salgadinho condimentado com curry e pimenta indiana bhut jolokia, considerada a mais picante do mundo. Eles reclamaram de náuseas e dores agudas ao redor da boca, o que motivou ligações para o corpo de bombeiros e a polícia.

No rótulo, constavam alertas como “não consumo por menores de 18 anos”, “não comer as batatas fritas quando estiver sozinho” e que o produto pode causar diarreia se for consumido “em excesso”.
O site da empresa ainda afirma que quem tem pressão alta e estômago fraco “está absolutamente proibido” de comer  o snack. Alerta as pessoas que apresentam cortes nos dedos para terem cuidado ao abrir os pacotes. Usuários de mídias sociais sugeriram que a embalagem tenha uma escala com “nível de picância”.

Legislação

Atualmente não temos em nosso país  legislação que restrinja ou especifique questões associadas à picância ou concentração de capsaicina nos alimentos. Como consumidora, observo que temos maior tolerância e até preferência por pimentas nas regiões norte e nordeste, e mesmo aversão em outras regiões. A preferência também pode ser geracional, com mais predileção para a geração Z, conforme esta pesquisa. Sendo assim, talvez a polêmica tenha espaço para se desenvolver em nosso território por causa da diversidade de hábitos de consumo.

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VI Workshop Food Safety Brazil: Garanta sua vaga online!

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Estamos animados em anunciar que o tão aguardado VI Workshop Food Safety Brazil está chegando e estamos oferecendo 100 vagas remotas para que você possa participar de qualquer lugar! Este evento imperdível acontecerá nos dias 15 e 16 de agosto no CREA-SP, e você pode participar virtualmente por apenas R$149,99 por dia.

Por que participar deste workshop é essencial?

Conhecimento Atualizado: O workshop trará as últimas novidades e tendências em segurança de alimentos e embalagens. Você terá a oportunidade de ouvir especialistas renomados do setor, como Cíntia Malagutti, que falará sobre o futuro da segurança de alimentos, e Paulo Kiyataka, que discutirá as novas legislações de embalagens.

Prevenção de Fraudes: Aprenda com Fabrício Pedrotti sobre como prevenir fraudes na cadeia de abastecimento, um conhecimento crucial para garantir a integridade e a confiança em seus produtos.

Sustentabilidade e Impacto Climático: Explore os efeitos das mudanças climáticas na cadeia produtiva de alimentos e embalagens com Cláudio Bicudo, e descubra como o uso de materiais reciclados pode transformar a indústria com Gustavo Fonseca.

Treinamento e Qualidade: Enriqueça seu conhecimento com André Pontes, que apresentará estratégias inovadoras em treinamentos de qualidade, e com Juliani Arimura, que discutirá a importância de evitar perdas e desperdícios no FSSC.

Além disso, aqui estão mais alguns motivos para não perder esta oportunidade:

Certificado de Participação: Ao final do workshop, você receberá um certificado que comprovará sua participação e o conhecimento adquirido, valorizando ainda mais o seu currículo.

Networking: Mesmo remotamente, você poderá interagir com outros profissionais do setor, trocar experiências e ampliar sua rede de contatos, o que pode abrir portas para futuras colaborações e oportunidades.

Exclusividade: Com apenas 100 vagas remotas disponíveis, este workshop oferece um ambiente exclusivo e focado, garantindo que você tenha uma experiência de aprendizado personalizada e de alta qualidade.

Inscreva-se agora e garanta sua vaga! Não deixe para a última hora. As vagas são limitadas e esgotam-se rapidamente. Por apenas R$149,99 por dia você terá acesso a um conteúdo de alto valor e poderá se atualizar com os maiores especialistas do setor.

Corra para se inscrever (clique aqui) e prepare-se para transformar seu conhecimento e práticas em segurança de alimentos e embalagens!

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Notícias do Congresso de Segurança e Qualidade de Alimentos (CSQA) 2024

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Mais de 100 pessoas estiveram conectadas online no Congresso de Segurança e Qualidade de Alimentos (CSQA) 2024 nos dias 20 e 21 de junho.

Esse congresso, no qual foram apresentadas várias pesquisas relacionadas ao seu tema, foi importante para integração entre a Academia, Indústria e Comunidade.

A FEA (Faculdade de Engenharia de Alimentos) da UNICAMP realizou o evento com apoio da FAPESP e de diversos patrocinadores, com o objetivo de proporcionar dinamismo e atualizações para profissionais da área.

Foram abordados tópicos relacionados à qualidade e segurança física, química e microbiológica dos alimentos, com  palestras, apresentações de pôsteres, mesas redondas e oportunidades de networking.

