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Segurança de alimentos é sim uma vantagem competitiva!

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“A segurança de alimentos não é uma vantagem competitiva” é uma das mensagens que muitas vezes ouvimos de executivos da indústria de alimentos.

Na última conferência do Global Food Safety Initiative (GFSI), em Houston, mais de 1.150 pessoas de 54 países ouviram este tema ser repetido durante uma discussão com CEOs de algumas das maiores produtoras de alimentos do mundo. O tema comum defendido pelos CEOs foi que a segurança de alimentos é apenas a coisa certa a fazer.

Assim, se é obrigatória, não pode ser um diferencial…

O debate foi mediado pelo jornalista da BBC, Adam Shaw, que criticou os CEOs por insistirem no discurso de que a segurança de alimentos não é uma vantagem competitiva como se isso fosse apenas um motivo para reforçar a confiança do consumidor.

Ora, todos nós concordamos que os consumidores esperam que seus produtos sejam SEMPRE seguros!

É, de fato, intrigante esse tipo de posicionamento, mas também fácil de ser explicado. O que a maioria das empresas teme é ter seu produto associado a casos de fraudes provocadas por concorrentes que não tenham no seu DNA o cumprimento das normas e procedimentos para a produção do alimento seguro.

O caso “Carne fraca” está aí para exemplificar bem o que digo…

Como já escrevi em postagem anterior, não existe sistema de segurança perfeito e isso também ajuda a explicar o temor de se assumir a segurança de alimentos como um diferencial. Afinal, falhas podem ocorrer.

Quando falamos do ambiente B2B (business to business), a segurança de alimentos é sim um diferencial competitivo, pois as empresas/clientes não querem suas marcas associadas a empresas/fornecedoras com práticas ilegais ou com desleixo relacionado a requisitos básicos de higiene e controle.

Neste cenário, a coisa funciona porque quem está comprando entende muito bem do assunto e sabe o que quer de seus fornecedores.

No caso do consumidor final, as questões de rotulagem, de alérgenos não declarados, de presença de material estranho parecem um pouco complexas e difíceis de compreender, graças a uma falha na comunicação entre empresas e clientes.

Valores como transparência e ética devem estar presentes não só nos quadros, mas principalmente na informação de como sua empresa age para evitar que falhas aconteçam. Sim, porque estas falhas podem causar danos, incluindo a morte de pessoas!

Sustentabilidade, responsabilidade social e gestão de fornecedores são temas comuns e de conhecimento de grande parte dos consumidores hoje em dia. A fome de informação é tão grande quanto a fome por alimentos saudáveis e seguros.

Para tornar a segurança de alimentos uma vantagem competitiva, as empresas de alimentos precisam mostrar aos parceiros da cadeia de suprimentos e aos consumidores que a transparência não é apenas uma palavra-chave. Eles precisam mostrar como eles estão operacionalizando a transparência para tratar esse tema como um imperativo corporativo. Se a empresa souber fazer isso, a segurança de alimentos será sempre um diferencial competitivo e não apenas uma lista de requisitos que todos cumprem porque são obrigados ou responsáveis.

Como Warren Buffet disse uma vez: “O risco vem de não saber o que você está fazendo.”

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Na onda das fraudes em alimentos, MAPA identifica 45 marcas de azeite fraudadas

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A recente onda de apontamentos de fraudes em alimentos chegou ao azeite de oliva. O MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) identificou nada menos que 45 marcas de azeite fraudadas.

Em agosto do ano passado, nossa colunista Silvana Chaves escreveu sobre o tema, citando trabalho feito pela Proteste.

No processo atual, o MAPA identificou irregularidades em 45 marcas de azeite entre 140 coletadas nos últimos dois anos. As amostras foram colhidas em 12 estados e no Distrito Federal, num total de 322.329 litros (dos quais 114.750 litros considerados conformes e 207.579 litros com problemas). A equipe de fiscalização inspecionou 279 amostras de 214 lotes. Do total, 38,7% dos lotes tinham problemas e 79% das irregularidades eram relacionadas à baixa qualidade (produto ruim vendido como bom).

A fraude mais comum praticada por empresas envasadoras é a utilização de óleo vegetal com azeite lampante, que tem cheiro forte e acidez elevada (extraído de azeitonas deterioradas ou fermentadas) e que não deve ser destinado à alimentação.

Como sempre, o Food Safety Brazil já abordou o assunto com propriedade aqui.

As análises também apontaram azeites desclassificados (que não podem ser considerados como azeite) e fora de tipo (não tem boa qualidade).

Para quem não sabe, a classificação dos azeites é feita em 3 tipos, de acordo com o nível de acidez: o extra virgem (acidez menor que 0,8%), virgem (acidez entre 0,8% e 2%) e lampante (acidez maior que 2%). O terceiro tipo, lampante, deve ser refinado para ser consumido, quando passa a ser classificado como azeite de oliva refinado e seu uso como azeite de oliva extra virgem é obviamente uma fraude.

Os estados onde foram registradas mais irregularidades foram São Paulo, Paraná, Santa Catarina e o Distrito Federal, onde se concentram o maior número de empresas que envasam o produto. Os envasadores, que importam a granel, principalmente da Argentina, foram os que apresentaram maiores irregularidades.

No Paraná, foram identificadas empresas que vendiam produto como azeite de oliva, mas com composição de 85% de óleo de soja e 15% de lampante. As fraudadoras foram autuadas, multadas em até R$ 532 mil por irregularidade encontrada e os produtos foram apreendidos para descarte. As empresas também foram denunciadas ao Ministério Público. O próximo passo é a abertura de inquérito policial. As análises foram realizadas pelos Laboratórios Nacionais Agropecuários (LANAGRO) do Rio Grande do Sul e de Goiás.

Fraudes em azeite de oliva já foram apontadas pelo PROCON-RJ em 2013.

O MAPA intensificou a fiscalização de azeite de oliva, desde a semana passada, coletando amostras direcionadas, junto às empresas que apresentaram irregularidades nos últimos dois anos. Os resultados de 2017 serão divulgados posteriormente. Apenas na primeira semana de abril de 2017, foram recolhidos 243 mil litros do produto com suspeita de fraude.

Cinco marcas apresentaram irregularidades e outras sete marcas  passaram nos testes.

Como o FSB também é serviço de utilidade pública, segue mais um post bacana sobre o tema dicas de compra e utilização do azeite de qualidade.

Por fim, cabem aqui duas observações:

A primeira: trabalho muito próximo da equipe do DIPOV e posso garantir que esse trabalho nada tem a ver com tentar “limpar” a imagem deixada pela Operação Carne Fraca. Trata-se de um departamento sério e que faz um trabalho excepcional na área de Qualidade Vegetal.

A segunda: faltou um pouco mais de cuidado com a qualidade do texto publicado no site. O link para quem quiser saber um pouco mais, diretamente do MAPA é este.

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Uma dica importante para o consumo de amendoim e seus produtos

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O blog, sempre preocupado com a verdade e o consumo consciente de alimentos seguros, desta vez traz uma dica importante para o consumo de amendoim e seus produtos.

Os recentes acontecimentos associados a fraudes em alimentos deixaram o consumidor brasileiro em alerta com relação aos alimentos produzidos e comercializados no Brasil.

Na onda do “denuncismo” que toma conta da nossa imprensa, casos de produtos fora de especificação viraram motivo de manchete de primeira página e de multiplicação nas redes sociais.

Um desses casos foi o de um lote de paçoca rolha, um dos doces brasileiros mais tradicionais, que é produzido a partir do amendoim.

A manchete “Anvisa interdita lote de paçoca por conter substâncias cancerígenas acima do limite” diz muito sobre a falta de preparo e o imediatismo (associado a uma pitada de sensacionalismo) dos portais e agências de notícias.

Ok, o lote continha teor de aflatoxinas acima do limite permitido por lei, mas a superficialidade da notícia fica evidente ao ler os comentários dos leitores no site.

O assunto micotoxinas já foi abordado aqui no blog várias vezes, sempre de maneira didática e esclarecedora, deixando claros os perigos e as medidas de controle adotadas.

As micotoxinas podem estar presentes em vários alimentos e podem sim, em alguns casos, causar algumas doenças, entre elas certos tipos de câncer, sempre considerando um consumo elevado e por tempo muito prolongado; afinal, nenhuma doença desse tipo se desenvolve de uma hora para outra.

No caso do amendoim e seus produtos derivados, os controles são feitos não apenas pela ANVISA, mas também pelo MAPA.

