3 min leitura
1

Segurança de alimentos para nossos pets urgente!

3 min leitura

  

 

 

Queridos leitores, não sei se vocês são como eu, mas sou uma grande fã dos animais: cães, gatos, peixes, pássaros, tartaruga, coelho, cavalo, etc. E por isso, sempre estou preocupada com o bem-estar dos meus amiguinhos de estimação.

Muita gente não sabe, mas os princípios básicos de segurança de alimentos aplicam-se também aos alimentos dados aos animais de estimação. Rações ou snacks contaminados com Salmonella podem causar infecções em cães e gatos. E alimentos para animais que não sejam adequadamente manipulados nas nossas casas podem causar sérias doenças em pessoas também, em especial nas crianças. Eu já coloquei biscoito de cachorro na boca quando era criança, e você? (risos)

Se você também tem animais em casa, uma das coisas mais importantes que você pode fazer pela segurança dos seus bichinhos, pela sua família e pela sua própria segurança, para mantê-los todos livres de doenças transmitidas por alimentos, é lavar as mãos:

– Antes e depois de manusear os alimentos e snacks dados aos animais. Lave as suas mãos por 20 segundos com água quente corrente e sabonete. Dica: Cante “parabéns pra você” duas vezes para ajudar a calcular o tempo.

– Após tocar, acariciar, segurar ou alimentar o seu animal, e especialmente após contato com urina e fezes, lave as suas mãos por 20 segundos.

– Lave as mãos sempre antes de preparar a sua própria comida ou antes de comer.

Como os bebês e as crianças são particularmente suscetíveis a doenças transmitidas por alimentos, mantenha-os afastados das áreas onde os seus animais de estimação se alimentam. Não permita que as crianças toquem ou comam a comida dos animais.

Além de microrganismos, fico também preocupada com outros contaminantes nos alimentos dos animais, como por exemplo, micotoxinas (lembrando que a maioria desses alimentos é fabricada a partir de milho, soja, trigo, arroz e outros grãos, muito suscetíveis à contaminação por micotoxinas, normalmente sendo subprodutos ou rejeitos de moinhos, fábricas de óleo, de amido, etc. e que nem sempre são adequadamente tratados e armazenados). Além disso, é muito comum haver uso de produtos transgênicos (indicados pelo triângulo amarelo com um T nas embalagens). Será que os fabricantes de alimentos para animais têm um mínimo de cuidado na seleção das matérias-primas e no manuseio dos produtos? Quais as consequências para os nossos amiguinhos?

Nos Estados Unidos são registrados anualmente vários recolhimentos de alimentos para animais. Em 2007, algumas rações fabricadas com proteína vegetal importada da China, contaminada com melamina, foram descobertas como sendo a causa da enfermidade de cães e gatos. A proteína foi utilizada também em alimentos para peixes e outros animais que foram destinados ao fornecimento de carne para a alimentação humana, no entanto as autoridades concluíram que o risco para a saúde humana era muito baixo. Muito recentemente, dia 21 de novembro de 2012, um fabricante americano anunciou um recall prioritário de um de seus snacks para cães em que numa amostra houve resultado positivo para a presença de Salmonella. Olhei a lista mais atual publicada no FDA, a grande maioria dos recalls é devido à Salmonella, mas também encontrei recalls por possível excesso de vitamina D ou falta de tiamina (nos alimentos declarados como fortificados), por erros de rotulagem, por presença de material estranho (sim, partículas de plástico duro no alimento, com potencial de causar engasgamento nos cães e gatos), por contaminantes químicos como por exemplo: 1) Contaminação por propilenoglicol em snacks para gatos, com potencial de causar anemia; 2) Contaminação cruzada de alimentos para cavalos com monensina sódica,  substância usada para melhorar o desempenho e o metabolismo dos bovinos, e fatais para os cavalos – sim, isto está escrito nas advertências dos fabricantes de monensina sódica, inclusive houve registro de mortes de cavalos pela ingestão deste alimento contaminado.

