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Super dica para pesquisa de perigos radiológicos em alimentos

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Desde 2018, após a revisão da norma ISO22000, a identificação e avaliação de perigos radiológicos em alimentos passou a ser considerada obrigatória para obter esta certificação.

Apesar de não ser recente tal exigência, ainda encontro muitas empresas com dificuldade em pesquisar as fontes deste perigo e obter dados confiáveis sobre sua presença ou ausência em insumos.

A radioatividade nos alimentos pode ocorrer devido a vazamentos acidentais ou por um incidente nuclear ou radiológico em usinas. Mas também pode estar presente em decorrência natural.

A radioatividade nas matérias-primas pode ser proveniente de ocorrência natural (radionuclídeos naturais, encontrados em todo o meio ambiente, como no solo, na água e na atmosfera, variando de acordo com a origem geológica dos solos e com a história climática, hidrológica e agrícola). Interessante saber que o uso de fertilizantes na agricultura é uma das formas de distribuição de radionuclídeos na natureza, devido ao fato de possuírem elevadas concentrações de urânio natural, rádio e seus isótopos, além de alterarem a atividade metabólica das plantas.

Portanto, matérias-primas agrícolas e a água podem apresentar perigo radiológico. Para ter a evidência da presença ou ausência é necessária a obtenção de dados confiáveis, podendo ser através de:

·       a) Questionamento ao fornecedor do insumo sobre a incidência do perigo radiológico. Isto pode ser alcançado pela inclusão de perguntas no questionário de homologação, por exemplo.

·       Caso o fornecedor declare que gerencia o perigo radiológico, ele deve prover evidências analíticas através de laudos que indicam a ausência, ou presença dentro de níveis aceitáveis.

·       b) Considerar a presença do perigo radiológico em matérias primas naturalmente radioativas, por exemplo, castanha e banana. Nestes casos, deve haver resultados que demonstrem que o perigo está presente, porém em níveis seguros.

·       c) Realizar pesquisa sobre acidentes ou reportes de problemas radiológicos no local de origem da matéria-prima. É fundamental conhecer a origem dos insumos e a potabilidade da água utilizada no processo.

Neste post, quero trazer uma super dica sobre este último item!

Quando nos deparamos no APPCC com insumos agrícolas, e precisamos obter a informação se há ou não o perigo radiológico, umas das maneiras é por pesquisa bibliográfica confiável sobre a incidência de contaminação radiológica do solo, em água e no próprio insumo.

Recentemente, tive acesso ao GEORAD que é um banco de dados que fornece informações sobre radioatividade ambiental, proveniente de pesquisas e de registros na literatura científica! Este banco de dados é acoplado a um sistema de informação geográfica, de radioatividade no Brasil, com objetivo de fornecer informações sobre os níveis de radioatividade no país. Os dados que compõem o GEORAD são provenientes da literatura científica ou foram fornecidos pelos pesquisadores de instituições de pesquisas e/ou universidades e podem ser utilizados, desde que referenciados. Portanto são dados confiáveis!

Ao entrar nesta ferramenta, você pode selecionar a região, estado e município de interesse, a origem do radionuclídeo, o compartimento (atmosférico, hídrico ou terrestre), etc. Após este preenchimento uma planilha será apresentada com todos os resultados e dados sobre radioatividade daquele local, valores e com indicação de artigo publicado associado (quando há). Vale a pena conferir!

Caso seja ausente ou baixa a incidência do perigo radiológico pesquisado na região de procedência, pode ser determinado no APPCC que o perigo não foi identificado com base em pesquisa bibliográfica de radioatividade do local de origem.

Observação: recomendo sempre documentar a conclusão da pesquisa realizada, por exemplo: “Este estudo nos leva a concluir que as áreas que possuem maior incidência de contaminação radiológica no Brasil não contemplam os locais de origem dos insumos fornecidos à nossa empresa. Conforme dados de análise do solo, água e alimentos agrícolas das regiões pesquisadas (citar quais), os valores encontrados para diferentes radionuclídeos foram muito baixos, estando inferiores às principais referências internacionais como FDA, U.E. e Chile (pode-se comparar tais valores).

Mais alguns links de referência sobre o tema que podem auxiliar na pesquisa sobre a incidência do perigo radiológico:

https://rea.apambiente.pt/content/controlo-radiol%C3%B3gico-do-ambiente

https://www.gov.br/ird/pt-br/assuntos/noticias/noticias-2021/estudo-sobre-radioatividade-em-solos-brasileiros-reune-ird-e-cprm

https://www.ipen.br/biblioteca/cd/inac/2002/ENAN/E03/E03_150.PDF

https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/172290/001058935.pdf?sequence=1&isAllowed=y

https://foodsafetybrazil.org/perigos-radiologicos-para-atendimento-ao-fsma/ 

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Direto do FestQuali: O que se falou (e muito!) sobre Cultura

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Curitiba recebeu, entre os dias 7 e 9 de novembro, mais uma edição do FestQuali, um dos maiores eventos de gestão da qualidade no Brasil. Tive o prazer de representar nossa Associação, atento a tudo o que se falava sobre um tema central para a Indústria de Alimentos: Cultura. Embora ainda muito pouco representado, nosso segmento pôde tirar importantes lições do evento. Muitos palestrantes trouxeram contribuições relevantes, que podem facilmente ser transpostas para nossa realidade. Algumas ideias foram especialmente selecionadas para este texto e trazem reflexões importantes para a Segurança de Alimentos.

Para Neville Fusco, CEO do Metroex, a qualidade não depende de certificação. O palestrante questiona a capacidade dos auditores de “medir” a eficácia de sistemas de gestão, tão complexos, em dois ou três dias de trabalho. Adiciono uma preocupação particular sobre o aspecto comercial que rege muitos relacionamentos entre organismos certificadores e empresas certificadas e a vertiginosa queda na qualificação dos auditores. Neville traz uma abordagem filosófica bastante interessante e provoca questionamentos sobre onde as empresas depositam seus esforços e suas energias: em atender requisitos ou para efetivamente cuidar do que importa para a qualidade?

