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Um pouco sobre nosso VI Workshop – “O que esperar do futuro em S.A. e embalagens”

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Iniciaremos compartilhando algumas palestras deste encontro que reuniu especialistas, profissionais das áreas de alimentos e de embalagens e nossos leitores. Nosso VI Workshop ocorreu nos dias 15 e 16 de agosto de 2024 no CREA em São Paulo.

A imagem acima foi da abertura das palestras. Tive a honra de iniciar com a temática que introduziu as demais palestras sobre o futuro da segurança de alimentos e embalagens, que está sendo moldado por várias tendências emergentes e avanços tecnológicos.

Minha palestra, juntamente com as demais apresentações, pode ser conferida aqui. Abordei Blockchain, a Inteligência Artificial e Big Data, embalagens inteligentes, seguras e sustentáveis, normas e regulamentações mais rigorosas reconhecidas pela GFSI, biotecnologia e melhoria da nutrição, Práticas Agrícolas Sustentáveis, redução do desperdício de alimentos, aumento do controle de qualidade automatizado, desenvolvimento de métodos de controle de patógenos.

A tecnologia blockchain está sendo cada vez mais utilizada para rastrear a origem dos alimentos e garantir a transparência na cadeia de suprimentos. Isso pode ajudar a detectar rapidamente a fonte de contaminação e reduzir os riscos de surtos alimentares, evitando recalls, por exemplo. Permite o rastreamento completo dos alimentos desde a origem até o consumidor final, criando um histórico completo do produto. Como os registros no blockchain são imutáveis e acessíveis a todos os participantes da cadeia de suprimentos, isso aumenta a transparência. Consumidores e reguladores podem verificar a autenticidade dos produtos e as práticas usadas em sua produção, aumentando a confiança. Em caso de um surto de contaminação de alimentos, o blockchain permite a identificação rápida da fonte do problema. Também reduz o risco de fraudes alimentares ao registrar todas as transações de forma transparente e segura. Isso impede a adulteração de produtos e a substituição por alternativas de qualidade inferior.

A integração do blockchain com dispositivos de “Internet das Coisas” (IoT) permite a coleta e registro automático de dados ao longo da cadeia de suprimentos. Sensores IoT podem monitorar condições como temperatura e umidade durante o transporte e armazenagem, registrando essas informações no blockchain para garantir que os alimentos sejam mantidos em condições seguras.

Abordei também o uso de embalagens inteligentes, que incluem sensores e códigos QR e podem monitorar a qualidade dos alimentos em tempo real. Elas podem alertar consumidores e varejistas sobre problemas de segurança, como a deterioração dos produtos ou a presença de contaminantes, exemplificando com os sensores de temperatura, inibidores de gases, indicadores de frescor, monitoramento de umidade.

Outro tópico foi a IA e a análise de big data que estão sendo usadas para prever riscos e otimizar processos de segurança de alimentos. Algoritmos podem identificar padrões de contaminação e sugerir medidas preventivas, através de plataformas integradas com sistemas de gestão de segurança de alimentos (como HACCP) para fornecer uma visão holística e coordenada da segurança de alimentos e via dashboard e relatórios com painéis de controle interativos e relatórios detalhados permitindo uma análise rápida e informada, facilitando a tomada de decisões baseada em dados.

Sobre o desenvolvimento de novos materiais de embalagens, o foco está em desenvolver materiais mais sustentáveis e seguros. Isso inclui embalagens biodegradáveis e compostáveis, bem como materiais que podem inibir o crescimento microbiano, como bioplásticos, materiais à base de celulose e proteínas, materiais recicláveis e renováveis.

Comentei sobre o quanto as normas e esquemas reconhecidos pela GFSI promovem a harmonização dos padrões de segurança de alimentos reconhecidos internacionalmente. Com o avanço das tecnologias de rastreabilidade, como blockchain e sistemas de monitoramento avançados, espera-se que os regulamentos futuros sejam ainda mais focados na transparência e na capacidade de rastrear produtos ao longo de toda a cadeia de suprimentos. Além disso, as normas e esquemas da GFSI continuarão a evoluir para refletir novos desafios e descobertas na área de segurança de alimentos e de embalagens, garantindo que os alimentos sejam seguros para consumo globalmente.

Sistemas automatizados para controle de qualidade estão se tornando mais comuns, permitindo a detecção precoce de contaminantes e a manutenção de padrões de segurança mais elevados. O estudo do microbioma dos alimentos está ajudando a entender melhor a relação entre microrganismos e segurança de alimentos. Isso pode levar ao desenvolvimento de novos métodos para controlar patógenos e promover a saúde do consumidor.

A biotecnologia está sendo utilizada para criar alimentos mais seguros e nutritivos. Isso inclui o uso de técnicas de edição de genes para desenvolver culturas resistentes a doenças e a contaminação, como o arroz dourado rico em vitamina A e o milho resistente a insetos, reduzindo a necessidade de pesticidas.  Também abordei melhorias na nutrição através de biofortificação de bananas com vitamina A, feijão com mais ferro. A biotecnologia, especialmente através da edição de genes, está desempenhando um papel fundamental na criação de alimentos mais seguros, nutritivos e sustentáveis, ajudando a enfrentar desafios globais como a segurança de alimentos, a nutrição e a sustentabilidade ambiental.

Enfim, a sustentabilidade está se tornando uma prioridade na indústria de alimentos. Práticas agrícolas sustentáveis e a redução do desperdício de alimentos estão sendo integradas aos esforços de segurança de alimentos para garantir um abastecimento seguro e sustentável de alimentos, abordando os desafios globais como a segurança de alimentos, a resiliência climática e a redução da pegada ambiental da agricultura. A colaboração entre todos os stakeholders da cadeia de suprimentos é essencial para alcançar esses objetivos de forma eficaz e duradoura.

Programas de educação para consumidores sobre práticas seguras de manuseio e preparo de alimentos estão se tornando mais comuns. Isso ajuda a reduzir os riscos de contaminação por práticas inadequadas na cozinha da sua casa.

No futuro próximo para a segurança de alimentos e embalagens, espera-se uma integração crescente de tecnologias avançadas para garantir a qualidade, segurança e sustentabilidade dos alimentos.

