< 1 min leitura
0

Perdas e desperdícios de alimentos: novo foco da FSSC 22000 nas indústrias alimentícias

< 1 min leitura

O tema perdas e desperdícios de alimentos ganhou protagonismo com a inclusão do requisito 2.5.16 na norma FSSC 22000, reforçando o papel das indústrias alimentícias na construção de sistemas mais sustentáveis e responsáveis. A nova exigência vai além da segurança de alimentos, abordando também o impacto ambiental, social e econômico do desperdício ao longo da cadeia produtiva.

De acordo com a FSSC 22000, as organizações devem identificar, monitorar e, sempre que possível, reduzir as perdas e desperdícios de alimentos em seus processos. Isso inclui desde o recebimento de matérias-primas até o armazenamento, processamento e distribuição dos produtos. A norma exige que as empresas estabeleçam metas, implementem controles e mantenham registros que demonstrem o comprometimento com a redução desses desperdícios.

Na prática, isso significa revisar procedimentos operacionais, avaliar pontos críticos de perda e engajar as equipes na busca por soluções criativas e eficazes. O reaproveitamento de subprodutos, a melhoria no planejamento de produção e o controle rigoroso de validade e armazenamento são algumas estratégias que podem ser adotadas.

Além disso, o requisito 2.5.16 incentiva a colaboração com fornecedores e parceiros logísticos para garantir que as perdas sejam minimizados em toda a cadeia. A transparência e a comunicação clara são fundamentais para alcançar esse objetivo.

Ao incorporar esse novo requisito, a FSSC 22000 amplia sua abordagem, conectando segurança de alimentos com sustentabilidade. Reduzir perdas e desperdícios não é apenas uma exigência normativa — é uma responsabilidade ética e estratégica para o futuro do setor alimentício.

Por Djeane M. S. Fares

< 1 min leituraO tema perdas e desperdícios de alimentos ganhou protagonismo com a inclusão do requisito 2.5.16 na norma FSSC 22000, reforçando o papel das indústrias alimentícias na construção de sistemas mais sustentáveis e […]

< 1 min leitura
0

FSSC 22000 publica nova Lista do BoS: versão setembro/25

< 1 min leitura

A FSSC 22000 publicou no dia 22 de setembro uma nova versão da Lista do BoS, uma lista dinâmica de atualizações rápidas que apresenta requisitos aplicáveis à versão vigente do esquema, nesse caso, a versão 6.

Entretanto, a notícia tão esperada sobre a inclusão das novas ISO 220002-x, que substituem as antigas ISO/TS 22002-x, ainda não foi divulgada. Você pode ler mais sobre essas novas aqui.

Nessa versão da Lista do BoS foram feitas duas mudanças:

Item 7: Mudança na Parte 4, requisito 3.5.3 (3), que detalha os requisitos de competência nas subcategorias para os auditores das certificadoras.

Item 8: Inclusão na Parte 3, seção 9, de requisitos sobre uso de Inteligência Artificial pelas certificadoras no processo de auditoria. Também foi incluída, no Apêndice 1, a definição de “sistema de inteligência artificial”.

As duas informações são aplicadas diretamente às certificadoras, sem necessidade de tomada de ação pelas empresas.

O documento pode ser acessado diretamente no site da FSSC 22000 (aqui).

Até o momento, a FSSC ainda está trabalhando em uma nova versão que irá abordar as novas normas ISO 22002-x. Até lá, está vigente a atual versão 6.

< 1 min leituraA FSSC 22000 publicou no dia 22 de setembro uma nova versão da Lista do BoS, uma lista dinâmica de atualizações rápidas que apresenta requisitos aplicáveis à versão vigente do […]

< 1 min leitura
0

ESG: como a qualidade e segurança de alimentos contribuem para um futuro mais sustentável

< 1 min leitura

O conceito de ESG (Environmental, Social and Governance) ganha cada vez mais espaço nas estratégias das indústrias alimentícias, e a área de qualidade e segurança de Alimentos tem um papel fundamental nesse cenário. A integração de práticas responsáveis e sustentáveis ao sistema de gestão da qualidade fortalece o compromisso da empresa com o meio ambiente, a sociedade e a governança corporativa.