Silvana Chaves, fundadora do Beabá da Qualidade, conversou diretamente com as organizações certificadas do nosso segmento ao trazer o tema: Liderança – O que o GFSI espera de vocês, em palestra que teve transmissão ao vivo (foto). Silvana foi cirúrgica ao tratar o tema, percorrendo as dimensões da Cultura e atentando especificamente sobre a importância das pessoas neste processo. Discutiu amplamente motivação, engajamento e propósito e foi, sem dúvida, o ponto alto do evento para a indústria de alimentos.

Momentos de muita descontração marcaram a fala de Andrea Vilar, da AV Consultoria em Sistemas de Gestão, que trouxe o tema “As emoções na Cultura do SGI”. Interagindo bastante com o público presente, Andrea fez um paralelo entre a realidade das organizações certificadas e o filme Divertida Mente (foto), da Disney Pixar. As emoções básicas medo, tristeza, alegria, nojinho e raiva, sempre presentes no dia a dia das empresas, foram improvisadas por voluntários da plateia e conquistaram a audiência presente na Sala Rio Amazonas, a principal do evento. Ficam as lições mais importantes para todos nós: todas as emoções importam; mudanças são inevitáveis; as crises levam ao autoconhecimento; e a importância de se expressar.

Outra fala bastante interessante, dentro do contexto da Cultura, foi trazida pela dupla de oradores do IDEXP, J. B. Oliveira e Waldir Gomes. Com vasta experiência no exterior, ambos trouxeram histórias interessantes de como diferentes culturas proporcionam obstáculos e oportunidades de negociação para brasileiros expatriados.

Neste ano, como representante da Associação, decidi levar um tema que é, na verdade, um alerta para o público geral do evento: a perda dos padrões de qualidade na indústria de alimentos. Foi um passeio pela história do nosso país, desde o plantio da mandioca pelos povos originários, passando pelo ciclo da cana-de-açúcar, pela proibição da industrialização no Brasil Colônia e, mais contemporaneamente, pelas políticas da expansão agropecuária voltadas para a exportação e o movimento de atração de players globais que dominaram as últimas três décadas da nossa história. Como resultado, temos uma indústria jovem, com mão de obra pouco qualificada e processos ainda bastante manuais, pouco automatizados. Esta indústria, que precisa lidar com margens de lucro estreitas, fruto de tributação excessiva e cenário econômico volátil, vem ampliando seu leque de “truques” para se manter competitiva. Após a onda de reduflação (reduzir o conteúdo das embalagens mantendo os preços antigos), estamos experimentando agora toda a sorte de fórmulas alternativas a embalagens mais baratas, passando por processos de fabricação e inspeção menos rigorosos. A indústria de alimentos tem sido um oásis para quem quer encontrar bons cases de como empobrecer fórmulas e ampliar riscos ao consumidor. Estamos de olho!

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Selos de Qualidade em alimentos

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O uso de selos de qualidade tem por objetivo passar uma mensagem direta ao consumidor de que um produto foi produzido no mais alto padrão de qualidade. Nos anos 90, o uso do selo da ISO 9001 como sinônimo de produto de qualidade assegurada passou a ser considerado um passaporte de acesso a novos negócios, sendo adotado pelos mais diversos setores da indústria. Na área de alimentos existem outros selos específicos que transmitem mensagens relacionadas a atributos dos produtos, como: produtos orgânicos, grãos de café de qualidade, produtos oriundos de regiões que por suas características climáticas garantem uma qualidade sensorial diferenciada, produto sustentável, entre outros.

Na indústria de alimentos, a entrega de um produto seguro não é considerada um diferencial, mas sim uma obrigação das empresas para com os consumidores. No entanto, cada vez mais, gestores de grandes redes com a preocupação de zelar por seus consumidores têm exigido de seus fornecedores, como um critério comercial, a adoção de sistemas de segurança de alimentos acreditados e com reconhecimento internacional. Estes, por sua vez, têm o objetivo de confirmar que seus processos foram mapeados e padronizados, os riscos identificados e as medidas de controle implementadas, para garantir que o alimento fabricado é seguro para o consumo direto ou para ser incorporado como ingrediente em outro processo. As certificações de Segurança de Alimentos são evidenciadas por meio de certificados, que podem ser compartilhados facilmente na relação “B2B” (Business to Business, relação comercial entre empresas). Porém, o consumidor final nem sempre tem consciência deste diferencial que, por vezes, pode ser um dos fatores mais importantes para garantir que o produto é oriundo de um processo gerido com base nos princípios e melhores práticas da indústria de alimentos, sendo por consequência um produto mais seguro para o consumidor.

Considerando esta demanda, o Instituto SQF lançou o selo de Qualidade SQF (Quality Shield). Este selo só pode ser obtido por empresas que possuam alguma certificação de segurança de alimentos, seja IFS, BRCGS, FSSC 22000, SQF, APPCC, ou outra, e que, adicionalmente a esta certificação, sejam submetidas e aprovadas em uma auditoria de terceira parte acreditada do Código de Qualidade SQF. Este Código é específico e aborda aspectos qualitativos (atributos) do alimento, assim como a eficiência do processo através de sua padronização e redução de perdas, utilizando como base ferramentas como seis sigmas e APPCC (agora com foco em identificar, prevenir, reduzir ou eliminar os perigos qualitativos). A empresa que obtém sucesso nessa auditoria pode fazer o uso do selo de qualidade SQF na embalagem do produto acabado, enviando esta mensagem diretamente ao consumidor final.

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Laboratórios internos, ISO 17025 e ensaios de proficiência

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Cada vez mais as normas de Segurança de Alimentos, reconhecidas pelo GFSI, solicitam que as empresas que realizam seus ensaios relacionados à segurança de alimentos em seus laboratórios internos sigam as diretrizes da ISO 17025. Mas afinal, como seguir as diretrizes e estar em conformidade com a ISO 17025?

Cada uma das normas traz suas expectativas, mas um ponto comum é a exigência  da realização de ensaio de proficiência, que tem por objetivo validar os métodos dos ensaios utilizados e resultados obtidos pelas empresas.

