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Entrevista Beach Park V: Cultura de Segurança de Alimentos

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O Food Safety Brazil teve a oportunidade de entrevistar a Gerente de Desenvolvimento de Alimentos e Bebidas do Beach Park, Luciana Adriano, e a Supervisora de Qualidade e Segurança de Alimentos, Maciella Gamma, que também é colunista do blog. O Beach Park é um complexo turístico à beira-mar, localizado em Aquiraz, Ceará, formado por parque aquático, hotéis e resorts. A empresa é uma das únicas do setor hoteleiro nacional a possuir certificação ISO 22000 em seu Sistema de Gestão e nos recebeu para uma entrevista antes do Workshop Food Safety na Prática.

A entrevista foi separada nos seguintes temas:

O assunto de hoje é a Cultura de Segurança de Alimentos.

FSB: Como é a rotina das visitas das nutricionistas às unidades?

Maciella: As nutricionistas e as auxiliares de nutrição são as responsáveis pelas visitas diárias, que são planejadas de acordo com uma escala. Eu divido as profissionais e mesclo, para que todos os dias elas estejam em um hotel diferente, sempre tentando cobrir tudo. O auxiliar da noite acompanha a produção de todos os restaurantes e PDVs deste horário e uma vez por mês nós chegamos na madrugada, de surpresa, para acompanhar as produções de café da manhã e coletar os alimentos da madrugada e mandar para o laboratório. Estamos aqui direto – de domingo a domingo.

FSB: É comum as empresas serem bem separadas: P&D é uma coisa, Qualidade é outra. Pela fala de vocês, parece que aqui não é bem assim. Quem cria algo aqui no Beach Park? É o chef?

Luciana: Antes era assim, mundos opostos. Era muito difícil, pois os chefs de cozinha viam as nutricionistas como inimigas: “não sabem cozinhar e ainda querem dar palpite”. Mas então a Diretoria, entendendo isso, resolveu juntar tudo, e colocar todos sob a mesma Gerência. Desta forma, hoje, os chefs de cozinha trabalham junto com o Desenvolvimento. O setor de Desenvolvimento tem um Chef Corporativo e um Consultor Gastronômico, uma nutricionista responsável pela Cozinha Escola e os profissionais de Serviços e Materiais, Utensílios e Equipamentos – e todos montam os novos cardápios juntos. Os chefs também participam, a cada 6 meses podem sugerir novas ideias.

beach park V

Na sua opinião, no início, qual ação foi relevante para fazer estas equipes trabalharem melhor juntas, além da mudança da percepção da Diretoria sobre o assunto?

Luciana: No início, havia muitas suspeitas de doença transmitida por alimentos (DTA) – principalmente na alta estação. A pessoa não podia ter uma dor de barriga no hotel que já se suspeitava de DTA, e isso assustava muito. Nós então fizemos um trabalho e vimos que a maior parte dos casos estava relacionada a crianças que engoliam água de piscina, insolação, doenças prévias – a maioria não estava relacionada à alimentação realmente. Quando fizemos este trabalho, e começou um trabalho mais intensivo no cuidado das piscinas, houve uma parte de conscientização e a nutricionista acompanhava todos os casos, fazendo a anamnese. Hoje é raro que tenhamos uma suspeita de DTA.

Maciella: Reforçando, nos treinamentos nós focamos muito a questão de eles serem funcionários do Beach Park, o que é um diferencial de mercado de trabalho incrível para cada um, pois são capazes de entender uma certificação internacional de qualidade. Focamos muito a autoestima deles. Na época da auditoria, eles são inclusive mais empolgados do que a gente, pois é o momento do seu show. Claro, temos colaboradores que dão mais trabalho, mas na sua grande maioria, principalmente os chefs, são muito envolvidos.

FSB: Então você acredita que quando reduziu o medo das DTAs, as equipes começaram a trabalhar mais em conjunto?

Luciana: Não, para mim quando aumentou este medo é que começaram a ficar mais preocupados! A gente também tem treinamentos com eles sobre a questão de alérgenos, pois é comum os hóspedes chegarem com esta demanda e é necessário ter conhecimento para dar um atendimento. Temos casos de clientes que pedem até para comprarmos as panelas para fazer a comida de seu filho.

FSB: E os alimentos tabus, como o ovo de gema mole?

Maciella: Pois é, temos um chef polonês no resort cujo grande sonho era servir este prato. As nutricionistas logo responderam com o preconceito normal. Porém, junto com ele, depois de muito convencimento por parte dele de que seria muito importante este produto, nós conseguimos validar este processo. Ele até apresentou o produto para a auditora da ISO e ela comeu! Foi até engraçado, “você vai comer o ovo Benedict!”, pois ele queria provar que daria certo. Fizemos vários testes e análises e hoje servimos pratos que, no passado, seriam tabus – por isso um dos diferenciais do Beach Park é a questão da mente aberta, porque tem o lado da gastronomia.

Luciana: Este é um caso que podemos controlar via temperatura, porém há alimentos que servimos que não usam cozimento, como o ceviche, o filé malpassado, o carpaccio.

FSB: E neste caso, vocês comunicam o risco aos clientes?

Luciana: Não, porque validamos todos os processos, até apresentamos na auditoria.

Maciella: Antes, o chef tinha intenção de servir certos pratos e a nutricionista barrava – até pedia para assinar um termo de responsabilidade. Com a aproximação das equipes, e a validação dos processos, foi possível servir estes pratos e isso ajudou a melhorar a relação entre as equipes também.

FSB: Como esses resultados chegam à Diretoria?

Luciana: Nas reuniões de análise crítica, nas quais mostro os resultados do sistema de maneira mais macro – com dois indicadores principais: o ISA e o BPM. O ISA tem meta 100% e engloba análise microbiológica, swab de mãos, de equipamentos, validade, rastreabilidade, reclamações de clientes, atestado de saúde ocupacional (aso) e todas as planilhas. O BPM é baseado no check-list de inspeção do setor, um retrato do momento, baseado no check-list da ANVISA, cuja meta é 85%.

Muitos setores já atingem os 100%, porém estamos chegando num nível crítico para conseguir melhorar este nível. No caso de reclamações de clientes, apenas as relacionadas à segurança de alimentos são computadas neste indicador, apesar de todas serem compiladas.

O ASO entrou porque era uma dificuldade manter todos os colaboradores com os exames em ordem. Antes, este indicador estava com a Medicina do Trabalho, mas agora entendemos que faz parte da Segurança de Alimentos – e agora todo mundo tem que correr, porque o ASO está relacionado ao bônus.

