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O pesticida carbendazim no suco de laranja

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O Brasil é o maior exportador de suco de laranja do mundo e cerca de 15% de seus embarques destinam-se aos Estados Unidos. Na verdade, destinavam-se, pois desde que foram detectados resíduos do pesticida carbendazim no suco de laranja brasileiro, a situação mudou.

O evento carbendazim na indústria brasileira de citros foi o tema da apresentação de Antonio Carlos Gonçalves, da Louis Dreyfuss Commodities, durante a 4ª Conferência Internacional da Eurofins, realizada em Indaiatuba, SP, nos dias 19 e 20 de julho de 2012.

Antonio Carlos fez uma abordagem bastante didática do assunto e faço aqui a transcrição de sua apresentação.

O Evento Carbendazim

Em 28 de dezembro de 2011, uma engarrafadora americana realizou testes de rotina para resíduos de pesticidas no suco de laranja. Por encontrar traços de carbendazim, a empresa informou a Agência de Controle (FDA). Como não havia uma tolerância prevista em regulamento, o FDA passou a analisar os sucos importados e a recusar lotes cuja amostra apresentasse residual acima de 10 ppb (micrograma por kg). Desde então, lotes de suco de laranja brasileiro e de outras origens tem sido rejeitados, não podendo entrar no país. Segundo a Agência Ambiental Americana (EPA), o carbendazim em baixos níveis não oferece risco à saúde, tanto que há limites de resíduos de carbendazim para outras culturas nos EUA, tais como uva e maçã. Além disso, o FDA não considerou necessário fazer nenhum recall do produto em comercialização, atitude que seria tomada imediatamente caso houvesse comprometimento da segurança do alimento.

Os limites permitidos de resíduo de carbendazim em suco de laranja diferem para cada mercado internacional. A recomendação do Codex Alimentarius é de 1 mg/kg, sendo que no Brasil o limite é 5 mg/kg e há outros valores para outros mercados: 0,2 mg/kg (União Européia), 10 mg/kg (Canadá), 3 mg/kg (Japão). Os limites de pesticidas em diferentes mercados podem ser consultados aqui.

A ação do FDA provocou reações imediatas dos produtores brasileiros que, por meio de reuniões envolvendo o Ministério das Relações Exteriores, o MAPA, o Ministério do Desenvolvimento, a Embaixada Brasileira nos EUA, FDA, EPA, USDA, entre outros, apresentaram duas propostas para o FDA:
1) Um phase out de 18 meses, ou seja, um intervalo de tempo com tolerância da presença de carbendazim até a chegada da próxima safra na qual não fosse aplicado este pesticida na cultura da laranja (6 meses entre janeiro e junho de 2012 mais 12 meses contados da safra de 2012);
2) Considerar o residual de carbendazim para o suco reconstituído, visto que não se consome suco concentrado puro. Como o fator de diluição para a reconstituição do suco é próximo de 5, os limites seriam: máximo de 10 ppb no suco reconstituído e máximo de 50 ppb no suco concentrado.
As duas propostas foram recusadas.

Ações da Fundecitrus

A associação dos citricultores (Fundecitrus) decidiu então pela remoção do carbendazim e do tiofanato metílico da Lista PIC/Fundecitrus, que é uma relação de ingredientes ativos de pesticidas que estão autorizados para uso na Produção Integrada de Citros (a lista pode ser acessada aqui). Esta decisão foi tomada em fevereiro de 2012. Adicionalmente, foi removeram este ativo nos contratos de compra da fruta pela indústria. Os produtores foram informados sobre o ocorrido e sobre a necessidade de parada do uso. Para lotes destinados aos EUA, são feitas análises das frutas e do produto acabado.

O Fundecitrus dispõe de um Comitê de Defensivos Agrícolas formado por técnicos de órgãos públicos e de empresas produtoras de sucos que faz o acompanhamento da atualização da legislação e dos limites internacionais dos ingredientes ativos dos pesticidas. Este grupo elaborou nova lista resultante do cruzamento da lista PIC Brasil com as dos EUA e União Europeia. Quando se sabe que algum ativo será eliminado da lista de algum destes mercados, pretende-se que os produtores brasileiros os retirem de uso antecipadamente. Isso que evitaria a repetição de problemas semelhantes ao do carbendazim.

