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Pesticidas – como gerenciá-los?

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A participação da leitora Cristina Leondhardt, que comentou a publicação “E quando não há legislação para um Contaminante?“, escrito pela Camila Miret, nos motivou a escrever este post. A sua dúvida foi:

“Para os residuais de agrotóxicos que são permitidos para uma cultura, ok – os LMR estão previstos nas monografias. Mas quais agrotóxicos incluir na análise de perigos, considerando que muitas vezes se encontram agrotóxicos que não foram permitidos? Nós fizemos de uma forma – mas queria saber como os demais colegas fazem (depois eu conto!).”
Este comentário gerou momentos de reflexão, pois sem dúvida alguma se trata de um assunto polêmico e amplamente discutido em reuniões e encontros de consultores. Porém, sem nunca se chega a um consenso ou a uma solução concreta.
Quais princípios ativos considerar na análise de perigos?
A norma ISO2200 estabelece no requisito 7.4.2.1 que deve ser identificado todos os perigos razoavelmente esperados. Mas se tratando de pesticidas, o que é razoavelmente esperado? Dados do MAPA demonstram que considerar apenas os princípios ativos permitidos e que possuem LMR definidos pode ser uma alternativa perigosa, cujo risco irá depender do insumo analisado. É sabido que para alguns casos, princípios ativos não permitidos para a cultura em questão são amplamente utilizados. Seja por questões práticas devido a facilidade de uso ou econômicas devido ao alto custo de registro destes produtos, trata-se de uma realidade.
Então, o que considerar?
Entendo que o correto, ideal, mas também mais difícil e demorado é trabalhar com os fornecedores de insumos que potencialmente utilizam pesticidas em suas produções através de qualificação destes para que se conheça exatamente quais princípios ativos são usados e em que condições estes são aplicados. Neste caso, tão importante quanto a composição, é conhecer a quantidade empregada e o tempo de carência utilizado. Somente com estes dados em mãos é que se pode realizar uma abrangente avaliação de risco, de modo a identificar corretamente todos os princípios ativos que devem compor a análise de risco.
O programa de qualificação dos fornecedores deve, sem dúvidas, buscar a conscientização da importância de usar apenas produtos aprovados para uso na cultura em questão. No entanto, se durante este processo se obter a informação de que algum principio ativo não autorizado está em uso, pode-se fazer estudo de toxicologia destes e avaliar o risco para a saúde dos consumidores, de modo a se decidir qual é a ação viável de ser implementada.
No entanto, devido ao custo, tempo de implementação de programas sólidos de qualificação de fornecedores, aliada com a dificuldade de se obter informações de campo ( seja pelo grande volume de fornecedores ou pela falta de organização e de dados que permitam uma rastreabilidade confiável), esta busca de informações é rara e muitas vezes imprecisa.
Mas então, o que considerar?
Para a identificação de princípios ativos de pesticidas na análise de perigos do APPCC vejo as seguintes hipóteses sendo usadas:
1- Identificação de apenas os princípios ativos permitidos no Brasil para a cultura em análise e que possuem LMR definidos.
2- Identificação de todos os princípios ativos permitidos no Brasil para a cultura em análise somados dos demais possíveis de serem verificados através de uma análise de multirresíduos, ou seja, que se possua metodologia de análise de verificação considerando o principio ativo e a matriz a ser analisada – tipo de insumo.
3- Identificação de todos os princípios ativos permitidos no Brasil para a cultura analisada somado aos princípios ativos identificados pelo Codex Alimentarius e atividade de verificação através de análise de multirresíduos. Neste caso, utilizaríamos como ponto de partida a bibliografia confiável para determinar o que é razoavelmente esperado. E para minimizar o risco existente que os dados práticos sugerem existir, realizar análises de verificação através de método multirresíduos descrito na opção 1. Caso a verificação indicar a presença de algum principio ativo não permitido, este passaria a ser razoavelmente esperado, gerando assim uma retroavaliação da análise de perigos que passará a conter esta informação.
4- Identificação de todos os princípios ativos permitidos no Brasil para a cultura analisada somados dos princípios ativos já conhecidos encontrados na cultura (informação que pode ser obtida através de histórico de análises, dados bibliográficos e pesquisa de campo), mesmo que não sejam permitidos no Brasil para este uso. Dependendo da cultura, pode se ainda utilizar os dados previstos no Codex Alimentarius. Da mesma forma que na opção 2, atividades de verificação através de análises multirresiduos podem ser utilizadas para retroalimentar o Estudo APPCC.

