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QIMA/WQS e Nutron/Cargill lançam programa Nutron Bem+Leite de certificação de bem-estar animal

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A Certificadora QIMA/WQS, em parceria com a Nutron/Cargil, lançaram no mercado o programa Nutron Bem+Leite. Um dos principais objetivos dessa parceria é assegurar ao mercado e consumidor final que o processo de criação dos animais e o de produção de leite ocorreram de maneira responsável e sustentável. Em outras palavras, que a empresa produtora adotou medidas para garantir o bem-estar e a qualidade de vida do animal, os quais são comprovados através de um processo rígido de auditoria realizada pela QIMA/WQS embasado nas diretrizes da PAACO (Professional Animal Auditor Certification Organization).

Boas práticas da indústria leiteira e conscientização do consumidor

“Os cuidados começam quando a vaca ainda está gestante”, afirma Sérgio Soriano, Gerente de Pecuária de Leite da Fazenda Colorado. “Os primeiros contatos com seres humanos, aquecimento e limpeza do ambiente, volume e a qualidade do leite que o bezerro recebe nos primeiros meses de vida, tudo isso impacta no desenvolvimento e na saúde do animal”. A consequência desses cuidados com o rebanho reflete na qualidade do produto que chega para o cliente.

De acordo com notícia divulgada pela Embrapa em 2019, o bem-estar animal e a preservação do meio ambiente são importantes fatores mercadológicos considerados por um público cada vez mais consciente sobre impactos ambientais. Inclusive, vale destacar que o Bem-estar Animal é dos componentes relacionados pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) no seu framework de Sistema Alimentar Sustentável.

Dessa forma, outro objetivo da parceria do programa Nutron Bem+Leite é fomentar uma pecuária leiteira mais rentável e sustentável através da promoção de uma relação de confiança e transparência entre empresa e consumidor, demonstradas por meio do selo estampado na embalagem.

Princípio das Cinco Liberdades tem foco no bem-estar dos animais

No final da década de 1970, o órgão britânico Farm Animal Welfare Committee publicou um documento listando as principais condutas para o bem-estar animal. Chamadas de “Cinco Liberdades dos Animais”, as premissas determinam que os animais devem estar livres de sede e fome; desconforto; dor, injúria ou doença; medo e angústia; e devem ter a liberdade de expressar seu comportamento natural.

Na prática, o selo de referência da QIMA/WQS identifica ao mercado que em todas as fases de vida dos animais, o bem-estar foi proporcionado. “As fazendas mais bem-sucedidas são aquelas cujo rebanho tem vida longa. Efetivamente, promover saúde e bem-estar significa mais eficiência no sistema de produção”, explica Alexandre Pedroso, Consultor Técnico Nacional de Bovinos de Leite da Nutron.

Certificação Nutron Bem+Leite

As avaliações são realizadas por auditores acreditados pela Professional Animal Auditor Certification Organization (PAACO) – organização norte-americana responsável pelo treinamento e qualificação dos profissionais. “O selo de bem-estar animal atesta a dedicação e comprometimento da Cargill em garantir um produto de qualidade ao consumidor. O projeto Nutron Bem+Leite evidencia a transparência de todo o programa”, destaca Luiz Freitas, Diretor de Vendas da QIMA/WQS.

O Programa Nutron Bem+Leite está disponível para fazendas e laticínios de todo o Brasil. Os interessados devem solicitar a auditoria e serem aprovados no processo, o qual irá avaliar mais de 250 requisitos baseados em evidências. Uma vez aprovado, o solicitante obtém a certificação.

Com a conquista da certificação, as fazendas e produtores passam a disponibilizar em suas embalagens um selo de referência. “Quando colocamos um selo desse nível na nossa marca, estamos mostrando o impacto que queremos causar na sociedade. É uma forma de apresentar o acompanhamento rigoroso de todos os processos”, completa Sérgio Soriano.

Por meio de um QR code, que passa a ser disponibilizado nos rótulos dos produtos, é possível acessar todo o processo e práticas adotadas para produção do alimento, uma forma de compartilhar informações de credibilidade e, consequentemente, fidelizar o cliente final.

 

Sobre a QIMA/WQS

A QIMA/WQS foi fundada em 1993 com o nome de WQS e desde 2019 faz parte do grupo QIMA. Com sede nos Estados Unidos (Charlotte) e escritórios no Brasil (Botucatu) e México (Ensenada e San Luis Potosi), a companhia tem presença global, tendo realizado mais de 18.000 auditorias para cerca de 9.000 clientes.

Para mais informações sobre a certificação com a QIMA/WQS, visite o site: www.wqs.com.br

Sobre a Cargill no Brasil

Presente no Brasil desde 1965, a Cargill é uma das maiores indústrias de alimentos do País.

Com sede em São Paulo (SP), está presente em 17 estados brasileiros por meio de unidades industriais e escritórios em 147 municípios e 11 mil funcionários. Para mais informações, acesse a área de imprensa.

Relações com a Imprensa – Felipe Fonseca – imprensa@cargill.com / +55 (11) 9 9741-9946

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Surto de Candida auris no Brasil compromete a segurança de alimentos?

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Em 13 de janeiro de 2022, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) recebeu a confirmação de um caso de infecção por Candida auris que estava em estudo de sequenciamento genético, de um paciente internado em um hospital de Pernambuco (PE). É um fungo emergente que vem causando preocupação como infecção hospitalar em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva.

Forma de transmissão da doença

Transmite-se de uma pessoa para outra por contato direto ou através de objetos contaminados como corrimãos, etc. Os locais mais comuns são hospitais e asilos.
A infecção pode se espalhar de uma ferida para a corrente sanguínea. Pode ser devida a uma infecção no ouvido e ter sintomas variados. Foi detectada pela primeira vez em 2017 em um teste de urina.
O fungo Candida auris geralmente é controlado pelo sistema imunológico, mas pode se tornar um contaminante perigoso em pacientes com imunidade comprometida. Tem a capacidade de colonizar áreas como o setor de UTI dos hospitais.

Candida auris é transmitido através dos alimentos?

Até o momento não há evidências de que os alimentos transmitam Candida auris, embora seja recomendada a lavagem cuidadosa das mãos e utensílios, pois são objetos que têm a capacidade de serem infectados por pessoas contaminadas.
Por se tratar de uma entidade infecciosa emergente, ainda estão sendo realizados estudos para determinar sua relação com outras fontes de transmissão, como alimentos, embora por enquanto não estejam implicados.

Fontes:

https://medlineplus.gov/spanish/ency/article/007758.htm

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29142078/

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A segurança dos alimentos ajuda o Brasil a exportar 1 bilhão em frutas

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O setor de fruticultura brasileiro comemora ter alcançado uma marca histórica em 2021 nas exportações de frutas:

O Brasil enviou para o mercado internacional cerca de 1,2 milhões de toneladas de frutas, que são 18% a mais em volume registrado no último ano, alcançando assim um faturamento de US$ 1,060 bilhões de dólares, crescimento de 20%.

Temos um excelente produto e o câmbio favoreceu as exportações, segundo a ABRAFRUTAS (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados). As vendas para o mercado internacional se tornaram atrativas e foram intensificadas com a valorização do dólar e euro frente ao real.

Além disso, o meio ambiente também ajudou, pois o clima foi um importante fator que contribuiu para a produção brasileira, permitindo boas safras que contribuíram para um aumento de produtividade e qualidade, principalmente das culturas que estão no topo das exportações.

As 15 frutas mais exportadas pelo Brasil em ordem decrescente foram as mangas, maçãs, limões e limas, melões, uvas, mamões, bananas, melancias, abacates, figos, pêssegos, abacaxis, caquis, laranjas e cocos.

Especificamente sobre as mangas, a campeã das exportações brasileiras em 2021, foram embarcadas cerca de 272,5 mil toneladas, representando um aumento de 12% em relação aos envios no mesmo período de 2020.

Em relação aos aumentos percentuais, a maçã foi o destaque com faturamento maior em 79% e 58% em volume, considerando que foram exportadas 99 mil toneladas, principalmente para o mercado europeu, sendo esta uma fruta que num passado não tão distante importávamos.