No entanto, esta não é uma tarefa fácil. Muitos ativos ainda precisarão permanecer na lista, pois seus substitutos não estão regulamentados no Brasil e os processos são demorados. A simples retirada de um ativo da lista não é simples. É preciso haver opções para sua substituição, pois a redução de ativos para o controle de uma doença pode resultar em sua resistência frente aos outros ativos. Neste sentido, ações integradas com os órgãos reguladores no Brasil para agilizar os processos de lançamento e registro de novos ingredientes ativos são fundamentais.

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Monitoramento de contaminantes em produtos vegetais

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Nos dias 19 e 20 de julho, ocorreu a Conferência Internacional em Segurança dos Alimentos, Controle de Qualidade e Gerenciamento de Risco em Produtos Agrícolas, organizada pela Eurofins, em Indaiatuba, SP. Na ocasião, o Sr. Nélio Castro, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento falou sobre o Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Produtos de Origem Vegetal (PNCRC/Vegetal).

Sob o comando da Coordenação de Resíduos e Contaminantes (CRC), órgão ligado diretamente à Secretaria de Defesa Agropecuária, o PNCRC/Vegetal é um programa anual, instituído em 2008, com objetivo de monitorar a frequência, os níveis e a distribuição de resíduos e contaminantes em vegetais, além de investigar e controlar os produtos agropecuários provenientes de propriedades suspeitas de violações. A cada ano, uma Instrução Normativa é publicada contendo os parâmetros monitorados no ano-safra correspondente. Ao final das análises, publica-se nova Instrução Normativa apresentando os resultados do monitoramento. Para a safra 2011-2012, o escopo analítico lista 23 culturas (passando por abacaxi, arroz, feijão, soja, uva, pimenta-do-reino, etc) sob monitoramento de resíduos de pesticidas, aflatoxinas, desoxinivalenol, fumonisinas, ocratoxina A e Salmonella. Os limites tolerados seguem as normas estabelecidas pela Anvisa. A amostragem é aleatória e os produtos são coletados nos estabelecimentos produtores, beneficiadores e nas centrais de abastecimento. Segundo Nélio, 100% das amostras são rastreadas até o produtor e as análises são feitas em laboratórios credenciados e acreditados pela Norma ISO 17.025. Para toda não conformidade é aberto um processo administrativo de investigação e o Plano de Amostragem segue as recomendações da FAO/WHO. As amostragens do último Plano tiveram início em julho de 2011 e a publicação dos resultados deve sair em setembro ou outubro próximos.   Respondendo aos questionamentos do público, foi esclarecido que os produtos destinados à indústria não são contemplados no Plano, assim como produtos industrializados, como sucos e bebidas à base de vegetais.

Analisando os resultados do ano-safra 2010-2011, observa-se que as culturas de pimentão, morango e alface tiveram altos índices de não conformidades nas análises de agrotóxicos. Nélio destacou que estas não conformidades não comprometem a segurança dos produtos, pois embora se refiram a resíduos de pesticidas não aprovados para a cultura, tais resíduos estão presentes em nível baixo e os pesticidas estão em processo de aprovação,  portanto não se configura um risco à saúde. Ele também informou, em diálogo com a plateia, que a segurança do alimento não é de competência do MAPA, mas do Ministério da Saúde (Anvisa). Nélio destacou ainda que importantes culturas, como arroz, feijão, batata, café e tomate tiveram índice de 100% de conformidade. Foi ressaltado um trecho da conclusão do Relatório final de 2009 da Missão Européia sobre Resíduos de Agrotóxicos em Vegetais onde se considera haver “um nível satisfatório de garantia de que as frutas exportadas para a UE estão em conformidade com os limites legais europeus de resíduos de agrotóxicos (…) Muitas melhorias na área laboratorial foram constatadas desde a última missão em 2007”.

Entre outras, a CRC tem como metas para o PNCRC/Vegetal a coleta de produtos importados, o monitoramento de contaminantes biológicos e de produtos orgânicos e a implantação do Sistema de Resíduos e Contaminantes para a área Vegetal (SISRES Vegetal).