Pelo já descrito, entendo que a opção 4 é a mais indicada, mas para tanto as empresas precisam investir na qualificação de seus fornecedores e na análise dos insumos adquiridos. É fundamental conhecer de quem compramos as matérias-primas, que tipo de cultura é feita e quais os cuidados tomados. Sem dúvidas ainda temos um longo caminho a percorrer neste sentido.

 Ana Cláudia de Carvalho Frota, sócia e consultora da Flavor Food Consulting.

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Ranking de pesticidas norte-americano

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Environmental Working Group publicou na semana passada o EWG’s 212 Shopping Guide –  to Pesticides in Produce, no qual apresenta o Ranking dos 12 horti-frutigranjeiros mais comumente contaminados com resíduos de pesticidas. O levantamento é do USDA é de 2000-2010, e abarcou mais de 60.700 amostras. O guia contudo omite a concentração encontrada. Clique abaixo para visualizar os “vilões e mocinhos”

A água de torneira (tratada) também apresentou problemas:  65 pesticidas positivos em 284 samples. O herbicida atrazina foi encontrado e todas as amostras e mais outros seis pesticidas em metade das demais.

As autoridades americanas fazem questão de reforçar que o consumo de frutas e verduras supera qualquer questão relacionada à ingestão de resíduos de pesticidas.

Para quem quiser os dados brutos do USDA, veja aqui o Pesticide Data Program

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Construindo Fluxogramas

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Este post foi escrito por um convidado, e não por nossos colunistas. Lembre sempre que aqui você também pode ser o autor!

 

Fluxograma

O objetivo do fluxograma é proporcionar uma descrição clara, simples e objetiva das etapas envolvidas desde o recebimento até a expedição do produto final ou desde o recebimento até a comercialização do produto final.

É a base para a identificação dos PCC e para a aplicação das medidas preventivas com os perigos identificados.

A base para elaboração do fluxograma é a descrição do produto, no que se refere ao processo de obtenção (transformação do mesmo). No fluxograma devem estar contempladas as etapas de transformação da matéria-prima, de transporte (interno) e de estocagem, operações de transferência relevantes devem ser consideradas.

É útil enumerar as etapas. A numeração do fluxograma deve corresponder à descrição das etapas e às etapas da análise de perigos.

Reprocesso recirculações, processos terceirizados, saída de resíduos e subprodutos e entrada de coadjuvantes não devem ser esquecidos.

Ao final do estudo retorne ao desenho e identifique PCC e PPRO/PC. PPRO é necessário se você estiver seguindo a ISO 22000 ou se quiser usar esse conceito mesmo que não siga.

Validação do fluxograma de processo

A equipe APPCC deve verificar “in loco” se o fluxograma de processo elaborado corresponde à realidade do mesmo, pode ser feito um levantamento após uma volta à fábrica e assim confirmar como as atividades são feitas. Neste processo deve se confirmar se há diferenças na forma de trabalho do pessoal em diferentes turnos. Linhas em que ocorre muita troca de produto devem ser observadas com atenção, para que se assinalem as diferenças nas etapas de processo. Alterações sazonais também devem ser consideradas e contempladas no fluxograma, desde que haja impacto na segurança dos alimentos.

Descrição das etapas e medidas de controle

Esta descrição deve apresentar onde a etapa inicia e onde a mesma termina, assim, o escopo de cada etapa estará claramente definido. Caso a informação já exista em outros documentos do sistema é adequado referenciá-los para evitar duplicidade.
É importante lembrar que a descrição das etapas de processo deve ser harmonizada com as etapas apresentadas no fluxograma. A descrição das etapas deve incluir breve descrição das medidas de controle existentes em cada parte do processo.

