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Vítima de choque anafilático, médico morre após consumir camarão

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Cleber Volpato, 30 anos, médico que trabalhava no Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Maringá, no Paraná, morreu após consumir camarão.
Segundo a notícia, o Dr. Cleber passou mal após comer camarão e, após sofrer diversas paradas cardíacas, não resistiu e faleceu. 

“De acordo com o médico Reinaldo de Souza (CRM-PR 25568), que atende alergia e imunologia, provavelmente, seu colega Cleber Volpato foi vítima de choque anafilático”.

O blog Food Safety Brazil já compilou notícias sobre outras vítimas fatais no exterior e no Brasil, bem como impactos de alergias crônicas em alimentos.

Mais informações em: http://www.obemdito.com.br/regiao/reacao-alergica-grave-a-camarao-provoca-morte-de-medico-do-samu-que/8681/

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Entrevista Beach Park II: Treinamento de colaboradores

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O Food Safety Brazil teve a oportunidade de entrevistar a Gerente de Desenvolvimento de Alimentos e Bebidas do Beach Park, Luciana Adriano, e a Supervisora de Qualidade e Segurança de Alimentos, Maciella Gamma, que também é colunista do blog. O Beach Park é um complexo turístico à beira-mar, localizado em Aquiraz, Ceará, formado por parque aquático, hotéis e resorts. A empresa é uma das únicas do setor hoteleiro nacional a possuir certificação ISO 22000 em seu Sistema de Gestão e nos recebeu para uma entrevista antes do Workshop Food Safety na Prática.

A entrevista foi separada nos seguintes temas:

Veja também a entrevista com a Gerente de Food Safety do Copacabana Palace, aqui.

Como é o processo de treinamento de novos colaboradores?

Maciella: Temos uma cozinha escola, pela qual todo funcionário de A&B que entra no Beach Park passa, antes de ir ao setor – em uma semana de integração. Tem 2 dias do RH, no qual são passados os procedimentos do Beach Park, missão, visão, valores, conduta, enfim: tudo o que ele precisa saber da empresa. Os 3 dias seguintes são na cozinha escola, na qual há uma nutricionista que fica o dia inteiro dando treinamento em segurança de alimentos, teórico e prático. Por exemplo, ela ensina verbalmente como higieniza o hortifrutigranjeiro, e depois eles vão para a pia para fazer o procedimento. Eles são avaliados na parte teórica via prova escrita, e na parte prática, via check-list prático. Se ele não passar nestas avaliações, ele não vai para o setor – volta novamente para treinado, por mais uma semana. O novo colaborador só é liberado quando temos certeza de que ele está fazendo tudo direitinho.

Mais um exemplo: quando a nutricionista finaliza um módulo de recebimento e armazenamento, há uma prática simulando um recebimento. No meio a gente coloca uma latinha avariada, um produto vencido, observa se eles estão atentos a isso, se estão registrando na planilha também. Por isso que existe o check-list prático: a nutricionista e a auxiliar de nutrição deixam os novos colaboradores à vontade e ficam apenas observando.

Luciana: Fora o uso para segurança de alimentos, a cozinha escola também é usada para gastronomia, pois também temos uma certificação em gastronomia básica. É uma escola que não para!

Estas duas pessoas então trabalham apenas com treinamentos de novos entrantes?

Maciella: Nestes três dias sim, mas nos outros dias fazem visitas aos setores e outras tarefas.

Que materiais vocês usam?

Maciella: Vídeo-aulas, cartilhas bem didáticas, toda em desenho (Qualidade em Quadrinhos). Temos todos os módulos e os plastificamos. Nos treinamentos, temos um momento de ler a cartilha e promovemos a discussão, no final de cada cartilha tem exercícios, são bem legais.

Se acontece alguma falha prática, o colaborador volta para a escola?

Maciella: Pode acontecer. Se nas visitas for detectada alguma falha que seja comprometedora, o colaborador tem que ser reencaminhando para a cozinha escola, comunicamos o gerente, já aconteceram demissões por questões como essa… o setor de Qualidade e Segurança de Alimentos é muito atuante e todos os gestores são nossos parceiros.

E sobre os treinamentos periódicos?

Maciella: Nós consideramos que os treinamentos têm validade de 2 anos, que é a mesma validade da certificação da empresa. Após os 2 anos, o colaborador vai novamente para a cozinha-escola e passa pelo mesmo processo.

Esta parte de treinamento é algo muito fixo na cabeça dos nossos colaboradores, pois as visitas das nutricionistas têm foco educativo. As falhas que são percebidas são apontadas na hora, o gestor já é comunicado e há registros disso. Toda visita tem um relatório e a Diretoria fica ciente das falhas que estão acontecendo, ou se está bem. As visitas acontecem todos os dias, de domingo a domingo, e duram 4 horas – todo dia em restaurantes diferente.

De que outra forma vocês comunicam os procedimentos para os colaboradores?

Luciana: Nós temos procedimentos operacionais bem visuais que ficam à disposição dos colaboradores, de forma impressa, ao lado de onde será executada esta tarefa – na parede.

Ninguém consegue passar uma RDC para os colaboradores – precisamos buscar uma forma mais didática. No início quem fazia isso para nós era o Marketing, mas com o volume de procedimentos nós adquirimos o Corel e fazemos por aqui mesmo.

A Gastronomia também usa procedimentos de preparação e montagem de pratos. Estes procedimentos são posteriormente auditados pelo Cliente Oculto – que faz pedidos para o room service, de forma aleatória, mensalmente, para conferir o serviço: tempo de atendimento, postura, adequação do uniforme, etc.

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Anvisa vai decidir sobre a regulamentação da rotulagem de lactose

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Finda a consulta pública noticiada e após a devida avaliação das contribuições, a Diretoria Colegiada da Anvisa irá decidir na reunião do próximo dia 31 de janeiro. A fim de apresentar à Diretoria quais as mudanças realizadas na proposta de regulamentação, a Gerência Geral de Alimentos – GGALI preparou relatórios referente à consulta pública 255/15 e à 256/15, que tiveram, respectivamente, 93 e 46 pessoas contribuindo com sugestões (os relatórios podem ser acessados aqui e aqui).

Se a proposta de regulamentação resultante da consulta pública 255/15 for aprovada sem alterações, a declaração da presença de lactose será obrigatória “nos alimentos, incluindo bebidas, ingredientes, aditivos  alimentares  e  coadjuvantes  de  tecnologia, que contenham  lactose  em  quantidade  maior  do  que 100 (cem) miligramas por 100 (cem) gramas ou mililitros do alimento tal como exposto à venda”.

Vale registrar que, atendendo a uma demanda do setor produtivo, a proposta que segue para avaliação da Diretoria Colegiada aumentou o limite da lactose de 10 miligramas para 100 miligramas por 100 gramas ou mililitros de alimento. Esta mudança resultaria em uma redução dos “desafios analíticos a serem enfrentados para fiscalização da resolução” e estaria amparada na experiência internacional.

A declaração da presença da lactose deverá se dar nos mesmos moldes que exige a RDC 26/15, que trata da rotulagem de alergênicos, de modo que se garanta, ao consumidor, o acesso “a informações de rotulagem claras, simples e precisas sobre a presença de lactose nos alimentos”. Consta do relatório apresentado pela GGALI, que “os esclarecimentos referentes a ordem de declaração destas informações serão fornecidos em instrumentos regulatórios complementares, como Guias ou Perguntas e Respostas, a fim de evitar uma possível confusão na interpretação do regulamento”.

Esta proposta trouxe um prazo diferenciado para os produtos destinados exclusivamente ao processamento industrial ou aos serviços de alimentação (de 12 meses a contar da publicação da resolução) e para aqueles destinados ao consumidor final (prazo de 12 (doze) meses, contados a partir da entrada em vigor da resolução).

Em relação aos alimentos para dietas com restrição de lactose, a proposta objeto da consulta pública 256/15, que modificará a Portaria SVS/MS nº 29, de 1998, prevê que os alimentos livres de lactose serão aqueles “especialmente processados ou elaborados para eliminar ou reduzir o conteúdo de lactose” e que tiverem menos de 100 (cem) miligramas de lactose por 100 (cem) gramas ou mililitros do alimento pronto para o consumo. Aqui, também houve mudança no limite, seguindo a mesma premissa adotada para a mudança indicada na proposta acima.

De acordo com a mesma proposta, os alimentos com baixo teor de lactose serão os “alimentos para dietas com restrição de lactose que contêm quantidade de lactose maior que 100 (cem) miligramas por 100 (cem) gramas ou mililitros e igual ou menor do que 1 (um) grama por 100 (cem) gramas ou mililitros do alimento pronto para o consumo”.

Pela proposta, esta resolução entraria em vigor após decorridos 24 meses de sua publicação, prazo que teria considerado, à luz do relatório, “a necessidade de escoamento das embalagens e a capacidade laboratorial para incorporação das metodologias analíticas para detecção e quantificação da lactose”.

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Legislações de BPF

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Atendendo aos pedidos dos leitores, compilamos algumas legislações de BPF aplicáveis em alguns Estados e na Federação, além de algumas destinadas a segmentos específicos, para auxiliar nas buscas sobre o tema. Aproveitem:

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Guia de controle de Listeria monocytogenes em alimentos prontos para consumo em consulta pública pelo FDA

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O FDA publicou este mês um guia de 85 páginas sobre controle de Listeria monocytogenes em alimentos prontos para consumo. O material encontra-se em consulta pública até 17/07/2017. Este é mais um de tantos frutos do FSMA, movimento de modernização da legislação americana de segurança dos alimentos, que valoriza controles preventivos baseados em risco.

Com ênfase na prevenção, o guia apresenta controles relacionados a pessoal, projeto, construção e operação da fábrica, projeto e manutenção de equipamentos, sanitização, armazenamento e transporte. Inclui também orientações para uma formulação que iniba o crescimento da bactéria durante a vida útil, como por exemplo: o uso de conservantes e acidificantes, bem como estratégias para realizar o monitoramento microbiológico do ambiente.

Vamos nos lembrar de algumas características e fatos sobre este patógeno?

  • Tem origem ambiental, ou seja, é um microrganismo “onipresente”;
  • É capaz de se multiplicar em ambientes refrigerados;
  • A população de risco são idosos, mulheres grávidas (por causa dos abortos causados) e imunocomprometidos;
  • A mortalidade é a mais alta entre os infectados quando comparada a qualquer outra bactéria (~20%, enquanto Salmonella é 1%);
  • Má competidora, é inibida pela presença de outros microrganismos, sejam os intencionalmente adicionados (como Lactobacillus em fermentação), seja por contaminantes (como coliformes) ou flora naturalmente presente;
  • Devido à má competição, os alimentos prontos para consumo, geralmente já cozidos, oferecem uma oportunidade particular para este patógeno se multiplicar, mesmo refrigerados;
  • Ela pode permanecer muitos anos viável num ambiente em locais como condensadores de câmaras frias, falhas no piso e paredes, ralos e partes de difícil acesso de equipamentos;
  • Alimentos com histórico de ocorrência são queijos frescos com alto teor de gordura e água, crustáceos cozidos, frutos do mar defumados, saladas, sanduíches, frutas e vegetais picados, sorvetes.