FSB: Qual é a periodicidade da sua reunião de análise crítica?

Luciana: No início era mensal, depois passou para trimestral e agora é apenas semestral ou conforme a necessidade. Por exemplo, tivemos uma no mês passado, mas como neste período houve a auditoria de recertificação, farei uma na sequência para mostrar os resultados da auditoria.

FSB: Além desta parte de comunicação formal com a Diretoria, como funciona a comunicação não-formal?

Luciana: Existe muito apoio da Diretoria e eles deixam bastante a decisão para nós.

Maciella: Também são pessoas muito acessíveis, é uma relação muito boa e tranquila. A empresa como um todo é muito envolvida. Gostaria que vocês tivessem visto: nos dias da auditoria, todo mundo ligando para cá, querendo saber a que horas iríamos a seu setor, foi uma coisa! Hoje não precisamos dizer “você tem que fazer o certo porque o Diretor mandou” – nós temos muita autonomia e respeito aqui.

Luciana: Mas no início tivemos que conquistar nosso espaço, não era bem assim, não.

FSB: Dentro de missão, visão e valores do parque, está expressa esta preocupação com a Segurança de Alimentos?

Maciella: Sim, até como falei no início, na integração dos colaboradores, uma das primeiras coisas que se apresenta a eles é a segurança acima de tudo. É muito reforçado que ninguém tem o direito de colocar a empresa em risco.

FSB: Já aconteceram incidentes de Segurança de Alimentos (desvios importantes, mas que não causaram surtos)?

Maciella: Já aconteceu de o auditor estar na cozinha e a câmara fria quebrar. Porém, o pessoal é tão engajado que já sabia que a temperatura estava errada, e estava pensando no que fazer com os produtos que estavam lá. Aconteceu comigo também de um container inteiro descongelar completamente. Nem me lembro do valor, mas descartamos tudo.

Estamos presentes em todo o evento que acontece que envolve alimentos e bebidas. Qualificamos o buffet, acompanhamos o recebimento a distribuição, etc. Certa vez, os alimentos não chegaram nas condições necessárias. Tivemos que barrar a entrada dos alimentos, e todo mundo apenas comeu castanha.  Tinha até a Ivete Sangallo no evento!

Eu já fui Gerente de A&B, então entendo o outro lado. Fico sempre entre a cruz e a espada: vou deixar o cliente sem comer? Mas também não posso matar o povo!

FSB: Como vocês medem a Cultura de Segurança de Alimentos?

Maciella: Isso ainda não é pontuado diretamente, mas aparece nos relatórios de visita. Há também o monitoramento das câmaras – por exemplo, pode-se observar se os colaboradores estão usando os EPIs corretamente.

Luciana: Tem uma coisa que eu falo muito para o pessoal do Desenvolvimento, que é mais novo: que tenham paciência, pois é cultural. Podemos ver que a Segurança de Alimentos está num nível muito mais avançado do que o Desenvolvimento, mas isso demorou muito para acontecer. Segurança de Alimentos tem 8 anos, Desenvolvimento apenas 2, então vai demorar um pouco.

FSB: O pessoal do Desenvolvimento faz avaliação de risco durante o desenvolvimento?

Luciana: É feito um pré-mapeamento pela equipe de Desenvolvimento, porém o responsável final é o QSA.

Maciella: Lembrando, como falei antes, que antes de ir ao Desenvolvimento, a nova matéria-prima ou fornecedor precisa ser avaliada pelo QSA, para saber se ela pode entrar no Beach Park. Um ingrediente/prato novo descoberto pelo Desenvolvimento é sempre mostrado antes para o QSA.

Luciana: Também, para que a gente não se enforque e tenha que fazer isso tudo prato por prato, nós agrupamos os produtos em grupos. Então, se o chef conseguir inserir o novo prato num grupo existente, é meio caminho andado. Por exemplo, no grupo chamado “alimentos de origem animal, servidos crus ou que recebem um tratamento térmico brando” entram o ceviche, o carpaccio, o filé ao ponto, o ovo com gema mole. São todos mapeados da mesma forma.

Veja também a entrevista com a Gerente de Food Safety do Copacabana Palace, aqui.

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Perguntas e Respostas – PGA_SIGSIF

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O MAPA, além de passar por uma bela repaginada em seu site, publicou um guia de perguntas e respostas sobre o novo sistema de registro de produtos de origem animal.

O guia tem a finalidade de divulgar os novos procedimentos para registro, renovação, alteração e cancelamento de registro de produtos de origem animal no Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal – DIPOA/SDA/MAPA, por estabelecimentos registrados (SIF) ou relacionados (ER) e por estabelecimentos estrangeiros (EE) habilitados a exportar para o Brasil.

Sabemos que estas novas regras foram instituídas após a publicação da Instrução Normativa n° 01 de 11 de Janeiro de 2017.

O documento é composto por 74 perguntas, divididas em 11 grandes grupos, além de contar com as formas de entrar em contato sobre os diversos temas tratados. 

Os grupos principais das questões são:

  • Registros anteriores à PGA-SIGSIF
  • Solicitação de acesso externo à PGA-SIGSIF- perfis de usuário da empresa
  • Solicitação de acesso externo à PGA-SIGSIF
  • Registro de Produto – Tipos de Solicitação de Registro
  • Registro de Produto – identificação do produto
  • Registro de Produto – Processo de fabricação
  • Registro de Produto – Composição
  • Registro de Produto – Rótulo, expressão e número de registro
  • Registro de Produto – Embalagens
  • Registro de Produto – Vinculação entre Embalagem e Rótulos
  • Registro de Produto – Arquivos Diversos

Para conferir todo o documento, basta clicar AQUI!

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Fraudes em alimentos: o consumidor pode se proteger?

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As recentes notícias a respeito da Operação Carne Fraca e seu desenrolar de consequências têm assustado – com razão – a população brasileira. O Brasil é o maior produtor mundial de carnes e um dos seus maiores consumidores: notícias que colocam em xeque a integridade da cadeia de carnes abalam quase todos os lares.

Há muito alarmismo e confusão no que está sendo divulgado. Pegos de surpresa, e/ou sem conhecimento da área, jornalistas e os próprios agentes da Polícia Federal parecem ter confundido algumas informações. Há agências misturando as acusações – como por exemplo, a BBC falando que a JBS e a BRF usava ácido ascórbico para “recuperar” carnes, acusação que recai na verdade sobre o Frigorífico Peccin. A respeito dessa desinformação e espalhamento de notícias confusas e falsas, sugiro ler a recente peça da nossa editora-chefe que aponta como distinguir notícias de boatos.