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Qual o melhor método para análises de alergênicos?

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Nos dias 19 e 20 de julho passados, aconteceu a Conferência Internacional em Segurança dos Alimentos, Controle de Qualidade e Gerenciamento de Risco em Produtos Agrícolas, organizada pela Eurofins. A empresa gentilmente cedeu uma vaga para o Blog Food Safety Brazil compartilhar as novidades apresentadas em Indaiatuba, SP. Neste post, comento a apresentação sobre análises de alergênicos em alimentos.

Dr. Bert Pöpping, diretor de desenvolvimento científico da Eurofins, falou sobre análise e monitoramento de alergênicos, destacando inicialmente os pré-requisitos para um bom gerenciamento de alergênicos, como conhecer seus insumos, seus processos e saber controlar os perigos a eles relacionados. Atenção especial deve ser dada à possibilidade de mudança na formulação ou no processo dos fornecedores, assim como para a própria mudança de um fornecedor.

A troca de produtos numa mesma linha tem que gerar questionamentos: será que um mesmo procedimento de limpeza é capaz de garantir a remoção de qualquer alergênico? O mesmo vale quando um único produto é fabricado em diferentes unidades da empresa: trata-se realmente do mesmo produto? Todos os ingredientes provém dos mesmos fornecedores?

O controle dos perigos relacionados à presença de alergênicos deve se apoiar numa documentação sólida, num plano HACCP, em auditorias de fornecedores e nas análises laboratoriais efetuadas. Quando se pensa na análise laboratorial, o primeiro cuidado deve ser com a amostragem, pois lotes muito grandes são representados por diminutas amostras que ainda serão fracionadas no laboratório para a análise final. Na medida do possível, analisar mais de uma amostra de cada lote seria o procedimento recomendável.

E aí vem uma questão fundamental: qual método utilizar?

O método de PCR ou Reação em Cadeia da Polimerase (Polymerase Chain Reaction), que amplifica ou copia cadeias de DNA, é uma das técnicas mais utilizadas. No entanto, seu uso não é irrestrito. A albumina de ovo, por exemplo, por não conter DNA, não é detectada por este método, mesmo contendo grandes quantidades de proteína alergênica. Não obstante, como destacou Dr. Bert, é possível adquirir no mercado kits PCR para detecção de proteínas de ovo. Na Europa, o aipo ou salsão (celery) é considerado substância alergênica, ao contrário da salsinha (parsley). No entanto, como são vegetais que tem DNA muito parecido, análises por PCR costumam indicar presença de aipo em alimento que contenha salsinha. Bert destacou que os métodos baseados em PCR são sempre passíveis de questionamentos, não funcionam bem para ovo e leite e tem bons resultados para castanhas, amendoim e soja, porém mesmo neste caso, a possibilidade de hidrólise das proteínas pelos processos industriais (extrusão, concentração, etc) ainda pode gerar resultados equivocados.

Os métodos imunoenzimáticos (ELISA ou Enzyme-Linked Immunosorbent Assay) são testes que permitem a detecção de anticorpos específicos. Pöpping citou o exemplo de um pão contendo sete tipos de proteínas alergênicas que só teve três delas detectadas por este método. O processamento industrial do alimento pode destruir a estrutura proteica detectável pelo anticorpo. Num ovo cru, por exemplo, é possível detectar a proteína alergênica por teste ELISA, mas o mesmo não acontece num ovo frito.

Por não depender de uma estrutura, mas apenas da sequência dos aminoácidos, a espectrometria de massa desponta como o melhor método para detecção das proteínas alergênicas, com a vantagem de poder detectar múltiplos alergênicos numa única análise. Trata-se, porém, de um método caro, disponível ainda para poucos laboratórios e validado somente para algumas matrizes alimentares (produtos de panificação e soluções de enxágue de equipamentos).

Em resumo, não há um método perfeito para análise de todos os alergênicos. Os métodos devem ser selecionados de acordo com a matriz a ser analisada. O método de PCR é usado com frequência muito mais por razões econômicas que por razões técnicas. Os imunoensaios funcionam bem para alimentos crus, mas não necessariamente para os processados. A espectrometria de massa funciona muito bem para as matrizes já validadas, mas é pouco acessível por questões de custo e disponibilidade de equipamentos.

