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O nada doce caso de contaminação por arsênico que matou crianças no Halloween

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Um envenenamento por arsênico em doces fez mais de 200 vítimas em Bradford, Inglaterra. O ano era 1858 e vinte e uma vítimas morreram, sendo a maioria crianças.

William Hardaker vendia doces em uma barraca no Greenmarket, no centro de Bradford. Ele comprava os doces de Joseph Neal, que os fabricava ali perto mesmo, há algumas centenas de metros. Eram pastilhas feitas de óleo de hortelã-pimenta incorporado a uma base de açúcar e chicle. Na época, o açúcar era caro e Neal substituía parte do açúcar por gesso em pó, bem mais barato. A adulteração de alimentos com substâncias mais baratas era comum na época. Veja outro caso envolvendo açúcar no post Cerveja envenenou 6000 pessoas por arsênio e matou mais de 70 na Inglaterra.

Na ocasião, em 30 de outubro de 1858, Neal enviou James Archer, um inquilino que morava em sua casa, para comprar gesso na farmácia de Charles Hodgson, que ficava a 4,8 km de distância. Hodgson estava em sua farmácia, mas não atendeu Archer devido a uma doença e seus pedidos foram delegados a seu jovem assistente, William Goddard. Goddard perguntou a Hodgson onde estava o gesso, e foi informado de que estava em um barril em um canto do sótão.  No entanto, em vez do gesso, Goddard se confundiu e vendeu a Archer 12 libras (5,4 kg) de trióxido de arsênico. O trióxido de arsênico é um pó branco e cristalino que se assemelha ao açúcar. Não tem cheiro nem gosto.

O erro não foi detectado durante a fabricação dos doces por James Appleton, um doceiro experiente  empregado por Neal, embora Appleton tenha observado que o produto acabado parecia diferente das farsas usuais. O doceiro Appleton sofreu de sintomas de doença durante o processo de fabricação de doces e ficou doente por vários dias, com vômitos e dores nas mãos e nos braços, mas não percebeu que era causado por veneno. Quarenta libras (18 kg) de pastilhas foram vendidas para Hardaker, que também percebeu que os doces pareciam diferentes e usou o fato para obter um desconto de Neal. Assim como Appleton, Hardaker foi um dos primeiros a provar os doces e também adoeceu prontamente.

Mesmo assim, Hardaker vendeu 5 libras (2,3 kg) dos doces de sua barraca no mercado naquela noite. Daqueles que compraram e comeram os doces, 21 pessoas morreram e outras 200 ficaram gravemente doentes com envenenamento por arsênico.

As primeiras mortes – de duas crianças – foram diagnosticadas como cólera, um grande problema na Grã-Bretanha na época. O crescente número de vítimas logo mostrou que a causa foi a compra de pastilhas na barraca de Hardaker, e de lá a rastreabilidade levou a Neal e Hodgson.  Goddard foi preso e compareceu perante os magistrados no tribunal em Bradford em 1º de novembro. Hodgson e Neal mais tarde foram levados a julgamento com Goddard sob a acusação de homicídio culposo.

Dr. John Bell identificou o arsênico como a causa, e isso foi confirmado por Felix Rimmington, um proeminente farmacêutico e químico analítico. Rimmington estimou que cada unidade do doce continha entre 910 e 970 mg de arsênico. Já um relato contemporâneo estimou 580 miligramas, sendo que 290 miligramas já é a dose letal. Assim, cada pastilha conteria arsênico suficiente para matar duas pessoas e o total distribuído por Hardaker mataria  2.000. A acusação contra Goddard e Neal foi posteriormente retirada e Hodgson foi absolvido quando o caso foi considerado pela corte.

O legado regulatório

Como ocorre na maioria das tragédias, houve um clamor público e movimentação das autoridades. A crise contribuiu para a aprovação do Pharmacy Act 1868 no Reino Unido e da legislação que regulamenta a adulteração de alimentos.

O Pharmacy Act de 1868 visava promover o uso mais seguro de medicamentos. Antes dessa lei, substâncias perigosas como o ópio e outros venenos como o arsênio podiam ser comprados livremente por qualquer pessoa.

O objetivo principal deste ato era restringir a venda de substâncias perigosas a pessoas desqualificadas.  A lei exigia que apenas farmacêuticos registrados na Pharmaceutica Society pudessem vender essas substâncias. Além disso, a lei determinava que essas substâncias tivessem rótulos específicos e que fossem mantidas em locais seguros.

Daí veio o reconhecimento do químico e farmacêutico como o guardião e vendedor de “venenos nomeados” (como a medicina era formalmente conhecida). A exigência de manutenção de registros e a exigência de obter a assinatura do comprador são atualmente mantidas pela Lei de Venenos de 1972 para substâncias “não medicinais”. O ministério de WE Gladstone, de 1868–1874, também trouxe legislação regulando a adulteração de alimentos, como a mistura de substâncias prejudiciais ou a falsificação de produtos, exatamente o que aconteceu no caso de Bradford.

Fonte:  1858 Bradford sweets poisoning

Imagem gerada por IA

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5 estratégias para a indústria alimentícia minimizar resíduos de pesticidas

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O uso de pesticidas tem sido justificado ao longo dos anos como uma ferramenta que garante a produtividade na agricultura. Por outro lado, seus resíduos deixam uma preocupação relevante em relação à segurança do alimento.

Entre esses dois pontos de vista, sabemos que o tema carrega consigo discussões políticas que tornam cada vez mais complexa uma resolução. Afinal, como a indústria de alimentos deve se posicionar neste impasse?

Recentemente o Idec (Instituto de Defesa dos Consumidores) publicou os resultados da terceira edição da pesquisa Tem Veneno Nesse Pacote. Parando pra pensar: se este termo estivesse estampado nas embalagens, muito provavelmente decidiríamos por não consumir, não é mesmo?

Tem_Veneno_Nesse_Pacote_Vol3

(Reprodução: Instituto de Defesa dos Consumidores – Tem Veneno Nesse Pacote Volume 3).

Esta pesquisa vem analisando diversos alimentos nos últimos anos, como biscoitos, bebidas, pães, bolos, lácteos e, nesta última edição, foram incluídos alimentos plant-based.

Nos dois primeiros volumes, cerca de 60% dos produtos analisados apresentaram resíduo de, pelo menos, um tipo de pesticida. Já no volume que acaba de ser publicado, 12 dos 24 produtos analisados apresentaram resíduo de agrotóxico, sendo o glifosato o mais frequente entre os pesticidas encontrados.

Mas o que a indústria alimentícia pode fazer para minimizar esse perigo e evitar a exposição de suas marcas?

1. Selecionar seus fornecedores

Sabe-se que a presença de resíduos de pesticidas em alimentos é um reflexo de sua manipulação na agricultura. Por isso, é importante que a indústria alimentícia escolha a dedo seus fornecedores, priorizando aquele que demonstre e evidencie as boas práticas agrícolas.