No pilar ambiental do ESG, a qualidade e segurança de alimentos contribuem diretamente ao promover o uso eficiente de recursos, a redução de perdas e desperdícios (item inclusive alinhado ao requisito 2.5.16 da FSSC 22000) e o controle rigoroso de resíduos e efluentes. Processos bem definidos e monitorados evitam retrabalhos, descartes desnecessários e impactos ambientais negativos.

No aspecto social, a área de qualidade garante que os alimentos produzidos sejam seguros, íntegros e adequados ao consumo, protegendo a saúde pública e promovendo a confiança do consumidor. Além disso, a capacitação contínua das equipes, o respeito às condições de trabalho e a valorização da cultura de segurança de alimentos fortalecem o engajamento interno e a responsabilidade social da empresa.

Já no pilar de governança, a qualidade e segurança de alimentos asseguram a conformidade com legislações, normas como a FSSC 22000 e requisitos de clientes. A rastreabilidade, a gestão de riscos e a transparência nos processos são elementos essenciais para uma governança sólida e ética — princípios centrais do ESG.

Portanto, investir em qualidade e segurança de alimentos é também investir em ESG. Essa conexão estratégica fortalece a reputação da marca, atrai investidores conscientes e contribui para um sistema alimentar mais seguro, justo e sustentável.

Por Djeane M. S. Fares

Imagem: Markus Winkler

< 1 min leituraO conceito de ESG (Environmental, Social and Governance) ganha cada vez mais espaço nas estratégias das indústrias alimentícias, e a área de qualidade e segurança de Alimentos tem um papel fundamental […]

< 1 min leitura
0

Cultura de Segurança de Alimentos: um compromisso que começa com atitudes

< 1 min leitura

A Cultura de Segurança de Alimentos é mais do que um requisito normativo — é um valor que deve estar presente no dia a dia das indústrias alimentícias. Segundo a norma FSSC 22000, promover essa cultura significa garantir que todos os colaboradores, independentemente do cargo, compreendam a importância de produzir alimentos seguros e estejam comprometidos com práticas que assegurem a integridade dos produtos.

Essa cultura começa com a liderança. Gestores e responsáveis técnicos devem ser os primeiros a demonstrar comportamentos alinhados com a Cultura de Segurança de Alimentos, influenciando positivamente suas equipes. A comunicação clara, a escuta ativa e o exemplo diário são ferramentas poderosas para fortalecer esse compromisso.

Outro ponto essencial é a capacitação contínua. Treinamentos regulares, dinâmicos e contextualizados ajudam a manter o tema vivo na rotina dos colaboradores. A FSSC 22000 destaca que a conscientização deve ser constante e não apenas em momentos de auditoria ou crise. A cultura se constrói com pequenas atitudes diárias, como o uso correto de EPIs, a higienização adequada das mãos e o cumprimento rigoroso dos procedimentos operacionais.

Além disso, é fundamental criar um ambiente onde os colaboradores se sintam seguros para relatar desvios ou riscos sem medo de punições. A confiança é um pilar da Cultura de Segurança de Alimentos, pois permite a identificação precoce de falhas e a melhoria contínua dos processos.

Por fim, vale lembrar que a Cultura de Segurança de Alimentos não é um projeto com início, meio e fim. Ela é um processo contínuo, que exige vigilância, engajamento e evolução constante. Quando bem implementada, ela protege a saúde do consumidor, fortalece a reputação da empresa e contribui para a sustentabilidade do negócio.

Por Djeane M. S. Fares

< 1 min leituraA Cultura de Segurança de Alimentos é mais do que um requisito normativo — é um valor que deve estar presente no dia a dia das indústrias alimentícias. Segundo a norma FSSC 22000, […]

< 1 min leitura
0

Controle de Qualidade: novo requisito da FSSC 22000 reforça a responsabilidade das indústrias alimentícias

< 1 min leitura

Controle de Qualidade nas empresas de alimentos ganhou ainda mais destaque com a atualização da norma FSSC 22000, que introduziu o requisito 2.5.9, voltado especificamente para fortalecer os processos de verificação e validação nas indústrias alimentícias. Esse novo item exige que as organizações implementem um sistema robusto de controle que assegure a conformidade dos produtos com os critérios de segurança e qualidade definidos.

