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Resistência Antimicrobiana (RAM): uma questão central em segurança de alimentos

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O surgimento e a disseminação de patógenos bacterianos resistentes aos antibióticos representa uma grave ameaça ao bem-estar humano e animal em todo o mundo e pode trazer o ressurgimento de infecções mortais intratáveis (talvez “nova pandemia”?). Notavelmente, a OMS reconhece a resistência a antibióticos (RAM) como  um dos 10 principais desafios de saúde enfrentados pela humanidade no século XXI, que põe em risco a eficácia da prevenção e do tratamento de um número cada vez maior de infecções por vírus, bactérias, fungos e parasitas.

A RAM ocorre quando microrganismos (bactérias, fungos, vírus e parasitas) sofrem alterações quando expostos a antimicrobianos (antibióticos, antifúngicos, antivirais, antimaláricos ou anti-helmínticos, por exemplos). Os microrganismos resistentes à maioria dos antimicrobianos são conhecidos como ultrarresistentes. Como resultado, os medicamentos se tornam ineficazes e as infecções persistem no corpo, aumentando o risco de propagação para outras pessoas. Como a eficácia desses medicamentos diminui devido à resistência, infecções simples podem se tornar problemáticas novamente, remontando à era pré-antibióticos. 

Os antimicrobianos têm sido considerados ferramentas essenciais na luta contra doenças infecciosas. Eles foram introduzidos na alimentação animal desde a década de 1940. Os antibióticos são convencionalmente usados em animais de produção para tratar doenças clínicas (terapia), prevenir e controlar doenças comuns (profilaxia e metafilaxia) e aumentar o crescimento animal (promoção do crescimento). Pode haver um perigo, no entanto, na subdosagem. Não é difícil tornar os micróbios resistentes à penicilina em laboratório expondo-os a concentrações insuficientes para matá-los, e a mesma coisa ocasionalmente aconteceu no corpo humano. Então, existe o perigo de que o homem facilmente subdose a si mesmo e, ao expor seus micróbios a quantidades não letais da droga, torne-os resistentes.

A administração de antibióticos aos animais ou grupos de animais para tratar doenças ou infecções é chamada de antibioticoterapia. Os principais objetivos do emprego da antibioticoterapia em animais de produção são aliviar os sintomas e o sofrimento do(s) animal(is) afetado(s), limitar a transmissão da doença a animais saudáveis do rebanho e destruir o agente etiológico. Como a doença diminui o desempenho dos animais de fazenda e pode resultar em mortalidade, as aplicações terapêuticas também são componentes essenciais para aumentar a produção pecuária lucrativa, mas também a segurança dos animais e dos produtos consumíveis associados.

A promoção do crescimento refere-se à administração de antibióticos em concentrações subterapêuticas, geralmente em um aditivo para ração animal, durante um período de tempo para melhorar o desempenho fisiológico dos animais, principalmente para obter ganho de peso e eficiência alimentar. Embora o benefício líquido real do uso de antibióticos na alimentação de animais de fazenda seja difícil de medir, essa prática provavelmente é estimulada pelo ganho econômico e pela necessidade de lidar com as crescentes demandas dos consumidores por proteínas animais. 

Em comparação com outras aplicações de antibióticos, a promoção do crescimento é a mais controversa, por várias razões:

– É considerado principalmente como um método para aumentar o ganho econômico em ciclos de crescimento mais curtos;

– A expansão das operações de pecuária exige que grandes quantidades de antibióticos sejam usadas na promoção do crescimento;

– Os antibióticos usados para promoção do crescimento não são tão rigorosamente regulamentados como outras aplicações de antibióticos;

Pensa-se que aplicações subterapêuticas de antibióticos durante um período de tempo relativamente prolongado irão exercer uma pressão seletiva que permite a emergência e persistência de agentes patogênicos resistentes aos antibióticos que podem afetar animais e humanos.

A terapia com antibióticos e a prevenção de doenças são rigorosamente regulamentadas em muitos países e exigem receita de um veterinário. Além disso, os avanços na biossegurança e outras intervenções independentes de antibióticos (principalmente vacinas) reduziram efetivamente a dependência de antibióticos na terapia e prevenção de doenças nos países desenvolvidos. 

O tratamento de infecções causadas por patógenos resistentes a antimicrobianos é caro. Patógenos bacterianos transmitidos por alimentos, como Salmonella (é bem conhecido que resiste aos antibióticos, ocorre em alimentos contaminados como carne de aves e pode ser transmitida aos seres humanos) e Campylobacter, também podem evoluir para adquirir resistência a antibióticos e causar infecções difíceis de tratar. Por exemplo, estimou-se que a Salmonella não tifóide resistente a drogas gera US$ 365 milhões em custos médicos anualmente apenas nos EUA. A extrapolação desses números em escala global sugere a necessidade de intervenções mais mitigadoras para controlar o surgimento de RAM associada à pecuária e muito trabalho ainda é necessário.

Um esforço global coordenado é urgentemente necessário para combater a RAM além das fronteiras. Embora se preveja que as intervenções sejam favoráveis, também argumenta-se que a disseminação de patógenos resistentes aos antibióticos pode não ser afetada imediatamente. Isso ocorre porque os mecanismos e mutações que levam à RAM e têm pouco ou nenhum custo de condicionamento provavelmente persistirão na ausência de pressão antibiótica. 

A resistência aos antimicrobianos representa uma ameaça crescente à saúde pública mundial. Um aumento de bactérias transmitidas por alimentos resistentes aos antibióticos complicará o tratamento de infecções e doenças transmitidas por alimentos adquiridas pela exposição a animais de produção e ao ambiente da fazenda, um surgimento ou ressurgimento de novas cepas de bactérias resistentes a antibióticos será visto e a pressão seletiva de antibióticos em operações agrícolas pode enriquecer os pools de marcadores genéticos resistentes a antibióticos e aumentar a transmissão potencial desses marcadores fora da fazenda (via escoamento, esterco e descarte de resíduos agrícolas) e requer ação de todos os setores do governo e da sociedade, além das empresas na cadeia produtiva de alimentos.

