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Anvisa aprova propostas de regulamentação da rotulagem da lactose

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Por votação unânime, a Diretoria Colegiada da Anvisa aprovou hoje, 31/01/17, as propostas de regulamentação da rotulagem da lactose, que foram apresentadas neste post. Assim, os rótulos de todos os alimentos e bebidas industrializadas no país terão que apresentar, em até dois anos, alertas sobre a presença de lactose na composição dos produtos.

Os prazos indicados nas propostas começam a correr apenas após a publicação das resoluções no diário oficial. Vale destacar que os Diretores Fernando Garcia Neto, relator do processo, Renato Porto, José Carlos Moutinho e o presidente Jarbas Barbosa, que participaram do debate sobre a regulamentação de alergênicos, relataram a experiência adquirida naquele processo e destacaram o papel da Anvisa de garantir clareza nos rótulos de modo que o consumidor possa compreender o conteúdo dos produtos e, assim, fazer as suas escolhas com segurança. 

Em julho de 2016, o governo sancionou a lei que obrigava a inserção do alerta nas embalagens, mas faltava regulamentar como isso seria feito. Pela nova norma, haverá três tipos de alerta, dependendo da quantidade de lactose contida no alimento. Produtos com teor de lactose superior a 100 mg/100 g ou 100 ml devem apresentar, abaixo da lista de ingredientes, a inscrição “contém lactose”. Já os que tiverem quantidade menor do que 100 mg/100 g deverão conter a indicação “isento de lactose” ou variações como:  “0% lactose”, “sem lactose” ou “não contém lactose”.

Haverá ainda um terceiro alerta, válido para a indústria de alimentos para dietas especiais ou com restrição de lactose. Neste caso, o produto poderá apresentar a informação “baixo em lactose” ou “baixo teor de lactose”, desde que a quantidade da substância seja correspondente a 100 mg ou até 1 g por 100 g.

A lei aprovada em julho passado tinha previsão para entrar em vigor ainda neste mês, mas com a nova regulamentação, o consumidor só deverá encontrar a mudança nas embalagens em 2019. Segundo a Anvisa, o novo prazo atende à reivindicação da indústria de alimentos e de seus fornecedores, que alegam custo elevado para a mudança e curto prazo para adaptação.

Fontes: Anvisa e Uol

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PPR disponível e novo escopo para FSSC 22000: Armazenamento e Distribuição

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A Foundation, proprietária do esquema de certificação em segurança de alimentos FSSC 22000, anunciou neste mês de janeiro de 2017, que a especificação técnica para o programa de pré-requisitos (PPR) em segurança de alimentos para o setor de armazenamento e distribuição foi publicada (norma NEN-NTA 8059). A Versão 4 do esquema FSSC 22000, que comentamos aqui neste artigo, já inclui a expansão do escopo para certificação das organizações ativas na cadeia produtiva de alimentos, que prestam serviços nas áreas de transporte rodoviário, ferroviário, fluvial, marítimo e aéreo, e armazenamento. Com o PPR devidamente publicado, as empresas do setor de armazenamento e distribuição já podem realizar a implementação e buscar a certificação.

Durante a fase de elaboração da especificação técnica deste PPR de armazenamento e distribuição, a FSSC liderou um grupo de trabalho multidisciplinar para avaliar os comentários realizados durante os 30 dias em que a consulta pública ao primeiro esboço do PPR esteve aberta. O resultado de auditorias-piloto conduzidas na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia também foi incorporado ao documento final. Diversos comentários úteis foram fornecidos na consulta pública, o que ajudou o grupo de trabalho a tornar os requisitos do PPR mais claros e mais facilmente auditáveis.

A melhor notícia é que a especificação técnica está disponível para download gratuito no site do NEN (Instituto Holandês de Normatização), mediante cadastro. Clique aqui para acessar o site.

Você pode também consultar mais informações sobre armazenamento e distribuição diretamente no site da FSSC, clicando aqui.