< 1 min leituraO Controle de Qualidade nas empresas de alimentos ganhou ainda mais destaque com a atualização da norma FSSC 22000, que introduziu o requisito 2.5.9, voltado especificamente para fortalecer os processos de […]

< 1 min leitura
0

Requisitos de Comunicação: novo foco da FSSC 22000 nas indústrias alimentícias

< 1 min leitura

Os Requisitos de Comunicação passaram a ter um papel ainda mais relevante com a introdução do item 2.5.17 na norma FSSC 22000. Essa atualização reforça a importância de uma comunicação clara, eficaz e estruturada dentro das indústrias alimentícias, especialmente no que diz respeito à segurança de alimentos e à gestão de riscos.

< 1 min leituraOs Requisitos de Comunicação passaram a ter um papel ainda mais relevante com a introdução do item 2.5.17 na norma FSSC 22000. Essa atualização reforça a importância de uma comunicação clara, eficaz e […]

2 min leitura
0

Chegaram as novas ISO/TS 22002-X (e mais uma norma vem aí…)

2 min leitura

Dá-lhe novidades para as empresas certificadas FSSC 22000.

No último dia 29 de julho foram publicadas revisões das principais normas de programas de pré-requisitos da família ISO, a saber:

  • ISO/TS 22002-1: Prerequisite programmes on food safety – Part 1: Food manufacturing
  • ISO/TS 22002-2: Prerequisite programmes on food safety – Part 2: Catering
  • ISO/TS 22002-4: Prerequisite programmes on food safety – Part 4: Food packaging manufacturing
  • ISO/TS 22002-5: Prerequisite programmes on food safety – Part 5: Transport and storage
  • ISO/TS 22002-6: Prerequisite programmes on food safety – Part 6: Feed and animal food production
  • ISO/TS 22002-7: Prerequisite programmes on food safety – Part 7: Retail and wholesale

Da série de normas ISO/TS 22002-X, a única que não se modificou foi a ISO/TS 22002-3 (Prerequisite programmes on food safety – Part 3: Farming), permanecendo sua versão de 2011.

E não foram “apenas” estas as mudanças!
Na verdade, a principal mudança foi o lançamento da ISO 22002-100, intitulada Prerequisite programmes on food safety – Part 100: Requirements for the food, feed and packaging supply chain.
A ISO 22002-100 fornece basicamente uma estrutura unificada de PPRs que pode ser aplicada a todas as organizações da cadeia de alimentos, rações e embalagens, independentemente do setor específico. Na prática, ela substitui ou complementa as normas ISO/TS 22002-1 a -6 (que são específicas por setor), oferecendo uma base comum para todas as normas.

Um exemplo prático é esse trecho da nova ISO/TS 22002-1:

Na cláusula 6.1 está escrito, em tradução livre:

“Os requisitos da ISO 22002-100 devem ser aplicados”

Ou seja, para quem utiliza a ISO/TS 22002-1, consulte a ISO 22002-100 para ver os requisitos aplicáveis.

Já na cláusula 6.2, somam-se aos requisitos da ISO 22002-100 alguns requisitos específicos da ISO/TS 22002-1.

Como exemplo, espera-se que para as empresas certificadas FSSC 22000 na categoria CIV (mais sobre as categorias da FSSC 22000 aqui) serão aplicáveis as normas:
– ISO 22000: 2018
– ISO 22002-100: 2025 (a verdadeira novidade!)
– ISO/TS 22002-1: 2025
– Requisitos adicionais do Esquema FSSC 22000

Lógico que isso ainda é uma especulação, já que a Fundação FSSC ainda não se pronunciou sobre isso. Mas até segunda ordem permanece a mesma configuração, com as versões anteriores da ISO/TS 2200X.
Será que teremos inicialmente a inclusão destas normas em uma nova lista de decisão do Board of Stakeholders? Ou uma versão 6.1 da FSSC 22000? Ou uma versão 7?
Só a partir daí teremos um prazo para implementação. Até lá, fique de olho no Food Safety Brazil.

Ahhh… ia quase esquecendo!
Caso queiram ter acesso a estas normas (em versões em inglês e francês), o local correto é o site da ISO. Abaixo os links:
– ISO 22002-100 – link
– ISO/TS 22002-1 – link
– ISO/TS 22002-2 – link
– ISO/TS 22002-4 – link
– ISO/TS 22002-5 – link
– ISO/TS 22002-6 – link
– ISO/TS 22002-7 – link

Preparem os bolsos. As ISO/TS custam em média 65 francos suíços cada (na conversão de hoje, R$ 444,87) e a ISO 22002-100 custa 132 francos suíços (na conversão de hoje, R$ 903,44).
Sobre lançamentos das versões em português pela ABNT, ainda não há nenhuma previsão concreta.