Leia a matéria completa aqui

Imagem: https://www.paho.org/es/panaftosa/resistencia-antimicrobiana-produccion-animal 

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Cultura S.A. SEMPRE aderida à Cultura Organizacional

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Muito se fala de cultura organizacional e de alimentos/qualidade em normas de food safety (as reconhecidas pela GFSI) em lei (a europeia, regulamento 382 em 2021), diretrizes do Codex Alimentarius (CXC 1-1969, ver. 2020), programa (food standards Austrália e Nova Zelândia) e política nacional (a chilena, de 2018 – 2030). Mas como as empresas estão desenvolvendo estas diretivas de maneira prática?

Além de diversas referências mundiais, já abordadas aqui, aqui, aqui, aqui, há novas que podem nos guiar:

PAS 320: um guia em elaboração para a cultura de segurança de alimentos, para trazer mais clareza ao processo e caminho na construção e amadurecimento da Cultura de Segurança de Alimentos. Funciona como um orientador prático e foi publicada em Abril de 2023. Baixe aqui.

Guidelines on Food Safety Culture – Food Drink Europe: um guia para a cultura de segurança de alimentos, publicado em Maio de 2023 pelo grupo Food Drink Europe visando fornecer algumas diretrizes gerais, com exemplos práticos e ferramentas para as empresas de alimentos entenderem, implementarem e medirem a sua cultura. Também é possível baixar aqui.

A cultura organizacional ou corporativa são os valores, atitudes e comportamentos compartilhados de uma organização que definem sua identidade e orientam suas ações. Uma cultura de segurança de alimentos, por outro lado, diz respeito à organização interna e, ao contrário da cultura corporativa, não pode ser definida como uma cultura geral. Cada grupo, disciplina, departamento, função, pessoa geralmente tem diferentes tarefas de segurança de alimentos e expectativas atribuídas. É importante defini-las no SGSA da sua empresa, incluindo o Plano de S.A./HACCP.

Desenvolver uma cultura de segurança de alimentos requer um planejamento organizacional cuidadoso, bem como esforços contínuos em treinamento e comunicação. É importante reconhecer que não existe uma solução “tamanho único” para alcançar uma cultura de segurança de alimentos, por isto cada empresa tem seu DNA.

Embora os componentes da cultura de segurança de alimentos sejam subjetivos (percepção), as empresas devem desenvolver ferramentas para mensurá-la objetivamente. Isso pode ajudar a comparar até que ponto a cultura de segurança de alimentos e seus componentes são atendidos na empresa, entre diferentes grupos de funcionários, como por exemplo, operadores versus gerenciamento (liderança de topo), locais diferentes, em contato direto com alimentos ou não ou para avaliar tendências no tempo (reutilizando a mesma ferramenta). Isso pode desencadear ações corretivas, como treinamento adicional de determinados funcionários em alguns ou todos os componentes da cultura de segurança de alimentos, melhoria dos canais de comunicação, investimento em recursos, etc.

Além de pesquisas e questionários, outros métodos para medir a cultura de segurança de alimentos incluem observações de práticas e comportamentos, solicitando informações de indivíduos dentro da organização, bem como avaliações das políticas e procedimentos internos sendo cumpridos, incorporando novas tecnologias e melhores práticas, incentivando os colaboradores a darem feedbacks, incluindo “quase falhas” e sugestões de melhorias, não apenas uma abordagem “de cima para baixo”, mas também “de baixo para cima”.

Outra maneira é “Gap Analysis” versus Performance, comparando os parâmetros críticos. Por exemplo: certificação por terceiros (com/não anunciado), reclamações e desvios internos. Também por Indicadores Chave de Desempenho (KPIs) de segurança de alimentos usando quadro digital ou físico, semelhante ao triângulo EHS (meio ambiente, saúde e segurança), para destacar métricas críticas como dias desde o último recall, número de quase acidentes, incidentes, reclamações e muito mais. Essa abordagem pode ajudar a aumentar a conscientização e criar ocasiões para celebrar conquistas e marcos de segurança de alimentos.

As lições devem ser compartilhadas após um incidente, por exemplo, envolvendo a equipe específica na busca de formas de melhoria, sem medo de relatar problemas, reportar ao indivíduo que relatou o incidente, aos colegas e ao departamento a que pertencem e, em alguns casos, a outros departamentos ou à organização como um todo.

A criação de uma forte cultura de segurança de alimentos requer comprometimento e participação ativa de todos os membros da organização e requer melhoria constante. Ao colocar a cultura de segurança de alimentos como prioridade máxima, reduz-se o risco de doenças transmitidas por alimentos, contaminação cruzada e alergias alimentares, ao mesmo tempo em que constroem a confiança e a fidelidade do consumidor à sua marca. Portanto, garanta que estejam entregando produtos seguros e de alta qualidade aos seus clientes, para garantir o sucesso a longo prazo do seu negócio, perenizando-o.

Imagem: Guidelines on Food Safety Culture – Food Drink Europe

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Recall: sabemos fazer um atendimento legal?

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Nestes mais de 11 anos de existência do blog escrevemos diversas vezes sobre o tema recolhimento/recall em alimentos, incluindo a importância de um bom atendimento. Abaixo segue uma relação com alguns destes posts,  onde leitores e autores interagiram:

Recall-de-rotulagem-de-alimentos

Recall-de-alimentos-onde-buscar-informacao

Recall-de-alimentos-por-infestacao-de-roedores: você ficou sabendo?

Nova-resolucao-de-recall RDC 655-2022: Mudanças no peticionamento

Simulado-de-recall-parte-1-exercicios-de-rastreabilidade-disfarçados

Smulado-de-recall-parte-2-por-que-sua-empresa-nao-está-preparada

Recall-de-alimentos-no-brasil: histórico

Retomando esta interação, trazemos aqui algumas perguntas e respostas feitas pelos participantes no webinar realizado em 15/06/23 pela ANVISA (https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2023/anvisa-orienta-empresas-sobre-recolhimento-voluntario-de-alimento):

– Plano de mídia em B2B é necessário, sem exclusão entre consumidor pessoa física ou pessoa jurídica (empresas), mas claro pode ser através de uma revista de ingredientes, se este for o segmento de atuação da empresa ou via canal de atendimento da ANVISA no site https://www.gov.br/anvisa/pt-br/canais_atendimento

– A retirada voluntária deve acontecer somente quando houver risco ou agravo à saúde do consumidor? Algum desvio em que não há risco (como embalagem secundária, por exemplo) também precisa ser realizado? A legislação diz que é preciso comunicar à ANVISA quando há risco, mas as empresas podem conduzir recolhimento em outros casos também.

