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Casa Open – Um evento de Cultura de Segurança dos Alimentos para ficar na história

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Já imaginou dedicar dois dias a compreender – e desembaraçar – uma série de impasses comportamentais que impedem as empresas de terem mais resultados na implementação de procedimentos que garantem a segurança dos alimentos?

Esta é a proposta do CASA Open – trazer insights sobre psicologia positiva, gestão de equipes de alta performance, coaching e comunicação… tudo devidamente personalizado para o perfil do nosso segmento e a realidade das empresas da cadeia produtiva de alimentos.

Os participantes poderão interagir como ouvintes, assistindo os conteúdos e vivenciando as atividades propostas, ou ser o centro de uma análise de caso. Este modo de participação, que tem vagas limitadíssimas, permite que o mentorado (que será previamente entrevistado) apresente seu paradigma cultural e receba feedback personalizado dos mentores (e até do público) para montar a estratégia mais assertiva para implementação da cultura positiva de alimentos.

Confira a programação do CASA Open:

Dia 25/11

Da medição aos ajustes de rota: aprendizados sobre cultura positiva de Segurança dos alimentos, com Ingrid Schultz

Como se forma a Cultura nas Organizações, com Crístian Roque.

Dinâmica psicológica da inter-relação multinível na Segurança de Alimentos, com Daniel Gonçalves.

Comunicação Positiva: o jeito Total Safe de viver a segurança dos alimentos, com Alessandra Saadi

Abrindo a caixa de ferramentas, com Crístian Roque

Hora dos Jogos.

Dia 26/11

Apresentação da Mentoria

Segurança Psicológica – Crístian Roque

Rodada de Mentoria 1

Técnicas de Comunicação – Juliane Dias

Rodada de Mentoria 2

Rodada de Mentoria 3

Motivação – Crístian Roque

Rodada de Mentoria 4

Pensamento Integrado para QSE – Juliano Tagliaferro

Rodada de Mentoria 5

O Food Safety Brazil estará presente no CASA Open para contar esta experiência e contribuir com os leitores aqui do blog.

Para se inscrever, clique aqui: https://casaopen.academiacasa.com/

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EHEDG disponibiliza revista e canal com conteúdo gratuito sobre projeto sanitário

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O European Hygienic Engineering and Design Group já é um conhecido aqui no blog. Porém nem todos sabem que esta organização sem fins lucrativos publica semestralmente uma revista com conteúdo gratuito sobre projeto sanitário.

É a EHEDG Connects.

Como exemplo, a última edição da revista tem 52 páginas recheadas de entrevistas com experts, novidades em publicações e matérias, como:

GFSI HD BENCHMARKING

HYGIENIC WELDING

PRACTICAL ASPECTS FOR DRAINAGE SYSTEMS

MISSING SAFETY LINK IN FOOD SUPPLY CHAIN

INDUSTRY STORIES

HYGIENIC DESIGN STRATEGY

HYGIENIC STUDY AWARD

Vou dar só uma “palhinha” de trechos interessantes:

Como as empresas de processamento de alimentos e as empresas de equipamentos de alimentos devem abordar e entender os novos requisitos de benchmarking do GFSI?

‘Você pode ver isso como uma espécie de pirâmide. No topo estão os requisitos de benchmarking GFSI e abaixo estão os padrões dos esquemas de certificação. Eles elaboram as normas nos quais as pessoas podem basear seus certificados, como FSSC 22000, BSC ou IFS e vários outros. Então, é claro, existem os usuários finais reais. Os usuários finais são, neste caso, não apenas as empresas de processamento de alimentos, mas também os fabricantes de equipamentos. O requisito de benchmarking JI é para fabricantes de equipamentos e JII é para fabricantes de alimentos. Existe um grande interesse em obter esses certificados, em criar a oportunidade de ser certificado, mas primeiro é preciso haver normas por parte dos donos dos esquemas, que só serão desenvolvidos se houver interesse suficiente dos usuários finais. E os usuários finais provavelmente só manifestarão interesse e começarão a se mexer quando houver normas publicadas’

O EHEDG tem um plano para oferecer apoio a seus membros nessas questões (atender requisitos do GFSI)?

‘O EHEDG começou a escrever um novo documento de orientação sobre como realizar efetivamente uma avaliação de risco de projeto sanitário e fornecer orientações sobre como fazer isso para os processos de produção de alimentos. Chegar a um consenso sobre como fazer isso será benéfico para toda a indústria. A EHEDG está na posição perfeita para fornecer esse conhecimento, com base em nossa experiência em design higiênico. Está em total conformidade com nossa visão e missão, então é isso que defendemos.’

Para acessar a revista, clique aqui.

E para quem prefere ser lembrado das novidades e webinares através de publicações curtas, a dica é seguir o canal do LinkedIn.

Destaque para a seção de entrevistas de até cinco minutos como o “Hygienic Design Top Tips”.

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Segurança de Alimentos na Gastronomia: entrevista com autor Eduardo Tondo

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Em julho de 2022, tive o prazer de participar do evento de lançamento do livro Segurança de Alimentos na Gastronomia, do Professor Eduardo C. Tondo, responsável pelo Laboratório de Microbiologia e Controle de Alimentos do ICTA/UFRGS.

Foi um dia de palestras incríveis, um compilado de temas interessantíssimos sobre a importância da segurança de alimentos na gastronomia, com tópicos abordados por muitos dos autores no livro. Cada palestrante apresentou seus trabalhos, com exemplos práticos e resultados de projetos de pesquisa, mostrando como a ciência aliada às Boas Práticas garantem a entrega de preparações gastronômicas requintadas e seguras para os consumidores (leia mais sobre as legislações aqui).

Trago aqui uma breve entrevista com o Prof. Eduardo C. Tondo.

Cristina: Professor, qual foi a inspiração para o livro?

Prof. Eduardo: A ideia do livro surgiu a partir de 15 anos de consultorias em grandes hotéis, implementando Boas Práticas, HACCP e ISO 22000. Ali aprendi bastante com chefs e a gastronomia e deu para perceber que eles têm um lado artístico forte, são super hábeis, e que a segurança, muitas vezes, não é a prioridade do restaurante, o que é completamente compreensível. O chef hoje é um gestor, sofre pressão de mercado para criar pratos, ter perfeição técnica, etc. Quando ele tem boa formação, ele apoia as Boas Práticas, mas nem todos fazem isso. Daí percebi que teríamos que criar algo prático, dizendo claramente que segurança de alimentos pode não ser o foco número 1, mas deve estar no restaurante de forma sólida. Achei que faltava algo que falasse de segurança com perfil da gastronomia, não com cara de indústria de alimentos ou serviços de alimentação em geral, o que já tinha bastante. Mesmo que a legislação seja a mesma, a cozinha da alta gastronomia tem jeito e características diferentes de outras cozinhas. Também deu para perceber o lado do chef artista, que transgride, que não gosta de seguir regras, o que dificulta um pouco, rs. Porque quem não segue regras na implementação de um HACCP traz complicações.

Tentamos fazer um livro com uma pegada descontraída, com contexto histórico, menos “asséptico”, como ocorre em muitas publicações científicas. Acho isso importante porque  gastronomia remete a emoções, ao prazer de estar à mesa, e uma inovação deste livro foi tentar juntar ciência, legislação e cultura.

Na parte científica, o que fizemos foi identificar pratos reconhecidos internacionalmente e que não atendiam as legislações internacionais e nacionais ou eram questionáveis quanto a sua segurança. Por exemplo, aqueles com carne e peixe cru, tratamentos brandos, etc. Depois de identificar as receitas, inoculávamos patógenos de interesse nos alimentos e preparávamos os pratos no laboratório, para ver a o que acontecia com os microrganismos. Isso gerou vários mestrados, doutorados e papers que foram para o livro. Com a resposta científica dos papers, voltávamos aos chefs para sugerir alterações, daí víamos se dava para aplicar na prática ou não. Se não dava, voltávamos ao laboratório para ver outra alternativa. O livro foi uma forma de dividir essas informações com o público da gastronomia.

Cristina: Como foi o processo de escolher os temas e editar o livro?

Prof. Eduardo: Nosso laboratório trabalha há quase 30 anos com problemas pesados das indústrias de alimentos, envolvimento com surtos, interrupções de exportações, construção de legislações, etc. Então, entrar na gastronomia nos trouxe descontração, leveza, é a parte “fun” do laboratório. Para as pesquisas e o livro, procuramos pessoas com este perfil. Isso deu identidade a obra.

Cristina: Quais suas dicas para inspirar outros possíveis pesquisadores que queiram se enveredar pelo mundo autoral/editorial?

Prof. Eduardo: Durante a pandemia, nossa equipe procurou escrever algo que nos desse prazer e produtividade, muitos capítulos foram feitos a várias mãos. Me diverti muito fazendo isso. Buscamos uma editora parceira, que já havia produzido nosso outro livro e eles toparam. O financiamento foi da FAPERGS e, por isso, praticamente toda a primeira edição foi doada, não vendida. Os últimos exemplares serão distribuídos no Evento Chef’s Table, 2022, em Porto Alegre, no início do próximo mês. A segunda edição será comercializada a preço acessível para divulgar o projeto.

Cristina: Diversos temas como a segurança de sushis e flores comestíveis foram tratados com maestria, qual a maior preocupação com estes novos hábitos de consumo?

Prof. Eduardo Tondo – O cuidado com todos esses alimentos é importante e tem muita gente que os consume, logo temos que abordá-los. Os produtos de origem animal ainda inspiram mais cuidados. Ovos, carnes, pescados, frutos do mar são muito valorizados na gastronomia e, em muitas preparações, são minimamente processados, já que o frescor é muito valorizado. Esse tratamento brando ou inexistente pode levar a riscos e temos que minimizá-los com a ciência. No livro abordamos soluções práticas.

Cristina: Já tem planos para outro livro?