A uva foi outra fruta que teve grande aumento nas exportações durante o ano, contabilizando crescimento de 55% em volume e 43% em valor.

Como destino, o líder em importações é a Holanda (Países Baixos) que atua como uma porta de entrada para a União Europeia, comprando e distribuindo as frutas brasileiras para diversos países. Depois, em ordem decrescente, vem o Reino Unido, os Estados Unidos, a Espanha, Portugal, Canadá, Alemanha, Argentina, Itália e Rússia.

Importante ressaltar que o consumo de frutas tem aumentado no mundo em decorrência de uma busca por alimentos mais saudáveis e isso se intensificou durante o período de pandemia.

Segundo o presidente da ABRAFRUTAS, o Sr. Guilherme Coelho: “Estamos bem felizes e animados com o resultado conquistado, é momento de comemorarmos muito. O Brasil é um grande produtor de frutas e mais do que isso, nossas frutas são de altíssima qualidade e extremamente saborosas, por isso cada vez mais estamos ganhando o paladar do consumidor internacional. Além disso, as pessoas estão em busca de alimentos mais saudáveis. Eu costumo dizer que não existe nada mais saudável que as frutas”.

Nesta conquista de ultrapassar a marca de 1 bilhão em exportação de frutas, a segurança dos alimentos foi um elemento decisivo, uma vez que os mercados consumidores que importam estes produtos são altamente exigentes. Para ter penetração na Europa e Estados unidos, as frutas brasileiras possuem certificações internacionais em food safety e em agricultura com responsabilidade sócio-ambiental relevantes, como o Global Gap, Rainforest Alliance, GRASP, Fair Trade, Tesco Nurture, BSCI, HACCP / APPCC, FSSC 22000, entre outras.

Exige-se das frutas brasileiras exportadas, entre outros requisitos, rastreabilidade e responsabilidade com o uso de pesticidas, usando-se com critérios apenas produtos aprovados pelos países importadores, nas quantidades permitidas, respeitando-se tratos fitossanitários na aplicação e prazos de carência para colheita, além claro, de um plano consistente para analisar e controlar perigos que possam afetar a saúde dos consumidores.

Para finalizar, a fruticultura é o setor do agronegócio brasileiro que mais emprega, são cerca de 5,5 milhões de empregos diretos, sendo também um segmento socioeconômico e ambientalmente sustentável.

Leia também:

Brasil bate recorde e alcança mais de um bilhão de dólares em exportação de frutas

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Design higiênico para todos (parte 1)

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Design Higiênico em plantas de processamento de alimentos refere-se a projetos de equipamentos e instalações planejados e construídos para serem fáceis de limpar, e, portanto, para aumentar a probabilidade da ausência de contaminações. Este artigo, que contém uma vídeo-aula no canal de Youtube do blog (Design Higiênico para Todos), foi criado para simplificar os conceitos e facilitar a compreensão.

Infelizmente, equipamentos acessíveis e fáceis de limpar não são realidade na maioria das fábricas de alimentos, independentemente do tamanho, mas provavelmente poucas pessoas nestas empresas pensam ou sabem disso.

Você já tentou observar a limpeza da fábrica ou já perguntou para o seu time de higienização o que eles acham dos equipamentos? Tenho certeza de que se você fizer isso, vai se surpreender com aquilo que poderá aprender.

Mas antes de partir para o campo e fazer a sua pesquisa, leia este artigo e veja o vídeo até o final.

Para simplificar, vou resumir o tema em 3 pilares e compartilhar algumas dicas e exemplos.

Os 3 pilares são:

– Funcionalidade;

– Escolha dos materiais;

– Design, ou seja, desenho e formas dos equipamentos.

Quando falamos em funcionalidade, estamos propondo que o equipamento, ou instalação, além de cumprir o seu papel primário, não deve adicionar nenhum novo perigo ao produto. Essa condição segura deve ser mantida ao longo de toda a vida útil do equipamento, e não apenas quando ele é novo. Por exemplo: uma esteira transportadora modular plástica tem como função primária transportar um item do ponto A ao ponto B. Caso, durante seu funcionamento, novos perigos sejam agregados ao produto final, certamente haverá oportunidades de melhoria do projeto deste transportador.

Quanto à escolha do material, trata-se de escolher o material adequado ao uso pretendido. Sabemos que processos produtivos de alimentos têm condições ambientais e condições de processamento bastante diversas. Existem ambientes úmidos, secos, frios, ou quentes, bem como ingredientes ácidos, alcalinos, salmouras e materiais gordurosos, entre outros. Portanto, a escolha do material compatível com o processo de produção e de limpeza é crucial para que não haja desgaste antecipado, corrosão química e migração de compostos químicos, trazendo novos perigos aos produtos.

O terceiro pilar é o design ou forma do equipamento. De forma muito simplificada, para assegurar formas sanitárias, é preciso:

– Evitar locais de difícil visualização e acesso;

– Evitar locais de acúmulo de sujidades, que são os chamados nichos ou junta-sanduíche;

– Garantir a autodrenabilidade.

Para entender e visualizar esses princípios, assista ao vídeo, acessando esse link.

Além de compreender melhor os conceitos de forma fácil e didática, você vai concluir que apesar de ser um assunto muito técnico,

Design Higiênico também é bom senso e empatia, porque se você se colocar no lugar de quem vai limpar, você ajudará a fazer melhores projetos.

Esse assunto é tão importante que vamos precisar de outra aula para explicar porque evoluir com este tema pode ajudar a sua empresa a ganhar tempo de produção, reduzir custos operacionais e gerar engajamento no time.

Acompanhe o blog e o canal de Youtube e receba mais conteúdos sobre Design Higiênico de forma descomplicada, para todos entenderem.

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Recall de alimentos por infestação de roedores – você ficou sabendo?

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Há cerca de uma semana atrás, no dia 14/01/2022, a empresa canadense Bistak Enterprises Inc. e Bistak Groceries Inc. anunciou o recall de vários produtos devido à possível contaminação por Salmonella por infestação de roedores. Este recall foi desencadeado por uma referência da Autoridade de Saúde Canadense.

O recall envolve todos os produtos distribuídos pela empresa, desde alimentos secos como grãos, feijão, farinha, conservas de mercearia, gorduras e óleos, bebidas, produtos de carne, produtos de pescado, assados, especiarias até leite em pó.

A Agência Canadense de Inspeção de Alimentos (CFIA) está realizando uma investigação de segurança de alimentos, que pode levar ao recall de outros produtos. Se outros produtos de alto risco forem recolhidos, a CFIA notificará o público por meio de avisos atualizados. A CFIA também está verificando se a indústria está removendo os produtos recolhidos do mercado.

Embora não tenhamos mais informações sobre o assunto, achei muito oportuno falarmos sobre ele. Primeiro porque recentemente o colega André Pontes publicou um ótimo artigo sobre controle de roedores nas empresas de alimentos – se você não viu, clique aqui. Em segundo lugar  porque, como auditora, eventualmente ouço as empresas reclamarem de auditores que levantam não conformidades em programas de pré-requisitos e alegam que isso “não agrega nada”.

Aliás, balanços feitos pelos organismos de certificação e pelas próprias normas de certificação de segurança de alimentos demonstram que a maior incidência de não conformidades ainda se concentra nos programas de pré-requisitos. Isso por si só já nos dá muito para refletir.

Pois bem, controle de pragas é programa de pré-requisito e faz parte das Boas Práticas de Fabricação, Armazenamento e Distribuição. Se isso não agrega, o que mais agregaria? Se o controle de pragas, programa básico e essencial, não for bem gerenciado, pode trazer consequências desastrosas – está aí o exemplo. Você já tinha imaginado uma situação dessas?

E quando eu digo bem gerenciado é isso mesmo que eu quero dizer: G-E-R-E-N-C-I-A-D-O. Porque ainda há muitas (e muitas) empresas que acham que o controle de pragas é responsabilidade da empresa terceirizada e ponto. Empresa terceirizada não opera milagres. A gestão do programa, o dia a dia, a atenção aos 4 As (abrigo, acesso, alimento e água), a limpeza das áreas, o envolvimento, é da indústria de alimentos e de seus colaboradores. Também é responsabilidade da indústria fazer a gestão e implementar as correções para as observações deixadas pelos técnicos do controle de pragas (que na maior parte das vezes cai no esquecimento).