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Vítima de choque anafilático, médico morre após consumir camarão

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Cleber Volpato, 30 anos, médico que trabalhava no Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Maringá, no Paraná, morreu após consumir camarão.
Segundo a notícia, o Dr. Cleber passou mal após comer camarão e, após sofrer diversas paradas cardíacas, não resistiu e faleceu. 

“De acordo com o médico Reinaldo de Souza (CRM-PR 25568), que atende alergia e imunologia, provavelmente, seu colega Cleber Volpato foi vítima de choque anafilático”.

O blog Food Safety Brazil já compilou notícias sobre outras vítimas fatais no exterior e no Brasil, bem como impactos de alergias crônicas em alimentos.

Mais informações em: http://www.obemdito.com.br/regiao/reacao-alergica-grave-a-camarao-provoca-morte-de-medico-do-samu-que/8681/

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Entrevista Beach Park II: Treinamento de colaboradores

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O Food Safety Brazil teve a oportunidade de entrevistar a Gerente de Desenvolvimento de Alimentos e Bebidas do Beach Park, Luciana Adriano, e a Supervisora de Qualidade e Segurança de Alimentos, Maciella Gamma, que também é colunista do blog. O Beach Park é um complexo turístico à beira-mar, localizado em Aquiraz, Ceará, formado por parque aquático, hotéis e resorts. A empresa é uma das únicas do setor hoteleiro nacional a possuir certificação ISO 22000 em seu Sistema de Gestão e nos recebeu para uma entrevista antes do Workshop Food Safety na Prática.

A entrevista foi separada nos seguintes temas:

Veja também a entrevista com a Gerente de Food Safety do Copacabana Palace, aqui.

Como é o processo de treinamento de novos colaboradores?

Maciella: Temos uma cozinha escola, pela qual todo funcionário de A&B que entra no Beach Park passa, antes de ir ao setor – em uma semana de integração. Tem 2 dias do RH, no qual são passados os procedimentos do Beach Park, missão, visão, valores, conduta, enfim: tudo o que ele precisa saber da empresa. Os 3 dias seguintes são na cozinha escola, na qual há uma nutricionista que fica o dia inteiro dando treinamento em segurança de alimentos, teórico e prático. Por exemplo, ela ensina verbalmente como higieniza o hortifrutigranjeiro, e depois eles vão para a pia para fazer o procedimento. Eles são avaliados na parte teórica via prova escrita, e na parte prática, via check-list prático. Se ele não passar nestas avaliações, ele não vai para o setor – volta novamente para treinado, por mais uma semana. O novo colaborador só é liberado quando temos certeza de que ele está fazendo tudo direitinho.

Mais um exemplo: quando a nutricionista finaliza um módulo de recebimento e armazenamento, há uma prática simulando um recebimento. No meio a gente coloca uma latinha avariada, um produto vencido, observa se eles estão atentos a isso, se estão registrando na planilha também. Por isso que existe o check-list prático: a nutricionista e a auxiliar de nutrição deixam os novos colaboradores à vontade e ficam apenas observando.

Luciana: Fora o uso para segurança de alimentos, a cozinha escola também é usada para gastronomia, pois também temos uma certificação em gastronomia básica. É uma escola que não para!

Estas duas pessoas então trabalham apenas com treinamentos de novos entrantes?

Maciella: Nestes três dias sim, mas nos outros dias fazem visitas aos setores e outras tarefas.

Que materiais vocês usam?

Maciella: Vídeo-aulas, cartilhas bem didáticas, toda em desenho (Qualidade em Quadrinhos). Temos todos os módulos e os plastificamos. Nos treinamentos, temos um momento de ler a cartilha e promovemos a discussão, no final de cada cartilha tem exercícios, são bem legais.

Se acontece alguma falha prática, o colaborador volta para a escola?

Maciella: Pode acontecer. Se nas visitas for detectada alguma falha que seja comprometedora, o colaborador tem que ser reencaminhando para a cozinha escola, comunicamos o gerente, já aconteceram demissões por questões como essa… o setor de Qualidade e Segurança de Alimentos é muito atuante e todos os gestores são nossos parceiros.