Prof. Eduardo: A segunda edição desse livro já está sendo escrita. Vai abordar gestão da segurança de alimentos na gastronomia e trabalhos realizados em parceria com a Escola Superior de Hotelaria e Turismo de Estoril, em Portugal (ESHTE). Nesse projeto, contamos também com a parceria de 4 universidades, 2 grandes hotéis e vários profissionais da gastronomia. Queremos obter mais colaborações. Quem quiser colaborar, por favor, nos procurem!

Finalizando, acho que quem deve brilhar na gastronomia são as preparações e os profissionais que as conceberam e prepararam. A inocuidade de alimentos precisa dar suporte a esse processo, para que as grandes experiências à mesa não acabem no hospital, por causa de uma DTA. Acho que o papel da segurança de alimentos é ser o bastidor, a moldura que sustenta essa grande obra chamada gastronomia.

Quer saber mais sobre o tema? Algumas dicas estão abaixo:

  • Os pilares da segurança dos alimentos na produção de grandes volumes em cozinhas industriais (link)
  • A arte da gastronomia atrelada à segurança dos alimentos (link)

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Mitos e crenças sobre alimentos podem impactar a saúde dos consumidores?

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Você considera que mitos e crenças sobre alimentos podem impactar sua saúde?

Minha avó me dizia: – Embrulhe a fruta no jornal que ela amadurece mais rápido!

Você alguma vez já deve ter ouvido algo parecido de seus pais, amigos, avós, sobre curiosidades, mitos, “dicas”, superstições relacionadas ao preparo, armazenamento e consumo de alimentos, tais como: preparar a comida de uma “determinada forma”, acrescentando ou pulando etapas é melhor ou pior para o consumo, que é bom comer determinado alimento para melhorar o enjoo, que você deve “lavar” ou não “lavar” o frango. Falando em lavar carnes, há um ótimo artigo no blog sobre esse assunto, CLIQUE AQUI PARA LER.

O fato é que estamos rodeados de informações como estas que atravessam gerações, compartilhadas no passado via boca a boca e hoje devido aos avanços da tecnologia e da comunicação, ganham muito mais velocidade e visibilidade por meio de grupos de mensagem e mídias sociais.

E falando em tecnologia, além dessas “dicas”, um recente termo ganhou popularidade nestes últimos anos, a “fake news”, notícias falsas que são publicadas como se fossem informações verdadeiras. Estas também são compartilhadas causando alardes na sociedade como: determinada marca fez isso, determinado produto contém aquilo, cuidado com os produtos com selinho X, não comprem a fruta Y. Alguns casos mais famosos podem ser lidos em outro artigo aqui do blog: Polêmicas fake news sobre alimentos dos últimos cinco anos

De um lado temos informações que em muitos casos não têm base científica e de outro lado temos a fake news, em que as pessoas primeiro acreditam e depois procuram evidências.

Não estou aqui para questionar a veracidade de determinadas crenças e culturas, mas para compartilhar algumas reflexões sobre a existência de algumas delas. Pergunto: será que esse somatório de informações pode impactar a saúde dos das pessoas? Será que determinado mito ou fake news, em vez de ajudar, pode prejudicar o consumidor? Até que ponto determinada “dica” pode se tornar um risco?

Inclusive no estudo HACCP há um tópico para uso não intencional, referente a possíveis usos não recomendados do alimento pelo consumidor.

Diante de tantas questões similares, um estudo publicado recentemente diz que acreditar em certos mitos relacionados ao consumo de alimentos pode aumentar sim o risco de doenças. Pesquisadoras analisaram como determinadas crenças podem impactar a saúde dos consumidores. Elas identificaram categorias de crenças e superstições relacionadas a aquecimento, preparo de alimentos, armazenamento, higiene, entre outras.

Nina Veflena e Paula Teixeira publicaram um artigo no Journal Food Control, uma revista científica da European Federation of Food Science and Technology (EFFoST) e da International Union of Food Science and Technology (IUFoST). A Food Control é uma revista internacional com publicações sobre segurança dos alimentos e controle de processos.

O estudo buscou investigar quais mitos as pessoas acreditavam ser verdadeiros e se a crença nesses mitos tinha relação com casos de gastroenterite.

Foram levantados mais de 150 mitos relacionados a alimentos em toda a Europa e depois foi realizada uma pesquisa na web com mais de 3.000 consumidores do Reino Unido, Alemanha e Noruega.

Nesta pesquisa perguntaram às pessoas se elas discordavam ou concordavam com os mitos levantados. Para conciliar o estudo, também foram utilizados dados sobre incidências de gastroenterite obtidos através de uma pesquisa realizada pela SafeConsume em 2019.

Uma análise foi realizada relacionando a aceitação das declarações de crença e os casos de gastroenterite relatados. Como conclusão, os resultados mostraram que muitas pessoas acreditavam sim nos mitos e isso se correlacionava positivamente com a incidência dos casos de gastroenterite.

Fortes relações com a gastroenterite foram observadas nos mitos questionados, como:

  • Comer ovos crus ajuda a curar ressaca;
  • Pimenta e alimentos marinados matam bactérias;
  • Vegetarianos não têm intoxicação alimentar;
  • Comer porcarias e ter diarreia é bom, pois irá limpar o estômago;
  • Alimentos aquecidos demais deixam de serem saudáveis, pois uma vez que os alimentos foram cozidos, todas as bactérias foram mortas;
  • Se a comida cheira bem e tem um gosto bom, é seguro comê-la;

Veja mais sobre mitos e fake news:

https://foodsafetybrazil.org/sera-que-a-lavagem-de-carnes-e-frangos-melhora-a-seguranca-dos-alimentos

https://foodsafetybrazil.org/fake-news-sobre-alimentos-em-2020

https://foodsafetybrazil.org/o-que-voce-deveria-saber-sobre-as-barras-coloridas-em-caixas-de-leite-fake

https://foodsafetybrazil.org/fake-news-alimentares-respeito-do-coronavirus

https://foodsafetybrazil.org/descubra-agora-as-maiores-fake-news-em-alimentos-dos-ultimos-05-anos

https://foodsafetybrazil.org/dicas-para-nao-espalhar-terror-alimentos

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Tradução: Guia de Monitoramento Ambiental FSSC 22000

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No início de outubro deste ano, o FSSC 22000 lançou um documento-guia para implementação de programa de monitoramento ambiental (link aqui).

Trata-se de um material orientativo de grande utilidade para indústrias de alimentos, serviços de alimentação e outras atividades ligadas à produção de alimentos. O guia traz um passo a passo de como estabelecer um programa de monitoramento ambiental na empresa, desde o levantamento de contaminantes de interesse, passando por metodologias de zoneamento ambiental, até métodos de coleta de amostras.

Clique aqui para ter acesso à tradução exclusiva deste material feita pelo blog Food Safety Brazil.

 

BÔNUS

Vale comentar que recentemente (27/09/2022), a lista de Decisão do Board of Stakeholder removeu a obrigatoriedade de incluir alergênicos no programa de monitoramento ambiental (Requisito Adicional do FSSC 22000 – 2.5.7). Para saber mais, clique aqui.

O Food Safety Brazil possui diversos outros posts sobre este tema:

       Monitoramento ambiental de patógenos (PEM) para alimentos de baixa atividade de água – link

       Elaborando um plano de monitoramento ambiental – link

       Quais microrganismos devo considerar no Plano de Monitoramento Ambiental? – link

       Monitoramento de higienização na produção de alimentos – link

       Zoneamento ambiental: sua empresa já atende esse requisito adicional da FSSC 22000 v.4.1? – link

       Referência microbiológica de swab para monitoramento de mãos e superfícies – link

< 1 min leituraNo início de outubro deste ano, o FSSC 22000 lançou um documento-guia para implementação de programa de monitoramento ambiental (link aqui). Trata-se de um material orientativo de grande utilidade para […]

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O ozônio tem outras aplicações na indústria de alimentos além de sanitizante?

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Como podemos ver no post “Cloro x Ozônio na Indústria de alimentos”, é permitido usar o ozônio como sanitizante na água e ele é 325 vezes mais rápido que o cloro a um custo similar.

Mas é só como sanitizante que se usa o ozônio?

Não. Ele tem várias outras aplicações na indústria de alimentos:

1. Na ETA – Estação de Tratamento de Água, para reduzir cor aparente, turbidez, metais pesados, pesticidas e material orgânico para que a água atinja os padrões de potabilidade necessários ao processamento de alimentos;

2. Na ETE – Estação de Tratamento de Efluentes, para reduzir DBO, DQO, cor aparente, turbidez, metais pesados, pesticidas, material orgânico e resíduos químicos específicos para que o efluente atinja os padrões exigidos pelos órgãos ambientais no Brasil para ser lançado na rede de esgoto ou nos rios e outros corpos de água;

3. Na redução de INSETOS nas matérias primas, produtos e processos das indústrias de alimentos;

4. Na redução de PESTICIDAS das matérias primas usadas na indústria de alimentos para que atendam aos LMRs – Limites Máximos de Resíduos, permitidos por lei no Brasil e no mundo

5. Na redução de MICOTOXINAS das matérias primas e produtos das indústrias de alimentos;

Vamos detalhar um pouco mais sobre cada uma dessas aplicações do ozônio.

  • Na ETA – Estação de Tratamento de Água

Esta aplicação foi bem explorada no artigo “Cloro x Ozônio na Indústria de alimentos” já mencionado acima.

  • Na ETE – Estação de Tratamento de Efluentes

O efluente proveniente de algumas operações de processamento de alimentos pode estar fortemente contaminado com material orgânico e resíduos químicos diversos.

Pesquisas demonstraram que uma degradação eficiente de contaminantes pode ser alcançada por meio da aplicação direta do ozônio em efluentes.