Por isso, se os fabricantes ainda não se adequaram, está mais do que na hora. Em casa nós também devemos armazenar corretamente os alimentos para os animais, observar a data de validade, manusear com higiene, lavar os pratinhos, etc. Tanto nossos bichinhos como nós podemos adoecer. Ah, e uma curiosidade: você sabia que a FSSC 22000 (com os PPRs da ISO/TS22002-1, antigo PAS 220) também é aplicável para fabricantes de alimentos para animais de estimação (pet food)? No site da Foundation existe o registro de 14 empresas certificadas no mundo, mas infelizmente nenhuma no Brasil…

3 min leitura       Queridos leitores, não sei se vocês são como eu, mas sou uma grande fã dos animais: cães, gatos, peixes, pássaros, tartaruga, coelho, cavalo, etc. E por isso, […]

2 min leitura
1

Poluentes Orgânicos Persistentes: eles estão entre nós

2 min leitura

Num post anterior, falei da importância do monitoramento ambiental para a segurança dos alimentos. Citei o caso do pesticida DDT e dos danos causados ao ecossistema pelo seu uso. Assim como o DDT, há um grupo de compostos, de origem variada e com diferentes fórmulas químicas, que por seus efeitos adversos ao meio ambiente e à saúde humana, foram denominados POPs (do inglês “Persistent Organic Pollutants”, traduzido para “Poluentes Orgânicos Persistentes”).  Além de sua toxicidade, estes compostos têm em comum algumas características especiais:

  • estabilidade ou persistência no meio ambiente por longo tempo antes de sua decomposição;
  • a bioacumulação: por serem compostos lipossolúveis, acumulam-se nos tecidos vivos;
  • a biomagnificação: sua concentração nos tecidos vivos aumenta à medida que avançamos da base para o topo da cadeia alimentar (vide caso do DDT no post já citado);
  • a capacidade de ser transportado por longas distâncias, seja pelo ar, pela água, por animais migratórios ou por produtos contaminados.

Os POPs são provenientes de três categorias de substâncias:

  1. pesticidas utilizados na agricultura;
  2. produtos químicos industriais cuja dispersão ambiental não foi intencional;
  3. subprodutos de vários tipos de processos industriais ou de  combustão.

Os primeiros indícios do perigo potencial destes compostos surgiram há mais de 50 anos quando resíduos de DDT foram encontrados em tecidos humanos e no leite materno. Pouco tempo depois, descobriu-se que a diminuição da espessura das cascas de ovos de aves marinhas era causada pelo DDT. Sabe-se também que alguns POPs têm a capacidade de interferir e causar danos ao sistema endocrinológico humano e animal. Estas substâncias fazem parte do grupo de “Desreguladores Endócrinos”, assunto também já discutido aqui.

A presença de  POPs em rações animais e em alimentos como  peixes e laticínios tornou-se questão de segurança de alimentos em escala mundial. A partir de 2004, passou a vigorar um tratado internacional, a Convenção de Estocolmo, que classificou 12 substâncias como POPs, proibindo ou restringindo seu uso. São elas: Aldrin, clordano, Dieldrin, Endrin, Heptacloro, Hexaclorobenzeno, Mirex, Toxafeno, Bifenilas Policloradas, DDT, Dioxinas e Furanos. No Brasil, o Decreto 5472, de 2005, promulgou o texto da Convenção de Estocolmo. Em 2009, foram incluídas mais dez substâncias na lista e em 2011, foi a vez do pesticida Endosulfan entrar para o grupo dos produtos banidos.

A Convenção de Estocolmo também criou um Plano de Monitoramento Global dos POPs no ar, no leite humano e no sangue humano. No Brasil, por exemplo, o leite humano é monitorado em São Paulo e em Belo Horizonte e já há dados disponíveis para poder comparar os resultados com o resto do mundo, mas isso é assunto para um outro post.  

Texto elaborado com base no material apresentado por Maria Yumiko Tominaga na IV Conferência Internacional em Segurança de Alimentos, realizada  pela Eurofins em Indaiatuba, SP, em julho de 2012. 

Leia também:

Jogo dos 7 erros: quais as informações obrigatórias que faltam nesta embalagem?

O monitoramento ambiental e a segurança de alimentos

PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) podem ser usadas livremente em alimentos? Entenda a regulamentação

2 min leituraNum post anterior, falei da importância do monitoramento ambiental para a segurança dos alimentos. Citei o caso do pesticida DDT e dos danos causados ao ecossistema pelo seu uso. Assim […]

3 min leitura
0

Controle de Qualidade de Leite UHT

3 min leitura

Para obtenção de um alimento lácteo de qualidade, esse conceito está relacionado com a flora microbiana do leite cru utilizado como matéria-prima. Dependendo da temperatura  condições e extensão da estocagem do leite, vários grupos de microrganismos podem passar por um período de crescimento intensivo.

Em um tratamento térmico UHT o ponto mais importante desse processo é o binômio tempo e temperatura, que garante a obtenção de um processo de esterilização e a segurança desse alimento. É importante que o processo ocorra sem falhas, incrustações em tubulações diminuem a eficiência térmica desses sistemas e problemas na higienização de tubulações podem contribuir para a sobrevivência de microrganismos e bactérias patogênicas.