Também a ABICAB, Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados, controla este perigo através do Programa Pró-Amendoim, instituído em 15 de fevereiro de 2001. 

A base do programa é constituída por auditorias em BPF e APPCC e pelo monitoramento dos produtos nos mercados brasileiros.

As análises são realizadas pelo LAMIC, Laboratório de Micotoxinas da Universidade Federal de Santa Maria (RS), que é acreditado pelo INMETRO e MAPA.

Nos últimos 5 anos, o programa identificou cerca de 27% de não conformidades em produtos avaliados e comunicou as autoridades competentes para que as medidas legais fossem adotadas. Então, consumir amendoim e seus produtos derivados não é perigoso e, ao contrário do que fizeram parecer, é muito saudável!

Uma boa dica para quem é fã de amendoim, paçoca, pé de moleque, entre outros, é procurar pelo selo do Pró-Amendoim nas embalagens.

Quem quiser saber um pouco mais pode visitar o site da ABICAB.

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Fazer da Qualidade e da Segurança de Alimentos a verdadeira missão das empresas

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No meu último post fiz um pequeno desabafo sobre a situação real dos departamentos responsáveis pela Gestão da Qualidade e Segurança de Alimentos no Brasil, e agora proponho a criação de um modelo para fazer da Qualidade e da Segurança de Alimentos a verdadeira missão das empresas.

Como eu disse, tudo foi baseado na minha experiência de vida. Na observação das falas de vários colegas e, pela receptividade e repercussão do texto, senti um misto de alívio e também de frustração porque vi que acertei o alvo em cheio…

Muitas empresas têm quadros com as suas “MISSÃO, VISÃO e VALORES” espalhados pelas salas das unidades, mas no dia a dia, poucos são os colaboradores que as conhecem.

Assim ocorre com o tema Qualidade e Segurança de Alimentos.

Alguns tópicos citados pelos participantes do II Workshop Food Safety Brazil, realizado em Londrina (PR), relacionam a falta de motivação, mudança de cultura e falta de comprometimento, com as dores de cabeça que os afligem diariamente.

O que fazer então?

A primeira coisa a ser feita é estabelecer uma linha próxima de comunicação junto ao representante da Direção da empresa.

Reuniões mensais são importantes, mas são pouco produtivas em termos de resultados diários.

O ideal é criar uma agenda semanal, pouco importando a quantidade de vezes ou a duração dos encontros. O que interessa de verdade é manter os assuntos sempre em status de atualização.

Geralmente os Departamentos estabelecem seus cronogramas para o ano sem se importar com os cronogramas dos demais.

Isso é real e é péssimo!!!

Então, em minha opinião, o que os departamentos que cuidam das áreas de Gestão da Qualidade e Segurança de Alimentos devem fazer é se apropriar dos cronogramas dos outros departamentos nos assuntos que lhes dizem respeito.

Exemplos?

  • Pesquisas de satisfação, atualização de especificações geralmente são feitas pela Área Comercial;
  • Atualização e monitoramento de fornecedores são feitas pela Área de Suprimentos.

Se forem áreas comprometidas com o Sistema de Gestão, possivelmente devem ter períodos estabelecidos para a realização das atividades. Mas e se não forem?

A alternativa é o estabelecimento, por parte da Área de QSA, de datas e prazos para que os requisitos sejam cumpridos. Como? Inserindo no cronograma de QSA, as atividades dos departamentos citados.

Mais exemplos?

Respostas de não conformidades.

Quem não sofre com a falta de pontualidade dos setores no envio das respostas?

E com o nível ou a qualidade (ou falta dela) das respostas?

A saída: a criação de Indicadores de gestão das respostas.

Mas o que isso tudo tem a ver com a agenda de encontros com a Direção? 

Gestores (Direção) adoram IndicadoresEntão o melhor caminho é adotá-los, apresentando-os de maneira sistemática e rotineira. Dessa maneira, você nem precisará pedir para apresentá-los. Na verdade, você será “cobrado” a mostrá-los… E que isso não seja interpretado como ser “dedo duro”.

A mudança de cultura pode ser alcançada de vários modos. Um deles é através da cobrança e participação da Alta Direção.

Assim, o compromisso com os programas que dão sustentação ao SGQSA será assumido por todos os elos da corrente.

Nas próximas postagens continuarei tratando da extensa lista de inquietações dos nossos leitores e colegas.

Continuem firmes e atuantes!

Créditos de imagem: Gennaro Moretti.

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Cuidar da Qualidade e Segurança de Alimentos é uma nobre e dura missão!

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Um post baseado nas observações dos nossos leitores e dedicado totalmente a eles.

O II WORKSHOP FOOD SAFETY BRAZIL, realizado em Londrina (PR), reuniu gente muito boa para a discussão de assuntos relacionados ao dia a dia da Qualidade e Segurança de Alimentos.

De um lado, os palestrantes que contribuíram mais uma vez com a disseminação da cultura da Segurança de Alimentos, algo que faz parte do seu dia a dia.

Do outro lado, os ouvintes oriundos de diversos segmentos da indústria de alimentos e instituições ligadas à formação ou à promoção da produção do alimento seguro.

E foi dos comentários dos ouvintes e leitores do blog que surgiu este texto.

Os comentários e as mensagens que recebemos são, talvez, a melhor forma de inspiração que temos!

Uma compilação dos comentários gerou a seguinte lista:

  1. Falta de comprometimento da alta direção, no cumprimento quanto à Segurança de Alimentos;
  2. Real comprometimento da alta gestão com a Segurança de Alimentos;
  3. Manter manipuladores motivados para a Qualidade e Segurança de Alimentos;
  4. Como abordar de forma efetiva a implementação, hábitos de higiene na indústria de alimentos devido ao perfil atual dos funcionários ou praticar as normas de higiene;
  5. Mudança de cultura com relação à segurança de alimentos;
  6. Segurança de Alimentos X Custos;
  7. A certificação de um fornecedor em uma norma que garante o controle dele em relação à matéria fornecida, teria a obrigação do envio de documentos que comprovem o atendimento a especificação (baseada na legislação)?
  8. Maior desafio: como homologar estes fornecedores? Como controlar o perigo Metais Pesados?
  9. Até quando o Custo será fator determinante de compra?
  10. Equilíbrio entre Custo e Qualidade: até onde a qualidade do produto, fornecedor, ou sistema de gestão será fator determinante de compra?
  11. Rastreabilidade em toda a cadeia de fornecimento;
  12. Desenvolvimento de alimentos sustentáveis, com redução máxima de desperdícios com foco na segurança dos alimentos com maior cumprimento e adequação às normas de certificação. Além disso, a busca por padronização das normas. Maior esclarecimento das legislações referentes a alergênicos e intolerâncias;
  13. Em um cenário de crise, onde as empresas buscam permanecer no mercado, reduzir custos, etc. As legislações e exigência de clientes exigem diversos requisitos, que envolvem custos. Como engajar neste cenário com equipe reduzida cumprir com todos os requisitos?
  14. Diante da situação econômica do Brasil, quais alternativas viáveis para que a continuidade dos objetivos relacionados a qualidade e segurança de alimentos sejam mantidos, com a diminuição de recursos e cortes de gastos?
  15. Como manter a qualidade e segurança de alimentos em épocas de restrição de verbas (crise econômica)?
  16. Atualmente o cenário de segurança de alimentos é bastante dinâmico e as informações são atualizadas constantemente. Portanto, acredito que um grande desafio neste cenário será a padronização e comunicação ativa diante destas várias mudanças na área de Segurança de Alimentos;
  17. Aumento da importação de ingredientes da China (outros países também);
  18. Produzir mais com menos custos, reprocesso, retrabalhos, reclamações, perdas de embalagem, perda de imagem;
  19. Atendimento à lei de modernização de segurança de alimentos – HARPC (EUA);
  20. Gerenciamento de alergênicos – controle de contaminação cruzada;
  21. Fraude em alimentos: métodos de investigação e controle;
  22. Ausência de padrões para qualidade higiênica de equipamentos e ambientes na legislação brasileira. A existência e exigência seria uma maneira de melhorar e garantir a segurança de alimentos;
  23. Influência da qualidade nos processos;
  24. Controle e gerenciamento de alergênicos;
  25. Segundo a RASFF/2015, a China é campeã nos alertas de contaminação e migração de metais pesados em embalagens;
  26. Na vanguarda da FSMA (lei de modernidade dos EUA) como são os controles de perigos radiológicos?
  27. Há interesse da indústria de detecção de contaminantes através de métodos cada vez mais sensíveis ou não?
  28. Nanotecnologia e metodologia futura e segura?
  29. Big Data tão comentada no evento do GFSI em fevereiro em Berlim é novidade ou será que via cartão de crédito no pagamento de contas após refeições conseguimos provar as origens dos alimentos contaminados?
  30. Quais são as preocupações governamentais para eventos em massa sobre Food Safety (Exemplos: Copa, Olimpíadas, etc)?