No Brasil os efluentes só podem ser lançados em corpos de água se atenderem aos parâmetros da resolução 430 de 2011 do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente, pois seu descarte sem o tratamento adequado pode implicar em riscos para a saúde humana, além da degradação do meio ambiente. Isso porque, dependendo do setor de atuação, esses resíduos líquidos podem conter nível de material orgânico acima do permitido, o que aumentaria o consumo de oxigênio do corpo d´água, causando mortes dos peixes e demais seres aeróbios. Também pode conter pesticidas e outros contaminantes químicos provenientes de limpeza e desinfeção, resíduos de aditivos e coadjuvantes de processo danosos à nossa saúde e ao meio ambiente. O ozônio, com seu alto poder oxidante, degrada e desmonta essas moléculas trazendo o efluente aos padrões legais. Se o efluente tiver metais pesados como cádmio, cromo, manganês e níquel, o ozônio precipita-os, retirando-os da solução e permitindo que sejam retidos pelos filtros.

  • Na redução de INSETOS

Antes de mais nada, você pode estar se perguntando, mas sanitização não diz respeito a insetos? Não. Sanitização consiste em reduzir microrganismos críticos para a saúde pública em níveis considerados seguros. Então vamos falar em fumigação de insetos. Insetos consomem os alimentos, depreciam sua qualidade e podem trazer microrganismos.

A fumigação é um tipo de controle de pragas gasoso usado para controle de insetos (pragas) vivos presentes em produtos agrícolas. O ozônio tem grande eficácia sobre os insetos.

Veja na tabela abaixo a relação dos insetos mais comuns encontrados em grãos armazenados e a respectiva porcentagem de mortalidade sob tratamento com ozônio.

Grãos Insetos alvos Concentração do Ozônio Tempo de exposição Mortalidade Referência
Grão armazenado Duas espécies de Tribolium spp. (Coleoptera: Tenebrionidae) 45 ppmv 6.5 h 100% 6
Mistura de farinha/ fubá de milho Oryzaephilus surinamensis (L) 5 ppm 3 e 5 dias 100% 7
Grãos armazenados Tribolium confusum Tribolium castaneum e Sitophilus zeamais (Adulto) 50 ppmv 3 dias 100% 7
Milho T. castaneum (TC) Sitophilus zeamais (SZ) P. interpunctella (PI) 25 ppmv 5 dias 91,4% (TC) 99,9% (SZ) 77,0% (PI) 8
Milho Adulto- T. castaneum,

Adulto- S. zeamais, e

Larva– P. interpuntella

50ppmv 3 dias 92-100% 8
Milho Sitophilus zeamais. 50 ppm de ozônio (8L min-1) 48 h 100% 9
Milho Adultos de S. zeamais e T. castaneum 50 mg kg 1 23,76 e 64,19 h 95% 10
Trigo Sitophilus oryzae (L.) – adultos 25 e 50 ppmv 4 e 2 dias 100% 11
Trigo Tribolium castaneum-adultos 70 ppmv. 4 dias 100% 12
Trigo Ovos de P. interpunctella,

S. zeamais-adulto e S. oryzae-adulto

1800 ppm 180, 120 e 60 min 100% 13
Trigo Ephestia kuehniella (EK) e Tribolium confusum (TC) 13,88 mg/L Tratamento de liberação de ozônio com intervalo de 30 min por 5 h 90-100% (L, P e A de EK) 72,6% (L) 1,3-22,7% (E, P e A de TC) 14
Feijão-caupi Adultos de Callosobruchus maculatus

Pupa

500 ppmv 274,40 min

 

 

1.816,54 min

100%

 

 

100%

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  • PESTICIDAS das matérias primas usadas na indústria de alimentos para que atendam aos LMRs – Limites Máximos de Resíduos, permitidos por lei no Brasil e no mundo

Entre os diversos métodos aplicados para a degradação de resíduos de agrotóxicos usuais, o tratamento químico com ozônio gasoso ou água ozonizada é uma tecnologia emergente com grande potencial e diversas vantagens. Muitas pesquisas têm sido realizadas com o ozônio gasoso para remoção de resíduos de agrotóxico em vegetais, frutas e grãos de cereais.

Veja na tabela abaixo os resultados da degradação de resíduos de agrotóxicos em alguns alimentos pelo ozônio:

Grãos tratados Tipo de toxicidade dos pesticidas Condições de tratamento Nível de redução Referência
Milho Pirimifos-metila 0,86 mg L -1 de ozônio gasoso, 60 min > 91% 22
Trigo Pirimifos-metila 60 mol mol 1 de ozônio gasoso, 30 min 71,1% 21
Deltametrina e Fenitrothion 60 mol mol 1 de ozônio por 60, 120 e 180 min 67,5%, 88,1% e 89,8% 21
Arroz Bifentrina e deltametrina 3 mg L 1 e fluxo contínuo de 1,0 L min 1por períodos definidos de até 10 h. 91,9% – Bifentrina

92,7% – Deltametrina

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A eficiência do ozônio gasoso na degradação de resíduos de agrotóxicos deve-se em grande parte à sua capacidade de reagir com estruturas moleculares contendo ligações duplas, como compostos aromáticos e aminas.

  • Na redução de MICOTOXINAS das matérias primas e produtos das indústrias de alimentos

As micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por uma grande variedade de espécies de fungos que causam as perdas nutricionais e a ingestão de alimentos que contenham micotoxinas pode causar graves efeitos sobre a saúde animal e humana.

O tratamento com ozônio gasoso tem demonstrado eficiência em reduzir contaminação por aflatoxina B1 em figos secos e patulina em sucos de maçã.

O ozônio também é útil na detoxificação e eliminação de micotoxinas em grãos de amendoim, milho, trigo e ração para aves.

Entretanto, dependendo do tipo e quantidade de micotoxina já formada e do alimento, não se consegue reduzir ao nível aceitável sem afetar algo no alimento e, como os fungos Alternaria sp., Aspergillus sp., Aureobasidium sp., Cladosporium sp., Geotrichum sp., Mucor sp., Penicillium brevicompactum, Stachybotris chartarium, Trichoderma viride, Ulocladium sp., Botrytis cinerea, Fusarium verticillioides e Colletotrichum magna já demonstraram serem sensíveis ao ozônio em vários estudos efetuados, a melhor estratégia é reduzir ou eliminar esses fungos bem no comecinho de seu aparecimento. Existem formas de aplicação do ozônio imediatamente após a colheita ou mesmo antes da colheita, em casas de vegetação ou descontaminar o solo dos canteiros.

Literatura citada

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  16. IKEURA, H.; KOBAYASHI, F.; TAMAKI, M. REMOVAL OF RESIDUAL PESTICIDE, FENITROTHION, IN VEGETABLES BY USING OZONE MICROBUBBLES GENERATED BY DIFFERENT METHODS. JOURNAL OF FOOD ENGINEERING, V. 103, N. 3, P. 345-349, 2011.
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  18. HELENO, F. F., DE QUEIROZ, M. E. L., NEVES, A. A., FREITAS, R. S., FARONI, L. R. A., & DE OLIVEIRA, A. F. (2014). EFFECTS OF OZONE FUMIGATION TREATMENT ON THE REMOVAL OF RESIDUAL DIFENOCONAZOLE FROM STRAWBERRIES AND ON THEIR QUALITY. JOURNAL OF ENVIRONMENTAL SCIENCE AND HEALTH, PART B, 49(2), 94-101
  19. RODRIGUES, ALESSANDRA APARECIDA ZINATO ET AL. USE OF OZONE AND DETERGENT FOR REMOVAL OF PESTICIDES AND IMPROVING STORAGE QUALITY OF TOMATO. FOOD RESEARCH INTERNATIONAL, P. 108626, 2019
  20. SAVI, G.D.; PIACENTINI, K.C.; BORTOLOTTO T.; SCUSSEL, V.M. DEGRADATION OF BIFENTHRIN AND PIRIMIPHOSMETHYL RESIDUES IN STORED WHEAT GRAINS (TRITICUM AESTIVUM L.) BY OZONATION. FOOD CHEMISTRY, N.203, P.246–251, 2016
  21. SAVI, GD, PIACENTINI, KC E SCUSSEL, VM, 2015. REDUÇÃO DE RESÍDUOS DE DELTAMETRINA E FENITROTION EM GRÃOS DE TRIGO ARMAZENADOS PELO OZÔNIO GASOSO. JOURNAL OF STORED PRODUCTS RESEARCH, 61, PP.65-69.
  22. FREITAS, ROMENIQUE DA SILVA ET AL. DEGRADATION KINETICS OF PIRIMIPHOSMETHYL RESIDUES IN MAIZE GRAINS EXPOSED TO OZONE GAS. JOURNAL OF STORED PRODUCTS RESEARCH, V. 74, P. 1-5, 2017.
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  24. VON GUNTEN, U. (2003). OZONATION OF DRINKING WATER: PART I. OXIDATION KINETICS AND PRODUCT FORMATION. WATER RESEARCH, 37(7), P. 1443-1467
  25. ZORLUGENÇ, B. ET AL., THE INFLUENCE OF GASEOUS OZONE AND OZONATED WATER ON MICROBIAL FLORA AND DEGRADATION OF AFLATOXIN B1 IN DRIED FIGS. FOOD AND CHEMICAL TOXICOLOGY, V. 46, N. 12, P. 3593-3597, 2008.
  26. CATALDO, F. OZONE DECOMPOSITION OF PATULIN-A MICOTOXIN AND FOOD CONTAMINANT. OZONE: SCIENCE AND ENGINEERING, V. 30, N.3, P. 197-201, 2008
  27. ALENCAR, ERNANDES RODRIGUES ET AL. EFFICACY OF OZONE AS A FUNGICIDAL AND DETOXIFYING AGENT OF AFLATOXINS IN PEANUTS. JOURNAL OF THE SCIENCE OF FOOD AND AGRICULTURE, V. 92, N. 4, P. 899-905, 2012.
  28. SAVI, GEOVANA D. ET AL. FUMONISINS B1 AND B2 IN THE CORNMILLING PROCESS AND CORNBASED PRODUCTS, AND EVALUATION OF ESTIMATED DAILY INTAKE. FOOD ADDITIVES & CONTAMINANTS: PART A, V. 33, N. 2, P. 339-345, 2016.
  29. TORLAK, E.; AKATA, I.; ERCI, F.; UNCU, A.T. USE OF GASEOU OZONE TO REDUCE AFLATOXIN B1 AND MICROORGANISMS IN POULTRY FEED. JOURNAL OF STORED PRODUCTS RESEARCH, V.68, P.44-49, 2016.