Um erro muito comum das indústrias é acreditar que realizar, para uma mesma amostra, um ensaio em seu laboratório e em um laboratório externo com tal ensaio acreditado, e comparar os resultados obtidos, poderá ser considerado um teste de proficiência. Este método pode ser sim uma boa prática, porém se trata apenas de um comparativo e não de proficiência. Segundo a ISO 17025, ensaio de proficiência é a avaliação do desempenho do participante contra critérios preestabelecidos por meio de comparações interlaboratoriais. Ou seja, o ensaio de proficiência compara os resultados obtidos pelos laboratórios participantes para uma mesma amostra, validando ou não os resultados obtidos por estes.

Mas quem pode realizar uma rodada de ensaio de proficiência?

Os provedores de ensaio de proficiência no Brasil, sejam eles laboratórios, universidades ou outras instituições, para poderem conduzir ensaios de proficiência precisam estar acreditados na NBR ISO/IEC 17043 Avaliação da conformidade — Requisitos gerais para ensaios de proficiência. Sendo assim, o primeiro passo é encontrar rodadas de ensaio de proficiência com os ensaios que queremos validar e que estejam abertas, atentando para a matriz de produto, que deve ser igual ou similar ao alimento objetivo do ensaio. Feito isso, é só se inscrever e participar. Ao final do processo, se o resultado obtido pelo laboratório interno da empresa atingir o resultado esperado pelo provedor da rodada de ensaio de proficiência, este é contemplado com uma carta de validação/aprovação com as informações do ensaio.

Onde encontro rodadas de ensaio de proficiência?

Uma excelente dica para buscar globalmente rodadas de ensaio de proficiência em andamento é pelo link: https://www.eptis.bam.de/eptis/WebSearch/main

É importante entender que o objetivo deste processo é fundamentalmente garantir a confiabilidade dos resultados e a segurança dos alimentos produzidos e comercializados pela empresa. Ensaios de proficiência são essenciais para garantir, através da repetitividade, a confiabilidade dos ensaios realizados pelos laboratórios internos das empresas, estando alinhados com a ISO 17025 e, também, preparados para que em um futuro, não muito distante, possivelmente estejam acreditados.

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Entrevista com Palova Dieter Marques sobre o Código SQF

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Neste post tenho o prazer de relatar minha conversa com Palova Dieter Marques sobre o Código SQF. Palova é uma profissional formada em Administração,  especialista em Gestão da Qualidade para Competitividade (MBA) e em Microbiologia. Conhece profundamente garantia da qualidade e é representante do SQF Institute aqui no Brasil e LATAM.

O Safe Quality Food (SQF) – que pode ser acessado clicando aqui – é um dos programas de segurança dos alimentos reconhecido pela Global Food Safety Initiative (GFSI), cujos códigos de qualidade e segurança dos alimentos são projetados para atender aos requisitos do consumidor, da indústria e regulamentares para toda a cadeia produtiva.

Palova é figura muito conhecida quando o tema é Food Safety, por isso, uma voz importante a ser ouvida neste assunto.

  1. Palova, o que você considera como o maior diferencial do protocolo de certificação SQF em relação aos demais que também são aceitos pelo GFSI?

Um dos diferenciais do código SQF é que as BPF são abordadas em módulos e até mesmo códigos distintos de acordo com cada categoria do setor alimentício. Dessa forma, a linguagem para quem interpreta e implementa o código é mais amigável, permitindo um melhor entendimento e facilidade na implementação.

Também é um código baseado em análise de risco, respeitando e entendendo que empresas de uma mesma categoria de alimentos podem ter realidades muito diferentes, exigindo uma atenção aos perigos proporcional à realidade de cada um.

Outro diferencial do código SQF é a que certificação independe de qualidade. Esta certificação pode ser adotada por empresas já certificadas no código de segurança de alimentos e o sucesso nesta permite o uso de um selo de qualidade do SQF (quality shield) no produto acabado. Esta certificação pode ser obtida por empresas também certificadas em outras normas de segurança de alimentos reconhecidas pelo GFSI.

Além desses pontos, o SQF também é a norma reconhecida pelo GFSI com maior alcance. Temos códigos que cobrem desde a “fazenda ao garfo”. Hoje o SQF não concorre apenas com FSSC 22000, BRC e IFS, mas também com Global GAP e Primus nos códigos de produção primária por exemplo.

  1. Na sua opinião, quais são os principais desafios das organizações brasileiras no tema Food Safety?

Na minha visão o maior desafio das empresas hoje na jornada de segurança de alimentos no Brasil é incorporar de fato a importância do tema, fortalecer a cultura em todos os níveis da organização.

Uma cultura positiva de segurança de alimentos é a base para implementação de um programa eficaz, é o que influencia diretamente nas atitudes e comportamentos dentro do negócio.

Não importa o nível de investimento, se não houver clareza e uma cultura enraizada em todos os níveis da organização, o sistema de segurança de alimentos vai estar fragilizado. Em resumo, uma cultura positiva de segurança de alimentos reduz riscos já que o comportamento passa a ser proativo, consistente e alinhado aos objetivos.

  1. Por que a Norma SQF não está ainda entre as mais procuradas quando uma organização busca uma certificação em Food Safety? Você prevê uma mudança neste cenário?

A Associação dos Varejistas Norte-americano, FMI (Food Market Institute), proprietária da norma, adquiriu o código com o objetivo de proteger o alimento comercializado nas lojas de seus associados, e adotou localmente o código, não havendo antes promovido comercialmente o uso deste no mercado, Seu objetivo é promover uma cadeia de alimentos para o consumidor mais segura e saudável.

A norma SQF é gerida pelo Instituto SQF, uma entidade sem fins lucrativos, que não realiza uma venda agressiva do seu programa.

Apenas em 2019, com a chegada de um novo CEO, decidiu-se promover mais o código em mercados que ainda não o haviam adotado voluntariamente.

Apesar de não ser amplamente conhecido no Brasil e América do Sul, o código tem mais de 10 mil certificados emitidos globalmente sendo EUA, México, Canadá e Austrália seus principais mercados.

Sem dúvida este cenário deve mudar num curto espaço de tempo devido às ações de promoção que o SQF vem realizando nos últimos anos. Já estamos acompanhando diversas empresas no processo de implementação.

