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Desoxinivalenol, micotoxina mais conhecida como DON

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Relativamente nova, a Resolução RDC n°7 de fevereiro de 2011, traz os limites máximos para diversas micotoxinas em alimentos.

O Brasil é um dos países líderes na produção de alimentos agrícolas, e possui condições ambientais muito favoráveis para o desenvolvimento de fungos nesses alimentos, porém o controle de micotoxinas é um assunto que ainda traz muitas dúvidas aos produtores e processadores, e pouco vem sendo monitorado.

 Segundo o EMBRAPA, as micotoxinas são toxinas produzidas por fungos e bolores, com moléculas com estruturas que variam de simples anéis heterocíclicos com peso molecular até 50Da, até anéis heterocíclicos irregularmente dispostos com peso molecular acima de 500Da. Alguns estudos, descrevem cerca de 400 tipos diferentes de micotoxinas, o que dificulta sua identificação e controle.

O desoxinivalenol, conhecido como DON e vomitoxina, é uma micotoxina que pertence à família dos tricotecenos, e pode ser produzido por diferentes gêneros de bolores. O gênero mais comum são os bolores Fusarium, mas também são destacados os gêneros Mirothecium, Cephalosporium, Verticimosporium e Stachybotrys.

 O DON ocorre principalmente em cereais, como arroz e trigo,  podendo ocorrer antes da colheita ou até mesmo após a colheita, quando em condições ambientais adequadas até 35°C e com umidade relativa entre 80 e 90%. Para esses cereais, a Resolução RDC n°7, definiu os limites máximos tanto para os cereais in natura quanto para seus produtos. Ou seja tanto o trigo quanto à farinha de trigo e a soja e o óleo de soja devem ser monitorados e atenderem aos limites.

 Uma justificativa para a extensão do controle para os subprodutos pode ser explicada pela alta estabilidade apresentada pelo DON, sendo resistente à temperaturas de até 180°C. Segundo Dashofer, o DON também não é volátil e somente pode ser desativado sob condições drásticas ácidas ou alcalinas, em presença de hidretos de alumínio, lítio ou peróxidos.

 A ingestão de alimento contaminado possui os sintomas comuns de intoxicações alimentares como dores abdominais,  dores de cabeça, tonturas,  irritação na garganta, náuseas, vômitos e diarreia com presença de sangue nas fezes, e podem começar a aparecer em um intervalo de 5 a 30 minutos após o consumo.  Existem ainda estudos sobre a ingestão regular desses contaminantes serem responsáveis por tumores e doenças crônicas em órgãos vitais.

 Como as micotoxinas são produzidas por fungos e bolores, as medidas já conhecidas, para evitar seu crescimento são eficientes para evitar a presença das micotoxinas nos alimentos, ou seja, é importante manter o teor de umidade abaixo de 12%, umidade relativa abaixo de 60% e evitar exposição dos grãos ao stress, como geadas, calor e alterações de pH que os deixam mais suscesstíveis ao ataque microbiológico. Além disso pelo crescimento desses microorganismos ocorrerem na superfície dos cereais, percebeu-se que os produtos extraídos da camada interna do grão apresentam menor teor de desoxinivalenol em relação ao produto intermediário e a camada externa do grão, ou seja alguns processos de limpeza dos grãos também oferecem boa eficiência no controle.

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A qualidade do ar comprimido na indústria de alimentos

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Em uma indústria de alimentos, a qualidade do ar comprimido pode ser um fator crítico para garantir a segurança do alimento. Muitas vezes, ele é a última utilidade a ter contato direto com o produto ou com a embalagem primária. Mesmo quando não tem contato direto com o alimento, um ar comprimido de baixa qualidade pode comprometer o acionamento de sensores eletropneumáticos que desempenhem funções críticas nos equipamentos.

“Por que garantir a qualidade do ar comprimido na indústria de alimentos” foi o tema apresentado por Margarete Nagata no IV Encontro de Profissionais da Garantia da Qualidade (ITAL, 4 e 5 de setembro de 2013). Margarete é engenheira de alimentos com grande experiência na área. Acompanhe, a seguir, um resumo de sua apresentação.