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Como aumentar o engajamento dos participantes nos treinamentos de BPF

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A proposta desse post é apresentar ideias de condução para treinamentos de boas práticas de fabricação que obtenham resultados esperados, ou seja, conseguir o engajamento dos colaboradores para que aprendam os conceitos a eles repassados e os pratiquem no seu dia a dia de forma a contribuir com a cultura de segurança de alimentos.

Para obter engajamento, é importante envolver os colaboradores desde o início do processo, estimulando a participação ativa nas atividades propostas. Outra dica importante é utilizar diversos recursos didáticos para facilitar o entendimento dos conceitos abordados. Dessa forma, os colaboradores poderão assimilar melhor as informações e estar mais preparados para aplicá-las no seu dia a dia.  Aqui no blog já foram apresentadas diferentes abordagens com objetivo de criar treinamentos dinâmicos e participativos. Agora o convite é para reflexão sobre comunicação assertiva entre o treinador e a equipe a ser treinada.

Quando falamos em comunicação assertiva, logo pensamos em relacionamentos interpessoais. No entanto, é possível aplicar os conceitos de comunicação assertiva em treinamentos para potencializar os resultados.

Ela é baseada em princípios de respeito, diálogo e escuta ativa. Isso significa que, ao utilizar essa técnica de comunicação, o treinador pode estabelecer uma relação de confiança e abertura com seus alunos, o que favorece a aprendizagem, levando a um diálogo mais franco e construtivo. Dessa forma, os treinamentos tendem a ser mais produtivos e eficazes quando os participantes se sentem à vontade para expressar suas opiniões e questionamentos.

Para que a comunicação seja assertiva, é preciso que os interlocutores estejam envolvidos no processo e que saibam exatamente o que está sendo pedido. A comunicação não acontece apenas quando falamos, mas também quando ouvimos e prestamos atenção às nossas reações. É importante ter em mente que, para se ter uma conversa produtiva, todos os participantes devem estar dispostos a ouvir e a compreender o outro lado.

Nós, enquanto equipe de qualidade, muitas vezes estamos acostumados com conceitos complexos, apresentados em formato de indicadores robustos que detalham as ações realizadas em prol da disseminação de conceitos relacionados à qualidade e segurança de alimentos. No entanto, é importante ressaltar que no momento de levar informações aos colaboradores, é necessário considerar que eles não possuem a mesma vivência e que talvez desconheçam esses conceitos.

Devemos lembrar que o objetivo do treinamento é impactar positivamente o dia a dia das pessoas, tornando-as mais produtivas e felizes em seu ambiente de trabalho. Precisamos lembrar sempre do nosso propósito e buscar maneiras inovadoras e criativas de alcançá-lo.

Nesse sentido, esse post apresenta dicas de como promover a proximidade com as pessoas que estão lhe ouvindo. Existem muitos benefícios em se comunicar bem com seus ouvintes. Por exemplo, se você é um treinador de boas práticas de fabricação, melhorar sua comunicação pode aumentar a motivação das pessoas, bem como sua confiança e participação, ou seja, gerar mais engajamento. Algumas dicas úteis incluem:

O treinamento é a única forma de tornar excelente aquilo que se faz com dedicação

Will Borges

Aproveite a oportunidade.

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Resíduos de pesticidas x produção de alimentos de origem animal

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Em um dos meus últimos textos escrevi como os alimentos de origem animal podem conter resíduos de pesticidas, ou como são chamados aqui no Brasil, agrotóxicos.

Alimentos processados estão em alta, e por vezes há casos relacionados a prejuízos à saúde de quem os consome. Quanto eles podem impactar em relação à ausência ou presença de resíduos de pesticidas?

Pensando nos processos utilizados na produção de lácteos, como pasteurização, fermentação e maturação de queijos, batedura da manteiga, adição de frutas para iogurtes – qual seria o papel destes processos (se é que interferem) considerando os resíduos?

E os processos que a indústria utiliza na produção de bolos, biscoitos com adição de leite e ovos? Ou mesmo processos para produção de alimentos cárneos processados – salsicha, hambúrgueres e aquelas lasanhas prontas com carne e queijo.

Entendo que o alimento preparado com a matéria prima que contém o resíduo muito provavelmente vai seguir com o resíduo na íntegra ou com subproduto do resíduo, um novo isômero. O importante é entender se processos podem aumentar, diminuir, manter as concentrações desses resíduos ou mesmo gerar novas “apresentações” desses resíduos de pesticidas, por exemplo.

Para fazer um queijo, usa-se em média 10 litros de leite. Muitos pesticidas têm característica lipossolúvel, ou seja, se ligam à molécula de gordura do leite, então quando produzirmos o queijo, esse resíduo do pesticida ficará preso à gordura e não será desprendido no soro do leite (subproduto líquido da produção dos queijos). Com isso, em 1 kg de queijo, teríamos o resíduo de agrotóxico correspondente a 10 litros de leite. Isso parece assustador em um primeiro momento, mas aí temos que lembrar qual a quantidade desse alimento que consumimos diariamente, ou em algum intervalo de tempo. Se falamos em leite, podemos tomar dois copos de 250 ml por dia, mas vamos comer 0,5 kg de queijo todos os dias? Então são parâmetros diferentes que precisam ser avaliados. A quantidade de resíduo encontrado em 1g de queijo tende a ser maior do que em 1g de leite – devido à concentração, mas o LMR (limite máximo de resíduo) seria o mesmo?  E a IDA (ingestão diária aceitável)?

Se pensarmos nos alimentos processados, podemos ter uma concentração de resíduos, ou mesmo uma somatória de resíduos provenientes de diferentes matérias primas. Num iogurte com fruta, podemos ter um resíduo proveniente do leite e outro da fruta.

Por outro lado, alguns processos podem diminuir a quantidade de resíduo existente na matéria prima, como os que utilizam calor em temperaturas altas e prolongadas, processos fermentativos utilizados na fabricação de iogurtes e fermentação de queijos, mas além de diminuir, podem gerar novos resíduos, então mais estudos são necessários nesse tema.

Concluindo, o processamento em si não gera o resíduo, ele pode até diminuir a sua concentração. O resíduo é proveniente da matéria prima que originará aquele alimento processado. Pensando em itens processados com algumas matérias primas de origem animal, outras vegetais, podemos ter um produto com “mix” de resíduos de pesticidas. As análises para detecção desses resíduos ainda são de cara execução por precisarem de equipamento específico e de alto valor – HPLC. O importante seria controlar esse resíduo na origem. As boas práticas agrícolas são necessárias. Assim, se tivermos cultivos de grãos sem excesso de pesticidas, alimentos oferecidos para a alimentação animal sem excesso de pesticidas (animais que usaremos para alimentação humana), se os medicamentos veterinários forem aplicados de forma correta, respeitando o período de carência, teremos mais condições de produzir alimentos com níveis adequados e permitidos de resíduos de agrotóxicos.

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O que significa a sigla USP em ingredientes alimentícios?

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Os últimos acontecimentos com o propilenoglicol e etilenoglicol geraram muitas dúvidas sobre a sigla USP utilizada no rótulo dos produtos contaminados.

A sigla USP significa United States Pharmacopeia, ou seja, significa que o produto foi analisado pela metodologia disponibilizada na farmacopeia americana. Garante-se que produtos analisados conforme esta metodologia contenham um nível de pureza de 99,99%.

A USP é uma organização científica independente e sem fins lucrativos focada no fornecimento de medicamentos e ingredientes para alimentos seguros e de qualidade.

A Farmacopeia dos Estados Unidos (USP) é uma farmacopeia (compêndio de informações sobre medicamentos) para os Estados Unidos publicada anualmente pela United States Pharmacopeial Convention (geralmente também chamada de USP), uma organização sem fins lucrativos que detém a marca registrada e também os direitos autorais sobre a própria farmacopeia. A USP oferece mais de 7.000 Padrões de Referência USP, amostras físicas altamente caracterizadas de substâncias medicamentosas, excipientes, ingredientes alimentícios, impurezas, produtos de degradação, suplementos alimentares, reagentes, compêndios e calibradores de desempenho. Seus padrões são reconhecidos em várias disposições da Lei Federal de Alimentos, Medicamentos e Cosméticos (FDCA) e em leis, regulamentos e políticas promulgadas pelos estados. Esses padrões são aplicados pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, estados e outras organizações de supervisão.

Os principais compêndios de normas da USP são a United States Pharmacopeia e o National Formulary (USPNF). Estas normas podem ser adaptadas ou adotadas por qualquer organização ou governo em todo o mundo.

O que é estar em conformidade com a USP?

Um produto comercializado reconhecido na USP está em conformidade com estas normas quando cumpre todos os requisitos indicados na monografia do produto, nos Capítulos Gerais aplicáveis e nos Avisos. As normas aplicáveis valem para toda a vida útil do material, da produção à validade. Assim, espera-se que qualquer material oficial cumpra as normas do compêndio, se testado, e que qualquer material oficial efetivamente testado conforme indicado na monografia pertinente, cumpra essas normas para demonstrar conformidade. A frequência de teste e de amostragem vai depender das preferências ou da orientação de quem realiza o teste de conformidade, e de outros usuários do USP, incluindo fabricantes, compradores ou autoridades reguladoras.

Todos os testes especificados em uma monografia precisam ser realizados para assegurar a conformidade?

Especificações de um fabricante aprovadas pela FDA e boas práticas de fabricação (BPF) atuais relacionadas para medicamentos e produtos farmacêuticos acabados, exigidas pelas regulamentações da FDA podem ajudar a assegurar que um produto esteja e continue em conformidade com as normas de compêndio.

Qualquer empresa pode usar a marca de verificação USP?  