As palestras foram divididas nos temas:

  • Segurança microbiológica,
  • Rotulagem e qualidade nutricional,
  • Segurança química,
  • Inteligência Artificial em alimentos,
  • Fraudes e qualidade da água.

Uma das pesquisas apresentou a simulação de crescimento de biofilmes via pesquisa integrada da Física com a Biologia

Além disso, as diversas mesas redondas permitiram discussões sobre novos alimentos, novos ingredientes e TI para a qualidade e segurança dos alimentos.

Os pôsteres abordaram, entre outros tópicos:

  • Micro-organismos patogênicos em alimentos
  • Biofilmes na indústria de alimentos
  • Ecologia microbiana
  • Fungos e micotoxinas
  • Contaminantes químicos em alimentos
  • Aditivos em alimentos
  • Resíduos de agrotóxicos e medicamentos veterinários
  • Rotulagem de alimentos
  • Técnicas analíticas
  • Matérias estranhas em alimentos
  • Fraude em alimentos.

No dia 1, foram realizadas as palestras:

  • Estratégias ômicas para a agricultura e segurança dos alimentos -Dra. Sabina Moser Tralamazza (Universidade de Neuchâtel, Suíça), moderador: Profa. Adriana Pavesi
  • Sanitização a seco – Profa. Dra. Maristela da Silva do Nascimento (FEA/UNICAMP), moderador: Nathalia Cirone
  • Panorama atual do botulismo no Brasil – Dra. Cecília Martins (Núcleo de Microbiologia do Instituto Adolfo Lutz)
  • Potencial microbiano via aplicação biotecnológica para redução de fungos toxigênicos – Daniele Sartori (UEL), moderador: Liliana Rocha
  • Palestra convidada: Segurança de probióticos utilizados em alimentos – Profa. Dra. Adriane Elisabete Antunes de Moraes (FCA/UNICAMP)
  • Segurança microbiológica de bactérias láticas isoladas de kombucha – Jeniffer Ferreira de Miranda
  • Microrganismos indicadores gerais em suco misto de laranja e beterraba adicionado de Lacticaseibacillus rhamnosus e Saccharomyces boulardii – Manueli Monciozo Domingos
  • Validação da eficácia de tratamento térmico para redução de riscos biológicos na produção de alimentos – Dra Mariela de Souza Viera – Eurofins
  • Aplicação da rotulagem nutricional para avaliação da qualidade de alimentos embalados – Profa. Dra. Cinthia Baú Casarin (FEA), moderador: Juliana Pallone

As mesas redondas discutiram:  Legislação de novos alimentos e novos ingredientes, Segurança dos insetos na alimentação humana, Novos alimentos e novos ingredientes na indústria de alimentos – cenários e tendências regulatórias internacionais.

No segundo dia, as palestras foram:

  • Micro- and Nanoplastics in Food: Current Analytical Methods and Challenges – Dr. Ralf Greiner (Max Rubner-Institut, Alemanha), moderador: Liliana Rocha
  • Mitigação de contaminantes químicos em alimentos – Profa. Dra. Eliana Badiale Furlong (FURG)
  • Substâncias per e polifluoradas em alimentos – Prof. Dr. João Paulo Machado Torres (UFRJ)
  • Análises enzimática e nutricional como ferramentas de controle de qualidade e processo na indústria de alimentos e bebidas – Natália Belgate – Neogen; moderador: Juliana Pallone
  • Explainable Artificial Intelligence (XAI): Interpretando os modelos e predições para qualidade de alimentos – Prof. Dr. Sylvio Barbon (Universidade de Trieste, Itália)
  • Safety of South American food exported to Europe: an analysis of RASFF system notifications from the last 4 years – Anna Flavia de Souza Silva
  • Análise da concentração de acrilamida em duas variedades de batatas-doces biofortificadas submetidas a diferentes processamentos térmicos – Cristiane Lopes Pinto Ferreira
  • Pesquisa de fraudes em alimentos: desafios do laboratório de saúde pública – Dra. Maria Aparecida Moraes Marciano (Instituto Adolfo Lutz, em colaboração com o ILSI Brasil); moderador: Adriana Pavesi
  • Contaminantes químicos em água de reúso – Profa. Dra. Cassiana C. Montagner (IQ/UNICAMP)
  • Utilização de um questionário de frequência alimentar para estimar a ingestão dos aditivos nitritos e nitratos pela população do RS -Raísa Vieira Homem

Já as mesas redondas do segundo dia versaram sobre: Uso de apps na gestão de segurança de alimentos: Como a Inteligência Artificial pode ser aplicada à segurança e qualidade dos alimentos; e Impressão 3D na produção de alimentos.

