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Fluxograma para implementação do requisito adicional da FSSC 22000 de gestão de equipamentos

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Recentemente foi lançado pela Foundation o documento guia de gestão de equipamentos.

O documento pode ser acessado na íntegra através desse link. De forma complementar, a nossa colunista Cíntia Malagutti publicou dois posts relacionados ao tema, um com dicas de elementos a serem considerados na elaboração de uma especificação (acesse aqui) e outro sobre orientações para elaboração de uma especificação de compras (acesse aqui).

Para facilitar o entendimento do tema e do guia, elaboramos um fluxograma de resumo das principais etapas abordadas pelo guia, a fim de ajudar a implementar esse requisito na prática.

Inicialmente é importante constituir uma equipe multidisciplinar e, a partir dela, avaliar o impacto do novo equipamento ou da sua mudança. No caso de o projeto sanitário do equipamento ter impacto na segurança dos alimentos, o requisito de gestão de equipamentos se aplica. Situações em que o equipamento tem contato direto com o produto ou pode introduzir perigos no produto ou processo são exemplos de impactos na segurança do produto.

Em seguida, devem ser coletadas informações de entrada sobre os requisitos aplicáveis aos equipamentos e seu uso pretendido. Um equipamento usado para pasteurização de leite pode ter requisitos diferentes de outro usado para processamento de suco, por exemplo. Com essas informações, deve ser feita uma avaliação de riscos para a segurança dos alimentos do novo equipamento ou da mudança.

No documento guia do EHEDGE, há orientações importantes que podem ser usadas para essa avaliação.

A partir da avaliação de risco, será possível definir quais os requisitos de compra, de forma a mitigar os perigos identificados. Da mesma forma, poderão ser estabelecidos os documentos a serem apresentados pelos fornecedores, de forma a atender os requisitos definidos.

Por fim, porém não menos importante, é necessário fazer o comissionamento do equipamento, de forma a garantir que seu recebimento, instalação e uso atendam os requisitos definidos. Na sequência, no caso de mudanças, é importante que seja seguido o mesmo fluxo de gerenciamento, a fim de garantir as características sanitárias do equipamento.

Você pode acessar uma cópia na íntegra do fluxograma clicando aqui.

Sua empresa está preparada para implementar esse requisito?

Imagens https://inycomindustria.com

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Publicação de Guia para Programa de Monitoramento Ambiental, com indicadores e níveis aceitáveis

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Seja por ser requisito dos principais esquemas de certificação ou pela sua relevância para a segurança dos alimentos, um programa de monitoramento ambiental é essencial para as empresas acompanharem a eficácia das medidas de controle de contaminação microbiológica.

Entretanto, os responsáveis por esses programas sempre têm dúvidas, como: quais microrganismos considerar, frequência e pontos de coleta, quais os níveis aceitáveis para os resultados etc.

Nesse intuito, a Neogen/3M em parceira com a Cornell University, publicou um guia completo para auxiliar os responsáveis pelos sistemas de gestão a implementar o programa de monitoramento ambiental nas organizações. O guia é composto por 8 capítulos, estruturados da seguinte forma:

  1. A importância da amostragem ambiental em programas de qualidade e segurança de alimentos
  2. Monitoramento de higiene baseada em proteína e ATP
  3. Monitoramento ambiental para organismos indicadores
  4. Monitoramento ambiental para patógenos
  5. Monitoramento ambiental para organismos deteriorantes
  6. Monitoramento ambiental para alérgenos
  7. Condução de mudanças significativas em sua organização por meio da cultura e do monitoramento ambiental
  8. Orientação de amostragem ambiental

O guia apresenta informações relevantes que podem servir de base para o programa de monitoramento ambiental, como definição de zonas de amostragem, com base em risco:

Outra informação bastante útil é a orientação de microrganismos indicadores e níveis aceitáveis para os resultados de análises:

Esse guia apresenta diversas informações que podem ser utilizadas tanto no planejamento do programa de monitoramento ambiental como na análise dos resultados e investigação de desvios e contaminação.