Entre elas, adotar as recomendações de aplicação fornecidas pelo fabricante do pesticida é o básico. Ou seja, seguir as instruções de dosagem e intervalo de segurança, bem como se atentar aos cuidados para evitar contaminação de solo e recursos hídricos, os quais podem acabar contaminando os produtos alimentícios em uma outra etapa da produção.

Para isso, estabelecer um processo robusto de homologação de fornecedores é um excelente começo para a minimização de resíduos de pesticidas no alimento pronto para consumo.

2. Definir meios de incentivo a práticas combinadas de controle de pragas

Uma alternativa interessante para garantir a motivação dos agricultores neste tema é atrelar benefícios quando demonstrado que se praticam ações associadas ao controle de pragas que minimizam o uso de inseticidas. Esses benefícios podem variar em contratos de maior longevidade, além de aplicação de preços mais chamativos.

Outra alternativa é oferecer programas de capacitação, suporte técnico e até mesmo participação em eventos de desenvolvimento tecnológico e de inovação como benefícios aos agricultores/fornecedores que garantem práticas combinadas no manejo de pragas.

3. Apoiar pesquisas e o desenvolvimento de variedades mais resistentes

Variedades de recursos vegetais mais resistentes foram desenvolvidas ao longos dos últimos anos. Mas a indústria alimentícia pode apoiar as pesquisas que foquem não apenas a produtividade, mas associada a isto, mais resistência a pragas e outras intempéries, o que tem o potencial de minimizar o uso de pesticidas na lavoura.

4. Estimular a prática da agricultura regenerativa

A Agricultura Regenerativa foi abordada no Fórum Econômico Mundial de 2023. O conceito é que a agricultura não pode ser compreendida de maneira isolada, visto que ela é dependente de fatores abaixo do solo e acima dele, bem como de questões climáticas.

Ela tem como pilares a redução do revolvimento do solo, a manutenção de sua cobertura, a integração de animais na lavoura, entre outros. Os cuidados propostos por este modelo são capazes de diminuir o uso de fertilizantes e defensivos agrícolas, entre vários outros.

Dessa maneira, a indústria alimentícia deve considerar o estímulo a esse modelo de negócio, considerando o seu benefício em sustentabilidade para a cadeia produtiva de alimentos.

5. Reduzir a cadeia de fornecimento

Gradualmente a indústria de alimentos deve priorizar a agricultura local, substituindo os fornecedores que exijam uma longa cadeia de distribuição, sempre que possível. Essa estratégia traz resultados significativos na redução de agentes pós-colheita que buscam conservar os vegetais até que cheguem ao seu destino.

Além disso, o trabalho com fornecedores locais facilita o contato, acompanhamento do manejo e fornecimento de apoio técnico, entre outras ferramentas que podem auxiliar na avaliação e manutenção de fornecedores de alimentos mais seguros, como mencionado no item 1.

A pesquisa Tem Veneno Nesse Pacote também traz um ponto relevante relacionado ao monitoramento de resíduo de agrotóxicos em alimentos. Segundo o relatório, a Anvisa não define limites de resíduos destes químicos em alimentos processados e ultraprocessados. Os limites estão estabelecidos apenas para os alimentos in natura. Assim, esta definição é necessária para garantir um controle que vai além do simples monitoramento.

Dessa maneira, não apenas a indústria alimentícia tem um papel relevante e transformador neste cenário, mas também os consumidores. Afinal, é a partir da mudança dos hábitos alimentares que se obtém a transformação do consumo e, como consequência, as mudanças para o fornecimento de alimentos cada vez mais seguros.

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Lubrificantes nas indústrias de alimentos e embalagens [VI Fórum de Segurança de Alimentos BRCGS] – Parte 2 de 2

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O VI Fórum de Segurança de Alimentos, realizado pela BRCGS com a co-organizadora QIMA WQS, trouxe Lilian Miakawa, da Fuchs Lubrificantes, com o tema “Entendendo a importância e o papel dos lubrificantes nas indústrias de alimentos e de embalagens”.

Quando escrevi, no post anterior, que Lilian soube aproveitar muito bem o tempo definido para sua palestra, acreditem! Tanto que não consegui contemplar tudo em um post só e, por isso, neste segundo texto vamos nos aprofundar mais sobre as diferenças entre lubrificantes minerais e sintéticos, parâmetros das substâncias MOSH e MOAH, além dos critérios e detalhes que devem ser acordados entre cliente e fornecedor para a escolha dos melhores lubrificantes utilizados ao longo de um processo.

Além das certificações voluntárias que podem ser concedidas aos lubrificantes, como mostra o slide de sua apresentação abaixo, existem alguns aspectos importantes  sobre o entendimento da lubrificação sob a ótica da segurança dos alimentos, pois aqui a decisão para se eleger um lubrificante food grade, seja de base mineral ou sintética, vai muito além dos requisitos técnicos e de desempenho requeridos na aplicação. Este novo contexto passa a envolver nas decisões de lubrificação, novos stakeholders das áreas de controle de qualidade, manutenção, engenharia de confiabilidade, ESG e também de negócios. Destacou-se também o papel das partes envolvidas em toda a jornada dos lubrificantes  para a prevenção da contaminação, através da adoção de boas práticas de lubrificação, no armazenamento, acondicionamento e manuseio. Além disso, diante de um ambiente mais complexo e com maiores exigências, há uma tendência cada vez maior de utilização de lubrificantes sintéticos, por  oferecerem  desempenho técnico superior, especialmente em  ambientes de maior criticidade e em aplicações complexas, maior durabilidade em termos de tempo de troca do lubrificante, com menor volume de descarte do lubrificante. Esta categoria de lubrificante também atende aos novos requisitos de MOSH e MOAH free.

Slide da apresentação da Lilian Miakawa no VI Fórum de Segurança de Alimentos BRCGS em 29/08/2024

Em relação aos hidrocarbonetos de óleo mineral: MOSH (Mineral Oil Satured Hydrocarbons), MOAH (Mineral Oil Aromatic Hydrocarbons) e POSH (Polyolefin Oligomer Satured Hydrocarbons), dos quais podemos relembrar mais detalhes clicando aqui, Lilian apresentou o que há de mais novo em relação ao assunto, trazendo parâmetros do que é considerado seguro até o momento, conforme ilustram as imagens abaixo:

Falando agora sobre fazer a melhor escolha diante da evolução da complexidade para se eleger um lubrificante, devemos considerar que, ao longo dos últimos anos, percebemos que esta análise vem colocando novos elementos para a tomada de decisão, exigindo um entendimento mais aprofundado do contexto técnico e do negócio onde estarão inseridos os lubrificantes, e assim há uma demanda de alinhamento entre todas as informações das partes interessadas (cliente, fornecedor, tipo de produtos, etc).