Boatos à parte, é fato que o consumidor está desconfiado. Sendo o elo mais fraco desta cadeia, é muito difícil que ele consiga se proteger de fraudes em alimentos – afinal, a cada nova operação contra fraudes descobrimos que os métodos empregados são bastante sofisticados. Quem frauda sabe como o alimento será inspecionado, e busca formas de passar ileso por esta inspeção.

Desta forma, é bastante complicado fazer recomendações que de fato evitem o consumo de alimentos fraudados – uma busca rápida pela internet (de preferência em inglês, pois é tema amplamente discutido lá fora) mostra que a maioria das medidas sugeridas são direcionadas à indústria. Técnicas de Food Defense para proteção interna da cadeia de alimentos já foram tratadas pelo blog Food Safety Brazil aqui, aqui, aqui.

Para o consumidor, além de confiar na proteção das Agências de Inspeção de Alimentos, há poucas recomendações. Quando a fraude abala a confiança nestas agências – como é o caso atual – ele fica bem desamparado.

Contudo, há sim algumas recomendações a serem feitas. Elas são medidas de contenção de risco e não de eliminação: isso significa que REDUZEM o risco de consumir alimentos fraudados, mas não ELIMINAM o risco.

Vamos a elas.

Medidas para Consumidores: como se proteger de fraudes em alimentos (ou reduzir a sua exposição ao risco)

O Instituto de Proteção e Defesa de Alimentos, da Universidade de Minnesota, lista em um infográfico as medidas:

  1. Compre de marcas e fornecedores com boa reputação: alegando que uma marca não gastaria em marketing para na sequência abalar a sua reputação com uma fraude;
  2. Leia os rótulos dos alimentos que você compra: entender o que compõe um produto faz com que o consumidor se habitue com seus ingredientes e possa detectar erros. Da mesma forma, muitas vezes evita que se considere “fraude” aquilo que está previsto na legislação daquela categoria de produtos;
  3. Seja cético em relação a preços que são muito bons para serem verdade: alimentos têm um custo de ingredientes, produção e distribuição que é razoavelmente parecido na cadeia. Apesar de que grandes empresas têm acesso a economia de escala, ela normalmente não é tão grande a ponto de tornar a diferença de preços entre produtos completamente díspar. (Desconfiar de preços muitos baixos é um bom conselho tanto para consumidores, quanto para compradores industriais?);
  4. Quando possível, compre seus alimentos de cadeias curtas e visíveis: seguindo o conselho deste artigo, de que quanto mais longa é a cadeia, mais vulnerável ela é. Além disso, quando possível, compre os alimentos de produtores com quem se possa falar.
  5. Compre alimentos da forma mais minimamente processada: quanto mais processado o produto, mais complexa a cadeia e maiores as chances de fraude.

Você pode baixar o infográfico aqui.

A opinião a favor de compra local e de produtos menos processados é compartilhada pelo The Guardian. Ler os rótulos e atuar em prol da autenticidade dos produtos são as medidas que The Food Rush argumenta.

Uma Associação de Consumidores da Nova Zelândia lista ainda outras ações para identificar quando um produto pode não ser genuíno:

  1. Rotulagem não clara
  2. Logos de certificação que parecem terem sido inventados
  3. Um cheiro ou odor suspeito (citando o caso dos pinolis contaminados na China com uma variedade não comestível – cuja detecção se deu pelo sabor amargo).

Lembro aos leitores que fraudes em alimentos não são regalias brasileiras, nem a nossa cultura é responsável pelos piores casos entre elas. O clima de “o Brasil não tem esperança” não faz sentido se você acompanha as notícias internacionais a respeito. A história da fraude em alimentos tampouco é nova: há evidências de que o vinho já era adulterado na época do Império Romano.

Já escrevemos aqui sobre os 10 piores escândalos mundiais de segurança de alimentos até 2013 (50% eram fraudes) e o escândalo da carne de cavalo e da carne suína em alimentos Halal no Reino Unido.  Carnes, um dos alimentos básicos mais caros, está também no topo da lista da fraude internacional.

A cadeia de alimentos brasileira como um todo, da qual o estimado leitor e estimada leitora fazem parte (no mínimo como consumidores), é bem estruturada e está em constante melhoria. Da mesma forma, os métodos de inspeção que previnem que tais fraudes cheguem ao mercado só se aprimoram.

Portanto, esfrie a cabeça, pare de compartilhar memes e selecione sua fonte de leitura. Há muito que ser desdobrado das operações da Carne Fraca e esperamos mais esclarecimento nas próximas semanas.


Quer se aprofundar sobre o assunto? A University of Michigan, através da Food Fraud Initiative, oferece duas vezes por ano um curso online gratuito a respeito. Fique ligado para as novas datas em que ele será oferecido.

Webinar Food Safety Brazil - Fraudes - Humberto

Na próxima semana, o Food Safety Brazil vai realizar um webinar gratuito a respeito. Para acessar, é só usar este link.  Se você tem dúvidas que gostaria de ver respondidas ao vivo, deixe aqui nos comentários.

Teremos um chat ativo e você poderá participar fazendo login com a sua conta do Gmail.

Quero ver todos os leitores presentes!

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Livro sobre aflatoxinas em alimentos: avanços recentes

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Para cada análise de perigos que faço, busco informações atualizadas em diversas fontes.  Realizando pesquisas na internet, descobri este interessante livro sobre aflatoxinas em alimentos. Sabemos que as micotoxinas são importantes muito além do “mundo do amendoim”, mas nem sempre encontramos muitos dados, não é mesmo?  Tendo isso em mente, recomendo a leitura deste livro para quem busca informações sobre aflatoxinas:

Aflatoxins – Recent Advances and Future Prospects

O acesso é gratuito ao texto integral. Destaco aqui alguns capítulos:

  • Occurrence of Aflatoxins in Food

Sabe aquela revisão geral, com as estatísticas “de tudo um pouco”? Lá estão dados sobre oleaginosas, cereais, especiarias, produtos lácteos, produtos de origem animal.

  • Recent Trends in Microbiological Decontamination of Aflatoxins in Foodstuffs

Cientistas brasileiros estudaram a influência do ácido láctico produzido por bactérias  na descontaminação de fermentados e tiveram resultados animadores.

  • Aflatoxin in Fish Flour from the Amazon Region

É outro capítulo brasileiríssimo e alerta para a necessidade de cuidados no aproveitamento das farinhas secas de pescados.