Dentre os vários microrganismos que podem contaminar o leite “in natura” por meio das fezes e camas dos animais, poeira, equipamentos e utensílios deficientemente higienizados, destacam-se as bactérias pertencentes ao gênero Bacillus, especialmente Bacillus cereus. São bactérias habitantes naturais do solo que estão freqüentemente presentes no leite cru, sendo a resistência ao calor uma característica comum, pelo fato de esporularem, essas características tornam esse microrganismo um potencial deteriorante do produto podendo gerar grandes perdas econômicas para empresa e colocar em risco a saúde do consumidor.

O processo UHT possui a capacidade de destruir quase todas as células vegetativas, porém alguns esporos podem permanecer viáveis, sendo fundamental o monitoramento da qualidade microbiológica do produto a para a segurança do consumidor.

Uma das técnicas de monitoramento da qualidade microbiológica empregada com produtos lácteos UHT é a contagem em placa. Essa metodologia começou a ser desenvolvida no final do século XIX, a técnica de contagem padrão em placa utilizada para mensurar a contaminação de um produto alimentício reflete a qualidade da matéria-prima, bem como as condições de processamento, manuseio e estocagem, permitindo estimar o tempo de prateleira do alimento em questão.

A metodologia de contagem padrão em placa é usada para estimar a população bacteriana em uma amostra, sendo também chamada de contagem de colônias aeróbicas, contagem de aeróbicos em placa, contagem de mesófilos ou contagem total em placa.  A incubação das placas é realizada a temperatura de 32±1ºC por um período de 48±2 horas e a enumeração de microrganismos mesófilos aeróbios é feita selecionando as placas que cotenham entre 25 e 250 colônias.

Outra metodologia para análise de alimentos que foram submetidos ao tratamento térmico UHT é a ATP- Bioluminescência. Bioluminescência é a produção e emissão de luz por um organismo vivo. O ATP é um nucleotídeo e sua função é fornecer energia, e está presente em todas as células, ele desaparece após a morte celular. O ATP em associação com o complexo luciferina-luciferase contribui para a reação de formação de luz.

O sistema para análise de produtos submetidos ao tratamento térmico foi desenvolvido especialmente para excluir o ATP oriundo de outras fontes, (ATP Livre, ATP Parede Celular) restando apenas o ATP microbiano. O resultado da análise baseia-se na quantidade de luz emitida na liberação desse ATP e a sua conversão em luz.

Essa metodologia possui alguns diferenciais pois nem todos os microrganismos crescem em meios tradicionais, o ATP serve para testar aeróbios, anaeróbios e microaerófilos e a redução do tempo de análise com a adoção dessa metodologia, pois a análise é concluída após 48-72 horas de produção, facilitando a redução do inventário da empresa, diminuindo os custos com estocagem.

 

Daniel L. Tasca

Technical Specialist
3M Food Safety

 

 

 

www.3mfoodsafety.com.br

3 min leituraPara obtenção de um alimento lácteo de qualidade, esse conceito está relacionado com a flora microbiana do leite cru utilizado como matéria-prima. Dependendo da temperatura  condições e extensão da estocagem do […]

2 min leitura
2

EFSA apoia nova tecnologia de reciclagem de PET

2 min leitura

A Autoridade Europeia de Segurança de Alimentos (EFSA) concluiu que a tecnologia de descontaminação utilizada para obter reciclado pós-consumo do politereftalato de etileno (PET) para uso em materiais de contato com alimentos não apresenta problemas de segurança.
O comitê da EFSA sobre materiais de contato com alimentos, enzimas, aromatizantes e coadjuvantes tecnológicos estudaram a eficiência da descontaminação das quatro empresas que utilizam a tecnologia VACUREMA Prime.
O parecer foi dado depois que a Agência Britânica de Segurança de Alimentos (FSA) e a Sanitarny Glówny Inspektor, da Polônia, solicitaram a avaliação dos processos de reciclagem de plásticos ecológicos e da empresa Polowat, respectivamente.
O Bundesamt für Verbraucherschutz und Lebensmittelsicherheit, da Alemanha, solicitou a avaliação dos processos de reciclagem das empresas Vogtland e STF.