Conceito e Qualidade

O ar comprimido é o ar atmosférico sob pressão, ou seja, é o ar atmosférico submetido à ação de um compressor. Em áreas industriais ou urbanas, o ar atmosférico possui em torno de 120 milhões de partículas em suspensão. Este ar pode estar contaminado com microrganismos, poluentes e umidade. Além dos contaminantes que pode carregar da atmosfera externa, o ar comprimido também pode arrastar partículas carbonizadas do óleo lubrificante dos compressores e material oxidado das superfícies internas das linhas de distribuição. As consequências desta contaminação são sérias, podendo causar a deterioração do produto, diminuição do shelf-life, alterações organolépticas ou ainda a perda de matéria-prima por paradas na produção.

Como evitar ou diminuir a concentração de contaminantes no ar comprimido?

Quando se trata de um novo projeto, a prevenção da contaminação do ar comprimido se faz pela configuração da instalação. Margarete sugere duas configurações que possibilitam garantir boa qualidade do ar comprimido. Veja-as na figura abaixo:

arcompnovos

Quando o sistema já está em operação, é essencial considerar a aplicação do ar comprimido: se é para processo, para instrumentação ou ar sanitário. Em seguida, identificam-se os contaminantes visíveis (água, óleo e partículas), os contaminantes microbiológicos (qual o critério de aceitação?) e se faz uma análise da central de compressores e do sistema de geração, considerando tratamento, distribuição e utilização do ar comprimido. Assim, para os sistemas em operação, algumas ações em curto prazo (6 meses) que permitem melhorar a qualidade do ar comprimido são:

– Limpeza da rede de ar comprimido;

– Instalação de purgadores;

– Instalação de unidades de tratamento, filtros coalescentes, filtros de carvão ativado e, se necessário, filtros absolutos.

Ações em longo prazo (acima de 2 anos) incluem:

– Aquisição ou substituição de compressores e secadores de ar comprimido;

– Substituição da rede;

– Redimensionamento da Central de Compressores.

Um sistema de ar comprimido pode ser qualificado ou validado. O quadro abaixo mostra as diferenças entre uma e outra atividade: 

arcompvalid

Normas e critérios para análise e classificação do ar comprimido

A Norma ABNT ISO 8573-1, revista em 26/03/2013, define várias classes de pureza para o ar comprimido. Estas classes são estabelecidas mediante resultados das seguintes análises, independentemente da aplicação:

– Temperatura do ponto de orvalho (°C);

– Teor de umidade, forma líquida (g/ m3);

– Teor de óleo (mg/ m3);

– Partículas não viáveis (Unid/m3 ou mg/m3).

Para outros analitos, que podem ser importantes para certas aplicações, não há nenhuma classe de pureza definida pela Norma:

– Partículas viáveis (UFC/ m3);

– CO, CO2, SO2, O2, NO+NO2

A Norma ABNT ISO 22.002-1, de 17 de julho de 2013, determina que a organização deve estabelecer requisitos para filtração, umidade (UR%) e microbiologia do ar usado como ingrediente ou para contrato direto com o produto. Onde a temperatura e/ou umidade do ar for crítica para a organização, um sistema de controle deve ser implementado e monitorado.

Imagem em destaque: Air Press Compressores

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Alimentos “politicamente seguros”: arsênio, agrotóxicos e mais

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Decisões políticas colocam dúvidas se estamos consumindo alimentos seguros de fato ou apenas alimentos politicamente seguros. Isto me veio à cabeça assim que li a nota do FDA sobre a proposta de estabelecer um “nível de ação” para resíduos de arsênio inorgânico em suco de maçã. Ora, o próprio FDA admite que raramente encontra este tipo de produto fora do nível proposto (10 ppb).