Para baixar o guia, acesse a página do FDA.

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Segurança dos Alimentos e Cannabis: fabricantes criam normas próprias enquanto as leis não chegam

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Com mais e mais estados votando para legalizar a cannabis, a maconha legal é uma das indústrias de mais rápido crescimento nos Estados Unidos. As vendas legais nacionais da cannabis em 2015 levantaram-se a $ 5.7 bilhões, sendo em 2014 já $ 4.6 bilhões. As projeções para o futuro são brilhantes: até 2020 as vendas legais do mercado devem superar os $ 22 bilhões.

No entanto, uma vez que o governo federal não reconhece a cannabis como legal, a indústria não tem uma estrutura comum ou normas federais para a segurança alimentar. Comparado com outras indústrias, como produtos farmacêuticos e alimentos, a indústria de cannabis está faltando normas federais vitais, deixando as empresas a intensificar por conta própria.

Cada estado que permite a cannabis legal oferece regulamentos especiais que a indústria de cannabis deve seguir, deixando um patchwork de regulamentos que variam em cada jurisdição. Em estados como o Colorado, leis foram escritas que aplicam as normas do departamento de saúde do estado ou permitem a aplicação cidade por cidade das normas locais. Em outros estados, processos de leis de alimentos ou drogas são aplicados, mas muitas vezes não estão conectados de maneira significativa ou prática.

Nesse contexto, as empresas que produzem e vendem produtos infundidos com maconha têm um desafio considerável à frente deles, se quiserem garantir que seus produtos são seguros para os consumidores e, no processo, manter a confiança dos consumidores.

Legislação e legalidade flexíveis

Não surpreendentemente, há desafios para a maconha que não são encontrados em outras indústrias. Talvez o obstáculo mais óbvio seja o estatuto federal da folha medicamente significativa: Cannabis está atualmente listada como um narcótico ao lado de heroína e LSD, enquanto a Agência de Controle de Drogas dos EUA considera os opióides como oxycodone mais seguro e permite distribuição generalizada. No momento em que este texto foi escrito, apenas 25 estados legalizaram a maconha para fins medicinais, e apenas quatro estados legalizaram a substância para uso adulto (cannabis recreativo). Por esta razão, a regulamentação da maconha por agências federais como a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA é inexistente, tornando difícil para a indústria estabelecer um conjunto abrangente e viável de diretrizes. E enquanto a FDA “está ciente de que há um interesse considerável no uso de [cannabis] para tentar tratar uma série de condições médicas”, segundo seu site, [2] a agência ainda não considera a cannabis como uma droga segura e eficaz, deixando assim um vácuo para supervisão e orientação sobre segurança e produção.

Semelhante aos problemas encontrados devido ao estatuto legal da cannabis são aqueles causados por práticas de testes da indústria. As normas presentes na indústria de alimentos não estão em vigor na indústria de cannabis. Embora a legislação imponha o teste, os laboratórios operam com diferentes equipamentos, normas e métodos de teste, e tendem a manter seus métodos secretos, impedindo que os produtores possam realizar uma auditoria de terceiros para validar processos e materiais, como é feito em alimentos e medicamentos.

Com estes dois desafios em mente, não surpreende que as regulamentações relativas à indústria de cannabis são muitas vezes confusas e impraticáveis. A ausência de normas e práticas coesas em relação à potência e pureza levou a indústria a inovar e criar práticas que imitam outras indústrias estabelecidas, mas não são suficientes.

Como evidenciado em todo o país, o movimento em direção a uma indústria de cannabis segura e bem regulamentada tem sido incompleta. No Colorado, por exemplo, os fabricantes devem cumprir com as práticas gerais de saúde e saneamento do estado, que incluem treinamento de saneamento obrigatório, semelhante ao treinamento oferecido aos envolvidos na indústria de alimentos. Embora seja útil para manter uma instalação limpa, modelar o programa de treinamento após o da indústria de alimentos torna-o inadequado, pois não aborda questões específicas de cannabis como a potência, os efeitos da cozedura ou outros métodos de produção e as quantidades de tetrahidrocannabinol (THC) dos produtos.

Portanto, sem normas sólidas e orientações a seguir, as empresas são muitas vezes deixadas a classificar por si próprias, resultando em interpretações vagas das regras existentes de outras indústrias. Felizmente, muitas empresas estão liderando o caminho para sair dessa confusão e optar por implementar normas de segurança alimentar e Boas Práticas de Fabricação (BPFs).

Líderes da indústria criam seus próprias normas

Se as empresas são deixadas para se defenderem, então o que exatamente os líderes da indústria estão fazendo para se tornarem compatíveis com o governo federal e cumprir as diretrizes de segurança alimentar? Em geral, as empresas de cannabis consideram a segurança dos consumidores a sua principal prioridade. No entanto, se eles não aderem a qualquer tipo de diretrizes de segurança alimentar, além da possível perda de confiança dos consumidores, as implicações são semelhantes aos da indústria alimentar. Para a produção de comestíveis, uma empresa de cannabis deve estabelecer testes para biocontaminantes e patógenos que espelham as normas para a produção de alimentos. Se uma empresa encontrasse um problema potencial de contaminação, então a destruição do produto ou a realização de um recall seria necessário. No entanto, novamente, não há nenhuma orientação federal, e assim as empresas e os estados são deixados implementando níveis variáveis de monitoramento, relatórios e procedimentos para lidar com tal incidente.

Em suma, eles estão elaborando e implementando seus próprias normas elevadas em segurança alimentar e programas de conformidade. Embora isso varie de empresa para empresa, as maiores empresas estão intensificando as exigências federais, como BPFs e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (HACCP), mesmo antes exigido por lei. As mais avançadas estão contratando gerentes, auditores e consultores experientes em BPF e HACCP para estabelecer melhores práticas que imitam aqueles em indústrias paralelas.

Como as empresas de cannabis podem tornar a segurança alimentar uma prioridade

As empresas que procuram aderir ao movimento progressista em direção a uma indústria de cannabis mais segura devem implementar um punhado de táticas imediatamente. Em primeiro lugar, elas devem se concentrar na aplicação de normas da indústria alimentar. As empresas devem estar cientes do efeito das bactérias em seus produtos e fazer perguntas, incluindo: A refrigeração é necessária para evitar a contaminação? As mercadorias estão sendo armazenadas corretamente e os consumidores estão recebendo instruções detalhadas de armazenamento? Por último: as instalações são limpas? Estas são perguntas simples para pedir no papel, mas algumas empresas lutam para respondê-las, mesmo que a implementação de normas da indústria alimentar seja uma das coisas mais básicas que uma empresa pode fazer para melhorar a segurança de seus produtos.

As empresas de cannabis preocupadas com a segurança também precisam garantir uma dosagem adequada. Embora a legislação varie em estados, nenhum estado neste momento exige que as empresas testem a consistência dos lotes em cada fase do processo de produção. No entanto, esta etapa é essencial se uma empresa quer garantir a dosagem adequada em cada bem que produz. Os métodos de cozedura e os processos de produção podem alterar substancialmente a dosagem pretendida de um produto, de modo que a quantidade resultante de cannabis no produto possa ser completamente diferente do que foi planejado.

Embora seja fácil direcionar a culpa aos reguladores, essas lacunas nos mandatos podem ser abordadas frontalmente e, em alguns casos, resolvidas pela indústria de cannabis. Tudo o que é necessário é ação progressiva. Em vez de esperar que os regulamentos de segurança alimentar sejam aplicados à indústria da cannabis, as empresas podem implementar as suas próprias. Serem rigorosas com a dosagem dos produtos. Teste cada lote para garantir a dosagem adequada. Mantenha sua empresa nos normas da indústria de alimentos. Contratar gestores experientes em BPF e HACCP.

É impossível ignorar o crescimento da indústria de cannabis nos últimos anos. Conforme demonstrado por números de mercado e novos produtos, a indústria tem visto um influxo de interesse dos consumidores, bem como a prosperidade econômica durante a sua meteórica ascensão para se tornar a terceira indústria de crescimento mais rápido nos Estados Unidos. No entanto, com este crescimento vem a necessidade de segurança de alimentos e acessibilidade. Como um item pode atender aos normas da indústria quando não há indústria regulada federalmente? Além disso, como as empresas devem se adaptar quando as leis são postas em prática? Para algumas empresas, a falta de estrutura coerente é um prejuízo para a expansão e, finalmente, resulta em falha

Fontes

1. Arcview Market Research;
2. FDA.

 

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GFSI premiará pequenas empresas certificadas no Global Markets

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O GFSI (Global Food Safety Initiative) anunciou a criação da primeira edição do prêmio “Global Markets Programme Award”, a ser contemplado durante a próxima conferência global de segurança de alimentos em Houston (Estados Unidos), entre os dias 28 de fevereiro e 02 de março de 2017.

A ferramenta Global Markets Programme foi lançada pelo GFSI como forma de auxiliar pequenas e médias empresas com negócios locais em seus países, que não possuem nenhum sistema de segurança de alimentos ou que ainda estejam em fase inicial de seu desenvolvimento, a “abraçarem o desafio” da segurança de alimentos, melhorando suas práticas e ao mesmo tempo, auxiliando no controle dos perigos e redução de riscos na cadeia produtiva de alimentos, com o objetivo final de que estas empresas consigam buscar certificação em um dos atuais dez esquemas reconhecidos pelo GFSI (por exemplo, FSSC 22000, BRC, IFS, entre outros). O programa fornece uma porta de entrada ao mundo dos sistemas de segurança de alimentos, através de um passo-a-passo baseado nas Boas Práticas de Higiene do Codex Alimentarius e nos requisitos fundamentais do Documento-Guia do GFSI, sendo desenhado para aumentar a capacidade da empresa no gerenciamento da produção e no controle dos perigos nas operações de manufatura, e principalmente, fomentar a implementação da melhoria contínua. As avaliações são conduzidas no nível básico (35% dos requisitos-chave do Documento-Guia do GFSI) e no nível intermediário (65% dos requisitos-chave), por auditorias não acreditadas, uma vez que o programa não é um esquema de segurança de alimentos completo e certificável. A etapa final seria a certificação acreditada em um dos esquemas reconhecidos.

O prêmio irá recompensar três empresas ou indivíduos que tenham implementado o Global Markets Programme do início ao fim, com as avaliações nos níveis básico e intermediário, resultando em uma certificação acreditada em qualquer um dos esquemas reconhecidos pelo GFSI. Os vencedores irão ganhar a viagem e a inscrição na conferência global de segurança de alimentos neste ano de 2017 e num tour antes da conferência. O GFSI irá receber as candidaturas até o próximo dia 03 de fevereiro de 2017.

Mais informações sobre os critérios para a inscrição e sobre o prêmio podem ser acessadas aqui.

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Tendências em alimentos e a segurança de alimentos

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Todos os anos, agências, consultorias, revistas especializadas, sites e outros interessados consultam seus respectivos oráculos para prever o que será o ano seguinte em matéria de tendências. É claro: se os produtores de alimentos souberem para que lado a balança se inclinará na mente do consumidor, poderão estar mais preparados para isso.