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Alimentos orgânicos e doenças transmitidas por alimentos

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Alimentos orgânicos transmitem doenças?

Ouvimos, ao longo dos anos, muitas informações ligadas à segurança dos alimentos e muitas vezes ficamos em dúvida sobre sua exatidão. De fato, muitas destas informações são verdadeiras, porém algumas estão totalmente erradas. Para ajudar a esclarecer os fatos e desfazer os mitos, a organização Partnership for Food Safety Education elaborou um interessante material que passamos a divulgar aqui em nosso blog.

O Fato: Qualquer alimento, seja orgânico ou convencional, pode se contaminar com bactérias transmissoras de doenças em qualquer ponto da cadeia produtiva.

Os consumidores, em suas casas, devem tomar medidas para garantir a saúde de seus familiares. Uma forma importante de reduzir o risco de doenças causadas por alimentos é praticar as famosas 4 etapas: Limpar, Separar, Cozinhar e Resfriar.

Uma pesquisa demonstrou que, no caso de produtos de origem animal, tanto os alimentos orgânicos como os convencionais estavam amplamente contaminados por bactérias. Veja detalhes deste estudo clicando aqui.

Vegetais e frutas frescas devem ser higienizados antes do consumo. Um procedimento bem simples é preparar uma solução com 1 litro de água e adicionar 1 colher (de sopa) de água sanitária. Deixe os vegetais em imersão nesta solução por 15 minutos. Retire-os e enxague com água corrente.

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Vegetarianos e doenças transmitidas por alimentos

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Mito: vegetarianos não precisam se preocupar com doenças transmitidas por alimentos

Ouvimos, ao longo dos anos, muitas informações ligadas à segurança dos alimentos e muitas vezes ficamos em dúvida sobre sua exatidão. De fato, muitas destas informações são verdadeiras, porém algumas estão totalmente erradas. Para ajudar a esclarecer os fatos e desfazer os mitos, a organização Partnership for Food Safety Education elaborou um interessante material que passamos a divulgar aqui em nosso blog.

O fato: As frutas e vegetais são parte importante de uma dieta saudável, mas assim como outros alimentos, também podem transmitir doenças. Portanto, vegetarianos precisam se preocupar com doenças transmitidas por alimentos. 

Lave os vegetais e as frutas sempre com água corrente e abundante, inclusive os que contêm cascas e peles não comestíveis, como mangas e bananas. Não use detergente para lavar frutas frescas ou vegetais porque estes produtos não são formulados para essa finalidade.

O recomendado é utilizar uma solução contendo água e hipoclorito de sódio pra fazer a desinfecção dos vegetais. Pode ser usada a água sanitária comercial na proporção de 1 colher de sopa para 1 litro de água. Deixe os vegetais em imersão nessa solução por 10 a 15 minutos e depois enxágue-os com água da torneira.

Frutas e vegetais embalados que contenham indicações no rótulo como “pronto para consumo” ou “lavados” não precisam ser lavados novamente. São os chamados vegetais minimamente processados.

Você pode ver um interessante artigo sobre o consumo de frutas frescas aqui.

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Congelar alimentos destrói bactérias nocivas à saúde?

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Mito ou verdade: congelar alimentos destrói as bactérias que podem causar danos à saúde?

Ouvimos, ao longo dos anos, muitas informações ligadas à segurança dos alimentos. Muitas vezes ficamos em dúvida sobre sua exatidão. De fato, muitas destas informações são verdadeiras, porém algumas estão totalmente erradas. Para ajudar a esclarecer os fatos e desfazer os mitos, a organização Partnership for Food Safety Education elaborou um interessante material que passamos a divulgar aqui em nosso blog.

O fato: as bactérias podem sobreviver às temperaturas de congelamento

O congelamento não é um método para tornar alimentos seguros. Quando o alimento é descongelado, as bactérias ainda podem estar presentes e começar a se multiplicar. Cozinhar alimentos até atingir uma temperatura adequada em todo o seu interior é o melhor meio de destruir as bactérias patogênicas. Se possível, use um termômetro para medir a temperatura dos alimentos cozidos.