Esta análise passa pelo entendimento não somente dos requisitos técnicos da aplicação como era no passado, mas também do ambiente do processo (análise de risco e objetivos da engenharia de confiabilidade), exigências regulatórias locais e internacionais, visão ampliada para os novos requisitos e tendências que poderão impactar o negócio. A imagem a seguir ilustra bem esse cenário:

Slide da apresentação da Lilian Miakawa no VI Fórum de Segurança de Alimentos BRCGS em 29/08/2024

Agora, vamos aos fatos de quem conhece o dia a dia produtivo: de nada adianta seguirmos todos esses passos se não atendemos o básico, que são pré-requisitos para se utilizar corretamente os lubrificantes. Ao ver as fotos abaixo nos chocamos, mas também damos aquele riso de nervoso por conhecer bem (mais do que devíamos…) essas cenas.

Slide da apresentação da Lilian Miakawa no VI Fórum de Segurança de Alimentos BRCGS em 29/08/2024

Mas também temos os exemplos do outro extremo, quando nos deparamos com salas de lubrificação (oficinas) que são mais organizadas que muitas casas (e digo por mim que tenho criança em casa!):

Slide da apresentação da Lilian Miakawa no VI Fórum de Segurança de Alimentos BRCGS em 29/08/2024

O evento contou com os patrocinadores Sbcert (patrocinador ouro), NSF e Fuchs (como patrocinadores prata), além da SGS, Control Union e CJI Solutions (patrocinadores bronze).

Fontes:

1.  https://food.ec.europa.eu/system/files/2022-07/reg-com_toxic_20220421_sum.pdf
2.  www.efsa.europa.eu/en/efsajournal/pub/2704
3.  www.efsa.europa.eu/sites/default/files/wgs/chemical-contaminants/wg-moh-food.pdf

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Lubrificantes nas indústrias de alimentos e embalagens [VI Fórum de Segurança de Alimentos BRCGS] – Parte 1 de 2

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“Entendendo a importância e o papel dos lubrificantes nas indústrias de alimentos e de embalagens” foi o tema da palestra de Lilian Miakawa, da Fuchs Lubrificantes, no evento realizado pela BRCGS com a co-organizadora QIMA WQS.

Ao conversar com outros participantes, pude perceber que não foi apenas minha a sensação de que a palestra mereceu destaque, não só pelo nível técnico e pela didática de Lilian, mas mais do que isso, porque acrescentou muitas informações para um público que já tem muita experiência de indústria.

Tenho por costume, quando dou treinamentos, dar exemplos práticos da minha vivência, para que o público consiga visualizar situações diferentes do processo em que atua. Esses exemplos, muitas vezes, vão de um extremo a outro. Brinco que esses exemplos, quando são do extremo “positivo”, que seriam os modelos a seguir, são os casos “lunáticos”, porque parecem distantes da maioria das situações aqui da nossa realidade.

Mas Lilian foi muito mais longe que a Lua quando nos trouxe o insight de que os lubrificantes são utilizados nas naves espaciais e alcançam Marte.

Apesar do curto tempo que teve para nos apresentar tanto conteúdo, a apresentadora soube aproveitá-lo e nos mostrar slides autoexplicativos sobre as diferentes classificações dos lubrificantes food grade, além das diferenças entre o atendimento ao certificado NSF e à ISO 21469 (lembrando que este é um atendimento obrigatório aqui no Brasil, seguindo resolução da Agência Nacional do Petróleo).

Fonte: Apresentação de Lilian Miakawa no VI Fórum de segurança de alimentos BRCGS em 29/08/2024

Já tivemos aqui no blog um post sobre as legislações que regem os lubrificantes no Brasil, muito bem escrito por Cíntia Malagutti e que pode ser acessado aqui. Outro texto muito bom de ser consultado vez e outra e que vai direto ao ponto é esse da Juliane Dias: Legislação para lubrificantes de grau alimentício.

Interessante como os eventos e encontros do nosso setor são importantíssimos para discutirmos e aprofundarmos assuntos com quem atua diretamente com eles e que fazem parte dessa área tão abrangente que é a segurança de alimentos.

Além disso, demonstram a evolução dos temas e o desenvolvimento dos setores. Ter em um evento desse porte um fornecedor essencial para a cadeia de alimentos e com impacto direto na segurança dos consumidores, com uma representante que fala sobre HACCP, alergênicos, legislações e novidades que já estão sendo discutidas internacionalmente é reflexo do nível de cobrança e atualizações que precisamos para nossa área.

Vimos esse desenvolvimento acontecer na indústria de embalagens, como muito bem colocado por Liliana Batista, palestrante seguinte, que falou de como hoje podemos conversar com esse setor com uma linguagem muito diferente de 15 ou 20 anos atrás. O número de representantes da indústria de embalagens ali presentes é reflexo dessas mudanças.

E assim esperamos acontecer também com a indústria de equipamentos, não é mesmo?!…

Continuamos na esperança de que todos os elos da cadeia produtiva de alimentos falem a mesma língua, sem estarmos separados em “gavetas” diferentes, fazendo cada um o seu próprio evento, sem a representação das demais partes interessadas.

Esses eventos nos renovam a energia e a esperança de melhorias em todos os âmbitos, para lembrarmos de quando nos deparamos com situações que muitas vezes tendem a nos empurrar para baixar a régua, mas precisamos mantê-la ou até mesmo subir as exigências, como profissionais éticos e comprometidos que somos.

Lembro-me das vezes em que comentei sobre status alergênico dos lubrificantes, como cobra a norma BRCGS já há algum tempo, e isso foi considerado “preciosismo”. Agora a gente assiste a aula que a Lilian deu dos perigos discutidos na Europa, com substâncias que estão sendo discutidas e que vão muito além da nossa lista de alergênicos, como MOSH e MOAH (aguardem post com mais detalhes sobre eles!), e saí refletindo sobre o mínimo que é cobrado das empresas e o quanto às vezes até o mínimo é questionado…


Fonte: Apresentação de Lilian Miakawa no VI Fórum de segurança de alimentos BRCGS em 29/08/2024

Lembro também de quantas vezes falei sobre rastreabilidade no setor de lubrificantes e fui considerada exigente demais… Aliás, texto muito bem escrito sobre rastreabilidade de lubrificantes na indústria de alimentos é o da querida Gisele Mutti Capiotto, que pode ser lido novamente aqui.

O evento contou com os patrocinadores Sbcert (patrocinador ouro), NSF e Fuchs (como patrocinadores prata), além da SGS, ControlUnion e CJI Solutions (patrocinadores bronze).

Para quem quiser aprofundar a leitura sobre o tema, aguardem próximo post em que falaremos mais sobre as diferenças entre lubrificantes minerais e sintéticos, parâmetros de MOSH e MOAH mundialmente pesquisados, além dos requisitos para se escolher o melhor lubrificante, uma vez que o assunto está sendo atualizado e cada vez mais detalhes precisam ser discutidos entre todas as partes interessadas para se fazer a melhor escolha.