  1. Há algum segmento dentro da cadeia produtiva de alimentos em que a Norma SQF tenha uma maior penetração?

O SQF tem escopo para mais de 30 categorias de alimentos, sendo que em cada país um segmento se destaca mais que outro. Já aqui no Brasil, atualmente, o código tem ganho bastante visibilidade no segmento de Pet Food, Ingredientes e Cerais.

  1. Como você vê a importância do tema Food Safety para o comércio internacional e para que o Brasil consiga ganhar novos mercados?

O tema segurança de alimentos é um passaporte para os mercados globais, a proximidade das barreiras tem viabilizado o comércio entre distintos países, porém para garantir que a cadeia de abastecimento é segura, a certificação em códigos reconhecidos pelo GFSI tem se tornado um requisito comercial. Sem dúvida, na minha visão, temos dois caminhos, duas rotas para uma cadeia de alimentos segura:

  • Comércio local: onde o tempo/ distância entre o produtor e o consumidor é muito pequena, diminuindo de forma considerável os riscos e neste caso sem tantas exigências de certificação mais complexas;
  • Comércio internacional: onde o tempo/ distância entre o produtor e o consumidor é bem maior, incorrendo em uma gama de possibilidades e riscos muito maiores e no qual uma exigência de certificações reconhecidas pelo GFSI (mais complexas) se faz necessária para garantir a saúde dos consumidores.

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Como avaliar a Cultura de Segurança de Alimentos em sua organização?

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Sua empresa possui uma certificação em Segurança de Alimentos há mais de 5 anos, um sistema de gestão de segurança de alimentos atualizado e “robusto”, a política da empresa é comunicada a todos os colaboradores, os colaboradores conhecem e executam os procedimentos definidos pelas boas práticas de fabricação, os monitores de PCCs conhecem os procedimentos e compreendem os perigos e riscos associados aos processos produtivos, a liderança comunica as alterações e mudanças no processo, as não conformidades são investigadas e tratadas e os produtos são expedidos com segurança. Este cenário pode indicar que existe uma cultura de Segurança de Alimentos madura nesta organização.

O Apêndice 1 do documento Esquema FSSC22000 Versão 5.1 define Cultura de Segurança de Alimentos como “os valores, crenças e normas compartilhados que afetam a mentalidade e o comportamento em relação à Segurança de Alimentos, em toda uma organização”. Mas como podemos avaliar a cultura de segurança de alimentos na empresa? Qual é a percepção do público operacional sobre o tema segurança de alimentos na companhia? Como identificar as oportunidades de melhoria no SGSA?

É necessário periodicamente avaliar a Cultura de Segurança de Alimentos com o objetivo de fortalecer e manter uma cultura de segurança de alimentos positiva e madura. Pode-se utilizar a metodologia PDCA (Plan, Do, Check, Act) neste processo.

Plan – Inicialmente é realizado um Planejamento anual dos Treinamentos de Segurança de Alimentos para os colaboradores (BPF, Food Safety, PCC e PPRO) de modo que todos sejam treinados de acordo com a necessidade especificada na sua atividade. São planejados também os Diálogos Integrados, eventos internos e externos para promover a educação e fortalecimento da Cultura de Segurança de Alimentos. Os diálogos podem ser  semanais e os temas são definidos pelas necessidades observadas: dúvidas da operação, ocorrências em segurança de alimentos ou Boas Práticas de Fabricação, tratativas de não conformidades ou outros temas apontados pela Equipe de Segurança de Alimentos.

Do – Ao longo do ano deverão ser realizados os treinamentos e os diálogos integrados que são planejados de acordo com as necessidades identificadas.

Check – Anualmente ou semestralmente pode-se realizar uma pesquisa de clima mediante um check list, um questionário em que os colaboradores respondem de forma anônima sobre suas percepções e sentimentos. Como critério, pode-se usar as cinco dimensões da cultura de segurança de alimentos apontadas pelo GFSI (Global Food Safety Initiative) que impulsionam a maturidade da cultura, citadas na publicação Cultura de Segurança de Alimentos: Posicionamento da Iniciativa Global da Segurança de Alimentos:

Dimensão Descrição Sugestão de Perguntas
Visão e

Missão

A liderança organizacional define o nível e a direção de sua cultura de food safety. A definição do direcionamento da empresa ajuda a estabelecer uma boa cultura de segurança dos alimentos porque exige uma visão que seja clara, objetiva compartilhada e incorporada em toda a organização; -Você conhece e compreende a Política/Visão/Missão da companhia?

 

– Você sente que as ações práticas estão coerentes com esta Política?

Pessoas As pessoas são o componente crítico de uma cultura de segurança de alimentos. O comportamento e as atividades dos funcionários contribuem para a segurança dos alimentos. É importante estabelecer uma estrutura formal com papeis e responsabilidades individuais claramente definidas. Os principais elementos dessa dimensão incluem desde educar funcionários, comunicar e reforçar o bom comportamento até criar uma governança e métricas individuais. -Você sente que a Alta Direção, Coordenação, Supervisão/liderança tem comprometimento com segurança de alimentos?

-Você sente que seus colegas de mesma função têm comprometimento com segurança de alimentos?

-Você sente que seus colegas de outras áreas têm o comprometimento com segurança de alimentos?

-Como você avalia a comunicação em segurança de alimentos em nossa unidade?

-Você sente que a liderança/coordenação comunica as expectativas a segurança de alimentos?

-Você sente confiança em comunicar falhas de segurança de alimentos?

-Você sente que tem os treinamentos necessários (BPF, PCC, PPRO, Segurança de Alimentos,etc) para executar bem sua atividade?

-Você sente que seu líder tem uma influência positiva em segurança de alimento?

Consistência Ocorre no alinhamento de prioridades da segurança de alimentos com a equipe. Se torna perceptível no dia a dia no comportamento das pessoas, maturidade, na responsabilização e conformidade, na disponibilização de recursos necessários, medição de desempenho e registro e atualização das documentações. -Você compreende suas metas e responsabilidades em segurança de alimentos na sua atividade?

-Você sente que tem todos os recursos necessários para a produção de alimentos seguros?

-Você recebe feedback positivos e negativos em suas ações que impactam a segurança de alimentos?

-Você conhece os procedimentos pertinentes as suas atividades?