Portanto fica aí o lembrete: programas de pré-requisitos são o coração da indústria de alimentos e das normas de certificação. Sem eles não existe segurança de alimentos. Para as indústrias, não se esqueçam de que os PPRs precisam ser revisitados constantemente – a FSSC versão 5.1 traz isso de forma muito clara no requisito adicional de verificação de PPRs. E não é só para “auditor ver” – é para agregar e contribuir com a produção de alimentos seguros!

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Pode-se utilizar creme de soro de leite na produção de manteiga?

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Recebemos a dúvida de um leitor sobre a utilização do creme do soro de leite para produção de manteiga. Ele relata ter verificado esse ingrediente no rótulo de algumas marcas comerciais.

Para definirmos os termos, o que seria creme de soro de leite? Durante o processo de produção dos queijos temos como subproduto o soro do leite. Esse soro de leite pode ser matéria prima para produção de ricota, por exemplo. Entre os componentes do soro do leite, temos água, algumas proteínas como albumina e também gordura. Algumas empresas optam por desnatar esse soro de leite, produzindo assim o creme do soro do leite. E aqui entra a dúvida do leitor: esse creme do soro de leite pode ser utilizado para produção de manteiga? Ou apenas o creme do leite poderia ser ingrediente da manteiga?

Pelo Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade da Manteiga (Portaria n° 146 de 7 de março de 1996), temos a seguinte definição:

Com o nome de manteiga entende-se o produto gorduroso obtido exclusivamente pela bateção e malaxagem, com ou sem modificação biológica de creme pasteurizado derivado exclusivamente do leite de vaca, por processos tecnologicamente adequados. A matéria gorda da manteiga deverá estar composta exclusivamente de gordura láctea.

E a seguinte classificação:

Manteiga Extra: É a manteiga que corresponde à classe de qualidade I da classificação por avaliação sensorial, segundo Norma FIL 99A: 1987.

Manteiga de Primeira Qualidade: É a manteiga que corresponde à classe de qualidade I da classificação por avaliação sensorial segundo a Norma FIL 99A: 1987.

Consultando apenas esse regulamento não poderíamos utilizar o creme de soro de leite na produção de manteiga. Entretanto, no ano 2000, tivemos a publicação da Resolução 04, de 28 de junho que instituiu o uso do creme do soro do leite para a produção da manteiga comum.

As justificativas para o uso desse subproduto da indústria láctea na produção de manteiga comum foram:

– há um grande número de indústrias de pequeno porte, como fábricas de queijo, com volume considerável de soro de leite, que uma vez desnatado gera um volume de creme de soro passível de ser utilizado, agregando valor ao negócio;

– que a estocagem desse soro ou o correto destino dele, para fábricas de ração animal ou estabelecimentos que o utilizem como matéria prima em produtos lácteos, nem sempre é uma realidade para essas pequenas empresas;

– que a inutilização ou descarte desse soro pelas indústrias, para evitar problemas ambientais, não é uma prática simples;

– e considerando o mercado que sempre existiu no Brasil para a manteiga comum, por ser um produto com custo mais baixo.

E uma informação que não consta na resolução, mas que vivo na prática, é que as empresas que buscam comprar soro de leite para utilizar como matéria prima, compram soro com baixo teor de gordura, então a indústria produtora de queijo, que venderá o seu subproduto, já faz esse desnate do soro antes de vendê-lo. Isto gera um estoque desse creme de soro que precisará de um adequado destino, e a produção da manteiga comum seria um deles.

Feitas essas considerações, ficou permitido produzir a manteiga comum, utilizando-se como ingrediente o soro de leite pasteurizado, desde que a comercialização ocorra exclusivamente em território nacional e seguindo algumas especificações microbiológicas e físico-químicas, contendo no mínimo 80% de gordura, entre outros requisitos.

Nesse caso não se constitui uma fraude. Uma dúvida frequente é até que ponto o uso de um ingrediente não previsto pela legislação (o que seria uma fraude) pode levar a um risco de segurança do alimento. O ponto de interface é que há situações em que são acrescentadas substâncias para ganho econômico (diluição ou substituição) e estas substâncias podem não ter qualquer controle do ponto de vista sanitário e de risco a quem consumi-las.

Imagem: foto de Ravi Kant no Pexels

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Tradução: Código de Práticas Higiênicas para Alimentos com Baixa Aw (CXC 75/2015)

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Mais uma vez, o Food Safety Brazil traz a tradução de um documento de referência internacional, muito relevante para diversos segmentos da indústria de alimentos: o Code of Hygienic Practice for Low-Moisture Foods (CXC 75/2015 – modificado em 2018), do Codex Alimentarius (FAO/OMS) ou Código de Práticas Higiênicas para Alimentos com Baixa Aw. O documento original você pode acessar aqui.

É um documento muito interessante, que traz práticas complementares ao General Principles of Food Hygiene (CXC 1-1969 – modificado em 2020), com foco em atividades que envolvem produtos com baixa atividade de água, como frutas e vegetais desidratados, produtos à base de cereais, nuts, produtos proteicos desidratados, confeitos, snacks, nozes, sementes para consumo, especiarias e ervas culinárias desidratadas, entre outros.

Olha só um trecho do conteúdo que está dentro deste documento:

Procedimentos e métodos de limpeza

Existem três tipos de métodos de limpeza em um estabelecimento de alimentos com baixa Aw: lavagem a seco, limpeza úmida controlada e limpeza úmida. O tipo de práticas de limpeza a serem usadas em diferentes áreas de higiene deve ser especificado. A limpeza a seco deve ser usada como prática de limpeza de rotina para a área que requer o

controle de higiene mais rigoroso (ex.: após qualquer tratamento de redução de patógenos ou um produto sem tratamento de redução de patógenos). Na área que requer os controles de higiene mais rigorosos, pode haver circunstâncias em que a limpeza úmida controlada precise ser usada (ex.: em resposta a uma situação em que a contaminação ambiental ou do produto foi estabelecida). Nesses casos, procedimentos documentados devem ser implementados.

A limpeza úmida só deve ser usada em áreas não críticas e fora de processo do estabelecimento (ex.: áreas de manutenção, áreas de resíduos e instalações sanitárias).

 

Você pode encontrar este código de práticas com tradução exclusiva AQUI.

Quer entender mais sobre o Codex Alimentarius? Assista a este vídeo e a este vídeo.

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Tenho comida congelada há meses. Posso consumir com segurança? “Causos” sobre segurança de alimentos em casa

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Em uma visita à casa de conhecidos, ofereceram-me recentemente alguns petiscos que sobraram de uma festinha de 15 anos. Até aí tudo bem, mas o evento aconteceu há 10 meses atrás! Para o meu desespero, ainda acrescentaram: “Estavam uma delícia, a própria mãe da aniversariante fez pessoalmente tudo que foi servido na festa! Ainda bem que congelei a minha marmitinha!”. Agradeci educadamente e disse que estava de dieta. Mas por que fazer uma desfeita como essa? Pelo risco de contrair uma possível DTA (Doença Transmitida por Alimentos)! Afinal, posso consumir comida congelada há meses no congelador da minha casa?

No Brasil, a vigilância epidemiológica das DTA (VE-DTA) monitora os surtos e os casos das doenças definidas em legislação específica. De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), são notificados em média, por ano, 700 surtos de DTA, com envolvimento de 13 mil doentes e 10 óbitos. Sabemos que muitos desses casos fazem parte de descuidos dentro de casa.

O blog já publicou posts sobre prazo de validade algumas vezes, pois este é um assunto sério e não podemos simplesmente determiná-lo com base no “chute” ou pela nossa experiência. Para determinar uma validade com segurança, é necessário realizar um estudo de shelf life ou utilizar a legislação.

Assim, para determinar a validade de alimentos preparados em casa, acredito que uma maneira segura seja por meio de tabelas de referência, como as que encontramos em algumas normas. Este post traz parâmetros estabelecidos exclusivamente pela Portaria 2619/2011, vigente no município de São Paulo. Segundo a tabela desse mesmo post, alimentos preparados congelados podem durar até 90 dias se estiverem armazenados sob temperaturas abaixo de -18ºC (e sabemos que a maioria dos congeladores caseiros não chegam a esta temperatura).