Promover práticas seguras de manuseio e preparo de alimentos entre os consumidores, juntamente com o desenvolvimento de embalagens avançadas e sustentáveis, são passos essenciais para moldar um futuro onde a segurança de alimentos é prioridade e as preocupações ambientais são atendidas. A tripartite com a colaboração entre governos, indústria e consumidores é fundamental para garantir que essas tendências continuem a evoluir de maneira positiva e sustentável.

Essas tendências estão moldando um futuro onde a segurança de alimentos é fortalecida por tecnologias inovadoras, práticas sustentáveis e maior conscientização, atendendo às demandas crescentes dos consumidores e reguladores por alimentos seguros, transparentes e responsáveis. Comecemos nas nossas preparações caseiras, que ainda representam altas estatísticas de toxinfecções alimentares.

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Nova página do FDA: o que precisamos saber sobre microplásticos e nanoplásticos em alimentos

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No cenário atual, os plásticos são essenciais em uma variedade de produtos de consumo e industriais, abrangendo desde brinquedos e eletrodomésticos até cosméticos, dispositivos médicos, componentes de veículos, tecidos e materiais de construção. Apesar disso, a reciclagem e a incineração de plásticos são limitadas, resultando em uma acumulação significativa em aterros sanitários e no ambiente. A poluição plástica é onipresente, visível em áreas terrestres, riachos, rios, costas e oceanos.

Em 2022, a produção mundial de plásticos atingiu o recorde de 400,3 milhões de toneladas métricas, representando um aumento de aproximadamente 1,6% em relação ao ano anterior. Essa tendência de crescimento na produção de plásticos começou na década de 1950, impulsionada pela versatilidade e utilidade desses materiais.

A maioria dos plásticos não se biodegrada rapidamente, e ao longo do tempo, devido à exposição aos elementos ambientais, eles se fragmentam em partículas menores, conhecidas como microplásticos e nanoplásticos. Estes materiais podem permanecer como contaminantes marinhos ativos por até 450 anos.

A presença de microplásticos e nanoplásticos em alimentos é uma questão crescente, principalmente devido à contaminação ambiental nos locais de cultivo de alimentos. Embora não haja evidências científicas suficientes para afirmar que esses microplásticos e nanoplásticos migram de embalagens plásticas para alimentos e bebidas, a exposição humana a eles pode ocorrer através do ar, alimentos e absorção pela pele.

A preocupação com os impactos dos microplásticos é um foco crescente nos últimos anos, atraindo a atenção de formuladores de políticas, organizações ambientais e cientistas em todo o mundo. A busca por dados, informações e estratégias eficazes para mitigar seus efeitos no meio ambiente e na saúde humana é uma prioridade.

Em 2024, a celebração do Dia Mundial do Meio Ambiente reforça a necessidade urgente de combater a poluição plástica, um dos maiores desafios ambientais de hoje. O objetivo é aumentar a conscientização global e promover ações concretas para a proteção do meio ambiente.

Com base neste contexto, visando promover maior conscientização e material técnico informativo, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA lançou uma página específica para esclarecer as preocupações sobre microplásticos e nanoplásticos.

Algumas evidências sugerem que esses materiais estão entrando no suprimento de alimentos, principalmente através do ambiente. Apesar de não haver evidências científicas atuais de que os níveis de microplásticos ou nanoplásticos detectados em alimentos representam um risco à saúde humana, a FDA continua monitorando a situação.

A página da FDA inclui informações sobre saúde, regulamentação e ciência. Em termos de saúde, estudos mostram que microplásticos e nanoplásticos foram encontrados em amostras humanas, mas os potenciais efeitos na saúde ainda são pouco compreendidos, e mais pesquisas são necessárias. A Agência de Substâncias Tóxicas e Registro de Doenças dos EUA e o Centro Nacional de Saúde Ambiental dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças estão trabalhando para avaliar os riscos à saúde humana e compartilharão suas descobertas com a comunidade científica.

No campo científico, a FDA reconhece que, embora existam muitos estudos sobre microplásticos e alguns sobre nanoplásticos, há lacunas significativas na pesquisa. A falta de definições padronizadas, materiais de referência, métodos de coleta e preparação de amostras, além da ausência de controles de qualidade adequados, dificulta a avaliação de risco regulatória. Além disso, os métodos disponíveis para detectar nanoplásticos são menos confiáveis devido ao tamanho minúsculo dessas partículas.

A FDA está comprometida em avançar na ciência por meio da análise de metodologias de teste e outros trabalhos relacionados, incluindo a participação em grupos de trabalho governamentais e interinstitucionais. A agência também está monitorando a pesquisa sobre microplásticos e nanoplásticos em alimentos, buscando desenvolver, validar e implementar métodos analíticos para a tomada de decisões regulatórias.

A FDA não possui regulamentações que autorizem microplásticos ou nanoplásticos como ingredientes acidentais em alimentos. Para plásticos usados em contato com alimentos, a legislação exige que todos os materiais sejam aprovados antes de serem comercializados. A agência avalia dados de testes para garantir que a exposição do consumidor seja segura.

A responsabilidade legal recai sobre as empresas que cultivam, produzem alimentos ou fabricam produtos destinados ao uso com alimentos. Se a FDA determinar que os níveis de microplásticos ou nanoplásticos tornam os alimentos inseguros, a agência tomará medidas regulatórias.

Pode-se inferir que na busca pela segurança dos alimentos, a FDA permanece à frente, vigilante e comprometida em garantir que os produtos disponíveis no mercado norte-americano atendam aos padrões de qualidade e segurança. Através de regulamentações, monitoramento contínuo e pesquisa científica avançada, a agência trabalha para proteger os consumidores de potenciais riscos, incluindo a presença de microplásticos e nanoplásticos em alimentos.

À medida que a ciência evolui e novas informações se tornam disponíveis, a FDA adapta-se, atualizando suas diretrizes e práticas para manter a saúde pública como sua prioridade máxima. Com a página recém-lançada sobre microplásticos e nanoplásticos, a agência oferece uma ferramenta valiosa para educar o público e divulgar suas ações.  Conheça a página aqui.

Imagem gerada por inteligência artificial

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Notificação de doença de Newcastle no Rio Grande do Sul: impactos e medidas

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Em 21 de julho de 2024, foi notificada a ocorrência de um foco da doença de Newcastle em frangos de corte no município de Anta Gorda, Rio Grande do Sul, conforme reportado pelas mídias brasileiras e internacionais. Antes desse advento, os últimos casos confirmados no Brasil tinham ocorrido em 2006 e em aves de subsistência, nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, conforme notificação à OMSA.