Adaptabilidade Consiste na capacidade de uma organização se adaptar às variações de influências e condições. Empresas com forte cultura em segurança dos alimentos, sua capacidade de adaptação é refletida em sua habilidade em antecipar, preparar, responder e se adaptar à mudança. Liderança forte e engajada desempenha um papel significativos na resolução de problemas e nas crises -A liderança comunica com agilidade mudanças que impactam a segurança de alimentos?

-A liderança reage de forma eficaz às mudanças (lançamento de novos produtos, alterações de fornecedores, alterações de procedimentos) que impactam a segurança de alimentos?

-A liderança reage de forma eficaz na resolução de problemas (não conformidades, contaminações, desvios de PCC/PPRO) que impactam a segurança de alimentos?

Conscientização de Perigos e Riscos Conhecer os perigos e riscos em todos as atividades e funções em uma organização  é essencial para estabelecer uma cultura de segurança do alimento eficaz. Devemos então aplicar a educação contínua dos colaboradores, atribuir métricas, recompensas, ações disciplinares em caso desvio intencional, reconhecimento e expressar sempre da importância de reconhecer e controlar os riscos à segurança do alimento; -Os perigos e riscos à segurança de alimentos no nosso processo são informados?

-Você sente que tem os treinamentos necessários para avaliação de percepção de riscos e perigos?

-Você sente que seus colegas têm o senso de responsabilidade a segurança do alimento?

-Você sente que seus colegas compreendem os perigos e riscos  existentes que impactam a segurança do alimento?

-Você sente que seus colegas compreendem a importância das medidas de controle existentes (procedimentos operacionais, check list, higiene pessoal, BPF, PCC, PPRO) na prevenção da contaminação do alimento?

-Você sente que seu gestor escuta e envolve todos na resolução de problema de perigos e risco a segurança de alimentos?

Act – É feita uma análise criteriosa dos resultados coletados na “Pesquisa de Clima em Cultura de Segurança de Alimentos”. Por meio da priorização dos pontos com menor pontuação, é montado um plano de ação para buscar o aprimoramento da cultura no próximo ciclo.

Para mais informações sobre o tema Cultura de Segurança de Alimentos, leiam outros artigos já publicados aqui no blog:

FSSC 22000: o que muda com o guia de cultura de segurança de alimentos
Os 5 passos (poderosos) da comunicação para uma Cultura de Segurança de Alimentos

Lucas de Souza Barbosa é engenheiro químico com pós-graduação MBA em Gestão Empresarial. É auditor interno na norma FSSC22000 / ISO22000. Trabalha em indústria de alimentos como Analista de Qualidade e Coordenador da Equipe de Segurança de Alimentos. 

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Desafios da gestão de laboratórios na indústria de alimentos

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Espera-se que um laboratório desenvolva três direções principais em seu sistema de gestão: finanças, requisitos específicos de acreditação e ser um ator ativo para o desenvolvimento sustentável. O tema de gestão de laboratórios na indústria de alimentos é considerado de grande relevância, pois a precisão dos resultados analíticos garante a qualidade e segurança dos alimentos.

No entanto, é necessário superar diferentes desafios dentro do laboratório, como por exemplo, a vulnerabilidade devido a erros humanos, longo tempo de espera para obtenção dos resultados, dificuldade de armazenamento e consolidação de dados para obter resultados confiáveis, que possam contribuir com a inocuidade dos alimentos.

Esse tema está em evidência por estar mensurado como requisito adicional da Norma de Certificação em Segurança dos Alimentos – Food Safety System Certification (FSSC 22.000), que é considerada uma das principais certificações do Brasil.

Em seu requisito adicional a norma prevê que a empresa deve implementar um sistema para garantir que as análises de produtos acabados e insumos críticos (conforme análise de riscos) devem ser realizadas com padrões equivalentes aos descritos na Norma ISO 17025 (2017).

Dessa forma, se a empresa optar por realizar esse acompanhamento internamente, deve demonstrar que seu laboratório segue os requisitos pré-estabelecidos nesta norma.

Os requisitos gerais são relacionados ao comportamento e ética dos responsáveis pelas análises frente a demanda designada a eles. Essa avaliação periódica pode ser através de ensaios de proficiência interlaboratorial e intralaboratorial, ou até mesmo com verificações periódicas pelo gestor do laboratório. A imparcialidade e confidencialidade são aprimoradas tornando as informações registradas no sistema mais transparentes para o restante dos usuários relevantes e estabelecendo o nível adequado de confidencialidade de qualquer registro, conscientizando os usuários desse importante aspecto.

É interessante manter a estrutura bem definida, ou seja, ter um organograma das pessoas que desenvolvem as atividades no laboratório. Os níveis são variados, o que precisa estar clara é a responsabilidade de cada pessoa na equipe (o que se espera dela) e a qual gestor técnico elas devem se reportar. Além disso, os procedimentos operacionais referentes a operações de equipamentos ou até mesmo metodologias analíticas devem ser documentados e controlados. Também devem ser de fácil acesso às pessoas que desenvolvem atividades neste ambiente, para que possam ser consultados regularmente.

As pessoas devem ser treinadas periodicamente para a execução de sua atividade e sempre que houver atualizações de informações pertinentes. Este treinamento deve ser documentado, a fim de servir como evidência de qualificação do quadro de profissionais. Para estes, os conceitos como boas práticas de laboratório, envolvendo segurança no trabalho, higienização de ambiente e vidrarias, identificação de materiais e reagentes, calibração e/ou aferição de instrumentos devem ser claros e executáveis in loco.

Ademais, as metodologias analíticas que de alguma forma foram adaptadas de legislação vigente e/ou de normas internacionais precisam ser previamente validadas. As análises periódicas precisam ser registradas, rastreáveis e a amostragem deve mensurar a população avaliada de forma precisa, considerando uniformidade e abrangência.

Por fim, para possibilitar a evidência de competência do laboratório, é necessário um sistema de gestão eficiente, norteado por trabalho em equipe aliado ao comprometimento de cada membro na execução dos procedimentos documentados, que podem ser gerenciados através de indicadores de desempenho. Essa revisão gerencial aprimora as características de efetividade, tornando os registros associados fáceis de serem acessados por qualquer usuário relevante.