Medida de controle pode ser definida como qualquer ação ou atividade que pode ser usada para prevenir ou eliminar um perigo à segurança de alimentos ou para reduzi-lo a um nível aceitável.

Exemplo de medidas de controle:
– critérios aplicados ao produto final;
– processos e métodos de produção;
– procedimentos de provas;
– inspeção, certificação e aprovação;
– quarentena;
– disposições relativas aos métodos estatísticos e de amostragem e métodos de avaliação de risco pertinentes;
– especificações de embalagem e de rotulagem relacionadas com a segurança de alimentos.
Determinadas informações devem ser consideras e descritas separadamente, tais como ingredientes utilizados, procedimentos em cada etapa do processo, equipamentos e utensílios utilizados, origem e procedência da contaminação, condições de tempo e temperatura às quais os alimentos são submetidos em cada etapa do processo.

 

Silvano dos S. Silva, Consultor Técnio da Flavor Food, Auditor da Intertek, e Instrutor de Treinamentos do BSI. 

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Ocratoxina e Aflatoxina em chocolate brasileiro

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Co-occurrence of ochratoxin a and aflatoxins in chocolate marketed in Brazil

Food Control 26 (2012) 36-41

Marina V. Copetti , Beatriz T. Iamanaka, José Luís Pereira , Daniel P. Lemes b, Felipe Nakano, Marta H. Taniwaki b

This study investigated the occurrence of aflatoxin B1, B2, G1 and G2 and ochratoxin A in chocolate marketed in Brazil. A hundred and twenty-five samples of powdered, bitter, dark, milk and white chocolate were evaluated for mycotoxins. Ochratoxin A was the most common mycotoxin in the evaluated samples, contaminating 98% of the purchased chocolate. A co-occurrence of aflatoxins was observed in 80% of all samples evaluated. The bitter, dark and powdered chocolate samples had the largest presence of aflatoxins. On average, the highest levels of ochratoxin A were found in powdered, dark and bitter chocolate, respectively: 0.39; 0.34 and 0.31 mg/kg. Bitter, powdered and dark chocolate had the highest aflatoxin content; an average of 0.66, 0.53 and 0.43 mg/kg, respectively. This is the first report of co-occurrence of ochratoxin A and aflatoxins in chocolate. The consumption of chocolate with high levels of cocoa in the formulation has been stimulated due to health benefits attributed to some cocoa components but on the other hand, these high cocoa content products tend to have the highest amount of aflatoxins and ochratoxin A. To guarantee a safe consumption of chocolate, there should be a continuous monitoring of both ochratoxin and aflatoxin and more studies attempting to understand the dynamics involving mycotoxin-producing fungi and mycotoxin production in cocoa need to be carried out with the aim of preventing mycotoxin accumulation in this commodity.

Clique aqui para baixar o paper completo: [wpdm_file id=12]

 

Conteúdo gentilmente disponibilizado pela autora e pesquisadora do ITAL, Marta Taniwaki ao Blog Food Safety Brazil.

 

 

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Etapas preliminares do HACCP