Concluindo, o Congresso de Segurança e Qualidade de Alimentos 2024 apresentou muito conteúdo relevante e o formato online possibilitou a participação e atualização de pessoas em todo o Brasil, sem restringir o acesso às informações por limitações geográficas.

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Sulfito é alergênico ou não?

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Li o artigo “Sulfitos selecionados como alérgeno do ano”, publicado pela ACDS (Sociedade Americana de Dermatite de Contato), na revista Medscape Medical News, de 08 de março de 2024. Considerando que sulfito está presente em alimentos, bebidas, produtos farmacêuticos e de cuidados pessoais, intrigou-me que não seja considerado como um alergênico de interesse na RDC 727/2022, que dispõe sobre a rotulagem dos alimentos embalados. Por isso, fui buscar mais informações.

O dissulfito de sódio, um composto inorgânico, pertence a um grupo de agentes sulfitantes que contêm o íon sulfito e incluem sulfito de amônio, sulfito de potássio e sulfito de sódio. Estes agentes funcionam como antioxidantes e conservantes em uma variedade de produtos, incluindo alimentos e bebidas, produtos de cuidados pessoais, ambientes de saúde e fabricação de têxteis, produtos químicos, borracha e farmacêuticos. Produtos alimentícios com alto teor de sulfito (maior que 100 ppm) incluem frutas secas (passas e ameixas são exceções), suco engarrafado de limão (mas não sucos congelados), vinho, melaço, suco de uva (espumantes branco, rosa e vermelho) e cebola em conserva.

O tipo de alergia ao sulfito diagnosticado pelo teste de contato é a hipersensibilidade tipo IV ou hipersensibilidade do tipo retardado, em que os pacientes apresentam máculas pruriginosas, vermelhas, descamativas e manchas. Não é o tipo I, hipersensibilidade imediata que causa urticária e, em alguns casos, anafilaxia.

Os sulfitos também podem causar esses efeitos colaterais, por isso a rotulagem correta de alimentos e bebidas é importante e é considerada pelo FDA (Food and Drug Administration). Nos EUA, alimentos que contêm 10 partes por milhão (ppm) ou mais de sulfitos devem ser rotulados, pois essa concentração pode ser suficiente para causar reações em indivíduos sensíveis. A União Europeia também exige a rotulagem de sulfitos em alimentos quando eles estão presentes em níveis iguais ou superiores a 10 mg/kg ou 10 mg/litro.

Já no Brasil, sulfitos não são classificados oficialmente como alergênicos pela legislação, mas são considerados aditivos alimentares que podem causar reações adversas em pessoas sensíveis. Essa distinção ocorre porque as reações aos sulfitos geralmente não envolvem o sistema imunológico da mesma forma que as reações alérgicas clássicas. Por isto, a inclusão dos sulfitos na rotulagem é uma medida preventiva para garantir que os consumidores sensíveis possam evitar sua ingestão.

Um estudo do North American Contact Dermatitis Group (NACDG) constatou que 28,8% dos pacientes positivos para alergia a sulfito no teste de contato apresentavam dermatite facial, que não estava relacionada apenas a cosméticos e medicamentos usados no rosto, mas também a produtos, como xampu, usados no couro cabeludo que pingavam no rosto. De acordo com este estudo, as mãos foram o segundo lugar mais comum de dermatite associada aos sulfitos (20,5%), seguidas pela distribuição generalizada (13,6%). Esses locais são esperados, dadas as fontes de alimentos e bebidas, produtos de higiene pessoal e materiais ocupacionais. A dermatite eczematosa dos lábios também é comum em pacientes com alimentos ingeridos que sejam fontes de sulfitos.

A exclusão de sulfitos da maioria das séries de testes de contato significa que os diagnósticos de alergia a sulfitos são frequentemente perdidos, apesar da ampla gama de exposições potenciais. A maioria dos casos de dermatite de contato alérgica ocorre no local de aplicação do alérgeno. Dependendo da localização da dermatite, um histórico detalhado de exposições que inclui cosméticos e medicamentos tópicos e alimentos e bebidas pode sugerir uma alergia ao sulfito.  Ideal rastrear rotineiramente e avaliar as muitas vias de exposição se um teste de contato for positivo, como por exemplo, o metabissulfito de sódio/dissulfito de sódio, devem ser incluídos em todas as séries de triagem basais dos médicos.

O “Alérgeno do Ano” também foi anunciado recentemente na revista Dermatitis. Os autores Samuel F. Ekstein e Erin M. Warshaw, do Departamento de Dermatologia, e Park Nicollet do Health Services, observaram que o ACDS esperava aumentar a conscientização sobre os sulfitos como um “alérgeno significativo” e pediram sua maior inclusão na série de testes de contato de triagem.