Baseado na minha experiência profissional, e de vida, tentarei tratar de alguns tópicos neste post, pois como vocês viram, as dúvidas e os questionamentos são muitos!

Os primeiros tópicos dizem respeito ao comportamento da chamada “Alta Direção” das empresas.

Infelizmente, para muitos dirigentes ainda vivemos nas décadas de 50 e 60 do século passado. Nessa época, a Qualidade tinha foco apenas em controlar e aprovar, porque sempre foi vista como um requisito de custo e custo, todos sabem, é o que está à frente das tomadas de decisão sempre.

Qualidade sempre foi gasto. P&D, investimento.

Qualidade sempre foi o patinho feio. P&D, o lindo cisne branco.

Quem da nossa área já não ouviu a seguinte pergunta: A certificação não custa muito caro?

_Como assim???

_Caro quanto?

_O que é caro?

A abertura de mercado e clientes de primeiro nível, uma autuação ou ver sua marca ser destruída nas mídias sociais?

Nos meus primeiros anos de trabalho ouvi a seguinte frase de um profissional experiente: “Qualidade é um setor que quando tudo tá certo ninguém valoriza, mas que quando alguma coisa dá errada é sempre a culpada”.

A verdade é que na maioria das empresas, a Alta Direção não é comprometida o suficiente com os requisitos de Qualidade e de Segurança de Alimentos.

Esta afirmação pode ser facilmente confirmada com a seguinte situação: Qual o tamanho da dificuldade de agenda para uma Reunião de Análise Crítica?

Quem não sofreu algum tipo de cobrança por reprovar um fornecedor que não cumpre todos os requisitos legais, mas que tem um preço “extremamente” competitivo?

E as verbas para treinamento e qualificação do pessoal ligado às atividades ligadas à Produção, Manutenção e Qualidade que são sempre muito apertadas?

Nas próximas postagens tratarei dos outros temas listados acima, mas tenham a certeza que todos estão muito, muito mesmo, ligados ao comprometimento ou à falta dele por parte de quem toma as decisões chamadas estratégicas dentro das empresas.

Créditos de imagem: Ordem dos nutricionistas.

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O Aquecimento Global e a Segurança de Alimentos

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Em relatório produzido recentemente em conjunto pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) destacou que as mudanças climáticas afetarão o rendimento dos cultivos da agricultura e terão impactos nas economias locais, comprometendo a segurança de alimentos no Nordeste do Brasil, parte da região andina e na América Central.

Quem mais se preocupa com esta situação é a Europa que possui um dos mais rígidos sistemas de controle e monitoramento com foco em segurança de alimentos.

Baseada em estudos como o acima citado, a Unidade de Riscos Emergentes da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) identificou as alterações climáticas como um fator de riscos emergentes na segurança e qualidade dos alimentos e das rações para animais a médio e longo prazo.

Alteração climática significa uma mudança importante e duradoura das condições meteorológicas. Estas condições podem conduzir a eventos meteorológicos mais extremos, como tempestades, aumento da frequência de chuvas intensas e longos períodos de seca. O aumento global das temperaturas pode igualmente resultar na fusão do gelo do ártico, no aumento do nível do mar, na acidificação dos oceanos, em enchentes costeiras e alteração das correntes oceânicas.

Tudo isso já é de conhecimento público e pior, já sentimos na prática esses efeitos há alguns anos.

Mas o que isso tudo tem a ver com segurança de alimentos?

Muito!

Em primeiro lugar precisamos deixar bem claro que se as práticas agriculturais sustentáveis não forem implantadas e fomentadas fortemente, em especial nos países menos desenvolvidos e que dependem da agricultura como base da economia, não só a qualidade dos alimentos, mas também a quantidade de alimentos disponíveis será comprometida.

Voltemos aos riscos à segurança de alimentos

Grãos são muito susceptíveis ao ataque de fungos e muitos fungos em situações de stress produzem micotoxinas que são na grande maioria cancerígenas ou mutagênicas. Culturas como milho, arroz, café, trigo e amendoim são as que mais correm riscos de contaminação. No caso do milho e do amendoim há ainda o fator complicador de serem grãos utilizados na produção de ração animal. Nesse caso, não só os animais são afetados diretamente, mas também os humanos que consumem leite ou carne (fígado e rins) dos mesmos, pois as micotoxinas normalmente se alocam nesses órgãos e, no caso do leite, são convertidas em outros tipos, causando os mesmos males.

No que tange aos perigos microbiológicos, a escassez ou o excesso de água pode causar, no primeiro caso, o surgimento de microrganismos mais resistentes e agressivos e, no segundo, aumento significativo nas populações devido à combinação elevação de temperatura e alta umidade.

Outro fator importante: O surgimento de espécies microbiológicas mais resistentes pode levar ao uso inadequado de agrotóxicos e de produtos veterinários (antimicrobianos) o que aumenta a possibilidade de contaminação química nos alimentos.

Na verdade, existem muitas outras oportunidades de contaminações associadas, por exemplo, ao aumento do nível dos oceanos por conta do degelo das calotas polares.

Fiquemos apenas com aquelas menos surreais e que estão mais próximas da nossa realidade atual e que ainda podem ser controladas, se houver um planejamento sustentável no campo, incluindo até a transformação de áreas não irrigadas em irrigadas para garantir a disponibilidade de água às plantas e a consequente diminuição da possibilidade de ataques indesejados de pragas.

Quem quiser saber um pouco mais pode consultar o site da ONU (Brasil), iguala polo, ou o site da EUFIC (European Food Information Council).

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Simpósio sobre Qualidade de Leite em Jaboticabal | Parte 3

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Continuando a saga sobre o Terceiro Simpósio sobre Qualidade de Leite ocorrido no último mês de setembro em Jaboticabal (SP), neste post trataremos da parte científica do evento. Ou seja, como as Universidades estão ajudando a indústria do leite no caminho da busca da diminuição e quem sabe até da eliminação dos riscos microbiológicos no leite, garantindo um alimento mais saudável e seguro em todas as mesas dos lares brasileiros.

Os trabalhos foram apresentados pela Prof. Dra. Ana Maria Centola Vidal da Universidade de São Paulo, campus Pirassununga, pelo Prof. Dr. Luís Augusto Nero da Universidade Federal de Viçosa e pelo Prof. José Pantoja da UNESP, campus Botucatu.

O primeiro trabalho (USP) trata da importância do controle dos tanques de refrigeração para a não multiplicação dos microrganismos mesófilos que alteram os índices de acidez e outras características físico-químicas e dos microrganismos psicrotróficos que agem alterando características de estabilidades sensoriais e físico-químicas do leite.

O estudo aponta caminhos práticos associados às Boas Práticas Agropecuárias nas etapas anteriores à ordenha com o objetivo de reduzir os níveis de contaminação microbiológica de modo que as concentrações não sofram alterações significativas na etapa de armazenamento. Boa parte da contaminação está associada à falta de higiene na cadeia primária, o que indica que a qualidade microbiológica e consequentemente a qualidade organoléptica do leite estão associadas ao grau de higiene na sua obtenção.

O segundo trabalho (UFV) trata do uso das Bacteriocinas e seu uso como promotores de saúde. As Bacteriocinas têm enorme potencial para uso na indústria, principalmente no que diz respeito ao controle de deterioração e da concentração de patógenos.

O terceiro trabalho (UNESP) trata do uso da CCS (Contagem de Células Somáticas) na tomada de decisão do manejo sanitário dos rebanhos. As principais aplicações dessa técnica são estimar o impacto financeiro da mastite, estimar índices epidemiológicos e fatores de risco, e estimar a perda da produção leiteira. As principais conclusões do estudo são: a CCS permite o estudo da dinâmica da epidemiologia da mastite no rebanho e por consequência permite a correta tomada de decisões clínicas ou de manejo.

Todos esperamos que o conhecimento dessas oportunidades seja disseminado e absorvido pela etapa primária de produção do leite afinal, como consumidores queremos um alimento saudável e livre de contaminação e, como agentes da área de segurança de alimentos, queremos que toda a cadeia assuma sua responsabilidade na produção do alimento seguro, não deixando que a responsabilidade fique apenas sobre os órgãos de fiscalização e das indústrias que utilizam o leite como matéria-prima para seus produtos.