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Caros leitores, em comemoração aos 15 anos da adoção do HACCP pelo Codex, estamos publicando uma série de artigos contemplando os 12 passos da implementação do HACCP, ou seja, as 5 etapas preliminares + os 7 Princípios HACCP. Não podemos esquecer, é claro, que o começo de tudo é o estabelecimento dos programas de pré-requisitos, ou seja, as Boas Práticas de Fabricação e condições básicas para manter um ambiente higiênico ao longo da cadeia produtiva de alimentos. Além disso, o compromisso e a conscientização da gerência e direção da empresa é fundamental para uma efetiva implementação do HACCP.
O HACCP é uma ferramenta poderosa da segurança de alimentos, com fundamentos científicos e caráter sistemático, que permite identificar perigos específicos e definir medidas para seu controle. O intuito é estabelecer um sistema de controle de perigos baseado na prevenção, no lugar da análise do produto final. Hoje, mais do que nunca, a adoção do HACCP é obrigatória e pode ser aplicado ao longo de toda a cadeia de alimentos.
Quando estamos nos preparando para implementar o HACCP, a primeira etapa preliminar é a formação da equipe multidisciplinar. A equipe deve ser formada por membros de setores variados da empresa, como por exemplo: Produção, Manutenção, Qualidade, Logística, Suprimentos, entre outras. Estes membros devem estar devidamente capacitados e treinados a utilizar e compreender os princípios do HACCP e de segurança de alimentos, além de ser necessário conhecer o processo produtivo, as características dos insumos e dos produtos acabados, equipamentos e perigos relacionados aos insumos e produtos. Convém nomear um líder da equipe, para gerenciar os trabalhos, e que os membros sejam pessoas disponíveis e interessadas em trabalhar com o assunto de segurança de alimentos. Não existe um número mínimo ou máximo de membros para a equipe HACCP, porém equipes muito enxutas podem ter dificuldade de implementação, por exemplo, por sobrecarga de trabalho ou falta de conhecimento, e equipes muito numerosas dificilmente serão adequadamente gerenciadas, há maior chance de falhas na comunicação, empecilhos para a reunião dos membros, entre outros problemas. Quando não temos pessoal adequadamente treinado ou com conhecimento suficiente, pode-se recorrer a recurso externo, como por exemplo, especialistas independentes, consultores, associações comerciais e industriais, autoridades reguladoras, literatura científica, entre outros.
Formada a equipe, o próximo passo é a descrição completa do produto. A descrição deve incluir características importantes em relação à segurança de alimentos, tais como: ingredientes (composição, sendo recomendado considerar os alergênicos e as informações de rotulagem do produto), propriedades físico-químicas (umidade, pH, atividade de água, entre outras), tratamentos que o produto sofre (exemplos: tratamento térmico, salga, acidificação, congelamento, etc.), tipo e material de embalagem, prazo de validade, condições de armazenamento e de transporte / distribuição. Conhecendo-se profundamente o nosso produto, já é possível definir se ele é ou não suscetível a contaminações microbiológicas, que tipos de compostos estão presentes nele, e também, quem pode consumir (já entrando na terceira etapa preliminar). Não se esqueçam de que é importante identificar os requisitos legais em relação ao produto, se existirem.
Chegando à nossa terceira etapa preliminar, o Codex requer que identifiquemos o uso pretendido para o nosso produto, isto é, de que forma é esperado que o produto seja utilizado ou consumido. Convém que sejam levados em consideração alguns aspectos, tais como: Qual é o proposito do nosso produto (exemplo: insumo para outras indústrias transformadoras ou produto para o consumidor final)? Quem é o mercado (nacional ou estrangeiro)? Que tipo de pessoas consomem ou podem consumir o nosso produto (há alergênicos ou substâncias que possam causar intolerância a um determinado grupo consumidor, existe restrição)? Qual o uso que o consumidor ou o cliente fará do nosso produto (existe possibilidade de utilização do produto para fins que não aquilo que foi inicialmente concebido)? Os requisitos de armazenamento e preparo devem ser rigorosamente observados (ex. obrigatória a estocagem a temperaturas menores ou iguais a -18ºC, aquecimento em forno a 250ºC por 20 minutos antes do consumo)? Quais as exigências que o nosso cliente faz com relação ao produto e ao seu uso? Esta etapa é muito importante para começarmos a pensar nos perigos prováveis relacionados a um mau consumo, e que tipo de controles teremos na nossa produção, para evitar que a saúde e integridade do consumidor sejam prejudicadas.
Notem que o HACCP é bastante lógico, e as etapas e princípios têm uma razão de ser, especialmente na ordem em que são apresentados. Fique ligado nos próximos posts a respeito das demais etapas preliminares e dos 7 Princípios.

Boa leitura!

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Especial HACCP – Genebra 1997

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Na semana de 23 a 28 de junho de 1997 aconteceu em Genebra a 22a Sessão da Comissão do Codex Alimentarius, onde se revisou pela primeira vez o ” Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP) System and Guidelines for its Application”. Entrando no clima do movimento que coincide com os dias de hoje, nossos colunistas prepararam uma surpresa para você:

O blog Food Safety Brazil lhe dará de presente uma sequência de posts percorrendo as 12 etapas preconizadas pelo Codex Alimentarius para comemorar esta importante data.