Mas e o arsênio no arroz, assunto que já comentamos aqui duas vezes? A organização de consumidores Consumer Reports divulgou um relatório preocupante sobre os níveis de contaminação de arroz por arsênio em novembro passado, sugerindo aos norte-americanos que reduzissem o consumo do produto. A FDA prometeu concluir suas próprias análises até dezembro de 2012 e fazer uma avaliação da questão, mas até agora só o que fez foi divulgar em maio as mesmas análises que já tinha mostrado em setembro e dizer que continua estudando o assunto. A imprensa americana, porém, está atenta: artigo publicado no Chicago Tribune no início de julho questiona a lentidão da Agência.

O mesmo tipo de contaminação, arsênio em arroz, foi denunciado no Brasil, em pesquisa da USP divulgada em maio de 2013. Não li qualquer apreciação das autoridades públicas (Anvisa e MAPA) sobre esta questão.

A Consulta Pública 101/2010, da Anvisa, que atualiza níveis de contaminantes inorgânicos em alimentos, propondo inclusive um teor máximo de 0,3 mg/kg de arsênio em arroz, até hoje não foi transformada em Norma. Por que o MAPA não incluiu análise de arsênio no arroz como parte do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes desta safra? A Anvisa não deveria ter solicitado, já que é a responsável pela segurança de alimentos no país? Será por falta de capacidade analítica para um grande número de amostras?

Se ampliarmos o leque, as perguntas começam a pipocar: no Plano de Controle do MAPA, a cultura com menor índice de conformidade na última safra foi o pêssego (apenas 14% de conformidade, com a presença de um pesticida proibido no Brasil, o ometoato). Estranhamente, o pêssego saiu da lista das culturas controladas na próxima safra.  Será mais um caso de alimento “politicamente seguro”?

Usando esta linha de raciocínio para os padrões microbiológicos de alimentos (Resolução 12/2001, da Anvisa), podemos ainda  perguntar: não é estranho estabelecer ausência de Salmonella para uma ampla classe de aditivos (que podem ser extremamente secos e ácidos como ácido cítrico, por exemplo), e não estabelecer este mesmo critério para carnes de aves?

Chega de fazer perguntas.  

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Como se proteger dos contaminantes químicos em alimentos?

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Já compartilhei alguns dilemas para ter uma dieta segura com o post “Mas o que é que eu vou comer”? Nessa busca, conversei com experts em microbiologia e consegui algumas respostas.

Mas será possível tomar cuidados tão objetivos para evitar que os perigos químicos façam parte de nossa dieta e nos afetem? Sabemos que estes químicos uma vez presentes nos alimentos, persistirão a etapas posteriores de cozimento, fritura, filtração. Estamos falando de substâncias como pesticidas, metais pesados, monômeros plásticos, micotoxinas, contaminantes formados no processamento de alimentos, desruptores endócrinos.

 O professor Felix Reyes,  da FEA-Unicamp, é respeitado na área de toxicologia. Ele considera importante a lavagem de alimentos in natura de origem vegetal para retirada de resíduos de substâncias químicas da superfície dos mesmos, como por exemplo, os agrotóxicos.

  A pesquisadora Adriana Pavesi, do ITAL, que neste blog já falou sobre a acrilamida, aquela substância formada quando batas ou pães ficam mais “bronzeados”  do que a média, dá as dicas sobre como evitar este contaminante:

 “Quando for preparar batata frita em casa, evitar estocar as batatas na geladeira (no caso de preparo a partir da batata in natura) e evitar que fiquem com uma coloração muito escura. Ao fazer suas torradas, evite que fiquem muito tostadas”. A forma de fabricação do shoyo é fundamental para evitar o cloropropanol.  “Quando for comprar molho de soja, dar preferência para aqueles de fermentação natural”. E por fim ela sinaliza que “ao aquecer papinha de bebê (aquelas de potinho de vidro), retirar a tampa e mexer o produto de vez em quando para volatilizar o eventual furano presente”.

 O lema “Dieta bem variada para não se expor demais aos mesmos tipos de substâncias químicas” é compartilhado pela Adriana e por Cristiana Correa, diretora da Planitox.