Enquanto isso, seguem outros textos que o Food Safety Brazil já publicou sobre lubrificantes:

Análise de lubrificantes – Manutenção preditiva na indústria de alimentos
Como avaliar se o processo de fabricação de lubrificantes é Food Grade de acordo com a ISO 21469
Controle de lubrificantes com TPM e manutenção autônoma
– O que você sabe sobre os lubrificantes food grade (partes I e II)
O futuro, não tão distante, das indústrias de alimentos e de lubrificantes

Referências:

https://food.ec.europa.eu/system/files/2022-07/reg-com_toxic_20220421_sum.pdf
https://www.efsa.europa.eu/en/efsajournal/pub/2704
https://www.efsa.europa.eu/sites/default/files/wgs/chemical-contaminants/wg-moh-food.pd

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Perigos químicos emergentes identificados pela EFSA

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A European Food Safety Agency – EFSA (Agência Europeia de Segurança de Alimentos) – recentemente publicou um relatório técnico sobre perigos químicos emergentes relacionados à segurança de alimentos para humanos e animais, compreendendo o período de 2020 a 2023.

Perigos químicos emergentes são aqueles que eram desconhecidos ou pouco mencionados até então. Durante o levantamento de dados pela EFSA, diversas fontes foram consideradas, como: projetos de avaliação da EFSA, como Screener Project, mudanças climáticas, desafios dos oceanos e outras ferramentas de dados (ex. JRC TIM Analytics tool e EuroCigua I and II projects).

A identificação destes perigos químicos emergentes foi baseada em análises a partir de uma abordagem multidisciplinar, considerando aspectos toxicológicos, químicos, epidemiológicos e outras informações relevantes.

No projeto SCREENER, a EFSA realizou avaliação de 212 substâncias químicas. Destas, 15 foram priorizadas por resultados de análises quantitativas em amostras de diversos alimentos. Na tabela abaixo são apresentadas 12 dessas substâncias, sendo que 3 ainda carecem de mais estudos (3,4-dimethylaniline, quinoline, n-methylacetamide).

Com base no TIM Analytics tool, desenvolvido pelo Joint Research Centre (JRC), 60 químicos foram analisados, baseados na lista de 212 substâncias do EFSA e em outros químicos analisados utilizando o “TIM Technology” e “TIM News”. Nos estudos, foram considerados cerca de 3.000 artigos. Os químicos emergentes identificados são apresentados nas tabelas abaixo. A Tabela 2 refere-se aos resultados usando a ferramenta “TIM Technology”, enquanto a Tabela 3 usou a “TIM News”.

Com relação às mudanças climáticas, o CLEFSA Project identificou uma lista de 19 químicos emergentes, apresentados na Tabela 4, que representam impacto à saúde pública por serem caracterizados como novos perigos, pelo aumento à exposição de um perigo conhecido. Na Tabela 5, são apresentados perigos de variação de micro/macro nutrientes nas matrizes de alimentos.

Os projetos EuroCigua I and II identificaram ocorrências de ciguatoxinas, resultado da bioacumulação e biotransformação por precursores de toxinas produzidos por dinoflagelados Gambierdiscus spp. e Fukuyoa spp., com registro de um total de 209 casos em 34 surtos de ciguatera na União Europeia de 2012 a 2019.

Por fim, o projeto “Food and feed safety vulnerabilities in the circular economy” (Vulnerabilidades na segurança dos alimentos e de rações na economia circular), com base em diversos estudos, identificou alguns perigos químicos emergentes, como: metais pesados (em particular, altos níveis de Cd e Ni em pré-pupas), dioxinas, bifenilos policlorados (PCBs), hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs), hidrocarbonetos de óleo mineral, medicamentos veterinários, pesticidas e a absorção de alérgenos por insetos do substrato (ex. glúten).

Além destes, também são apresentadas duas tabelas com alguns outros químicos que atualmente não podem ser concluídos como perigos emergentes, devido à insuficiência de dados e informações.

O estudo completo pode ser acessado diretamente no site da EFSA, clicando aqui.

Imagem em destaque gerada por inteligência artificial

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Nova página do FDA: o que precisamos saber sobre microplásticos e nanoplásticos em alimentos

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No cenário atual, os plásticos são essenciais em uma variedade de produtos de consumo e industriais, abrangendo desde brinquedos e eletrodomésticos até cosméticos, dispositivos médicos, componentes de veículos, tecidos e materiais de construção. Apesar disso, a reciclagem e a incineração de plásticos são limitadas, resultando em uma acumulação significativa em aterros sanitários e no ambiente. A poluição plástica é onipresente, visível em áreas terrestres, riachos, rios, costas e oceanos.

Em 2022, a produção mundial de plásticos atingiu o recorde de 400,3 milhões de toneladas métricas, representando um aumento de aproximadamente 1,6% em relação ao ano anterior. Essa tendência de crescimento na produção de plásticos começou na década de 1950, impulsionada pela versatilidade e utilidade desses materiais.

A maioria dos plásticos não se biodegrada rapidamente, e ao longo do tempo, devido à exposição aos elementos ambientais, eles se fragmentam em partículas menores, conhecidas como microplásticos e nanoplásticos. Estes materiais podem permanecer como contaminantes marinhos ativos por até 450 anos.

A presença de microplásticos e nanoplásticos em alimentos é uma questão crescente, principalmente devido à contaminação ambiental nos locais de cultivo de alimentos. Embora não haja evidências científicas suficientes para afirmar que esses microplásticos e nanoplásticos migram de embalagens plásticas para alimentos e bebidas, a exposição humana a eles pode ocorrer através do ar, alimentos e absorção pela pele.

A preocupação com os impactos dos microplásticos é um foco crescente nos últimos anos, atraindo a atenção de formuladores de políticas, organizações ambientais e cientistas em todo o mundo. A busca por dados, informações e estratégias eficazes para mitigar seus efeitos no meio ambiente e na saúde humana é uma prioridade.

Em 2024, a celebração do Dia Mundial do Meio Ambiente reforça a necessidade urgente de combater a poluição plástica, um dos maiores desafios ambientais de hoje. O objetivo é aumentar a conscientização global e promover ações concretas para a proteção do meio ambiente.

Com base neste contexto, visando promover maior conscientização e material técnico informativo, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA lançou uma página específica para esclarecer as preocupações sobre microplásticos e nanoplásticos.

Algumas evidências sugerem que esses materiais estão entrando no suprimento de alimentos, principalmente através do ambiente. Apesar de não haver evidências científicas atuais de que os níveis de microplásticos ou nanoplásticos detectados em alimentos representam um risco à saúde humana, a FDA continua monitorando a situação.

A página da FDA inclui informações sobre saúde, regulamentação e ciência. Em termos de saúde, estudos mostram que microplásticos e nanoplásticos foram encontrados em amostras humanas, mas os potenciais efeitos na saúde ainda são pouco compreendidos, e mais pesquisas são necessárias. A Agência de Substâncias Tóxicas e Registro de Doenças dos EUA e o Centro Nacional de Saúde Ambiental dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças estão trabalhando para avaliar os riscos à saúde humana e compartilharão suas descobertas com a comunidade científica.