Para saber mais, acesse o documento completo aqui.

Além disso, para saber mais sobre o tema, acesse outras publicações do blog, como:

Monitoramento ambiental de patógenos (PEM) para alimentos de baixa atividade de água

Elaborando um plano de monitoramento ambiental

Quais microrganismos devo considerar no Plano de Monitoramento Ambiental?

Monitoramento ambiental de alergênicos

Imagem: Food Engineering

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Literatura científica para embasar sua validação e limpeza de alergênicos

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O Food Standards Agency, departamento governamental de proteção à saúde pública e demais interesses dos consumidores em relação aos alimentos na Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte, publicou recentemente o International review of the literature and guidance on food allergen cleaning (Revisão internacional da literatura e orientação sobre limpeza de alergênicos alimentares).

Esse estudo foi conduzido pela Campden BRI e tem por objetivo tanto uma revisão sistemática da literatura internacional sobre limpeza de alergênicos, como a definição de guias sobre as melhores práticas observadas nessas publicações.

Inicialmente é apresentada a metodologia de pesquisa e critérios de seleção dos trabalhos para criação de uma base de dados bibliográfica. Em seguida, são apresentados os resultados obtidos nessa pesquisa.

O mais interessante para quem atua na área é que todos os comentários apresentados referenciam os artigos originais. Dessa forma, é possível usar essas informações como base para elaboração e validação dos programas de validação das organizações.

No quadro abaixo são apresentadas algumas das informações sobre princípios de higienização.

Tipo de limpeza

Foco

Achados relevantes na pesquisa

Somente uso de água

Temperatura da água

A água não foi eficaz na remoção de sujeira de leite quente do aço inoxidável em pratos.

Em contraste, a água sozinha a 62,8ºC e 73,8ºC foi eficaz removendo sujeiras de leite frio.

A água sozinha a 62,8ºC foi eficaz em remoção de sujeira de manteiga de amendoim da maioria das superfícies de contato com alimentos estudadas, mas não à temperatura ambiente.

Jackson et al. (2008)

Linhas compartilhadas com produtos diferentes

Lavagem de linhas de processamento em escala piloto utilizadas para produção de barras de cereais e muffins contendo amendoim, ovo e leite com água quente (54-60ºC) foi eficaz para a linha de barras de cereais, mas não para a linha de muffins.

Zhang (2014)

Diferentes tipos de material de contato

Água corrente a 28ºC foi eficaz na remoção de >95% de extrato de laranja de aço inoxidável e vidro; no entanto, não foi eficaz para polipropileno e madeira.

Kiyota et al. (2017)

Uso de produtos químicos em limpeza úmida

Químico versus temperatura

Produto alcalino clorado foi capaz de remover todos os resíduos de leite quente, mesmo quando a solução detergente estava à temperatura ambiente. Tanto o alcalino clorado e o detergente ácido a 62,8ºC foram capazes para remover efetivamente todos os resíduos de manteiga de amendoim do contato com alimentos superfícies, mas isso não foi alcançado à temperatura ambiente.

Teste ELISA

Uma limpeza úmida envolvendo detergente, enxágue e secagem ao ar de um moinho e concha usados para processar chocolate ao leite resultou em níveis de leite abaixo LQ ELISA para todo o lote de chocolate amargo produzido após a limpeza.

Zhang et al. (2019)

Processo completo de higienização

Um método de limpeza completo (lavar com detergente-enxaguar-higienizar-secar ao ar) foi consistentemente eficaz na remoção de uma variedade de alimentos alergênicos de superfícies de aço inoxidável, plástico e madeira, além de manteiga de amendoim, que foi detectado em plástico texturizado e algumas superfícies de madeira.