 “Como toxicologista, sempre penso que o segredo de uma boa alimentação está na escolha de alimentos saudáveis e na variedade dos mesmos. Quanto mais variarmos os alimentos que ingerimos no dia a dia, menores serão os riscos para a saúde decorrentes da ingestão de determinadas substâncias químicas presentes nos alimentos, de forma natural ou adicionada. Temos que pensar tanto na toxicidade das substâncias químicas como nas condições de exposição. Por exemplo, a batata e a mandioca (que contém substâncias chamadas de glicoalcalóides e glicosídeos cianogênicos, respectivamente), podem promover o aparecimento de efeitos nocivos, dependendo as condições de exposição (principalmente consumo excessivo).”

 É… parece que estes especialistas trazem para sua vida pessoal o princípio de Paracelsius, que diz: “a dose faz o veneno”.

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Aflatoxinas em amendoim estão sob controle: dados divulgados em 2013

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Faz 10 anos hoje que foram aprovadas as normas de Boas Práticas de Fabricação específicas para indústrias de amendoins e derivados, constantes na Resolução 172/2003, da Anvisa. A publicação desta Norma fez parte de um esforço tanto governamental quanto do setor privado para melhorar a qualidade do amendoim brasileiro, seriamente comprometida na época pela contaminação por aflatoxinas.  

Aflatoxinas são substâncias produzidas por fungos filamentosos do gênero Aspergillus consideradas agentes carcinogênicos pela Organização Mundial de Saúde. Sua ocorrência é maior no amendoim devido à afinidade do fungo Aspergillus flavus por este alimento e, principalmente, quando as condições de umidade e temperatura são favoráveis ao seu crescimento.  

Num estudo publicado em 2002, pesquisadoras da Unicamp e do Instituto Adolfo Lutz analisaram um grande número de trabalhos envolvendo micotoxinas realizados no Brasil entre 1991-2000 e chamaram a atenção para os níveis alarmantes de aflatoxinas presentes no amendoim. Em 2001, as principais indústrias de amendoim do país, reunidas em sua associação, a ABICAB, lançaram o selo “Pro-Amendoim”, um programa de autorregulamentação com foco na prevenção das aflatoxinas e com objetivo de estimular a produção de amendoim dentro dos padrões nacionais e internacionais de qualidade.  Atualmente 10 empresas fazem parte do programa.

A indústria também partiu para uma atuação conjunta com os produtores, buscando selecionar as variedades da planta mais resistentes ao fungo e um melhor manejo das condições de produção, colheita, beneficiamento e armazenagem do amendoim.

A contaminação diminuiu depois disto?  

Em março de 2013, uma pesquisa sobre o monitoramento de aflatoxinas em amendoim e derivados comercializados na região de Marília (SP) foi divulgada pela revista científica Alimentos e Nutrição / Brazilian Journal of Food and Nutrition, da Unesp (SP).  O estado de São Paulo concentra grande parte da produção brasileira de amendoim, sobretudo nas regiões da Alta Mogiana e Alta Paulista, onde está o município de Marília. O estudo, conduzido por uma equipe do Instituto Adolfo Lutz, traz dados do período 2002-2009. Neste intervalo, um total de 75 amostras de amendoim cru e derivados foram analisadas, sendo que apenas 16% delas apresentaram índice detectável de aflatoxina (< 2 µg/kg) e somente 6 amostras (8% do total) tinham níveis de aflatoxinas acima do limite tolerado no Brasil (20 µg/kg). No amendoim cru, duas das 10 amostras estavam contaminadas e, entre as paçocas, 4 das 47 amostras (8,5%) continham aflatoxinas em nível acima do aceitável. Também foram testados amendoim frito, com cobertura de chocolate, com cobertura colorida e amendoim tipo japonês, sendo que nenhuma das 18 amostras apresentou índice detectável de aflatoxina.  A separação entre índice detectável e índice aceitável deve-se ao fato de que persistem dúvidas se os teores de aflatoxinas tolerados não constituem realmente um risco à saúde pública, pois para um consumo constante, vários autores consideram que a segurança total só seria alcançada com a ausência de contaminação.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) também monitora os índices de aflatoxina no amendoim através do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC/Vegetal). As amostras neste caso são apenas de amendoim cru destinado ao uso pelo consumidor. No ano-safra 2010-2011 foram analisadas 57 amostras do produto, com 45 delas apresentando teor de aflatoxina abaixo de 20 µg/kg (79% de conformidade). No último levantamento, divulgado em janeiro de 2013 e correspondente ao ano-safra 2011-2012, o nível de conformidade foi de 90%. Como o programa do MAPA foi instituído em 2008, não há números anteriores a esta data para avaliar a evolução da conformidade.