No campo científico, a FDA reconhece que, embora existam muitos estudos sobre microplásticos e alguns sobre nanoplásticos, há lacunas significativas na pesquisa. A falta de definições padronizadas, materiais de referência, métodos de coleta e preparação de amostras, além da ausência de controles de qualidade adequados, dificulta a avaliação de risco regulatória. Além disso, os métodos disponíveis para detectar nanoplásticos são menos confiáveis devido ao tamanho minúsculo dessas partículas.

A FDA está comprometida em avançar na ciência por meio da análise de metodologias de teste e outros trabalhos relacionados, incluindo a participação em grupos de trabalho governamentais e interinstitucionais. A agência também está monitorando a pesquisa sobre microplásticos e nanoplásticos em alimentos, buscando desenvolver, validar e implementar métodos analíticos para a tomada de decisões regulatórias.

A FDA não possui regulamentações que autorizem microplásticos ou nanoplásticos como ingredientes acidentais em alimentos. Para plásticos usados em contato com alimentos, a legislação exige que todos os materiais sejam aprovados antes de serem comercializados. A agência avalia dados de testes para garantir que a exposição do consumidor seja segura.

A responsabilidade legal recai sobre as empresas que cultivam, produzem alimentos ou fabricam produtos destinados ao uso com alimentos. Se a FDA determinar que os níveis de microplásticos ou nanoplásticos tornam os alimentos inseguros, a agência tomará medidas regulatórias.

Pode-se inferir que na busca pela segurança dos alimentos, a FDA permanece à frente, vigilante e comprometida em garantir que os produtos disponíveis no mercado norte-americano atendam aos padrões de qualidade e segurança. Através de regulamentações, monitoramento contínuo e pesquisa científica avançada, a agência trabalha para proteger os consumidores de potenciais riscos, incluindo a presença de microplásticos e nanoplásticos em alimentos.

À medida que a ciência evolui e novas informações se tornam disponíveis, a FDA adapta-se, atualizando suas diretrizes e práticas para manter a saúde pública como sua prioridade máxima. Com a página recém-lançada sobre microplásticos e nanoplásticos, a agência oferece uma ferramenta valiosa para educar o público e divulgar suas ações.  Conheça a página aqui.

Imagem gerada por inteligência artificial

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Micotoxinas em alimentos são mais comuns do que você imagina!

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O termo micotoxina é derivado da palavra grega “mykes” que significa fungo e do latin “toxican” que significa toxinas. Designa um grupo de compostos produzidos por algumas espécies fúngicas durante seu crescimento. Micotoxinas em alimentos podem causar doenças ou morte quando ingeridas pelo homem ou animais.

As micotoxinas são contaminantes naturais que desafiam o controle da segurança dos alimentos. Estima-se que cerca de 25% de todos os produtos agrícolas do mundo estejam contaminados por tais substâncias.

As principais micotoxinas de importância global são: ocratoxina A, tricotecenos, zearalenona, fumonisina e aflatoxinas.

Micotoxinas e os correspondentes produtos de fungos toxicogênicos

No último relatório RAASF de 2023 (Rapid Alert System for Food and Feed – sistema para intercâmbio de informações sobre notificações referentes à segurança de alimentos entre os países europeus), as aflatoxinas estão entre as Top 10 notificações, pelo perigo, categoria do produto e origem, apresentando 85 notificações, atrás de resíduos de pesticidas, Salmonella e migração.

Notificações por perigo, categoria de produto e origem

Fonte: RASFF, 2023

As micotoxinas ocorrem em uma extensa classe de alimentos e estão envolvidas em uma série de doenças humanas e animais. Podem ser cancerígenas, mutagênicas, teratogênicas e imunossupressoras. A capacidade de algumas micotoxinas de comprometer a resposta imune e, consequentemente, reduzir a resistência a doenças infecciosas é hoje amplamente considerada o seu efeito mais importante, principalmente nos países em desenvolvimento.

Os fungos que invadem sementes e grãos em geral são frequentemente divididos em dois grupos: fungos do campo, que infectam o produto ainda no campo, e fungos de armazenamento, que invadem o grão pouco antes e durante o armazenamento.

Os fungos do campo requerem uma umidade relativa de 90-100% para crescerem. Os principais gêneros são Cephalosporium, Fusarium, Gibberella, Nigrospora, Helminthosporium, Alternaria e Cladosporium que invadem grãos e sementes durante o amadurecimento e o dano é causado antes da colheita. Estes fungos não se desenvolvem normalmente durante o armazenamento, exceto em milho armazenado com alto teor de umidade.

Os fungos de armazenamento, como por exemplo, o Aspergillus, Penicillium, Rhizopus e Mucor, em condições favoráveis, desenvolvem-se com rapidez durante o processo de cultivo, colheita, transporte e armazenamento.

Os principais fungos produtores de micotoxinas, conhecidos como micotoxicogênicos, correspondem ao gênero Aspergillus, Penicillium e Fusarium.

Nas tabelas abaixo, estão as principais micotoxinas, fungos produtores, ocorrência em alimentos, destacando o impacto em cereais, leite e derivados, chás, café e algumas frutas.

Micotoxinas, fungos produtos e ocorrência em alimentos

Fonte: EMBRAPA, 2015

Principais efeitos de algumas micotoxinas na saúde humana e animal

Fonte: Embrapa, 2015

Um ponto relevante foi a escolha do Brasil pela FAO para ser o estudo de caso sobre micotoxinas em cereais. Ainda há muitos desafios neste tema, mas estamos avançando em técnicas e ações de mitigação para o controle de micotoxinas no Brasil e no mundo.

Referência: Micotoxinas: Importância na Alimentação e na Saúde Humana e Animal – Embrapa, 2007 

Renata Cerqueira é farmacêutica e bioquímica, com especializações em Qualidade e Produtividade, Ciência e Tecnologia de Alimentos, Cosméticos e Segurança dos Alimentos. Mestre em Toxicologia de Alimentos e doutoranda em Ciência dos Alimentos. Docente em cursos de especialização de segurança de alimentos e de gestão da qualidade. Possui 27 anos de experiência em Gestão de Controle e Garantia da Qualidade em indústrias químicas e de alimentos.

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Risco de dioxinas e furanos nos alimentos

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Entre os riscos de contaminantes químicos potenciais nos alimentos, um dos mais temidos são as dioxinas e os furanos. São compostos solúveis em gordura (lipofílicos) e, assim, bioacumulativos na cadeia alimentar, especialmente associados com carne, leite e seus derivados.

Dioxinas e furanos são duas classes de compostos aromáticos tricíclicos, de função éter, com estrutura quase planar e que possuem propriedades físicas e químicas semelhantes.