Dessa forma, chegamos à conclusão que consumir comida congelada há dez meses no congelador de casa não é seguro. Algumas pessoas têm a sensação de que o congelamento garante que o alimento dure por muitos e muitos meses. Talvez isso ocorra pela comparação leiga muitas vezes feita com produtos industrializados congelados (que passam por vários testes de shelf life). É preciso lembrar que um alimento manipulado em casa não pode ser comparado a um alimento industrializado. Não é porque um alimento industrializado pode durar até 1 ano congelado, que a nossa marmita vai aguentar o mesmo tempo! Cuide da sua saúde e da saúde da sua família e não consuma alimentos que possam trazer riscos!

Conte nos comentários mais “causos” sobre segurança de alimentos em casa. Você já passou por alguma situação desconfortável?

Leia mais sobre segurança de alimentos em casa:

Os cuidados com os alimentos nas festas de fim de ano

Ovos de Páscoa de colher: atenção para o armazenamento e prazo de validade

Materiais de contato com alimentos: histórias e “causos” – Parte 1: O livro da vovó

Materiais de contato com alimentos: histórias e “causos” – Parte 2: consumidores sendo consumidores

Imagem: foto de Nataliya Vaitkevich no Pexels

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Armadilha fora do lugar vai funcionar? Controle de roedores nas empresas de alimentos

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Armadilha fora do lugar vai funcionar? Dedico o post de hoje a um fato que embora pareça tão óbvio, é muito comum nas indústrias, não diria que seja crônico. Você em algum momento já deve ter se deparado com situação semelhante.

Armadilha

Contextualizando: as armadilhas de roedores são pequenas caixas posicionadas tanto internamente como externamente nas empresas de alimentos. Sua principal função é evitar o acesso de roedores à planta produtiva.

O time de qualidade e a empresa de controle de pragas são responsáveis por definir os locais estratégicos para se colocar tais armadilhas. Cada local é criteriosamente avaliado e normalmente uma placa com sua posição é fixada na parede combinando o número entre armadilhas e placas. Desta forma fica fácil identificar visualmente se determinada armadilha pertence realmente àquele local.

Além das placas, um recurso de apoio é o mapa de iscas. Este mapa muitas vezes é representando pelo desenho da planta baixa da empresa acompanhado por símbolos numerados indicando todas as posições e quantidades de armadilhas existentes atualmente.

Até aqui veja que foram feitos estudos, análises de local, mapeamento pensando sempre na melhor proteção e controle possíveis da empresa.

Roedores

Mas…. durante o trabalho uma paleteira em um corredor estreito, uma empilhadeira transportando um alto volume de materiais ou a pressa fazem com que uma ou outra armadilha saia do local determinado. Nesta hora a empresa fica vulnerável em seu controle de pragas. Mesmo que a armadilha esteja somente afastada da parede, aquele acesso está comprometido.

Uma característica dos roedores é a sua locomoção pelos cantos do ambiente procurando proteção e abrigo de modo a passarem despercebidos enquanto andam pelo local. Roedores evitam trafegar no centro do ambiente, logo adotam uma das laterais da parede para seguir o trajeto. Veja que quando a armadilha para roedores está fora do lugar ou retirada do canto da parede, ela perderá sua função e o roedor continuará com seu acesso livre, não “passando” por dentro da armadilha.

O formato da armadilha também pode prejudicar, sobre isso veja a matéria Controle de pragas: importância do formato da armadilha para roedores

Conscientização

Diante do exposto, é estratégico que os colaboradores sejam conscientizados sobre as armadilhas de roedores e a importância de elas estarem em seus devidos lugares. Desta forma, todos podem contribuir (e não só o responsável por controle de pragas) para manter a armadilha em sua posição correta, lembrando que qualquer avaria percebida nos dispositivos deve ser notificada ao responsável para que se faça o reparo ou substituição.

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O custo da não qualidade de um alimento

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Quanto custa para um produtor ou comerciante de alimentos manter a satisfação do cliente? A resposta corresponde ao preço da qualidade. Mas qual é o custo da não qualidade? Essa é uma pergunta que os responsáveis pela alta direção de uma empresa devem se fazer na elaboração do orçamento da área de Qualidade.

Nós que trabalhamos na área de Qualidade de uma empresa alimentar, seja como staff ou externamente como consultores, vivemos brigando com a área financeira e mesmo com a alta direção com alguma regularidade, devido aos recursos financeiros necessários. Questionamentos sobre os custos associados à realização de análises químicas e ou microbiológicas; aquisição e desenvolvimento de equipamentos para o próprio laboratório ou contratação de serviços laboratoriais externos ou outros tipos de testes necessários à preservação da segurança dos alimentos costumam ser ouvidos com alguma assiduidade. Às vezes acham necessário reduzir a quantidade de análises, colocando em risco a qualidade e a segurança dos produtos. Quando o custo da qualidade é considerado excessivo pela alta administração, começam os cortes no orçamento. É neste contexto que se abre a porta ao custo da não qualidade, ou seja, ao custo da má qualidade.

Às vezes, esse custo não é percebido até o início dos problemas, que podem ser de vários tipos. Estes são mais altos do que o custo de manutenção e melhoria da qualidade e segurança do produto.

Quais podem ser alguns dos custos associados à não qualidade?

– Queda nas vendas. Quando o consumidor percebe que a qualidade do produto é inferior e não atende às suas necessidades ou expectativas.

– Aumento dos riscos à segurança de alimentos e das possibilidades de gerar doenças nos consumidores (DTA)

– Aumento das possibilidades de infração perante a autoridade sanitária, incluindo advertências e multas.

– No caso de ter obtido uma ou mais certificações por empresas certificadoras, existe o risco de não cumprimento das normas e perda do benefício.

– Possibilidade de recall. Qual é o custo de fazer um recall? É sempre muito alto.

– Desprezo da marca. Pode levar anos para uma marca se tornar prestigiada e apenas algumas horas para ser desacreditada.

– Maior possibilidade de enfrentar ações judiciais de consumidores afetados em sua saúde.

– No caso de empresa exportadora, reclamações e devoluções podem ser geradas por clientes estrangeiros e até mesmo pode haver perda de mercado.

Entre vários outros aspectos negativos, a falta de qualidade para economizar no orçamento, com cortes mal avaliados e tendo em conta as desvantagens que podem causar, ficam mais caros a médio e longo prazo. O custo da não qualidade é maior do que o departamento financeiro avaliou inicialmente, com a desvantagem ainda maior de ter que recuperar o mercado perdido, o que também tem um custo consideravelmente mais alto.

Cuidar da qualidade e segurança dos alimentos não é uma despesa, é o melhor investimento.

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Inspire-se nas tendências para alimentos em 2022

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Tendências de comportamento de consumo mais colaborativo, comunitário, consciente, com alimentos de sabores únicos (experiências multissensoriais, passando por projeções 3D), frescos, saudáveis, sustentáveis; soluções inovadoras, conectadas com a tecnologia otimizando processos (comidas do futuro a nossa porta já), auxiliando na criação de experiências para o consumidor de modo democratizado e digitalizado, como os pagamentos contactless, cardápio digital, totens e apps integrados para realizar pedidos, entre outras…são algumas confirmações que vieram para ficar, mas ainda assim, está sempre em voga a segurança de alimentos!

Vamos ver algumas destas tendências:

1)      Evitar desperdícios

Atualmente, cerca de um terço dos alimentos produzidos é desperdiçado mundialmente. No Brasil, mais de 100 milhões de pessoas não sabem ao certo se farão 3 refeições no dia e mais de 20 milhões passam fome. Ações que visam combater o desperdício de alimentos a partir da redistribuição de alimentos excedentes ou shelf life próximo ao vencimento, abrir discussões sobre como ampliar o marco regulatório e potencializar iniciativas de doação de alimentos e convidar cada vez mais empresas e pessoas a se engajarem na luta contra a fome (abordado em outro post).

