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Contaminantes em Leite da Nestlé – Plano de Monitoramento

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Elaine Moreschi, da Nestlé, nos contou um pouco sobre a estrutura do Plano de Contaminantes potenciais em leite e derivados no Brasil. Esta palestra aconteceu no segundo dia da Conferência Internacional em Segurança dos Alimentos, Controle de Qualidade e Gerenciamento de Risco em Produtos Agrícolas – evento este organizado pela Eurofins nos dias 19 e 20 de Julho.

O primeiro passo da empresa é realizar a coleta de informações, que são provenientes basicamente de 3 fontes:

  • Legislações: Plano Nacional de Controle de Resíduos Biológicos em Produtos de Origem Animal – PNCRB

No ano de 2011, 3,7% das amostras analisadas no PNCRB foram da espécie bovina – leite. As análises que constam no plano para leite são: anabolizantes, betagonistas, praguicidas, antimicrobianos, antiparasitários, anticoccidianos, antiinflamatórios não hormonais, sedativos, contaminantes inorgânicos, micotoxinas e HPAs. Os resultados do PNCRB de 2011 apontam nenhuma não-conformidade identificada em leite.

 

  • Planos de monitoramento: Resultados internos (Análises realizadas em amostras coletadas ao longo do ano nas diferentes unidades da empresa), RASFF (Sistema de Alerta da União Européia), Publicações científicas;

 

  • Informações de uso no campo: Pesquisa semestral de venda de drogas veterinárias a antiparasitários por região, Pesquisa contínua de uso em produtores próprios, Informações de outras fontes.

Em seguida, acontece e definição de ações:

  • Definição da lista de compostos que devem ser analisados para liberação do leite fresco na sua chegada na unidade;
  • Definição da lista de compostos que serão monitorados periodicamente;
  • Definição de lista de compostos que serão verificados no produto acabado

O controle de antibióticos é feito em diferentes momentos: no produtor, nos tanques de resfriamento, nos caminhões de transporte, nos silos de armazenamento, no transporte entre unidades e no produto acabado.

Finalmente, é realizada a análise crítica dos resultados do plano de monitoramento do ano corrente. O plano é acompanhado mensalmente, mas a análise crítica é realizada anualmente, ocasionando na proposta para o ano seguinte.

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O pesticida carbendazim no suco de laranja

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O Brasil é o maior exportador de suco de laranja do mundo e cerca de 15% de seus embarques destinam-se aos Estados Unidos. Na verdade, destinavam-se, pois desde que foram detectados resíduos do pesticida carbendazim no suco de laranja brasileiro, a situação mudou.

O evento carbendazim na indústria brasileira de citros foi o tema da apresentação de Antonio Carlos Gonçalves, da Louis Dreyfuss Commodities, durante a 4ª Conferência Internacional da Eurofins, realizada em Indaiatuba, SP, nos dias 19 e 20 de julho de 2012.

Antonio Carlos fez uma abordagem bastante didática do assunto e faço aqui a transcrição de sua apresentação.

O Evento Carbendazim

Em 28 de dezembro de 2011, uma engarrafadora americana realizou testes de rotina para resíduos de pesticidas no suco de laranja. Por encontrar traços de carbendazim, a empresa informou a Agência de Controle (FDA). Como não havia uma tolerância prevista em regulamento, o FDA passou a analisar os sucos importados e a recusar lotes cuja amostra apresentasse residual acima de 10 ppb (micrograma por kg). Desde então, lotes de suco de laranja brasileiro e de outras origens tem sido rejeitados, não podendo entrar no país. Segundo a Agência Ambiental Americana (EPA), o carbendazim em baixos níveis não oferece risco à saúde, tanto que há limites de resíduos de carbendazim para outras culturas nos EUA, tais como uva e maçã. Além disso, o FDA não considerou necessário fazer nenhum recall do produto em comercialização, atitude que seria tomada imediatamente caso houvesse comprometimento da segurança do alimento.