2 min leituraDá-lhe novidades para as empresas certificadas FSSC 22000. No último dia 29 de julho foram publicadas revisões das principais normas de programas de pré-requisitos da família ISO, a saber: ISO/TS […]

2 min leitura
0

FSSC 22000 e FSSC Development Program: qual a diferença?

2 min leitura

Recentemente a publicação de uma árvore decisória para o Development Program pela FSSC causou confusão nas mídias digitais. Muitos associaram, equivocadamente, essa publicação a um novo modelo de árvore decisória proposta pela FSSC para empresas certificadas no esquema FSSC 22000.

Por isso, é importante diferenciar os dois programas.

2 min leituraRecentemente a publicação de uma árvore decisória para o Development Program pela FSSC causou confusão nas mídias digitais. Muitos associaram, equivocadamente, essa publicação a um novo modelo de árvore decisória […]

7 min leitura
0

Food Defense: origem e aplicação

7 min leitura

Tradicionalmente a segurança dos alimentos concentra-se em prevenir a contaminação involuntária de alimentos por agentes microbiológicos, químicos e físicos, fazendo uso, por exemplo, do HACCP. No entanto, a história mostra que alimentos e bebidas podem ser contaminados intencionalmente de diversas formas e por diversas motivações.

  • Durante a I Guerra Sacra (590 a.C), segundo Heródoto, os anfictiões, aliados de Delfos, envenenaram com heléboro, uma planta tóxica, a água da cidade sitiada de Cirra;
  • Em 331 a.C., os persas tentaram envenenar os poços e suprimentos de alimentos de Alexandre, o Grande, antes da chegada do exército macedônio;
  • Em 1346, os mongóis, comandados por Jani Beg, catapultaram corpos infectados com peste negra sobre as muralhas da cidade de Caffa, na Criméia, contaminando suprimentos de água;
  • Em 1478, Francesco de Pazzi tentou derrubar os Médici em Florença, envenenando Lorenzo e seu irmão Giuliano com comida e bebida;
  • Na II Guerra Mundial, em 1943, ao recuar diante do avanço da União Soviética, os nazistas envenenaram poços nas cidades de Kursk e Smolensk com substâncias tóxicas, incluindo arsênio e patógenos.

Food Defense trata da proteção dos alimentos contra contaminações intencionais que possam causar danos à saúde pública, perdas econômicas ou crises de confiança na indústria alimentícia. As principais motivações para atos que comprometem a segurança dos alimentos incluem diferentes motivações:

  1. Terroristas – Ataques intencionais com o objetivo de causar pânico, desestabilizar a economia ou prejudicar a segurança nacional por meio da contaminação da cadeia de alimentos;
  2. Criminosas – Extorsões, sabotagens ou envenenamentos planejados para prejudicar empresas, concorrentes ou indivíduos específicos;
  3. Vingança ou insatisfação – Funcionários insatisfeitos, ex-colaboradores ou outros agentes com intenção de prejudicar uma empresa por ressentimento pessoal;
  4. Ideológicas ou protestos – Ativistas ou grupos que utilizam a contaminação como forma de protesto contra determinada indústria (como a pecuária, grandes corporações ou empresas envolvidas em questões ambientais ou sociais).

Essas motivações reforçam a necessidade de um sistema robusto de Food Defense, incluindo monitoramento rigoroso, controle de acesso, capacitação de funcionários e planos de resposta a incidentes.

O Food Defense visa proteger a cadeia produtiva contra atos de sabotagem, bioterrorismo e outras formas de contaminação deliberada.

Casos contemporâneos reais de contaminação intencional

Existem diversos casos documentados de contaminação intencional de alimentos e medicamentos:

  1. Caso Tylenol (1982, EUA): O episódio envolveu a contaminação intencional de cápsulas do analgésico Tylenol com cianeto de potássio, resultando na morte de sete pessoas na região de Chicago. O crime, cuja autoria nunca foi descoberta, causou pânico nacional e levou a uma grande reformulação na segurança de medicamentos e alimentos, incluindo o desenvolvimento de embalagens à prova de violação;
  2. Caso Rajneeshee (1984, EUA): Membros da seita liderada pelo guru Bhagwan Shree Rajneesh contaminaram saladas de diversos restaurantes na cidade de The Dalles, Oregon, com a bactéria Salmonella typhimurium. O ataque foi uma tentativa de incapacitar a população local de votar e influenciar as eleições municipais, garantindo que candidatos favoráveis ao grupo fossem eleitos. Como resultado, 751 pessoas foram infectadas, mas não houve mortes;
  3. Casos de envenenamento com cianeto (1985, Japão): Similar  ao episódio do Tylenol, o Japão enfrentou uma série de envenenamentos intencionais com cianeto em produtos de consumo, como bebidas e medicamentos, que foram deixados em prateleiras de lojas. Esses ataques, atribuídos a grupos interessados em extorsão ou criminosos anônimos, geraram pânico na população e evidenciaram vulnerabilidades na segurança dos produtos;
  4. Morangos com agulhas (2018, Austrália): Consumidores começaram a relatar que encontraram agulhas de costura dentro de morangos comprados em supermercados, ocasionando o recolhimento em massa, causando prejuízos milionários para os produtores e pânico entre os consumidores. Após investigação, uma ex-funcionária da fazenda de morangos My Ut Trinh foi presa e acusada de sabotagem, supostamente por vingança contra o empregador;
  5. Morangos com agulhas (2018, Brasil): O incidente foi uma imitação do caso australiano, quando surgiram relatos semelhantes no Brasil, com consumidores encontrando objetos metálicos dentro das frutas. Embora alguns casos tenham sido confirmados como verdadeiros, outros foram suspeitos de trotes.

Contudo, foi só após os atentados contra as torres gêmeas do World Trade Center nos EUA, em 11 de setembro de 2001, que o tema Food Defense passou a ser visto como prioritário, pois vulnerabilidades na cadeia produtiva de alimentos foram identificadas como riscos potenciais capazes de causar danos em massa.

Os ataques terroristas de 2001 impulsionaram a criação de diversas medidas de segurança, incluindo a preocupação com a segurança dos alimentos. Por isso, o governo dos EUA implementou o Bioterrorism Act de 2002, com foco na proteção do fornecimento de alimentos e água contra ameaças intencionais.

Posteriormente, com a Food Safety Modernization Act (FSMA) de 2011, a Food and Drug Administration (FDA) reforçou as exigências regulatórias, obrigando empresas a implementarem planos específicos de Food Defense.

Exigências da Food Safety Modernization Act (FSMA)

A FSMA impõe que indústrias alimentícias desenvolvam e implementem planos de mitigação para prevenir ataques intencionais, incluindo:

  1. Análise de vulnerabilidades: Identifica pontos críticos na produção, transporte e armazenamento;
  2. Medidas preventivas: Controle de acesso, monitoramento e treinamento de funcionários;
  3. Procedimentos de resposta: Protocolos para agir rapidamente em caso de ameaças;
  4. Auditorias e testes regulares: Verificação da eficácia das estratégias implementadas.

Food Defense é uma área essencial para garantir que alimentos permaneçam seguros contra ataques intencionais. Por isso, a conscientização e a implementação de protocolos eficazes são fundamentais para proteger a a cadeia produtiva de alimentos em escala global.

Impulsionados pelas exigências do Bioterrorism Act, do FSMA e pela influência de diversos stakeholders, como algumas das maiores empresas de alimentos e bebidas do mundo, o Global Food Safety Initiative (GFSI) passou a considerar que os protocolos e normas que reconhece pelas análises de benchmarking, também deviam possuir requisitos sobre Food Defense, buscando a integridade da cadeia de suprimentos alimentares global.

Assim, a diretriz do GFSI para Food Defense foi desenvolvida para orientar as normas de segurança dos alimentos sobre como prevenir, identificar e mitigar os riscos de contaminações intencionais e atividades de sabotagem na cadeia produtiva de alimentos.

A partir de então, as normas reconhecidas pelo GFSI, como FSSC 22000 (Food Safety System Certification), IFS (International Featured Standards), SQF (Safe Quality Food) e BRCGS (Brand Reputation Compliance Global Standards), integraram requisitos de Food Defense em seus protocolos e esquemas, essencialmente considerando:

  1. Avaliação de riscos associados a atos intencionais, incluindo a análise de vulnerabilidades em diferentes pontos da cadeia de produção e um plano para mitigar esses riscos;
  2. Estratégias de prevenção e controles rigoroso de acesso às instalações, como a segurança física das fábricas e a vigilância das áreas de processamento;
  3. Treinamento e conscientização para que empregados possam identificar e relatar atividades suspeitas;
  4. Plano de resposta a incidentes estruturados para lidar com possíveis incidentes de Food Defense, com protocolos definidos para comunicação e ação imediata em caso de ataque ou contaminação.