No site oficial do Codex somente há versões de texto em inglês, francês e espanhol, mas nós separamos para você um link com a tradução em português brasileiro, disponibilizado pela Anvisa em conjunto com a Organização Pan-americana da Saúde.

Higiene dos Alimentos – Textos básicos

E para quem gosta mesmo de história, olhe que interessante este relatório escrito em 1998:

REPORT OF A JOINT FAO/WHO CONSULTATION ON THE ROLE OF GOVERNMENT AGENCIES IN ASSESSING HACCP

Também o relatório da época (vejam que há questões atuais):

REPORT OF THE TWENTY-NINTH SESSION OF THE CODEX COMMITTEE ON FOOD HYGIENE

Acompanhe a série completa.

 

 

 

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E.coli produtoras de enterotoxinas

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No primeiro semestre de 2011, os jornais e revistas noticiaram o surto de pessoas infectadas por bactérias em alimentos na Europa. O surto, causado pela presença de uma variedade da bactéria Escherichia coli (E. coli) em brotos de feijão, atingiu mais de 3000 pessoas e vitimou dezenas delas na Europa.
A E. coli é uma bactéria encontrada naturalmente no intestino de humanos e animais. Existe uma variedade de cepas de E. coli, algumas inofensivas e outras que podem causar graves doenças. “A cepa de E. coli que causou o surto, parece estar presente no trato gastrointestinal de bovinos e provavelmente de outros animais de sangue quente, e não causam doença nestes. No caso da Europa, a contaminação do alimento incriminado, que foi o broto de feijão de uma fazenda na Alemanha, pode ter acontecido por conta do uso adubo orgânico que não tenha sido bem compostado, e/ou, com as fezes de algum animal que pode ter contaminado a água de irrigação das plantações”, explica a pesquisadora do CCQA, Neliane F. de Arruda Silveira.
Nos anos 90, uma outra cepa patogênica da E. Coli (O157:H7) contaminou carnes e alimentos dos EUA e diversos países, infectou a população e causou doenças com o sintomas semelhantes aos observados no surto atual, como a paralisação dos rins em casos onde a doença evoluía. Nesse período, um projeto do CCQA (Microbiologia) em parceria com o CTC realizou um estudo, a fim de buscar indícios dessa bactéria nos alimentos do País.
“Na época, a carne foi o alimento mais incriminado. Então, visitamos frigoríficos de todos os portes, para recolher amostras para análise do ambiente, de carcaças e de produtos processados de carnes, como o hambúrger. Não encontramos nenhum indício da bactéria patogênica”, conta a pesquisadora Neliane F. de Arruda Silveira, que junto com a também pesquisadora do CCQA, Neusely da Siva, realizou o projeto.
O resultado do estudo, que durou quase quatro anos, intrigou a comunidade científica em congressos internacionais, que queria saber o motivo pelo qual a bactéria que estava em diversos países, não tinha sido encontrada, no estudo em nosso País. “Acreditamos que o nosso tipo de gado, o confinamento, a lavagem antes do abate, e a maneira como trabalham os frigoríficos foram alguns dos fatores que contribuíram para que aquela bactéria especifica, não fosse encontrada na ocasião, nesses produtos”, explica Neliane.
Apesar dessas duas cepas bacterianas patogênicas da E. Coli serem diferentes, a pesquisadora afirma que a forma de prevenção foi, e continua sendo, a mesma em todos os casos. O cuidado com a higiene durante o processamento dos alimentos e na conservação e utilização dos alimentos a nível domestico. São fatores básicos e primordiais para criar uma barreira a possíveis surtos, como o que está ocorrendo na Europa.
“Não há situação para pânico. Se mantivermos as condições de higiene das indústrias e tomarmos certos cuidados em casa, provavelmente não acontecerá um surto como o da Europa. Pode até acontecer algum caso esporádico, mas surtos , se nos precavermos , acreditamos que não”.
DICAS : A pesquisadora Neliane dá algumas dicas que podem afastar o risco de contaminação dos alimentos a nível de consumidor
• Não deixar alimentos fora da geladeira por mais de 2 horas.
• Não consumir carnes cruas ou mal cozidas –
• Não misturar alimentos de cozinha sujos com alimentos prontos
• Não deixar os alimentos expostos a temperaturas altas
• Lavar bem e higienizar os alimentos que são consumidos crus como as folhas, com cloro
• Lavar muito bem as mãos ,com sabão ou sabonete asséptico especialmente antes e depois de refeições.
• Não consumir alimento suspeito, com prazo de validade vencido, ou que apresentam injúrias nas embalagens e muitas vezes estão em oferta nos supermercados.