Os limites permitidos de resíduo de carbendazim em suco de laranja diferem para cada mercado internacional. A recomendação do Codex Alimentarius é de 1 mg/kg, sendo que no Brasil o limite é 5 mg/kg e há outros valores para outros mercados: 0,2 mg/kg (União Européia), 10 mg/kg (Canadá), 3 mg/kg (Japão). Os limites de pesticidas em diferentes mercados podem ser consultados aqui.

A ação do FDA provocou reações imediatas dos produtores brasileiros que, por meio de reuniões envolvendo o Ministério das Relações Exteriores, o MAPA, o Ministério do Desenvolvimento, a Embaixada Brasileira nos EUA, FDA, EPA, USDA, entre outros, apresentaram duas propostas para o FDA:
1) Um phase out de 18 meses, ou seja, um intervalo de tempo com tolerância da presença de carbendazim até a chegada da próxima safra na qual não fosse aplicado este pesticida na cultura da laranja (6 meses entre janeiro e junho de 2012 mais 12 meses contados da safra de 2012);
2) Considerar o residual de carbendazim para o suco reconstituído, visto que não se consome suco concentrado puro. Como o fator de diluição para a reconstituição do suco é próximo de 5, os limites seriam: máximo de 10 ppb no suco reconstituído e máximo de 50 ppb no suco concentrado.
As duas propostas foram recusadas.

Ações da Fundecitrus

A associação dos citricultores (Fundecitrus) decidiu então pela remoção do carbendazim e do tiofanato metílico da Lista PIC/Fundecitrus, que é uma relação de ingredientes ativos de pesticidas que estão autorizados para uso na Produção Integrada de Citros (a lista pode ser acessada aqui). Esta decisão foi tomada em fevereiro de 2012. Adicionalmente, foi removeram este ativo nos contratos de compra da fruta pela indústria. Os produtores foram informados sobre o ocorrido e sobre a necessidade de parada do uso. Para lotes destinados aos EUA, são feitas análises das frutas e do produto acabado.

O Fundecitrus dispõe de um Comitê de Defensivos Agrícolas formado por técnicos de órgãos públicos e de empresas produtoras de sucos que faz o acompanhamento da atualização da legislação e dos limites internacionais dos ingredientes ativos dos pesticidas. Este grupo elaborou nova lista resultante do cruzamento da lista PIC Brasil com as dos EUA e União Europeia. Quando se sabe que algum ativo será eliminado da lista de algum destes mercados, pretende-se que os produtores brasileiros os retirem de uso antecipadamente. Isso que evitaria a repetição de problemas semelhantes ao do carbendazim.

No entanto, esta não é uma tarefa fácil. Muitos ativos ainda precisarão permanecer na lista, pois seus substitutos não estão regulamentados no Brasil e os processos são demorados. A simples retirada de um ativo da lista não é simples. É preciso haver opções para sua substituição, pois a redução de ativos para o controle de uma doença pode resultar em sua resistência frente aos outros ativos. Neste sentido, ações integradas com os órgãos reguladores no Brasil para agilizar os processos de lançamento e registro de novos ingredientes ativos são fundamentais.

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Monitoramento de contaminantes em produtos vegetais

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Nos dias 19 e 20 de julho, ocorreu a Conferência Internacional em Segurança dos Alimentos, Controle de Qualidade e Gerenciamento de Risco em Produtos Agrícolas, organizada pela Eurofins, em Indaiatuba, SP. Na ocasião, o Sr. Nélio Castro, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento falou sobre o Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Produtos de Origem Vegetal (PNCRC/Vegetal).