As etapas críticas
O comitê concluiu que a descontaminação em reatores descontínuos e a descontaminação em reatores contínuos são as etapas críticas para a eficiência dos processos e devem ser mantidas sob controle para garantir o rendimento destes processos. Os parâmetros de funcionamento para controlar o rendimento destas etapas críticas são a temperatura, a pressão e o tempo de residência.
O que se obtém nos processos de reciclagem são flocos lavados com soda cáustica quente, obtidos a partir de garrafas de PET usadas previamente para o acondicionamento de alimentos, recolhidas pós-consumo (nas ruas ou nos depósitos de materiais recicláveis). “Contudo, uma pequena fração deste PET recolhido pode ser proveniente de aplicações não alimentícias, como por exemplo, embalagem de sabonete líquido, enxágue bucal, produtos de limpeza para cozinhas, etc., de acordo com a demanda. A quantidade de PET proveniente de embalagens não alimentícias depende do sistema de coleta. De acordo com a base de dados de cotas de mercado, estima-se que a demanda desta fração esteja abaixo dos 5%”, declarou o comitê da EFSA.
Mediante uma tecnologia especial, os flocos de PET lavados e secos são aquecidos por batelada em um reator descontínuo a vácuo, e depois são novamente aquecidos em um reator contínuo também a vácuo, antes de serem extrusados em grânulos (pellets).

Teste de contaminação
A EFSA realizou testes, através da introdução de contaminantes químicos selecionados no processo, e encontrou que a eficiência de descontaminação oscilou entre 98,3% para o lindano (gama-hexaclorociclohexano) e 99,95% para o tolueno na saída do reator descontínuo. Depois da passagem pelo reator contínuo, nenhum destes contaminantes foi detectado. No entanto, o comitê afirmou que as etapas críticas devem ser controladas, documentadas e estarem disponíveis quando forem operadas em condições como as do teste realizado.
“O PET reciclado obtido através dos processos de Plásticos Eco, Vogtland, Polowat e STF e destinado à fabricação de materiais e artigos com a finalidade de contato com todos os tipos de alimentos, tanto em aplicações de enchimento a quente e/ou armazenamento de longo prazo em temperatura ambiente, não é considerado um problema de segurança”, concluiu a EFSA.

Texto original (em espanhol):
http://www.clubdarwin.net/seccion/tecnologia/efsa-respalda-nueva-tecnologia-de-reciclado-de-pet

2 min leituraA Autoridade Europeia de Segurança de Alimentos (EFSA) concluiu que a tecnologia de descontaminação utilizada para obter reciclado pós-consumo do politereftalato de etileno (PET) para uso em materiais de contato […]

2 min leitura
5

Luvas: o dilema do quando e como usar

2 min leitura

Um dos maiores pontos de discussão durante a implantação das regras de Boas Práticas de Fabricação é a  utilização das luvas descartáveis.
Enquanto alguns exaltam o uso das luvas, outros repudiam fervorosamente sua utilização.
E você, em qual desses movimentos se encontra: Pró ou Contra?

Para facilitar a visualização das facilidades e dificuldades geradas pela utilização das luvas descartáveis, uma tabela será utilizada para identificar, inclusive, em quais momentos o uso deste item se faz obrigatório diante de legislações.

pros_uso_luvas

Para conhecer até onde a alergia pode chegar, vale a pena conferir o trecho de uma reportagem específica sobre alergias no site do G1.

Resumindo então, o bom senso é fundamental na utilização de luvas descartáveis e deve se contar com profundo treinamento e conscientização dos colaboradores que irão utilizá-las, para que regras fundamentais não sejam quebradas, tais como:
– As luvas descartáveis utilizadas durante a manipulação de alimentos devem ser trocadas sempre que houver troca de atividade.
– As luvas devem ser descartadas imediatamente após terem sido retiradas das mãos.
– As mãos devem ser higienizadas imediatamente antes de colocar as luvas.
– As luvas descartáveis não devem ser usadas em procedimentos que diretamente envolvam calor, como cozimento, fritura, preparo de grelhados e assados e, quando do uso de máquinas de moagem, tritura, moldagem, mistura, e outras que acarretem riscos de acidentes.
Quando as luvas descartáveis utilizadas são constituídas do material látex, vale a pena ainda lembrar a respeito das alergias cruzadas que podem ser geradas a partir da manipulação com luvas de um alimento que será fornecido a uma pessoa que possua sensibilidade a alguns alimentos como banana e kiwi. Para quem ficou curioso a respeito desta interação, vale a pena conferir os artigos “Entrevista ASBAI – alergias alimentares” e “Alergias Cruzadas”.

2 min leituraUm dos maiores pontos de discussão durante a implantação das regras de Boas Práticas de Fabricação é a  utilização das luvas descartáveis. Enquanto alguns exaltam o uso das luvas, outros […]

4 min leitura
0

Corantes artificiais causam hiperatividade em crianças?

4 min leitura

Há estudos sugerindo que pode haver uma relação entre a ingestão de aditivos alimentares e efeitos comportamentais em crianças, mas sua validade é controversa.