2)      Sabores únicos

Se nos últimos meses você sentiu mais vontade de procurar conforto em sabores clássicos e nostálgicos essa é uma das principais tendências de sabor que surgiu ao longo dos últimos dois anos, muito por conta da pandemia de covid-19. Para lidar com estes momentos de incerteza, as pessoas buscaram alimentos que trazem sensação de conforto e acolhimento, despertando a relação afetiva da infância a cada garfada…”eu me lembro do sabor de arroz, feijão, carne de panela com batatas, tudo amassadinho que a minha vó fazia”.

3)      A inteligência artificial (IA)

De timers ativados pela voz até máquinas que servem porções personalizadas, conta-se com a tecnologia para ajudar a difundir programas de assinaturas e fidelização, tais como recomendar vinhos de forma mais assertiva e com menos esforço humano, criando no consumidor seu próprio enoperfil.

4)      Alimentos vegetais estão em alta (os produtos plant-based)

Seja por restrições ou intolerâncias alimentares, busca por uma alimentação mais saudável ou pela preocupação com a proteção do meio ambiente e redução da pegada de carbono, vem crescendo o reducitarianismo. O Brasil é um dos cinco maiores produtores de carne do mundo, mas pela sua biodiversidade, ciência e capacidade de produção, tem potencial para ser protagonista no desenvolvimento de novas fontes vegetais, certamente.

5)      Embalagens ecológicas

Estudos recentes apontam que a maioria das pessoas está disposta a pagar mais por fast-food que adotam práticas e materiais mais ecológicos. Os grandes players de comida rápida do mundo já entenderam o recado e estão liderando a indústria em seus esforços de sustentabilidade, começando a testar embalagens reutilizáveis como parte de seu projeto para reduzir o desperdício. Clientes podem optar por utilizar embalagens reutilizáveis nos itens do cardápio e, ao final da refeição, podem devolver os recipientes para serem limpos, na certeza de que 100% das embalagens venham de fontes renováveis, recicladas e/ou certificadas.

6)      Movimentos sustentáveis e regionais

Existe uma real conexão entre marcas, restaurantes e clientes com o movimento de ter a cozinha propriamente aberta, mas abrange toda a experiência do serviço, com transparência. Clientes buscam uma interação diferenciada, segura e acolhedora, proporcionando uma conexão com a comunidade e produtos locais, ilustrando todo o potencial da relação entre estabelecimentos e fornecedores/produtores locais, como, por exemplo, o protagonismo do indígena e a floresta amazônica em pratos regionais.

7)      Menos álcool

Caminho etílico nas taças reduzido nos drinks. Afinal, nunca se falou tanto sobre bem-estar e saúde, aspectos que estão na contramão do consumo de álcool. Essa mudança de comportamento se revelou como uma tendência num segundo momento de pandemia, onde as pessoas já estavam longe de seus bares favoritos há um tempo e passaram a reduzir a quantidade de álcool consumida em casa.

8)      O consumo consciente

Existe uma tendência que aponta para uma maior visibilidade desta questão. Consumir conscientemente não só evita o desperdício como também traz economia para o bolso. Devemos transformar tudo em outra coisa, aproveitando-a integralmente, conectando-se com as necessidades do ambiente, usando recipientes recarregáveis grandes, lidando diretamente com os produtores e fazendo compostagens.

9)      Imunidade

Após um longo período de pandemia, muitas pessoas se conscientizaram sobre o impacto da alimentação na saúde e imunidade. Com a saúde em foco, superfoods, suplementos e probióticos tornaram-se uma forte tendência, uma vez que possuem nutrientes e efeitos não só imunizantes mas também benéficos para a saúde.

10)     Movimento body positive

Por estarmos inseridos em uma sociedade que é muito pautada pela estética e padrões de beleza que desconsideram a maravilhosa diferença entre corpos, surgiu o food shaming, comportamento social que julga o hábito alimentar de alguém por meio de comentários negativos. Cada vez mais pessoas e marcas têm se conscientizado sobre essa questão e se posicionado. A liberdade também está na comunicação do posicionamento das marcas.

Fonte da imagem: vendasexternas.com.br

Referências:

https://www.nrn.com/webinars/trend-forecast-2022-chefs-discuss-next-big-trends https://financesonline.com/restaurant-trends/https://kadence.com/food-and-beverage-trends-to-watch-in-2022-and-beyond/ https://answerthepublic.com/reports/9b67cd92-5203-4e3f-8449-f4f724de2d1f https://www.thekitchn.com/top-food-trends-2022-whole-foods-23228897 https://www.ktchnrebel.com/food-report-future-trends/ https://spoonshot.com/blog/food-trend-predictions-for-2022/ https://www.dinecompany.com/trends-in-foodservice/ https://www.synergytaste.com/inspiring-food-and-drink-trends-2021-2022 https://servircomrequinte.francobachot.com.br/tendencias-gastronomicas-2/ https://www.linx.com.br/blog/crescimento-do-delivery-pos-pandemia/ https://www.foodforum.co/

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Entrevista com a colunista Jacqueline Navarro

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O time de colunistas do Food Safety Brazil é formado por profissionais de referência na área de segurança de alimentos. Para que os leitores conheçam um pouco da  história de cada um deles, fizemos uma série de posts dedicados a entrevistá-los. Hoje vamos conhecer um pouco sobre Jacqueline Navarro, que se dedica compartilhando conhecimentos e experiências no blog desde 2017. Jacqueline é pós-graduanda no programa de Ciência dos Alimentos da USP, onde trabalha com compostos fenólicos e capacidade antioxidante de frutas nativas da mata atlântica. Ela é bacharel em Química de Alimentos pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e já atuou na indústria de alimentos em inovação e gestão da qualidade. É professora voluntária na ONG Cidadão Pró Mundo.

Food Safety Brazil: Como as pessoas leigas percebem a segurança dos alimentos?

Jacqueline Navarro: As pessoas que não conhecem a importância da segurança de alimentos acreditam que isso é uma grande bobagem, que ao fazer algo não haverá consequências. Mas a segurança de alimentos é importante porque ajuda a proteger o consumidor do risco de doenças transmitidas por alimentos. Também ajuda a prevenir os consumidores de riscos de doenças relacionadas à saúde, como alergia e até morte.

Food Safety Brazil: Como membro da diretoria do blog, o que pretende fazer?

JN: O blog possui uma aderência muito grande à comunidade que o cerca, por exemplo, pessoas de consultorias e indústrias. Agora o próximo passo é encontrar um canal com a dona de casa, com o pequeno empresário que faz comida em casa para vender por delivery.

Food Safety Brazil: O que você espera do futuro do blog Food Safety Brazil?

JN: No futuro, espero que qualquer leitor acredite que possa ser colunista e um divulgador da nossa causa.

Quer conhecer mais sobre as experiências da colunista Jacqueline? Veja aqui os posts que ela já publicou no blog.

Leia também outras entrevistas:

Entrevista com o colunista André Pontes

Da indústria ao mundo acadêmico – entrevista com Juliana Barbosa

Desafios atuais em serviços de alimentação – entrevista com Luiza Dutra

Cultura positiva – entrevista com Cristian Roque

Entrevista com a colunista Heloísa Ciconato

Entrevista com a colunista Cíntia Malagutti

Entrevista com o colunista Marco Túlio Bertolino

Entrevista com colunista Danielle Parra

Em entrevista, colunista Vanessa Cantanhede revela as duas características essenciais de um auditor

Entrevista com colunista João Paulo Ferreira: “Novos desafios vão exigir novas habilidades”

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Perguntas (frequentes) e respostas da Anvisa

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Quando falamos de Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), estamos falando do órgão que coordena, supervisiona e controla as atividades de registro, inspeção, fiscalização e controle de riscos em alimentos e medicamentos, sendo responsável por estabelecer normas e padrões de qualidade e identidade a serem cumpridos.
Aqui no blog já falamos sobre a Biblioteca de Temas, que nada mais é do que um compilado de documentos que reúne todas as normas vigentes sobre determinado macrotema, dividido em seus subtemas. O objetivo é facilitar o acesso e a compreensão do Estoque Regulatório ao público, bem como aprimorar o processo de elaboração e revisão das normativas. Para consultar a última atualização (2021), clique aqui. Agora (dezembro de 2021), a ANVISA lançou um painel com as perguntas mais frequentes e suas respectivas respostas. Esse FAQ foi idealizado pela Gerência-Geral de Alimentos (GGALI) e contém um total de 1.237 respostas e perguntas sobre 20 diferentes temas regulatórios de alimentos. Alguns deles são:

  • 1ª edição do documento sobre alteração taxonômica das espécies de microrganismos do gênero lactobacilos 
  • 7ª edição do documento sobre suplementos alimentares
  • 1ª edição do documento sobre as novas regras de rotulagem nutricional
  • 6ª edição do documento sobre informação nutricional complementar
  • 4ª edição do documento sobre padrões microbiológicos
  • 1ª edição do documento sobre resíduos de medicamentos veterinários
  • 3ª edição do documento sobre o uso de gorduras trans industriais em alimentos
  • 3ª edição do documento sobre enriquecimento de farinhas de trigo e de milho com ferro e ácido fólico
  • 1ª edição do documento sobre contaminantes em alimentos; e 
  • 3ª edição do documento sobre aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia

Se você está interessado em conhecer a ferramenta, clique aqui.