A doença de Newcastle (DNC), causada pelo vírus pertencente ao grupo paramixovírus aviário sorotipo 1 (APMV-1), é altamente contagiosa e pode provocar desde sinais clínicos respiratórios leves até a morte súbita das aves. Embora não represente risco direto ao consumo humano, a doença pode causar grandes prejuízos econômicos, especialmente para a indústria avícola.

Ações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)

Diante da confirmação do foco, o MAPA implementou uma série de ações para controlar e erradicar a doença. Foram destacadas inicialmente 47 equipes, compostas por mais de 100 profissionais, que atuam na zona de proteção e vigilância ao redor do foco, realizando a identificação e inspeção de estabelecimentos avícolas comerciais e não comerciais. Essas ações incluem a eliminação e destruição das aves infectadas, bem como a limpeza e desinfecção dos locais afetados.

Impactos econômicos e na exportação

A notificação do foco de doença de Newcastle no Rio Grande do Sul tem impactos significativos na exportação de produtos avícolas. Diversos países, incluindo a União Europeia e a Argentina, foram listados pelo MAPA para imediata proibição de exportação de carne de aves e seus derivados, provenientes de todo Brasil. Demais restrições de exportação para outros países ficaram restritas ao Estado do Rio Grande do Sul e para o local do foco, onde foi isolado o vírus das aves comerciais. Essas restrições afetam diretamente a economia brasileira, visto que a avicultura é um setor importante para o comércio exterior do país, especialmente para o Sul do país, maior produtor e exportador de carne de frangos do Brasil.

Transmissão e prevenção

A principal forma de propagação do vírus da doença de Newcastle é por meio de aerossóis de aves infectadas ou de produtos contaminados. Além disso, vetores como roedores, insetos e artrópodes também contribuem para a disseminação do vírus.

Não existe um tratamento específico para a doença, portanto a prevenção é crucial. As principais medidas preventivas incluem a vacinação sistemática das aves reprodutoras e de postura comercial, a implementação de barreiras sanitárias e a restrição de movimentação de aves nas áreas afetadas.

A Vigilância epidemiológica (do MAPA) tem 3 objetivos definidos:

  • Objetivo 1: detecção precoce de casos IA e DNC nas populações de aves domésticas e silvestres
  • Objetivo 2: demonstração de ausência de IA e DNC na avicultura industrial de acordo com as diretrizes internacionais de vigilância para fins de comércio.
  • Objetivo 3: monitorar a ocorrência de cepas virais da IA para subsidiar estratégias de saúde pública e saúde animal.

Dentre os componentes da vigilância epidemiológica, estão:

Vigilância Passiva – Investigação imediata de qualquer notificação ou caso suspeito de influenza aviária e doença de Newcastle em estabelecimentos avícolas.

Vigilância Passiva – Investigação imediata de suspeitas em abatedouros

Vigilância Passiva – Investigação imediata de qualquer notificação ou caso suspeito de influenza aviária e doença de Newcastle em mortalidade excepcional de aves silvestres

Vigilância Ativa em avicultura industrial: estabelecimentos avícolas de reprodução, corte, postura comercial e outras aves

Vigilância Ativa em aves de subsistência em áreas de maior risco de introdução de influenza aviária

Vigilância para certificação sanitária de compartimentos avícolas

Vigilância em aves importadas

O PNSA (Programa Nacional de Sanidade Avícola) do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) possui um extenso arcabouço regulatório para dirimir essas questões de prevenção, controle e vigilância tanto para doença de Newcastle como para a Influenza Aviária. Tais legislações estão descritas abaixo:

a) Instrução Normativa SDA nº 17, de 7 de abril de 2006 – Aprova o Plano Nacional de Prevenção da Influenza Aviária e de Controle e Prevenção da Doença de Newcastle em todo o território nacional.

b) Instrução Normativa SDA nº 32, de 13 de maio de 2002 – Aprova as Normas Técnicas de Vigilância para doença de Newcastle e influenza aviária, e de controle e erradicação para doença de Newcastle.

c) Instrução Normativa SDA nº 21, de 21 de outubro de 2014 – Estabelece as normas técnicas de Certificação Sanitária da Compartimentação da Cadeia Produtiva Avícola das granjas de reprodução, de corte e incubatórios, de galinhas ou perus, para a infecção por influenza aviária e doença de Newcastle.

d) Plano de Contingência para Emergências Zoosanitárias – Parte Geral

e) Plano de Contingência de Influenza Aviária e Doença de Newcastle – 2023 – Versão1.0 – Parte específica

f) Informativo PNSA nº 4 – Reconhecimentos de sítios de aves migratórias pelo DSA.

g) Norma Interna DSA nº 03, de 3 de outubro de 2011 – Declara os plantéis avícolas industriais brasileiros livres de doença de Newcastle e da influenza aviária notificável.

h) Ofício – Circular Conjunto Nº 3/2021/DSA/DIPOA/SDA/MAPA – Estabelece os procedimentos de vigilância de Síndrome Respiratória e Nervosa das aves (SRN) em abatedouros frigoríficos

i) Métodos de de população de aves domésticas frente aos focos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP).

j) PORTARIA MAPA Nº 642, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2023 – trata da possibilidade de realização de exposições e torneios

k) Medidas mínimas de biosseguridade para a realização de exposições e torneios com aves – conforme determinado pelo Art 1° da PORTARIA MAPA Nº 642, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2023.

Danos à saúde animal e humana

Embora a doença de Newcastle não represente um risco direto à saúde humana, ela pode causar sérios danos à saúde animal, resultando em alta mortalidade e perdas econômicas substanciais. Os sintomas em aves incluem sinais respiratórios, nervosos e digestivos, além de edema na cabeça. A rápida notificação e implementação de medidas de controle são essenciais para evitar a disseminação do vírus e minimizar os impactos econômicos.

Nesse link é possível consultar uma Ficha Técnica, publicada pelo próprio MAPA, trazendo uma série de informações relevantes sobre o vírus, a doença e seus impactos na saúde animal.