Quando se trata de corantes artificiais, a questão fica ainda mais complexa por envolver o antagonismo “natural x artificial”, assunto já discutido aqui.

Em geral, as pesquisas que fazem este tipo de associação utilizam metodologias discutíveis, quando não incorretas. Vamos analisar um caso que teve certa repercussão, sobretudo na Europa.

Um estudo de pesquisadores ingleses publicado em 2007 na revista The Lancet concluiu que a ingestão de uma mistura de corantes artificiais associada ao conservante benzoato de sódio poderia causar um aumento da hiperatividade em certos grupos de crianças. No estudo, a maneira de “medir” a hiperatividade foi um indicador denominado de Global Hiperactivity Aggreggate (GHA). Este índice numérico não tem validade clínica e foi criado apenas para este estudo. Ele foi calculado por meio de uma pontuação dada ao comportamento das crianças por seus professores, por observadores situados nas salas de aula e por seus pais. Para as crianças de 8-9 anos, o índice também incluiu um teste computadorizado de atenção.

Na pesquisa, duas misturas de bebidas foram dadas às crianças na forma de suco de frutas:
– Mistura A, contendo quatro tipos de corantes artificiais e mais o conservador benzoato de sódio;
– Mistura B, contendo outros quatro tipos de corantes artificiais e também o conservador benzoato de sódio.
A escolha da mistura A foi baseada num polêmico estudo anterior sobre o mesmo assunto e a mistura B representava os corantes mais utilizados em produtos alimentícios no Reino Unido. O benzoato é um conservante usado geralmente em refrigerantes e outras bebidas.

Como controle, um terceiro grupo de crianças recebeu apenas placebo, ou seja, sucos de frutas sem corantes e sem conservante.

O experimento durou 6 semanas e apresentou os seguintes resultados:
– Nas crianças de 3 anos, houve aumento significativo do indicador GHA para o grupo que recebeu a mistura A em comparação com o grupo de controle. 
– Para o grupo de 8-9 anos, houve efeito significativo no índice GHA das crianças que receberam as misturas A e B quando comparadas às que receberam placebo.

Erros e lacunas

Por solicitação da Autoridade Europeia de Controle de Alimentos (EFSA), um grupo de 19 cientistas avaliou a pesquisa e emitiu um detalhado parecer científico, publicado no EFSA Journal, em 2008.

Primeiramente, utilizando os dados originais, este painel de cientistas constatou erro na análise estatística dos resultados apresentados e recalculou o valor GHA. Pelo cálculo correto, concluiu-se que:
– Nas crianças de 3 anos, não houve aumento significativo do indicador GHA nem para o grupo que recebeu a mistura A nem para o que recebeu a mistura B, em comparação com o grupo que recebeu placebo. 
– Somente para o grupo de 8-9 anos, houve efeito significativo no índice GHA das crianças que receberam apenas a mistura A, quando comparadas às que receberam placebo.

Além disso, o Painel também fez os cálculos utilizando um índice GHA no qual as pontuações dadas pelos pais foram excluídas, ou seja, considerando apenas as pontuações de observadores independentes e dos professores. Os resultados desta nova análise indicaram que os efeitos significativos registrados inicialmente nas crianças de 3 anos foram largamente direcionados pela observação dos pais. Em pesquisas deste tipo, não se recomenda a utilização de pais como observadores do comportamento dos filhos. 

O Painel concluiu que o estudo provê uma evidência limitada de que uma mistura de corantes sintéticos mais benzoato de sódio tem um pequeno efeito na atividade e atenção de algumas crianças selecionadas na população em geral, embora os efeitos não sejam observados para as crianças de todas as faixas etárias e não sejam consistentes para as duas misturas testadas.

A descoberta pode ser relevante apenas para indivíduos específicos numa população, que sejam sensíveis aos aditivos alimentares ou aos corantes sintéticos em particular. Contudo, não é possível avaliar a prevalência desta sensibilidade na população em geral e dados confiáveis sobre sensibilidade aos aditivos isoladamente não são disponíveis.

O significado clínico dos efeitos observados permanece obscuro, uma vez que não se sabe se estas pequenas alterações na atenção e atividade poderiam interferir no trabalho escolar ou em outras funções intelectuais.

O parecer dos especialistas ainda enumerou outras lacunas e falhas metodológicas do estudo, como a impossibilidade de avaliar os resultados com respeito aos efeitos unitários dos aditivos testados e o fato de o indicador GHA não ter significado clínico. Também não se conhece nenhum mecanismo biológico capaz de induzir efeitos comportamentais pelo consumo de corantes artificiais.