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Entrevista com Juliane Silva sobre a versão 9 da BRCGS

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Pessoal, divido com vocês neste post um bate-papo que tive com Juliane Silva, uma engenheira de alimentos com mais de 20 anos de experiência. Falamos sobre as mudanças da norma BRCGS, que acabou de chegar a sua nona versão.

Juliane já atuou como coordenadora técnica de processos de certificação de qualidade e segurança de alimentos na SGS do Brasil e BRTÜV. Atualmente é a representante oficial BRCGS Brasil, auditora BRCGS Compliance, ATP (Approved Training Partners) e AVT (Approved Virtual Trainer), ou seja, tutora de treinamentos oficiais em Alimentos, Embalagens, Estocagem e Distribuição da BRCGS.

Mais que tudo isso, Juliane Silva é uma entusiasta do tema Food Safety.

  • 1 – Juliane, o que você destaca de diferencial entre a norma para Food Safety BRCGS e as demais normas aceitas pelo GFSI (Global Food Safety Iniciative)?

Além se ser uma norma orientada para atender os quatro objetivos “Qualidade, Autenticidade, Legalidade e Segurança dos Alimentos”, ela é bastante prescritiva, o que ajuda muito a direcionar as organizações que não possuem ainda um sistema de gestão implementado. Além disso, esta norma possui um limite de não conformidades que varia de acordo com sua significância e requer a implementação de um plano de ação para se recomendar a certificação. Isso proporciona muita confiabilidade aos clientes dos sites certificados e demais stakeholders.

  • 2 – Está pronta a nova versão da Norma BRCGS, não é mesmo? Por favor, conte-nos sobre esta novidade e quando ela começará a vigorar.

Sim, a versão 9 (V 9) acabou de sair do forno e já está disponível desde o dia 1° de agosto, trazendo atualizações de acordo com as necessidades do mercado e benchmarking com recomendações do GFSI. Esta versão passará a valer a partir de fevereiro de 2023.

  • 3 – Quais foram as principais mudanças na Norma BRCGS? 

Nós tivemos modificações nos requisitos e no protocolo de auditoria. Por exemplo: quanto aos requisitos há agora um novo para “conversão animal primária”. Já sobre o protocolo de auditoria, agora é permitido que parte da auditoria seja remota e parte in loco, o que chamamos de “blended audit”, o que traz modernidade, flexibilidade e dinamismo ao processo de certificação. Além disso, também incorporamos a prática de realização de auditoria não anunciada no ciclo de 3 anos para atender ao benchmarking GFSI.

  • 4 – Muita gente tem curiosidade e ainda faz alguma confusão com a troca do nome e do logo de BRC para BRCGS. O que motivou essa mudança?

A BRCGS passou a fazer parte do grupo LGC Assure, e com isso, em 2019 mudou o logo e a definição das letras “BRC” visando desvincular o nome da norma do mercado britânico e deixando mais claro nossa abrangência quanto ao atendimento da cadeia produtiva em mercados globais. O novo significado de BRCGS é Brand Reputation through Compliance Global Standards.

  • 5 – Por fim, quais suas perspectivas em relação à procura das indústrias brasileiras por certificações em segurança dos alimentos para os próximos anos?

Acredito que cada vez mais o mercado de certificação irá crescer, pois a cada dia empresas, clientes e consumidores estão cientes da importância do consumo de alimentos saudáveis e seguros. Isso é muito relevante para o mercado brasileiro, um player de peso na produção e exportação de alimentos.

Um agradecimento especial a Juliane Silva por dedicar seu tempo para esta entrevista ao Food Safety Brazil.

Pessoal, espero que tenham gostado da entrevista. Deixem seus comentários.

Mais informações podem se obtidas no site da BRCGS

3 min leituraPessoal, divido com vocês neste post um bate-papo que tive com Juliane Silva, uma engenheira de alimentos com mais de 20 anos de experiência. Falamos sobre as mudanças da norma […]

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Dicas para escolher um Organismo de Certificação em segurança de alimentos

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Para começarmos, afinal, o que é um processo de certificação?

É quando uma organização contrata uma empresa que presta serviços de certificação, para ser auditada e avaliada por ela quanto ao devido cumprimento dos requisitos de uma determinada norma de referência, podendo ao final deste processo, ser recomendada ou não a obter o certificado por este Organismo de Certificação.

No certificado vem o nome do Organismo de Certificação, e justamente por isso, o nome de uma certificadora é seu principal patrimônio. Este nome deve estar acompanhado de uma imagem que reflita seriedade, idoneidade e ética, representando a confiança dos terceiros que receberem tal certificado.

Um certificado é um documento emitido por uma empresa X dizendo que uma empresa Y foi auditada e cumpre os requisitos de alguma norma, mas se a empresa X que diz isso não tem credibilidade, seu certificado não tem valor.

Para que um Organismo de Certificação, que chamarei ao longo do texto de “OC”, ofereça uma certificação que proporcione confiança, ele deve ser imparcial e percebido da mesma forma pelos diversos stakeholders.

Para isso, acima de tudo, as decisões de um OC devem ser baseadas em evidências objetivas de conformidade ou não conformidade em relação ao atendimento dos requisitos normativos que foram utilizados como referência. Suas decisões não devem ser influenciadas por outros interesses ou por outras motivações, tais como quando:

  1. O organismo que atua na certificação apresenta alguma ligação com as atividades em avaliação;
  2. Por ser muito familiar ou confiante em algum membro da organização, não busca devidamente evidências de auditoria;
  3. Há ameaças de intimidação com propósito de coagir a tomar ou modificar uma decisão;
  4. Existem interesses financeiros entre as partes que colocam em dúvida a veracidade e seriedade do processo de certificação.

Justamente por isso, antes de contratar um OC é recomendável que se pesquise sobre quais empresas já foram certificadas por ele, se são empresas reconhecidas por seus produtos ou serviços. Da mesma forma, é uma boa ideia conversar com os clientes da organização, especialmente se forem relações business to business, para saber se eles reconhecem o OC como uma marca que confere credibilidade.

Vale a pena ressaltar também a regra óbvia: quem audita não dá consultoria, quem dá consultoria não audita.