Conclusão

A recente notificação da doença de Newcastle em frangos no Rio Grande do Sul destaca a importância de medidas rigorosas de controle e vigilância para proteger a saúde animal e assegurar a continuidade das exportações brasileiras de produtos avícolas. As ações do MAPA, incluindo a mobilização de equipes de fiscalização e a implementação de barreiras sanitárias, são cruciais para conter a doença e garantir a segurança do comércio internacional.

  • Atualizações de notificações e ações publicadas pelo MAPA

Ofício – Circular Conjunto Nº 04/DIPOA/SDA/2024 (18/07/2024)

Ofício – Circular Conjunto Nº 6/DIPOA/SDA/2024 (19/07/2024)

Informação nº 18/2024/DSA/SDA/MAPA (22/07/2024)

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Financiando a segurança alimentar global

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A segurança alimentar e a nutrição são desafios globais que exigem esforços coordenados e investimentos substanciais.

O relatório “The State of Food Security and Nutrition in the World 2024”, da FAO, destaca a necessidade urgente de aumentar os fluxos de financiamento para enfrentar a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição em todas as suas formas. Este post explora as principais conclusões do relatório, enfatizando a importância do financiamento adequado e as estratégias para mobilizar recursos de maneira eficaz.

A erradicação da fome e da desnutrição é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. No entanto, como o relatório da FAO de 2024 revela, estamos longe de alcançar esse objetivo. Entre 713 e 757 milhões de pessoas enfrentaram a fome em 2023, e mais de 2,33 bilhões de pessoas sofreram de insegurança alimentar moderada ou grave. Para reverter essa tendência alarmante, é crucial aumentar e otimizar os recursos financeiros destinados à segurança alimentar e nutrição.

A principal barreira para alcançar a segurança alimentar global é a falta de financiamento adequado. Países com altos níveis de insegurança alimentar e desnutrição são frequentemente os que têm menos acesso a financiamento. O relatório da FAO propõe uma nova definição de financiamento para a segurança alimentar e nutrição, abrangendo recursos públicos e privados, tanto domésticos quanto estrangeiros.

Os investimentos em segurança alimentar e nutrição são essenciais não apenas para proporcionar alimentos adequados e saudáveis, mas também para fortalecer a resiliência dos sistemas agroalimentares contra conflitos, mudanças climáticas e crises econômicas. O relatório destaca que a ausência de financiamento suficiente resultará em consequências sociais, econômicas e ambientais significativas, exigindo soluções ainda mais custosas no futuro.

A definição de uma fonte comum de financiamento para a segurança alimentar permitirá uma melhor rastreabilidade dos fluxos de financiamento e uma alocação mais eficiente dos recursos. Abordagens inovadoras, como parcerias público-privadas, financiamento misto e instrumentos financeiros verdes, sociais e sustentáveis, são essenciais para mobilizar os recursos necessários. A assistência oficial para o desenvolvimento (ODA) e outros fluxos oficiais devem ser direcionados de maneira mais eficaz para abordar as causas profundas da insegurança alimentar e da desnutrição.

O relatório apresenta exemplos de países que têm aumentado com sucesso seus investimentos em segurança alimentar. Em Uganda, por exemplo, o gasto público com segurança alimentar e nutrição mostrou um crescimento constante, demonstrando o impacto positivo de políticas de financiamento bem direcionadas.

Quer entender como o financiamento pode transformar a segurança alimentar e combater a desnutrição? Leia aqui

De acordo com o relatório, o financiamento adequado é a base para a erradicação da fome e da desnutrição no mundo. Implementar estratégias eficazes para mobilizar e utilizar esses recursos é crucial para alcançar os ODS e garantir um futuro saudável para todos.

Em um mundo onde a cadeia de fornecimento de alimentos é tão complexa, não há espaço para falhas na segurança alimentar, pois além dos impactos na saúde pública, também há consequências significativas para o comércio e a economia.

Imagem: Pixabay

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A segurança das pimentas pode estar com a reputação queimando?

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Será que o consumo de alimentos muito picantes vai deixar de ser uma extravagância ou preferência pessoal para se tornar um assunto de saúde pública? A segurança das pimentas continua mesmo inabalada após séculos de consumo controverso?

Alguns acontecimentos parecem estar colocando esta categoria numa zona de questionamento.

Um caso recente e sem precedentes foi o da Autoridade Sanitária da Dinamarca, que simplesmente recolheu do mercado o produto “Hot Chicken”, de um dos maiores exportadores mundiais de lámen, cujo rótulo afirmava ser ser três vezes mais picante. O motivo: “a capsaicina em um único pacote é tão alta que representa risco de o consumidor desenvolver intoxicação aguda”.  O produto não apresentava outro “perigo” além deste e não houve recall em nenhum outro país.

Muito apreciada em algumas culturas na Ásia, África, América (Central) e em países árabes, a pimenta contém altas doses de capsaicina. A capsaicina, ou 8-metil-N-vanilil-1,6-nonamida, é o composto químico que cria a sensação de queimação. Quando os humanos comem pimentas, a capsaicina é diluída na saliva e se liga aos receptores na boca, levando ao estímulo de dor, ardência e ou coceira. Também pode causar sintomas circulatórios, como suores frios, alterações na pressão arterial ou tonturas em altas doses.

Em 2011, o Instituto Federal de Avaliação de Riscos da Alemanha (BfR) alertou para os riscos do consumo excessivo de pimenta e assumiu que o grau de picância tradicionalmente aceito por adultos durante uma refeição equivale a uma dose máxima de 5 mg de capsaicina por kg de peso corporal. Isto corresponderia a uma ingestão de 300 mg de capsaicina numa refeição para um adulto com 60 kg. Veja o estudo aqui.

O mesmo documento recomenda que a pimenta e outros molhos picantes com concentrações superiores a 100 mg de capsaicina por quilograma de alimento (0,1%) sejam rotulados e que sejam aplicados lacres de segurança para crianças nas embalagens. O BfR recomendou ainda que as autoridades sanitárias olhassem os produtos com uma concentração de capsaicina superior a 6.000 mg por quilograma, caso a caso, para determinar se podem ser considerados alimentos seguros.