Analisando as evidências e as consideráveis incorreções, o Painel dos cientistas da Autoridade Europeia decidiu que os dados do estudo não podem ser usados para promover alterações da Ingestão Diária Aceitável (IDA) dos corantes analisados nem do benzoato de sódio.

Fontes:

McCann, D., Barrett, A., Cooper, C., Crumpler, D., Dalen, L., Grimshaw, K., Kitchin, E., Lok, K., Porteous, L., Prince, E., Sonuga-Barke, E., O’Warner, J., Stevenson, J., 2007. Food additives and hyperactive behaviour in 3-year-old and 8/9-year-old children in the community a randomized, double-blinded, placebo-controlled trial. The Lancet, Vol. 370, Issue 9598, 1560-1567.

Scientific Opinion of the Panel on Food Additives, Flavourings, Processing Aids and Food Contact Materials (AFC) on a request from the Commission on the results of the study by McCann et al. (2007) on the effect of some colours and sodium benzoate on children’s behaviour. The EFSA Journal (2008) 660, 1-53.

Leia também:

Exposição de crianças aos corantes artificiais continua preocupando

Adoçantes artificiais ajudam a engordar??

Batata geneticamente modificada, que não escurece e produz menos acrilamida, é liberada nos EUA

4 min leituraHá estudos sugerindo que pode haver uma relação entre a ingestão de aditivos alimentares e efeitos comportamentais em crianças, mas sua validade é controversa. Quando se trata de corantes artificiais, […]

2 min leitura
0

Mídia – Uma Aliada para a Segurança dos Alimentos

2 min leitura

Uma equipe da BBC inglesa acaba publicou uma reportagem na qual se descobriu sobre a venda ilegal de grandes quantidades de carne no mercado Ridley Road, em Londres. Conforme o site operamundi da uol, jornalistas disfarçados conseguiram flagrar diversos comerciantes vendendo alimentos que não passaram por nenhuma fiscalização oficial, representando um grande perigo à saúde da população britânica. As lojas disponibilizavam ovelhas e cabras preparadas com técnica proibida nas leis européias e, pior, carne de rato proveniente de Gana.

O citado mercado já é conhecido pelo comércio ilegal de alimentos, mas o órgão público responsável pela vigilância sanitária no bairro, não realiza inspeções no local há três anos. A última inspeção ocorreu quando o jornal britânico Independent revelou a importação de mais de dez toneladas de carnes ilegais todos os dias nos mercados de Londres.

Fonte: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/24392/grandes+quantidades+de+carne+de+rato+sao+vendidas+ilegalmente+em+londres+.shtml

Historicamente, a participação da imprensa na fiscalização de alimentos parece ter uma importância bastante significativa. Muitas vezes, um grave problema só é resolvido após divulgado pela mídia. São diversos os exemplos de surtos de doenças veiculadas por alimentos, no Brasil e no mundo, que são apurados e solucionados somente depois que aparecem na TV ou na internet.

Algumas reportagens podem, inclusive, influenciar a estruturação dos órgãos responsáveis pela fiscalização. Sem dúvida, o fato mais marcante que envolveu a mídia brasileira na fiscalização de alimentos foi a publicação de uma reportagem, no ano de 1970, sobre as condições precárias em estabelecimentos de produtos de origem animal. A reportagem intitulada “Ameaça na Carne”, da antiga Revista VISÃO, provocou reações do governo da época, que culminaram com a federalização da inspeção sanitária – os Estados perderam a prerrogativa de realizarem a inspeção desses produtos. Esse processo não durou muito tempo e, através de convênios, poucos anos depois, os Estados voltaram a exercer a fiscalização sobre os produtos de origem animal.

Outro fato interessante e curioso aconteceu nos Estados Unidos, algumas décadas antes. O jornalista Upton Sinclair publicou em 1906 o livro “THE JUNGLE”, onde foram relatados os horrores de se trabalhar em um frigorífico e as péssimas e anti-higiênicas condições dos currais, onde trabalhavam os assalariados desses frigoríficos. O livro foi tão incisivo que o presidente Roosevelt apresentou um relatório ao Congresso Nacional Americano que, juntamente com a pressão da opinião pública, levou à aprovação da Lei de Inspeção de Carnes. Essa Lei estabeleceu o Bureau de Química, que mais tarde, em 1930, se tornaria a Food and Drug Administration – FDA. Nos Estados, no ano de 2001, o escritor Eric Schlosser publicou o livro “País Fast Food”, que muitos estão chamando de “A Nova Selva”. O livro fala sobre a indústria americana da comida rápida e provocou diversas conseqüências, como, por exemplo, a revisão da legislação americana relacionada ao assunto.