Para obter a marca de verificação USP, os fabricantes devem passar por:

– Auditoria de instalações de fabricação para conformidade com o Capítulo Geral da USP Práticas de Fabricação para Suplementos Dietéticos e Boas Práticas de Fabricação atuais da FDA;

– Revisão da documentação de fabricação e controle de qualidade do produto;

– Testes laboratoriais de amostras de produtos para conformidade com os padrões de qualidade encontrados no USP, ou com especificações farmacopeicas ou do fabricante apropriadas;

– Testes de prateleira dos produtos verificados para confirmar que o produto continua a atender aos padrões de qualidade baseados na ciência.

Assim, a empresa que utilizar o símbolo USP precisa ter sido aprovada para tal e percebemos fraude eminente com a utilização do símbolo USP para propilenoglicol contaminado e que causou uma grande crise em indústrias de fabricação de alimentação animal e humana. Usar um símbolo de garantia de pureza e conformidade com fins lucrativos é mais um daqueles golpes bem baixos contra o consumidor.

Boa leitura e até o próximo post!

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Identificação de equipamentos: comece pelo simples

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Em tempos de indústria 4.0, ainda visito várias empresas que têm muitos equipamentos ou componentes sem identificação e talvez elas não tenham percebido que isso afeta a segurança dos alimentos.

Neste post, você terá algumas dicas que podem ajudar no seu dia a dia em algumas atividades, como:

  • Descrição de instruções operacionais ou procedimentos operacionais: ajuda a definir qual componente precisa ser aberto ou fechado.
  • Plano de manutenção: lista por componentes de vedações e selos que precisam ser trocados ou verificados, pois gera histórico de trocas ou problemas por componente.
  • Treinamento de novos operadores: reduz o tempo de capacitação, pois é fácil saber quais são os componentes, e evita erros.

Comece pelo simples, que é efetivo e tem baixo custo.

A identificação básica pode ser feita com etiquetas, amarelas e à prova d’água, e começa com a codificação das áreas e geração de um padrão YY XXXX, onde:

YY – Letras para identificação de componentes que podem ter 2 ou 3 letras. Exemplo: VA válvula automática. As válvulas manuais também podem ser identificadas como VM.

XX – Os dois primeiros números são referentes à área. Exemplo: pasteurizador 1 ou área de mistura. Lembre-se de definir números únicos para todas as áreas ou etapas do processo.

XX – Últimos números do código são referentes ao item, normalmente definidos pelo projeto, mas se o projeto é antigo pode ter nova definição. Cuidado para ter link com a identificação em painéis ou sistemas de controle e automação.

Para indústrias que já têm o básico, o mercado oferece mais opções:

  1. Código de barras – são usados para facilitar a leitura via leitor de barras e inserção de informações em banco de dados de manutenção ou inventário.                                                                                                               
  2. QRcode: para busca de manuais, histórico de manutenções etc.                                                           

Atenção para não entrar em modismos, que têm custos elevados.

A identificação ou codificação é utilizada inclusive para rastreabilidade e processos de melhoria contínua.

Em suma: se você não tem, que tal começar agora?

Leia também:

Inclua a Manutenção na Validação de Higienização

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Qualificação para profissionais de alimentos

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Apesar da pandemia, durante os últimos dois anos, o setor de produção de alimentos continuou em movimento e forte expansão. Por consequência, houve um aumento na demanda por profissionais, especialmente os qualificados, para dar suporte à cadeia de alimentos. Para toda a cadeia de alimentos, “da fazenda ao garfo”, existe a necessidade de profissionais com experiência e conhecimento para acompanhar esta demanda.

Num mercado cada vez mais competitivo, destacar-se por sua qualificação profissional tem sido um excelente diferencial. Além de complementarem seus currículos com cursos de especialização, uma outra opção que o mercado oferece aos profissionais de alimentos é o reconhecimento oficial junto às normas de certificação, como consultores, treinadores e auditores. Além dos critérios exigentes de qualificação mínima para que os profissionais sejam considerados aptos a se candidatarem a tais credenciais, o custo para estes reconhecimentos, muitas vezes, é elevado. Então fica a questão: o custo-benefício desses reconhecimentos oficiais vale a pena? Se eu pudesse testar a demanda do mercado antes de fazer este alto investimento, não seria interessante?

Pensando nisso, o Instituto SQF lançou, no último mês de agosto, um Programa de Desenvolvimento de Consultores para o mercado Latino Americano. Este programa irá selecionar 15 consultores do mercado e contemplar os selecionados com um programa de educação e a primeira anuidade gratuita como Consultor Licenciado SQF. O programa traz visibilidade aos profissionais do setor de alimentos selecionados, e tem como objetivo desenvolvê-los para atender a demanda crescente de profissionais com conhecimento para auxiliar empresas no processo de implementação do Código SQF.

O Código SQF possui mais de 25 anos de história e reconhecimento Global, e tem os Estados Unidos como principal mercado. Apesar disso, ainda é pouco conhecido no mercado Latino-Americano, em especial na América do Sul. O SQF oferece soluções para toda a cadeia de produção de alimentos, “da fazenda ao garfo”, gerando possibilidades para profissionais que atuam em qualquer etapa da cadeia, seja na produção primária, na industrialização, no serviço de alimentação, nos setores de estocagem e distribuição, embalagens para alimentos, qualidade ou outro. Considerando este cenário, os profissionais com conhecimento nos Códigos SQF se destacam, estando preparados para atender as necessidades do mercado em expansão.

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Dica: Food Allergens – International Regulatory Chart

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Sua empresa vende alimentos para países do exterior?
Você sabe quais ingredientes são considerados alergênicos, por exemplo, na Austrália ou na China?

Uma dica muito boa é acessar o Food Allergy Research and Resource Program , iniciativa da University of Nebraska – Lincoln (EUA). Acesse este link: https://farrp.unl.edu/IRChart

 

Trata-se de uma compilação das legislações de alergênicos de 36 países ou blocos de todos os continentes.
Ele apresenta uma interface bastante interativa. Um exemplo de pesquisa que você pode fazer é pesquisar quais países consideram soja como alergênico. Veja a resposta abaixo:

 

Você também pode acessar uma tabela com todos os países ou blocos incluídos no banco de dados e saber quais são os alergênicos citados na legislação de cada um deles.

O site é frequentemente atualizado, levando em conta as constantes mudanças de legislações.

Quer saber mais sobre alergênicos? O Food Safety Brazil tem vários posts a esse respeito. Dê uma olhada nessa coletânea de publicações.

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Selos de Qualidade em alimentos

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O uso de selos de qualidade tem por objetivo passar uma mensagem direta ao consumidor de que um produto foi produzido no mais alto padrão de qualidade. Nos anos 90, o uso do selo da ISO 9001 como sinônimo de produto de qualidade assegurada passou a ser considerado um passaporte de acesso a novos negócios, sendo adotado pelos mais diversos setores da indústria. Na área de alimentos existem outros selos específicos que transmitem mensagens relacionadas a atributos dos produtos, como: produtos orgânicos, grãos de café de qualidade, produtos oriundos de regiões que por suas características climáticas garantem uma qualidade sensorial diferenciada, produto sustentável, entre outros.

Na indústria de alimentos, a entrega de um produto seguro não é considerada um diferencial, mas sim uma obrigação das empresas para com os consumidores. No entanto, cada vez mais, gestores de grandes redes com a preocupação de zelar por seus consumidores têm exigido de seus fornecedores, como um critério comercial, a adoção de sistemas de segurança de alimentos acreditados e com reconhecimento internacional. Estes, por sua vez, têm o objetivo de confirmar que seus processos foram mapeados e padronizados, os riscos identificados e as medidas de controle implementadas, para garantir que o alimento fabricado é seguro para o consumo direto ou para ser incorporado como ingrediente em outro processo. As certificações de Segurança de Alimentos são evidenciadas por meio de certificados, que podem ser compartilhados facilmente na relação “B2B” (Business to Business, relação comercial entre empresas). Porém, o consumidor final nem sempre tem consciência deste diferencial que, por vezes, pode ser um dos fatores mais importantes para garantir que o produto é oriundo de um processo gerido com base nos princípios e melhores práticas da indústria de alimentos, sendo por consequência um produto mais seguro para o consumidor.

Considerando esta demanda, o Instituto SQF lançou o selo de Qualidade SQF (Quality Shield). Este selo só pode ser obtido por empresas que possuam alguma certificação de segurança de alimentos, seja IFS, BRCGS, FSSC 22000, SQF, APPCC, ou outra, e que, adicionalmente a esta certificação, sejam submetidas e aprovadas em uma auditoria de terceira parte acreditada do Código de Qualidade SQF. Este Código é específico e aborda aspectos qualitativos (atributos) do alimento, assim como a eficiência do processo através de sua padronização e redução de perdas, utilizando como base ferramentas como seis sigmas e APPCC (agora com foco em identificar, prevenir, reduzir ou eliminar os perigos qualitativos). A empresa que obtém sucesso nessa auditoria pode fazer o uso do selo de qualidade SQF na embalagem do produto acabado, enviando esta mensagem diretamente ao consumidor final.

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Podemos consumir café nas salas anexas à produção de alimentos?

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Um tema que ainda suscita muitas dúvidas nas indústrias de alimentos e bebidas diz respeito ao consumo de café nas salas anexas ao setor de produção dos alimentos.

É realidade de muitas indústrias a criação de salas anexas dentro do setor fabril para facilitar o acompanhamento diário dos setores. São as salas de Supervisão, Garantia da qualidade, PCP, salas de reunião, manutenção, entre outras.

Esta prática do consumo do café não é recomendada devido aos riscos de contaminação cruzada pelo acúmulo de lixos ou sujidades e atração de pragas, cuja presença constitui sempre um risco à segurança dos alimentos. Entre os princípios gerais higiênico-sanitários para a produção de alimentos, a Portaria SVS/MS n° 326/1997 cita no item 4.2 que deve haver um controle e prevenção de contaminação por lixo ou sujidades.