No total, o livro contém cinco seções e 17 capítulos, destacando os recentes avanços na pesquisa de aflatoxinas, da epidemiologia à genética molecular. São apresentadas medidas de controle, abordagens de biocontrole, técnicas analíticas modernas, preocupações econômicas e os mecanismos subjacentes aos processos de contaminação.

Vale a leitura! Até a próxima.

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Entrevista com colunista João Paulo Ferreira: “Novos desafios vão exigir novas habilidades”

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O Blog Food Safety Brazil é composto por um time de profissionais de peso, espalhados por vários pontos do Brasil, comprometidos em multiplicar conhecimento. João Paulo Ferreira é um deles e no mês de seu aniversário fizemos uma entrevista com ele, para que você, leitor, possa conhecê-lo mais.

João Paulo é engenheiro de alimentos especialista em Gestão da Qualidade e Engenharia da Produção Industrial pelo Instituto de Pós Graduação – IPOG, especialista Green Belt Lean Six Sigma, mentor e palestrante.

Com doze anos de experiência no chão de fábrica, acredita que os processos se desenvolvem quando as pessoas saem da zona de conforto. Como coach, hoje João trabalha com pessoas, desenvolvendo suas competências e habilidades. Atua na implantação e manutenção de certificações de Qualidade e Segurança de Alimentos em indústrias.

Com um espírito aventureiro, João ama viajar. Com destino, sem destino, no Brasil ou fora dele, nosso colunista adora colecionar momentos. Queijos, café, vinhos e interação com amigos também são paixões do nosso colunista.

Confira abaixo a entrevista com João Paulo Ferreira.

Thaine Oliveira Gomes – Na sua opinião, qual o maior desafio que as indústrias de alimentos têm na hora de aliar qualidade e produtividade? 

João Paulo: Ainda encontramos uma grande disputa de egos na indústria de alimentos quando falamos de Qualidade e Produção (Food Safety e Produtividade), porém hoje as empresas competitivas estão claramente aliando a qualidade com a produtividade, no mesmo grau e nível de importância. Isso significa levar em conta o produto, analisando-o sob todos os aspectos de produtividade e qualidade. Estamos diante de uma sincronia de estratégias, não garantindo somente a satisfação dos clientes como também a sobrevivência e competitividade da indústria no mercado.

Uma boa gestão da qualidade promove um alto nível de produtividade. E estrategicamente a competitividade é obtida por uma produção enxuta e otimizada: obtenções de produtos sem defeitos, redução de custos de produção, diminuição de movimentações, redução de set ups, redução de perdas e custos de operação, aprimoramento de métodos e testes de inspeção, otimização do tempo de produção, definição de manutenções preventivas, eliminação de retrabalhos, reprocessos e outras tomadas de decisão necessárias para concretizar a gestão.

O grande desafio das indústrias dentro de um cenário competitivo é a capacidade de integrar, de forma harmônica e sistêmica, processos, tecnologia e pessoas. O primeiro passo é compreender as necessidades atuais e futuras para surpreender e exceder as expectativas do cliente e concorrentes.  Em paralelo, devemos ter líderes que estimulem um ambiente colaborativo no qual todos sintam-se envolvidos e motivados com os objetivos e propósitos da indústria. A indústria deve atentar que ela é resultado da ação de pessoas, o seu capital humano. Os resultados são facilmente alcançados quando há essa interação de processos com pessoas, identificando, compreendendo e gerenciando para o atendimento dos requisitos de qualidade e competitividade da organização. A organização deve focar na mútua relação de processos e pessoas visando uma interação de contínuo crescimento e aprendizado, uma real parceria que agregue valor às indústrias.

Juliane Dias: Como coach, quais são as maiores angústias dos profissionais que o procuram? 

João Paulo: Hoje, muitas pessoas, empresas e executivos têm buscado cada vez mais o processo de coaching como forma de desenvolver indivíduos, solucionar ou diminuir problemas. Alguns desses profissionais sabem onde querem chegar, mas não têm foco e disciplina para alcançar um objetivo. Mas é importante destacar que quando falamos em coaching estamos falando em uma metodologia que tem como objetivo ajudar uma pessoa ou grupo de pessoas a realizarem uma mudança da maneira que ela quer e em direção ao objetivo que ela quiser. O coach não pode interferir no processo do seu cliente, ele será um catalisador para dar velocidade e energia nas transformações ensinando as pessoas a extraírem lições certas de suas experiências e aprendizados.

Posso listar, porém, diversas angústias ou pontos de melhoria buscados por vários clientes junto aos profissionais coach:

– Prospecção e desenvolvimento de cargos de liderança; grandes projetos à vista; mudanças de carreira; primeiro emprego ou demissão; rompimento de limites pessoais; procrastinação; conquista de melhor qualidade de vida; desenvolvimento de habilidades de comunicação, negociação e delegação; aumento da satisfação e oportunidades de carreira; ter um melhor planejamento estratégico e resolução de problemas; empresas que buscam desenvolver times de alto desempenho e desenvolver efetividade no trabalho em equipe.

Exemplo: Você pode possuir um ótimo currículo e ter uma vasta experiência profissional. Porém, não tem jeito, se você mudar de cargo, de empresa ou ter novas exigências no mercado de trabalho, você precisará trabalhar novas habilidades e competências, e ter novas atitudes. Às vezes, um suporte externo é necessário para trilhar o caminho com mais confiança. E o coach ajuda os profissionais a refletirem e a fazer mudanças de forma mais rápida, eficaz e menos dolorosa. Então: novos desafios vão exigir habilidades que não necessariamente você já possui. É para trabalhar esse tipo de dilema que muitos profissionais buscam um coach.

Humberto Cunha: Sei que você já viajou para outros países. É natural nessas viagens nos aventurarmos por novas experiências gastronômicas em restaurantes ou quiosques. Poderia citar em quais deles você percebeu maiores cuidados nas boas práticas de fabricação e quais não davam tanta atenção para este quesito?  

João Paulo: Realmente amo viajar e para mim uma das formas mais interessantes de conhecer novos lugares e diferentes culturas é simplesmente parar num quiosque e explorar sua rica culinária. Minha lista de atividades torna-se mais divertida. Beber e comer enquanto entendo um pouco mais sobre os novos lugares para mim é fascinante. As comidas de rua mostram a verdadeira história de um país ou de uma cidade. Pedir por um prato inusitado e fora de seu dia a dia passa a ser uma grande aventura e, para alguns, um desafio. Afinal, nem todos tem estômago, por exemplo, pra comer gafanhotos. Poderia aqui listar alguns lugares, porém destaco que a comida de rua na Europa não tem esse grau tão crítico de qualidade que eles tanto nos cobram quanto à comida de rua de países como o Canadá e os Estados Unidos, nos quais encontrei severos controles de qualidade. Parece ser realmente cultural. A Europa quer preservar e cultivar os hábitos culinários herdados dos seus ascendentes.