– Qual o “caminho” no site da ANVISA onde estão todas as REs? https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/fiscalizacao-e-monitoramento/produtos-irregulares.  Para consultas dos produtos irregulares (Resoluções RE) no portal da ANVISA acesse o site https://consultas.anvisa.gov.br/#/dossie/

– Empresas fiscalizadas pelo SIF – MAPA também precisam seguir todos esses procedimentos de comunicação à ANVISA? O recolhimento de alimentos no comércio é tratado pela ANVISA, mesmo que sejam produtos regulados pelo MAPA.

– No caso de vendas 100% rastreáveis (como e-commerce por exemplo, onde você tem o contato direto dos clientes que compraram o produto – telefone, e-mail), ainda assim, é necessário um plano de mídia para comunicação em mídias tradicionais e sociais? Ou posso realizar apenas o contato direto com o cliente que comprou o produto? Não existe exceção na norma.

– No caso de uma indústria que fabrica e vende produtos a granel para outras indústrias e essas, por sua vez, envasam os produtos e vendem sob suas marcas, nesse caso, a indústria fabricante é a responsável por recolher ou são as empresas detentoras das marcas? Sim, de acordo com Art. 5º, a rastreabilidade de produtos deve ser assegurada em todas as etapas da cadeia produtiva, para garantir a efetividade do recolhimento.

– A petição deve ser paga também para um Recolhimento Voluntário? Sim, a petição de anuência da mensagem de alerta é paga e deve ser paga mesmo em caso de recolhimento voluntário. Ver este guia!

– A ANVISA possui alguma integração com o SENACON? Os recolhimentos notificados à ANVISA bem como as atualizações ‘conversam’ com o SENACON? A SENACON tem representantes na Rede de Alerta e Comunicação de Riscos de Alimentos – REALI, para onde são enviados todas as publicações (Resoluções RE) da Anvisa (incluindo os recolhimentos).

– Mesmo não utilizando canais de comunicação de TV e rádios, é obrigatório divulgar nesses canais? Ou podemos divulgar nas mídias sociais da empresa e sites que são os canais utilizados? O CDC obriga a veiculação em rádio e televisão, os meios eletrônicos são complementares.

– Caso a empresa faça simulação de recall, a ANVISA tem algum procedimento? O e-mail recolhimento.alimentos@anvisa.gov.br  pode ser utilizado para este fim com clara identificação de que se trata de uma simulação.

Interaja aqui conosco se estas também eram as suas dúvidas comuns e se as respostas estão claras.

Vale ainda utilizar as duas bibliotecas regulatórias: da ANVISA (https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/regulamentacao/legislacao/bibliotecas-tematicas/arquivos/biblioteca-de-alimentos) e do MAPA (https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/biblioteca-digital-do-mapa-ja-esta-disponivel.

Leia também:

https://foodsafetybrazil.org/falta-de-alerta-de-coco-para-alergicos-resulta-em-recall-nos-eua/

https://foodsafetybrazil.org/emergencias-gestao-de-crises-e-recall/

https://foodsafetybrazil.org/africa-do-sul-surto-listeria-carne-processada-recall/

https://foodsafetybrazil.org/custo-recall-industria-de-alimentos/

https://foodsafetybrazil.org/recall-de-alergenos-alimentares/

https://foodsafetybrazil.org/7-aspectos-essenciais-para-conducao-de-uma-simulacao-de-recolhimento-e-recall/

https://foodsafetybrazil.org/recall-voluntarios-sera-que-eu-devo-iniciar-um/

https://foodsafetybrazil.org/recall-anvisa-proibe-venda-de-geleia/

https://foodsafetybrazil.org/anvisa-disponibiliza-perguntas-e-respostas-sobre-recall/

https://foodsafetybrazil.org/recalls-de-alimentos-em-maio-um-por-iniciativa-da-empresa-outro-pela-anvisa/

https://foodsafetybrazil.org/alergenicos-nao-declarados-ainda-dominam-recalls-na-america-do-norte/

https://foodsafetybrazil.org/nova-legislacao-de-recall-como-afeta-o-negocio/

https://foodsafetybrazil.org/publicada-hoje-a-resolucao-de-recall-de-alimentos/

https://foodsafetybrazil.org/metade-dos-recalls-dos-eua-do-ultimo-trimestre-de-2014-se-referem-a-alergenos-nao-declarados/

https://foodsafetybrazil.org/fique-por-dentro-da-nova-portaria-de-recolhimentorecall-de-alimentos/

https://foodsafetybrazil.org/ministerio-da-justica-lanca-guia-pratico-de-recall-do-fornecedor/

https://foodsafetybrazil.org/recalls-em-alimentos-estamos-fazendo-prevencao-ou-correcao/

https://foodsafetybrazil.org/niveis-elevados-de-chumbo-levam-a-recall-na-china/

https://foodsafetybrazil.org/historico-de-recalls-em-alimentos-no-brasil/

https://foodsafetybrazil.org/maiores-causa-de-recall-em-alimentos-pela-uniao-europeia-em-2013/

https://foodsafetybrazil.org/uma-analise-dos-recalls-brasileiros-em-alimentos-e-bebidas/

https://foodsafetybrazil.org/alergenicos-aprendendo-com-o-fda-analise-de-recalls-e-comunicacoes-de-2009-a-2012/

https://foodsafetybrazil.org/sou-uma-empresa-certificada-e-fiz-um-recall-o-que-faco-perante-a-certificadora/

https://foodsafetybrazil.org/impacto-das-fraudes-e-de-recalls-no-varejo-case-walmart/

https://foodsafetybrazil.org/avaliacao-do-gerenciamento-de-uma-crise-recall-heinz/

https://foodsafetybrazil.org/entendendo-melhor-o-mecanismo-de-um-recall/

https://foodsafetybrazil.org/licoes-aprendidas-com-o-maior-recall-de-carnes-do-canada/

https://foodsafetybrazil.org/qual-e-a-diferenca-entre-recolhimento-e-recall/

https://foodsafetybrazil.org/recall-custos-da-nao-qualidade/

https://foodsafetybrazil.org/dica-sobre-recalls-aboutlawsuits-com/

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Perdas e desperdícios de alimentos são foco nas normas de food safety e quality envolvendo as emergências humanitárias

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Todos os beneficiários (incluindo os setores público e privado, sociedade civil, produtores individuais, atacadistas, feiras, sacolões, varejistas e consumidores) devem ter acesso aos alimentos seguros, nutritivos e com padrões de qualidade que atendam às suas expectativas, abordando riscos reais, potenciais e percebidos.