Neste processo, um OC deve identificar, analisar e documentar as possibilidades de conflito de interesses provenientes do fornecimento de certificação, incluindo quaisquer conflitos resultantes de seus relacionamentos. Se um relacionamento puder causar qualquer tipo de ameaça à imparcialidade, o OC deve ser capaz de eliminar ou minimizar tal ameaça; caso contrário, deve desistir de realizar a certificação.

Na outra ponta, uma organização que busca contratar um OC também deve evitar situações que configurem conflitos de interesse, buscando um OC o mais isento possível.

Não existe, ou não deveria existir, Organismo de Certificação mais difícil ou mais fácil para se obter um certificado.

Além disso, os OC devem demonstrar que são acreditados pela Coordenação Geral de Acreditação – Cgcre, do Inmetro, ou por outro Organismo de Acreditação signatário do acordo de reconhecimento mútuo (MLA) do International Accreditation Forum IAF, que atenda, portanto, às normas e regulamentos, que lhe permitem auditar e conceder certificações de sistema de gestão.

Sempre é melhor um Organismo de Certificação acreditado do que outro “não acreditado”, não é mesmo?

UNNAC = Unnacredited

Obviamente, os OC devem também ser capazes de demonstrar a competência de seus auditores para atender aos requisitos mínimos de qualificação estabelecidos no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade – SBAC, ou seu equivalente, com as devidas comprovações de competência técnica, treinamentos específicos e experiência, relevantes para a certificação pretendida.

Outra questão importante é que o OC demonstre que cumpre os critérios estabelecidos pelo International Accreditation Forum – IAF, quanto ao dimensionamento da relação entre número de auditores e tempo de auditoria (medido em auditor/ dia de auditoria) para cobrir devidamente todo o escopo pretendido.

Ao contratar uma OC, a organização deve exigir que uma proposta, além do preço do serviço obviamente, também contemple minimamente as seguintes informações:

  1. Objetivos dos serviços a serem prestados;
  2. Escopo dos serviços a serem fornecidos;
  3. Abrangência dos processos, núcleos organizacionais, áreas da empresa etc., que serão objeto de avaliação e certificação;
  4. Quem é o organismo acreditador;
  5. Recursos envolvidos;
  6. Evidência formalizada de cumprimento dos critérios do IAF relativos ao dimensionamento dos escopos auditados, em forma de uma memória de cálculo com base na NIT DICOR 054 do Inmetro;
  7. Plano de trabalho e dimensionamento aplicado;
  8. Relação das 10 últimas certificações realizadas.

Para finalizar, tratando-se especificamente das normas associadas com Food Safety, também é preciso considerar o atendimento às exigências específicas dos esquemas normativos como aqueles adotados pela FSSC, BRCGS, IFSSQF ou outra Norma, de acordo com o que cada uma delas estabelece em termos de auditores/ dia de auditoria, critérios para abertura e tipo de não conformidade, auditorias não anunciadas, qualificação dos auditores e outras.

Escolher bem um Organismo Certificador é o primeiro passo para um processo de certificação de excelência que validará a credibilidade do sistema de gestão de uma organização.

Este artigo foi baseado em documento do ABNT CB-25 (Comitê Brasileiro da Qualidade) intitulado Orientações para a seleção e contratação de serviços de consultoria, treinamento e certificação de sistemas de gestão da qualidade”.

Leia também:

GFSI lança guia sobre competências de auditores de segurança de alimentos;

ISO 19001:2018 – Diretrizes para Auditorias de Sistema de Gestão;

Construindo uma equipe de auditores internos em segurança de alimentos;

FDA propõe regra para acreditação de auditores de terceira parte.

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Conheça o Programa Global Markets

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A segurança dos alimentos é um assunto que vem ganhando evidência. Com o fácil acesso à informação e um público cada vez mais atento, as exigências de boas práticas relacionadas aos produtos que chegam à mesa do cliente só crescem. Se de um lado temos consumidores vigilantes, do outro temos a indústria alimentícia com uma cadeia de fornecimento complexa e cheia de desafios, porém bastante empenhada em atender a todos os requisitos do mercado.

“O objetivo é que o resultado seja positivo para todos os lados: para o consumidor, que começa a confiar na procedência do produto que está comprando; e para a empresa, que melhor gerencia os riscos de contaminação de seus produtos, diminuindo os obstáculos até que sua mercadoria chegue às prateleiras do mercado e às casas de seus clientes”, afirma Milena Fernandes, Gerente de Operações da QIMA/WQS.

Gestão de Fornecedores: princípio básico para negócios do setor alimentício

Sob um olhar leigo, a gestão de fornecedores pode parecer um sistema simples de organização. No entanto, é um processo bastante complexo que, ao contrário do que pode parecer a princípio, não se trata apenas da escolha e gerenciamento de provedores para o seu negócio.

O programa de gestão de fornecedores é um princípio básico para qualquer empresa do ramo alimentício. Seja uma padaria de bairro ou uma cadeia de restaurantes de grande porte, qualquer organização que tenha que comprar insumos ou que tenha qualquer tipo de relação comercial com provedores de suprimentos, precisa, impreterivelmente, de estruturação, considerando qualidade e segurança em cada etapa desses vínculos comerciais.

De modo simplificado, a gestão de fornecedores é o gerenciamento da cadeia de suprimentos em todas as fases, desde a prospecção e avaliação dos provedores à manutenção do relacionamento com eles. Essa relação envolve o monitoramento de suas atividades, como constância da qualidade e segurança nas entregas, adequados prazos logísticos e gerenciamento de estoques.

Apoio às pequenas empresas

Há pouco mais de uma década, em 2008, a Iniciativa Global de Segurança de Alimentos (em inglês Global Food Safety Initiative – GFSI) identificou que as pequenas empresas estavam encontrando obstáculos no desenvolvimento dos seus sistemas de gestão de segurança de alimentos. “É importante entender que, ao citarmos empresas pequenas, não nos referimos ao porte, e sim àquelas empresas que têm dificuldade de implementar programas específicos e mais complexos, como o APPCC, em seus sistemas de gestão de segurança de alimentos”, explica Milena Fernandes.