Portanto, congelar alimentos não destrói bactérias nocivas à saúde.

 

 

 

Temperaturas mínimas recomendadas no final do cozimento:

  • Carne moída, hambúrguer, almôndegas e similares: 74°C
  • Bifes ou cortes de vaca, porco, cordeiro, costeletas, assados em geral: 63°C
  • Carne de aves: 74°C
  • Ovos e alimentos à base de ovos: 71°C
  • Peixes: 63°C.

Sobre a temperatura ideal para cada tipo de alimento, veja mais detalhes aqui.

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Cloro de Piscina X Cloro para Consumo Humano

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O CONTEÚDO DESTE POST ESTÁ OBSOLETO

Consulte: Legislação para cloro usado em tratamento de água para consumo humano

Posso usar cloro de piscina em água para consumo humano? Se você fizer esta pergunta a algum distribuidor ou revendedor de cloro, pode ouvir um sim como resposta. Eu fiz há poucas semanas e ouvi coisas piores: “é o mesmo produto, só troca o rótulo”. Quando argumentei que os produtos deveriam ser diferentes, ouvi: “eu vendo este mesmo produto para clorar a água da cidade X”.

Seja verdadeira ou não a resposta do vendedor, o fato é que o cloro para consumo humano deve cumprir os requisitos da RDC 14/2007 da Anvisa, ou seja, deve obedecer aos padrões referentes aos teores máximos de metais pesados, componentes orgânicos e outras impurezas que comprometam a saúde da população, conforme normas vigentes em cada Estado. Poderão ser utilizados como princípios ativos substâncias orgânicas e inorgânicas liberadoras de cloro ativo. Já dos desinfetantes para piscinas não se exige o cumprimento dos níveis de metais pesados e poderão ser utilizados como princípios ativos, além das substâncias liberadoras de cloro ativo, sais de quaternário de amônio e monopersulfato de potássio. Informações como a classificação do produto, restrições e instruções de uso, bem como diluição e tempo de contato, além de outras, são obrigatórias nos rótulos de qualquer produto com ação antimicrobiana. 

Quando se pensa que o cloro para consumo humano, dependendo da marca e da forma de apresentação, pode custar até seis vezes mais que o cloro para piscinas, as informações do vendedor de cloro não deixam de causar certa apreensão. 

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Sete mil anos de frituras

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Como cidadãos do século XXI, estamos habituados a nos vangloriar da rapidez com que ocorrem as transformações tecnológicas modernas. Do ponto de vista histórico, podemos pensar na evolução da segurança dos alimentos fazendo associação com a forma de preparar a comida, posto que é uma das principais maneiras para se eliminar ou para se causar uma contaminação. E esta preparação dos alimentos tem evoluído rapidamente?

O historiador Felipe Fernandez-Armesto, em seu livro Comida – Uma História (Ed. Record) faz uma interessante análise desta questão.

Segundo ele, a partir da descoberta e controle do fogo, cozinhar na chama viva deve ter sido a primeira tecnologia culinária criada pelo homem. Como só permitia um cardápio limitado, uma das primeiras variações deve ter sido colocar alimentos sobre pedras quentes ou brasas, método bastante adequado ao cozimento de moluscos e suas conchas, por exemplo. Do cozimento em fogo direto, com brasas ou com pedras aquecidas em covas, o homem passou à invenção dos utensílios de cozinha. As conchas de animais podem ter sido os primeiros utensílios, seguidos pelos recipientes de madeira, argila e de metal.

Uma opção que certamente foi utilizada pelo homem primitivo foi encher peles, tripas ou estômagos de animais com alimentos, completar o espaço com água e levar o conjunto à fervura. Estava criado o cozimento de alimentos propriamente dito. O passo seguinte na evolução culinária foi a fritura. E embora seja impossível estabelecer uma data para o cozimento em recipientes manufaturados, é possível estimar quando pode ter se iniciado a fritura dos alimentos, pois esta dependeu da invenção da cerâmica, o primeiro artefato capaz de ser usado como “frigideira”. As primeiras cerâmicas com características utilitárias surgiram na Grécia e no sudeste asiático por volta de 6.000 a. C. Desde a invenção da cerâmica, a única tecnologia realmente inovadora e acessível para o preparo de alimentos parece ter sido o cozimento com micro-ondas, ou seja, foram necessários cerca de 7.000 anos para esta inovação! É tempo, hein? Mais de sete mil anos de frituras…

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O perigo das sacolas reutilizáveis

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No momento em que as sacolas reutilizáveis para compras em supermercados passam a fazer parte da nossa vida, é bom ficar atento para o perigo que elas podem representar quando se trata da segurança dos alimentos.