Bedford et al. (2020)

O estudo também apresenta informações relevantes sobre os métodos de detecção, que devem ser usados em protocolos de validação e rotinas de monitoramento ou verificação, como observado a seguir:

  • Embora as superfícies estivessem visualmente limpas, resultados positivos de ELISA foram encontrados – Spektor (2009)
  • Em ensaios comparando ATP e proteína, quando detectados resíduos em um equipamento de processamento de frango empanado, a bioluminescência de ATP foi identificada como um indicador substituto eficaz de gliadina residual (por ELISA) – Wang, Young and Karl (2010)
  • ELISA e SWAB de proteínas foram ferramentas igualmente eficazes para detectar alimentos resíduos nos cenários de lavagem a seco, mas nem sempre concordaram com inspeção visual – Jackson and Al-Taher (2010)
  • Ao longo do estudo, algumas superfícies visualmente limpas produziram resultados LFD positivo – Courtney (2016)
  • Resíduos alergênicos foram consistentemente detectados por LFDs após raspar ou escovar na maioria das condições, mesmo que as superfícies pareciam visivelmente limpas e passou no teste de ATP – Chen et al. (2022)

Além disso, também são apresentados 14 princípios para validação da limpeza para remoção de alergênicos:

  1. É necessária validação da limpeza para remoção de alérgenos
  2. Os procedimentos de limpeza devem ser definidos e completamente documentados
  3. Considere a forma física do alérgeno
  4. A validação deve considerar o “pior cenário”
  5. A validação deve envolver análise apropriada de alérgenos, sempre que viável e apropriado
  6. A validação deve incluir verificações de visivelmente limpos
  7. A validação deve demonstrar que a limpeza é eficaz em vários ciclos de produção
  8. A revalidação dos procedimentos de limpeza deve ser realizada periodicamente e se mudanças significativas acontecerem
  9. Procedimentos apropriados de amostragem/esfregaço devem ser determinados
  10. Concentre a amostragem em áreas difíceis de limpar que possam reter resíduos de produtos
  11. Incluir controles positivos na amostragem
  12. Selecione um método analítico apropriado
  13. Métodos analíticos devem ser validados
  14. Os resultados analíticos devem atender a critérios aceitáveis

Muitas das informações apresentadas, cientificamente comprovadas, servem para nos orientar nos processos que conduzimos de planejamento e validação das limpezas.

Além disso, devemos analisar criticamente se as práticas aplicadas atualmente realmente garantem a remoção dos alergênicos e a segurança nos monitoramentos e verificações executados.

Para acessar o documento completo, utilize esse link.

Não deixe de acessar outras postagens do blog sobre o tema:

Validação de limpeza de equipamentos contendo alimentos alergênicos

A importância da limpeza no controle de alergênicos em alimentos

Imagem: Godairyfree

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Como identificar se uma legislação está vigente ou revogada

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Uma dúvida muito recorrente entre os profissionais da área de alimentos é saber se uma legislação está vigente ou se já foi revogada.

Por muito tempo, saber a situação atual de uma legislação e o histórico relacionado a ela foi um desafio. Aqueles que atuam há mais tempo na área, com certeza já devem ter “perdido” horas a fio nesses processos que pareciam uma investigação.

Atualmente, para nossa felicidade, essa busca foi extremamente simplificada por algumas ferramentas desenvolvidas pelos órgãos regulamentadores. Neste post, vamos apresentar essas ferramentas para que você nunca mais tenha dúvidas sobre uma legislação.

 ANVISA

Foi a pioneira nesse modelo de organização, com o lançamento da famosa “Biblioteca de alimentos”. Nesse documento em pdf, disponível no site da ANVISA e constantemente atualizado, há um compilado com as principais legislações relacionadas ao órgão, incluindo temáticas como: registro de produtos, BPF, materiais de contato, contaminantes etc.

Você pode acessar o documento na íntegra clicando na imagem abaixo:Outra ferramenta muito útil é o painel de pesquisa de legislação. Além de contar com todas as informações presentes na Biblioteca, você pode pesquisar as legislações conforme parâmetros específicos, assim como visualizar todo o histórico do ato.