Vamos ficar a espera de que as principais leis globais sobre alergênicos incluam o sulfito na lista, para os países que ainda não o consideram.

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Por favor, parem de chamar os sulfitos de alergênicos!

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Por que sulfito não foi considerado alergênico na RDC26/15?

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Imagem: Pavel Danilyuk

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Níveis de maturidade em Manutenção da Qualidade e sua relação com a segurança dos alimentos

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Vasculhando materiais antigos, deparei-me com um infográfico que achei muito interessante e pertinente compartilhar com os leitores do blog. Trata-se de uma interpretação sobre a maturidade cultural dos processos, pessoas e controles em uma empresa à medida que ela avança na implantação de programas de melhoria da qualidade e a adoção do Pilar de manutenção da Qualidade, pilar este que faz parte da metodologia TPM.

Recapitulando: o TPM é uma metodologia cuja sigla Total Productive Maintenance pode ser traduzida por Manutenção Produtiva Total e que é estruturada no que chamamos de pilares. Os pilares são “frentes de trabalho”. Ao todo, em TPM existem oito pilares e cada um fica à frente de uma estratégia na empresa (mais informações sobre cada um dos pilares e suas relações com qualidade e segurança dos alimentos você encontra no artigo:  Como implantar TPM com segurança dos alimentos – todos os passos da Manutenção Autônoma).

No pilar Manutenção da Qualidade, conhecido como M.Q., partimos do princípio de que para produzir produtos excelentes, é necessário estabelecer condições de processo adequadas, como uma temperatura, uma pressão, composições e fornecedores apropriados de matéria prima e também equipamentos, componentes e peças que devem ser instalados e mantidos para que funcionem perfeitamente e não criem os defeitos de qualidade.

Voltando à imagem, achei de total relevância aprofundar esse tema e dissecar esse infográfico do ponto de vista dos programas de qualidade e da metodologia TPM e o Pilar de M.Q. Embora o TPM tenha partido de uma metodologia oriental pautada na gestão da qualidade como um todo, perceba que sua análise nos faz refletir e tranquilamente correlacionar aos níveis de maturidade em relação à segurança dos alimentos.

Veja abaixo que interessante a reflexão proposta. Quando a empresa não possui padrões muito claros, não há uma abrangência na percepção da qualidade. Temos uma empresa centrada apenas no controle de qualidade e com controles de baixa eficiência, admitindo-se a ocorrência de defeitos no mercado. A imagem percebida da empresa é fatalmente ameaçada. Nesse estágio há possivelmente alto número de reclamações e de bloqueios internos, estes quando “pegos” internamente.

Maturidade da Qualidade nas empresas - Estágio 1
Maturidade da Qualidade nas empresas – Estágio 1

Avançando para o próximo estágio, temos um Controle de Qualidade mais eficiente e o surgimento da Qualidade Assegurada focada em verificações preventivas. Agora não estão mais em foco apenas os produtos, envolvemos também os processos dos quais esses produtos participam. Ações mais efetivas já buscam bloquear a saída de defeitos antes de irem para o mercado.

Maturidade da Qualidade nas empresas - Estágio 2

Na fase seguinte avançamos para uma gestão atuando em conjunto com uma Qualidade Assegurada focada em verificações preventivas e um gerenciamento em busca da condição ideal de seus processos internos. A Qualidade busca a redução das variações internas, aprofunda-se o conhecimento sobre os 4M, método, mão de obra, material, máquina e seus fatores de correlação que provocam a variação de Qualidade.

Maturidade da Qualidade nas empresas - Estágio 3

Por fim, no último estágio atingimos a Manutenção da Qualidade com o pleno gerenciamento da condição de trabalho, operação e processo ideais. Aqui já estão conhecidas e definidas as condições de Zero Falhas e Zero defeitos, temos uma gestão destas condições dentro de limites padronizados e as contramedidas são feitas antecipadamente.Maturidade da Qualidade nas empresas - Estágio 4

A Manutenção da qualidade é o estágio de maior autonomia e prevenção quando falamos em qualidade. Nesta fase temos como premissas três precondições básicas que você pode conhecer no artigo Três precondições para a manutenção da qualidade – TPM e Segurança dos alimentos.

A manutenção da qualidade aliada às certificações de segurança dos alimentos, programas internos de pré-requisitos e qualificações torna a gestão de qualidade mais assertiva e preventiva alcançando um grau elevado de maturidade para a empresa.

Se você gostou destes níveis de maturidade, já imaginou em qual está? Quer saber mais sobre os próximos passos? Deixe seu comentário.

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