Dois epidemiologistas do estado americano do Oregon investigaram um surto alimentar causado por norovírus que acometeu nove jogadoras de um time de futebol juvenil naquele país, em 2010. Eles constataram que a transmissão da doença da primeira vítima para as demais não se deu por contato direto, mas por meio de uma sacola reutilizável.  

O time viajou do Oregon para Washington para a disputa de uma competição e hospedou-se num hotel. A primeira vitima foi acometida por vômitos e diarreia no quarto do hotel e deixou o local sem ter contato com as demais companheiras do time, porém no banheiro utilizado por ela havia uma sacola reutilizável contendo alimentos embalados (biscoitos, batatas e uvas). A jovem não tocou na sacola e os produtos foram consumidos pelas demais vítimas no dia seguinte. Pesquisadores constataram que não havia relação da transmissão da doença com os restaurantes frequentados pelo grupo ou pelo contato com outros hóspedes do hotel. Porém, ao analisar a sacola, eles encontraram amostras do mesmo tipo de norovírus causador da toxinfecção.  

A conclusão foi que a contaminação da sacola deu-se por meio dos aerossóis lançados no ambiente do banheiro pela vítima. A nota contendo o resultado da investigação do surto está no portal Food Safety News da última quinta-feira, 10 de maio. O trabalho gerou um artigo científico publicado no Journal of Infectious Diseases.

Os norovírus são a principal causa de gastroenterite nos EUA, sendo responsáveis por mais de 21 milhões de doenças por ano naquele país.

Para os usuários de sacolas reutilizáveis, fica pelo menos uma recomendação: cuidado com o local onde elas são armazenadas. Banheiros certamente não são locais recomendáveis. E aos responsáveis pela limpeza de aposentos utilizados por vítimas de toxinfecções, fica a recomendação da necessidade de se higienizar completamente todas as superfícies e objetos presentes no local antes do uso por outra pessoa.  

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De olho nas fraudes em alimentos: www.foodfraud.org

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Um assunto que sempre recebe destaque nos meios de comunicação são as fraudes em alimentos.  Há pouco tempo, por exemplo, teve forte repercussão nacional a fraude no leite. Com os recursos tecnológicos disponíveis atualmente, as fraudes em alimentos vêm se sofisticando, exigindo por parte das autoridades públicas a melhoria dos métodos de detecção para um melhor controle dos alimentos.

Entende-se por fraude a adulteração de um alimento motivada por interesses econômicos. Entre os fatores que contribuem para sua disseminação, um dos principais, sem dúvida, é a dificuldade técnica para se detectar e comprovar uma fraude. Além disso, as penalidades legais, muitas vezes insignificantes para os fraudadores, podem acabar por estimular a prática.

A criação de um fórum público para divulgação e discussão de fraudes nos alimentos já foi proposta por diversos especialistas.

O site Food Fraud Database, criado pela USP (United States Pharmacopeial Convention) disponibiliza on line um banco de dados sobre o assunto, divulgando relatórios de fraudes em alimentos e métodos de detecção analítica das adulterações relatados em revistas científicas. São mais de 1300 registros, contendo informações sobre mais de 350 alimentos. Por meio de uma ferramenta de busca, é possível acessar artigos relacionados a cada alimento em particular.

Pesquisei por “sucos de frutas” e encontrei uma relação de 137 casos de fraudes, relacionados na form de tabela, contendo informações sobre o suco adulterado, o adulterante, o método de detecção da fraude e os autores do artigo cientifico sobre a adulteração, com link para informações mais detalhadas sobre cada artigo citado. A partir daí, pesquisadores e profissionais da área podem analisar, portanto, a suscetibilidade à fraude de um determinado produto e qual a tendência das adulterações. Boa pesquisa, pessoal!