Mais informações?

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Simpósio sobre Qualidade de Leite em Jaboticabal | Parte 2

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Dando continuidade a nossa série do Terceiro Simpósio sobre Qualidade de Leite ocorrido no último mês de setembro em Jaboticabal (SP), vamos falar um pouco sobre o tema Qualidade que foi abordado em três apresentações.

Uma das apresentações abordou a questão vista pelos olhos dos produtores.

O produtor depende da quantidade produzida para que o negócio seja rentável, mas a produção deve levar em consideração aspectos importantes que impactam na remuneração, são eles: Composição do leite, sanidade e conforto do animal, e a gestão da tecnologia como ferramenta de melhoria no processo.

Como em quase todos os sistemas, as unidades produtoras convivem com problemas que são específicos ao setor, como: Enfermidades no rebanho, presença de bactérias, resíduos de medicamentos (antiparasitários e antimicrobianos), controle de temperatura e dieta inadequada.

Há também os problemas que são comuns a todos: Infraestrutura inadequada, problemas com procedimentos de limpeza e o principal, o capital humano por falha de treinamento e capacitação.

O produtor deve também estar atento ao que o consumidor deseja quando compra um alimento. Segundo o Brasil Food Trends 2020, quando o assunto é alimento, o brasileiro considera a sensorialidade e prazer, conveniência e praticidade, e qualidade e confiabilidade empatadas em primeiro lugar com 23% cada, e coloca a sustentabilidade e ética com 21%. Este último número, para um segmento marcado por vários casos de fraudes nos últimos anos é algo muito importante.

A criação de indicadores que considerem os principais pontos a serem monitorados é fundamental e a aplicação das ferramentas para análise de causa e solução de problemas também, assim como o acesso a ferramentas de atualização, principalmente no que diz respeito ao controle de contaminação do leite com foco na mastite e suas causas (ambiente e infecciosa).

Na prática, foram apresentados números sobre ações técnicas e gerenciais tomadas com o objetivo de garantir a qualidade e a segurança do leite que consumimos. Dentre as principais apresentadas cito:

  • Técnicas: Novos procedimentos de ordenha, o descarte de vacas crônicas e melhoria do ambiente;
  • Gerenciais: Mapeamento e padronização dos processos críticos, implantação do Programa 5S, monitoramento dos trabalhos e a realização de reuniões com frequência semanal e mensal.

No próximo post vamos abordar o enfoque científico no controle de contaminação do leite.

Para mais informações, acesse:

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Simpósio sobre Qualidade de Leite em Jaboticabal | Parte 1

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Aconteceu nos dias 2, 3 e 4 de setembro em Jaboticabal (SP), o Terceiro Simpósio sobre Qualidade de Leite, e o Food Safety Brazil esteve presente para acompanhar as discussões de perto.

Durante três dias, profissionais das áreas de tecnologia, acadêmica, de produção, de certificação e de fiscalização discutiram e apresentaram trabalhos, cujos objetivos principais eram garantir a qualidade e a integridade do leite que chega aos consumidores e também a competitividade e sobrevivência dos produtores de leite no Brasil.

O Blog Food Safety Brazil foi convidado para cobrir o evento e, como tudo que aprendemos, compartilhamos com nossos leitores, aqui vai um resumo das discussões.

Muitos são os avanços no segmento, mas o que pudemos observar é que ainda existem alguns fantasmas que devem preocupar bastante os consumidores de um dos alimentos mais consumidos nos lares brasileiros.

Segundo dados da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), cerca de 98% do leite inspecionado é consumido pelo mercado brasileiro.

Mas…

Se observarmos a tabela abaixo, vemos que o volume histórico inspecionado fica na casa dos 70%, o que indica que 30% da produção nacional não passa por inspeção.

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Informações obtidas junto ao Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA) dão conta da existência de alguns estados como o Amapá que não possuem estabelecimentos registrados.

Imagina-se que boa parte do leite não inspecionado deva ir para a fabricação de laticínios, pães, sorvetes e doces, além do consumo direto, claro.

Em 2011 a Organização Mundial da Saúde (OMS) dedicou o Dia Mundial da Saúde (07/04) para a discussão sobre a qualidade do leite e os riscos do uso excessivo de antimicrobianos na produção do leite.

O que pudemos observar durante as apresentações causa preocupação, pois a indústria do leite convive há anos com problemas relacionados a fraudes que têm por único objetivo aumentar os lucros dos fabricantes pouco se importando com a saúde dos consumidores.

O Brasil que, infelizmente, é o número um em uso de pesticidas, se coloca em posição de destaque também quando falamos em uso de medicamentos veterinários, ocupando o segundo lugar.

Mas não é só com isso que devemos nos preocupar.

Há relatos de uso de leite contaminado na alimentação de bezerras e o que é mais grave: suspeita-se da utilização de substâncias mascaradoras para encobrir o uso excessivo de antimicrobianos, tal e qual alguns atletas fazem para tentar escapar dos exames de controle de dopagem.

Outro perigo apontado relacionado ao campo é o do uso imprudente de pesticidas no tratamento de animais.

Ou seja, as Boas Práticas Agropecuárias são o ponto fraco da cadeia.

Há iniciativas como a produção de leite orgânico, mas os custos são irreais para o mercado consumidor brasileiro, privilegiando as classes sociais que têm poder econômico maior para comprar os produtos obtidos com essa técnica, pois não são muitos os produtores no Brasil.

No que diz respeito ao mundo acadêmico, existem pesquisas com foco na produção das chamadas Bacteriocinas que são proteínas ou complexos de proteínas com atividade antibiótica, produzidas por determinadas linhagens de bactérias lácticas que se caracterizam por apresentarem espectro de ação restrito aos microrganismos Gram positivos.

O MAPA, por sua parte, trata da especificação para o leite através da Instrução Normativa 62, de 29 de dezembro de 2011 e da Instrução Normativa 7, de 3 de maio de 2016 que dispõem sobre Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Leite Cru Refrigerado.

O MAPA, aliás, inspeciona as empresas beneficiadoras e cobra de todas elas a existência do Plano APPCC.

Há ainda o PNCP (Programa Nacional de Controle de Patógenos) para o controle de Listeria, E. Coli e Salmonella.

As exigências maiores vêm das empresas que utilizam o leite como matéria-prima e é isso que impõe um padrão de qualidade melhor ao produto vindo do campo.

É preciso fazer um agradecimento especial à organização do evento e ao Auditor do MAPA, Guilherme Roberto Sobrinho, pela atenção dada durante os dias do evento.

Mais informações:

3 min leituraAconteceu nos dias 2, 3 e 4 de setembro em Jaboticabal (SP), o Terceiro Simpósio sobre Qualidade de Leite, e o Food Safety Brazil esteve presente para acompanhar as discussões […]

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Como anda o Programa de Controle de Pragas na sua empresa?

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Em tempos nos quais os pelos de roedores ganharam as manchetes da grande mídia, uma pergunta se tornou obrigatória para os gestores da Qualidade nas empresas: Como anda o Programa de Controle de Pragas na nossa empresa?

Dentre os muitos programas de pré-requisitos existentes em uma indústria de alimentos, está o Controle Integrado de Pragas e Vetores.

Implantar um programa não é difícil, basta apenas que sejam seguidos alguns passos importantes para que o mesmo seja consistente e efetivo, e não apenas mais um programa que “tem que ter pra cumprir requisito em auditoria”.

O primeiro passo é conhecer bem seu(s) produto(s) e matérias-primas. Isto é importante para que você determine o tipo de controle a ser feito, baseado nas pragas que podem causar maior impacto ou contaminação.

O segundo, baseado no ambiente onde está localizada sua unidade, é identificar possíveis inimigos externos. Dependendo da localização, alguns alvos terão que ter maior atenção.

O terceiro, a realização de um inventário nos equipamentos e instalações para identificações de pontos de vulnerabilidade. Geralmente, canaletas de fiação, frestas em paredes e janelas e caixas de contenção são pontos de abrigo e propagação de pragas. Neste ponto o Departamento de Manutenção e Projetos tem que ser seu maior aliado.

O quarto, conhecendo as pragas é importante conhecer as formas mais eficientes de contê-las, evitando ao máximo o uso de pesticidas. Uma visita ao site da ANVISA ajuda muito quando o prestador de serviços recomenda algum tipo de tratamento químico. Muito cuidado com os organofosforados!