Os dados levantados nestas pesquisas devem ser vistos com cautela, pois há limitações evidentes de amostragem e de área abrangida, mas parecem ser bons indícios de que os esforços governamentais e da iniciativa privada resultaram em produtos de amendoim mais seguros para o consumidor.

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MAPA divulga informações sobre o monitoramento de pesticidas e contaminantes em vegetais

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O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) divulgou no dia 27 de junho, a relação das 21 culturas agrícolas que serão monitoradas em relação aos resíduos de praguicidas e contaminantes na safra 2013-2014. A medida faz parte de um programa anual, instituído em 2008, com objetivo de monitorar a frequência e os níveis de resíduos e contaminantes em vegetais, além de investigar e controlar os produtos agropecuários provenientes de propriedades suspeitas de violações (PNCRC/Vegetal). A cada ano, uma Instrução Normativa é publicada contendo as culturas e os parâmetros monitorados no ano-safra correspondente. Este ano, as culturas serão as seguintes: abacaxi, alho, amêndoa de cacau, amendoim, arroz, banana, batata, café, castanha do Brasil, cebola, feijão, kiwi, maçã, mamão, manga,  milho, pimenta, soja, tomate, trigo e uva.

Ao todo, o plano prevê análise de 1875 amostras. Os produtos serão coletados nos estabelecimentos produtores, beneficiadores e nas centrais de abastecimento. No último levantamento, divulgado em janeiro de 2013, as culturas que apresentaram os menores índices de conformidades foram: pêssego (14%), pimentão (38%), trigo (47%) e morango (50%).

Conforme a percepção de representantes do MAPA, nem sempre as não conformidades registradas no monitoramento de pesticidas comprometem a segurança dos produtos, pois em alguns casos, referem-se a resíduos de pesticidas ainda não aprovados para aquela cultura, mas em processo de aprovação e presentes em nível baixo, portanto podem não configurar um risco à saúde.

No caso do pêssego, os frutos importados da Argentina e Chile tiveram índice zero de conformidade, pois os ativos encontrados não são previstos nas normas brasileiras para uso no pêssego, mas são autorizados para outras culturas (com uma única exceção). Houve, porém, amostras da fruta coletadas no RS e SC que continham ometoato, um ativo proibido no Brasil. Em relação ao trigo, o baixo índice geral deveu-se ao produto importado da Argentina, que continha três ativos proibidos em nosso país, sendo que um deles também foi detectado no trigo produzido em MG. Já o trigo produzido no PR e DF teve 100% de aprovação. Para mais detalhes, consulte a tabela completa, com dados por região e princípio ativo, clicando aqui

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Uso de aspartame completa 30 anos e Agência Europeia faz sua reavaliação

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Em julho de 1983, portanto há 30 anos, a FDA, agência que controla alimentos e medicamentos nos EUA, aprovou o uso do aspartame em refrigerantes. Dois anos antes, em 1981, a Agência já havia liberado o aspartame como adoçante de mesa e para uso em cereais, café solúvel, chás, pudins, recheios e coberturas. Desde então, o aspartame tornou-se um dos mais consumidos – e mais controversos – aditivos alimentares em todo o mundo. De um lado, há o desejo do consumidor por um substituto do açúcar seguro e com menor potencial calórico e do outro, o medo deste mesmo consumidor de ser enganado por uma conspiração entre a indústria e os órgãos reguladores.