Acesse o painel clicando na imagem abaixo:

MAPA

Ainda que posteriormente, o MAPA também se mobilizou para oferecer uma ferramenta para consulta de legislações. A mais recente e completa é o SISATOS, onde é possível a pesquisa de legislações por parâmetros, bem como visualizar o histórico do ato.

Você pode acessar a plataforma clicando na imagem abaixo:

 Além disso, o Ministério também disponibiliza alguns consolidados online para facilitar o acesso a temas específicos, tais como:

Acesso aos RTIQ (Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade) por categoria, para produtos de origem animal:

 Compêndio das legislações de produtos vegetais: 

 Cartilhão de Bebidas, com um consolidado de todas as legislações aplicáveis a bebidas: 

INMETRO

Na plataforma do INMETRO, em um único endereço, estão disponíveis diversas ferramentas, como: consulta dos atos normativos por parâmetros, visualização das últimas alterações e consolidados por temas específicos.

Você pode acessar essa plataforma clicando na imagem abaixo:

E você, já conhecia todas essas ferramentas de busca por legislações?

Deixe estes links salvos na sua barra de favoritos e nunca mais fique em dúvida sobre a atualização das legislações aplicáveis aos produtos e processos com os quais você está trabalhando.

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Perigos à segurança dos alimentos da carne cultivada em laboratório

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No dia 21 de junho, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) regulamentou a produção e comercialização da carne cultivada em laboratório (cell-based meat) nos Estados Unidos. Por meio da FSIS DIRECTIVE 7800.1, que pode ser acessada na íntegra aqui, foram regulamentadas questões relacionadas à inspeção e verificação das atividades de fabricação destes alimentos.

A temática de carne cultivada em laboratório já foi discutida previamente aqui no blog, em duas publicações que merecem destaque. Em julho de 2022 a colunista Luiza Dutra realizou uma entrevista com a especialista e pesquisadora Aline Silva, em que foram discutidas questões de elaboração desse tipo de produto, bem como os principais desafios enfrentados na época. A postagem na íntegra pode ser acessada nesse link.

Em seguida, em setembro do mesmo ano, Juliane Dias dedicou uma postagem na íntegra detalhando as principais etapas de produção e questões relevantes para a segurança dos alimentos durante a elaboração dos produtos. A postagem pode ser acessada aqui e é altamente recomendada caso você queira entender um pouco mais sobre essa tecnologia.

No Brasil, ainda não há regulamentação ou especificações para esse tipo de produto. Entretanto, há um claro movimento de mercado no sentido da carne cultivada em laboratório e nós, como profissionais da segurança dos alimentos, devemos estar preparados para essa tendência.

Para nos auxiliar na compreensão desses aspectos, recentemente a FAO lançou o guia “Food Safety Aspects of Cell-Based Food” (Aspectos de Segurança dos Alimentos baseados em células – tradução livre), disponível para download nesse link. O documento aborda os seguintes elementos:

  • Limitações de aspectos técnicos, como uso de terminologias para essa categoria de produtos, entendimento genérico de produção e questões regulatórias;
  • Estudo de casos de países como Israel, Catar e Singapura;
  • Identificação de perigos à segurança dos alimentos.

A identificação de perigos na produção de carne cultivada em laboratório foi resultado do trabalho de um painel de 23 especialistas sob coordenação da FAO em Singapura, em novembro de 2022. O trabalho foi desenvolvido com base na análise das quatro principais etapas de fabricação: fonte das células, produção, colheita e processamento do alimento.

Na tabela abaixo é possível observar um resumo dos principais perigos potenciais em cada uma dessas etapas.