O quinto, faça uma avaliação criteriosa para a seleção da empresa prestadora de serviços. É fundamental conhecer o trabalho das empresas concorrentes. Nada como um bom benchmark para se evitar erros. Ou melhor, para fazer a melhor escolha.

O sexto, invista em um bom programa de informação e de treinamentos internos. Quem vai cuidar do programa são os seus colaboradores e é de extrema necessidade que eles tenham consciência da importância dos programas implantados na empresa. Lembrá-los que do outro lado, existem pessoas como eles que irão consumir os produtos e que ninguém quer ter surpresas desagradáveis quando abrir uma embalagem de chocolate, biscoito ou extrato de tomate. Assim, os formulários de monitoramento funcionarão como devem, servindo de ferramenta para tomada de ações nas visitas e também para retroalimentação dos indicadores de controle e monitoramento do programa.

Cuidar dos “4 As” é importante mas, de verdade, ter sua equipe cuidando dos programas é a melhor ferramenta de todas.

Créditos de imagem: Super Guia Lima Duarte.

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Comitês para resolução de reclamações: ferramenta que funciona

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Receber reclamações, embora não gostemos, faz parte do processo de evolução de uma organização. Para tratar desse tipo de situação uma boa ação é a criação de Comitês para resolução de reclamações. Acreditem, esta é uma ferramenta que realmente funciona!

Qualquer modelo de gestão de sucesso só funciona quando todas as engrenagens se encaixam e funcionam sem que se perceba qual é a maior ou a mais rápida.

A mãe de todas as normas, a ISO 9001, institui como premissa a existência de um sistema onde todas as partes se complementem e se coloquem em condição de igualdade e importância.

Quando um setor “se acha” superior ou mais importante do que o outro, a tendência de contaminação do processo e, por consequência, do produto final é enorme.

A importância do conceito de visão sistêmica se torna fundamental quando uma empresa busca uma certificação ou apenas quer estruturar seu modelo de gestão seja ele um Sistema da Qualidade (ISO 9001), de Meio Ambiente (ISO 14001), de Segurança do Trabalho (OHSAS 18000) e, no nosso caso, de Segurança de Alimentos (FSSC 22000 e BRC em especial).

Ao longo dos anos de carreira presenciei vários embates envolvendo áreas com visões completamente distintas com relação ao tratamento dado quando uma reclamação ou não conformidade é apontada.

A Alta Direção quer saber de quem é a culpa e qual o tamanho do prejuízo. P&D diz que projetou e desenvolveu o produto, mas que não tem responsabilidade sobre o mesmo em grande escala. O Comercial geralmente lava as mãos, pois só vendeu e não tem culpa pelo que foi entregue. O Marketing só se preocupa com as consequências para a marca. O Jurídico acha que o problema deve ser negado até o fim, o importante é livrar a empresa de possível processo ou indenização. A Produção alega que produziu o que foi pedido e que a responsabilidade pela liberação não é sua.

E a Qualidade? Bem, a Qualidade muitas vezes fica como vilã na história. Esta, infelizmente, é a realidade da grande maioria das empresas… Mas, em um sistema que funcione, porque os valores e a visão da organização estão colocados em primeiro plano, uma reclamação é a chave para um processo de renovação e oportunidades.

Uma ótima oportunidade é a criação de um Comitê multidisciplinar para tratar as reclamações recebidas. A pluralidade de visões e opiniões é o combustível para o encontro de ações que sejam não só imediatas e de correção, mas que sejam também de prevenção e melhoria.

Nesse sentido, o Comitê também não pode ser hierarquizado ou ter donos. A palavra deve ser dada a todos, e é muito importante que cada tipo de reclamação tenha uma liderança diferente, independentemente da área de atuação do líder.

Aliás, agindo desta maneira, além de dar mais responsabilidade à equipe e seus integrantes, a empresa tem nesta situação a oportunidade de formar novas lideranças ou de fazer florescer novos talentos.

Assim, o nível de comprometimento e aquela situação desagradável de “um apontando o dedo para o outro” desaparecerá através de uma mudança de cultura que não virá por imposição superior.

Nunca fui fã daquela estorinha que compara comprometimento e envolvimento com o porco e a galinha. Afinal, que colaborador quer se comprometer “de verdade” morrendo para o sucesso de uma organização?

Melhor dar responsabilidade e apoiar ações que demonstrem confiança na equipe. Só assim o comprometimento passará a fazer parte do dia a dia de todos.

Créditos de imagem: Sindissétima.

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Perigos Físicos na mira da indústria de alimentos

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Na primeira semana de julho, uma grande empresa do setor de alimentos realizou um workshop com seus fornecedores para tratar de um assunto que lhe custa muito todos os anos. O tema foi o controle sobre matérias estranhas e impurezas nas matérias primas utilizadas nos vários produtos comercializados mundo afora. 

Dentre os fornecedores, grandes indústrias que têm como fonte básica de produção o campo.

Chama a atenção o número de reclamações relacionadas a matérias estranhas, cerca de 51.000 no mundo todo em 2015. O Brasil contribuiu com cerca de 10% deste número.

Muitos são os fatores causadores destas reclamações. Aqui, o maior motivo de reclamações foi a presença de fios de cabelo no meio dos alimentos. Está claro que um fio de cabelo não vai matar alguém, mas culturalmente, somos pouco tolerantes com isso.

Uma boa parte das reclamações está relacionada à presença de pequenos pedaços de madeira, de vidro e plástico (flexível ou não) proveniente das embalagens. Também está claro que estes materiais sim, são realmente perigosos para qualquer um, em especial crianças.

A base para as discussões foi a RDC 14, em vigor há pouco tempo.

Alguns cases foram apresentados, incluindo iniciativas de fornecedores e de gestores de plantas também.

Um tema foi apresentado para discussão em grupos, seguida de apresentações e discussão plenária.

Nas várias falas o que se pode observar é que, para alguns casos, investimentos em equipamentos não são suficientes. Detectores de metais são limitados porque são aplicáveis a um único tipo de perigo: partes metálicas. Filtros não são aplicáveis a todos os tipos de materiais. Placas magnéticas são ótimas coadjuvantes… e equipamentos de Raios X são limitados para materiais com densidade muito baixa.

Neste último caso, onde fios de cabelo e materiais de pequena dimensão são o maior problema, atitudes associadas à adoção correta de uniformes e acessórios adequados para a limpeza de equipamentos e áreas são a melhor alternativa.

Nesta hora, nada melhor que um bom programa de treinamento e de motivação para os colaboradores…

Resumindo tudo isso: É muito melhor trabalhar e fortalecer os Programas de Pré-Requisitos. O sucesso de um plano HACCP depende muito mais do olhar crítico e das ações de monitoramento nas etapas anteriores do que dos Pontos Críticos de Controle.

Ah! A empresa colocou uma meta para 2018: Zero incidências…

Créditos de imagem: Tera.

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Notícias sobre o RASFF

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Quem trabalha em indústria de alimentos, e tem entre seus clientes o Mercado Europeu, já sabe o que é o RASFF.

RASFF é a sigla para Rapid Alert System for Food and Feed.

Ele já foi tema de algumas postagens por aqui, é a ferramenta de controle e comunicação que a União Europeia usa para garantir a segurança dos alimentos que são importados para consumo da população dos países membros.

No portal, existem, disponíveis, várias informações sobre legislação e histórico da ferramenta.

Mas o foco do post neste mês é o draft do relatório anual que está disponível para consulta. Nele constam informações relativas aos dados coletados nos últimos anos e distribuídos por tipos de perigo, países de origem e categorias de produtos.

Nos anexos que suportam a análise crítica do relatório, o Brasil ocupa o décimo lugar entre os 143 países monitorados.

Embora isso possa, à primeira vista, parecer preocupante, uma análise mais crítica mostra que existem exportadores de alimentos cujos controles apresentam muito mais falhas do que as nossas.

É importante salientar que os números são absolutos e não estão correlacionados com volumes exportados.

O Brasil teve 91 notificações enquanto que os três primeiros colocados no ranking (China, Turquia e Índia) tiveram respectivamente 388, 282 e 276 notificações.

Na nossa frente estão países de primeiro escalão como Espanha (159), França (120), seguidos de Alemanha e Itália (117 cada).

Na verdade o número que merece ser considerado é o que relaciona as rejeições ocorridas entre 2013 e 2015. Olhando para o período é possível verificar que baixamos de 187 para 109 e agora para 91, uma redução de 51% absolutos. Se considerarmos o aumento dos volumes exportados ocorrido neste mesmo período, veremos que a redução é ainda maior.