É pessoal, frequentemente só se consegue resolver algum problema grave quando o responsável aparece na TV, na internet ou nas páginas de um livro. Infelizmente é assim que funciona.

2 min leituraUma equipe da BBC inglesa acaba publicou uma reportagem na qual se descobriu sobre a venda ilegal de grandes quantidades de carne no mercado Ridley Road, em Londres. Conforme o […]

2 min leitura
5

Dicas para instalação de armadilhas luminosas

2 min leitura

As armadilhas luminosas são equipamentos importantes no Controle Integrado de Pragas (CIP) e principalmente para o combate aos insetos voadores.

Para que as armadilhas atuem eficientemente como agentes do CIP, deve-se ter muito cuidado com a escolha do local onde elas serão instaladas para evitar danos ao equipamento ou até mesmo a contaminação do produto acabado.

Para obter maior eficiência da armadilha, são recomendados os seguintes cuidados quanto ao local de instalação:  

  • Escolha o local de maior incidência de insetos, ou locais onde a sua presença impõe risco ao processo produtivo;
  • Evite instalar o aparelho próximo a fontes de luz, pois sua eficiência será reduzida;
  • Não coloque a armadilha em locais com possibilidades de chuva ou vazamentos;
  • Não instale o aparelho em locais onde haja gases ou líquidos inflamáveis;
  • Não utilize armadilhas com placa adesiva em locais onde haja poeira;
  • Instale o aparelho a uma altura média de 1,5 a 1,8 metros;
  • Instale a armadilha em áreas próximas ao lixo ou outros atrativos para os insetos;
  • Não colocar aparelhos de eletrocussão sobre a área de manuseio de alimentos, pois a fragmentação do inseto causará uma contaminação física (fragmentos) e microbiológica no ambiente;
  • As armadilhas devem ser instaladas de maneira que não atraiam insetos da área externa, e portanto, não devem estar de frente para janelas e portas;
  • As armadilhas são instaladas para evitar a entrada de insetos, e por isso devem ser instaladas próximas às portas de acesso;
  • Algumas armadilhas luminosas devem ser instaladas em pontos estratégicos para capturar os insetos que conseguiram entrar e passaram pela armadilha da porta de acesso;

  Vale lembrar que o horário de maior atração de insetos é durante a noite, pois durante o dia, a luz do aparelho compete com a luminosidade com outras fontes como sol e outras lâmpadas. Recomenda-se que os aparelhos sejam mantidos ligados 24 horas por dia.


 

2 min leituraAs armadilhas luminosas são equipamentos importantes no Controle Integrado de Pragas (CIP) e principalmente para o combate aos insetos voadores. Para que as armadilhas atuem eficientemente como agentes do CIP, […]

2 min leitura
0

Visão da CitrusBR sobre o caso Carbendazim

2 min leitura

O caso Carbendazim

Christian Lohbauer, presidente executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos – CitrusBR, apresentou no evento U.S. & Brazil Navigating New Fronties in Pharmaceutical, Medical Device and Food Law and Regulation um estudo de caso sobre a ação regulatória do FDA intitulado Suco de laranja Brasileiro: O caso Carbendazim.

Entendendo o caso:

28/12/2011: Engarrafadora americana (Coca- cola) detecta traços de carbendazim no suco de laranja importado do Brasil.

04/01/2012: FDA informa que tolerância para este principio ativo havia expirado em 2009 e que conduziria análises nos sucos importados, recusando carregamentos com mais de 10ppb (limite de detecção) tanto para suco concentrado quanto para suco não concentrado. Os sucos já importado teria limite de 80ppb.

09/01/2012:Carta enviada pelo FDA para a Juice Products Association (JPA) informa que nível encontrado era baixíssimo (35ppb) e 100% seguro para o consumo, mas mesmo assim foi considerado ilegal pelo FDA por não ter registro válido.

16/01/2012: CitrusBR e Fundecitrus formam grupo de trabalho técnico para avaliar a questão.

19/01/2012 a 26/01/2012: Remoção do Carbendazim da lista PIC – Produção integrada dos Citros e inclusão da lista atualizada no site da CitrusBR e em contratos de compra da fruta. No entanto é possível que baixos níveis de Cabendazim continuem a ser encontrados no suco por alguns meses já o que o princípio ativo já teria sido usado na cultura. CitrusBR solicitou ao FDA um período de adaptação e realizou um estudo de impacto econômico do caso Carbendazim na economia americana.

16/02/2012: FDA rejeitou as solicitações da CitrusBR e desde 13/01/2012 vem barrando os lotes de suco de laranja com mais de 10ppb de carbendazim.