Perigo

Justificativa

Perigos físicos

Originado em qualquer etapa de processo que, se não controlado, pode resultar em uma contaminação física do produto

Drogas veterinárias

Originado dos tecidos utilizados, que não será degradado nas etapas posteriores de produção

Toxinas microbianas

Originado dos tecidos utilizados ou como resultado de uma contaminação microbiológica nas etapas de produção com geração da toxina em condições específicas de crescimento

Transformação físico-química de substâncias químicas e aditivos

Produtos utilizados durante as etapas de produção podem passar por transformação físico-química, gerando resíduos de metabólitos e outros químicos

Resíduos

Químicos adicionados intencionalmente durante a produção podem estar presentes no produto acabado, como antimicrobianos para prevenir contaminação, nutrientes e estabilizantes dos meios de cultura, moduladores da função celular e outros elementos usados para estabilidade celular

Microrganismos patogênicos

Microrganismos não detectados originados dos tecidos utilizados ou dos meios de cultura que sobrevivam às etapas iniciais de processo. Além disso, pode haver contaminação cruzada nas etapas de processamento ou dos operadores, assim como nos alimentos tradicionais

Novas substâncias geradas pela modificação genética

A modificação genética da fonte animal pode resultar em nova substâncias, como moléculas bioativas ou proteínas com efeito tóxico ou alergênicos

Alergênicos

Proteína animal e os demais agentes dos meios de cultura e químicos utilizados podem causar reações alérgicas. Além disso, as modificações genéticas podem resultar em novas ou aumentadas reações alérgicas

O quadro apresentado é apenas um resumo. Caso você tenha interesse, o documento completo da FAO apresenta os perigos potenciais específicos para cada sub-etapa de processamento, assim como indica medidas de mitigação que podem ser utilizadas para controle ou redução dos perigos a níveis aceitáveis.

Ainda que as publicações sejam recentes e a tecnologia emergente, essa já é uma realidade que tende a se consolidar nos próximos anos. Cabe a nós, profissionais da segurança dos alimentos, nos atualizarmos e nos adaptarmos a essas tendências e inovações.

E você, já havia enxergado quais os perigos que podem estar presentes nas carnes cultivadas em laboratório? Faça seus comentários.

Imagem: www.startse.com

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Afinal, existem níveis seguros para não declarar alergênicos?

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O tema “alergênicos” é e sempre será de extrema relevância para a segurança dos alimentos. Seja pelo alto impacto à saúde dos consumidores, como já relatado no blog (aqui e aqui), seja por ser encarado como um requisito legal pela RDC n°727/22 e a exigência do PCAL (Guia da Anvisa disponível nesse link) ou pela exigência de controle por todos os protocolos de certificação reconhecidos pelo GFSI, como FSSC22000, BRCGS, IFS e SQF. Porém, uma pergunta sempre recorrente é: existem níveis seguros em que não seja necessário declarar os alergênicos presentes não intencionalmente nos alimentos?

Esse tema já foi abordado anteriormente, em uma análise das orientações da FAO sobre esses níveis aceitáveis (veja aqui). Além disso, o Codex Alimentarius e o FDA já consideram um limite de 20 ppm para rotulagem de glúten (leia mais aqui) e, para sulfitos (ainda que não seja um alergênico), o Codex Alimentarius considera um limite de 10 ppm (conforme Codex CXS 1-1985). E para os demais alergênicos, existe um nível seguro?

Para tentar esclarecer essas dúvidas, um grupo de pesquisadores publicou um artigo na European Journal of Allergy & Clinical Immunology, onde propuseram um limite de 0,5 mg de proteína/100g de alimento processado, como limite para a declaração de “traços” na rotulagem dos alimentos.

A justificativa para o limite de 0,5 mg de proteína/ 100g de alimento processado seria por ser menor do que a mais baixa concentração publicada de nível de efeito adverso (LOAEL) para uma reação fatal. As porções de alimentos foram consideradas de 1 kg, portanto, as pesquisas foram realizadas com base em 5 mg de proteína alergênica.

A pesquisa foi baseada em uma revisão sistemática da literatura de casos de alergia, relacionados aos principais alimentos causadores de alergia definidos no Regulamento da União Europeia n° 1169/2011. Em seguida, o grupo reuniu-se com um painel de especialistas para discussão dos achados.