E sobre os treinamentos periódicos?

Maciella: Nós consideramos que os treinamentos têm validade de 2 anos, que é a mesma validade da certificação da empresa. Após os 2 anos, o colaborador vai novamente para a cozinha-escola e passa pelo mesmo processo.

Esta parte de treinamento é algo muito fixo na cabeça dos nossos colaboradores, pois as visitas das nutricionistas têm foco educativo. As falhas que são percebidas são apontadas na hora, o gestor já é comunicado e há registros disso. Toda visita tem um relatório e a Diretoria fica ciente das falhas que estão acontecendo, ou se está bem. As visitas acontecem todos os dias, de domingo a domingo, e duram 4 horas – todo dia em restaurantes diferente.

De que outra forma vocês comunicam os procedimentos para os colaboradores?

Luciana: Nós temos procedimentos operacionais bem visuais que ficam à disposição dos colaboradores, de forma impressa, ao lado de onde será executada esta tarefa – na parede.

Ninguém consegue passar uma RDC para os colaboradores – precisamos buscar uma forma mais didática. No início quem fazia isso para nós era o Marketing, mas com o volume de procedimentos nós adquirimos o Corel e fazemos por aqui mesmo.

A Gastronomia também usa procedimentos de preparação e montagem de pratos. Estes procedimentos são posteriormente auditados pelo Cliente Oculto – que faz pedidos para o room service, de forma aleatória, mensalmente, para conferir o serviço: tempo de atendimento, postura, adequação do uniforme, etc.

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Anvisa vai decidir sobre a regulamentação da rotulagem de lactose

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Finda a consulta pública noticiada e após a devida avaliação das contribuições, a Diretoria Colegiada da Anvisa irá decidir na reunião do próximo dia 31 de janeiro. A fim de apresentar à Diretoria quais as mudanças realizadas na proposta de regulamentação, a Gerência Geral de Alimentos – GGALI preparou relatórios referente à consulta pública 255/15 e à 256/15, que tiveram, respectivamente, 93 e 46 pessoas contribuindo com sugestões (os relatórios podem ser acessados aqui e aqui).

Se a proposta de regulamentação resultante da consulta pública 255/15 for aprovada sem alterações, a declaração da presença de lactose será obrigatória “nos alimentos, incluindo bebidas, ingredientes, aditivos  alimentares  e  coadjuvantes  de  tecnologia, que contenham  lactose  em  quantidade  maior  do  que 100 (cem) miligramas por 100 (cem) gramas ou mililitros do alimento tal como exposto à venda”.

Vale registrar que, atendendo a uma demanda do setor produtivo, a proposta que segue para avaliação da Diretoria Colegiada aumentou o limite da lactose de 10 miligramas para 100 miligramas por 100 gramas ou mililitros de alimento. Esta mudança resultaria em uma redução dos “desafios analíticos a serem enfrentados para fiscalização da resolução” e estaria amparada na experiência internacional.

A declaração da presença da lactose deverá se dar nos mesmos moldes que exige a RDC 26/15, que trata da rotulagem de alergênicos, de modo que se garanta, ao consumidor, o acesso “a informações de rotulagem claras, simples e precisas sobre a presença de lactose nos alimentos”. Consta do relatório apresentado pela GGALI, que “os esclarecimentos referentes a ordem de declaração destas informações serão fornecidos em instrumentos regulatórios complementares, como Guias ou Perguntas e Respostas, a fim de evitar uma possível confusão na interpretação do regulamento”.

Esta proposta trouxe um prazo diferenciado para os produtos destinados exclusivamente ao processamento industrial ou aos serviços de alimentação (de 12 meses a contar da publicação da resolução) e para aqueles destinados ao consumidor final (prazo de 12 (doze) meses, contados a partir da entrada em vigor da resolução).