Isto significa que nossos controles internos estão cada vez melhores, mas que temos um longo caminho para percorrer se considerarmos que a Argentina, por exemplo, teve apenas 22 rejeições em 2015.

Como se trata de uma versão preliminar, algumas alterações ainda podem ocorrer.

Para consultar o relatório é só acessar clicar aqui.

Em um próximo texto vamos dissecar um pouco mais o tema, tratando dos tipos de perigos que causaram as rejeições, além dos produtos que foram mais afetados e que necessitam de um olhar mais atento dos fabricantes e exportadores.

Até lá!

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Contaminação no preparo de alimentos: o olhar do jeito americano versus o jeito brasileiro

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Um texto sobre o Super Bowl, a final do campeonato de futebol americano, que completa cinquenta anos em 2016, chamou minha atenção e me motivou a escrever.

O texto falava sobre o alto consumo de alimentos que acontece no dia do jogo. Em termos comparativos, o dia do Super Bowl só perde para o Thanksgiving Day, o Dia de Ação de Graças dos americanos.

Só no estádio e arredores, são consumidos cerca de 1,25 bilhão de asinhas de frango…

Muitos ganham dinheiro nesta época. Os donos de Food Trucks faturam como nunca!

Por conta disso, o USDA, United States Department of Agriculture – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, publicou um texto com informações importantes sobre a preparação e o consumo de alimentos nas casas dos americanos.

No site do órgão governamental, há um texto correlacionando os valores financeiros e a evolução do jogo nos últimos cinquenta anos com a evolução nos requisitos de segurança de alimentos no mesmo período.

Em uma linguagem simples há informações sobre manipulação de alimentos crus e alimentos que passam por processos de aquecimento.

A preocupação com o uso adequado de utensílios para evitar contaminação, com a correta higiene das mãos, é algo que deveria ser comum e deveria estar na cabeça de todos. Acontece que, lá como cá, descuidos no preparo de alimentos, e com isso um número grande de pessoas fica doente, algumas gravemente, por conta da contaminação de alimentos.

Aqui no Brasil, os famosos sanduíches de pernil e os chamados “churrasquinhos de gato” são itens obrigatórios para quem frequenta estádios esportivos.

Tenho amigos que não conseguem ficar longe da tentação de saborear os famosos e tradicionais petiscos!

Particularmente, embora o cheiro seja muito bom, não me atrevo a chegar nem perto das barracas…

Fui procurar dados sobre contaminação de alimentos e doenças relacionadas e aí vi que a Juliana Lanza, neste espaço (Blog), redigiu um texto muito bom sobre o status atual no Brasil, que recomendo a todos que ainda não o leram.

Com a atual febre dos Food Trucks, cabe uma boa reflexão a respeito. Aqui, as regras para quem elabora e vende um hamburger em um estabelecimento fixo são bastante restritivas, principalmente em termos estruturais. Já para os trailers e, agora, Food Trucks, as regras são mais “liberais”.

Estranhamente, nossos órgãos de vigilância sanitária flexibilizam regras onde deveriam ser mais rígidos.

Aqui, na cidade onde moro, vejo absurdos todos os dias e imagino que a situação não seja melhor no resto do país.

No fim, o que fica é que enquanto os órgãos americanos se preocupam com o bem estar dos seus cidadãos, aqui a crença no dito popular a respeito da nacionalidade de Deus, nos deixa cada vez mais expostos aos riscos de contaminação e intoxicação.

Referências:

USDA;

Surtos Alimentares no Brasil (2015);

Fonte de imagem: LA Times.

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Novamente, o assunto são os Agrotóxicos

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Matéria da Folha de São Paulo publicada ontem, 04/10, tratando do risco de contaminação por uso de agrotóxicos chama a atenção por conta do alto índice de resultados de análises indicando a presença de substâncias impróprias para o consumo humano.

Das 106 amostras coletadas pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no Estado de São Paulo (apenas), cerca de 31% apresentaram problemas.

Considero esse número muito pequeno quando levamos em conta o volume e a variedade de alimentos produzidos e consumidos no Brasil.

Os campeões da contaminação:

– Pimentão: 90%

– Morango: 70%

– Alface: 60%

– Tomate: 22%

– Mamão: 11%

– Fubá de Milho: 10%

Não tiveram problemas: Abacaxi, feijão e laranja.

O controle de agrotóxicos deve ser feito pela ANVISA, pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), mas ao que parece, a coisa não está funcionando muito bem.

O MAPA coletou apenas 2 amostras de bananas no CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) durante todo o ano passado.

Como escrevi em um post anterior sobre esse assunto, o MAPA monitora anualmente alguns alimentos através do PNCRC (Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes), realizado em empresas beneficiadoras de produtos agrícolas.

Cabe à ANVISA a fiscalização nos pontos de venda dos alimentos aos consumidores.

O CEAGESP reconhece que desde 2009 não realiza monitoramento nos produtos que comercializa.

O IBAMA, que deveria controlar o uso no campo, também com foco na contaminação do solo e cursos de água, deixa muito a desejar. Aliás, me questiono muito sobre o papel deste órgão. Parece que foi criado apenas com a intenção de multar e gerar receitas para o Ministério do Meio Ambiente…

O pior nesta história é que este assunto se arrasta há 7 anos na ANVISA.

Desde 2008 a agência abriu 14 processos de reavaliação toxicológica para produtos que oferecem (ou podem oferecer) riscos à saúde humana como o câncer ou desregulação endócrina. Os processos (lentos como sempre) permanecem abertos sem definição.

Nos últimos 15 anos, a importação de agrotóxicos aumentou cerca de 1.000%, segundo Victor Pelaez, professor da Universidade Federal do Paraná e autor do artigo “A (des)coordenação de políticas para a indústria de agrotóxicos no Brasil”. O estudo mostra que, de 1.500 produtos aguardando regulamentação pela ANVISA, cerca de 20% estão prestes a serem banidos pela União Europeia.

Assim, somos hoje, o maior importador de veneno do mundo.

A coisa tá feia!!!

Para piorar, especialistas no assunto, criticam e muito a atuação (ou a falta dela) do nosso (des)governo. Pelas atuais leis vigentes, há isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e redução de 60% na cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Também há a isenção de PIS/PASEP e COFINS.

Sabem qual é o incentivo dado para a produção de produtos orgânicos? NENHUM!!!

Quando o assunto é coisa ruim ninguém nos supera!

No Estado de São Paulo, o mais rico e, teoricamente, o mais estruturado do país, desde 2002 nenhuma multa é aplicada. Das duas uma: Ou não há fiscalização suficiente ou vivemos em um mundo maravilhoso por aqui, livre de contaminações e outros males…

Provavelmente algum prêmio será dado a nossos governantes nos próximos meses…

Voltando ao assunto regulação, causa mais preocupação esta inanição dos órgãos controladores brasileiros, exatamente no momento em que a União Europeia, através da sua Autoridade Sanitária está discutindo a redução de limites para agrotóxicos para diversas culturas.

Nós, do amendoim, já fomos informados por alguns clientes que em breve teremos novidades a este respeito.

Enquanto isso, só nos resta seguir com alguns cuidados básicos antes de consumir produtos agrícolas:

– Usar água abundante (se é que a teremos por muito tempo!) na lavagem;

– Usar  Hipoclorito de Sódio, com foco em microrganismos mais resistentes;

– Comprar produtos orgânicos (se a grana permitir…)

Quem quiser saber um pouco mais é só acessar o www.folha.com.br

 

 

 

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Justiça americana pune executivos associados à mortes por contaminação por Salmonella

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Uma notícia de condenação, associada a um surto de Salmonella ocorrido em 2008 nos Estados Unidos, reacendeu as discussões a respeito da responsabilidade dos executivos das indústrias de alimentos e também dos profissionais da área de Qualidade e de Segurança de Alimentos.

Stewart Parnell, de 61 anos de idade, ex-executivo da Peanut Corporation of America (falida), foi condenado a 28 anos de prisão após ser comprovada a sua responsabilidade em vários crimes relacionados com um surto de Salmonella que matou 9 pessoas e hospitalizou pelo menos 714 outras em 46 estados de seu país e também no Canadá.

Seu irmão, Michael Parnell, foi condenado a 20 anos de prisão.

É a punição mais grave dada a um produtor de alimentos por conta de um surto de contaminação alimentar.