Eu, particularmente, considero tais listas de tendências de alimentos um tanto quanto anedóticas. Olho para todas elas com certa desconfiança, pensando a que interesses elas atendem – afinal, me parece improvável que GMO-free esteja entre as tendências, caso um dos patrocinadores da lista seja a principal indústria envolvida em trans-genia de plantas.

Contudo, todavia, no entanto, as listas de tendência de alimentos são uma diversão do período de férias e, quando analisadas no conjunto, podem sim oferecer certa visão geral sobre o mercado de alimentos (desde que não tomadas ao pé da letra).

Pegando a onda, o Instituto de Segurança de Alimentos Australiano (AIFS, na sigla em inglês) publicou um artigo avaliando a segurança por trás de algumas das tendências (já listei 129 delas, então foi um belo recorte que o AIFS fez). Vamos ao que foi avaliado:

  • COMIDA COLORIDA

A questão aqui é se os ingredientes usados para colorir os alimentos são naturais ou não. O Instituto não demoniza os corantes artificiais, apenas prega que tais corantes sejam ingeridos com parcimônia.

Por outro lado, vemos um crescimento do uso de corantes de fontes naturais, e também do próprio alimento (como suco concentrado de beterraba ou cenoura) sendo empregados como corante.

O Food Safety Brazil já falou sobre a segurança no consumo de corantes aqui, aqui e aqui.

  • INSETOS

Se você torce o nariz quando pensa em comer insetos, saiba que este hábito não está tão longe. Aqui no Brasil, na região Sudeste, é (ou era, pois as tradições alimentares estão cada vez mais pasteurizadas) comum comer formiga içá – aquela da bunda grande – frita. Se duvida de mim, veja que existe até receita gourmet com a dita-cuja.

O AIFS considera que os insetos são até mais seguros do que as fontes tradicionais de proteína animal: devido ao seu tamanho, alcançariam as temperaturas de letalidade durante o cozimento mais facilmente.

E a indústria de alimentos já sabe disso – já surgiram start-ups vendendo justamente alimentos à base de insetos:

O Food Safety Brazi já fez uma revisão sobre a segurança neste consumo aqui.

  • NOVOS MÉTODOS DE ENTREGA

A AIFS faz menção aos drones, e como eles impactarão a segurança de alimentos. Bem, é o mesmo impacto de um motoboy ou qualquer outro agente de entrega, não é? A embalagem deve garantir a integridade do produto e a sua manutenção à temperatura adequada.

Drone, bicicleta, motocicleta ou caminhão, a questão é a mesma. E o blog já se pronunciou a respeito: regras do FDA para transporte, transporte de alimentos junto a cargas perigosas (!) e formas de controle de temperatura no transporte.

Informação não falta para quem quer aderir a esta nova tecnologia.

  • VEGETAIS E CARNE ANÁLOGA

Quase todas as listas trazem a tendências vegetais – é, queridos carnívoros, o mundo está migrando para o vegetarianismo, e a tendência não tem volta.

Isso quer dizer que ninguém mais vai comer carne no futuro? Provavelmente não. O futuro pertence ao reino do “cada um faz o que quer”, ao invés do “todo mundo faz o que eu mando” que vivemos ainda hoje (principalmente em países conservadores como o Brasil).

Pois o AIFS faz a ressalva de que esta é uma tendência que tende (redundância, eu sei) à maior segurança de alimentos. Por quê? As nossas queridas bactérias tendem a se desenvolver melhor em alimentos neutros e ricos em proteína.

Contudo, os leitores do Food Safety Brazil sabem que todo o cuidado é pouco com vegetais crus. Já vimos Salmonella em abacate, pepino, e nos “supergrãos” como chia, macadâmica, gergelim, girassol, entre outros.

Sem falar que nos vegetais nos preocupamos com OUTROS perigos: agrotóxicos abundam.

Ou seja: não tem escapatória – tem que conhecer a origem dos alimentos para ter confiança e comer sem medo.

  • SUBPRODUTOS E DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS

Finalizando a lista, a tendência que mais apareceu na lista das 129 compiladas também está na avaliação do AIFS: redução do desperdício de alimentos. Não tem como discutir que esta é uma das tendências mais preciosas dentro da lista, e fico muito satisfeita de ver que o mundo finalmente acorda para o absurdo de termos tanto desperdício frente à fome.

O AIFS faz apenas a ressalva de que o uso dos subprodutos – que até então viravam resíduo ou eram utilizados para finalidades menos nobres – deve atender à todas as Boas Práticas de Fabricação.

O Food Safety Brazil já falou sobre iniciativas para reduzir o desperdício de alimentos.

Eu, sinceramente, vejo que é um grande desafio da indústria, a considerar a forma como o material em reprocesso é tratado dentro das fábricas.

Quem já andou um pouco por aí viu que o reprocesso dificilmente está devidamente embalado, que as embalagens e condições de shelf-life para este item dificilmente estão determinadas nas Fichas Técnicas de Produção, e que a taxa de utilização fica ao sabor do vento.

Pode ser também eu que tenha o dedo podre, vai saber? 😉

Para mim, ficou faltando a análise da segurança da impressão 3D de alimentos (podem encontrar uma revisão sobre o assunto aqui). Já temos exemplos em massas, confeitos de açúcar e gomas – e o que mais não vem pela frente?

A criatividade e a imaginação dos nossos técnicos de alimentos é que vão dizer.

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Responsável por Food Safety da Vila dos Atletas da Olimpíada do Rio conversa com o blog

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O mundo dos esportes em 2016 foi marcado por diversos acontecimentos e um deles foram os Jogos Olímpicos do Rio. A cerimônia de abertura foi elogiada pela crítica mundial, conquistamos a tão sonhada medalha de ouro no futebol de Neymar, e fomos ouro também no vôlei de Bernardinho, enfim houve momentos de alegria. Todavia, algo em que fiquei pensando, como profissional da Segurança de Alimentos, foi: “Como foi todo o preparo, manipulação e cuidados gerais com a alimentação dos atletas e pessoas envolvidas dentro da Vila Olímpica”?

Em busca de respostas, o blog resolveu entrevistar o profissional Geidemar Ferreira Oliveira, que atuou como Responsável por Food Safety na Vila dos Atletas e fez parte do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio 2016.

  1. Como você entrou para o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016? E o que o motivou?

A motivação foi poder fazer parte do maior evento esportivo e da maior operação de produção de alimentos do mundo. Entrei para o Comitê após entrevista para entendimento do conhecimento na área dos alimentos. O foco foi Food Safety e operacional. Meu currículo foi entregue à Gerencia Geral da área de alimentos e bebidas e após a entrevista eu fui contratado. Havia da minha parte, o interesse em trabalhar com grandes volumes de produção, o que só aconteceria na Vila dos Atletas. Houve uma primeira entrevista com o coordenador operacional do setor e uma segunda com a gerência de alimentos e bebidas da Vila dos Atletas.

  1. Qual foi seu cargo dentro do comitê e quais eram suas atribuições e responsabilidades?

Temos que dividir o projeto em duas partes, o planejamento e a execução:

Planejamento:

Na fase de planejamento da operação, atuava como Especialista em Alimentos e Bebidas. Durante esta fase foi projetada toda a operação de A&B dentro da Vila dos Atletas e demais instalações. Um ano antes do evento, começamos as reuniões para definição da operação junto ao Caterer, a quem estaríamos terceirizando a operação dentro da Vila dos Atletas. Foram definidas estratégias e tomadas ações na área de recursos humanos, suply chain, tecnologia da informação, sustentabilidade, infraestrutura, equipamentos, saúde do trabalhador, programação da produção e qualidade, sempre com o foco na segurança dos alimentos.

Um tópico que merece ser comentado é a contratação dos equipamentos para a Vila dos Atletas. Boa parte dos equipamentos vieram de navio, de várias partes do mundo, via uma empresa britânica. A definição dos modelos a serem utilizados e a sua quantidade foram itens discutidos exaustivamente. Vale lembrar que, por se tratar de um evento extremamente dinâmico, não existia um quantitativo de refeições real.

Um ponto importante a ser considerado, em relação aos equipamentos, é a redução de custos proporcionada pela equipe ao Comitê, sem deixar de atender à demanda necessária.

O mais gratificante nesta fase do projeto foi ter participado de todas as fases, da elaboração das plantas baixas dos locais de produção de alimentos na Vila dos Atletas, até a completa execução do projeto olímpico.

Várias reuniões e adequações foram feitas no intuito de garantir a segurança dos alimentos e atender à legislação vigente no Brasil. Temos que salientar que havia muitos estrangeiros no projeto e também uma equipe multidisciplinar sem conhecimento específico na produção de alimentos ou da legislação nacional.

Foi interessante também participar da elaboração e revisão da documentação de Food Safety que foi utilizada em todas as operações de alimentos e bebidas nos Jogos. Uma das ações mais relevantes foi a participação na elaboração do checklist de Food Safety que foi utilizado em todos os locais de produção e distribuição de alimentos vinculados ao Comitê Rio 2016. Este documento foi a base para a criação de um software fundamental para o monitoramento e tomada de decisões durante as operações. Este checklist foi criado tendo como referência a Norma NBR 15635 da ABNT (Boas Práticas para Serviços de Alimentação). Esta foi uma importante contribuição visto ter participado da revisão desta Norma em 2015.

Outra parte interessante nesta fase foi a participação na elaboração da matriz de KPI’s do projeto. Durante esta fase de planejamento, pude participar também da elaboração do leiaute estrutural das cozinhas-containers utilizadas em diversas instalações, bem como na seleção dos equipamentos a serem utilizados nestes locais.

A análise das estruturas físicas existentes referentes à cadeia de produção dos alimentos nos estádios de futebol também fez parte do escopo.

A maior lição aprendida nesta fase foi a gestão de mudanças. Tudo no Comitê era muito dinâmico e tínhamos que assimilar e reagir na mesma velocidade.

Operação:

A operação de alimentos e bebidas da Vila dos Atletas foi a primeira a começar e a última a terminar dentre todas as instalações. Foram três meses chegando a servir 75.000 refeições/dia no pico da operação. O horário de funcionamento era 24h/dia, sete dias por semana.

Servíamos toda a força de trabalho, terceirizados que contrataram o serviço, todos os atletas, comissão técnica e árbitros.

Nesta fase, atuei como Gerente Adjunto Serviços de Alimentação, sendo responsável por Food Safety e manutenção da estrutura predial e equipamentos.

Havia dois pontos de produção de alimentos, o Main Dining e o Casual Dining. O primeiro era uma tenda de 24.500 m2, a segunda maior do mundo. Era dividido em armazenamento, pré-preparo, produção e dois restaurantes. Este era o principal restaurante de toda a operação olímpica. Vale informar que pela primeira vez nos Jogos ,não foi utilizada fritura neste estabelecimento. O Casual Dining tinha um ar de piquenique e o principal era o churrasco. Foi um sucesso e só ganhou elogios.