Em relação aos alimentos para dietas com restrição de lactose, a proposta objeto da consulta pública 256/15, que modificará a Portaria SVS/MS nº 29, de 1998, prevê que os alimentos livres de lactose serão aqueles “especialmente processados ou elaborados para eliminar ou reduzir o conteúdo de lactose” e que tiverem menos de 100 (cem) miligramas de lactose por 100 (cem) gramas ou mililitros do alimento pronto para o consumo. Aqui, também houve mudança no limite, seguindo a mesma premissa adotada para a mudança indicada na proposta acima.

De acordo com a mesma proposta, os alimentos com baixo teor de lactose serão os “alimentos para dietas com restrição de lactose que contêm quantidade de lactose maior que 100 (cem) miligramas por 100 (cem) gramas ou mililitros e igual ou menor do que 1 (um) grama por 100 (cem) gramas ou mililitros do alimento pronto para o consumo”.

Pela proposta, esta resolução entraria em vigor após decorridos 24 meses de sua publicação, prazo que teria considerado, à luz do relatório, “a necessidade de escoamento das embalagens e a capacidade laboratorial para incorporação das metodologias analíticas para detecção e quantificação da lactose”.

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Legislações de BPF

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Atendendo aos pedidos dos leitores, compilamos algumas legislações de BPF aplicáveis em alguns Estados e na Federação, além de algumas destinadas a segmentos específicos, para auxiliar nas buscas sobre o tema. Aproveitem:

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Guia de controle de Listeria monocytogenes em alimentos prontos para consumo em consulta pública pelo FDA

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O FDA publicou este mês um guia de 85 páginas sobre controle de Listeria monocytogenes em alimentos prontos para consumo. O material encontra-se em consulta pública até 17/07/2017. Este é mais um de tantos frutos do FSMA, movimento de modernização da legislação americana de segurança dos alimentos, que valoriza controles preventivos baseados em risco.

Com ênfase na prevenção, o guia apresenta controles relacionados a pessoal, projeto, construção e operação da fábrica, projeto e manutenção de equipamentos, sanitização, armazenamento e transporte. Inclui também orientações para uma formulação que iniba o crescimento da bactéria durante a vida útil, como por exemplo: o uso de conservantes e acidificantes, bem como estratégias para realizar o monitoramento microbiológico do ambiente.

Vamos nos lembrar de algumas características e fatos sobre este patógeno?

  • Tem origem ambiental, ou seja, é um microrganismo “onipresente”;
  • É capaz de se multiplicar em ambientes refrigerados;
  • A população de risco são idosos, mulheres grávidas (por causa dos abortos causados) e imunocomprometidos;
  • A mortalidade é a mais alta entre os infectados quando comparada a qualquer outra bactéria (~20%, enquanto Salmonella é 1%);
  • Má competidora, é inibida pela presença de outros microrganismos, sejam os intencionalmente adicionados (como Lactobacillus em fermentação), seja por contaminantes (como coliformes) ou flora naturalmente presente;
  • Devido à má competição, os alimentos prontos para consumo, geralmente já cozidos, oferecem uma oportunidade particular para este patógeno se multiplicar, mesmo refrigerados;
  • Ela pode permanecer muitos anos viável num ambiente em locais como condensadores de câmaras frias, falhas no piso e paredes, ralos e partes de difícil acesso de equipamentos;
  • Alimentos com histórico de ocorrência são queijos frescos com alto teor de gordura e água, crustáceos cozidos, frutos do mar defumados, saladas, sanduíches, frutas e vegetais picados, sorvetes.

Para baixar o guia, acesse a página do FDA.

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Segurança dos Alimentos e Cannabis: fabricantes criam normas próprias enquanto as leis não chegam

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Com mais e mais estados votando para legalizar a cannabis, a maconha legal é uma das indústrias de mais rápido crescimento nos Estados Unidos. As vendas legais nacionais da cannabis em 2015 levantaram-se a $ 5.7 bilhões, sendo em 2014 já $ 4.6 bilhões. As projeções para o futuro são brilhantes: até 2020 as vendas legais do mercado devem superar os $ 22 bilhões.