Nestes compostos, os átomos de cloro se ligam aos anéis benzênicos, possibilitando a formação de um grande número de congêneres: 75 para as dioxinas e 135 para os furanos, totalizando 210 compostos.

Das 210 dioxinas e furanos existentes, 17 compostos com substituições nas posições 2, 3, 7 e 8 destacam-se sob o ponto de vista toxicológico. A toxidade aguda mais elevada é para o 2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina (2,3,7,8-TCDD), que é ultrapassado somente por algumas outras toxinas de origem natural. Veja a tabela a seguir:

A contaminação em pequenas doses não é facilmente perceptível, porque em curto espaço de tempo não gera sintomas, mas como são cumulativas no organismos, podem causar intoxicações a médio e longo prazo.

Problemas comumente associados com estas moléculas são a cloroacne, que se apresenta como um tipo de erupção, cistos ou fissuras semelhantes à acne na pele, além de manchas escuras e mudanças nas funções do fígado.

Porém, os casos podem ser mais graves. As dioxinas e os furanos foram incluídos na lista de substância cancerígenas do programa Nacional de Toxicologia (NTP) dos EUA, com base nos estudos do Instituto Nacional da Saúde (NHIS – National Health Interview Survey) em 2001. Até então, eram classificados pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (USEPA – United States Environmental Protection Agency) no grupo B1 (provável carcinogênico).

As evidências disponíveis apontam fortemente que a TCDD exerce seu efeito carcinogênico primariamente por meio de sua efetividade como agente promotor de estimulação de replicação de células de maneira reversível e inibindo apoptoses.

O 2,3,7,8-TCDD tem a propriedade de se tornar um produtor de proteínas se inserido nas células do corpo. Ele penetra no núcleo da célula e combina-se com o DNA, depois direciona a função das células para a produção de proteínas, o que resulta finalmente em um enfraquecimento do sistema celular, inclusive o imunológico.

ROTAS DE EXPOSIÇÃO

As rotas de exposição identificadas incluem exposição direta pelas emissões atmosféricas e de chaminés e exposição indireta pela contaminação do solo e de produtos alimentícios, água e outros elementos.

ar > solo > vegetais > animais > seres humanos

O isômero 2,3,7,8-TCDD é extremamente estável quimicamente e é consideravelmente insolúvel em água e em muitos compostos orgânicos, mas é muito solúvel em óleos e gorduras. Assim,  suas propriedades fazem com que não seja levado pela chuva, tornando-se um resíduo cumulativo.

A sequência de reações de formação dos PCDD e PCDF não é bem entendida ou conhecida, mas existem três teorias básicas para a ocorrência desses compostos em incineradores:

  1. Ocorrem como constituintes em pequeníssimas quantidades, traços, no próprio resíduos e uma parte passa através do incinerador, sem transformação;
  2. São produzidos durante a incineração ou em caldeiras, a partir de precursores, como o PCB (bifenila policlorada), os pentaclorofenois e os benzenos clorados;
  3. São produzidas a partir de materiais não diretamente relacionados a esses compostos (ex.: produtos de petróleo em geral, hidrocarbonetos clorados, íons cloreto inorgânico e plásticos).

A 1ª hipótese tem sido descartada nos casos em que a temperatura de combustão dos fornos é alta o suficiente para destruir os PCDD e PCDF, como ocorre na incineração de resíduos em que a temperatura está próxima ou acima de 900ºC e o tempo de residência é alto (1 a 2 segundos).

A 3ª hipótese é a mais aceita, pelo mecanismo conhecido como síntese “de novo” que permite chegar a moléculas complexas a partir de moléculas simples por reações elementares entre C, H, O e Cl.

Observa-se a formação de dioxinas, furanos e compostos relacionados com o benzeno e fenóis clorados no carbono residual coletado na saída de sistemas de combustão (região de temperatura entre 300 a 400ºC), quando na presença de HCl, O2 e H2O. Essas reações são catalisadas por vários metais, óxidos metálicos e silicatos, também presentes no material particulado arrastado.

Por isso, sua geração está associada a processos de combustão que podem ocorrer em:

  1. Incineradores de lixo municipal, de resíduos industriais, de lodos residuários e hospitalares;
  2. Plantas de preparação e termelétricas de carvão;
  3. Queima ao ar livre de resíduos de madeira;
  4. Veículos automotores;
  5. Fumaça de cigarro;
  6. Lareiras que queimam madeira;
  7. Aciarias;
  8. Fundições de cobre;
  9. Outros processos similares.

Tal síntese ocorre especialmente quando na combustão há presença de subproduto da sínteses de herbicidas, desinfetantes e outros; PCB (formação de furanos somente); componentes agente laranja (2,4,5-T e 2,4-D); benzenos clorados; compostos de cloro e bromo assemelhados; diversos derivados de petróleo.

O NOTÓRIO CASO BELGA

O caso mais conhecido de alimentos contaminados com dioxinas e furanos ocorreu em 1999, quando um produtor de Roulers, norte da Bélgica, ficou intrigado com a falta de apetite de seus frangos e com a diminuição da produção de ovos.

Nesta ocasião, os veterinários levantaram a hipóteses de uma contaminação por dioxina na ração dos frangos.

Certificados da hipótese, o governo belga estimou que 80 mil toneladas de ração potencialmente contaminada foram fornecidas a 1400 fazendas, o que corresponde a metade das granjas daquele país, sendo que 40% de produção suína e 17% da pecuária foram atingidas.

O governo da Bélgica, apenas pela hipótese de algumas fazendas não terem se submetido ao controle de qualidade dos seus rebanhos, resolveu interditar 230 fazendas e proibir a comercialização de centenas de milhares de animais.

Vários países na Europa, EUA, Japão e inclusive Brasil cancelaram as exportações de produtos granjeiros provenientes da Bélgica, tais como linguiças, carne de aves, de gado, leite e derivados, o que evidentemente levou o país a ter um prejuízo de milhões de euros.

O Ministro da Agricultura da Holanda teve de renunciar após descobrirem que conscientemente havia importado ração de origem belga potencialmente contaminada com dioxina.

A Nestlé suspendeu temporariamente a produção em sua fábrica de chocolates na Bélgica. Em Paris e na França, a cadeia McDonalds recolheu do mercado toda sobremesa à base de leite, pois o fornecedor de produtos para fabricação de sorvetes era uma companhia belga.

Inicialmente as autoridades belgas não concluíram se a dioxina teve origem numa fábrica de Ghent ou se veio de material vendido à fábrica por fornecedores que reaproveitam azeite e gorduras usados em restaurantes.

Houve muitas hipóteses sobre a origem da contaminação. Por isso, foi investigada uma ampla gama de possibilidades: detergentes, pesticidas, tintas etc., mas ao final, a ração diária do rebanho foi identificada como principal responsável pela contaminação.

Vários componentes da ração foram analisados separadamente e o farelo de polpa cítrica, proveniente justamente do Brasil, foi identificado como fonte potencial mais provável de contaminação.