Para entender minha rotina durante o evento, é necessário entender como estava estruturada a equipe do Comitê Rio 2016 e a empresa contratada. Pelo comitê, eu gerenciava uma equipe de sete monitores. Eles foram responsáveis por realizarem rondas divididas em 3 turnos e fomentar o software desenvolvido para o gerenciamento de qualidade. Fui responsável por orientar e supervisionar a empresa contratada que contava com uma equipe de mais de 40 profissionais para monitoramento de Food Safety. O foco era aproximar o máximo possível o que havia sido planejado à produção real. Existia um alinhamento diário com a gerência e direção de produção da terceirizada.

Diariamente eram levantadas não conformidades e compiladas no software de gestão da qualidade. Estas eram divididas entre críticas e não críticas. A principal função que eu tinha na operação era sanar estas não conformidades e atuar com a melhoria contínua.

Os monitores haviam sido orientados a realizar a correção in loco, o que foi engrandecedor para a operação e para a crescimento profissional destes profissionais. On line, utilizando aplicativos de comunicação, compilávamos todas as não conformidades encontradas. Isto foi de grande valia porque era possível agir sempre que necessário, em tempo real, mesmo quando não estava na Vila.

Fazíamos a comunicação das não conformidades ao caterer no momento da detecção, sendo que cada turno era responsável por esta ação. As decisões eram tomadas em conjunto entre monitores e equipe da qualidade da terceirizada. Caso se tratasse de um risco maior ou uma não conformidade não resolvida, cabia a mim e à responsável por Food Safety da terceirizada darmos a solução ou minimizar ao máximo o risco. 

Minha rotina era chegar na Vila, analisar e propor soluções para as não conformidades críticas que ainda não haviam sido sanadas e posteriormente as não críticas. Tínhamos também indicadores de recorrência, o que também ganhava prioridade.

Após esta etapa, realizava uma ronda por toda a operação com o objetivo de verificar a efetividade das ações realizadas e visualizar novas não conformidades. Nesta fase, também realizava e reforçava o treinamento da equipe de funcionários da terceirizada.

Fazia parte da ronda a avaliação da matéria prima em estoque ou sendo recebida, todo o pré-preparo, preparo, armazenamento e distribuição. Vale ressaltar que não existia uma ordem certa para esta ronda, o que regia eram as não conformidades relatadas e principalmente estar junto dos monitores para resolução em tempo real. Claro que apareciam algumas situações em que o fogo precisava ser apagado imediatamente e estes casos tinham total prioridade. O foco desta ronda servia também para avaliação da estrutura e equipamentos, avaliar e solicitar o apoio da manutenção.

O controle de pragas mereceu uma atenção especial pela localização do estabelecimento. Os três turnos estavam atentos e todo desvio desta natureza foi prontamente tratado. Não chegamos a ter incidentes maiores.

O controle da qualidade da água também fazia parte da rotina diária.

Contamos durante todo o evento com a parceria da Vigilância Sanitária, sendo fundamental para balizar toda a operação. Recebíamos visitas, no mínimo, semanalmente e realizávamos o alinhamento das medidas necessárias com a direção da empresa contratada.

Nesta fase do projeto, o mais interessante foi ter que tomar várias decisões em um curto espaço de tempo, repetindo isto diariamente. A operação pedia isto devido a sua complexidade e particularidades.

O tamanho da operação pode ser exemplificado pelos números no dia de pico da produção:

  • 2,5 toneladas de carne;
  • 2,0 toneladas de frango;
  • 1,0 tonelada de peixe;
  • 2000 pizzas;
  • 4,0 toneladas de frutas;
  • 3,0 toneladas de legumes.
  1. Quais os maiores desafios em Food Safety (Segurança de Alimentos) encontrados?

A própria operação já era um desafio na visão de Food Safety, pelo volume a ser movimentado, produzido e controlado.

No início da operação tivemos falhas graves na cadeia de suprimentos, fugindo completamente à operação planejada. Foram várias adequações até alcançarmos um patamar satisfatório. Uma aula de gestão de mudanças.

Um ponto que merece ser destacado é o treinamento do manipulador. A equipe era composta de aproximadamente 2.000 funcionários. Muitos foram contratados pouco tempo antes do evento, às vezes com pouca ou nenhuma experiência em produção de alimentos e precisávamos treiná-los. Além do número de colaboradores, o pouco tempo hábil para esta formação era sempre uma barreira para a operação. Foi uma tarefa árdua, mas muito compensadora, ver o resultado alcançado. Foi um prazer colaborar com a terceirizada nesta realização.

O número de preparações distintas e o correto monitoramento do binômio tempo e temperatura estiveram no radar durante todo o evento. Foi um trabalho árduo e efetuado com sucesso pela equipe de qualidade. O grande conceito utilizado aqui foi a gestão de riscos.

A estrutura temporária montada para o evento também foi um grande desafio, visto termos que definir o leiaute antes da própria operação em si. Foi uma constante adequação. Um exemplo foi termos planejado a compra de frutas devidamente higienizadas, o que não ocorreu na totalidade e nos obrigou a uma readequação da linha de produção durante o evento.

A própria estrutura física também apresentou problemas, como era de se esperar em uma construção com tamanhas dimensões. A distribuição da rede elétrica e rede hidráulica são exemplos de pontos que sofreram ações de correção durante o evento. Houve também uma necessidade de reforço do piso na área de estoque de produtos secos para suportar o peso dos produtos movimentados.

O correto funcionamento dos equipamentos, suas manutenções preventivas e corretivas foram também um entrave em algumas situações. Estávamos em uma operação que não parava e alguns equipamentos necessitavam de maior atenção, como os balcões de distribuição fria. Em algumas situações específicas, tivemos de reduzir o nível de serviço para atuar com a segurança necessária para a qualidade dos alimentos.

Fazia parte do meu escopo de trabalho atuar intermediando interesses das empresas terceirizadas que atuavam diretamente junto à área de alimentos e bebidas, e as diferentes áreas funcionais dentro do Comitê Rio 2016 (similar aos setores dentro de uma empresa). A gestão de conflitos e a capacidade de negociação foram grandes desafios a serem superados para garantir um alimento seguro.

Outro ponto que merece especial destaque é o desgaste de toda a equipe com a evolução do evento. Todo mundo se doou para alcançar o objetivo de entregar os Jogos da melhor maneira possível. Jornadas longas faziam parte dos profissionais envolvidos, seja da terceirizada responsável pela produção ou do próprio Comitê Rio 2016 responsável pela supervisão, correção e orientação. Dez a doze horas diárias eram o normal. Na fase de implantação, cheguei a trabalhar por 36h para colocar em prática o que havíamos planejado. Todo mundo já sabia que não seria diferente e fomos até o final.

  1. Poderia revelar-nos se os resultados do trabalho foram satisfatórios? Houve algum caso de DTA (Doença Transmitida por Alimento) dentro da Vila Olímpica?

Com o final do evento ficou a sensação de dever cumprido. O desafio era enorme, a missão era garantir a qualidade e segurança dos alimentos em uma operação de tamanha dimensão. Foi o único evento em que trabalhei na minha vida, e logo o maior de todos. Já havia trabalhado em grandes operações em indústria de alimentos e cozinha industrial, produzindo grandes volumes, mas nada parecido aos Jogos Olímpicos. Foi um prazer ter ajudado o Brasil a fazer bonito e arrancar elogios de profissionais das mais diversas áreas e diferentes países.

Felizmente não tivemos na Vila nenhum caso de DTA ou surto alimentar. Este fato é orgulho para toda a equipe envolvida em todas as etapas da cadeia. Os perigos eram iminentes, mas as precauções e ações tomadas se mostraram eficientes para alcançar o objetivo proposto.

  1. Que lição de vida e profissional você tirou após participar dos Jogos Olímpicos do Rio 2016?

As lições aprendidas são várias e de diferentes causas.

Profissionalmente fica a satisfação de ter feito parte deste megaevento e ter tido a oportunidade de aprender muito com uma equipe multiprofissional e com pessoas de várias partes do mundo. A troca de experiências fazia parte do dia a dia. Saí muito melhor do que entrei, em se tratando de gestão de pessoas, mudanças, de riscos, conflitos e em técnicas de negociação. A capacidade de tomada de decisão em tempo real foi também um grande aprendizado que pude lapidar neste projeto.

Pessoalmente, foi uma lição de vida. Além das amizades construídas, foi muito interessante ver tanta gente com hábitos tão diferentes, oriundos dos mais diversos países com culturas completamente diferentes se darem tão bem e com o verdadeiro espírito olímpico.

Para ilustrar a lição de vida, fica um fato ocorrido em um dos nossos restaurantes:

Uma atleta biamputada dos braços chegou para almoçar, tirou o tênis com a boca, arrumou os cabelos com o pé, prendendo-o atrás da orelha e almoçou tranquilamente. Foi impressionante vê-la pegando o talher com o pé. Voltou a calçar o tênis e, para a surpresa de todos, ao invés de levantar e ir embora começou a empurrar a cadeira de rodas de uma compatriota rampa acima com o seu tronco.

Podemos sempre ser pessoas melhores do que somos, esta é a principal lição que ficou.

lisboaAtuação junto a Indústria de Alimentos, Cozinhas Industriais e Indústria Farmacêutica. Farmacêutico Bioquímico Industrial pela Universidade Federal de Ouro Preto. Especialista em Controle da Qualidade e Toxicologia dos Alimentos pela Universidade de Lisboa. Licenciado em Ciências Farmacêuticas pela Universidade de Lisboa. Auditor em Sistemas de Qualidade pela Sociedade Brasileira de Análises Clínicas. MBA Gestão Empresarial pela FGV. Membro da Comissão de Segurança dos Alimentos da ABNT. Trabalho utilizando as ferramentas da qualidade e a gestão de pessoas para alcançar os objetivos da empresa de acordo com o seu planejamento estratégico. Natureza objetiva e assertiva para o fechamento de negócios, positivo, arrojado, ativo, competitivo e persistente.

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Engenheira de Alimentos de companhia aérea fala sobre sua rotina de trabalho

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Quando estamos na graduação, nossos professores nos informam quanto aos campos de atuação de nossa profissão. Pensar na indústria alimentícia é umas das principais opções para alguém que deseja atuar na área de Food Safety, mas você já pensou em trabalhar numa companhia aérea? Quais seriam as principais atribuições do cargo? Quais conhecimentos seriam exigidos deste profissional? Estas, entre outras perguntas, serão respondidas logo mais.

Buscando trazer luz aos questionamentos, o blog Food Safety Brazil entrevistou a engenheira de alimentos Jacqueline Nochi, Analista da Qualidade de Serviço a Bordo em uma famosa companhia aérea operante no Brasil.

  1. Jacqueline, obrigado por aceitar o convite. A primeira pergunta que gostaria de fazer é quais foram os caminhos que você trilhou até chegar neste atual cargo?

Humberto, logo após a graduação, eu participei de um processo seletivo de Trainee de uma usina produtora de açúcar e etanol e, uma vez aprovada, trabalhei por 3 anos na área de qualidade de produtos acabados (açúcar cristal e refinado). Durante este período, fiz pós-graduação à distância em Segurança de Alimentos e estive em constante contato com as ferramentas da qualidade e auditorias das normas ISO 9000 e FSSC 22000.