No entanto, uma vez que o governo federal não reconhece a cannabis como legal, a indústria não tem uma estrutura comum ou normas federais para a segurança alimentar. Comparado com outras indústrias, como produtos farmacêuticos e alimentos, a indústria de cannabis está faltando normas federais vitais, deixando as empresas a intensificar por conta própria.

Cada estado que permite a cannabis legal oferece regulamentos especiais que a indústria de cannabis deve seguir, deixando um patchwork de regulamentos que variam em cada jurisdição. Em estados como o Colorado, leis foram escritas que aplicam as normas do departamento de saúde do estado ou permitem a aplicação cidade por cidade das normas locais. Em outros estados, processos de leis de alimentos ou drogas são aplicados, mas muitas vezes não estão conectados de maneira significativa ou prática.

Nesse contexto, as empresas que produzem e vendem produtos infundidos com maconha têm um desafio considerável à frente deles, se quiserem garantir que seus produtos são seguros para os consumidores e, no processo, manter a confiança dos consumidores.

Legislação e legalidade flexíveis

Não surpreendentemente, há desafios para a maconha que não são encontrados em outras indústrias. Talvez o obstáculo mais óbvio seja o estatuto federal da folha medicamente significativa: Cannabis está atualmente listada como um narcótico ao lado de heroína e LSD, enquanto a Agência de Controle de Drogas dos EUA considera os opióides como oxycodone mais seguro e permite distribuição generalizada. No momento em que este texto foi escrito, apenas 25 estados legalizaram a maconha para fins medicinais, e apenas quatro estados legalizaram a substância para uso adulto (cannabis recreativo). Por esta razão, a regulamentação da maconha por agências federais como a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA é inexistente, tornando difícil para a indústria estabelecer um conjunto abrangente e viável de diretrizes. E enquanto a FDA “está ciente de que há um interesse considerável no uso de [cannabis] para tentar tratar uma série de condições médicas”, segundo seu site, [2] a agência ainda não considera a cannabis como uma droga segura e eficaz, deixando assim um vácuo para supervisão e orientação sobre segurança e produção.

Semelhante aos problemas encontrados devido ao estatuto legal da cannabis são aqueles causados por práticas de testes da indústria. As normas presentes na indústria de alimentos não estão em vigor na indústria de cannabis. Embora a legislação imponha o teste, os laboratórios operam com diferentes equipamentos, normas e métodos de teste, e tendem a manter seus métodos secretos, impedindo que os produtores possam realizar uma auditoria de terceiros para validar processos e materiais, como é feito em alimentos e medicamentos.

Com estes dois desafios em mente, não surpreende que as regulamentações relativas à indústria de cannabis são muitas vezes confusas e impraticáveis. A ausência de normas e práticas coesas em relação à potência e pureza levou a indústria a inovar e criar práticas que imitam outras indústrias estabelecidas, mas não são suficientes.

Como evidenciado em todo o país, o movimento em direção a uma indústria de cannabis segura e bem regulamentada tem sido incompleta. No Colorado, por exemplo, os fabricantes devem cumprir com as práticas gerais de saúde e saneamento do estado, que incluem treinamento de saneamento obrigatório, semelhante ao treinamento oferecido aos envolvidos na indústria de alimentos. Embora seja útil para manter uma instalação limpa, modelar o programa de treinamento após o da indústria de alimentos torna-o inadequado, pois não aborda questões específicas de cannabis como a potência, os efeitos da cozedura ou outros métodos de produção e as quantidades de tetrahidrocannabinol (THC) dos produtos.

Portanto, sem normas sólidas e orientações a seguir, as empresas são muitas vezes deixadas a classificar por si próprias, resultando em interpretações vagas das regras existentes de outras indústrias. Felizmente, muitas empresas estão liderando o caminho para sair dessa confusão e optar por implementar normas de segurança alimentar e Boas Práticas de Fabricação (BPFs).