Todo e qualquer consumo de alimentos deve acontecer em locais definidos para esta finalidade, como refeitórios por exemplo. Conforme citado no item 5.3.9 da norma já referida, estes locais devem estar completamente separados dos locais de manipulação de alimentos e não devem ter acesso direto, tampouco comunicação.

A SVS/MS n° 326/1997 define que manipulação de alimentos são as operações efetuadas sobre a matéria-prima até a obtenção de um alimento acabado, em qualquer etapa de seu processamento, armazenamento e transporte. Produção de Alimentos é o conjunto de todas as operações e processos efetuados para obtenção de um alimento acabado.

Portanto, mesmo o consumo de um singelo cafezinho nas salas anexas não é adequado e não está em perfeita conformidade com as Boas Práticas de Fabricação.

Qualquer prática de conduta pessoal que possa originar uma contaminação de alimentos nas áreas de manipulação e produção deve ser evitada. As empresas podem sim disponibilizar café, desde que seja em local apropriado para a finalidade e em intervalos definidos.

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Laboratórios internos, ISO 17025 e ensaios de proficiência

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Cada vez mais as normas de Segurança de Alimentos, reconhecidas pelo GFSI, solicitam que as empresas que realizam seus ensaios relacionados à segurança de alimentos em seus laboratórios internos sigam as diretrizes da ISO 17025. Mas afinal, como seguir as diretrizes e estar em conformidade com a ISO 17025?

Cada uma das normas traz suas expectativas, mas um ponto comum é a exigência  da realização de ensaio de proficiência, que tem por objetivo validar os métodos dos ensaios utilizados e resultados obtidos pelas empresas.

Um erro muito comum das indústrias é acreditar que realizar, para uma mesma amostra, um ensaio em seu laboratório e em um laboratório externo com tal ensaio acreditado, e comparar os resultados obtidos, poderá ser considerado um teste de proficiência. Este método pode ser sim uma boa prática, porém se trata apenas de um comparativo e não de proficiência. Segundo a ISO 17025, ensaio de proficiência é a avaliação do desempenho do participante contra critérios preestabelecidos por meio de comparações interlaboratoriais. Ou seja, o ensaio de proficiência compara os resultados obtidos pelos laboratórios participantes para uma mesma amostra, validando ou não os resultados obtidos por estes.

Mas quem pode realizar uma rodada de ensaio de proficiência?

Os provedores de ensaio de proficiência no Brasil, sejam eles laboratórios, universidades ou outras instituições, para poderem conduzir ensaios de proficiência precisam estar acreditados na NBR ISO/IEC 17043 Avaliação da conformidade — Requisitos gerais para ensaios de proficiência. Sendo assim, o primeiro passo é encontrar rodadas de ensaio de proficiência com os ensaios que queremos validar e que estejam abertas, atentando para a matriz de produto, que deve ser igual ou similar ao alimento objetivo do ensaio. Feito isso, é só se inscrever e participar. Ao final do processo, se o resultado obtido pelo laboratório interno da empresa atingir o resultado esperado pelo provedor da rodada de ensaio de proficiência, este é contemplado com uma carta de validação/aprovação com as informações do ensaio.

Onde encontro rodadas de ensaio de proficiência?

Uma excelente dica para buscar globalmente rodadas de ensaio de proficiência em andamento é pelo link: https://www.eptis.bam.de/eptis/WebSearch/main

É importante entender que o objetivo deste processo é fundamentalmente garantir a confiabilidade dos resultados e a segurança dos alimentos produzidos e comercializados pela empresa. Ensaios de proficiência são essenciais para garantir, através da repetitividade, a confiabilidade dos ensaios realizados pelos laboratórios internos das empresas, estando alinhados com a ISO 17025 e, também, preparados para que em um futuro, não muito distante, possivelmente estejam acreditados.

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É possível reduzir o tempo de limpeza sem comprometer a segurança dos alimentos?

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Afinal, reduzir o tempo de higienização, sanitização, limpeza compromete a segurança dos alimentos?

Com certeza, você que trabalha em uma empresa alimentícia já foi questionado sobre o tempo de higienização na indústria. Questões como esta estão presentes na rotina do time de qualidade, pois envolvem tempo e produtividade. Decidi então compartilhar neste post algumas experiências e visões sobre melhorias em processos.

Entendendo a redução de custos

Produtividade e lucro estão entre os principais objetivos de uma empresa. É preciso gerar lucratividade para que o negócio seja autossustentável.

Há uma equação para isso:

LUCRO = PREÇO – CUSTOS

E o que ela significa?

O PREÇO de um produto na maioria das vezes está estabelecido pelo mercado e concorrência. Para o LUCRO esperado também existe uma expectativa de valores a serem gerados para o negócio prosperar. Veja que nesta fórmula a empresa precisa, portanto, olhar internamente e diminuir os CUSTOS, pois se estes não diminuem, o lucro diminui e consequentemente teremos alta nos preços para compensar essa equação.

Aumentar os preços não é a melhor das soluções quando uma empresa está “rasgando dinheiro” internamente em processos mal definidos, altas perdas de produto, retrabalhos excessivos, má gestão de tempo.

Custos e riscos na indústria de alimentos

De um lado temos a visão de que sem o lucro a empresa não sobrevive, do outro temos os valores e a cultura de qualidade que são norteadores. Então, até que ponto podemos ir na redução dos custos? Qual o limite entre eliminar um processo e não comprometer a qualidade e segurança do alimento?

Este é o tema deste post:  reduzir o tempo de limpeza pode comprometer a segurança dos alimentos?

Em melhoria contínua, uma prática é analisar as atividades que agregam e as que não agregam “valor” no processo de conversão de um material para um produto acabado.

Ainda dentro da melhoria contínua, busca-se aumentar a produtividade das linhas e processos e naturalmente algumas etapas podem ser reduzidas ou até eliminadas, mas para isso existem muitos estudos, ferramentas, muitas idas ao “Gemba” (local onde as coisas acontecem) e claro, a validação.

Eu quero abordar de forma global qualquer situação de redução de tempo que possa ocorrer ou ser demandada na indústria alimentícia e que deva ser feita com muita cautela para que não tenhamos um risco à segurança dos alimentos.

Nas empresas de hoje, será a limpeza realmente um gargalo? Será que é somente na limpeza que se perde tempo e produtividade?

Existem diversos processos em uma indústria que podem comprometer a produtividade de uma linha, como por exemplo:

  • Um leiaute mal distribuído gerando movimentações desnecessárias entre pontos distantes, paradas por atraso no abastecimento;
  • A falta da manutenção, gerando desgastes prematuros de equipamentos e quebras inesperadas;
  • Desregulagem da enchedora gerando consequentemente retrabalhos por um volume/ peso baixo;
  • Falta de lubrificação comprometendo a máxima velocidade da empacotadora.

Há uma série muito vasta de possibilidades que afetam os processos e que, se solucionadas, já trariam muito mais produtividade, mas vamos nos ater apenas ao setup de limpeza. É muito comum nas indústrias alimentícias setups de produção e paradas programadas para grandes limpezas, com isso os times de melhoria buscam também encontrar formas de otimizar esse tempo.

Existem o SMED, VSM, Changeover, Cronoanalise, entre outras diversas metodologias e ferramentas dentro do universo de melhoria contínua com o objetivo de reduzir tempos, perdas, trocas, atividades que não agregam valor ao produto, processo.

Mas entenda:

Reduzir o tempo de limpeza não é simplesmente deixar de limpar. É preciso estar atento e não basta simplesmente “cortar ou reduzir” uma etapa.

Tenha em mente que cortar uma limpeza pode expor o alimento a contaminações microbiológicas por incrustações, reduzir um tempo de enxágue pode expor o alimento a contaminações químicas do próprio produto de limpeza mal retirado e eliminar uma inspeção de partida após setup pode expor o alimento a contaminações físicas de um parafuso solto.

Os membros de melhoria e qualidade precisam acompanhar de perto as atividades de limpeza e observar em campo o que está acontecendo, que processos são realizados, lembrando que seres humanos não são robôs com cargas horárias precisas e inclusive existe o fator fadiga, que deve ser incluído em análises de tempos e métodos.

A demora no tempo de limpeza muitas vezes não está no passo a passo da limpeza, não está na quantidade de coisas a serem limpas ou no tempo que o colaborador precisa esfregar uma peça, não está nos “15 minutos” de ação do produto químico ou nos “5 minutos” de enxágue. Na maioria das vezes o atraso está:

  • Em uma bomba cavitando ou mal dimensionada fazendo uma limpeza CIP demorar 15% a mais no tempo de limpeza padrão;
  • Em utensílios de limpeza avariados prejudicando a performance da limpeza, exigindo mais esforço do colaborador, mais do que os “15 minutos” definidos no procedimento;
  • Na falta de um tipo do produto químico adequado a cada incrustação encontrada;
  • No piso desnivelado fazendo a água escorrer para todos os lados menos para o ralo;
  • Na condição do equipamento que não possui design sanitário dificultando a limpeza;
  • Na acessibilidade ao desmonte de peças com parafusos despadronizados e de todos os tipos de formato e tamanho exigindo diversas chaves e ferramentas;
  • Na falta das ferramentas de desmonte que poderiam ser substituídas por engates rápidos;
  • Na falta de manutenção adequada, lubrificante escorrendo e em excesso no equipamento, fuligem e metais de equipamento “raspando”;
  • No tempo que o colaborador precisa aguardar os produtos químicos serem pesados e liberados para início da limpeza;
  • Na falta de mão de obra para realizar limpezas em todos os pontos da linha;
  • No direcionamento de parte do time que estaria fazendo limpeza para realizar retrabalhos;
  • Na falta de pontos de água acessíveis, falta de mangueiras no tamanho adequado;
  • Nas vedações inadequadas e ressecadas, dando passagem entre as tubulações;

Veja que nos exemplos acima não contestei o que era para ser limpo ou o tempo estipulado no procedimento. Não foram eliminadas etapas de limpeza, pelo contrário, justamente olhei como o padrão deveria ocorrer e naturalmente surgiu uma série de problemas que comprometiam seguir com o padrão de limpeza validado e que, se solucionados, já trariam resultados positivos no tempo de troca de uma linha.