Mas acima de tudo, é preciso acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar (e de alimentos), a melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável que é um dos dezessete objetivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Há um total de 169 metas, integradas e indivisíveis, sendo a meta 12.3 relevante neste post:

“Até 2030, reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial, nos níveis de varejo e do consumidor, e reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as perdas pós-colheita”, ou seja, a perspectiva é de redução de perdas também nas fases de produção e processamento, integrantes das cadeias produtivas.

O foco não é apenas nas perdas e nos desperdício nas fases pós-colheita, assim deve-se incluir a mudança do comportamento do consumidor. Quanto mais alimento jogado fora, mais caro ele fica. Um terço dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado anualmente, ao custo de US$ 750 bilhões de acordo com a Agência para Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO). 

A Terra abrigará 8,6 bilhões de pessoas em 2030, 9,8 bilhões em 2050 e 11,2 bilhões em 2100, segundo estimativas do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas. Para suprir a crescente demanda, resultante do crescimento da população, o aumento do consumo nos países em desenvolvimento e as mudanças nos padrões de consumo, há a necessidade de maior produção gerando maior pressão sobre recursos naturais escassos, como solo, água, energia e nutrientes e deixando ainda mais nítido um problema social com elevado impacto ambiental: as perdas pós-colheita e o desperdício no final da cadeia de suprimentos.

A magnitude dos números do desperdício (mais de 30% da produção) indica a complexidade de um problema que começa quando o alimento é colhido no campo e depois processado, armazenado e transportado e pela escolha do consumidor final. As proporções das perdas em cada processo são:

– 10% dos alimentos desperdiçados são perdidos nos processos de produção e colheita;

– 50% dos alimentos desperdiçados são perdidos no transporte, manuseio e armazenamento;

– 30% dos alimentos desperdiçados são perdidos na distribuição;

– 10% dos alimentos desperdiçados são perdidos nos supermercados e na casa dos consumidores, tendo como principal fator a validade dos produtos.

Os motivos dos desperdícios vão desde o alto nível de exigência do consumidor até a crescente exigência do consumidor por qualidade. Por consequência também do varejo, tem levado também ao descarte de alimentos, ainda no campo, por não suprir os padrões estéticos exigidos por algumas redes supermercadistas. Por exemplo: o peso e o tamanho até o formato e a coloração ou considerados como “frutos feios”.

Desperdícios de alimentos prejudicam enormemente o meio ambiente, pois boa parte dos agrotóxicos, água, terras, fertilizantes, desmatamento, transporte, gastos de energia e petróleo para a produção de máquinas e combustíveis empregados em todos os processos da agropecuária são utilizados em vão. Isso faz com que seja necessário intensificar ainda mais a produção e, consequentemente, a pressão ao meio ambiente.

No caso de excedentes alimentares, a reutilização dos alimentos na cadeia alimentar humana e, caso os alimentos não estejam em condições para consumo humano, o desvio dos mesmos para a cadeia alimentar animal, poupando recursos que, de outra forma, seriam necessários para produzir ração. Só após, recomenda-se a transformação dos resíduos em energia renovável, mediante incineração ou compostagem e, somente em último caso, a destinação dos mesmos a aterros sanitários nos quais, no processo de degradação, haverá a geração de chorume e gases de efeito estufa.

Grande parte dos desperdícios de alimentos ocorre nos processos de transporte e distribuição, mas o consumidor pode contribuir para a redução, cuidando de não cair nas armadilhas das promoções que costumam ser irresistíveis, no entanto, são as grandes vilãs do consumo consciente. Elas nos estimulam a comprar um número alto de produtos, muitas vezes desnecessários e que acabam se estragando. Ou quem sabe desenvolvendo embalagens menores de acordo com a necessidade de consumo e reinventar a gastronomia do reaproveitamento no restaurante da sua empresa?

Devemos trabalhar além da distribuição de alimentos, as ações educativas permanentes realizando treinamentos, cursos, oficinas e palestras sobre diversos temas com destaque ao tema aproveitamento integral dos alimentos, como folhas, caules, sementes, cascas, raízes. Os objetivos dependem da gestão articulada entre os setores público e privado.

Uma boa dica é a empresa construir uma “Árvore de Perdas” pela Alta Direção tendo a oportunidade de desafiar a organização na busca de resultados surpreendentes por meio de investimentos em pesquisa, melhoria de processos e de infraestrutura, educação e conscientização do consumidor. Por exemplo: via homepage da empresa com dicas sobre como comprar, conservar e cozinhar os alimentos. Confesso que já comecei dando curso de boas práticas alimentares para merendeiras no qual lançamos mão de indicadores culinários (Fator de Correção, Fator de Cocção, Índice de absorção, Densidade) para otimizar os processos de pré-preparo e preparo, maximizando produtividade e minimizando perdas.

Para erradicar a fome faz-se necessário que todos os setores da sociedade participem e façam esforços para reduzir as perdas e desperdícios de alimentos. Então, mensurem quebras operacionais (vencimento, avarias, baixa qualidade dos silos, estradas mal conservadas), erros de inventários, erros administrativos, entre outros. Na distribuição e venda final inclua a questão de evitar descartes por vencimento ou manipulação incorreta, entrando aí varejistas e doação de alimentos não vendidos, mas consumíveis, para a população vulnerável, por exemplo, minimizando a responsabilidade sobre o doador, exceto em caso de negligência grave. Além de ação às instituições socio-assistenciais, como caridade, também para o uso como ração animal ou compostagem agrícola.