Comecei a buscar outra oportunidade em São Paulo, quando me candidatei à atual vaga, pois havia me interessado muito pelo desafio. No início de 2016, iniciei como Analista de Qualidade de Serviço a Bordo nesta companhia, onde trabalho atualmente.

  1. Quais as principais atribuições do seu cargo?

Primeiramente vou explicar como este mundo dinâmico funciona. As companhias aéreas têm parcerias firmadas com fornecedores ao redor do mundo, que garantem a preparação e entrega do serviço de bordo de cada voo. Nestes locais, há uma grande operação para abastecer todos os voos, com rígido controle de qualidade, baseado em padrões internacionais. Sendo assim, todos os alimentos são preparados sob um rigoroso controle, baseado nos princípios do HACCP. Como analista da qualidade, minha responsabilidade é trabalhar em parceria com estes fornecedores, desenvolvendo-os através de indicadores de performance, e também realizando reuniões e as Auditorias de Qualidade.

O analista, como o próprio nome diz, trabalha muito com informações e acompanha a execução do que foi previamente definido. Você deve estar pensando: você viaja muito? Sim! Temos que viajar para visitar e auditar os fornecedores, mas não trabalhamos voando, o nosso trabalho é em solo durante a preparação dos alimentos, além de gerenciar todos os dados obtidos neste processo.

  1. Como funciona a gestão de alimentos alergênicos visto que uma emergência em pleno voo poderia ser fatal?

Neste ponto, em determinados voos, as companhias oferecem aos passageiros alimentações especiais para dietas restritivas, como por exemplo, alergias e intolerâncias. O passageiro pode consultar nos meios de contato das companhias para verificar o que estará disponível para a rota, bem como solicitar uma refeição adequada.

  1. Qual o perfil ideal de um profissional da qualidade (alimentos) de uma companhia aérea? Seriam os mesmos de uma indústria? Deixe por fim uma dica aos estudantes ou profissionais que buscam (re)colocação.

As competências são as mesmas exigidas por qualquer indústria ou serviço de alimentação: conhecimento nos princípios da Segurança Alimentar e no sistema HACCP, bem como as BPF, Controle de Pragas, Rastreabilidade, Higiene de Funcionários e Manipuladores, Treinamentos, entre outros. É importante também ter conhecimento das Ferramentas da Qualidade, como Ishikawa, 5W2H, Diagrama de Pareto, PDCA, entre outras, para trabalhar com os dados. Toda experiência é importante e em todos lugares e trabalhos você pode aprender alguma nova informação. A experiência na indústria e com as auditorias me ajudou, mas as oportunidades estão aí e são elas que ajudarão os profissionais a se desenvolverem para chegar onde desejam.

Enfim, a minha dica é: aproveitem ao máximo o que os professores e os colegas têm a ensinar, ensinamento nunca é demais. Estejam abertos às novidades, estudem e  mantenham-se informados; trabalhem com o que amam! Assim, mesmo com todas as dificuldades, você estará realizado.

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Jacqueline Nochi é Engenheira de Alimentos pela Universidade Estadual de Maringá – UEM PR, com especialização em Gestão da Segurança dos Alimentos pelo SENAC SP, e atualmente é Analista da Qualidade de Serviço a Bordo de uma companhia aérea.

 

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A contribuição da inspeção ante-mortem de frangos para a Segurança de Alimentos

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Há dois tipos de inspeção sanitária em abatedouros-frigoríficos, segundo o RIISPOA, chamadas de ante-mortem e post-mortem. Como a própria raiz da palavra (em latim) quer dizer, ante-mortem é aquela realizada com o animal ainda vivo e post-mortem, por outro lado, refere-se àquela das carcaças e vísceras dos animais. Todavia, qual a importância delas para a Segurança dos Alimentos? Hoje falaremos sobre a ANTE-MORTEM.

Segundo a Portaria SDA 210/98 do MAPA, a inspeção ante-mortem compreende no exame visual dos lotes de aves destinadas ao abate e do conjunto de medidas adotadas para o processamento industrial, além de ser uma atribuição exclusiva do médico veterinário oficial encarregado da unidade, em outras palavras, consiste na verificação da documentação sanitária do lote e da avaliação clínica da saúde das aves nas gaiolas (paradas) e no cercado (em movimento).h2h1

Figura – Realização da inspeção ante-mortem –  Esquerda: avaliação documental (FAL – Ficha de Acompanhamento do Lote e BS – Boletim Sanitário); Direita: avaliação clínica da saúde das aves nas gaiolas.

Fonte: Arquivo Pessoal.

O objetivo da inspeção ante-mortem é:

  1. Evitar o abate de aves com repleção do trato gastrointestinal (respeitar jejum);

As aves devem chegar ao abatedouro com jejum de no mínimo de 6 a 8 horas, não podendo ultrapassar 12 horas (falha de bem estar animal). O objetivo é esvaziar o trato gastrointestinal das aves e assim diminuindo a probabilidade de contaminação cruzada por conteúdo fecal ou do papo, consequentemente, aumentando a segurança sanitária do processo. Também é comum, nos últimos dias de vida das aves na granja, ingerirem água com ácidos orgânicos, a fim de reduzir a colonização de Salmonella sp nos intestinos dos animais.

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Figura: Com os comedouros suspensos as aves não têm acesso à ração, todavia as mesmas continuam ingerindo água até momentos antes da apanha.

Fonte: Google Imagens.

Caso o jejum mínimo não seja respeitado, isto é, caso os animais cheguem ao estabelecimento com jejum inferior a 6 horas, e for constatado no exame clínico que os mesmos estão com papo cheio, estas aves devem ser abatidas considerando um risco iminente de contaminação por Salmonella sp. (Descreverei em uma futura postagem como funciona esse abate sanitário).

  1. Conhecer o histórico do lote, por meio do Boletim Sanitário, para evitar o abate em conjunto de aves que tenham sido acometidas por doenças que justifiquem o abate em separado (exemplo, lote acometido por Aerossaculite – generalizado);

O Boletim Sanitário nos permite conhecer:

  • Procedência e número de aves da referida granja;
  • Doenças detectadas no lote pelo Veterinário responsável pela granja;
  • Se houve algum tratamento e agente terapêutico usado durante a criação das aves;
  • Data da suspensão da ração com antibióticos ou coccidiostáticos (caso a empresa utilize);
  • Data e hora da retirada da alimentação sólida (suspensão dos comedouros);
  • Entre outras informações.

O procedimento de conferência do Boletim Sanitário é uma ferramenta importante para a inspeção sanitária oficial, pois ações corretivas antecipadas podem ser tomadas em caso de não conformidades. Por exemplo, se durante sua conferência, o veterinário oficial constatar que o lote está com alta incidência de Aerossaculite (inflamação dos sacos aéreos), a velocidade das nóreas deverá ser reduzida gradativamente a fim de que a equipe de inspeção sanitária post-mortem tenha maior acuidade visual e as partes das carcaças e vísceras afetadas sejam devidamente descartadas.

  1. Detectar doenças que não sejam possíveis de identificar no exame post-mortem, especialmente aquelas que afetam o sistema nervoso (por exemplo, a Doença de New Castle manifesta sintomatologia nervosa e como poderíamos observá-la após a morte do animal?);

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Figura: Inspeção da ave em movimento.

Fonte: Arquivo Pessoal.

Certas doenças das aves, como a Doença de Marek, podem causar lesões nervosas. Embora as empresas vacinem os animais contra esse vírus, faz parte do programa sanitário do MAPA verificar, durante a inspeção ante-mortem, suspeitas de doenças de notificação obrigatória (como a Marek).

É comum que um animal acometido por essa doença viral apresente paralisia de asa(s) ou pata(s) devido à lesão do nervo radial ou ciático respectivamente. A ave apresenta “asa caída” ou uma “pata se arrastando”. Eu lhe pergunto: Será que conseguiríamos suspeitar dessa doença com a ave já abatida? Certamente não. Por isso a importância da inspeção clínica afinal se ela apresentar uma paralisia do nervo ciático unilateral, por exemplo, uma de suas patas estará se arrastando. Para tirar a “prova real” de que se trata da doença viral e não de uma fratura, mais aves deverão ser avaliadas.

  1. Identificar lotes com suspeitas de problemas que justifiquem redução na velocidade normal de abate para um exame mais acurado;

Durante o exame clínico das aves pode-se detectar algumas lesões ou doenças em elevada porcentagem se esse lote tiver um status sanitário ruim. Se isso acontecer é necessário reduzir a velocidade de abate antes de pendurar as aves na nórea, a fim de corroborar com a inspeção sanitária post-mortem. Essa redução de velocidade é importante para não permitir que carcaças com lesões passem pela inspeção sem a devida análise e sigam para a sala de cortes, onde gerariam possíveis contaminações cruzadas.

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Figura: Carcaça com Dermatose na região da sobrecoxa.

Fonte: Arquivo Pessoal

  1. Possibilitar a identificação de lotes de aves que tenham sido tratadas com antibióticos, para efeito de sequestro, objetivando a realização de análises laboratoriais que detectem a presença de resíduo na carne;

Nesse caso a inspeção de maior relevância é a DOCUMENTAL. Através do Boletim Sanitário e FAL o veterinário oficial consegue detectar se aquele lote foi medicado e se o período de carência foi respeitado. Supondo que o lote chegue para o abate, onde foi constatado o uso antibiótico terapêutico com período de carência desrespeitado, qual seria a conduta mais eficiente?

Primeiramente o lote será abatido e depois sequestrado para envio de amostra para um laboratório credenciado ou habilitado. Será quantificado o resíduo do medicamento na carne e caso esteja dentro do LMR (Limite Máximo de Resíduo), estabelecido pelo Codex Alimentarius, o produto será liberado para venda (consumo). Mas e se estiver acima do LMR? Podemos enviar para Graxaria (Fábrica de Farinhas)? Não! Porque este resíduo passaria adiante para os animais que consumissem a ração, dando margem ao desenvolvimento de resistência ao antibiótico. O procedimento correto é destinar ao aterro sanitário, com todo procedimento ambiental adequado.

Conclusão

Busquei abordar de forma resumida os principais pontos da inspeção ante-mortem e acredito que foi possível entender sua importância para a Segurança dos Alimentos. Sem ela, certamente comprometeríamos a qualidade sanitária dos produtos de origem animal.

Você gostou dessa postagem? Dê um feedback aqui nos comentários e se possível deixe alguma sugestão de postagem que envolva abate e processamento de frangos, tentarei contribuir com minha experiência.

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Matriz SWOT | Análise das Forças, Oportunidade e Ameaças da Qualidade

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A matriz SWOT é uma ferramenta de detalhamento relativamente simples, muito utilizada nas indústrias de alimentos para avaliar criteriosamente o ambiente, e o cenário interno e externo da indústria de forma estratégica, reconhecendo suas forças facilitadoras e limitadoras, fraquezas, oportunidades e ameaças, fornecendo direção e atuando com um catalizador para um plano de desenvolvimento. O termo SWOT deriva do inglês Strenghts, Weaknesses, Opportunities e Threats. Essas características são então delineadas em uma matriz ou quadro para uma melhor visualização e análise.