Observação: o painel tem um local que permite a consulta rápida dos documentos de perguntas e respostas publicados pela área de alimentos, através do uso de palavras-chaves.

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Armazenamento de alimentos: a importância de fazer da forma correta

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Guardar coisas nem sempre é uma atividade que muitas pessoas gostam de fazer e de fato não parece ser algo muito interessante. É muito mais fácil largar tudo de qualquer jeito sem muito trabalho. O problema é o depois.

Eu sempre fui uma pessoa organizada, pelo menos tento ser. E uma curiosidade para quem não me conhece diz respeito do uso das minhas roupas. Eu as organizo pela ordem em que entram nas gavetas e cabides do guarda-roupa e as uso seguindo o modelo PEPS (Primeira que Entra, Primeira que Sai).

Curiosamente, anos depois descobri que esse é o modelo usado na rotação de estoque nas indústrias de alimentos, juntamente com o PVPS (Primeiro que Vence e Primeiro que Sai).

As vantagens de utilizar esses modelos de armazenamento são muitas, principalmente quando se trata da segurança de alimentos. Não é à toa que as normas de certificação têm esse como um dos requisitos a serem cumpridos. Como exemplo, cito o  esquema FSSC 22000:

2.5.10 Estocagem e armazenagem – Todas as Categorias

  1. a) A organização deve estabelecer, implementar e manter um procedimento e sistema de rotação de estoque especificado que inclua os princípios da PVPS em conjunto com os requisitos do PEPS.”

Esse tema já foi tratado algumas vezes aqui no blog Food Safety Brazil.

Quando se tem apenas um tipo de produto, a dificuldade é menor, se comparada a lugares onde existem incontáveis materiais. O PEPS e PVPS servem exatamente para facilitar a organização e uso desses materiais armazenados. Talvez o trabalho de armazenamento seja mais simples do que parece quando utilizamos esses modelos e a percepção de que são eficientes é notada quando não há reclamações de clientes relacionados à estocagem.  Organização é o ponto-chave para se conseguir um armazenamento e a rotação de estoque conforme o que é exigido. Isso leva tempo e necessita de espaço e muitas vezes estes recursos são limitados. Mas vale a pena por em prática, principalmente em locais onde ainda não é feito. Torna-se desafiador e os ganhos são enormes.

Todos nós que trabalhamos nas indústrias de alimentos já estamos carecas de saber que é necessário ter o mínimo de organização nos nossos armazéns, almoxarifados e depósitos de produtos acabados, pois de outra forma poderemos ter sérios problemas. Porém, até que ponto de fato isso é cumprido na prática?

Faço esse questionamento porque durante uma auditoria, foi questionado aos colaboradores de uma empresa na qual trabalhei, como eles faziam a rotação de estoque. Todos eles tinham a resposta na ponta da língua, mas não conseguiram provar e mesmo com todas as explicações não conseguiram convencer a auditora.

Fato é que na rotina diária de um serviço de alimentação ou nas indústrias de alimentos, o sistema PEPS e PVPS pode vir a falhar caso não haja uma real compreensão da importância que isso tem no Sistema de Gestão de Segurança de Alimentos, afinal de contas ninguém quer que um produto vencido chegue ao cliente por falhas de organização nos estoques. E infelizmente esse tipo de coisa ainda acontece atualmente exatamente por esse motivo: falhas no controle de armazenamento.

Existem formas para que o PEPS e o PVPS funcionem como o uso de etiquetas de identificação, controle em planilhas, marcações no piso, uso de empilhadeiras para movimentação de produtos, controle manual etc. Um ponto importante e que vale destacar é a responsabilidade e comprometimento das pessoas que estão envolvidas para que executem de forma que não haja falhas e, se caso houver, tenham possibilidade de corrigir.

Convido todos que estão lendo a fazer uma rápida reflexão sobre como andam os locais de armazenamento de produtos onde trabalham. Vocês já pensaram em tirar uns dias para acompanhar in loco como é feito, como é registrado, como é recebido e como é liberado cada material? Se ainda não fizeram isso, lanço esse desafio! Certamente a experiência de acompanhar presencialmente pode trazer ideias de como melhorar e pode se tornar futuramente uma prática que muitos não têm por falta de interesse ou de conhecimento.

José Gonçalves de Miranda Junior é tecnólogo agroindustrial de alimentos (Universidade do Estado do Pará) e auditor líder em FSSC 22000

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Saco plástico que pode ir ao forno é um risco à saúde?

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Em busca da praticidade dos consumidores, a indústria de alimentos e de embalagem investe no desenvolvimento de produtos que visam facilitar a rotina e alimentação no dia a dia. Dentro deste contexto, temos o saco plástico para assar que pode ir ao forno.

Alguns alimentos já vêm com este plástico, como por exemplo, aquele frango para assar e a proposta é justamente ir ao forno assim, embalado.

Recebemos uma dúvida de um leitor que pode ser a dúvida ou curiosidade de muitos: “Tenho uma grande dúvida sobre a utilização de sacos para assar (100% polyester): são saudáveis para utilização ou causam câncer?”.

Estes sacos plásticos são compostos por um material com tecnologia resistente a alta temperatura, chamado de plástico PET, que é um polímero formado pela reação entre o ácido tereftálico e o etileno glicol.

Consultando a RDC 56/2012 que apresenta a lista positiva (e restrições) das substâncias para elaboração de materiais plásticos em contato com alimentos, verificamos que ambas as substâncias possuem um limite de migração específica. Isso significa que são substâncias de interesse toxicológico particular e relevante e, portanto, não pode haver migração destes componentes para os alimentos acima dos valores estabelecidos:

Ácido tereftálico LME(T) = 7,5 mg/kg (expresso como ácido tereftálico)

Etilenoglicol LME(T) = 30 mg/kg (expresso como etilenoglicol)

Além disso, a regulamentação brasileira (RDC 105/99) também estabelece a avaliação da migração total, com limite máximo de 60 mg/kg (este valor foi alterado após a publicação da RDC 589/21 que passou a vigorar em 03/01/22).

São muitas as variáveis que podem influenciar no potencial de migração: tempo de contato, temperatura do processo, composição do material de embalagem e até as características do alimento (gorduroso, ácido, etc). Por isso temos regulamentos da Anvisa que estabelecem a necessidade de ensaios de migração, justamente para avaliar se nas condições de uso a migração não vai ultrapassar os limites considerados seguros para saúde humana.

Mas tomem cuidado. Existem práticas de consumidores que são muito arriscadas para a saúde. Um exemplo é o cozimento de arroz na garrafa PET. Outro exemplo é o pote de sorvete usado para guardar alimentos na geladeira ou freezer e que muitas vezes são colocados no forno de micro-ondas para aquecer ou descongelar alimentos. É muito importante seguir a instrução de uso recomendada na embalagem do produto! Não inventem moda, hein? Rs. 