Hábitos mais sustentáveis para a sociedade e ajudar ao meio ambiente (o desperdício joga anualmente na atmosfera 3,3 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa, terceiro maior volume de emissões que provocam o aquecimento global) e os estabelecimentos do setor alimentício a sanar uma dor tão comum entre as mesmas e que pode angariar enormes prejuízos ao estabelecimento, que é o desperdício de alimentos, este o tema do momento nas normas de S.A.

Como estão se preparando para a cultura de consumo sustentável (aceitação e aquisição de alimentos in natura, que não tenham necessariamente o melhor aspecto (beleza, perfeição na forma, sem danos), mas que conservem suas propriedades nutricionais? Já construíram a sua “árvore de perdas” com os objetivos e as metas de reduções? Monte o seu “desperdiçômetro”!

Afinal, desperdiçar alimentos é um ato imoral, além de estúpido, insensato e caro. A coexistência da fome e dos desperdícios de alimentos é mesmo abominável.  E a nós, os consumidores, fica o convite às mudanças para hábitos alimentares conscientes.

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Problemas com food fraud ou com gestão de mudanças?

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Às vezes, o que aparenta ser uma questão de fraude econômica pode ser uma falha na gestão de mudanças.

Em maio de 2023, o Ministério da Agricultura e Pecuária realizou uma operação especifica, coletando uma série de amostras de requeijão nas gôndolas, em diferentes regiões do Brasil. O resultado foi alarmante: em 5% das amostras foi detectada presença de amido não rotulado. Veja mais detalhes deste caso aqui. Algumas empresas podem ter sido pegas de surpresa com tal informação. O uso de amido na formulação pode não ter ocorrido de forma intencional. 

Mas se não é intencional, onde pode ter ocorrido a falha que gerou esta contaminação e como preveni-la?

Entre os programas que mantém o sistema de segurança de alimentos saudável, temos uma importante atividade a ser realizada chamada Gestão de Mudanças.

A gestão de mudanças é o programa responsável por garantir que as novas entradas do sistema – seja em inovações tecnológicas, produtivas, normas, metas e requisitos –  não trarão riscos para um processo já controlado. De ponta a ponta, os riscos devem ser avaliados, mitigados e monitorados neste processo. O blog também trouxe um post exclusivo sobre o tema aqui.

Mas qual poderia ser a ligação entre os casos de amido no requeijão e Gestão de Mudanças? Alguns programas já consolidados podem, simplesmente, terem passado despercebidos no processo de gestão de mudanças:

ð Será que o último processo de otimização de formulação conseguiu buscar informações sobre a Gestão de Fornecedores de forma detalhada e suficiente para evitar esta contaminação? (Leia mais sobre gestão de fornecedores aqui).

ð  Será que os processos de limpeza se mantêm eficientes para eliminações de possíveis contaminações cruzadas nos equipamentos de produção? (veja mais sobre validação aqui).

ð  Será que a gestão de programação de produção está considerando as sequências de modo a trazer eficiência e segurança para os produtos e processo produtivo?

ð  Será que os treinamentos operacionais estão sendo ministrados corretamente e efetivamente de modo que os colaboradores tenham o conhecimento sobre a importância do tema em questão? (leia mais sobre treinamentos aqui).

Algumas destas questões podem ser parte da causa-raiz da contaminação dos requeijões com amido em determinadas empresas, considerando também uma contaminação não intencional. Vale o reforço e a exploração do tema em todos os segmentos de alimentos para a prevenção de futuros desvios, lembrando que a Gestão de Mudanças é uma atividade coletiva, ou seja, um time multidisciplinar é indispensável.

E você, já verificou suas gestões de mudanças hoje?

Thiago Pontes é engenheiro de produção com mais de 10 anos de vivência nas áreas de Gestão de Qualidade, Segurança de Alimentos, Assuntos Regulatórios e Corporativo. Tem especialização em Segurança de Alimentos e Microbiologia. Desenvolveu sua carreira em empresas como Danone, Kellogg e Grupo Lactalis, tendo como estratégia de trabalho o desenvolvimento técnico de colaboradores através da Cultura positiva de Qualidade, empoderamento e conscientização, além da disseminação de conhecimento técnico nos diferentes níveis das organizações.

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Homens lavam menos as mãos do que as mulheres?

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Um boletim informativo do Food Safety Information Council (link), entidade da Austrália dedicada à promoção de conhecimento em Segurança de Alimentos, foi lançado para o Dia Mundial da Segurança de Alimentos, contendo informações valiosas sobre hábitos higiênicos de homens e mulheres. Um exemplo: homens lavam menos as mãos do que as mulheres?

Para celebrar o Dia Mundial da Segurança dos Alimentos, o Food Safety Brazil trouxe uma tradução deste boletim. O conselho de informação de Food Safety da Austrália divulgou o material que achamos “a cara dos nossos leitores”! Venha com a gente celebrar a importância da segurança dos alimentos conferindo o nosso post!

Este relatório anual sobre o histórico de segurança de alimentos da Austrália saiu nas vésperas do 5º Dia Mundial da Segurança de Alimentos, celebrado em 7 de junho de 2023. O tema deste ano, ‘Normas alimentares salvam vidas’, chama a atenção para os padrões alimentares.

A Presidente do Conselho, Cathy Moir, afirmou que as normas alimentares ajudam a manter a comunidade australiana segura e garantem que a Austrália continue a ter a merecida reputação de um abastecimento alimentar seguro e de alta qualidade.

O papel do Conselho de Informação sobre Segurança de Alimentos é educar os consumidores para que possam ajudar a reduzir os cerca de 4,67 milhões de casos de intoxicação alimentar na Austrália todos os anos, que resultam em 47.900 hospitalizações, 38 mortes e um custo para a economia de 2,1 bilhões de dólares.