Líderes da indústria criam seus próprias normas

Se as empresas são deixadas para se defenderem, então o que exatamente os líderes da indústria estão fazendo para se tornarem compatíveis com o governo federal e cumprir as diretrizes de segurança alimentar? Em geral, as empresas de cannabis consideram a segurança dos consumidores a sua principal prioridade. No entanto, se eles não aderem a qualquer tipo de diretrizes de segurança alimentar, além da possível perda de confiança dos consumidores, as implicações são semelhantes aos da indústria alimentar. Para a produção de comestíveis, uma empresa de cannabis deve estabelecer testes para biocontaminantes e patógenos que espelham as normas para a produção de alimentos. Se uma empresa encontrasse um problema potencial de contaminação, então a destruição do produto ou a realização de um recall seria necessário. No entanto, novamente, não há nenhuma orientação federal, e assim as empresas e os estados são deixados implementando níveis variáveis de monitoramento, relatórios e procedimentos para lidar com tal incidente.

Em suma, eles estão elaborando e implementando seus próprias normas elevadas em segurança alimentar e programas de conformidade. Embora isso varie de empresa para empresa, as maiores empresas estão intensificando as exigências federais, como BPFs e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (HACCP), mesmo antes exigido por lei. As mais avançadas estão contratando gerentes, auditores e consultores experientes em BPF e HACCP para estabelecer melhores práticas que imitam aqueles em indústrias paralelas.

Como as empresas de cannabis podem tornar a segurança alimentar uma prioridade

As empresas que procuram aderir ao movimento progressista em direção a uma indústria de cannabis mais segura devem implementar um punhado de táticas imediatamente. Em primeiro lugar, elas devem se concentrar na aplicação de normas da indústria alimentar. As empresas devem estar cientes do efeito das bactérias em seus produtos e fazer perguntas, incluindo: A refrigeração é necessária para evitar a contaminação? As mercadorias estão sendo armazenadas corretamente e os consumidores estão recebendo instruções detalhadas de armazenamento? Por último: as instalações são limpas? Estas são perguntas simples para pedir no papel, mas algumas empresas lutam para respondê-las, mesmo que a implementação de normas da indústria alimentar seja uma das coisas mais básicas que uma empresa pode fazer para melhorar a segurança de seus produtos.

As empresas de cannabis preocupadas com a segurança também precisam garantir uma dosagem adequada. Embora a legislação varie em estados, nenhum estado neste momento exige que as empresas testem a consistência dos lotes em cada fase do processo de produção. No entanto, esta etapa é essencial se uma empresa quer garantir a dosagem adequada em cada bem que produz. Os métodos de cozedura e os processos de produção podem alterar substancialmente a dosagem pretendida de um produto, de modo que a quantidade resultante de cannabis no produto possa ser completamente diferente do que foi planejado.

Embora seja fácil direcionar a culpa aos reguladores, essas lacunas nos mandatos podem ser abordadas frontalmente e, em alguns casos, resolvidas pela indústria de cannabis. Tudo o que é necessário é ação progressiva. Em vez de esperar que os regulamentos de segurança alimentar sejam aplicados à indústria da cannabis, as empresas podem implementar as suas próprias. Serem rigorosas com a dosagem dos produtos. Teste cada lote para garantir a dosagem adequada. Mantenha sua empresa nos normas da indústria de alimentos. Contratar gestores experientes em BPF e HACCP.

É impossível ignorar o crescimento da indústria de cannabis nos últimos anos. Conforme demonstrado por números de mercado e novos produtos, a indústria tem visto um influxo de interesse dos consumidores, bem como a prosperidade econômica durante a sua meteórica ascensão para se tornar a terceira indústria de crescimento mais rápido nos Estados Unidos. No entanto, com este crescimento vem a necessidade de segurança de alimentos e acessibilidade. Como um item pode atender aos normas da indústria quando não há indústria regulada federalmente? Além disso, como as empresas devem se adaptar quando as leis são postas em prática? Para algumas empresas, a falta de estrutura coerente é um prejuízo para a expansão e, finalmente, resulta em falha

Fontes

1. Arcview Market Research;
2. FDA.

 

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GFSI premiará pequenas empresas certificadas no Global Markets

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O GFSI (Global Food Safety Initiative) anunciou a criação da primeira edição do prêmio “Global Markets Programme Award”, a ser contemplado durante a próxima conferência global de segurança de alimentos em Houston (Estados Unidos), entre os dias 28 de fevereiro e 02 de março de 2017.