A análise SWOT é uma grande aliada na Gestão de Segurança dos Alimentos, porque confere mais confiança, segurança e força para lidar com os imprevistos e situações desafiadoras através da simples e abrangente metodologia.

As indústrias de alimentos dependem de um contexto para sobreviver, manter-se, crescer e desenvolver-se. No cenário de ambiente interno e externo de mercado é que as organizações obtêm recursos e informações necessárias ao seu funcionamento, e é neles que colocam o resultado de suas operações. A análise propõe a identificação da qualidade do produto, serviço e deficiências em relação aos concorrentes e ao mercado.

Os pontos fortes referem-se a tudo aquilo que a empresa faz e que a diferencia positivamente de seus concorrentes. Em contrapartida, as fraquezas são os pontos onde a empresa de alguma forma não está entregando valor aos seus clientes de forma competitiva. Estes dois pontos podem ser encontrados na análise de ambiente interno à organização e estão fortemente relacionados à percepção do cliente e às ações da concorrência.

As ameaças e oportunidades são reflexos do ambiente externo. O aproveitamento dos pontos fortes e superação dos pontos fracos de uma organização podem não ser suficientes, caso mudanças no ambiente alterem as condições de competição. Podemos classificar as ameaças como fatores que geram a incerteza ou dificuldades no alcance dos objetivos traçados. As oportunidades por sua vez surgem como situações que facilitam o alcance dos objetivos do plano.

As forças são elementos internos que trazem benefícios para o seu negócio (qualidades da equipe, excelentes instalações sanitárias, boas práticas de produção e gestão, boas parcerias estratégicas e os relacionamentos com fornecedores e clientes).

As fraquezas são as aptidões que interferem ou prejudicam de algum modo o andamento do negócio. É importante haver sinceridade nesta etapa da análise. Pode ser feita a análise, questionando-se à sua expertise quanto ao know how, se há lacunas de treinamentos, quanto ao grau de concorrência, engajamento do time, se produtos altamente perecível, matéria prima escassa, equipe desmotivada, tecnologia ultrapassada e ou outras várias falhas.

A análise externa tem como objetivo a identificação de oportunidades e ameaças que num determinado momento se colocam diante da empresa, e as melhores maneiras de evitar e usufruir dessas situações. A organização deve olhar para fora de si para identificar previsões e como refleti-las sobre o seu planejamento estratégico traçado.

As oportunidades são forças externas que influenciam positivamente a empresa. Não existe controle sobre essas forças, já que podem ocorrer de diversas formas. Porém, devem ser feitas pesquisas ou planejamentos que prevejam minimamente o acontecimento desses fatos (Exemplos: mudanças na política econômica do governo, tendências que envolvem o comportamento do consumidor, acesso à uma nova tecnologia; produto complementar ao seu e alguns eventos do setor que melhorarão os negócios).

Ao contrário das oportunidades, as ameaças são forças externas que influenciam negativamente a empresa, e devem ser tratadas com muita cautela, pois podem prejudicar não somente o planejamento estratégico da companhia, como também diretamente os seus resultados (Exemplos: escassez de mão de obra, facilidade na entrada de concorrentes; escassez de fornecedores; economia em recessão; sazonalidade ou impactos climáticos; catástrofes naturais; mudança negativa nos hábitos de compra do seu público alvo e mudanças drásticas no mercado alvo).

A análise SWOT deve ser realizada de maneira formal uma vez por ano, mas as informações mais importantes devem ser monitoradas constantemente. Para melhor visualização, sugere-se a elaboração da matriz para classificar as informações que levam as conclusões da análise.

Agora que você já tem mais conhecimento sobre o que é, e como é estruturada uma matriz SWOT, faça a sua análise e monte a matriz da sua indústria com o exemplo da Matriz abaixo.

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Surtos Alimentares no Brasil | Dados atualizados em dezembro de 2016

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Para atualização das informações, consulte  Surtos Alimentares no Brasil – Dados atualizados em maio de 2017

As doenças transmitidas por alimentos, mais comumente conhecidas como DTA, são causadas pela ingestão de água ou alimentos contaminados. Existem mais de 250 tipos de DTA e a maioria são infecções causadas por bactérias, vírus e parasitas.

Vale a pena relembrar que surto alimentar por doença transmissível por alimento (DTA) é definido como um incidente em que duas ou mais pessoas apresentam uma enfermidade semelhante após a ingestão de um mesmo alimento ou água, e as análises epidemiológicas apontam a mesma origem da enfermidade.

Sintomas de DTAs geralmente são anorexia, náuseas, vômitos ou diarreia, acompanhada ou não de febre. Os sintomas digestivos não são as únicas manifestações, podendo ocorrer afecções extraintestinais em diferentes órgãos, como rins, fígado, sistema nervoso central, dentre outros.

A probabilidade de um surto ser reconhecido e notificado pelas autoridades de saúde depende, entre outros fatores, da comunicação dos consumidores, do relato dos médicos, das atividades de vigilância sanitária das secretarias municipais e estaduais de saúde. 

A Portaria SVS/MS nº 1271, de 06 de junho de 2014, que define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, foi revogada e entrou em vigor a Portaria SVS/MS nº 204.

A ocorrência de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) vem aumentando de modo significativo em nível mundial. Vários são os fatores que contribuem para a emergência dessas doenças, entre os quais destacam-se: o crescente aumento das populações; a existência de grupos populacionais vulneráveis ou mais expostos; o processo de urbanização desordenado e a necessidade de produção de alimentos em grande escala. Contribui, ainda, o deficiente controle dos órgãos públicos e privados no tocante à qualidade dos alimentos ofertados às populações. O panorama de fatores se completa com a maior exposição das populações a alimentos destinados ao consumo pronto coletivo (fast foods), o consumo de alimentos em vias públicas, a utilização de novas modalidades de produção, o aumento no uso de aditivos e as mudanças de hábitos alimentares, sem deixar de considerar as mudanças ambientais, a globalização e as facilidades atuais de deslocamento da população, inclusive em nível internacional.

A multiplicidade de agentes causais e as suas associações a alguns dos fatores citados resultam em um número significativo de possibilidades para a ocorrência das DTA, que podem se apresentar de forma crônica ou aguda, com características de surto ou de casos isolados, com distribuição localizada ou disseminada e com formas clínicas diversas.

Vários países da América Latina estão implantando ou implementando sistemas nacionais de vigilância epidemiológica das DTAs, em face dos limitados estudos que se tem dos agentes etiológicos, a forma como estes contaminam os alimentos e as quantidades necessárias a serem ingeridas para que se torne um risco.

Seguem abaixo os dados da Vigilância Epidemiológica das DTAs no Brasil, atualizados em dezembro de 2016.

No ano de 2014, foram registrados 886 surtos de DTA e 15.700 pessoas doentes contra 861 surtos e 17.455 pessoas doentes no ano de 2013. O ano de 2015 fechou com redução de 35% e 41% dos surtos e doentes respectivamente, comparado com o ano de 2014.

No ano de 2016 foram identificados apenas 354 surtos epidemiológicos. 

fig1

No post Surtos Alimentares no Brasil – Dados Atualizados em Janeiro de 2016  relatamos a série histórica dos surtos de DTA no Brasil, incluindo número de pessoas expostas pelas DTA e o número de óbitos. A taxa de letalidade nos anos de 2013 a 2015 chegou à média de 0,06%, sendo que a média histórica acumulada em 15 anos é de 0,07%. 

Conforme os dados atuais, de 2007 a 2016, das 610.465 mil pessoas expostas, a faixa etária com maior número de exposição é de 20 a 49 anos, totalizando 52.380 pessoas doentes, sendo que o sexo masculino apresenta aproximadamente 26% mais incidência do que o feminino.

fig2

A região Sudeste lidera o histórico com mais notificações nos casos de DTA (43,6%) em 2016, e na sequência, aparece a região sul, com 24,6%:

fig3fig4

Os sinais e sintomas mais evidentes, de 2007 a 2016, são diarreia (29,6%), dor abdominal (19,5%), vômito (16,5%) e, na sequência, náuseas (15,7%).

fig5

Os sintomas e sinais estão coerentes com os principais agentes etiológicos mais associados aos surtos, que são as bactérias E. coli. Salmonella, e S. aureus, respectivamente, representando 90,5% dos casos. 

Lembramos que os principais sintomas destas bactérias são:

  • Salmonella: Diarreias, dores abdominais, febre e vômitos;
  • E. coli: diarreias, febre e náuseas;
  • S. aureus: náuseas, vômitos, dores abdominais e diarreia.

fig6

Um dado que chama atenção é que, de 2007 a 2016, em 70,5% dos registros não foi possível identificar o agente etiológico responsável pelo surto. fig7

As residências continuam como o local principal de ocorrência dos surtos, com 38,8% de predominância, seguidas dos Restaurantes e Padarias (similares) com 16,1%:fig8

Os alimentos mistos continuam sendo os mais envolvidos nos surtos: estão com 8,9%, seguidos por água (6,1%), ovos, produtos à base de ovos (3,5%). Os casos não identificados sobressaem com 66,9% dos registros. A dificuldade de se identificar o agente causador é um fato que se repete historicamente.fig9

Um dado muito importante são os fatores que causam os surtos de doenças transmitidas por alimentos no Brasil. Os dados abaixo evidenciam que as maiores causas são: manipulação e preparação inadequada, com aproximadamente 30%.

fig10

Fontes:

Veja posts com dados anteriores:

5 min leituraPara atualização das informações, consulte  Surtos Alimentares no Brasil – Dados atualizados em maio de 2017 As doenças transmitidas por alimentos, mais comumente conhecidas como DTA, são causadas pela ingestão […]

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Desinfecção de água: como proceder?

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Para os produtores de Alimentos & Bebidas, o objetivo central das suas operações é garantir um produto final de qualidade superior que se destaque no varejo e fidelize o consumidor.

Neste contexto, a água desempenha um papel crucial na indústria de alimento. Influenciando diretamente na qualidade do produto final, é utilizada em todas as etapas do processo produtivo, desde a sua participação como ingrediente ou veículo para incorporar outros ingredientes às formulações, até nos processos de aquecimento, refrigeração, limpeza e desinfecção de equipamentos e áreas de processo.

O fornecimento de água de boa qualidade é essencial ao funcionamento da indústria e, portanto, a água deve ter certas características como potabilidade (própria para consumo humano), dureza, teor de metais tóxicos, contagem microbiológica dentro de certos padrões estabelecidos pela legislação vigente, ausência de odor e sabor indesejáveis, entre outras. Conforme divulgado aqui no blog em maio, uma água imprópria pode não só carrear inúmeros contaminantes como bactérias, vírus, parasitas, toxinas naturais, produtos químicos, agrotóxicos, metais pesados etc, mas também perda de produção e danos à marca.