Todos os anos é realizada uma pesquisa junto aos consumidores australianos para verificar o comportamento deles. Segue abaixo o boletim de segurança de alimentos dos últimos 12 meses:

  • Aumento da aquisição de termômetros de carne: um em cada três entrevistados (29%) tem um termômetro de carne em casa, o que representa um aumento de 4% em 10 anos, desde que o conselho iniciou uma campanha de compra e utilização de termômetros de carne. 14% têm um termômetro de carne em casa e o utilizaram no último mês (eram 11% em 2012) e 23% têm um termômetro de carne em casa e o utilizaram no último ano (eram 20% em 2012). A utilização de um termômetro de carne é a única forma de garantir que os alimentos de maior risco, como aves, carne picada e salsichas, foram cozidos a 75°C no centro geométrico.
  • Consumo de carne crua e malpassada: nos últimos 6 meses, 28% dos entrevistados afirmaram ter comido carne crua (vaca, porco, cordeiro, canguru e miúdos) e 33% afirmaram ter comido carne malpassada. As pessoas mais jovens, com idades entre 18 e 34 anos, são mais susceptíveis de comer carne crua ou malpassada: quase metade (45%) comeu carne vermelha crua nos últimos 6 meses e metade (50%) comeu carne vermelha malpassada nos últimos 6 meses. A título de comparação, entre as pessoas com mais de 65 anos, 21% comeram carne vermelha malpassada nos últimos 6 meses. Comer carne crua ou malpassada constitui um risco de intoxicação alimentar e de infecção por parasitas, como a toxoplasmose. Cozinhar os bifes de carne vermelha a um mínimo de 65°C (malpassado) e deixá-los repousar durante 3 minutos reduz esse risco. As carnes vermelhas picadas são diferentes e devem ser cozidas a 75°C.
  • Redução da higiene das mãos: uma pesquisa nacional da Omnipoll para o Dia Mundial da Lavagem das Mãos, em Outubro de 2022, mostrou que 82% dos australianos dizem que lavam sempre as mãos depois de irem ao banheiro (contra 83% no ano anterior) e 53% admitem que lavam sempre as mãos antes de tocar nos alimentos (contra 58% no ano anterior). A lavagem das mãos é particularmente importante na prevenção da infecção por Norovírus, luta que só pode ser travada pela lavagem das mãos, uma vez que os desinfetantes para as mãos não são eficazes com o uso isolado.
  • Diferença de hábitos entre os sexos: a pesquisa sobre a lavagem das mãos revelou mais uma vez diferenças entre os sexos, uma vez que os homens lavam menos as mãos do que as mulheres depois de irem ao banheiro (80% dos homens contra 84% das mulheres) e antes de tocarem nos alimentos (52% dos homens contra 62% das mulheres). Os jovens lavam menos as mãos do que os grupos mais velhos depois de irem ao banheiro (74% com menos de 34 anos contra 86% com mais de 50 anos) e antes de tocarem nos alimentos (51% com menos de 34 anos contra 58% com mais de 50 anos). A falta de conhecimentos sobre a lavagem das mãos entre os jovens é também uma preocupação, uma vez que estes se tornam frequentemente manipuladores profissionais de alimentos.
  • Consumo de cogumelos selvagens: em 2022, o Centro de Informação sobre Venenos de NSW (que recebe chamadas de NSW, ACT e Tasmânia e chamadas de madrugada a nível nacional) recebeu 382 chamadas relativas a envenenamento por cogumelos. Destas, 159 foram de pessoas que ingeriram cogumelos silvestres intencionalmente, seja para procurar comida ou para fins recreativos.  Estas chamadas também incluíram 196 exposições a cogumelos em crianças (menores de 15 anos). Embora o número total de chamadas tenha diminuído em relação às 549 chamadas registadas em 2020, continua a ser um número elevado. O veneno contido em um cogumelo conhecido como “tampa da morte”, se ingerido, é suficiente para matar um adulto saudável e é difícil de distinguir de outros cogumelos comestíveis. É aconselhável limpar os cogumelos do jardim e dos locais onde as crianças possam brincar.
  • Por fim, o conselho de informação orienta que a população obtenha conselhos sobre segurança dos alimentos de fontes respeitáveis e não de influenciadores online que recentemente têm promovido atividades de risco, como comer fígado cru e mergulhar no lixo. Um mergulhador de lixo recolhe alimentos para os desfavorecidos e correm sérios riscos de doença. Ao invés de remexer nos caixotes do lixo, é mais seguro apoiar instituições de caridade de resgate de alimentos, como a Ozharvest, a Second Bite e a Foodbank.

A Presidente do Conselho, Cathy Moir, concluiu a apresentação do relatório deixando o contato para saber mais sobre segurança dos alimentos: “Quer você seja um cozinheiro doméstico ou queira criar uma negócio de alimentação ou seja um angariador de fundos voluntários ou queira saber mais sobre segurança dos alimentos, atualizamos recentemente o nosso site que está repleto de informações de fácil acesso. Você pode também participar no nosso trabalho e tornar-se membro. Saiba mais em www.foodsafety.asn.au. Contato para os meios de comunicação social: Assoc Professor Julian Cox, Director Científico do Conselho de Informação sobre Segurança de Alimentos, 0468 989 180 ou julian.cox@unsw.edu.au.”

Analisando o relatório da Austrália, o que você pensa sobre o comportamento dos brasileiros? Será que, também no Brasil, homens lavam menos as mãos do que as mulheres? Jovens lavam menos as mãos do que os idosos? Deixe nos comentários sua percepção, vamos adorar compartilhar opiniões!

Esta tradução é mais um trabalho colaborativo e totalmente voluntário realizado  por colegas e leitores aqui do blog, que unidos fazem o tema Segurança de Alimentos mais descomplicado. Você também pode participar do grupo de tradutores voluntários. Entre em contato com redação@foodsafetybrazil.org.

Luiza Dutra é engenheira química pós-graduada em Vigilância Sanitária, com experiência na área de qualidade de alimentos, produção, projetos, atendimento ao consumidor e treinamentos. Atualmente é consultora especialista em gestão, qualidade e segurança de alimentos. Por meio de serviços de consultoria e assessoria, capacita negócios de alimentação para oferecer alimentos seguros e manter a viabilidade econômica através de análises detalhadas da empresa e implementação das Boas Práticas de Fabricação. 

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Hoje é o Dia Mundial da Segurança de Alimentos!

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 A Segurança de Alimentos é celebrada em todo mundo nesta quarta-feira, dia 07/06.

Esta é uma iniciativa da ONU que começou em 2019, com a Resolução 73/250 , cujo objetivo é valorizar os profissionais e as práticas seguras na produção e distribuição de alimentos.