O GFSI foi fundamental ao exigir a integração dos princípios de Food Defense nas normas de segurança dos alimentos, reconhecendo que a proteção contra riscos intencionais é tão importante quanto a gestão de riscos microbiológicos, físicos e químicos.

Orientações gerais para ações em Food Defense

Na prática, a organização deve estabelecer um plano de Food Defense formalizado, que defina a abordagem da empresa em relação à proteção contra ameaças intencionais e a segurança dos produtos. Tal plano deve ser baseado em políticas de gestão aprovadas pela alta direção e estar integrado ao Sistema de Gestão em Segurança dos Alimentos da organização.

Para atender ao plano Food Defense, a organização deve realizar uma avaliação de risco para identificar e avaliar vulnerabilidades em todas as etapas da cadeia de produção, incluindo pontos críticos onde o produto pode ser exposto a sabotagem, contaminação maliciosa ou adulteração. Esta análise deve ser documentada e atualizada regularmente para refletir novas ameaças ou mudanças no processo produtivo.

Dependendo da localização geográfica e de questões culturais da organização ou da região, as ameaças podem ser diferentes, e cada contexto específico deve ser devidamente considerado.

Com base na avaliação de riscos, a organização deve implementar controles preventivos específicos para mitigar os riscos identificados. Esses controles podem incluir medidas de segurança física (como cercas, câmeras de vigilância, controles de acesso), segurança de processos (como monitoramento constante) e treinamento de pessoal para identificar comportamentos suspeitos.

Quanto maior o risco e a probabilidade de ocorrência de uma contaminação intencional, mais robusta deve ser a ação de mitigação adotada.

A vigilância de áreas críticas e a monitoração contínua de locais como armazéns, câmaras frigoríficas, reservatórios de água e áreas de processamento, são essenciais para prevenir ataques intencionais. Os controles de acesso precisam ser rigorosos e implementados para garantir que apenas pessoal autorizado tenha acesso a áreas sensíveis da planta de produção. O uso de sistemas de identificação como crachás, identificação facial ou de digitais podem ser útil.

Claro, a empresa deve também garantir que os funcionários recebam treinamento específico sobre Food Defense, incluindo a conscientização sobre as ameaças possíveis e os procedimentos a serem seguidos em caso de incidentes. O treinamento deve incluir a identificação de atividades suspeitas, o reporte de comportamentos incomuns e a implementação de medidas de resposta.

A organização deve possuir procedimentos de resposta rápida em caso de incidentes de Food Defense, que incluam planos de ação para:

  1. Identificar e isolar rapidamente qualquer insumo, aditivo, coadjuvante ou produto suspeito;
  2. Informar as autoridades competentes, conforme necessário.
  3. Realizar investigações internas e externas sobre incidentes;
  4. Realizar recall caso o produto não esteja mais sob controle da organização;
  5. Recuperar a confiança dos consumidores, caso o incidente tenha repercussões negativas (gestão de crises).

Por fim, é importante que a eficácia das medidas de Food Defense seja testada regularmente via auditorias e ou testes simulados. As auditorias internas devem verificar se os controles de segurança contra ameaças intencionais estão sendo seguidos e se os planos de ação estão sendo eficazes. Já os simulados testam, na prática, de forma aleatória e não programada, se há falhas e vulnerabilidades nos planos de ação.

A alta direção deve revisar periodicamente o sistema de Food Defense para garantir sua adequação, eficácia e conformidade com os requisitos das normas em food safety adotadas.

Com base nas falhas identificadas em simulados, feedback de auditorias e benchmarking com ocorrências reais em outras empresas ao redor do mundo, a organização deve sempre buscar a melhoria contínua de seu sistema de Food Defense.

A implementação desses requisitos mediante as normas de Segurança dos Alimentos, seja a FSSC 22000, IFS, SQF e BRCGS, visa a criação de uma rede de segurança robusta que protege os alimentos e bebidas desde a origem até o consumidor final, garantindo que as ameaças intencionais sejam prevenidas, identificadas e tratadas com eficácia.