Exemplos desta tensão não faltam. Tempos atrás, circulou na internet uma mensagem falsa, supostamente escrita por uma médica e que relacionava o aspartame à ocorrência de quase todas as doenças imagináveis, como esclerose múltipla, mal de Parkinson, câncer, fibromialgia, tontura, dor de cabeça, zumbido no ouvido, dores articulares, depressão, ataques de ansiedade, fala atrapalhada, visão borrada e muitas outras, até perda de memória. A mensagem motivou, inclusive, a divulgação de um Informe Técnico da Anvisa, atualizado em janeiro de 2012, cuja leitura recomendo aos interessados.

Em 2005, houve um estudo realizado na Itália sobre a possível associação entre o consumo de aspartame e a indução de câncer em ratos. A Câmara Técnica de Alimentos da Anvisa considerou que os dados apresentados neste estudo são insuficientes para estabelecer uma relação direta entre o desenvolvimento destas doenças e o consumo de aspartame. A Autoridade Europeia de Segurança de Alimentos (EFSA) também avaliou este estudo em três oportunidades diferentesinclusive com acesso direto aos dados, e chegou à mesma conclusão.

Por que o aspartame seria tóxico?

O aspartame, também conhecido por um de seus nomes comerciais, Nutrasweet®, é um edulcorante (“substância diferente dos açúcares que confere sabor doce ao alimento”) com poder adoçante 200 vezes maior do que o açúcar. A preocupação com sua possível toxicidade deve-se à possibilidade da dissociação da molécula de aspartame no alimento com liberação de metanol, composto reconhecidamente tóxico.

No entanto, frutas cítricas, tomate e outras frutas também contêm altos teores de metanol, que é metabolizado naturalmente pelo organismo. A quantidade de metanol proveniente do aspartame necessário para adoçar uma lata de refrigerante equivale à quantidade liberada pelo mesmo volume de suco de laranja ou de maçã, sendo muito inferior à do suco de tomate e de uva.

O aspartame foi objeto de extensa investigação nestes 30 anos, incluindo pesquisas clínicas, estudos epidemiológicos e de exposição. Existe um consenso entre os diversos comitês internacionais considerando o aspartame seguro, quando consumido dentro da Ingestão Diária Aceitável* (40 mg/kg p.c).

A Autoridade Europeia para Segurança de Alimentos tem um programa de reavaliação sistemática de todos os aditivos alimentares aprovados antes de janeiro de 2009. A reavaliação do aspartame, programada para 2020, foi antecipada para 2013 e já está em andamento. O relatório final desta reavaliação deverá estar pronto até novembro deste ano.

No Brasil, os limites de uso dos edulcorantes em alimentos constam da Resolução RDC n° 18 de 2008, da Anvisa.

– *IDA (Ingestão Diária Aceitável): estimativa da quantidade da substância no alimento ou bebida, expressa em base de peso corpóreo, que pode ser ingerida diariamente por toda vida sem risco apreciável; é estabelecida em unidades de miligrama por kg de peso corpóreo (mg/Kg p.c.).

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Fraudadores de leite pegando cada vez mais pesado

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Fiz uma comparação sobre os dois mais emblemáticos casos de fraude no leite da história: O caso Parmalat, ou Ouro Branco, de 2007, e o recente caso do  Leite compensado.

No primeiro, o objetivo era mascarar a má qualidade de um leite em vias de deterioração e evitar reprovação ao chegar na fábrica: a fórmula foi adicionar um antimicrobiano já comumente usado na indústria de alimentos para desinfecção de embalagens e a soda cáustica para neutralizar a acidez que se desenvolve no leite por ação das bactérias lácticas. Assim:

Água oxigenada + soda cáustica = leite com processo de deterioração bloqueado

Veja o informe técnico da Anvisa, que conclui que não há grandes preocupações com a saúde, dado que ambos “ingredientes” acabam sendo neutralizados/consumidos no produto. Ficou a preocupação pela pureza destes “aditivos” e possíveis resíduos, como por exemplo metais pesados.

No segundo, o foco era usar uma fórmula vendida por 10 mil Reais, na qual o leite “rendia” 10% a mais.