As principais conclusões são apresentadas na tabela abaixo:

É importante reforçar que ainda é muito cedo para estabelecer alguns desses valores como parâmetros. Essa é uma pesquisa inicial e apresenta algumas limitações, como:

  • Por ser uma revisão sistemática de literatura, os parâmetros de pesquisas são restritos e algumas publicações podem não ter sido consideradas;
  • Foram considerados somente casos de reações fatais ou casos de reações anafiláticas (ocorrências com efeitos menos severos foram desconsideradas) e ocorrências reais (estudos laboratoriais foram desconsiderados);
  • Diversos estudos que não relatavam a quantidade de alérgeno consumido (de forma direta ou que permitisse cálculo) foram desconsiderados. Além disso, em diversos estudos a quantidade de alergênicos foi calculada.

Ainda que a pesquisa não seja conclusiva, é um importante passo para o avanço no controle de alergênicos, trazendo benefícios:

  1. Para os consumidores: Aqueles que não possuem reações a baixas concentrações de proteínas poderão consumir uma maior variedade de alimentos que hoje são restritos, uma vez que qualquer residual (ainda que desconhecido) precisa ser rotulado;
  2. Para as indústrias: A rotulagem de alimentos que “podem conter” um alergênico será mais assertiva. E em relação a esse estudo particularmente, os principais testes comerciais de análise de superfície possuem sensibilidade mínima de 5 mg/100g.

Caso você tenha se interessado pelo estudo, o artigo original pode ser lido aqui.

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O que os ‘Objetivos do Desenvolvimento Sustentável’ da ONU têm a ver com a minha empresa?

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Se você tem acompanhado as atualizações da FSSC 22000 versão 6, assunto já abordado no blog aqui  e aqui , certamente deve ter ouvido falar sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ou simplesmente ODS, da ONU.

Esse assunto relaciona-se com o novo requisito adicional do esquema, sobre Perda e Desperdício de Alimentos. Nele, a empresa deve estabelecer uma política e objetivos para “reduzir a perda e o desperdício de alimentos [na] organização e na cadeia de suprimentos relacionada”.

A justificativa da FSSC 22000 para esse requisito está relacionada ao fato da relação da Foundation em atender os ODS. Em especial o segundo objetivo, de erradicar a fome e alcançar a segurança alimentar.

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável são assinados pelos 193 Estados membros da ONU, o que inclui o Brasil. Após a Agenda-2015, foi firmado um plano global “para eliminar a pobreza extrema e a fome, oferecer educação de qualidade ao longo da vida para todos, proteger o planeta e promover sociedades pacíficas e inclusivas até 2030”. Temas como mudança climática, energias limpas e acessíveis, nutrição, saúde, saneamento e água são alguns dos elementos abordados nos 17 objetivos, desdobrados em 169 metas.

É possível acompanhar o desempenho do Brasil no atendimento de cada objetivo e meta através do site das Nações Unidas Brasil, nesse link, assim como verificar os relatórios anuais da ONU, aqui .

É exatamente dessa forma que os ODS se relacionam com os Sistemas de Gestão de Segurança dos Alimentos das organizações e a certificação FSSC 22000.

E se os objetivos desenvolvidos pelas organizações auxiliassem o atingimento desses objetivos, ainda que de forma local?

Para o objetivo “2.1 Até 2030, acabar com a fome e garantir o acesso de todas as pessoas”, a empresa poderia trabalhar com objetivos de seus sistemas de gestão, como:

  • Reduzir os desperdícios na produção em 10% ao ano
  •  Aumentar em 5% o volume de doações às empresas parceiras no ano

Claro que esse requisito será muito particular, de acordo com o segmento da empresa e tipo de produtos fabricados. Mas fica o convite sobre como as organizações podem agir positivamente para além dos seus sistemas de gestão e impactar de forma benéfica a comunidade ao seu redor.

E na sua empresa, como estão planejando contribuir com esses objetivos?

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