Validação

E falando em validação, para qualquer mudança no processo de limpeza vejo a necessidade de uma validação que ateste que a mudança foi efetiva através de análises sensoriais, físico-químicas e microbiológicas e além destas uma análise crítica por profissionais especializados em limpeza e microbiologia.

A tubulação pode até estar limpa hoje, mas após semanas em produção e na nova condição de limpeza, será que não podem estar expostas a formação de biofilmes e incrustações?

Concluo dizendo que qualquer melhoria deve partir da fórmula Custo/Benefício e muitas vezes a contaminação do produto pode não “pagar” a mudança realizada e o tempo reduzido.

Leia também:

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A segurança de alimentos da carne cultivada em laboratório (visão da FAO)

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Se por um lado o consumo de alimentos plant-based está em ascensão no mercado, por outro, a demanda por carne também cresce. Como a intensificação da produção animal não combina com sustentabilidade, por aspectos ambientais, segurança dos alimentos e bem-estar animal, a tecnologia de carne cultivada em laboratório, ou mais tecnicamente falando, o cultivo de células, é a forma de ter acesso a proteínas com as mesmas características sem precisar de criação e abate em larga escala. Outros nomes para a tecnologia: carne artificial, in vitro ou sintética.

Em 1932, Winston Churchill afirmou: “Vamos escapar do absurdo de cultivar uma galinha inteira para comer o peito ou asa, cultivando essas partes separadamente em um meio adequado”. Após décadas de pesquisa e desenvolvimento, a tecnologia amadureceu e essa ideia tornou-se realidade. A produção pode ser feita por meio de cultivo in vitro de células animais, que depois são transformadas em alimentos cuja composição pode ser equivalente à de produtos animais convencionais sem a necessidade do animal inteiro.

Desde os estudos iniciais no início dos anos 2000, as metodologias de produção de alimentos baseadas em células foram bem caracterizadas, o que significa que agora estão prontas para passar de laboratórios para escala de produção. Em 2013, o primeiro hambúrguer bovino produzido por essa tecnologia foi apresentado ao mundo. Em dezembro de 2020, os primeiros nuggets de frango à base de células foram aprovados por uma autoridade competente em Singapura (veja a página da agência regulatória de lá sobre o assunto, a SFA). Em novembro de 2021, havia pelo menos 76 empresas desenvolvendo produtos similares em todo o mundo. Muitos tipos de produtos e commodities, como vários tipos de carnes, aves, peixes, produtos aquáticos, laticínios e ovos estão em fase de comercialização futura.

Aqui no Food Safety Brazil está imperdível a entrevista: Gestão de segurança de alimentos em carne cultivada: entrevista com a pesquisadora Aline Silva.

Você sabe como é o processo?

  1. Seleção de células do animal de origem
  2. Produção: As células selecionadas na etapa 1 podem se multiplicar em biorreatores; as células podem ser ancoradas a microportadores ou a um suporte para organizar os tecidos em uma estrutura 3D.
  3. Preparação celular
  4. Proliferação celular
  5. Diferenciação celular
  6. Colheita do produto
  7. Processamento de alimentos: Os produtos colhidos podem ser processados posteriormente para moldá-los nas formas desejadas e/ou ser combinados com outros ingredientes para comercialização.

Se você quer ver a explicação em vídeo, assista este.

Quais podem ser os perigos/preocupações potenciais de segurança de alimentos da carne cultivada?

Linhas celulares de origem

As linhas celulares iniciais desejadas são muitas vezes provenientes de um animal vivo ou abatido selecionado, seguido de isolamento celular. Uma alternativa comum é usar células-tronco pluripotentes induzidas (IPS), células adultas reprogramadas que podem se diferenciar em qualquer tipo de célula. Embora as IPS tenham sido bem estudadas em camundongos desde sua descoberta, os protocolos de diferenciação para várias células animais, como as de bovinos e frango, permanecem indefinidos.

A chance de ocorrência de zoonoses infecciosas e doenças transmitidas por alimentos é consideravelmente reduzida quando comparada à produção pecuária convencional, mas maiores considerações devem ser dadas ao uso de soro animal nos meios de cultura, que podem introduzir patógenos incluindo vírus, bactérias, parasitas, bem como príons. No entanto, a detecção precoce de infecções celulares por meio de monitoramento cuidadoso pode limitar bastante esses riscos. Além disso, como para qualquer processo de produção de alimentos, é fundamental seguir as boas práticas de higiene (BPH) ao longo de todo o processo de produção.

A totalidade da produção de alimentos à base de células pode ser feita em um ambiente bem controlado sem o risco de contaminação por fezes ou fontes externas. No entanto, a aplicação de antibióticos durante algumas das etapas de produção ainda pode ser realizada. Consequentemente, os resíduos podem permanecer no produto final como resíduo antimicrobiano

Componentes do meio de crescimento

Meios de cultura à base de soro animal, especialmente aqueles com soro fetal bovino (SFB), são atualmente a opção mais comum; e podem apresentar maior risco de contaminação microbiológica. Esses perigos podem ser gerenciados e controlados pelo monitoramento adequado dos principais patógenos.

Além disso, tem havido um esforço substancial no desenvolvimento de meios isentos de soro animal para superar as preocupações em torno do SFB, e atualmente existem pelo menos 100 formulações de meios diferentes disponíveis.

Superfícies de contatos

Para que as células aumentem de tamanho e gerem fibras musculares, elas são presas a suportes 3D, que exercitam fisicamente as células. Os suportes podem ser sintéticos ou compostos de materiais comestíveis, estes últimos podem ser preferíveis, pois não precisam ser removidos do produto final

A maioria dos biomateriais usados como suportes na produção de alimentos à base de células não são conhecidos por causar reações alérgicas no consumo. Atenção especial deve ser dada para garantir que materiais derivados de fontes conhecidas de alergênicos não sejam introduzidos inadvertidamente. Como exemplo, quitina ou quitosana podem desencadear reações alérgicas em indivíduos que também são alérgicos a crustáceos.

Mudanças nas propriedades físico-químicas

Para obter crescimento celular exponencial e densidade celular ótima, as linhagens celulares iniciais são constantemente subcultivadas. Como em todas as linhagens celulares que podem se propagar ao longo de muitas gerações, pode haver o risco de que a deriva genética ou epigenética possa ocorrer e isso precisa ser monitorado adequadamente.

Crioprotetores

Crioprotetores como inulina e sorbitol podem ser usados para armazenamento celular. Deve-se tomar cuidado para que não ocorra transferência para o produto final em concentrações que possam causar risco aos consumidores.

Contaminação microbiológica em todo o processo

Como em todas as técnicas de processamento e fermentação de alimentos, a limpeza das operações, o monitoramento contínuo e a estrita adesão às BPF são fundamentais para evitar a contaminação microbiológica, que pode ocorrer em qualquer etapa do processo de produção da carne cultivada. A aplicação do sistema de análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC) também é considerada eficaz.

Legislação para comercialização de carne cultivada

Se os produtos alimentares à base de células se enquadrarem numa categoria que exija avaliações de segurança de acordo com os cenários regulatórios atuais, é responsabilidade das autoridades competentes estabelecer os procedimentos para essas avaliações. Além disso, se os consumidores exigirem rotulagem especial para a carne cultivada, é responsabilidade das autoridades competentes estabelecer uma política clara. A rotulagem geralmente não é uma questão simples de gerenciar, pois quase sempre exige a quantificação dos ingredientes/produtos.

Assim, neste caso, a política precisará definir um limite de quanto do alimento foi produzido por meio de técnicas baseadas em células para fins de rotulagem.

Qual é o caminho a seguir?

A maioria dos perigos potenciais nesta tecnologia não é nova. Assim, é importante aprender com várias experiências passadas e considerar a aplicação efetiva do paradigma de análise de risco.  Ao adotar várias metodologias de avaliação de segurança estabelecidas em uma variedade de campos disciplinares, como farmacêutica e biotecnologia de alimentos, incluindo tecnologias convencionais e modernas, vários perigos podem ser sistematicamente identificados e avaliações de segurança relevantes podem ser conduzidas adequadamente. Existem também muitas ferramentas de mitigação de risco disponíveis na área de segurança, como boas práticas (GHP, BPF, GCCP e HACCP) e princípios e metodologias gerais para a avaliação da segurança  de todo o alimento final. Embora existam muitas ferramentas existentes que podem ser úteis para a avaliação de segurança, etapas adicionais podem ser necessárias para alguns processos ou produtos particularmente novos. Portanto, com produtos alimentares à base de células, é importante focar as diferenças significativas dos alimentos existentes para que possam ser estabelecidas metodologias eficazes para avaliar a segurança de todos os elementos.

Este é um resumo do capítulo New food sources and food production systems – Cell Based, do  relatório Thinking About the Future of Food Safety – a foresight report, da FAO, que pode ser lido na íntegra aqui.

Leia também o resumo de outras partes deste relatório aqui no blog.

Quais são os perigos de uma alimentação à base de plantas?

Algas marinhas – implicações de segurança dos alimentos segundo a FAO

Fonte da imagem: Lab-Grown Meat

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Você sabe o que são minor crops?

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No Brasil, a cultura do “muito se fala e nada se faz” é bastante conhecida. Porém, em algumas situações essa barreira é vencida. Como é o caso das culturas minoritárias, ou as chamadas “minor crops”.

A busca por uma forma de apoiar os agricultores que se dedicavam a culturas menores e menos expressivas como couve-flor, ervilha, feijão, pimenta, aveia, entre outras, vem se desenvolvendo. Inicialmente, o grande problema era o controle de pragas que afligiam as lavouras e a falta de agroquímicos regulamentados para a aplicação. Desta forma, os agrônomos e agricultores viam-se obrigados a prescrever e aplicar agroquímicos utilizados em outras culturas maiores, como milho e soja, por exemplo. Não que isso representasse um dano à saúde do consumidor, mas estavam em desacordo com a legislação.