Minha maior experiência gastronômica foi em Berlim. Durante minha passagem por lá me virei somente à base de salsichas, joelho de porco e muitas cervejas. Por todos os lados você encontra diversos tipos de salsichas com diferentes tipos de molhos. Vou ser sincero, esse molhos me davam medo de comer, eu não via grandes controles… mas eu queria experimentar todos! Cada um apresentava uma cor e sabor singular! Esse é um dos pratos mais comuns de você ver pelas ruas de Berlim. É, basicamente, salsicha cortada e temperada com ketchup, curry e muitas batatas. Essa mesma experiência culinária é muito fácil de ser notada quando você está passeando por Viena, Roma, Paris e Amsterdã e Budapeste. Então: quando viajo minha preferência são as comidas de rua, quase nunca paro em fast foods. Você pode comer tranquilo, sem pressa, saboreando enquanto interage com as pessoas e curtindo o lugar. E ainda custam pouco e permitem um contato com a cultura local. Minha dica: experimente tudo!!

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Aplicando a semiologia veterinária na Inspeção Ante-Mortem de Aves

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Se você fosse o veterinário responsável de um abatedouro de frangos e estivesse executando a inspeção ante-mortem numa ave com essa sintomatologia (torcicolo) qual seria sua conduta? Será que se trata de uma doença de notificação obrigatória do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) como a Doença de NewCastle ou Marek? Sabe-se que um dos objetivos da inspeção ante-mortem é detectar doenças de difícil constatação no exame post-mortem (carcaças e vísceras) e também notificar o Serviço de Defesa Sanitária Animal em caso de doenças que justifiquem isso (já falamos um pouco aqui sobre a importância da inspeção ante-mortem.)

O caso da foto é real e aconteceu em um certo abatedouro-frigorífico de frangos. Ele foi tratado como uma lesão cervical originada pela má conduta do colaborador da apanha no galpão. Como descobrimos? Ao avaliar mais aves do mesmo lote, durante a inspeção Ante-Mortem, constatou-se que somente esta ave apresentava tal sintomatologia, isto é, o torcicolo. Se tivéssemos uma doença viral circulante, como Marek ou NewCastle, outras aves do mesmo lote estariam com sintomas semelhantes ou sugestivos para as doenças suspeitas. Uma questão não só semiológica, mas epidemiológica. Portanto, o diagnóstico presuntivo foi torcicolo por lesão física (apanha), o animal foi para abate imediato e a empresa respondeu RNC (Relatório de Não Conformidade) por falha de Bem Estar Animal.

A semiologia é a parte da medicina que estuda os métodos de exame clínico, pesquisa os sintomas e os interpreta, reunindo, desta forma, os elementos necessários para construir o diagnóstico e presumir a evolução da enfermidade. Agora você entende a aplicabilidade dos conceitos semiológicos vinculados à área da Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Pública?

Abaixo, seguem fotos de frangos acometidos por Doença de Marek  e NewCastle para fins comparativos.

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Torcicolo causado pela Doença de Marek / Dr. Jaime Ruiz
newcastle
Torcicolo causado pela Doença de NewCastle / Cornell University

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Registro de Produtos de Origem Animal – PGA_SIGSIF

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No post anterior expliquei os procedimentos para o primeiro acesso e o cadastro de demais usuários para acessarem o novo sistema do MAPA.

É importante frisar que este sistema é para os novos produtos, necessitem eles de aprovação ou não. O sistema antigo do MAPA continuará operante, pois os rótulos que sua empresa possui já aprovados não migrarão automaticamente. Os mesmos continuarão valendo até o prazo final da sua vigência, que é de 10 anos, conforme Artigo 834 do RIISPOA e Artigo 11 da IN º 1/2017.

Vamos aos procedimentos para registro de produtos:

1 – REGISTRANDO PRODUTOS

Você irá acessar o sistema, com o mesmo login e senha já criados para você:

http://sistemasweb.agricultura.gov.br/pages/PGA-SIGSIF.html

Na sequência, siga os passos: Processo > Registro de Produtos > Consultar / Solicitação de registro de produtos. Abrirá uma tela na qual poderá ser realizada uma consulta de processo que já tenha inserido ou registar o produto, conforme imagem abaixo.

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Após clicar em “Novo”, você será direcionado para uma janela que irá alimentar com os dados do seu produto. O primeiro campo “Informativo da solicitação / Produto registrado” já virá preenchido automaticamente pelo sistema.

Em seguida, no campo de “Identificação do estabelecimento solicitante”, clique na lupa para selecionar o “tipo do Estabelecimento”, e logo abrirá uma tela, onde:

1º Selecione o tipo de estabelecimento (Nacional ou Estrangeiro);

2º Selecione o âmbito de inspeção (SIF, ER ou EE “estabelecimento estrangeiro”);

3º Em “Nº Controle/Registro do Estabelecimento” já irá aparecer sobre os que você possui acesso;

4º Selecione o estabelecimento no qual você deseja incluir novo rótulo; e

5º Clique em “incluir”.

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Após, você deverá começar a preencher os “Dados de registro do produto”, conforme cada aba:

1º – Denominação de venda: A denominação de venda do produto deve corresponder àquela definida especificamente na legislação que regulamenta o produto ou, no caso de produtos sem regulamentação, é a que reflita o produto e conforme já definido anteriormente pelo DIPOA. É importante lembrar que a denominação de venda do produto não deve ser confundida com a padronização de nomenclatura.

2º – Processo: Número gerado pelo próprio sistema;

3º – Área: Deverá solicitar a área da sua empresa (Carnes e derivados, Leite e derivados, Pescados e derivados, Ovos e derivados ou Mel e derivados);

4º – Produto padronizado: Deve ser preenchido de acordo com a consulta, clicando na lupa ao lado.

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Após clicar na lupa do item 4º, abrirá uma janela para consulta do produto de acordo com a área que você selecionou no item 3. Você deve selecionar o tipo de categoria conforme lista que irá aparecer. Em seguida, clicar em consultar, ou caso prefira, pode digitar o nome em produto padronizado e o sistema fará uma busca pelo nome.

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Quando clicar em consultar, aparecerá uma lista com o nome de todos os produtos que já possuem RTIQ definido. Você irá identificar o produto, selecionar, em seguida mandará inserir.