A OMS, em conjunto com a FAO, desenvolvem anualmente um Guia para o Dia Mundial de Segurança de Alimentos contendo algumas dicas e insights para as empresas adotarem nesta celebração. O Manual deste ano, disponibilizado para download (e que já valeu um post aqui), traz o tema: “Food Standards save lifes”, em português “As normas alimentares salvam vidas”.

Um trecho tirado do website da FAO traz um pouco da motivação desta celebração, e por consequência, deste tema:

“A Segurança de Alimentos salva vidas. Não é apenas um componente crucial para a segurança alimentar (food security), mas também desempenha um papel vital na redução de doenças transmitidas por alimentos. Todos os anos, 600 milhões de pessoas adoecem devido a cerca de 200 tipos diferentes de doenças transmitidas por alimentos. O fardo de tal doença recai mais pesadamente sobre os pobres e os jovens. Além disso, as doenças transmitidas por alimentos são responsáveis por 420.000 mortes evitáveis todos os anos.”

O Dia Mundial da Segurança de Alimentos é uma forma importante de conscientizar as pessoas quanto ao tema:

  • Demonstrando como prevenir doenças através da Segurança de Alimentos
  • Discutindo abordagens colaborativas para melhorar a Segurança de Alimentos em todos os setores
  • Promovendo soluções e formas de prover garantias cada vez maiores de Segurança de Alimentos na sua empresa

Sobre isso, o Manual ainda destaca:

“Não importa quem você é ou o que faz, você desempenha um papel importante em garantir que os alimentos sejam seguros para consumo. Se você trabalha em uma empresa de alimentos, definitivamente será responsável por garantir que os alimentos sejam seguros. Quer você defina os padrões de qualidade e segurança de alimentos na sua organização, implemente os padrões de qualidade e segurança exigidos pelas autoridades nacionais ou comunique mensagens de Segurança de Alimentos aos funcionários, a Segurança de Alimentos e a proteção do consumidor estão em suas mãos. A comunicação das empresas de alimentos é fundamental e tanto a equipe quanto os clientes se beneficiam ao saber e entender como os alimentos permanecem seguros, tanto na fase de produção quanto após a compra.”

O Food Safety Brazil parabeniza você que se dedica todos os dias para prover alimentos seguros!

Ahhh… vai celebrar o Dia Mundial da Segurança de Alimentos na sua empresa? Poste fotos nas redes sociais com a hashtag #worldfoodsafetyday.

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Afinal, existem níveis seguros para não declarar alergênicos?

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O tema “alergênicos” é e sempre será de extrema relevância para a segurança dos alimentos. Seja pelo alto impacto à saúde dos consumidores, como já relatado no blog (aqui e aqui), seja por ser encarado como um requisito legal pela RDC n°727/22 e a exigência do PCAL (Guia da Anvisa disponível nesse link) ou pela exigência de controle por todos os protocolos de certificação reconhecidos pelo GFSI, como FSSC22000, BRCGS, IFS e SQF. Porém, uma pergunta sempre recorrente é: existem níveis seguros em que não seja necessário declarar os alergênicos presentes não intencionalmente nos alimentos?

Esse tema já foi abordado anteriormente, em uma análise das orientações da FAO sobre esses níveis aceitáveis (veja aqui). Além disso, o Codex Alimentarius e o FDA já consideram um limite de 20 ppm para rotulagem de glúten (leia mais aqui) e, para sulfitos (ainda que não seja um alergênico), o Codex Alimentarius considera um limite de 10 ppm (conforme Codex CXS 1-1985). E para os demais alergênicos, existe um nível seguro?

Para tentar esclarecer essas dúvidas, um grupo de pesquisadores publicou um artigo na European Journal of Allergy & Clinical Immunology, onde propuseram um limite de 0,5 mg de proteína/100g de alimento processado, como limite para a declaração de “traços” na rotulagem dos alimentos.

A justificativa para o limite de 0,5 mg de proteína/ 100g de alimento processado seria por ser menor do que a mais baixa concentração publicada de nível de efeito adverso (LOAEL) para uma reação fatal. As porções de alimentos foram consideradas de 1 kg, portanto, as pesquisas foram realizadas com base em 5 mg de proteína alergênica.

A pesquisa foi baseada em uma revisão sistemática da literatura de casos de alergia, relacionados aos principais alimentos causadores de alergia definidos no Regulamento da União Europeia n° 1169/2011. Em seguida, o grupo reuniu-se com um painel de especialistas para discussão dos achados.

As principais conclusões são apresentadas na tabela abaixo:

É importante reforçar que ainda é muito cedo para estabelecer alguns desses valores como parâmetros. Essa é uma pesquisa inicial e apresenta algumas limitações, como:

  • Por ser uma revisão sistemática de literatura, os parâmetros de pesquisas são restritos e algumas publicações podem não ter sido consideradas;
  • Foram considerados somente casos de reações fatais ou casos de reações anafiláticas (ocorrências com efeitos menos severos foram desconsideradas) e ocorrências reais (estudos laboratoriais foram desconsiderados);
  • Diversos estudos que não relatavam a quantidade de alérgeno consumido (de forma direta ou que permitisse cálculo) foram desconsiderados. Além disso, em diversos estudos a quantidade de alergênicos foi calculada.

Ainda que a pesquisa não seja conclusiva, é um importante passo para o avanço no controle de alergênicos, trazendo benefícios:

  1. Para os consumidores: Aqueles que não possuem reações a baixas concentrações de proteínas poderão consumir uma maior variedade de alimentos que hoje são restritos, uma vez que qualquer residual (ainda que desconhecido) precisa ser rotulado;
  2. Para as indústrias: A rotulagem de alimentos que “podem conter” um alergênico será mais assertiva. E em relação a esse estudo particularmente, os principais testes comerciais de análise de superfície possuem sensibilidade mínima de 5 mg/100g.

Caso você tenha se interessado pelo estudo, o artigo original pode ser lido aqui.

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Análises de causa-raiz e a Cultura de Qualidade

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É de conhecimento que um sistema saudável de gestão de segurança de alimentos deve ser baseado sempre em aplicações de metodologias para planejar, executar, verificar e agir – PDCA. Inclusive, o blog tem um post exclusivo sobre o PDCA como base para estruturar um SGSA (veja aqui).