Respondendo então ao nosso leitor: partindo do princípio de que o fabricante deste saco plástico segue a regulamentação da Anvisa e realiza os testes e ensaios de migração considerando a forma como a embalagem será usada e os grupos de alimentos que poderão ter contato com o material, e que os resultados são satisfatórios… Sim, é seguro utilizar este saco plástico para o preparo do alimento. Daí, existe também a responsabilidade das indústrias que fabricam este material em cumprir o que a lei estabelece como obrigatoriedade para proteger a saúde dos consumidores.

Imagem: foto de Karolina Grabowska no Pexels

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O que cada um de nós deseja para 2022 em relação à Segurança dos Alimentos?

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O ano de 2021 terminou e agora nasce em nós a esperança de um mundo melhor para a segurança de alimentos. Nessa vibe, falamos com vários colegas da área sobre o que eles desejam para 2022:

1 – “Desejo uma legislação unificada referente à rotulagem de alimentos, encontrar em uma única norma todos os requisitos estabelecidos por MAPA, Anvisa, Inmetro e Código de Defesa do Consumidor; uma legislação de alimentos unificada, tipo um Código de Alimentos do Brasil que contemplaria todas as categorias de alimentos e seus requisitos técnicos e os respectivos procedimentos de regularização.” Talita Andrade, colunista do blog Food Safety Brazil

2 – “Que a Segurança de Alimentos não seja entendida na organização como responsabilidade exclusiva do departamento de Qualidade, mas como responsabilidade de todos” Leonardo Markovic,colunista do blog Food Safety Brazil

3 – “Desejo que um dia os produtores de alimentos artesanais que não têm nenhuma consciência dos riscos que podem causar se não tiverem permanente controle dos seus processos acordem pela manhã e resolvam vender bonés e camisetas ao invés de queijo fresco e kombuchá.”  Juliane dias, colunista do blog Food Safety Brazil

4 – “Desejo que a área de segurança de alimentos receba investimentos públicos para a pesquisa científica nas universidades, para a formação e contratação de profissionais e para a  fiscalização de alimentos” Humberto Soares, revisor do blog Food Safety Brazil

5 – “Desejo treinamentos e palestras para pessoas leigas, consumidores comuns, sobre Segurança de Alimentos, para eles entenderem os conceitos básicos, os perigos, o que devem observar ao adquirir um alimento”  Regina Vannuci, auditora e consultora em Qualidade de alimentos, tradutora voluntária do blog Food Safety Brasil

6 –Desejo menos indignação e mais colaboração, que os profissionais de Segurança dos Alimentos sejam capazes de compreender, orientar e gerar propósito, antes de julgar pessoas e organizações pelo seu conjunto de regras” Cristian Roque, colunista do blog Food Safety Brazil

7 – “Desejo que as pessoas se preocupem em lavar as mãos para produzir um alimento, como se preocuparam por causa da covid-19.” Luiza Dutra, colunista do blog Food Safety

8 – “Desejo que setores relacionados e interligados nas empresas de forma geral –  porque muitas têm conseguido isso – desenvolvam uma visão de segurança de alimentos, implantando melhorias com essa mentalidade, avaliando riscos, gerindo pessoas” Aline Rezende, colunista do blog Food Safety Brazil

9 – “Desejo que as equipes de alta direção tenham mais consciência de segurança de alimentos nas definições de estratégias.” Fernanda Spinassi, colunista do blog Food Safety Brazil

10 – “Que os times operacionais estejam sempre de mente aberta para os controles que tanto nos ajudam a garantir os melhores produtos para os nossos consumidores” Fernanda Spinassi, colunista do blog Food Safety

11 – “Desejo que as equipes de Marketing e P&D também sintam este amor que sentimos pela Segurança dos alimentos” Fernanda Spinassi, colunista do blog Food Safety Brazil

12 – “Desejo uma norma SGSA unificada de verdade e aceita por todos stakeholders” Marco Tulio, colunista do blog Food Safety Brazil

13 – Espero ver que cada vez menos surjam organizações apresentando iniciativas para desenvolver uma Cultura de Segurança de Alimentos sem, entretanto, ter a consciência que o processo é longo e exige um profundo investimento em autoconhecimento” Cristian Roque, colunista do blog Food Safety Brazil

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As Novas Mudanças do GMP+FSA em 01/01/2022

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Ano novo, vida nova, mudanças… e para o GMP+ International, uma oportunidade de realizar uma nova atualização nas suas normas.

Quem acompanha o GMP+ FSA sabe que no dia 01/03/2021 houve uma grande mudança, que trouxemos com detalhes aqui. Nesta data o GMP+ passou a ter duas versões: a versão 2010 (esquema documental anterior a esta data) e versão 2020 (esquema documental novo). As empresas terão um período de 3 anos para passar a adotar a versão 2020. Mas neste ínterim, as duas versões estarão valendo.

 Nota:

O GMP+ FSA é um esquema de certificação que inclui diferentes normas, assim como o FSSC 22000. Há uma falha comum entre empresas certificadas GMP+ que apenas o documento base deve ser atendido.

Resumindo, esta nova versão do GMP+ altera não só o conteúdo da norma de forma significativa, como também altera a estrutura da documentação. Por exemplo: não existe mais um documento de referência para cada escopo, como o B2 para Production of Feed Materials ou B3 para Trade e Storage & Transshipment.

Segue abaixo a comparação dos esquemas de certificação GMP+ 2010 (como passou a ser chamado o grupo de todos os documentos anteriores) e o GMP+ 2020 (os novos documentos lançados em 01/03/2021).

 

Nota:

Neste post não tratarei sobre os documentos para laboratórios e os demais documentos do GMP+ (documentos A, C e D da versão 2010; documentos ‘Framework’, ‘Requirements Certification Bodies’ e ‘Support’ da versão 2020). Houve mudanças, porém, não cabem neste post. Posso falar à respeito no futuro caso interesse aos leitores.

Como comentei aqui, a transição para este novo esquema documental será gradual, sendo definido como prazo final 01/09/2024. Leia naquele post os detalhes sobre o período de implementação da nova norma. Até esta data, ambas as versões dos documentos estarão válidas e mais do que isso, poderão ser atualizadas. Ou seja, quem ainda será auditado na versão 2010 deve continuar alerta às constantes mudanças que o GMP+ International realiza em suas normas.

E foi justamente o que ocorreu em 01/01/2022. O GMP+ realizou alterações em ambas as versões da norma. Houve mudanças pontuais em alguns documentos e mudanças significativas em outros. E é sobre isso que este post irá tratar.

Segue resumo abaixo:

GMP+ 2010

Não sofreram alterações: BA 5, BA 6 e BA 13
Sofreram alterações pontuais: B2, B3, B4, BA 1, BA 3, BA 7, BA 10 e BA 13
Sofreram alterações significativas: B1, BA 2 e BA 4

 

GMP+ 2020

Não sofreram alterações: TS 1.3, TS 1.6 e TS 1.8
Sofreram alterações pontuais: R 1.0, TS 1.1, TS 1.2, TS 1.4, TS 1.5, TS 1.9 e TS 1.10
Sofreram alterações significativas: TS 1.7, TS 1.10 e TS 1.11
 

Nota:

Neste post não falarei sobre as alterações nos documentos da versão 2010, por 2 motivos:

         I.    O post ficaria muito extenso

        II.    O post ficaria muito repetitivo. As alterações foram as mesmas, seguindo a lógica deste novo modelo de documentos do GMP+ (ex.: se o TS 1.5 sofreu uma alteração pontual em um tópico, o BA 1 (documento equivalente na versão 2010) sofreu a mesma alteração).

Mais uma vez, peço para trazerem no comentário o ponto de vista de vocês, para que eu possa eventualmente criar um novo conteúdo para os leitores que se interessam em GMP+ FSA.

A) DOCUMENTOS COM ALTERAÇÕES PONTUAIS

–  R 1.0

Capítulo 4.3 – Determining the scope of the Feed Safety Management System
Aqui houve uma mudança muito interessante e solicitada há muito tempo pelo Brasil. Agora as empresas sob escopo Production of Feed Materials podem fazer a exclusão, conforme declarado: “it is possible to exclude activities, processes, products or services related to the Production, Trade, Storage and Transport of feed from the scope of GMP+ certification”. Em tradução livre para o nosso português: “é possível excluir atividades, processos, produtos ou serviços relacionados com a Produção, Trade, Armazenamento e Transporte de produtos para alimentação animal do âmbito da certificação GMP+”. Ou seja, uma empresa que produz farelo de soja dentro do GMP+, a partir de agora pode excluir do seu escopo a produção de casca de soja e óleo degomado, ou ainda a linha de embalamento de farelo, caso lhe convenha.