A justiça americana apurou que o ex-executivo tinha conhecimento da contaminação e da falsificação de documentos de laboratório para validar um produto inadequado ao consumo humano.

O recall de produtos de amendoim contaminados por Salmonella foi um dos maiores da história. O surto também foi um dos maiores na história dos EUA, especialmente considerando que para cada caso de Salmonella relatado por órgãos de saúde pública, pelo menos, 30 não são notificados.

A fábrica em Blakely, Georgia, onde os produtos foram produzidos tinha um telhado com vazamento e vestígios da presença de baratas e de roedores, ocasionando condições totalmente insalubres.

Agentes encontraram bolores em crescimento no teto e nas paredes, aberturas no telhado e insetos mortos perto do amendoim. A empresa não tomou nenhuma providência e nem limpou seus equipamentos depois de descobrir a presença da Salmonella na planta. Também não havia separação entre os produtos in natura e os produtos acabados.

Os produtos contaminados foram liberados mesmo sabendo que eles estavam contaminados com bactérias patogênicas.

O FDA informou que a PCA liberou produtos contaminados sem reteste. Embora houvesse um primeiro resultado positivo, os responsáveis pela planta consideraram um segundo resultado, que deu negativo, como válido. Segundo o FDA, o primeiro resultado positivo deveria ter sido suficiente para que os produtos fossem destruídos.

A presença de insetos, incluindo baratas e roedores na planta, proporcionou condições perfeitas para a contaminação bacteriana.

Uma sucessão de erros e atitudes inadmissíveis para uma indústria de alimentos!

Parnell pediu desculpas às pessoas que adoeceram e às famílias dos mortos o que, obviamente, não é suficiente. Ele pode ser condenado até 803 anos de prisão por 67 acusações criminais.

O processo de torrefação, anterior à preparação da pasta, feito em condições corretas, é suficiente para a eliminação da Salmonella, evitando a contaminação do produto acabado. É necessário que haja validação do processo térmico para isso. Contudo, se houver contaminação em etapa posterior, como a moagem para obter a pasta de amendoim, ela não ser eliminada.

Há algum tempo, escrevi sobre os casos de recall de alimentos, comparando os EUA e o Brasil. A diferença entre os números é assustadora!

Nos EUA, a decisão considerada um marco histórico na direção da produção de alimentos cada vez mais seguros está sendo muito comemorada.

Advogados especialistas em segurança de alimentos envolvidos no processo deram declarações firmes a esse respeito:

– Justiça significa tratar as pessoas da mesma maneira. Um empresário que matou por o lucro deve ser condenado como qualquer outro. A sentença de hoje representa um passo para tornar a nossa alimentação mais segura. Este é um resultado histórico. Quando você contamina nosso alimento e o faz intencionalmente, haverá consequências reais, disse um deles.

– Ele teve o que mereceu. Sua sentença também envia uma mensagem para outros executivos de alimentos que colocam os lucros à frente da segurança. Os procuradores federais e estaduais precisam ser agressivos em fazer cumprir as leis de segurança alimentar, afirmou outro.

Copiando o “mestre” Ishikawa que ensinou que “Só pode ser gerenciado o que é medido”, digo que só pode ser punido aquilo que é inspecionado.

Quando a lei é firme, a justiça não tarda e, embora isto não traga a vida das pessoas falecidas, a lição e o exemplo ficam para a posteridade.

Ah! A Gerente responsável pela Área da Qualidade “pegou” 5 anos… Pouco para quem, alegando cumprir ordens, colocou a vida de milhares de pessoas em risco.

Referência interpretada: Food Poisoning Bulletin

Imagem: Food Poison Journal

 

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As Micotoxinas e as técnicas para controle, redução ou eliminação

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No post passado quando abordei a questão das Micotoxinas e a possibilidade de uso de grãos contaminados diluídos com grãos não contaminados, terminei o texto deixando um link para visitação.

Neste mês, sem querer me alongar e nem parecer repetitivo, vou abordar as formas de controle existentes nos dias de hoje, embora a grande maioria não esteja ainda validada.

A melhor das formas ainda é a seleção eletrônica. Hoje, os grãos passam por processo de seleção por colorimetria. Assim, os grãos que podem potencialmente estar contaminados, são descartados de acordo com padrões preestabelecidos armazenados nas memórias dos equipamentos.

Hoje, existem equipamentos de seleção eletrônica a laser que se mostram mais eficientes nesta função, tanto é que na Europa, dependendo do valor detectado, o lote pode ser processado (com autorização prévia) em unidades que possuem este equipamento para a redução do valor das Aflatoxinas. É claro que a validação é feita através de análises por HPLC com no mínimo duas leituras para garantir que os limites máximos de tolerância estejam sendo obedecidos.

Como em todos os processos analíticos, a etapa de amostragem é fundamental. Estudos estatísticos realizados pela University of Georgia, EUA (www.uga.edu) demonstram que, no caso das micotoxinas, cerca de noventa e oito por cento de um resultado está associado aos processos de amostragem e preparação da amostra em laboratório. Sendo oitenta por cento a amostragem e dezoito por cento a preparação. Então, além de um bom processo amostral, o que garante um resultado confiável é uma massa homogênea dos grãos moídos. Equipamentos para isto existem de vários modelos.

Com relação à eliminação das micotoxinas, existem algumas técnicas em desenvolvimento em institutos de pesquisa. Nos Estados Unidos há diversas publicações a respeito do uso do Ozônio como redutor. Os resultados obtidos são bons, mas apenas para lotes com valores de contaminação de até 10,0 ppb.

No Brasil, uma start up nascida a partir de pesquisas realizadas na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) em Piracicaba, está iniciando um trabalho neste sentido utilizando Etanol Anidro. Informações obtidas parcialmente indicam que para o Milho e a Soja a técnica pode funcionar bem. Para o Amendoim os testes estão apenas começando.

Assim que tivermos novidades, nós a traremos para vocês.

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As Micotoxinas e as discussões sobre controle para alimentação humana e alimentação animal

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Muita gente já ouviu falar ou leu sobre micotoxinas e seus efeitos na saúde humana e animal.

Micotoxinas são metabólitos produzidos por alguns tipos de fungos presentes em diversos tipos de alimentos provenientes do campo, sendo os mais afetados grãos e cereais. Esses metabólitos são produzidos nas situações de stress hídrico ou quando o fungo se sente ameaçado.

Milho, Café, Amêndoas, Castanhas e Amendoim figuram entre os mais afetados por esse tipo de contaminante, que pode surgir em diversas etapas do processo, desde que não sejam seguidas as chamadas Boas Práticas Agrícolas e as Boas Práticas de Fabricação.

No Brasil, a condição climática (binômio Temperatura x Umidade) é a “desculpa” que muitos usam para as diversas não conformidades apontadas pelos mercados consumidores do exterior.

Falo isso porque, aqui pelos lados da Tupiniquinlândia e pelos lados do continente Africano, os limites de tolerância aceitáveis são cerca de 5 vezes maiores que os limites da Europa. Por exemplo, para o Amendoim, enquanto aqui no Brasil o limite legal é de 20 ppb para Aflatoxinas Totais, na Europa o valor baixa para 2 ppb para Aflatoxina B1 (que é a mais tóxica!) e 4 ppb para a soma total (B1, B2, G1 e G2). Alguns países sul americanos e africanos nem legislam a respeito…

Será que os fígados de franceses, ingleses, alemães, holandeses e outros são mais sensíveis do que os nossos?

Entre as muitas doenças decorrentes da contaminação, estão alguns tipos de câncer e há até alguns estudos correlacionando casos de mutação genética com o consumo prolongado de alimentos contaminados com algum tipo de micotoxina.

É claro que os limites existem para preservar os grupos mais sensíveis e ninguém ficará doente por comer um grão contaminado, mas a falta de controle (fiscalização) e a ganância de alguns produtores de alimentos deixam expostas, em especial, aqui no Brasil, as camadas mais humildes da população que consomem produtos mais populares derivados dos grãos citados anteriormente.

Há muitas fábricas de torrefação e de paçoca nos “fundos de quintal” aqui no Brasil e os produtos fabricados são vendidos nos bares das esquinas sem controle algum. Muitas vezes até sem rotulagem correta…

Eu mesmo já consumi muito amendoim torrado em casca na praia ou em estádios de futebol!

As micotoxinas são cumulativas e têm efeito semelhante ao dos metais pesados, e aí temos outra questão importante: alimentos contaminados que são usados na fabricação de ração animal.

Já há vários estudos correlacionando doenças humanas contraídas por consumo de carne de animais contaminados/doentes por conta da presença de algum tipo de toxina.