A falta de conhecimentos técnicos, falta de recursos financeiros ou falta da informação para implementar esses programas de gestão foram alguns dos principais problemas identificados pela GFSI. Com o propósito de apoiar essas empresas para desenvolver seus sistemas de gestão e prepará-las para a obtenção de uma certificação de segurança de alimentos reconhecida, a GFSI criou o Programa Global Markets.

Global Markets: evolução gradativa

O Programa Global Markets utiliza uma sistemática evolutiva para preparar de forma gradativa as companhias para uma certificação mais completa através de etapas a serem atingidas. A cada nível alcançado, novas oportunidades de crescimento se abrem.

Atualmente a QIMA/WQS disponibiliza quatro programas Global Markets:

GFSI Global Markets

O protocolo GFSI Global Markets (GMaP) é o programa desenvolvido pela GFSI, composto por um kit de ferramentas que contém uma lista de verificação com requisitos de segurança de alimentos para ser utilizada como autoavaliação e como critério de auditorias.

É importante ressaltar que esse programa não é uma certificação acreditada. Isso quer dizer que não há emissão de um certificado após a realização da auditoria por uma empresa independente. Ele foi criado como um programa introdutório para a obtenção de uma certificação em uma das normas de segurança de alimentos reconhecida pelo GFSI, de forma evolutiva, durando em média três anos.

A adesão ao GMaP pode favorecer o desenvolvimento de negócios, viabilizando o comércio local, regional e internacional.

BRCGS START!

O programa reconhece e incentiva o desenvolvimento de sistemas de segurança de alimentos em pequenas empresas, fabricantes de alimentos ou produção primária, onde esses sistemas de gestão ainda são imaturos.

O BRCGS START! oferece aos pequenos produtores de alimentos a oportunidade de demonstrar os degraus reconhecidos para uma eventual certificação completa BRCGS, evidenciando aos seus clientes o compromisso da empresa com a segurança de alimentos.

IFS Global Markets

Pertencente ao grupo de marcas IFS (International Featured Standards), o IFS Global Markets tem como objetivo facilitar o acesso ao mercado, criar aceitação mútua ao longo da cadeia de abastecimento e fornecer um sistema de referência para a orientação, desenvolvimento e avaliação de pequenas empresas, além de auxiliar com os primeiros passos para a implementação e consequente obtenção da certificação.

O programa consiste em duas listas de verificação de diferentes níveis e um protocolo de avaliação para conduzir, paulatinamente, o processo de melhoria contínua e a implementação de um sistema completo de gestão de segurança de alimentos.

SQF Fundamentos

Varejistas de alimentos e grandes indústrias exigem de seus fornecedores um programa robusto de segurança de alimentos para proteger sua marca e manter a confiança do consumidor. Com isso em mente, a SQFI (SQF Institute) criou uma solução para fornecedores de pequeno e médio porte, indústrias de alimentos ou produção primária, que não possuem um programa de gestão de segurança de alimentos ou desejam levar seu programa existente para o próximo nível.

Construído como uma abordagem passo a passo, o programa SQF Fundamentos foi desenvolvido usando o kit de ferramentas do programa GFSI Global Markets para auxiliar as empresas a criarem uma cultura de segurança de alimentos em seu local, incluindo a implementação de um plano APPCC e boas práticas da indústria. É um programa prático e acessível, com soluções sob medida para pequenas empresas.

Como é possível verificar, todos esses programas possuem caráter evolutivo e compartilham do mesmo objetivo de proporcionar uma certificação futura de terceira parte. O que diferencia uns dos outros é que cada um visa proporcionar uma introdução às normas específicas de certificação, utilizando linguagem, abordagem e sistemas de classificação e/ou pontuação específicos de não conformidades.

Valores gerados pelo Global Markets

O ponto primordial ao executar um programa de gestão de fornecedores é aumentar a segurança dos alimentos, mas os benefícios não se resumem a isso.

“Falando dos benefícios, uma empresa que implementa um sistema de gestão de segurança de alimentos e o torna cada vez mais robusto, consegue gerenciar melhor seus riscos de contaminação, diminuindo consequências negativas, como um recall. Consegue também acesso a novos mercados e constrói uma sólida cultura de segurança de alimentos na organização, que vai favorecer o alinhamento às abordagens públicas e privadas, devido a sua conformidade com as legislações vigentes e aos padrões exigidos pelas normas de certificação”, destaca Milena Fernandes.

Os primeiros passos para implementar o programa

Para todos os programas de Global Markets, o primeiro passo é se familiarizar com o protocolo, fazendo um treinamento de interpretação com uma empresa especializada e, assim, realizar uma autoavaliação para verificar se atende aos requisitos. Essa autoavaliação permite que a companhia defina o nível em que deve iniciar no programa: básico ou intermediário. A etapa seguinte é consultar uma certificadora, como a QIMA/WQS, para solicitar uma auditoria independente.

Para determinar o programa mais adequado, alguns fatores devem ser considerados:

  • Exigência de cliente – Alguns clientes exigem de seus fornecedores um determinado programa de Global Markets, bem como o nível de avaliação (básico ou intermediário).
  • Certificações de segurança de alimentos – Se a empresa está em busca de uma certificação de segurança de alimentos, o ideal é que construa o seu sistema de gestão com base nessa certificação, optando por seguir o programa Global Markets da norma escolhida.
  • Visibilidade no mercado – As auditorias feitas por certificadoras nos programas Global Markets da BRCGS, IFS e SQF são registradas nos respectivos bancos de dados, que são globais. Isso significa que o resultado da planta auditada fica disponível para consulta, permitindo que novos negócios sejam feitos. Diferentemente dos outros programas citados, o GFSI Global Markets ainda não possui um banco de dados para as auditorias, mas estão avaliando essa possibilidade para a próxima revisão do programa, que tem previsão para lançamento em 2023.

O Programa Global Markets vem sendo utilizado como ferramenta para os fornecedores se adequarem aos clientes e para ajudar as empresas a chegarem cada vez mais perto das certificações reconhecidas pelo GFSI.

A QIMA/WQS possui especialistas para apoiar sua organização na definição dos critérios de gestão de fornecedores, bem como auditores competentes para realizar a avaliação de conformidade em toda a cadeia de fornecimento.

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