Sob o comando da Coordenação de Resíduos e Contaminantes (CRC), órgão ligado diretamente à Secretaria de Defesa Agropecuária, o PNCRC/Vegetal é um programa anual, instituído em 2008, com objetivo de monitorar a frequência, os níveis e a distribuição de resíduos e contaminantes em vegetais, além de investigar e controlar os produtos agropecuários provenientes de propriedades suspeitas de violações. A cada ano, uma Instrução Normativa é publicada contendo os parâmetros monitorados no ano-safra correspondente. Ao final das análises, publica-se nova Instrução Normativa apresentando os resultados do monitoramento. Para a safra 2011-2012, o escopo analítico lista 23 culturas (passando por abacaxi, arroz, feijão, soja, uva, pimenta-do-reino, etc) sob monitoramento de resíduos de pesticidas, aflatoxinas, desoxinivalenol, fumonisinas, ocratoxina A e Salmonella. Os limites tolerados seguem as normas estabelecidas pela Anvisa. A amostragem é aleatória e os produtos são coletados nos estabelecimentos produtores, beneficiadores e nas centrais de abastecimento. Segundo Nélio, 100% das amostras são rastreadas até o produtor e as análises são feitas em laboratórios credenciados e acreditados pela Norma ISO 17.025. Para toda não conformidade é aberto um processo administrativo de investigação e o Plano de Amostragem segue as recomendações da FAO/WHO. As amostragens do último Plano tiveram início em julho de 2011 e a publicação dos resultados deve sair em setembro ou outubro próximos.   Respondendo aos questionamentos do público, foi esclarecido que os produtos destinados à indústria não são contemplados no Plano, assim como produtos industrializados, como sucos e bebidas à base de vegetais.

Analisando os resultados do ano-safra 2010-2011, observa-se que as culturas de pimentão, morango e alface tiveram altos índices de não conformidades nas análises de agrotóxicos. Nélio destacou que estas não conformidades não comprometem a segurança dos produtos, pois embora se refiram a resíduos de pesticidas não aprovados para a cultura, tais resíduos estão presentes em nível baixo e os pesticidas estão em processo de aprovação,  portanto não se configura um risco à saúde. Ele também informou, em diálogo com a plateia, que a segurança do alimento não é de competência do MAPA, mas do Ministério da Saúde (Anvisa). Nélio destacou ainda que importantes culturas, como arroz, feijão, batata, café e tomate tiveram índice de 100% de conformidade. Foi ressaltado um trecho da conclusão do Relatório final de 2009 da Missão Européia sobre Resíduos de Agrotóxicos em Vegetais onde se considera haver “um nível satisfatório de garantia de que as frutas exportadas para a UE estão em conformidade com os limites legais europeus de resíduos de agrotóxicos (…) Muitas melhorias na área laboratorial foram constatadas desde a última missão em 2007”.

Entre outras, a CRC tem como metas para o PNCRC/Vegetal a coleta de produtos importados, o monitoramento de contaminantes biológicos e de produtos orgânicos e a implantação do Sistema de Resíduos e Contaminantes para a área Vegetal (SISRES Vegetal).

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Exposição ao chumbo na Europa

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Acaba de ser publicado o relatório científico da EFSA “Exposição dietética ao chumbo na população  Européia”.

De forma geral, o estudo da European Food Safety  Authority concluiu que a quantidade de chumbo presente nos alimentos amostrados de 2003-2010 diminuiu 31% na população adulta.

Há contudo revelações que destaco. Por exemplo, dentre as cinco principais fontes de exposição de chumbo na dieta infantil, estão a água de torneira, iogurtes, puré de frutas, chás e pães.

Em geral, não houve um alimento com alto índice de chumbo, mas alimentos consumidos em maiores quantidades  e que tem maior impacto na exposição dietética. Isso é típico em substâncias que tem onipresença na dieta.  Neste último estudo,  em nível 1 de exposição estão os cereais e alimentos que tem como base os mesmos (16.1 %), Leite e derivados (10.4 %), bebidas não alcoólicas (10.2 %) vegetais e seus produtos  (8.4 %) como os maiores contribuintes à exposição. 