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Após fazer a inclusão, você retornará à tela com as seguintes informações:

Os itens 5º Produto regulamentado, 6º Categoria do produto, 7º Processo tecnológico de produto, 8º Característica dos produtos, 9º Formas de conservação do produto e 10º Unidade de medida, estarão preenchidos automaticamente pelo sistema para os produtos com RTIQ existente.

O item 11º Forma de obtenção, é exclusivo para pescados onde deverá informar se é “Cultivo/Captura”.

No item 12º Finalidade do produto, deverá ser informado se é “Comestível” ou “Não comestível”.

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Após esses campos, logo abaixo terá uma tabela com atributos específicos. Essa tabela NÃO é de preenchimento obrigatório, e se o seu produto não possuir nenhum atributo específico deverá ser preenchido como “NÃO SE APLICA”. Para incluir o atributo, basta dar um clique duplo sobre o mesmo.

É importante salientar que, caso haja necessidade de identificação de qualidade e características/situações diferenciadas dos produtos conforme previsto em legislação específica, está vinculada a disponibilidade de anexar arquivos diversos, os quais não são obrigatórios, A MENOS QUE HAJA necessidade de comprovação documental a fim de evitar infração ao Artigo 801 do RIISPOA, item 3.1 da IN n° 22/2005 e artigo 31 do CDC (Lei n° 8078/90) ou que sejam exigidos em legislação específica, como preveem os incisos V, VI e VIII do artigo 7º da IN n°1/2017.

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Seguindo, abaixo terá o campo sobre “Dados da espécie”, que está preenchido pelo sistema. E também existe a opção de nova espécie, conforme natureza/composição do produto.

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Após, deverá preencher o campo sobre “Comercialização”, onde terá opção de “mercado interno” (a) ou “mercado externo” (b) que deve ser usada para identificar produtos que serão registrados conforme legislação do país de destino, conforme artigo Art. 836 do RIISPOA (Alterado pelo Decreto n° 8681/2016).

No caso do “mercado externo” é necessário indicar ao menos uma opção, que pode ser “Mercado Comum” ou “Países”.

O termo “Exportação DIPOA” é para produtos “Lista Geral”.

Qualquer que seja sua situação, para selecionar basta apenas dar um “clique duplo” sobre a opção. Em seguida, clicar em “continuar preenchimento” (c).

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Parece que acabou? Não! A tela abrirá mais informações que necessitam ser preenchidas!

A próxima etapa é informar a composição, na qual será necessário incluir os ingredientes clicando em “novo”.

Na tela que abrirá será necessário informar:

1º Tipo de ingrediente: aditivo, aroma artificial, aroma idêntico ao natural, natural, MIX ou único;

2º Nome do ingrediente: Clicar na lupa para pesquisar e selecionar o nome do ingrediente, aparecerá um resultado de pesquisa, onde deverá ser selecionado só então clicar em “incluir”.

3º Quantidade: em números;

4º Unidade de medida: massa (kg, mg…) ou volume (L, ml,…);

5º Porcentagem: será calculado pelo sistema.

NOTA: Esse procedimento você irá repetindo até adicionar todos os seus ingredientes, aditivos e mix.

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Após adicionadas as informações de composição completa, você retornará à tela anterior e irá clicar em “continuar preenchimento”.

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Após “continuar preenchimento”, abrirá o campo para inserir o Processo de Fabricação, onde deverá descrever controle de qualidade e processo de fabricação, bem como, informações de qualidade ou detalhes de interesse dos ingredientes da composição.

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Mais abaixo terá o campo “Rótulo cadastrado”, e você deverá clicar em “novo”, para fazer a inclusão. Em seguida deverá preencher:

1º – Marca do produto;

2º – Número de registro do produto – é um sequencial numérico de 4 algarismo informado pelo solicitante;

3º – Data de início e término – são preenchidas automaticamente pelo sistema;

4º – Procurar – você deverá enviar o arquivo digital do rótulo. O Sistema não aceita pastas compactadas, assim, deve ser anexado um único arquivo com todas as imagens das variações dos rótulos. As extensões aceitas pelo sistema são .DOC, .DOCX, .PDF, .XLS, .XLSX, .ODF, .JPG, .PNG, e o limite de tamanho máximo é de 5 Mb.

Por fim, o rótulo adicionado irá aparecer na lista anexa mais abaixo, e só precisa confirmar!

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Na sequência, deverá incluir as informações das embalagens, onde deverá clicar em “novo”. Abrirá uma janela onde deverá indicar:

1 – Categoria da embalagem – primeira ou secundária;

2 – Tipo de embalagem;

3 – Quantidade de produto acondicionado por embalagem;

4 – Quantidade;

5 – Unidade de medida para quantidade informada;

6 – Confirmar a inclusão das informações.

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Após, você preencherá o campo “vinculação com embalagem e rótulo”, onde é necessário associar cada rótulo ativo a uma ou mais embalagens ativas, a fim de se identificar qual rótulo será usado com qual embalagem, visto que podem ser cadastradas várias embalagens por registro e mais de um rótulo por processo.

ATENÇÃO: Esta etapa não é opcional, assim a solicitação não será gravada, pois deve haver ao menos um rótulo, com status ativo, vinculado a uma embalagem com status ativa.

Por fim, você deverá gravar a solicitação:

1 – Salvar rascunho: a solicitação fica salva para posterior edições;

2 – Salvar e enviar: No caso do produto regulamentado, o registro será concedido automaticamente. Caso não esteja regulamentado, será direcionado para análise;

3 – Cancelar: a solicitação não é salva.

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Espero mais uma vez ter ajudado neste novo processo. Sabemos que tudo que é novo pode causar um pouco de estranheza, mas nada que a prática não direcione à perfeição.

Para ajudar, o MAPA lançou o manual que traz informações mais detalhadas de como realizar os registros, alterações em registros realizados, cancelamentos e muitos outros. Confira AQUI.

Se tiverem dúvidas, podem deixar nos comentários.

7 min leituraNo post anterior expliquei os procedimentos para o primeiro acesso e o cadastro de demais usuários para acessarem o novo sistema do MAPA. É importante frisar que este sistema é […]

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Segurança Alimentar x Segurança de Alimentos: ainda existem dúvidas nestes termos?