Para os consumidores, o instituto solicitou cuidado com a ingestão de quantidades excessivas de molhos e extratos de pimenta extremamente picantes, como os encontrados em “Competições de Alimentos Condimentados”. Nestes casos, podem ocorrer graves problemas de saúde, como crises hipertensivas que podem ser fatais em determinadas circunstâncias. Em residências particulares, os molhos de pimenta devem ser armazenados fora do alcance das crianças pequenas.

Casos reais de reação

De fato, a “premonição” da BfR aconteceu.  Em 2023, nos Estados Unidos, um menino de 14 anos com cardiomegalia faleceu após participar de um desafio incentivado por um fabricante de salgadinhos fritos (snacks) ultra apimentados.  O episódio, que está rendendo um processo judicial, tem uma página na Wikipedia, One Chip Challenge, que é o nome do desafio.

Segundo a perícia, “Harris morreu de parada cardiorrespiratória, num contexto de ingestão recente de uma substância alimentícia com alta concentração de capsaicina”. Na embalagem havia o aviso de que o consumo do produto era destinado a adultos.

Outra ocorrência nos EUA foi em Massachusetts, em 2023.  Dez crianças foram hospitalizadas por causa de um desafio estimulado em rede social de uma goma de mascar.  Trazida de casa por um dos alunos, a goma continha extrato de pimenta medindo 16 milhões de unidades de calor Scoville. É quase o mesmo que comer spray de pimenta, de acordo com o chefe dos bombeiros que os atendeu. A mãe de uma das crianças, de 9 anos, encontrou seu filho vomitando e relatou que “era algo que você vê em um filme de terror. Honestamente, parecia que essas crianças estavam em um ataque.  Eles estavam alinhados no corredor, na área do hall da frente, chorando. Suas mãos estavam vermelhas, seus rostos estavam vermelhos como beterraba e eles choravam, dizendo que estavam com dor”. As mãos de um médico que fez o atendimento também apresentaram ardência.

Não letal, mas também digno de nota, foi o caso de um alemão de 27 anos que foi internado após participar de um concurso para ingestão de pimenta indiana no ano passado. Cerca de duas horas e meia depois de ingerir a comida picante, o homem começou a sentir dores abdominais e forte inchaço no estômago. No Hospital os médicos não conseguiram encontrar mais nada de errado e administraram alguns analgésicos que deram uma pausa temporária no sofrimento. Cerca de 12 horas depois de comer a pimenta, o homem vomitou e começou a melhorar lentamente.

Aqui no Brasil, tivemos um caso muito comentado no qual uma jovem sofreu uma lesão cerebral em fevereiro de 2023 após uma grave reação alérgica ao cheirar pimenta em conserva. Os médicos acreditam que o contato da jovem com a pimenta foi um gatilho para ela desencadear uma crise de asma grave, fazendo com que não conseguisse respirar normalmente. Isso levou à baixa circulação de oxigênio para o cérebro e o coração, o que provocou uma parada cardiorrespiratória na jovem. Ela segue em tratamento para as sequelas.

Semana passada, 13 moças e um rapaz foram levados a um hospital no Japão depois que um aluno levou como diversão um salgadinho condimentado com curry e pimenta indiana bhut jolokia, considerada a mais picante do mundo. Eles reclamaram de náuseas e dores agudas ao redor da boca, o que motivou ligações para o corpo de bombeiros e a polícia.

No rótulo, constavam alertas como “não consumo por menores de 18 anos”, “não comer as batatas fritas quando estiver sozinho” e que o produto pode causar diarreia se for consumido “em excesso”.
O site da empresa ainda afirma que quem tem pressão alta e estômago fraco “está absolutamente proibido” de comer  o snack. Alerta as pessoas que apresentam cortes nos dedos para terem cuidado ao abrir os pacotes. Usuários de mídias sociais sugeriram que a embalagem tenha uma escala com “nível de picância”.

Legislação

Atualmente não temos em nosso país  legislação que restrinja ou especifique questões associadas à picância ou concentração de capsaicina nos alimentos. Como consumidora, observo que temos maior tolerância e até preferência por pimentas nas regiões norte e nordeste, e mesmo aversão em outras regiões. A preferência também pode ser geracional, com mais predileção para a geração Z, conforme esta pesquisa. Sendo assim, talvez a polêmica tenha espaço para se desenvolver em nosso território por causa da diversidade de hábitos de consumo.

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Diferenças e semelhanças da rotulagem do frango nos EUA e Brasil – parte 2 de 2

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No primeiro post deste tema (rotulagem do frango), apresentamos e discutimos as informações do painel principal. Dando continuidade, agora abordaremos o leiaute e as informações do painel secundário do produto estadunidense.

Abaixo segue a foto da embalagem (painel secundário) do produto Whole Young Chicken with Giblets – Frango Inteiro com Miúdos – que será alvo das explicações adiante. O produto escolhido possui selo Orgânico, Antibiótico Free, uso de tecnologia de “resfriamento por ar – air-chilled”, OGM Free, frangos criados ao ar livre, com dieta 100% de produtos de origem vegetal.

Figura 1 – Painel Secundário – Frango Resfriado (com miúdos) – Orgânico

Painel secundário rótulo EUA
Painel secundário rótulo dos EUA – arquivo pessoal

Rotulagem Nutricional (Nutrition Facts)

Com relação à rotulagem nutricional, com a vigência da RDC nº 429/2020, que dispõe sobre a rotulagem nutricional dos alimentos embalados, e da IN 75/2020 que estabelece os requisitos técnicos para declaração da rotulagem nutricional nos alimentos embalados, podemos comparar o modelo dos EUA com o brasileiro (Figura 2).