A ferramenta Global Markets Programme foi lançada pelo GFSI como forma de auxiliar pequenas e médias empresas com negócios locais em seus países, que não possuem nenhum sistema de segurança de alimentos ou que ainda estejam em fase inicial de seu desenvolvimento, a “abraçarem o desafio” da segurança de alimentos, melhorando suas práticas e ao mesmo tempo, auxiliando no controle dos perigos e redução de riscos na cadeia produtiva de alimentos, com o objetivo final de que estas empresas consigam buscar certificação em um dos atuais dez esquemas reconhecidos pelo GFSI (por exemplo, FSSC 22000, BRC, IFS, entre outros). O programa fornece uma porta de entrada ao mundo dos sistemas de segurança de alimentos, através de um passo-a-passo baseado nas Boas Práticas de Higiene do Codex Alimentarius e nos requisitos fundamentais do Documento-Guia do GFSI, sendo desenhado para aumentar a capacidade da empresa no gerenciamento da produção e no controle dos perigos nas operações de manufatura, e principalmente, fomentar a implementação da melhoria contínua. As avaliações são conduzidas no nível básico (35% dos requisitos-chave do Documento-Guia do GFSI) e no nível intermediário (65% dos requisitos-chave), por auditorias não acreditadas, uma vez que o programa não é um esquema de segurança de alimentos completo e certificável. A etapa final seria a certificação acreditada em um dos esquemas reconhecidos.

O prêmio irá recompensar três empresas ou indivíduos que tenham implementado o Global Markets Programme do início ao fim, com as avaliações nos níveis básico e intermediário, resultando em uma certificação acreditada em qualquer um dos esquemas reconhecidos pelo GFSI. Os vencedores irão ganhar a viagem e a inscrição na conferência global de segurança de alimentos neste ano de 2017 e num tour antes da conferência. O GFSI irá receber as candidaturas até o próximo dia 03 de fevereiro de 2017.

Mais informações sobre os critérios para a inscrição e sobre o prêmio podem ser acessadas aqui.

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Tendências em alimentos e a segurança de alimentos

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Todos os anos, agências, consultorias, revistas especializadas, sites e outros interessados consultam seus respectivos oráculos para prever o que será o ano seguinte em matéria de tendências. É claro: se os produtores de alimentos souberem para que lado a balança se inclinará na mente do consumidor, poderão estar mais preparados para isso.

Eu, particularmente, considero tais listas de tendências de alimentos um tanto quanto anedóticas. Olho para todas elas com certa desconfiança, pensando a que interesses elas atendem – afinal, me parece improvável que GMO-free esteja entre as tendências, caso um dos patrocinadores da lista seja a principal indústria envolvida em trans-genia de plantas.

Contudo, todavia, no entanto, as listas de tendência de alimentos são uma diversão do período de férias e, quando analisadas no conjunto, podem sim oferecer certa visão geral sobre o mercado de alimentos (desde que não tomadas ao pé da letra).

Pegando a onda, o Instituto de Segurança de Alimentos Australiano (AIFS, na sigla em inglês) publicou um artigo avaliando a segurança por trás de algumas das tendências (já listei 129 delas, então foi um belo recorte que o AIFS fez). Vamos ao que foi avaliado:

  • COMIDA COLORIDA

A questão aqui é se os ingredientes usados para colorir os alimentos são naturais ou não. O Instituto não demoniza os corantes artificiais, apenas prega que tais corantes sejam ingeridos com parcimônia.

Por outro lado, vemos um crescimento do uso de corantes de fontes naturais, e também do próprio alimento (como suco concentrado de beterraba ou cenoura) sendo empregados como corante.

O Food Safety Brazil já falou sobre a segurança no consumo de corantes aqui, aqui e aqui.