 Post enviado pela pesquisadora Neliane Silveira, do CCQA, Instituto de Tecnologia de Alimentos de Campinas.

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E quando não há legislação para um contaminante?

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Prezados leitores, no XXIII Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos (CBCTA), que ocorreu no início de maio na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), houve uma palestra da Me. Lígia Lindner Schreiner, da ANVISA, sobre Regulação de Contaminantes em Alimentos. Este assunto certamente nos interessa muito, certo? Temos sempre dúvidas sobre a que materiais recorrer para definir os níveis aceitáveis para os perigos que levantamos nos planos APPCC, sobretudo os perigos químicos. Lígia esclareceu alguns aspectos da atual legislação e das preocupações da ANVISA, que podemos citar como exemplo, a Resolução nº 07 de 18/02/2011, que trata dos limites máximos tolerados para micotoxinas em alimentos.

E quando não temos legislação específica sobre um determinado contaminante no nosso alimento, objeto do nosso estudo? Onde vamos buscar referência? Como saber se existe algum nível seguro? Estas questões foram comentadas por Lígia, e a resposta foi a seguinte, que me chamou a atenção: “se não existe legislação estabelecendo um limite máximo para um determinado contaminante, então significa que a tolerância é zero, ou seja, a presença deste contaminante no alimento (em qualquer concentração) não é aceita”.

A ANVISA bem que poderia publicar uma portaria dizendo exatamente isso, que quando não há limites especificados, então não existe tolerância. Pelo menos, teríamos um embasamento legal para tomarmos as nossas decisões de níveis aceitáveis dos perigos nos nossos planos APPCC. E o que vocês acham disso, caros colegas leitores?

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Dossiê ABRASCO sobre o impacto de pesticidas na saúde

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A Associação Brasileira de Saúde Coletiva publicou uma rica revisão bibliográfica denominada Dossiê Abrasco – Parte 1 – Agrotóxicos, Segurança Alimentar e Saúde: Um alerta sobre os impactos dos Agrotóxicos na Saúde.

Vale a pena clicar aqui e ver os dados, cujo sumário pode ser visto abaixo:



Por que um Dossiê? 
O processo de construção 
Parte 1 – Agrotóxicos, Segurança Alimentar e Saúde
1.1 Produção de alimentos e o uso massivo de agrotóxicos no Brasil
1.2 Evidências científicas relacionadas aos riscos para a saúde humana da exposição aos agrotóxicos por ingestão de alimentos
1.2.1 Resíduos de agrotóxicos em alimentos no Brasil 23
1.2.2 Resíduos de agrotóxicos em alimentos e agravos à saúde 25
1.2.3 Contaminação da água de consumo humano e da chuva por
agrotóxicos
1.2.4 Contaminação das águas por agrotóxicos no Ceará
1.2.5 Contaminação da água e da chuva por agrotóxicos no Mato  Grosso
1.2.6 Contaminação de leite materno por agrotóxicos
1.3 Desafios para a Ciência
1.3.1 Multiexposição, transgênicos e limites da ciência para
proteger a saúde;
1.3.2 Desafios para as políticas públicas de controle, regulação de agrotóxicos e para a promoção de processos
produtivos saudáveis

Na íntegra:

http://www.abrasco.org.br/UserFiles/File/ABRASCODIVULGA/2012/DossieAGT.pdf

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