Figura 2 – Modelo de tabela nutricional brasileira (ANVISA)

Tabela nutricional brasileira – IN 75/2020  (Imagem: O Globo)

É possível notar semelhanças e diferenças de informações entre os países:

  Brasil EUA
Informação nutricional por 100g X
Informação nutricional pela porção (xxx g) X X
Valores diários (VD) fornecidos pela porção (xxx g) X X
Frase padrão de % VD para uma dieta de 2.000 calorias por dia ou similar X
Presença de outros micronutrientes como Vitamina D (mcg), Ferro (mg), Cálcio (mg) e Potássio (mg)

X
Presença de nutrientes como carboidratos (g), açúcar total (g), açúcar adicionado (g), proteínas (g), gorduras totais (g), gorduras saturadas (g), gorduras trans (g), fibras alimentares (g), sódio (mg) X X
Colesterol (mg) X
Porção em g X – (oz)

Instrução de Manejo Seguro (Safe Handling Instruction)

Na rotulagem do frango dos EUA, temos uma declaração sobre Food Safety, que traduzida para o português, ficaria da seguinte maneira:

Este produto foi preparado com carne e/ou carne de frango inspecionada e aprovada. Alguns produtos podem conter bactéria que poderia causar doença se o produto for manejado incorretamente ou cozido de forma inapropriada. Para sua proteção, siga essas instruções abaixo de manejo seguro:

  • Mantenha refrigerado ou congelado. Descongelar na geladeira ou em micro-ondas.
  • Mantenha a carne ou carne de frango crua separada de outros alimentos. Lave a superfície de trabalho (incluindo tábuas de corte), utensílios e mãos depois de tocar carne ou carne de frango crua.
  • Cozinhe bem.
  • Mantenha alimentos quentes aquecidos. Refrigere as sobras imediatamente ou descarte.

Para essa informação com instruções de uso, preparo e conservação, temos no Brasil, de forma semelhante, as informações dispostas pela RDC 13/2001 – Regulamento Técnico para Instruções de uso, preparo e conservação na rotulagem de carne de aves e seus miúdos crus, resfriados ou congelados.

Outra informação no rótulo sobre segurança dos alimentos que encontramos é:

Cook meat thoroughly (Cozinhe bem a carne): Cook product to an internal temperature of 185ºF as verified by a meat thermometer. (Cozinhe o produto a uma temperatura de 185ºF (ou 85ºC) verificada por um termômetro de carne.

Todavia, consultando um outro rótulo de carne de frango dos EUA, observado na mesma viagem, percebi que essa informação pode variar, conforme descrição abaixo:

Uncooked (crua): For safety, MUST be cooked to an internal temperature of 165ºF as measured by used of a meat thermometer. (Por segurança, DEVE ser cozida até a temperatura interna de 165ºF (ou aproximadamente 74ºC) conforme medido pelo uso de um termômetro de carne).

Sobre essa instrução, não temos no Brasil, para rotulagem do frango, nenhuma orientação obrigatória específica sobre a temperatura interna segura para o consumo. A empresa pode até colocar isso no rótulo, mas é facultativo. A referida declaração feita nos EUA, em minha opinião, tem uma correlação direta com o HACCP/APPCC, servindo como um elo de comunicação para firmar a responsabilidade do próximo elo da cadeia em eliminar ou reduzir o perigo (Salmonella sp) a níveis seguros, conforme os termos do Codex Alimentarius.

Ingredientes 

Por estarmos comparando um produto cárneo in natura e não temperado/ industrializado, é possível não notarmos diferenças. O único ponto mais peculiar desse item é o fato de a informação sobre os miúdos contidos dentro da carcaça ter uma “possibilidade de ausência de partes”, conforme discorremos no post anterior 1/2.

Indústria Brasileira  

Enquanto no Brasil os rótulos dos produtos devem conter a expressão “Indústria Brasileira” em caracteres destacados conforme Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964 e Decreto nº 1.593, de 21 de dezembro de 1977, nos EUA, ao menos para produtos ligados ao USDA, temos a expressão HATCHED, RAISED & HARVESTED IN USA, que traduzido para o português seria NASCIDO, CRIADO e COLHIDO NOS EUA.

Conclusão

No aspecto de produção de carne de frango, considerando os assuntos regulatórios de rotulagem, o Brasil muito se assemelha aos padrões dos EUA. Embora tenha sido possível notar algumas diferenças entre ambos, é preciso afirmar que existem particularidades para cada país. Contudo, em ambos os países, nota-se a preocupação com a segurança dos alimentos em forma de alerta ao consumidor nos rótulos.

4 min leituraNo primeiro post deste tema (rotulagem do frango), apresentamos e discutimos as informações do painel principal. Dando continuidade, agora abordaremos o leiaute e as informações do painel secundário do produto […]

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OMC publica guia sobre Comércio Ilícito de Alimentos e Fraude Alimentar

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A Organização Mundial do Comércio lançou recentemente um guia sobre Comércio Ilícito de Alimentos e Fraude Alimentar (título original em inglês: Illicit Trade in Food and Food Fraud).

O guia contou com a participação de entidades como Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a International Seed Federation (organização não governamental que representa as indústrias globais de sementes), SSAFE (organização não governamental de segurança dos alimentos) e outros especialistas.

Cada especialista analisou os tópicos relevantes em sua área de expertise e indicou quais as prioridades no combate ao comércio ilícito de alimentos. Além disso, foi indicado como a OMC pode contribuir para mitigar essas práticas.

O guia conta com a seguinte estrutura:

  • Capítulo 1. Combater o comércio ilícito de alimentos e a fraude alimentar
  • Capítulo 2. O conjunto de regras da OMC e o combate ao comércio ilícito de alimentos e à fraude alimentar
  • Capítulo 3. Mapeamento dos impactos negativos do comércio ilícito de produtos agroalimentares e de bebidas face aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas
  • Capítulo 4. Soluções regulatórias e sistemas alimentares pensando no combate a fraude alimentar nas cadeias de abastecimento
  • Capítulo 5. Um retrato das práticas ilegais no comércio de sementes e desafios associados
  • Capítulo 6. Protegendo a cadeia internacional de abastecimento alimentar contra fraudes
  • Capítulo 7. Trazendo justiça criminal para o comércio ilícito de alimentos e a fraude alimentar

O guia pode ser adquirido diretamente no site da OMC, clicando aqui.

Além disso, o guia também considerou as conclusões do simpósio realizado em dezembro de 2023, o WTO’s Annual Agriculture Symposium. As conclusões desse encontro podem ser consultadas aqui.

Se sua empresa está envolvida em comércio internacional, com certeza o combate à fraude é uma preocupação e as informações do guia podem ser usadas como referência para construção de programas mais robustos.

Imagem: www.wto.org

2 min leituraA Organização Mundial do Comércio lançou recentemente um guia sobre Comércio Ilícito de Alimentos e Fraude Alimentar (título original em inglês: Illicit Trade in Food and Food Fraud). O guia […]

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Resumo dos casos de fraude alimentar no mundo em 2023

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Recentemente, o Food Authenticity Network, uma iniciativa público-privada do Reino Unido com foco em aumentar a sensibilização e disponibilização de ferramentas na mitigação de fraude alimentar, disponibilizou um relatório com informações importantes sobre os casos de fraude reportados em 2023.