As ferramentas de Qualidade apoiam a gestão de riscos e problemas (veja aqui), sendo algumas destas metodologias mais conhecidas o Diagrama de Ishikawa, 5W2H ou o próprio PDCA que traz a gestão das atividades relacionadas com estas ferramentas.

Porém, as metodologias vão muito além da implementação do sistema. Elas fazem parte do dia a dia das operações e são ferramentas poderosíssimas para o engajamento e mudança de cultura nas organizações.

É no chão de fábrica que as coisas acontecem, e os colaboradores do processo produtivo estão a todo tempo observando as áreas e esperando o momento certo para serem ouvidos. Neste sentido, as metodologias de análises de causa-raiz podem ser uma forma de envolvimento e participação destas equipes, além de reconhecimento pelas informações privilegiadas repassadas por eles.

Metodologia como forma de reconhecimento

Muitas vezes, a forma de reconhecimento e valorização de um profissional é demostrar o apreço pelas suas contribuições e comportamentos. Durante as análises de causa-raiz, um time multidisciplinar deve ser formado, e neste momento existe o espaço para tirá-lo da rotina e valorizá-lo. Ter o envolvimento da equipe operacional em temas de Qualidade e Segurança de Alimentos descentraliza a área, e cria um cenário de comprometimento e engajamento para os setores produtivos, além de motivar outras operações a também contribuírem para a melhoria contínua de Qualidade.

Para que o processo de análise de causa-raiz seja eficiente para a mudança cultural e para otimizar contribuições das diferentes equipes, é importante dar um feedback claro e direto com os reconhecimentos e os alinhamentos necessários, sempre de forma positiva para gerar engajamento e envolvimento.

Atuando assim, além de conseguir excelentes resultados na identificação de causas-raízes e envolvimento para realização dos planos de ações, você ainda garante a mudança cultural tão necessária no chão de fábrica. E aí, pronto para esta virada de chave?

Thiago Pontes é engenheiro de produção com mais de 10 anos de vivência nas áreas de Gestão de Qualidade, Segurança de Alimentos, Assuntos Regulatórios e Corporativo. Tem especialização em Segurança de Alimentos e Microbiologia. Desenvolveu sua carreira em empresas como Danone, Kellogg e Grupo Lactalis, tendo como estratégia de trabalho o desenvolvimento técnico de colaboradores através da Cultura positiva de Qualidade, empoderamento e conscientização, além da disseminação de conhecimento técnico nos diferentes níveis das organizações.

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Mudanças do FSSC 22000 (v 6.0): Categorias

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O Food Safety Brazil recentemente vem lançando posts sobre as mudanças atuais do FSSC 22000. Você pode clicar aqui para ter acesso à tradução dos Requisitos Adicionais. Neste post vamos falar um pouco sobre as principais alterações das categorias do esquema documental.

Foram várias as mudanças. Um resumo delas está nesta tabela:

Categoria A: Criação de Animais

Esta categoria foi extinta nesta versão do FSSC 22000.

Categoria B: Manipulação de produtos vegetais não processados

Categoria nova. Ela inclui manipulação mínima pós-lavoura de vegetais.

Categoria C: Processamento de alimentos

Foram algumas mudanças na principal categoria do FSSC 22000. O destaque é para a inclusão de pet food (antes parte da categoria D).

A primeira foi a criação da subcategoria C0, que inclui preparação primária de produtos de origem animal (abatedouros). Anteriormente ela fazia parte da categoria CI.

A subcategoria CI teve algumas alterações. O primeiro ponto é que não inclui mais atividades previstas na categoria C0, e restringe-se a empresas que utilizam processos à baixa temperatura. Além disso, agora inclui produção de pet food à base de proteína animal.

A subcategoria CII também sofreu poucas alterações. Inclui citação a produtos vegetais substitutos de leite (ex.: leite de castanha ou amêndoas) e de carne. Além disso, agora inclui produção de pet food perecível à base de matéria-prima de origem vegetal.

A subcategoria CIII foi a que mais foi alterada. Agora inclui catering / cozinhas industriais não oferecidos para consumo imediato. Além disso, agora inclui produção de pet food perecível à base de matéria-prima de origem vegetal e animal misturadas.

A subcategoria CIV também teve alterações. Agora, além de incluir processamento de produtos armazenados e vendidos à temperatura ambiente, inclui produção de pet food estável à temperatura ambiente.

Categoria D: Processamento de feed e animal food

À primeira vista, a principal mudança nesta versão é a remoção do processamento de pet food (subcategorias DIIa e DIIb).

A subcategoria DI agora é apenas D. Trata de processamento de produtos destinados à alimentação de animais de criação.

Categoria E: Catering e serviço de alimentação

A única alteração nessa categoria é que agora ela não inclui instalações de beneficiamento de alimentos fora do estabelecimento onde o produto é servido. Estes hoje fazem parte da subcategoria CIII.

Categoria F: Comercialização de alimentos

Esta categoria teve algumas alterações importantes. A primeira é que incluiu e-commerce (venda de produtos em meio digital).

Nesta versão, a categoria F foi desmembrada em duas subcategorias: FI e FII. A FI é direcionada em atacado e varejo de alimentos (basicamente supermercados). A categoria FII inclui trading, aquelas empresas que apenas compram e vendem produtos, sem nenhuma alteração nos mesmos (ex.: importadores, distribuidores).

Categoria G: Serviços de transporte e armazenamento

É o contrário do que ocorreu na categoria F. Se na versão 5.1 era subdividida em duas subcategorias (GI para produtos perecíveis e GII para produtos estáveis à temperatura ambiente), na versão atual foram unificadas em uma única categoria: G.

Categoria I: Produção de materiais de embalagem

Não houve alterações significativas.

Categoria K: Produção de bio/químicos

Há uma alteração sutil: de “bioquímicos” (5.1) para “bio/químicos” (6). O que significa que agora a categoria inclui produtos químico e produtos bioquímicos. Não que isso já não ocorresse na versão anterior, mas agora há um esclarecimento maior.

BÔNUS

Montei uma tabela com a relação dos requisitos adicionais do FSSC 22000 (v.6) com as categorias. Espero que seja útil.

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