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Muito já se falou sobre as diferenças entre Segurança de Alimentos e Segurança Alimentar. Num primeiro instante, elas parecem ter o mesmo significado, mas seus conceitos são bem distintos. Hoje em dia, ainda nos deparamos com situações de confusão entre estes termos, às vezes pelos próprios profissionais da área de alimentação ou por informações publicitárias equivocadas. Esta semana, uma publicação nas redes sociais de network, referente à descrição de uma vaga de trabalho, me chamou a atenção. Ela continha uma informação que exemplificou de forma bem clara esta confusão, feita em geral por pessoas que trabalham em indústrias de alimentos, mas em setores de apoio e que não estão no mesmo contexto. A informação descrevia que o candidato deveria possuir conhecimento de Segurança Alimentar em FSSC 22000.

A expressão “Segurança de Alimentos” vem do inglês “Food Safety”, que significa a prática de medidas que permitem o controle de qualquer agente que, em contato com o alimento, promova risco à saúde do consumidor ou coloque em risco a sua integridade física, ou seja, é a garantia de qualidade do produto desde o campo até a mesa do consumidor.

Vale relembrarmos aqui que estes agentes popularmente conhecidos como contaminações, podem ser do tipo físico (insetos ou fragmentos de insetos, pedras, madeira, plásticos flexíveis ou rígidos, vidros, metais), químico (resíduos de limpeza, sanitização, metais pesados, agrotóxicos) ou biológico (microrganismos patógenos).

As indústrias devem estar comprometidas com a implantação de um sistema higiênico-sanitário adequado, tendo Manual de Boas Práticas, conforme disposto pela RDC n° 275 de 21 de outubro de 2002. Os funcionários devem estar treinados nos procedimentos operacionais de boas práticas de fabricação com foco na importância destes para a segurança do produto e consumidor. A cultura de Segurança de Alimentos deve ser disseminada claramente entre os colaboradores, sendo sempre apoiada pela alta direção das empresas.

Já a Segurança Alimentar vem do inglês “Food Security” e refere-se à implantação de projetos em níveis nacional e internacional que assegurem aos cidadãos acesso a alimentos com qualidade nutricional e quantidade apropriados a uma vida saudável e ativa. Este conceito nasceu após as devastações causadas pela Segunda Guerra Mundial, a qual deixou vários países destruídos e sem condições de cultivo dos próprios alimentos. Um informe do Palácio do Planalto comunicou que, segundo dados da ONU, o Brasil reduziu em 82,1% o número de pessoas subalimentadas no período de 2002 a 2014, comparado com as cinco nações mais populosas do mundo. Um outro relatório recente emitido pela FAO, recomenda medidas adicionais para que a meta de acabar com a fome no mundo até 2030 seja atingida, principalmente no que se refere à exploração de recursos naturais.

Esclarecemos para você? Comente sobre o assunto.

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Restaurante japonês gerencia riscos para alérgicos em serviço compartilhado

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Recentemente estive com um grupo de amigos em um restaurante de uma cadeia internacional de comida japonesa. 

Por ser um conceito diferente de preparo da refeição, o estabelecimento requer hora marcada e tem um tempo máximo de permanência.

Até aqui, apesar de ser uma novidade para mim, estava “ok”. Chegamos ao local e fomos recebidos pela recepcionista que ia nos direcionar para a mesa reservada.

E foi aí que fiquei positivamente surpresa. A “Srta. Renata” (nome fictício para garantir a privacidade da profissional) nos abordou com a seguinte pergunta:

– Algum de vocês tem algum tipo de alergia?

Neste momento me senti em câmera lenta… Meus pensamentos vagaram entre “Nossa… esta é a primeira vez que ouço esta pergunta em um restaurante” e “Se eu disser que sou alérgica, o que será que ela faz?”.

A Srta Renata tinha um pequeno formulário em mãos. Ela o preencheu antes de nos deslocarmos, e lá havia campos para o preenchimento de sim / não para a pergunta inicial e também para que tipo de alergia (em caso de resposta positiva). Um formulário simples e reduzido que ficou disponível próximo ao local de preparo da refeição 100% do tempo em que os “quitutes” estavam sendo preparados.

Na ocasião, estávamos em um grupo de 4 pessoas que iria se acomodar em uma mesa de 8 lugares, ou seja, a mesa seria dividida com um grupo do qual não tínhamos conhecimento de hábitos ou restrições.

Considerando que o cardápio é composto de diversos pratos com molho de soja (shoyo), frutos do mar e/ou ovos, as possibilidades de receberem pessoas alérgicas eram enormes. Aproveitei, então, para exercitar alguns questionamentos sobre como seria se um de nós fosse alérgico a algum item.

Especificamente neste estabelecimento, o procedimento é: caso seja declarado por algum cliente que possui restrição alérgica a algum item, esta informação fica disponível no formulário na mesa próximo ao local de preparo.

A limpeza da superfície de preparo é realizada com solução de limpeza e antes de dispor os ingredientes na superfície aquecida, é realizado um processo que se poderia definir como “entretenimento”. É colocado fogo na superfície e são feitos alguns malabarismos para divertir a clientela. Um processo que, além da diversão, proporciona uma determinada higienização a quente no equipamento.

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Neste momento os pedidos já foram feitos e os ingredientes serão dispostos para o preparo.

Caso alguém seja alérgico a algum ingrediente, a refeição “especial” é preparada antes das demais e somente após o prato ser servido é dado início ao preparo dos demais pratos escolhidos pela população da mesa.

É perceptível que a indústria de alimentos caminha a uma velocidade superior quando pensamos na segurança de alimentos, mas esta surpresa me fez pensar que os restaurantes estão começando a se destacar neste assunto também.

Além de uma lembrança agradável do encontro com os amigos, este momento vai ficar “marcado a fogo” na minha memória como uma experiência profissional interessante.

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Dicas para não espalhar o terror sobre alimentos

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Imagino que você já tenha recebido várias notícias falsas e ou sensacionalistas sobre segurança de alimentos. Aqui mesmo no blog já tratamos deste assunto em Sensacionalismo x Realidade: quem vence nas mídias sociais? e mostramos um placar de 34.951 compartilhamentos para uma notícia sensacionalista (uma consumidora afirmando ter encontrado um rato dentro de uma lata de refrigerante) contra 175 correspondentes ao esclarecimento de que se tratava de um fungo, postado pela mesma consumidora.

A disseminação de informação inverídica é um fenômeno social e existe desde os primórdios da vida em sociedade.

Psicólogos explicam que boatos são usados por quem está numa posição de poder com a intenção de manipular a opinião de grupos. Alguns boatos são armados com o intuito de promover interesses de seus mentores. Estes boatos são “plantados” com frequência na política, na vida de famosos e nas relações econômicas e sociais.