Tratamento da água 

Os processos de tratamento da água removem microrganismos patogênicos e impurezas que, de outra forma, poderiam ser prejudiciais à saúde humana ou esteticamente desagradáveis. Os processos de tratamento variam dependendo da fonte de água, mas tipicamente, na etapa de desinfecção, o Hipoclorito de Sódio é um dos elementos mais utilizados.

Para aplicação correta, a Anvisa regulamenta que seu uso deve assegurar que a água fornecida contenha um teor mínimo de cloro residual livre de 0,5 mg/L. Numa concentração abaixo desta a água está passível de contaminação. Além disso, todos os desinfetantes utilizados nesse tratamento devem atender a norma ABNT NBR 15784*.

Um desinfetante regulamentado assegura que o procedimento de desinfecção esteja de acordo com o exigido pela Anvisa, promovendo um processo seguro e um produto de qualidade superior.

A Sealed Air Food Care, através de sua marca Diversey, conta com o produto SAFE Klor Kleen em seu portfólio, um desinfetante de largo espectro de ação que age como bactericida e algicida, oxidando os microrganismos.

Com o SAFE Klor Kleen há a certeza de estar utilizando um produto de qualidade, com garantia de origem, de ação rápida e devidamente registrado junto a Anvisa.

Consulte um especialista Diversey para essa e outras soluções para desinfecção de água.

Valdir Resende, Business Development Manager Sealed Air Food Care

2 min leituraPara os produtores de Alimentos & Bebidas, o objetivo central das suas operações é garantir um produto final de qualidade superior que se destaque no varejo e fidelize o consumidor. […]

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“Comer carne com tumor, dá tumor?”

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Hoje em dia, com a facilidade de divulgação de informações (boas e ruins) pelas mídias sociais, várias pessoas receberam vídeos com o seguinte título: “Carne com Tumor”. Analisando as imagens tecnicamente, notamos a presença de algo diferente, mas peraí, é mesmo tumor?

Toda história se inicia em BPF, nessa caso, “Boas Práticas de FAZENDA”, principalmente na vacinação dos animais. Muitas das vezes são utilizadas as mesmas agulhas para vários animais sem nenhum tratamento entre um animal ou outro, como sanitização das agulhas, sem assepsia ou com condições higiênico-sanitárias precárias. Assim, uma agulha contaminada vai de animal em animal, levando a bactérias da pele e externas até o músculo, gerando um processo inflamatório e infeccioso.

Após essa bactéria inserida no músculo, o corpo ataca essa invasão com uma chuva de células brancas, de defesa, que vão lutando contra as bactérias, gerando o conhecido pus e formando uma cápsula ao redor para isolar o agente contaminante, assim temos o abcesso.

Com o tempo, e a infecção controlada o corpo vai absorvendo e eliminando aos poucos o abcesso formado, porém, devido ao tempo do ciclo de abate do animal, não dá tempo de absorver todo o material, o que leva o animal a ser abatido antes de eliminar o abcesso.

Assim, podemos entender a importância da atuação do serviço de inspeção de carnes (produtos de origem animal) por estabelecimentos registrados no MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). A inspeção de animais vivos (ante mortem) e as suas carcaças (post mortem) em matadouros têm um papel chave na rede de vigilância das doenças de animais e zoonoses, e na garantia da segurança dos produtos a serem disponibilizados para consumo, adequação da carne e subprodutos para suas utilizações previstas.

“É da competência privativa do médico veterinário a inspeção e a fiscalização, sob o ponto de vista sanitário, higiênico e tecnológico, dos matadouros, frigoríficos, fábricas de conserva de carne e de pescado, fábricas de banha e gorduras em que se empregam produtos de origem animal, usina e fábricas de laticínios, entrepostos de carne, leite, peixe, ovos, mel e cera e demais derivados da indústria pecuária e, de um modo geral, quando possível, de todos os produtos de origem animal nos locais de produção, manipulação, armazenagem e comercialização”. Alínea “f”, artigo 5º da Lei 5.517/68.

Em uma linha de inspeção, esse abcesso seria avaliado em relação à causa (alguma doença ou outros) e encaminhado para DIF (Departamento de inspeção final) para avaliação, retirada e liberação da carcaça. Em alguns casos, principalmente os de vacinas, o abcesso está inserido na peça, não sendo visível na linha de inspeção.  

Então, esse conteúdo capsular visto nos vídeos não causa doença, e deve ser retirado pela possibilidade de alteração de características sensoriais do produto, porém não existe risco quanto à segurança dos alimentos.

Podemos evitar esse tipo de ocorrência comprando sempre produtos cárneos de procedência conhecida ou inspecionado.

E mesmo se fosse tumor, isso não geraria câncer no consumidor, uma vez que o câncer possui causas variadas e muitas vezes desconhecidas, podendo ser externas ou internas ao organismo (leia mais) e se inicia quando as células de algum órgão ou tecido do corpo começam a se multiplicar fora de controle, formando novas células anômalas. As células se tornam cancerosas devido a um dano no DNA. O DNA é um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas de todas as células.

Caso alguma peça seja encontrada, deverá ser informado o SAC do fornecedor, para que medidas preventivas sejam tomadas.

Referências:

Fonte:

 

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Aflatoxina M1: Pesquisa mostra riscos no leite in natura

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Você sabia que até o que a vaca come tem influência na nossa saúde? Uma pesquisa realizada em Santa Catarina investigou a presença de Aflatoxina M1 em amostras de leite in natura, e o resultado não foi nada bom…

Primeiro vamos entender o que é Aflatoxina M1. As aflatoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos do gênero Aspergillus. A aflatoxina B1 é conhecida como agente natural carcinogênico (hepatoxicidade) e sua incidência é alta em diversas matérias primas como grãos e, consequentemente, rações e silagem, que fazem parte da dieta de bovinos leiteiros. Após a ingestão, a aflatoxina B1 é metabolizada podendo ser convertida em aflatoxina M1 que é excretada no leite. Esta micotoxina, segundo a classificação da International Agency for Research on Cancer (IARC), está no Grupo 2B, ou seja, é considerada provável carcinógeno humano.

Diante deste contexto, foi realizada uma pesquisa a fim de determinar aflatoxina M1 em 20 propriedades rurais da região Oeste de Santa Catarina. As amostras de leite bovino in natura foram coletadas no tanque de resfriamento e constatou-se que 80% destas estavam acima do limite máximo permitido pela legislação brasileira, 0,5 µg/L.

Fatores como o confinamento do gado leiteiro, que acarreta em uso de alimentação constituída praticamente por rações ou silagem, além do estágio de lactação, produtividade e saúde da glândula mamária do animal podem justificar os resultados obtidos. O clima também interfere, pois as culturas de áreas tropicais e subtropicais estão mais sujeitas à contaminação por aflatoxinas do que outras regiões.

Estes resultados indicam a importância de implantação de boas práticas de fabricação e armazenamento para os alimentos destinados à nutrição das vacas leiteiras, auxiliando na diminuição do risco de contaminação por aflatoxina B1 e, consequentemente, na redução da conversão em aflatoxina M1, que posteriormente é excretada no leite.

Este post foi elaborado a partir do trabalho de pesquisa conduzido por Luana Gonçalves, Andreia Dalla Rosa, Samantha Lemke Gonzalez, Maria Manuela Camino Feltes, Eliana Badiale-Furlong e Giniani Carla Dors, sob o título DETERMINAÇÃO DE AFLATOXINA M1 EM LEITE BOVINO IN NATURA.

Para leitura do trabalho na íntegra acesse aqui.

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Glossário de segurança dos alimentos inglês-português

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Procura um glossário inglês-português brasileiro em segurança dos alimentos? Bom uso! Aqui também tem algumas expressões de garantia da qualidade voltada para segurança dos alimentos.

  • Allergen management: gestão de alergênicos;
  • Claim: alegação (por exemplo que não contém GMO, alergênicos, conservantes);
  • Cleaning and desinfection (EUA): Limpeza e desinfeção;
  • Cleaning and Sanitation (Europa): Limpeza e desinfeção;
  • Chemical hazard: Perigo químico;
  • COA (Certificate of Analysis): Laudo;
  • Cross-contamination: Contaminação cruzada;
  • Certification Standard: Norma de certificação;
  • Certification Body: Organismo de certificação (ou certificadora);
  • Complaint Management/Handling: Gestão de reclamações (geralmente do SAC);
  • Contaminated Food: Alimento contaminado;
  • Control of Foreign Matter Contamination: Controle de matérias estranhas;
  • Coold storage: Armazenagem refrigerada;
  • Decision Tree: Árvore decisória;
  • Desinfecction of Produce: Desinfecção de hortifrutigranjeiros;
  • Detection of Foreign Objects: Detecção de objetos estranhos;
  • Effectiveness: Eficácia;
  • Efficiency: Eficiência;
  • Environmental monitoring procedure: Procedimento de monitoramento ambiental (geralmente microbiológico);
  • Filth: Sujidade;
  • Flow diagram: Fluxograma;
  • Protected light fixings: Luminárias protegidas (contra quebra de vidros);
  • Internal audit: Auditoria interna;
  • Food contact and surfaces: Superfícies em contato com os alimentos;
  • Food handler: Manipulador de alimentos;
  • Food handling: Manipulação de alimentos;
  • Food poisoning: Intoxicação alimentar;
  • Food Safety: Segurança dos Alimentos;
  • Food Security: Segurança Alimentar;
  • Foodborne outbreak: Surto de origem alimentar:
  • Foodborne disease: Doença Transmitida por Alimentos;
  • From farm to fork: Do campo à mesa (ou do campo ao garfo);
  • Genetically modified organism (GMO): Organismo Geneticamente Modificado (OGM);
  • Glue Board: Placa de cola (para roedores);
  • Good hygiene practice: Boas Práticas de Higiene;
  • Good manufacturing practices: Boas Práticas de Fabricação;
  • Hand washing facilities: Instalações para lavagem das mãos;
  • Hazard: Perigo;
  • Hazard Analysis and Critical Control Point: Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle;
  • Health Inspector: Inspetor (usado para vigilante sanitário ou fiscal);
  • Health Permit: Alvará sanitário;
  • Health Surveillance: Vigilância sanitária;
  • High-risk área: Área de alto risco (microbiológico);
  • Holding: Estado de produto retido (por não-conformidade);
  • Holding areas: Área de produto retido;
  • Hygienic Design: Projeto sanitário;
  • Infrared Thermometers: Termômetro infravermelho;
  • Killing step: Etapa letal (do posto de vista microbiológico, tratamento térmico ou outro);
  • Light trap: Amadilha luminosa;
  • Law enforcement: Aplicação da lei;
  • Loading and unloading check-list: Check-list para carregamento e descarregamento;
  • Material Safety Data Sheet (MSDS): Ficha de Dados de Segurança de Material ou Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos  (FISPQ);
  • Magnets: Ímãs;
  • Master Sanitation Schedule (MSS): Plano mestre de limpeza;
  • Management Review: Análise crítica pela alta direção;
  • Maximum residue level for pesticides (MRL): Limite máximo de resíduo (LMR) para pesticidas
  • Monitoring: Monitoramento;
  • Mycotoxins: Micotoxinas;
  • Non-conformities: Não conformidades;
  • Pest control: Controle de pragas;
  • Pest harborage: Alojamento de pragas;
  • Screens/Sieves: Telas/Peneiras;
  • Packaging declaration of compliance: laudo de conformidade de embalagens
  • Perishable: Perecível;
  • Physical Hazard: Perigo físico;
  • Personal hygiene: Higiene pessoal;
  • Potable water: Água potável;
  • Premises and Equipment Maintenance: Manutenção de instalações e equipamentos;
  • Preventive controls: Controles preventivos;
  • Product Sampling, Inspection and Analysis: Amostragem, inspeção e análise de produto;
  • Product release: Liberação de produto;
  • Product Withdrawl: Recolhimento de produto;
  • Purchasing of ingredients: Aquisição de ingredientes;
  • Raw materials: Matérias-primas;
  • Receipt of Raw and Packaging Materials: Recebimento de matérias primas e embalagens;
  • Record keeping: Manutenção de registros;
  • Refreshing Training: Treinamento de reciclagem;
  • Regulation: Legislação;
  • Report of migration tests: relatório de ensaio de migração;
  • Rework: Retrabalho;
  • Sanitary Violation: Infração sanitária;
  • Senior/Top Management: Alta direção;
  • Shall: Deve (ver aqui);
  • Should: Pode (ver aqui);
  • Sanitary Facilities: Instalações sanitárias, como vestiário (lockers/changing rooms);
  • Single-use glove: Luva descartável;
  • Smooth surfaces: Superfícies lisas;
  • Spoiled/Tainted Food: Alimento contaminado;
  • Skip lot: Sem tradução, programa onde nem todos os lotes de matéria-prima são inspecionados (podem “pular” lotes);
  • Sanitation standard operating procedures (SSOP) (EUA): Procedimento Padrão de Higiene Operacional (PPHO);
  • Standard Operating Procedure (SOP): Procedimento Padrão Operacional (POP);
  • Supplier Verification Program: Programa de verificação de fornecedores;
  • Thawing methods: Métodos de descongelamento;
  • Time-temperature abuse: Abuso (extrapolação) de tempo e temperatura
  • Traceability: Rastreabilidade;
  • Trainning records: Registros de treinamento;
  • Waiver: Liberação sob concessão;
  • Waste disposal: Disposição (geralmente descarte) de resíduos.