Leia também:

7 min leituraTradicionalmente a segurança dos alimentos concentra-se em prevenir a contaminação involuntária de alimentos por agentes microbiológicos, químicos e físicos, fazendo uso, por exemplo, do HACCP. No entanto, a história mostra […]

2 min leitura
0

Cultura & Gestão de equipamentos na indústria de alimentos

2 min leitura

Nesse momento de implantação do requisito de gestão de equipamentos, algumas frases que tenho ouvido têm relação com cultura de segurança de alimentos:

“Aqui é diferente, as linhas não são sanitárias”.

“Nosso padrão são equipamentos italianos ou franceses, definidos pelo time global, mas não atendem esses princípios.”

“Produzimos alimentos há muitos anos, nunca precisamos nos preocupar com esses requisitos de design higiênico.”

“Nosso global de engenharia não conversa com o global de qualidade.”

“Recebemos uma não conformidade por causas de uma solda antiga e grossa, refeita pela manutenção. Não é um absurdo?”

“Nossa linha nova foi comprada no ano passado, mas não atende aos requisitos de projeto sanitário. E agora, o que fazemos?

Os comentários acima são apenas alguns exemplos de problemas reais de empresas e gestores para se adequar ao novo requisito de “Gestão de equipamentos” relacionado à gestão de projetos.  Há resistência de algumas pessoas em entender que isso não é modismo, e sim uma necessidade.

Por exemplo: alguns equipamentos que geravam contaminações físicas com partículas metálicas ou químicas precisam de adequação nos processos e materiais.

Importante observar que não se trata apenas do requisito em si, mas de mudança de cultura de Segurança de Alimentos em várias empresas.

No passado não era raro observar empresas com certificação em normas de segurança de alimentos que tinham problemas de contaminações dos seus produtos. Por isso as normas de segurança de alimentos entenderam a necessidade de incluir o requisito de Gestão de Equipamentos.

Na prática, precisamos de uma mudança cultural tanto nos fabricantes de alimentos e bebidas que querem a certificação como dos fabricantes de equipamentos.

Os benefícios são inúmeros:

  • produção de alimentos mais seguros
  • aumento de produtividade, pela facilidade de limpeza
  • aumento da vida útil dos equipamentos por uso de materiais compatíveis
  • redução de custos das limpezas
  • menos problemas com biofilmes.

Mudança e desconforto

Naturalmente há um período de transição que gera desconforto em algumas pessoas e empresas.

Esse desconforto pode ser gerado por alguns motivos:

  • Falta de conhecimento em relação aos requisitos de projeto sanitário e design higiênico
  • Necessidade de análise do impacto e riscos da compra de equipamentos em relação à segurança de alimentos
  • Mudança e revisão de padrões de equipamentos. Nem sempre equipamentos importados atendem requisitos de projeto sanitário/ design higiênico
  • Trabalho em equipe multidisciplinar: engenharia, qualidade, produção e manutenção, para que realmente seja analisado o impacto das mudanças.

Dessa forma, as áreas  de engenharia também precisam estar engajadas nos temas relacionados á Cultura de Segurança de Alimentos, realizando:

  • Análise crítica das instalações
  • Revisão de padrões de equipamentos
  • Entendimento e adequação ao nível de qualidade exigido de serviços.

E a questão também impacta a área de manutenção, quando se trata de projetos de melhoria e também reparos de soldas.

Muitas vezes esses reparos eram feitos por pessoas não capacitadas em solda sanitária, resolvendo o problema de vazamento, mas gerando pontos difíceis de limpar e que possibilitavam a formação de biofilmes.

Não podemos mais aceitar reparos de pessoas sem qualificação ou que usam técnicas de “Engenharia Improvisacional”.

Resumindo, as empresas que tiverem a cultura de segurança de alimentos mais consolidada terão mais facilidade de implementar o requisito Gestão de equipamentos e também obter seus benefícios.

Leia também:

Gestão de equipamentos e projeto sanitário na FSSC 22000 6.0

Guia do EHEDG traduzido orienta como implementar requisitos do GFSI para gestão de projeto sanitário

Imagem: Pixabay

2 min leituraNesse momento de implantação do requisito de gestão de equipamentos, algumas frases que tenho ouvido têm relação com cultura de segurança de alimentos: “Aqui é diferente, as linhas não são […]

Compartilhar
Pular para a barra de ferramentas