A rastreabilidade demonstrou que esta polpa cítrica tinha sua acidez neutralizada por cal (CaO) e este foi identificado como principal contaminante potencial: a cal é obtida pela combustão do CaCO3 em fornos, e se este processo for realizado sem os devidos cuidados e com a utilização de materiais impróprios como combustível (como plásticos, pneus, madeira fumigada, etc), pode haver formação de dioxinas e furanos que vão se impregnar na cal.

Rastreabilidade da possível rota de contaminação da polpa cítrica por dioxinas.

Milhares de toneladas de polpa cítrica foram destruídas no exterior e outras milhares de toneladas deixaram de ser exportadas pelo Brasil.

PARA CONCLUIR

Dioxinas e furanos são perigos normalmente de baixa probabilidade na cadeia produtiva de alimentos, exceto quando as rotas produtivas esbarram direta ou indiretamente com suas fontes geradoras. No entanto, quando ocorrem, são de alta gravidade, seja pelos danos à saúde humana que devem ser o elemento de consideração prioritária, como também pelos colossais prejuízos econômicos que podem ocasionar em decorrência do rompimento de contratos e consequente perda de credibilidade em relação aos produtores.

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Cerveja envenenou 6000 pessoas por arsênio e matou mais de 70 na Inglaterra

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Nos anos 1900, mais de 6.000 pessoas na Inglaterra foram envenenadas por cerveja contaminada com arsênio, resultando na morte de mais de 70.  Estima-se que essa grande crise de segurança de alimentos foi se alastrando silenciosamente por anos, por causa de um erro sistemático de diagnóstico.

Os médicos atribuíam aos pacientes “bons de copo” a sentença de neurite periférica, vinculando os sintomas ao alcoolismo, sem enxergar algo muito mais grave que estava acontecendo. As vítimas apresentavam severa fraqueza muscular e dormência nas mãos ou nos pés.

Foi então que o inconformado médico Ernest Septimus Reynolds iniciou uma extensa pesquisa para entender a epidemia. Ele começou com o levantamento de dados de ocorrência na cidade de Manchester, que era muito maior comparado com Londres e outras mais distantes.

Outras cidades das proximidades tiveram suas estatísticas de internações aumentadas, sendo que, em comum, todos os pacientes tinham o currículo de bebedores  regulares de cerveja. Alguns deles apresentavam também alterações na pele, como vermelhidões, descamações, ou pele pálida. Outro ponto comum é que pertenciam às classes sociais mais desvaforecidas, ou então eram indigentes e ou alcoólatras. Contudo, a pesquisa mostrou que essa doença não afetava da mesma maneira os bebedores de vinho ou uísque e também que a quantidade consumida era baixa a moderada em muitos casos. Pesquisando as causas para a fraqueza muscular, amostras de cervejas foram coletadas e foi detectado arsênio. Era hora de rastrear a causa-raiz.

Foi fraude em cima de outra fraude

Uma vez identificadas as cervejarias afetadas, investigou-se a origem do contaminante. Verificou-se que o arsênio estava presente no açúcar invertido fornecido às cervejarias pela Bostock & Co., de Garston. Para reduzir os custos no mercado cervejeiro inglês, algumas cervejarias substituíram o malte de cevada de alta qualidade por malte de baixa qualidade, suplementado com açúcar invertido. Essa prática era um tanto controversa e fez parte da discussão do movimento “Pure Beer”, quando se abriu um inquérito sobre o uso de substitutos da cerveja. Este inquérito, que começou em 1896 e terminou em 1899, concluiu que os substitutos da cerveja não eram “materiais deletérios” sob a Lei de Venda de Alimentos e Medicamentos de 1875 e que não era necessário regulamentar. Bem, para alguns era uma fraude, mas para outros fazia parte de um padrão de “qualidade alternativa”, justamente a qualidade que aquele público consumidor podia comprar.

Lembrando que o açúcar invertido é obtido por hidrólise ácida do açúcar comum (sacarose), que é aquecido na presença de um ácido para formar glicose e frutose. Essa tecnologia era empregada comercialmente desde pelo menos 1814. A Bostock & Co. usou ácido sulfúrico para realizar a hidrólise ácida. Este ácido, adquirido da Nicholson & Sons e, era feito de piritas que continham arsênico, que não era eliminado no processo.

A John Nicholson & Sons, de Leeds, fornecia ácido sulfúrico para a Bostock & Co. desde 1888. Também fornecia para outras duzentas cervejarias. Durante a maior parte do relacionamento comercial, o ácido fornecido era isento de arsênico, com o que hoje em dia chamamos de “food grade”. No entanto, em março de 1900, a Nicholson começou a fornecer ácido sulfúrico não purificado contaminado com arsênio. Essa prática continuou até novembro de 1900, quando se descobriu que o ácido era a causa do surto. Nicholson alegou que não conhecia o uso intencional do ácido por Bostock e que poderia ter fornecido ácido livre de arsênio se isso tivesse sido especificado.

Bônus: o carvão da secagem do malte também estava contaminado

Os peritos da época tinham outras frentes de pesquisa e não se deram por satisfeitos com a conclusão de que o ácido sulfúrico sozinho foi a causa-raiz do problema.  Eis que uma segunda fonte de contaminação foi identificada: a cevada maltada. Para realizar a secagem do malte, utilizavam-se fornos a coque ou carvão. O coque é um tipo de combustível derivado da hulha. Quando o arsênio estava presente no combustível, ele se depositava na cevada antes da maceração, permanecendo no produto final. A investigação sobre o surto revelou que a maioria dos casos de neuropatia alcoólica endêmica em Manchester foram, na verdade, envenenamento por arsênio mal diagnosticado, sendo esta rota alternativa responsável pelo envenenamento de milhares de pessoas nos anos anteriores ao surto.

Comportamento do mercado e punição aos fabricantes

Como sempre ocorre após uma crise dessas, de largo impacto na opinião pública, medidas foram tomadas. As autoridades da época determinaram que qualquer cerveja produzida a partir do açúcar invertido da Bostock fosse imediatamente recolhida e, se fosse considerada contaminada, destruída. Além disso, nenhuma cerveja deveria ser expedida sem ter sido previamente testada, e certificados que verificassem a sua ausência de arsênio deveriam ser emitidos com a cerveja.

Após a divulgação da causa do envenenamento pela mídia, notou-se uma redução considerável no consumo de cerveja na região.

Qualquer semelhança não é mera coincidência. Escândalos sempre mexem com a opinião pública, o que pode ser conferido nas publicações de noticiário do Brasil sobre o famoso caso de uma cervejaria no Brasil que causou  mortes e sequelas em várias pessoas.

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Em defesa de seu mercado, cervejarias e pubs usaram a panfletagem e os cartazes (como o mostrado abaixo) para divulgar que seus produtos eram livres de arsênio. Outras deixavam claro que não utilizavam açúcar do fornecedor culpado e que faziam análises do produto.