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Pesticidas no peixe?

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O Brasil está entre os 30 maiores produtores mundiais de pescado, ocupando a 19ª posição no último ranking divulgado, referente a produção do ano de 2010. O consumo de pescado tem sido estimulado com base em suas propriedades nutricionais e funcionais, porém esta prática pode expor os consumidores a compostos tóxicos, sendo considerada uma das principais rotas de contaminação de Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), por exemplo. As bacias hidrográficas do Brasil sofrem hoje os impactos do uso excessivo destas substâncias tóxicas, muitas vezes empregadas no campo, que por consequência de sua elevada volatilidade, são transportadas por longas distâncias, permitindo sua presença em lugares onde nunca foram aplicadas de forma intensiva.

Dentre as bacias hidrográficas com alto teor de contaminação, pode-se destacar a Baía de Guanabara que está localizada no estado do Rio de Janeiro e é a segunda maior baía do Brasil. Esta baía recebe uma quantidade considerável de contaminantes introduzidos a partir de efluentes de esgoto doméstico e industriais não tratados, escoamento urbano e agrícola, precipitação atmosférica, e as entradas combinadas dos rios, o que a torna um dos ambientes costeiros mais poluídos do litoral brasileiro. Hoje, apenas 12% da Baía de Guanabara é própria para a pesca, e apesar da degradação, ela ainda representa uma boa parte na produtividade do pescado consumido no Rio de Janeiro.

O objetivo do trabalho desenvolvido por Verona Ferreira, nutricionista e mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, sob a orientação da Dra Fernanda Finco e realizado no Laboratório de Radioisótopos Eduardo Penna Franca (UFRJ), foi investigar a presença de Pesticidas Organoclorados (OCPs) em amostras de corvina (Micropogonias furnieri) e sardinha (Sardinella brasiliensis) provenientes da baía de Guanabara. As amostras de sardinha (n=12) e corvina (n=13) foram coletadas no período de janeiro a dezembro de 2015 diretamente com pescadores da Baía de Guanabara em quatro diferentes pontos, sendo eles: Gradim, localizado no município de São Gonçalo, Barreto, localizado no município de Niterói e Suruí, localizado no município de Magé.

Como resultado, em todas as amostras de corvina (n=13) e sardinha (n=12) foram encontradas a presença de pelo menos um pesticida, variando de 0,06 a 2,49 ng/g peso úmido ?OCPs em relação aos 3 pontos de coleta.

Apesar de nenhuma amostra exceder o limite de referência, é válido ressaltar que todas estas substâncias apresentam como característica o potencial de bioacumular e biomagnificar nos organismos vivos, além disso, todas tiveram seu uso banido pois a exposição a estes compostos está associada a uma série de efeitos adversos para a saúde, tais como endometriose, infertilidade, imunotoxicidade, neurotoxicidade, abortos espontâneos, distúrbios da tireóide, alguns tipos de câncer e doenças neurodegenerativas.

Este post foi elaborado com base na pesquisa conduzida por Verona Ferreira, Fernanda Finco, Leonardo Estrella e João Paulo Machado Torres, sob o título “PESTICIDAS ORGANOCLORADOS EM CORVINA (Micropogonias furnieri) E SARDINHA (Sardinella brasiliensis) PROVENIENTE DA BAÍA DE GUANABARA, RIO DE JANEIRO” e pode ser acessado na íntegra aqui.

Créditos de imagem: G1.

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Restaurantes não explicam os riscos da carne mal cozida aos clientes

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Sim, esse é o tema de um estudo da Universidade de Carolina do Norte (EUA) que apresenta dados explicando os riscos de carne mal cozida. A carne moída, principalmente, tem sido fonte de surtos de intoxicação alimentar.

Todos os 50 estados do país, adotaram uma versão do Código Alimentar da FDA, exigindo que os restaurantes informem aos consumidores sobre os riscos de carnes e aves mal cozidas.

Esse tipo de informação é semelhante ao que temos em alguns estados do Brasil, informando que não será servido ovo com gema mole.

Um dos alimentos que foram o foco desses estudos são os hambúrgueres de carne moída, pois estavam envolvidos em surtos devido a presença de E. Coli.

A cientista envolvida neste estudo declara que os consumidores não devem se sentir seguros apenas pela coloração da carne, pois muitos pesquisados informaram se sentir confiantes pois o centro da carne, bem como o suco se estivesse com coloração marrom, era um indicativo de que atingiu temperaturas seguras.

“Um indicador de segurança é o tempo e temperatura! Um hambúrguer pouco cozido pode ter a coloração marrom no meio e um avermelhado ou rosado no centro, pode ter atingido temperaturas e tempo suficiente para ser considerado seguro”. Afirma a cientista.

Acredito que o conjunto de ações podem auxiliar nos controles e assim ser possível servir carne ao ponto ou mal passada. Para isso é fundamental a implantação de procedimentos que assegurem desde a origem dessa matéria prima até o momento do consumo. A qualificação dos fornecedores, cuidados necessários com as temperaturas de recebimento, descongelamento, manipulação e também de cocção. Claro e nunca esquecendo das boas práticas na manipulação desses alimentos envolvidos.

Nos últimos anos o Brasil teve um aumento significativo de lanchonetes que buscam o diferencial no mercado, como hambúrgueres caseiros ou também chamados gourmet. São hambúrgueres feitos com 100% de carne moída (bovina ou suína). Alguns inclusive trabalham no segmento de Food Truck, que são aquelas cozinhas ambulantes que param de locais em locais para produzir e vender alimentos.

Portanto, queridos leitores, atenção ao local onde vocês escolhem para comer esses hambúrgueres “gourmet”! Tenha criticidade e verifique se o local possui as condições necessárias para produzir esse tipo de alimento.

Fontes: Food Poison.

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Nanotoxicidade

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Dias atrás, falei aqui que a distinção no comportamento de partículas nano em relação às partículas macro do mesmo elemento químico resulta em diferentes propriedades físico-químicas, que podem oferecer aplicações de interesse industrial. Os preocupados certamente se perguntaram se este comportamento distinto não resulta em efeitos biológicos inesperados, como a toxicidade. Essa pergunta é pertinente, já que os nanoalimentos entram em contato direto com órgãos humanos e, assim, podem elevar a exposição a diferentes nanopartículas, dependendo da sua concentração no alimento e da quantidade consumida desse alimento.

A toxicidade de nanopartículas (nanotoxicidade) é sem dúvida um assunto polêmico e infelizmente ainda pouco esclarecido. Os dados após a exposição oral são limitados e pouco se sabe sobre a biodisponibilidade, biodistribuição, rotas e a toxicidade final após a exposição a nanopartículas em alimentos.

O que se sabe (e é consenso) é que partículas menores são absorvidas prontamente, de maneira mais rápida e têm uma distribuição tecidual generalizada em comparação com as partículas maiores. Entretanto, não é possível generalizar a toxicidade de nanopartículas baseando-se somente nas suas características físico-químicas. E assim, não é possível predizer os efeitos de uma nanopartícula não testada.

Podemos dizer que a toxicidade de nanopartículas é relativa, uma vez que elas não são nem inerentemente tóxicas, nem inerentemente seguras: como para todas as moléculas, esta decisão deve ser baseada na estrutura molecular, ambiente biológico, grau de exposição e a susceptibilidade do hospedeiro. Portanto, podemos bater o martelo de que o uso seguro da nanotecnologia nos alimentos depende de uma avaliação do risco de nanopartículas caso a caso, incluindo uma caracterização e avaliação in silico, in vitro e in vivo.

Devemos ser cautelosos, mas não devemos ter medo! Só assim poderemos abraçar o desenvolvimento da nanotecnologia e sua aplicação na ciência dos alimentos, e assim, acompanhar o seu sucesso em outras áreas.

Abaixo, algumas referências que deram suporte a esse post:

Barlow, S. et al. The potential risks arising from nanoscience and nanotechnologies on food and feed safety. EFSA J Eur Comm 958, 1–39 (2009).

Lankoff, A. et al. The effect of agglomeration state of silver and titanium dioxide nanoparticles on cellular response of HepG2, A549 and THP-1 cells. Toxicology Letters 208, 197–213 (2012).

Periasamy, V. S. et al. Identification of titanium dioxide nanoparticles in food products: Induce intracellular oxidative stress mediated by TNF and CYP1A genes in human lung fibroblast cells. Environmental Toxicology and Pharmacology 39, 176–186 (2015).

Powell, J. J., Faria, N., Thomas-McKay, E. & Pele, L. C. Origin and fate of dietary nanoparticles and microparticles in the gastrointestinal tract. Journal of autoimmunity 34, J226–J233 (2010).

Xiaojia H., Huey-Min H. Nanotechnology in food science: Functionality, applicability, and safety assessment. journal of food and drug analysis, 1-1 1 (2016).

Créditos de imagem: Unilab.

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