Leite + água + uréia + formol = leite mais lucrativo

A “fundamentação técnica”  da receita foi a adição de um componente que tem semelhança química com a proteína (a uréia), e que poderia disfarçar um teste rotineiro de controle de qualidade. Assim, mesmo diluído, o leite passava nas análises. O formol era usado como um “conservante”, este sendo confirmadamente cancerígeno ao ser humano. A qualidade de água… bem… isso era um detalhe sem a menor importância para os fraudadores.  

Dessa vez, o parecer da Anvisa é claro sobre os riscos à saúde fruto deste esquema que tem rendido várias detenções.

Os impactos à saúde deste esquema não serão percebidos de forma imediata como foi escândalo da melamina na China, onde mais uma vez, o leite diluído foi adicionado de uma substância que simula ser proteína, mas no caso, era um plastificante que obstruiu os rins de milhares de bebês.

Até onde poderá chegar a ambição humana e sofisticação das fraudes?

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A cafeína no banco dos réus

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O uso indiscriminado de cafeína em bebidas e alimentos para obter efeitos estimulantes pode estar com os dias contados nos EUA. O cerco começou em outubro de 2012 quando a FDA, agência que controla alimentos e medicamentos, anunciou a investigação de cinco mortes no país relacionadas ao consumo de bebida energética. O órgão decidiu abrir o inquérito após receber a denúncia da mãe de uma jovem de 14 anos que morreu após sofrer arritmia cardíaca depois de ingerir duas latas grandes (750 mL) de bebida energética.

Em novembro, uma notícia do New York Times informava que uma bebida energética altamente cafeinada (5-Hour Energy) poderia estar envolvida em outras 13 mortes.

Em dezembro foi a vez da organização de consumidores Consumer Reports publicar um relatório em que analisou os teores de cafeína de 27 bebidas energéticas, constatando uma grande variação entre as diferentes marcas.

O cerco ganhou aliados fortes em 2013. Em março, uma carta aberta sobre o uso de cafeína em bebidas energéticas foi encaminhada à FDA, assinada por médicos das mais conceituadas universidades e centros de pesquisa do país, solicitando ação imediata para proteger crianças e jovens dos energéticos altamente cafeinados.

Em abril, a empresa de confeitos Wrigley (subsidiária da Mars) lançou um pacote de chicles cafeinados, com cada peça contendo tanta cafeína quanto metade de um copo de café. Foi a gota d’água para a o FDA anunciar que, em resposta à tendência de adicionar cafeína em um número crescente de produtos, a agência irá investigar a segurança da cafeína em alimentos, particularmente os seus efeitos sobre as crianças e adolescentes. Michael R. Taylor, vice-comissário para alimentos e medicina veterinária na FDA, considera que o chicle cafeinado é apenas mais um exemplo infeliz desta tendência. Além das bebidas energéticas com publicidade agressiva dirigida ao público jovem, as indústrias estão adicionando cafeína às balas de goma, marshmallows, sementes de girassol, waffles, etc.

Por meio de Taylor, a FDA informou que pretende entender melhor o consumo de cafeína e seus padrões de uso e determinar um nível seguro para seu consumo, considerando o potencial de consumo por crianças e adolescentes.

Para os adultos saudáveis, a FDA considera aceitável até 400 miligramas de cafeína por dia, que é cerca de quatro ou cinco xícaras de café. Esta quantidade não é geralmente associada com efeitos negativos. A FDA não estabeleceu um nível especifico para as crianças, mas a Academia Americana de Pediatria não recomenda o consumo de cafeína e outros estimulantes por crianças e adolescentes.

É possível que a FDA imponha limites sobre a quantidade de cafeína em alguns produtos. Em 2010, a Agência retirou do mercado as bebidas alcoólicas com cafeína, principalmente as de malte, por causa de estudos que indicam que a ingestão combinada de cafeína e álcool pode levar a situações de perigo e risco de vida. A cafeína tende a mascarar os estímulos sensoriais de que as pessoas normalmente dependem para determinar seu nível de embriaguez.

Taylor acena, no entanto, para a possibilidade de uma restrição do teor de cafeína feita de forma voluntária pela indústria. É esperar para ver.