As informações foram coletadas de três grandes fontes de dados, amplamente utilizadas no mundo inteiro: FoodChain ID, Food Fraud Database, HorizonScan and Safety HUD. Ressalta-se que muitas empresas, em seus programas de mitigação de fraude em alimentos, utilizam essas ferramentas como base de dados para mapear o histórico de fraude relacionado a suas matérias-primas e cadeia produtiva.

Uma das principais conclusões apresentadas no relatório é a divergência entre essas fontes de dados e as de órgãos governamentais.

Os relatórios governamentais indicam que os três grupos de alimentos mais suscetíveis à fraude são: “frutas, vegetais e legumes”, “leite e produtos lácteos” e “bebidas”.

Considerando os relatórios governamentais, mídia e revisões de artigos publicados, os grupos são: “mel”; “ervas e especiarias”; e “carne e aves”.

Observa-se também que, com base na ferramenta FoodChain ID, cinco dessas seis categorias são comuns e, considerando os últimos 10 anos, essas três categorias apontadas aparecem anualmente dentro das categorias com maior incidência de fraude.

Na figura abaixo, é possível observar um gráfico que resume a incidência de fraude nas categorias de alimentos em 2023, considerando as três fontes de informação citadas:

Relatórios oficias regulatórios

Base de dados FoodChain ID

Importante considerar que as fontes de informação não são iguais, possuindo particularidades quanto à coleta, classificação e curadoria dos dados. Por isso é importante que, ao selecionar uma delas para uso no sistema de gestão da empresa, essas particularidades sejam consideradas.

Se quiser saber mais sobre o trabalho do Food Authenticity Network, acesse o site, clicando aqui.

Para acessar o relatório completo (em inglês), clique aqui.

O tema fraude em alimentos já foi discutido diversas vezes aqui no blog. Consulte outras postagens para aumentar seu conhecimento:

   => Ferramentas sobre fraudes em alimentos obtidas de sites seguros

   => Como obter informações sobre fraudes em alimentos

   => Desenvolvimento da estratégia de mitigação de fraude, segundo o programa Food Fraud da U.S. Pharmacopeia

   => A fraude alimentar é assunto criminológico

Imagem:  Safefood 

2 min leituraRecentemente, o Food Authenticity Network, uma iniciativa público-privada do Reino Unido com foco em aumentar a sensibilização e disponibilização de ferramentas na mitigação de fraude alimentar, disponibilizou um relatório com […]

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Hoje é o Dia Mundial da Segurança de Alimentos!

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A Segurança de Alimentos é celebrada em todo mundo nesta sexta-feira, dia 07/06. Você sabia?

Esta é uma iniciativa da ONU que começou em 2019, com a Resolução 73/250, cujo objetivo é valorizar os profissionais e as práticas seguras na produção e distribuição de alimentos.

A OMS e a FAO, desde então, promovem anualmente o Dia Mundial da Segurança de Alimentos, definindo temas e desenvolvendo materiais contendo algumas dicas e insights para as empresas adotarem nesta celebração, publicados em website dedicado.

Estes foram os temas tratados até o momento:

2019   Segurança de Alimentos, responsabilidade de todos
2020   Segurança de Alimentos, responsabilidade de todos [novamente]
2021   Alimentos seguros agora para um amanhã saudável
2022   Alimentação segura melhor saúde
2023   Os padrões alimentares salvam vidas

… e neste ano de 2024 o tema é:

Segurança de alimentos: Prepare-se para o inesperado

É um tema bastante pertinente, ainda mais sob a ótica dos fatos ocorridos recentemente no Rio Grande do Sul (tratamos deste assunto aqui).

Mas o “preparar-se para o inesperado” não contempla apenas preparar-se para situações de emergência por meio de um plano de emergência (tema incluído em normas de SGSA, como a ISO 22000 e abordado no Food Safety Brazil aqui e aqui), mas sim estar pronto para qualquer tipo de situação que tire a empresa do status de normalidade.

Ou seja, é importante as empresas estarem prontas para desvios eventuais que podem ocorrer (e quem trabalha na área sabe que ocorrem). Aliás, sempre digo que sabemos quão boa é a gestão de Segurança de Alimentos exatamente nestes momentos. Estamos preparados para uma situação de recall? E ainda: executaremos o plano de recall, como previsto em lei ou vamos fazer uma reanálise e fingir que nada aconteceu?

Trago abaixo alguns insights importantes do material de apoio, lançado há alguns meses:

  • A preparação é fundamental
    Quando o inesperado acontece, a preparação é fundamental. Os planos nacionais de resposta a emergências em matéria de segurança de alimentos e os sistemas de vigilância reforçados / fortes são essenciais para gerir os eventos de segurança de alimentos. As empresas do setor alimentar devem ter um plano de gestão e resposta que facilite a ação imediata em caso de emergência
  • A colaboração multissetorial garante uma resposta eficaz
    A responsabilidade partilhada pela segurança de alimentos exige colaboração em questões que afetam a todos – global, regional, nacional e localmente. Uma abordagem coordenada entre agências governamentais, autoridades nacionais e a indústria alimentícia ajuda a minimizar o impacto na saúde pública.
  • A rápida troca de informações salva vidas
    O compartilhamento rápido e preciso de informações entre todos os stakeholders relevantes, incluindo agências governamentais, serviços de inspeção, indústrias, laboratórios, organizações internacionais e outros, ajuda a identificar a natureza e a origem dos eventos e salva vidas.
  • A comunicação eficaz mantém a confiança no abastecimento de alimentos
    Fornecer informações precisas, abertas e oportunas às partes interessadas, incluindo prestadores de cuidados de saúde, meios de comunicação social e o público em geral, ajuda a manter a confiança no abastecimento de alimentos e evita novas doenças.
  • Planos de gestão da segurança de alimentos ajudam a proteger os consumidores
    Produtores, importadores, fabricantes, distribuidores e varejistas de alimentos devem ter procedimentos de gestão da segurança de alimentos estabelecidos e atualizados para proteger a saúde pública.
  • A ação decisiva dos operadores do setor alimentício beneficia a todos
    As partes interessadas da indústria devem estar preparadas para implementar planos e abordagens de resposta a emergências, incluindo procedimentos de recall. Os sistemas de rastreabilidade são uma ferramenta eficaz para rastrear os alimentos ao longo da cadeia de suprimentos.
  • Todo mundo é um gestor de riscos
    Todos avaliam os riscos à segurança de alimentos como parte de suas escolhas diárias. Estas escolhas são feitas por indivíduos e coletivamente por famílias, comunidades, empresas e governos.

