O perigo dos microplásticos em moluscos bivalves

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O interesse do público e da ciência pelo tema dos microplásticos no meio aquático mantém uma tendência crescente e é preocupante a incidência que pode ter nos alimentos de origem marítima.
A presença de micropartículas plásticas de diferentes polímeros tem sido detectada como um perigo emergente que afeta a saúde humana através da ingestão de frutos do mar contaminados, especialmente moluscos bivalves.
O aumento da produção de plástico nas últimas cinco décadas e a gestão incorreta dos resíduos gerados têm poluído a terra, o ar e a água. Vamos desenvolver alguns aspectos deste problema relacionados com a poluição dos oceanos e a fauna de moluscos de que nos alimentamos.
Começaremos por fazer uma breve introdução aos chamados resíduos plásticos, sabendo que são classificados de acordo com a sua dimensão.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica NOAA (Agência dos Estados Unidos) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente reconhecem quatro categorias que são:

Nanoplásticos: Tamanho de 1 nanômetro a 1 mícron.
Microplásticos: Tamanho de 1 mícron a 5 milímetros.
Mesoplásticos: Tamanho de 5 milímetros a 25 milímetros
Macroplásticos: Tamanho maior que 25 milímetros.

Em geral, são produzidos pela quebra ou fragmentação de plásticos pela ação direta do sol, do vento e do movimento constante da água do mar. Deve-se notar também que nos últimos anos o plástico tem sido produzido na forma de nanopartículas para uso industrial, os quais se somam à fragmentação mencionada.
Este tornou-se um problema ambiental emergente que tem um impacto direto na nossa dieta devido aos moluscos bivalves como ostras, mexilhões, amêijoas, bem como caracóis marinhos. No caso dos peixes, sua presença foi detectada no sistema digestivo (intestino), que normalmente é descartado durante a evisceração e não faz parte da alimentação. Há a exceção de certos costumes culturais na África, onde as vísceras fazem parte do alimento

Os menores microplásticos com dimensões inferiores a 1 milímetro e os nanoplásticos são os mais propensos a serem ingeridos por espécies de moluscos filtradores. Assim, microplásticos menores podem ser ingeridos e acumulados (bioacumulação) no sistema digestivo dos moluscos bivalves. Estes, devido à sua forma particular de alimentação, filtram a água do seu ambiente, retendo as partículas em suspensão.

As partículas de plástico têm a capacidade de transportar contaminantes orgânicos prejudiciais à saúde, como bifenilos policlorados e bisfenol A, entre outros. As nanopartículas podem atravessar a mucosa intestinal passando pela corrente sanguínea ou pelo sistema linfático e sua possível passagem pela barreira placentária ainda está sendo investigada em laboratório. Estes compostos organoclorados são termicamente estáveis, insolúveis em água e bioacumuláveis. Geralmente, esses compostos são provenientes de aditivos e contaminantes associados aos microplásticos.

Oitenta por cento do lixo marinho é composto por plástico, seja de origem industrial ou doméstica, e atualmente é encontrado em todos os corpos d’água e fundos marinhos do mundo. A sua biodegradação é muito complexa, demora muitos anos e a contaminação dos alimentos de origem marinha já é um problema detectável em todo o lado. Sua importância na nutrição está em suas manifestações devido a distúrbios de saúde, geralmente a médio e longo prazo.
A interação entre o cuidado com o meio ambiente e seus efeitos na saúde por meio de alimentos contaminados é uma questão que merece ser discutida com profundidade e abordada sob a ótica “Uma Saúde (One Health)”.
Os 5 materiais mais significativos são: polietileno; polipropileno; policloreto de vinilo; poliestireno e polietileno tereftalato.
Políticas públicas de conscientização sobre o uso e abuso de elementos plásticos são necessárias para reduzir seu uso ao mínimo absoluto.
Em conclusão, do ponto de vista da FAO, as questões de maior interesse são a potencial contaminação de moluscos bivalves por micro e nanoplásticos e a implicação na saúde dos consumidores. Para isso, mais estudos e avaliações são necessários.

Referência: https://www.fao.org/3/ca3540es/CA3540ES.pdf

Imagem: Nova Escola

Leia também:

Microplásticos e nanoplásticos em alimentos: como o apoio à ciência auxilia profissionais a avaliar um novo perigo

 

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