Legislação EUA X Brasil 

Nos EUA, por ser considerada substância segura (GRAS = Generally Recognized As Safe), a declaração da quantidade de cafeína presente em bebidas energéticas não é obrigatória. Já no Brasil, a Resolução 273/2005, da Anvisa, estipula um teor máximo de  cafeína de 35 mg/100 mL e torna obrigatório declarar a quantidade de cafeína presente na porção do produto. Como as latinhas de energético, em sua maioria, contêm 250 mL ou quantidade próxima, o total de cafeína em cada uma delas costuma ser declarado como 80 mg.

Além disso, devem constar, obrigatoriamente, na embalagem, as seguintes advertências, em destaque e em negrito:

a)”Crianças, gestantes, nutrizes, idosos e portadores de enfermidades: consultar o médico antes de consumir o produto”.

b) “Não é recomendado o consumo com bebida alcoólica”.

Não são permitidas expressões tais como “energético”, “estimulante”, “potencializador”, “melhora de desempenho” ou frase(s) equivalente(s), inclusive em outros idiomas.

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Ciguatoxina, o perigo de consumir peixes de coral

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Quem gosta de peixes de coral, como garoupas e pargos, deve ficar atento. Recentemente a Alemanha confirmou seu primeiro surto de intoxicação por ciguatoxina proveniente de peixes. O surto ocorreu no final de 2012 e foi causado por filés de pargo, que um importador alemão trouxe de uma distribuidora indiana. As autoridades alemãs notificaram um total de 14 pessoas envolvidas, sem vítimas fatais.

A demora na confirmação da causa do surto deveu-se à dificuldade em identificar a ciguatoxina, pela inexistência de um método oficial padronizado e porque a intoxicação se dá em concentrações extremamente baixas. Além disso, são conhecidas diferentes estruturas químicas das ciguatoxinas, que variam com o local de origem.

Segundo os cientistas alemães, até recentemente este tipo de intoxicação estava restrito a certas regiões do mundo, próximas aos grandes recifes de corais. Com o aumento do comércio mundial de peixes exóticos tropicais e subtropicais, espera-se um aumento na incidência deste tipo de intoxicação.

Origem e Sintomas

A ciguatoxina é produzida por várias espécies de dinoflagelados, pequenos organismos do plâncton marinho, presentes nos recifes de coral do Caribe e dos Oceanos Índico e Pacífico. A fonte mais comum de ciguatoxina é a espécie Gambierdiscus toxicus. Estas algas são consumidas por muitas espécies de peixes e, ao longo da cadeia alimentar, a ciguatoxina vai se acumulando nos tecidos dos animais marinhos. Os animais mais próximos do topo da cadeia, como as garoupas e os chamados peixes de coral, tendem a acumular maiores quantidades da toxina, em razão dos processos de bioacumulação e biomagnificação.

Os sintomas iniciais da intoxicação por ciguatoxina incluem náuseas, vômitos e diarreia. A maioria das vítimas também relata outras sensações desagradáveis, como queimação, formigamento e dor em contato com o frio. Perda de sensibilidade nas mãos e nos pés, fraqueza e dor muscular, ondas de calor e de frio também podem ocorrer. As perturbações raramente são fatais, mas podem persistir por meses.

É possível identificar, pelo aspecto, os peixes com ciguatoxina?

A ciguatoxina, em regra, acumula-se na cabeça, pele, vísceras e nos órgãos reprodutores dos peixes, sem, porém, causar quaisquer sintomas ou tornar os peixes doentes. Por isso um peixe tóxico não pode ser identificado pelo seu aspecto, odor ou textura da sua carne.

A ciguatoxina não é degradada pelo calor, de forma que os métodos tradicionais para o preparo de peixes e frutos do mar não são capazes de inativá-la. Por precaução, evite consumir grandes quantidades de peixes de coral de uma só vez (como garoupas, meros, dentões, ciobas, pargos), e não coma a cabeça, pele, vísceras e ovas destes peixes, partes em que a toxina se concentra. Ao consumir peixes de coral, evite o consumo de bebidas alcoólicas, nozes ou feijão, pois estes alimentos tendem a agravar os sintomas de intoxicação alimentar.

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