Resumo:

Lead is a natural environmental contaminant, but its use in the past in water pipes, paint and petrol increased its general presence. Food is the major source of human exposure to lead. Lead accumulates in the body and most seriously affects the developing central nervous system in young children. There is no recommended tolerable intake level as there is no evidence of thresholds for a number of critical health effects. Legislative measures have been gradually introduced to reduce exposure by removing lead from paint, food cans, water pipes and petrol. The current study examined 144,206 analytical results for lead in food collected during a nine-year period. More than half of the foods tested had levels of lead at less than detection or quantification limits. The mean lead levels varied between 0.3 µg/kg for infant follow-on formulae to 4,300 µg/kg for dietetic products with an overall median across all categories of 21.4 µg/kg. Food lead levels decreased by about 23 % between 2003 and 2010, although this should be interpreted cautiously. Mean lifetime dietary exposure was estimated at 0.68 µg/kg b.w. per day in the European population based on middle bound mean lead occurrence. Exposure was highest for toddlers and other children with 1.32 and 1.03 µg/kg b.w. per day, respectively, while the two infant surveys ranged between 0.83 and 0.91 µg/kg b.w. per day. Adult exposure was estimated at 0.50 µg/kg b.w. per day. The elderly and very elderly population groups had similar profiles to the adult age group, while adolescents had slightly higher estimated dietary exposure. Important food category contributors include bread and rolls (8.5 %), tea (6.2 %), tap water (6.1 %), potatoes and potato products (4.9 %), fermented milk products (4.2%) and beer and beer-like beverages (4.1 %), although this will vary between age groups and surveys

 

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Alternativas ao uso de antibiótico na criação de animais

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A resistência que alguns patógenos apresentam em relação a certas drogas já vem sendo observada na área de produção animal, porém esse tema não é muito debatido, principalmente devido à deficiência de trabalhos científicos  relacionados e de fóruns específicos para tratar do assunto.

Um Artigo, escrito por Helena Bottemiller, fala sobre os trabalhos de alguns pesquisadores do Serviço de Pesquisa Agrícola – ARS, órgão do Departamento de Agricultura Americano – USDA, que serão apresentados no Simpósio Internacional da OIE “Alternatives to Antibiotics (ATA)” a ser realizado no período de 25 a 28 de setembro deste ano, em Paris. Os trabalhos citados referem-se à utilização de vitaminas, probióticos e fitonutrientes na alimentação animal, com o objetivo de atenuar a utilização de antibióticos, diminuindo o risco da presença de resíduos em produtos de origem animal e também da resistência que alguns patógenos possam apresentar frente a certos antimicrobianos.

A pesquisadora Lillehoj e sua equipe, por exemplo, identificaram e patentearam uma molécula imune chamada de “NK lisina”, uma proteína de frango que combate alguns parasitas como o causador da coccidiose. Outra equipe de pesquisa do Centro Nacional de Doenças Animais do ARS, descobriu que o tratamento de vacas com mastite utilizando a vitamina D promove diminuição nas contagens bacterianas e nos sinais clínicos de infecções graves, sendo que se os animais forem tratados no início da infecção, produzem mais leite que as vacas não tratadas. E um terceiro trabalho citado pela autora do artigo fala sobre a equipe do micorbiologista Robin Anderson, que descobriu que uma mistura de um composto a base de cloro adicionada à água do gado dois dias antes do abate foi altamente eficaz para matar E. Coli, reduzindo os níveis desta bactéria de 100.000 células por grama para 100 células por grama de material fecal. Os mesmos pesquisadores encontraram resultados semelhantes com Salmonella em aves: a incidência de Salmonella caiu de 35 % para 0% em perus e de 37% a 2% em frangos de corte.

“Uma série de novas tecnologias têm aplicações diretas com as intervenções médicas para a saúde humana, mas o foco do simpósio é a produção animal, saúde animal e segurança alimentar”, disse Cyril Gay, líder do Programa Nacional para Saúde Animal no ARS. “O resultado deste simpósio será uma avaliação de novas tecnologias para tratamento e prevenção de doenças dos animais e recomendações que permitam o avanço  de estratégias para a promoção do crescimento e da saúde em pecuária, avicultura e aqüicultura”, completa o pesquisador.

 

O artigo na íntegra pode se acessado pelo link http://www.foodsafetynews.com/2012/06/ars-focuses-on-alternatives-to-antibiotics-for-animal-agriculture/

As informações sobre o Simpósio estão presentes no site http://www.alternativestoantibiotics.org/

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