Hoje também existem diversos estudos sobre métodos que possam ser eficientes para eliminar ou reduzir a níveis aceitáveis os valores das micotoxinas. Em um próximo post falaremos sobre estes estudos de maneira mais detalhada.

Para finalizar, recomendo a leitura de um artigo que me foi apresentado pela Juliane. Nele, o Departamento de Medicina Veterinária da Universidade de Iwoa (EUA) discorre um pouco sobre o uso de alimentos contaminados “diluídos” com alimentos não contaminados para a produção de ração animal.

Particularmente não concordo com a ideia de “diluição”, pois tratamos de massas desuniformes e heterogêneas. Um grão pode ter um valor altíssimo que compromete uma amostra e, além disso, por experiência profissional, posso afirmar que quando encontramos um resultado positivo temos a certeza de que há a sua presença no produto. Ao contrário, quando um resultado negativa, acreditamos que não haja a toxina ali presente, mas não temos a certeza, dada a tamanha variabilidade provocada pela amostragem.

O link é o seguinte:

http://vetmed.iastate.edu/diagnostic-lab/diagnostic-services/diagnostic-sections/chemistry-/-toxicology/mycotoxins

Deixo o assunto em aberto para que possamos discutir um pouquinho…

Até a próxima!

 

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Brasil lidera consumo mundial de agrotóxicos

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Infelizmente, para nós brasileiros, o Brasil se tornou há alguns anos, o maior consumidor de agrotóxicos do planeta.

Esse é um daqueles muitos títulos que possuímos que nos trazem vergonha e preocupação ao invés de orgulho e alegria, juntamente com outros títulos há muito conquistados como o de “Maior número de mortes no trânsito por ano”, e outros que disputamos cabeça a cabeça com países da quinta divisão mundial como o “Maior índice de mortalidade infantil”, “violência doméstica” e “insegurança”.

Desde 2009 ultrapassamos a marca de um milhão de toneladas por ano, o equivalente a 5,2 quilos por habitante(!?!).

Esses são dados do INCA, Instituto Nacional do Câncer, divulgado em abril que aponta o crescente aumento das vendas de agrotóxicos ano a ano.

Em consulta ao site do MAPA, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, encontrei a Portaria SDA nº 44, de 08 de Maio de 2015 (Publicada no Diário Oficial da União na Seção 01 de 12/05/2015) onde estão os dados referentes ao Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC) que é realizado anualmente para o monitoramento de resíduos químicos nos alimentos e bebidas verifiquei que os números são:

 

Para resíduos de Agrotóxicos:

Espécie/Produto  Nº de Amostras Analisadas  Nº de Amostras Conformes   Índice de conformidade

Abacaxi                             10                                        07                                             70%

Alho                                   17                                        17                                             100%

Amendoim                       14                                        14                                             100%

Arroz                                 46                                         42                                            91,30%

Banana                             13                                         13                                            100%

Batata                               09                                         09                                            100%

Café                                   10                                         10                                            100%

Cebola                               16                                         16                                            100%

Feijão                                36                                         36                                            100%

Kiwi                                   11                                         09                                            81,81%

Maçã                                110                                       103                                          93,63%

Mamão                            113                                       107                                          94,69%

Manga                              26                                         25                                            96,15%

Milho                                33                                         32                                            96,97%

Soja                                   24                                         24                                            100%

Tomate                             23                                        21                                             91,30%

Trigo                                  09                                        09                                            100%

Uva                                    50                                        40                                             80%

 

Para Micotoxinas / Desoxinivalenol (DON) / Zearalenona:

Espécie/Produto  Nº de Amostras Analisadas  Nº de Amostras Conformes   Índice de conformidade

Amendoim                          67                                         63                                          94,03%

Castanha-do-Brasil            30                                         25                                          83,33%

Amêndoa de Cacau           18                                         17                                          94,44%

Feijão                                   34                                         33                                          97,06%

Arroz                                    20                                         20                                          100%

Milho                                   34                                         33                                          97,06%

 

O número de Agrotóxicos que foram monitorados por cultura são:

Abacaxi – 152 analitos

Amendoim – 172 analitos

Alho – 119 analitos

Arroz – 162 analitos

Banana – 153 analitos

Batata – 159 analitos

Café – 160 analitos

Cebola – 159 analitos

Feijão – 162 analitos

Kiwi – 159 analitos

Maçã – 159 analitos

Mamão – 167 analitos

Manga – 159 analitos

Milho – 162 analitos

Soja – 96 analitos

Tomate – 152 analitos

Trigo – 147 analitos

Abacaxi – 125 analitos

Uva – 167 analitos

 

A Portaria ainda traz outras informações, incluindo a distribuição das violações por unidade da Federação.

Alguns números são intrigantes e outros alarmantes.

Parece que o caso do suco de laranja e o uso do Carbendazim, ocorrido há pouco mais de três anos não serviu de aprendizado para nossos produtores…

Neste ano, o MAPA já realizou boa parte da coleta para o PNCRC.

Vejamos o que teremos na próxima publicação…

Enquanto isto, a dica é cuidar bem da preparação dos alimentos vindos do campo, principalmente no momento da sua lavagem.

Para quem quiser saber um pouquinho mais sobre o PNCRC, é só acessar o site do MAPA, www.agricultura.gov.br.

Até a próxima!

 

2 min leituraInfelizmente, para nós brasileiros, o Brasil se tornou há alguns anos, o maior consumidor de agrotóxicos do planeta. Esse é um daqueles muitos títulos que possuímos que nos trazem vergonha […]

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Proteste pesquisa sopas instantâneas

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Os dias, mais frios nesta época do ano, nos convidam para pratos quentes e as sopas estão entre os preferidos dos brasileiros moradores das regiões mais frias do país.

Com a correria do dia a dia das grandes cidades, as sopas instantâneas passaram a fazer parte do cardápio de muitos de nós.

Quem é da área de alimentação sabe que, na maioria das vezes, são pratos pouco nutritivos e ricos em Sódio e aditivos químicos, dois dos principais inimigos da saúde atualmente.

Mas, como possuem baixos teores calóricos, se tornam tentadoras para quem vive brigando com a balança…

Só que, como possuem baixas calorias, se tornam insuficientes como refeição principal, uma vez que não possuem valor energético decente que atenda às necessidades do nosso organismo.

A Associação Proteste realizou recentemente um teste com algumas marcas de sopas instantâneas e confirmou o que muitos já sabiam: níveis elevados de Sódio em pelo menos cinco das seis marcas testadas, com valores acima dos dois gramas recomendados pela OMS em até trinta e três por cento.

Todos sabem que o Sódio é o inimigo número um para a obesidade e um dos principais fatores causadores da hipertensão arterial.

Outro número assustador obtido na pesquisa diz respeito ao número de ingredientes listados em muitos rótulos. Uma sopa de batata com peito de frango, por exemplo, conta com trinta e dois (?!?) itens, contra os trinta e um (como assim???) da de frango desfiado com batata e alho poró da marca concorrente. Boa parte dessas substâncias está ligada à necessidade de manter o produto com  maior estabilidade e tempo de vida nas prateleiras dos supermercados.

Entre essas substâncias está o Glutamato Monossódico, para o qual ainda falta embasamento científico sobre seus efeitos nocivos, como dores de cabeça, enjoos e indução ao ganho de peso. Como prevenção na Europa já há um limite de dez gramas por quilo de alimento que ainda não existe no Brasil.

Na avaliação da Proteste foi adotado o parâmetro europeu e pasmem: apenas uma não apresentou este composto na sua formulação, o que comprova a tese de aqui no Brasil, enquanto não há limite ou legislação restritiva, o vale tudo na produção de alimentos está garantido.

Pelo menos nos requisitos de rotulagem e higiene, todas as sopas testadas conseguiram boa pontuação.

As informações contidas nos rótulos estavam completas e não foram detectados vestígios de insetos e pelos de roedores ou bactérias nocivas, em nenhum produto, em atendimento aos requisitos legais vigentes (RDC’s 14 e 12, respectivamente).

Ah! A pesquisa também constatou que todas as sopas realmente possuem frango em sua composição, cumprindo, assim, o que prometem.

Com tudo isso, fica uma pergunta: Por que os fabricantes de alimentos processados, em sua maioria, não adotam posturas mais éticas e saudáveis nas formulações dos seus produtos?

Para quem ficou curioso sobre as marcas avaliadas e os resultados da pesquisa é só dar uma passada no site da associação.

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