O Food Safety Brazil parabeniza você que se dedica todos os dias a prover alimentos seguros!

Ahhh… vai celebrar o Dia Mundial da Segurança de Alimentos na sua empresa? Poste fotos nas redes sociais com a hashtag #worldfoodsafetyday.

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Inteligência Artificial e mudanças climáticas: soluções para a produção segura de alimentos

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Atônita e solidária com a recuperação da tragédia climática no Rio Grande do Sul,  resolvi escrever este post sobre as soluções que Big Data pode oferecer em relação à produção segura de alimentos.

Os sistemas de IA podem analisar dados históricos de enchentes, dados meteorológicos em tempo real e as informações topográficas para prever a probabilidade e a extensão das enchentes. Isso permite que as autoridades e agricultores estejam preparados com antecedência e tomem medidas preventivas, como a evacuação de áreas de risco, tal qual vemos nos noticiários com a maioria do povo gaúcho.

Estes dois temas, a inteligência artificial (IA) e as mudanças climáticas, hoje estão nas pautas de quaisquer fóruns para a segurança de alimentos. Existem propostas de previsões por algoritmos de IA que analisam grandes volumes de dados meteorológicos históricos e em tempo real para prever padrões climáticos futuros com maior precisão. Isso permite que os agricultores se preparem melhor para eventos climáticos extremos, como secas, tempestades e ondas de calor, e tomem medidas proativas para proteger suas colheitas.

Pode-se também otimizar a gestão agrícola, ajudando os agricultores a tomar melhores decisões sobre irrigação, uso de fertilizantes e pesticidas, rotação de culturas e outras práticas agrícolas, em prol da redução do impacto ambiental, como a lixiviação de produtos químicos para os corpos d’água.

A IA pode ser usada para analisar imagens de satélite, drones e câmeras de campo para monitorar a saúde das plantas em tempo real, como já ocorre em produção de tomates no Brasil. Isso permite a detecção precoce de doenças, infestações de pragas e estresse hídrico, fazendo com que os agricultores ajam rapidamente para mitigar danos e evitar perdas de colheita. Sensores e dispositivos conectados à Internet podem coletar dados em tempo real sobre o nível de água no solo, a qualidade da água de inundação e outros parâmetros importantes para as plantações. Esses dados podem ser analisados para avaliar o impacto das enchentes nas plantações e orientar as decisões de manejo pré e pós-enchentes.

Alertas da big data podem permitir que governos e organizações tomem medidas preventivas para proteger as comunidades e garantir a segurança alimentar, além da rastreabilidade e monitoramento para uma produção segura de alimentos, desde a produção até a distribuição. Isso inclui a detecção de contaminação em alimentos, garantindo a qualidade e a segurança dos produtos em meio a condições climáticas adversas que podem aumentar os riscos de contaminação. Além disso, temos que considerar até uma mudança do rumo da economia brasileira pela grande importância da produção agropecuária (no RS estima-se quebra de 11% nas lavouras de arroz e de 3% a 6% nas de soja, impactando o custo da ração e do leite, por consequência).

Os cientistas podem usar algoritmos de IA para analisar grandes conjuntos de dados genômicos e fenotípicos para identificar características genéticas em plantas que as tornam mais resistentes a condições climáticas adversas. Assim, é possível acelerar o desenvolvimento de variedades de culturas mais resilientes às mudanças climáticas, levando em consideração fatores como tolerância à seca, resistência às doenças e requisitos de temperatura.

Algoritmos de IA podem ser aplicados em toda a cadeia de suprimentos de alimentos para prever a demanda com maior precisão, otimizar rotas de transporte, ajudando os produtores e varejistas a planejar melhor a produção e evitar superprodução ou escassez ou, ainda, identificando alimentos que estão próximos da data de validade e sugerindo estratégias para reduzir o desperdício, como descontos ou doações (gerenciamento de inventários de forma mais eficiente). Também é possível reduzir as emissões de gases de efeito estufa (o desperdício de alimentos gerou de 8% a 10% das emissões globais de GEE), associadas ao transporte e armazenamento de alimentos. Outra ação é calcular as rotas mais eficientes para a entrega de alimentos perecíveis, minimizando o tempo de trânsito e reduzindo as chances de deterioração durante o transporte.

Há a possibilidade também de os sistemas de visão computacional baseados em IA inspecionarem e classificarem produtos agrícolas com precisão, separando alimentos de qualidade dos alimentos que estão danificados ou prestes a estragar. Desta forma, pode-se dar outra destinação a estes, tal qual algumas startups vêm fazendo com preços super-econômicos de alimentos desclassificados por padrões estéticos, mas igualmente nutritivos (aspecto de segurança alimentar). A própria ONU, por meio do PNUMA, e a Embrapa realizaram um estudo que aponta que as pessoas desperdiçam cerca de 1 bilhão de refeições por dia em todo o mundo, afetando a economia global e fomentando as mudanças climáticas, alertando para a disparidade social. São quase 800 milhões de pessoas passando fome no planeta.  

Enfim, a big data pode desempenhar um papel fundamental na gestão de crises durante e após as enchentes no Rio Grande do Sul, fomentando a produção segura de alimentos. Ela pode fornecer informações e insights valiosos para ajudar os agricultores a mitigar os danos e se recuperar mais rapidamente, garantindo o fornecimento seguro principalmente de grãos e proteínas animais, pois este Estado abastece o restante do país e parte do mundo.

Reflito também constantemente sobre os pequenos empreendedores. Como recomeçar para quem já está cheio de financiamentos? Eles vão reaproveitar paredes, objetos e equipamentos submersos que estariam contaminados ou a melhor prática é substituí-los, mesmo se estiverem em condições de funcionamento? Mas terão recursos para isso?

 Imagem: VisualHunt

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