  • INSETOS

Se você torce o nariz quando pensa em comer insetos, saiba que este hábito não está tão longe. Aqui no Brasil, na região Sudeste, é (ou era, pois as tradições alimentares estão cada vez mais pasteurizadas) comum comer formiga içá – aquela da bunda grande – frita. Se duvida de mim, veja que existe até receita gourmet com a dita-cuja.

O AIFS considera que os insetos são até mais seguros do que as fontes tradicionais de proteína animal: devido ao seu tamanho, alcançariam as temperaturas de letalidade durante o cozimento mais facilmente.

E a indústria de alimentos já sabe disso – já surgiram start-ups vendendo justamente alimentos à base de insetos:

O Food Safety Brazi já fez uma revisão sobre a segurança neste consumo aqui.

  • NOVOS MÉTODOS DE ENTREGA

A AIFS faz menção aos drones, e como eles impactarão a segurança de alimentos. Bem, é o mesmo impacto de um motoboy ou qualquer outro agente de entrega, não é? A embalagem deve garantir a integridade do produto e a sua manutenção à temperatura adequada.

Drone, bicicleta, motocicleta ou caminhão, a questão é a mesma. E o blog já se pronunciou a respeito: regras do FDA para transporte, transporte de alimentos junto a cargas perigosas (!) e formas de controle de temperatura no transporte.

Informação não falta para quem quer aderir a esta nova tecnologia.

  • VEGETAIS E CARNE ANÁLOGA

Quase todas as listas trazem a tendências vegetais – é, queridos carnívoros, o mundo está migrando para o vegetarianismo, e a tendência não tem volta.

Isso quer dizer que ninguém mais vai comer carne no futuro? Provavelmente não. O futuro pertence ao reino do “cada um faz o que quer”, ao invés do “todo mundo faz o que eu mando” que vivemos ainda hoje (principalmente em países conservadores como o Brasil).

Pois o AIFS faz a ressalva de que esta é uma tendência que tende (redundância, eu sei) à maior segurança de alimentos. Por quê? As nossas queridas bactérias tendem a se desenvolver melhor em alimentos neutros e ricos em proteína.

Contudo, os leitores do Food Safety Brazil sabem que todo o cuidado é pouco com vegetais crus. Já vimos Salmonella em abacate, pepino, e nos “supergrãos” como chia, macadâmica, gergelim, girassol, entre outros.

Sem falar que nos vegetais nos preocupamos com OUTROS perigos: agrotóxicos abundam.

Ou seja: não tem escapatória – tem que conhecer a origem dos alimentos para ter confiança e comer sem medo.

  • SUBPRODUTOS E DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS

Finalizando a lista, a tendência que mais apareceu na lista das 129 compiladas também está na avaliação do AIFS: redução do desperdício de alimentos. Não tem como discutir que esta é uma das tendências mais preciosas dentro da lista, e fico muito satisfeita de ver que o mundo finalmente acorda para o absurdo de termos tanto desperdício frente à fome.

O AIFS faz apenas a ressalva de que o uso dos subprodutos – que até então viravam resíduo ou eram utilizados para finalidades menos nobres – deve atender à todas as Boas Práticas de Fabricação.

O Food Safety Brazil já falou sobre iniciativas para reduzir o desperdício de alimentos.

Eu, sinceramente, vejo que é um grande desafio da indústria, a considerar a forma como o material em reprocesso é tratado dentro das fábricas.

Quem já andou um pouco por aí viu que o reprocesso dificilmente está devidamente embalado, que as embalagens e condições de shelf-life para este item dificilmente estão determinadas nas Fichas Técnicas de Produção, e que a taxa de utilização fica ao sabor do vento.

Pode ser também eu que tenha o dedo podre, vai saber? 😉

Para mim, ficou faltando a análise da segurança da impressão 3D de alimentos (podem encontrar uma revisão sobre o assunto aqui). Já temos exemplos em massas, confeitos de açúcar e gomas – e o que mais não vem pela frente?

A criatividade e a imaginação dos nossos técnicos de alimentos é que vão dizer.

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