Numa rede social, porém, o “poder” da oportunidade de se manifestar é de qualquer um capaz de se conectar e o esforço é a digitação de poucas teclas.

As consequências das notícias falsas podem ser nefastas. Neste blog não iremos falar de pessoas espancadas até a morte, das que se divorciaram ou nem querem mais sair de casa, mas sim daqueles que trabalham com alimentos e que tiveram seus negócios, empregos ou reputação abalados por causa de informações falsas nas mídias sociais.

A lista de farsas é bem grande e, apesar de diversificadas, talvez sigam um padrão de informação. Alguns exemplos de categorias:

– Alimentos que causaram câncer, como os aquecidos em micro-ondas, creme de avelã, macarrão instantâneo.

– Alimentos que possuem substâncias ou bactérias (de nomes inventados) que causam “danos terríveis à saúde”: ácido erúcico (do óleo de canola), fenofinol e voliteral (refrigerante de uva), Sacarovictus Coccus Cevabacillus do limão no copo de cerveja.

– Contaminações das mais diversas: Laranjas contaminadas com HIV,  feijão tansmitindo doença de chagas, plástico que seria parte da formulação de margarina.

– Larvas: feijão,  molho de tomate, frango.

– Deseducativos, como ensinar a cozinhar arroz em garrafa PET ou a retirar agrotóxicos de alimentos.

Infelizmente as estatísticas sobre notícias, vídeos e “alertas” propagados pelo WhatsApp não podem ser estudadas por parte dos usuários, mas por senso comum sabemos que são bastante virais. Foi o caso da notícia da morte de uma criança que ingeriu achocolatado envenenado. O crime não teve qualquer relação com a empresa, porém esta foi bastante difamada e com direito até a áudio noticiando a internação de um número crescente de vítimas que consumiram o mesmo produto e que todos evitassem a bebida. Uma criança até morreu, mas o resto foi alarme falso.

Há experimentos que evidenciam que as pessoas compartilham e comentam notícias no Facebook antes de lê-las. Um jornalista brasileiro especializado na cobertura de assuntos tecnológicos e científicos realizou um teste mostrando que pelo menos 10% das pessoas comentaram uma manchete sem ao menos ter clicado no conteúdo. Isso foi fácil de perceber, pois o link era uma “pegadinha” e não levava à matéria alguma, mas mesmo assim houve leitor que se dispôs a escrever um comentário de 10 mil toques dissertando sobre o assunto.

Uma pesquisa da Universidade de Warwick, na Inglaterra, analisou como 330 rumores se espalharam pelo Twitter. Descobriram que enquanto uma notícia verdadeira costuma demorar 2 horas para ser confirmada como tal, uma falsa leva 14 horas para ser desmentida; e que uma mentira tem, em média, mais compartilhamentos e curtidas do que uma verdade.

A mesma universidade também concluiu que cerca de 50% dos seres humanos tem propensão a acreditar em informações fictícias.

Essa avalanche de desinformação e contradição preocupa os grandes líderes das redes sociais. O criador do Facebook anunciou que a empresa irá adotar novas medidas para apertar o cerco contra a disseminação de conteúdo sensacionalista na plataforma. De concreto, o empresário anunciou que foram feitas mudanças no algoritmo do Facebook para tentar reduzir o alcance do sensacionalismo.

O Google está testando o Fact Check, para que os usuários da Internet possam ter mais respaldo sobre as informações que recebem, mas ele ainda não está disponível para os usuários brasileiros.

Como desconfiar se um conteúdo é mentira:

A notícia ataca uma marca em particular? “Estudos demonstram que (nome de uma marca) faz mal à saúde”. Dificilmente um trabalho científico é focado em marcas. Geralmente, nos estudos científicos, as marcas não são reveladas e pesquisam-se diversas marcas para estudar o efeito de uma determinada categoria de produto. Pode ser um ataque de concorrentes.

Há muitos erros de redação? Este é um mau sinal.

A notícia é antiga? Muitos trotes são “requentados” e há quem, intencionalmente, os recoloquem em circulação.

Está chocante demais para parecer verdade? Realmente pode não ser verdade!

Favorece demasiadamente uma marca ou traz muitos adjetivos como por exemplo “cura”, “elimina completamente”…Não repasse, deve ser falso. 

Fazendo a sua parte

Pode ser que os critérios acima sejam atendidos (ou não), e o desejo de compartilhar uma notícia tão interessante e sensacionalista esteja incontrolável. O leitor pratica, então, o “encaminhei sem conferir” ou o “na dúvida, achei melhor compartilhar”.

Só que para economizar um minuto de sua vida conferindo a notícia, este encaminhamento poderá consumir muito, muito tempo da vida alheia, além de espalhar algo deseducativo, contribuir para o desgaste de uma reputação ou até gerar perdas de empregos. Assim, recomendações importantes são:

Confira a fonte: há páginas que por sua proposta de concepção, só divulgam notícias satíricas. OK para compartilhar uma piada ou material irônico para reflexão, mas nunca como uma verdade. Você pode cruzar a informação e ver se aparece em outras páginas. Se nem tiver fonte, não confie.  Há também sites dedicados exclusivamente a pesquisar e confirmar (ou não) os boatos espalhados nas redes.

Filtro ligado nos vídeos caseiros: consumidores leigos, no desejo de divulgar sua insatisfação, como por exemplo uma aparência atípica num alimento, podem dar a sua versão dos fatos,  embasada em seus sentimentos momentâneos e experiência de vida e não necessariamente em informação técnica e científica. A expressão “não compre nunca mais esta marca”, “estou fazendo isso para alertar a todos do perigo que corremos” pode ser apenas uma manifestação de frustração, não um fato. Fora que às vezes uma contaminação “parece mas não é” e por falta de conhecimento o broto de uma semente pode se transformar em uma larva aos olhos leigos.

Retorne à fonte citada em estudos científicos, já que os boateiros profissionais conectam nomes de credibilidade como a mentira. Por exemplo, podem ter citado uma universidade que fez uma pesquisa e vale conferir no site da própria. Às vezes, existem tanto a Universidade como os cientistas citados, só não existe a tal pesquisa. 

Sinalize notícias falsas. Não tenha vergonha de sinalizar para um colega que lhe enviou a notícia que ela é falsa para que demais não espalhem. Lembre-se do velho ditado: “quem avisa amigo é”. E no caso você estará sendo amigo de muita gente!

Avise que encaminhou uma notícia falsa. Se você passou uma informação falsa (acontece) sinta-se responsável por enviar uma mensagem para sua rede explicando que se equivocou ou acabou tendo acesso a fatos melhor apurados.

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