 

 –  TS 1.1

Capítulo 8 – Cross Contamination

Foram removidos 2 parágrafos com detalhes relacionados a carry-over. O sentido destas mudanças é tornar a norma mais limpa, já que estes requisitos já estão no documento TS 1.11 (BA 2 na versão anterior)

 

Capítulo 9 – Verification of Products and/or Services
Agora, ao inspecionar o compartimento de carga para recebimento / expedição de feeds*, o inspetor de carga deve avaliar se o transportador tem a correta certificação GMP+ (ou equivalente). Anteriormente, não era citada a possibilidade de incluir certificações equivalentes de transporte. Esta mudança ainda vem com um certo estranhamento deste que escreve. No meu entendimento, aqui o requisito deveria incluir não só a avaliação de que o transportador é certificado sobre norma GMP+ ou norma equivalente, mas também deveria incluir a opção de estar incluído no protocolo gatekeeper, o que já é previsto no documento TS 1.2 (BA 10 na versão anterior). É um dos inúmeros casos em que um documento GMP+ contradiz o que o outro documento diz.

* Importante: a soja para produção de farelo de soja não é um feed, mas sim um raw material (matéria-prima) dentro do GMP+. Porém, se essa soja é comercializada como feed, caso por exemplo de comercializar via trade para mercado internacional, aí sim ela adquire o status de feed, e requer por exemplo uma inspeção de compartimento de carga no recebimento em um terminal logístico certificado GMP+ FSA (Storage & Transshipment).

 –  TS 1.2

Capítulo 3 – Overview of GMP+ and Accepted Certificates

Alterações nas certificações equivalentes (parte do Mutual Recognition, um grupo de normas de Feed Safety reconhecidas entre elas, que inclui FAMI-QS, FCA, Ovocom, QS, Pastus +, entre outras). Um nova norma foi incluída nesta nova versão: CSA-GTP. É relevante apenas para quem adquire produto (feed) e serviço de companhias que possuem estas certificações equivalentes, o que é bastante incomum no mercado brasileiro.

 

Capítulo 3.7 – Purchase of Laboratory Service

Aqui temos mudanças relevantes para o mercado brasileiro. Nas versões anteriores, análise de Aflatoxina B1, Dioxina, Dioxin-like PCBs, Non-Dioxin-like PCBs, Metais Pesados (Cadmio, Arsênio, Chumbo e Mercúrio) e Flúor  devem ser realizadas em laboratório registrado GMP+ (Registered Laboratory). Nesta nova alteração entram neste rol de contaminantes os pesticidas.

 

Capítulo 4.3.2 – Purchase of unprocessed Grains, (Oil) Seeds and Legumes out of a collect chain

Removida a menção “(=exportador)” no campo condições específicas (Protocolo Gatekeeper Aquisição de grãos, sementes (oleaginosas), e leguminosas fora da cadeia de coleta).

Capítulo 4.4.2 – Purchase of inland waterway transport
Para qualificação de inspetores / auditores que realizam avaliações de barcaças adquiridas sob protocolo gatekeeper, permite-se certificação equivalente, além da certificação GMP+ prevista anteriormente.

–  TS 1.4

Capítulo 1 – Products not allowed to be used in feed
Remoção do produto “colágeno e gelatina oriundos de animais ruminantes” da lista de produtos proibidos (anexo IV, Cap. I, item b)

–  TS 1.5

C113 – Soma de toxinas T-2 e HT-2
Alteração de unidade de medida para mg/kg.

–  TS 1.9

Anexo III- Procedure for the release of Loading compartments after the transport of Forbidden Loads
Na ‘Opção B: Liberação por um inspetor de carga de uma Companhia Certificada GMP+’ houve mudanças no 2º tópico. Agora existem tópicos obrigatórios para o relatório de liberação de compartimento de carga pós carga proibida, inclui: identificação do comportamento de carga, data e horário da operação de limpeza, última carga proibida, etapas de limpeza, identificação do que foi limpo com sucesso: tanques (compartimentos), acessórios e componentes em contato com o produto, agentes de limpeza / desinfecção usados, temperatura da água, duração do processo de limpeza, testes realizados.

 

B) DOCUMENTOS COM ALTERAÇÕES SIGNIFICATIVAS

– TS 1.7

Capítulo 8 – Monitoring protocol of Oils and Fats as regards dioxin and dioxin like PCB’s

O protocolo voltado a análises de dioxinas em óleos e gorduras foi inteiramente modificado.

 

–  TS 1.10

Capítulo 1.4 – Mixing [agora ‘Mixing and Homogeneity’]
Além da mudança no título do capítulo, há algumas mudanças no conteúdo. Foi incluída a sentença “the certified company must ensure that feed ingredients are mixed uniformly into a feed and that homogeneity remains after mixing”, em português: “a companhia certificada deve garantir que os feed ingredients sejam misturados uniformemente no feed e que a homogeneidade permaneça após a mistura”. É um requisito aplicável para produtores de premixtures e compound feed. O conteúdo em sí não chega a ser novidade dentro do contexto do capítulo.
Além disso, para realização de teste de homogeneidade, é incluído o adendo “(= no primeiro uso)”. O que indica que este teste possui um caráter de validação dentro da norma.

 Capítulo 1.10 – Separation
Capítulo totalmente novo, porém seu conteúdo não é novidade dentro do contexto do GMP+. O novo capítulo diz: “The certified company must ensure that the non-GMP+ assured activities, processes, products or services do not have a negative impact on safety of the GMP+ assured feed. This must be supported by a HACCP analysis (…) and ensured by the FSMS”. Em tradução livre: “A companhia certificada deve garantir que as atividades, processos, produtos e serviços não assegurados GMP+ não tenham um impacto negativo nos feeds assegurados GMP+. Isto deve ser amparado pelo APPCC e garantido pelo Sistema de Gestão”. A norma aqui deixa claro que a exclusão de escopo — como comentei nas alterações do R 1.0 não pode causar contaminação do produto assegurado. Contextualizando, caso você seja uma empresa certificada “Production of Feed Material” e produz farelo de soja, e optou por excluir casca de soja do escopo, caso agregue esta casca no farelo de soja, deve garantir que esta seja segura, não levando contaminação ao produto assegurado GMP+ (o farelo). Outro exemplo: caso você seja um terminal logístico que armazene — em regime de poolfeeds assegurados (ex.: milho em grãos), pode receber produtos não assegurados, porém deve garantir que estes produtos não sejam armazenados junto ao milho assegurado.

 – TS 1.11

Com certeza essa foi a maior modificação de todas, começando pelo nome: “Control of Residue” mudou para “Control of residues & homogeneity of critical feed additives and veterinary medicinal products” (em português “Controle de residual & homogeneidade de feed additives e produtos médico-veterinários”).

O documento — aplicável para produtores de compound feed e premixture que utilizam certos feed additives e produtos médico-veterinários em sua formulação — foi basicamente refeito. Era até então o documento mais extenso, pois continha não apenas requisitos, mas um guia para realização de teste de homogeneidade e medição de carry-over. Agora, a promessa do GMP+ é levar este “guia” para um documento de suporte S 9.14 (“Methods for measuring carry-over & homogeneity of critical feed additives and veterinary medicinal products”), ainda não lançado.

  O GMP+ estabeleceu o prazo de 01/01/2023 para o atendimento a estes novos requisitos (seja na versão 2010 ou na versão 2020).

Se quiserem saber mais sobre GMP+ FSA, comentem abaixo. Perguntas também são bem-vindas!

7 min leituraAno novo, vida nova, mudanças… e para o GMP+ International, uma oportunidade de realizar uma nova atualização nas suas normas. Quem acompanha o GMP+ FSA sabe que no dia 01/03/2021 […]

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