Para sanar tais dificuldades, iniciou-se uma busca para simplificar o registro de agroquímicos para uso nas minor crops, visto que o processo de registro é caro, burocrático e pouco atrativo para as indústrias.

Neste sentido, em 2014, com a publicação da Instrução Normativa Conjunta (INC) 1/2014, o processo de registro de agroquímicos para o manejo das Culturas com Suporte Fitossanitário Insuficiente (CSFI) ou Minor Crops foi simplificado e sistematizado. Contudo, mesmo após 8 anos da sua publicação, tal INC ainda é desconhecida por grande parte da comunidade agrícola.

Tomo como exemplo a cultura da aveia (Avena sativa) que por todo esse tempo esteve desamparada no que tange ao uso de agroquímicos. Entre os produtos que podem ser utilizados, está o glifosato, que é amplamente empregado na cultura de trigo, mas também pode ser aplicado na cultura de aveia. Contudo, essa indicação de utilização deve estar prevista na bula do produto, e pode ser solicitada pela indústria com base na INC 1/2014.

Tal indicação pode ser observada na bula do produto glifosato da Indústria X (figura 1), que tem formulação semelhante ao produto glifosato da Indústria Y, mas este último não contém a indicação para a cultura de aveia (figura 2). Lembrando que para cultura aveia, o limite de glifosato segundo a Anvisa é de 0,05ppm, conforme pode ser verificado no site da própria agência.

Com base no exposto, torna-se de extrema importância a leitura da bula do agroquímico para prescrição e aplicação e cabe a todos nós, que fazemos a agroindústria no Brasil, cobrar cada vez mais a implementação de práticas agrícolas saudáveis e o aperfeiçoamento da legislação para amparar a produção agrícola.

Figura 1 – Empresa  X

Figura 2 – Empresa Y

Eduardo Toledo é químico com mestrado, Lead Auditor Segurança dos Alimentos (FSSC 22000) pelo IRCA (International Register of Certificated Auditors). É professor universitário e  professor convidado do curso de especialização em Gestão da Qualidade e Segurança de Alimento da Unicentro. Atua há mais de 15 anos em gestão de processos, qualidade, food safety e produção de cereais de inverno

Imagem em destaque: Pixabay

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Por que o termo “validar” é de grande importância na indústria de alimentos?

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O termo validar está associado a definir algo como válido, fazendo referência àquilo que está previsto legalmente ou que é subsistente, ou seja, validar é verificar se os requisitos especificados são adequados ao uso pretendido. Na indústria de alimentos, os tipos de validações mais comuns são de limpeza, metodologias analíticas e processo.

  • Validações de limpeza

Evidência documentada de que os procedimentos de limpeza removem resíduos aos níveis pré-determinados de aceitação. Pode ser realizada em sistemas de limpeza fechados – Cleaning in Place (CIP) e até mesmo em ambientes industriais, incluindo limpeza a seco.

Para executá-la, é importante mapear o processo, avaliando sempre risco e probabilidade, usar como padrões para análises recomendações internacionais e fontes confiáveis, e informações adicionais referente a químicos utilizados (concentração, teste de residual, tempo de circulação, temperatura em que foi diluído).

Esta deve ser realizada quando houver a implementação de nova linha, para verificação de limpeza ou sanitização e monitoramento ambiental.

  • Validações de metodologias analíticas

Comprova que um determinado método analítico é adequado ao que se propõe, sendo exato, preciso, estável, reprodutível e flexível para uma faixa específica, garantindo que as análises de rotina reproduzam valores consistentes se comparadas a um valor de referência.

Geralmente compara uma metodologia de referência a uma metodologia alternativa, sendo os resultados avaliados estatisticamente.

  • Validações de processo

Comprova por meio de testes, que um procedimento, equipamento, processo, sistema ou material é seguro e possui reprodutibilidade comprovada.

As validações de processo podem ser classificadas como: concorrente (realizada durante a produção dos produtos atribuídos à venda), prospectiva (realizada durante o processo de desenvolvimento do produto, considerado o estudo de validação de processo ideal) e retrospectiva (demonstra que os produtos não apresentam falhas ou alterações, e todo o procedimento foi respeitado).

Independentemente do tipo de validação, é necessário estabelecer alguns pré-requisitos antes da sua execução (Figura 1).

Após a apresentação dos tipos de validações e seus objetivos podemos responder: Por que validar?

SIMPLES… as validações permitem melhoria de rotinas de trabalho, a uniformidade de resultados, a qualidade dos produtos e processos, a conformidade com a legislação vigente, além de oportunizar garantia da qualidade e segurança dos alimentos.

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Entrevista com Palova Dieter Marques sobre o Código SQF

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Neste post tenho o prazer de relatar minha conversa com Palova Dieter Marques sobre o Código SQF. Palova é uma profissional formada em Administração,  especialista em Gestão da Qualidade para Competitividade (MBA) e em Microbiologia. Conhece profundamente garantia da qualidade e é representante do SQF Institute aqui no Brasil e LATAM.

O Safe Quality Food (SQF) – que pode ser acessado clicando aqui – é um dos programas de segurança dos alimentos reconhecido pela Global Food Safety Initiative (GFSI), cujos códigos de qualidade e segurança dos alimentos são projetados para atender aos requisitos do consumidor, da indústria e regulamentares para toda a cadeia produtiva.

Palova é figura muito conhecida quando o tema é Food Safety, por isso, uma voz importante a ser ouvida neste assunto.

  1. Palova, o que você considera como o maior diferencial do protocolo de certificação SQF em relação aos demais que também são aceitos pelo GFSI?

Um dos diferenciais do código SQF é que as BPF são abordadas em módulos e até mesmo códigos distintos de acordo com cada categoria do setor alimentício. Dessa forma, a linguagem para quem interpreta e implementa o código é mais amigável, permitindo um melhor entendimento e facilidade na implementação.

Também é um código baseado em análise de risco, respeitando e entendendo que empresas de uma mesma categoria de alimentos podem ter realidades muito diferentes, exigindo uma atenção aos perigos proporcional à realidade de cada um.

Outro diferencial do código SQF é a que certificação independe de qualidade. Esta certificação pode ser adotada por empresas já certificadas no código de segurança de alimentos e o sucesso nesta permite o uso de um selo de qualidade do SQF (quality shield) no produto acabado. Esta certificação pode ser obtida por empresas também certificadas em outras normas de segurança de alimentos reconhecidas pelo GFSI.

Além desses pontos, o SQF também é a norma reconhecida pelo GFSI com maior alcance. Temos códigos que cobrem desde a “fazenda ao garfo”. Hoje o SQF não concorre apenas com FSSC 22000, BRC e IFS, mas também com Global GAP e Primus nos códigos de produção primária por exemplo.

  1. Na sua opinião, quais são os principais desafios das organizações brasileiras no tema Food Safety?

Na minha visão o maior desafio das empresas hoje na jornada de segurança de alimentos no Brasil é incorporar de fato a importância do tema, fortalecer a cultura em todos os níveis da organização.

Uma cultura positiva de segurança de alimentos é a base para implementação de um programa eficaz, é o que influencia diretamente nas atitudes e comportamentos dentro do negócio.

Não importa o nível de investimento, se não houver clareza e uma cultura enraizada em todos os níveis da organização, o sistema de segurança de alimentos vai estar fragilizado. Em resumo, uma cultura positiva de segurança de alimentos reduz riscos já que o comportamento passa a ser proativo, consistente e alinhado aos objetivos.

  1. Por que a Norma SQF não está ainda entre as mais procuradas quando uma organização busca uma certificação em Food Safety? Você prevê uma mudança neste cenário?

A Associação dos Varejistas Norte-americano, FMI (Food Market Institute), proprietária da norma, adquiriu o código com o objetivo de proteger o alimento comercializado nas lojas de seus associados, e adotou localmente o código, não havendo antes promovido comercialmente o uso deste no mercado, Seu objetivo é promover uma cadeia de alimentos para o consumidor mais segura e saudável.

A norma SQF é gerida pelo Instituto SQF, uma entidade sem fins lucrativos, que não realiza uma venda agressiva do seu programa.

Apenas em 2019, com a chegada de um novo CEO, decidiu-se promover mais o código em mercados que ainda não o haviam adotado voluntariamente.

Apesar de não ser amplamente conhecido no Brasil e América do Sul, o código tem mais de 10 mil certificados emitidos globalmente sendo EUA, México, Canadá e Austrália seus principais mercados.

Sem dúvida este cenário deve mudar num curto espaço de tempo devido às ações de promoção que o SQF vem realizando nos últimos anos. Já estamos acompanhando diversas empresas no processo de implementação.

  1. Há algum segmento dentro da cadeia produtiva de alimentos em que a Norma SQF tenha uma maior penetração?

O SQF tem escopo para mais de 30 categorias de alimentos, sendo que em cada país um segmento se destaca mais que outro. Já aqui no Brasil, atualmente, o código tem ganho bastante visibilidade no segmento de Pet Food, Ingredientes e Cerais.

  1. Como você vê a importância do tema Food Safety para o comércio internacional e para que o Brasil consiga ganhar novos mercados?

O tema segurança de alimentos é um passaporte para os mercados globais, a proximidade das barreiras tem viabilizado o comércio entre distintos países, porém para garantir que a cadeia de abastecimento é segura, a certificação em códigos reconhecidos pelo GFSI tem se tornado um requisito comercial. Sem dúvida, na minha visão, temos dois caminhos, duas rotas para uma cadeia de alimentos segura:

  • Comércio local: onde o tempo/ distância entre o produtor e o consumidor é muito pequena, diminuindo de forma considerável os riscos e neste caso sem tantas exigências de certificação mais complexas;
  • Comércio internacional: onde o tempo/ distância entre o produtor e o consumidor é bem maior, incorrendo em uma gama de possibilidades e riscos muito maiores e no qual uma exigência de certificações reconhecidas pelo GFSI (mais complexas) se faz necessária para garantir a saúde dos consumidores.

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