 

Diversos níveis aceitáveis para o Carbendazim são observados ao longo do mundo. A tabela a seguir apresenta alguns destes valores:

 

 

Apesar do nível encontrado no suco brasileiro ter sido 35ppb, valor este muito mais baixo do que o recomendado pelas referências acima, o caso teve grande repercussão na mídia mundial e principalmente na mídia americana, gerando significativa queda na comercialização e no consumo do produto.

Para exemplificar o impacto, foi apresentado o seguinte dado: Na safra 2011/2012 foram comercializados para os EUA 153.522 toneladas de suco concentrado enquanto que a previsão para a safra de 2012/2013 é de 70 a 100.000 toneladas.

Para concluir a apresentação, Lohbauer fez as seguintes considerações:

  • Na visão da CitrusBR, deveria haver um modo diferente de tratar a questão, uma vez que os brasileiros nãoestavam deliberadamente tentando infringir normas norte-americanas e que o nível de Carbendazim encontrado não era prejudicial à saúde.
  • Estudos científicos de diversos países e do Codex Alimentarius, indicam claramente qu os valores de carbendazim no suco de laranja brasileiro não tornam o produto inseguro para o consumo.
  • Brasil poderia ter recorrido a OMC acusando os EUA por discriminação de produto, visto que o limite estabelecido para o suco já importado foi de 80ppb e para novas remessas 10ppb e por terem estabelecidos LMR abaixo do estabelecido pelo SPS e pelo Codex Alimentarius (mesmo sendo signatários), mas preferiu não faze-lo.
  • Forma de conduzir o caso alarmou os consumidores de suco de laranja nos EUA, causando prejuízo também para processadoras americanas e uma situação sem nenhum ganhador. 

2 min leituraO caso Carbendazim Christian Lohbauer, presidente executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos – CitrusBR, apresentou no evento U.S. & Brazil Navigating New Fronties in Pharmaceutical, Medical Device […]

2 min leitura
0

O monitoramento ambiental e a segurança de alimentos: DDT e biomagnificação

2 min leitura

Durante a IV Conferência Internacional em Segurança dos Alimentos organizada pela Eurofins (Indaiatuba, SP, 19 e 20/07/12), a apresentadora Maria Yumiko Tominaga, gerente da Divisão de Análises Físico-Quimicas da Cetesb, destacou a importância do monitoramento ambiental para a gestão da segurança do alimento.

Uma das figuras apresentadas em sua palestra me chamou particularmente a atenção:

 DDT_ambiente

Trata-se de uma  figura retirada do  livro “Living in the environment” (Scott Spoolman and G. Miller, 2011) e ilustra um estudo clássico sobre a biomagnificação do pesticida DDT.

Biomagnificação é o aumento da concentração de contaminantes nos tecidos vivos à medida que se avança nos níveis tróficos da cadeia alimentar. Este aumento é resultante principalmente da dieta alimentar.

Observem a figura. No estudo apresentado, as águas da região próxima de Long Island, no estado de Nova York, nos anos 1960, estavam contaminadas com 0,000003 ppm do pesticida DDT. Já os peixes pequenos chegavam a apresentar 0,5 ppm de DDT e nos pássaros que se alimentavam exclusivamente de peixes, como as águias marinhas (ospreys), a concentração de DDT chegou a 25 ppm. Fazendo as contas, o aumento na concentração de DDT ou sua biomagnificação foi de 8.300.000 vezes! Como consequência, as cascas dos ovos destas aves tornavam-se tão frágeis que elas não conseguiam mais se reproduzir, o que quase causou a extinção da espécie.

Estudos como este levaram ao banimento do uso do DDT nos Estados Unidos, o que ocorreu em 1972 e possibilitou a recuperação gradual da população desta e de outras aves marinhas.

Pensando que somos o último nível da cadeia alimentar e em tudo que pode estar contido no meio ambiente, mesmo na água ou no alimento que não ingerimos diretamente, mas que é ingerido pelos animais que consumimos, é fácil entender por que o monitoramento ambiental é considerado mais um pilar da Segurança dos Alimentos.

Leia também:

Poluentes Orgânicos Persistentes: eles estão entre nós

Alimentos “politicamente seguros”: arsênio, agrotóxicos e mais

Trabalho em equipe: a solução veio da participação

2 min leituraDurante a IV Conferência Internacional em Segurança dos Alimentos organizada pela Eurofins (Indaiatuba, SP, 19 e 20/07/12), a apresentadora Maria Yumiko Tominaga, gerente da Divisão de Análises Físico-Quimicas da Cetesb, destacou […]

Compartilhar
Pular para a barra de ferramentas