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Responder a um questionário de cliente para APPCC? Sim, com orgulho

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Quando se inicia um estudo para APPCC, uma etapa essencial é o levantamento dos perigos que podem vir das matérias-primas, ingredientes, embalagens e materiais de contato com o alimento a ser produzido. Para obtenção destas informações, a primeira fonte é o próprio fornecedor do insumo, o qual deveria ser o elo da cadeia produtiva mais bem informado sobre seu próprio produto.

O que se faz geralmente é enviar um questionário a cada fornecedor contendo perguntas básicas sobre seu produto, como métodos de produção, características e prováveis perigos químicos, físicos e biológicos. Além disso, também deve ser pesquisada qual a legislação relacionada e outras questões semelhantes: vulnerabilidade a fraudes, etc. Alguns fornecedores retornam um excelente material, mas algumas vezes o que se recebe está incompleto e contém até informações equivocadas. Às vezes, de tão equivocadas, as respostas são risíveis.

A falta de informações do fornecedor não pode justificar uma análise de perigos mal feita, sob pena de comprometer todo o estudo de APPCC. O que se faz então? 

Buscam-se as informações que faltam por todos os lados: a internet é o primeiro recurso. Sites de órgãos oficiais, como FDA, Anvisa, MAPA são vasculhados. Codex e JECFA são sempre consultados. Alguns livros são fundamentais. Artigos científicos, dissertações de mestrado e teses de doutorado são lidos extensamente para obtenção, muitas vezes, de apenas algumas linhas importantes para o trabalho. Informações deficientes de um fornecedor são completadas com as de outro, consulta-se quem já trabalhou na área ou algum consultor experiente e quando se vê já temos em mãos um material bastante rico e detalhado sobre cada insumo.

Quanto tempo demorou tudo isso? Para alguns itens, duas ou três horas; para outros, dois ou três dias. Pode parecer muito quando se tem centenas de materiais para pesquisar, mas para o fornecedor do insumo, este tempo deveria ser irrelevante e estas informações já deveriam ser conhecidas há tempos.  

Fornecer ao cliente um material com informações valiosas sobre o produto com o qual se trabalha é motivo de orgulho profissional. Despertar esta consciência nos profissionais envolvidos nesta atividade tem que ser nosso desafio. 

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Embalagem cheia de dedos

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Quando se pensa num alimento industrializado, é impossível avaliar sua segurança sem considerar a embalagem. Quem já trabalhou em indústrias de alimentos, sabe que algumas vezes, as embalagens costumam ser “tinhosas”.

Um problema que já enfrentei várias vezes é a do material de embalagem que, sem apresentar nenhuma variação mensurável nas especificações, misteriosamente não tem boa performance nos equipamentos, ou como dizem informalmente, não “passa” nas máquinas.  Este fenômeno tem data certa para acontecer: sempre que há necessidade de uma produção urgente ou quando se estabelece uma meta geral de melhoria de produtividade.

Quando isso ocorre, as informações iniciais que chegam do pessoal de produção surpreendem pelo diagnóstico tátil e visual:

– Percebi que tinha algo errado só de passar a mão nesta embalagem.

– Quando vi este material, já achei estranho.  

E depois, ainda anunciam uma catástrofe:   

–  Deste jeito, a produção toda vai parar.

Nestas horas, o pessoal da Qualidade é acionado em massa para resolver o problema. Todas as especificações e análises dos materiais são conferidas à exaustão e o fornecedor é chamado (ou intimado) a dar uma solução para o caso. Enquanto isso, porém, é preciso fazer alguma coisa. Aí vem uma ideia já muito batida, mas quase sempre eficaz: simular uma troca do lote do produto, quando na verdade aquele é o único lote existente na empresa (acredite: sempre é).  

Faz-se a “troca” e acontece o milagre: a produção volta ao ritmo normal. O mistério quase nunca é resolvido. As embalagens podem ser afetadas por tantas condições ambientais (umidade, temperatura) que fica quase impossível saber exatamente o que ocorreu. Mas nas linhas de produção existem alguns que sabem:

– Não falei que era a embalagem? Foi só trocar o lote que as máquinas voltaram a funcionar. Eu sabia…

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