Quanto ao recall, a resposta da indústria cervejeira foi variada. Houve uma reação de compromisso com a segurança de alimentos forte e imediata  liderada pela grande cervejaria de Manchester Groves e Whitnall, que chegaram a enviar telegramas a todas as tabernas e pousadas que haviam comprado sua cerveja. As cervejarias descartaram milhares de barris de cerveja jogando-os nos esgotos da cidade.

Outras cervejarias demoraram a tomar uma atitude, sendo necessário criar uma lei segundo a qual seriam multadas se a sua cerveja ainda pudesse ser comprada pelos investigadores. Além disso, pubs foram multados por vender cerveja contaminada,  mesmo tendo sido notificados pelo fabricante sobre a presença de arsênio.

A Bostock & Co. entrou em falência e processou a Nicholson & Sons por danos, por violação de uma condição implícita na Lei de Venda de Mercadorias de 1893. O caso foi julgado no Tribunal Superior: o juiz concedeu a Bostock a indenização do valor do ácido contaminado e o valor de seus produtos perdidos, mas nenhuma indenização especial pela perda de reputação ou pelos danos reclamados pelos cervejeiros, decorrentes do uso do produto contaminado na fabricação de seu açúcar. A Nicholson & Sons sobreviveu e mais tarde foi adquirida por outra empresa.

Os efeitos sobre o mercado cervejeiro foram efêmeros e o consumo de cerveja foi retomado ao longo do ano. As tentativas de reviver o movimento da cerveja pura foram anuladas pelo relatório da comissão técnica e pelo fato de que o arsênio estava presente tanto na cevada maltada quanto no açúcar. Parecia não haver efeitos diretos na legislação resultante do incidente.

O dia seguinte… danos além dos efeitos agudos

O envenenamento resultou na nomeação de uma Comissão Real liderada por Lord Kelvin, que apresentou um relatório preliminar em 1901 e um relatório final em 1903.

Em 1901, um declínio considerável na taxa de natalidade foi observado em Manchester, Salford e Liverpool. Este declínio foi maior nas áreas mais afetadas, levando a Comissão Real a concluir que a causa foi a epidemia.

Fontes: 

https://en.wikipedia.org/wiki/1900_English_beer_poisoning

Death in the beer-glass: the Manchester arsenic-in-beer epidemic of 1900-1 and the long-term poisoning of beer (inclui as imagens utilizads aqui), de TN Kelynack, W Kirkby (Life time)

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Contaminantes químicos em alimentos: como evitá-los?

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A contaminação de alimentos é uma preocupação constante em todos os países do mundo. De acordo com a Anvisa, contaminantes em alimentos são “agentes biológicos, físicos ou químicos que são introduzidos no alimento de forma não intencional e que podem trazer danos à saúde da população”. Entre esses contaminantes, estão os de natureza química, que podem oferecer risco aos consumidores, dependendo das concentrações presentes no alimento.

Esse tipo de contaminação pode ocorrer devido à presença de substâncias químicas em excesso, tais como metais pesados, antibióticos, resíduos de praguicidas e de agrotóxicos presentes nas matérias-primas, além de toxinas microbianas.

Diferentes reações adversas causadas por contaminantes químicos podem ser desencadeadas nos consumidores, podendo ser de natureza aguda (curto prazo) ou crônica (longo prazo). Os efeitos observados incluem distúrbios gastrointestinais, urticária, angiodema (inchaço nos olhos e lábios) e, até mesmo, toxicidade severa, como choque anafilático.

Um fator preocupante é que, muitas vezes, os contaminantes químicos não alteram o aspecto sensorial dos alimentos, como o sabor, textura, cor ou o aroma, diferentemente de alguns contaminantes biológicos que, ao promoverem alterações nas características sensoriais dos alimentos, podem levar a sua rejeição pelos consumidores, evitando-se a ocorrência de surtos alimentares.

A presença de contaminantes químicos em alimentos dificilmente pode ser totalmente evitada, mas pode ser minimizada. Dessa forma, considerando-se o potencial tóxico dessas substâncias, recomenda-se que suas concentrações sejam as menores possíveis, mediante a aplicação das melhores práticas e tecnologias de produção disponíveis, adotando-se práticas agrícolas e de produção adequadas. Ações como redução da poluição ambiental, boas práticas de produção, manuseio, armazenamento, processamento, embalagem de alimentos e medidas de descontaminação de alimentos contaminados podem ser usadas para evitar que estes contaminantes estejam presentes nos alimentos em níveis acima daqueles considerados seguros.

A adoção do sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) é de extrema importância, por se tratar de um sistema preventivo de garantia da segurança dos alimentos. Considerando que este sistema tem por objetivo principal a identificação dos perigos potenciais presentes nas matérias primas, assim como aqueles que poderão ser inseridos durante o processamento, e o estabelecimento de medidas preventivas a serem adotadas em pontos específicos, denominados Pontos Críticos de Controle (PCC), muitos contaminantes podem ser controlados, garantindo a inocuidade dos alimentos e a segurança dos consumidores.

A metodologia pode ser aplicada em qualquer etapa da cadeia produtiva de alimentos, incluindo a produção primária, contribuindo para redução da contaminação das matérias primas que serão recebidas pelas indústrias de alimentos.

Há situações em que pequenas quantidades desses agentes podem ser toleradas sem trazer prejuízos significativos à saúde. Para estes casos, existem os limites máximos aceitáveis (LMT), os quais normalmente variam com o tipo de alimento e estão disponíveis na Instrução Normativa nº 160, de 1° de julho de 2022 (Anvisa). Os limites são baseados em estudos científicos e fundamentados para proteção da saúde humana. Alimentos com teores de contaminantes superiores aos estipulados nos regulamentos não podem ser comercializados.

Autoras: Daiana Júnia de Paula Antunes, Tássia Estevão Oliveira Furtado, Wellingta Cristina Almeida do Nascimento Benevenuto, Eliane M. Furtado Martins, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, campus Rio Pomba.

Leia também:
Medidas de controles de perigos químicos à segurança dos alimentos [link]

Referências

INTERNATIONAL LIFE SCIENCES INSTITUTE. Contaminantes químicos em alimentos. 2022. Disponível em: https://ilsibrasil.org/3954-2/. Acesso em 11 abril 2024.

OLIVEIRA et al. Substâncias químicas presentes em sucos de frutas em pó comercializados no Brasil. Rev. Bras. Alergia Imunopatol, v. 29, p.127-132, maio-jun. 2006.

SEIXAS, P.; MUTTONI, S.M.P. Doenças transmitidas por alimentos, aspectos gerais e principais agentes bacterianos envolvidos em surtos: uma revisão. Nutrivisa, v. 7, p. 23-30, 2020.

SOUZA. R. Contaminantes Em Alimentos: Quais São e Como Evitar. Gepea, 2023. Disponível em: https://gepea.com.br/contaminantes-em-alimentos/. Acesso em 07 de abril de 2023.

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