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Você sabe qual é o papel da GFSI?

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A GFSI (Global Food Safety Initiative), ou Iniciativa Global de Segurança de Alimentos, é uma coalizão do Consumer Goods Forum (CGFI) que:

  1. Reúne cerca de 400 varejistas, fabricantes e prestadores de serviço cujas vendas combinadas dos membros totalizam mais de € 3,5 trilhões;
  2. Possui mais de 150 empresas, consultorias e organizações que colaboraram com os grupos de trabalho técnico;
  3. Atualmente mais de 25500 stakeholders seguem a GFSI em todo o mundo.

Não se pode deixar de considerar como um fator de grande relevância que o GFSI reúne como principais colaboradores ativos a participação dos 45 grandes players do mercado de alimentos internacional listados a seguir, que por sua influência na cadeia produtiva de alimentos em relação aos seus fornecedores e consumidores, acabam por ditar as regras que serão adotadas no segmento.

O trabalho principal do GFSI é realizar benchmarking entre os esquemas e padrões normativos para sistemas de gestão em segurança dos alimentos, visando uma harmonização que permita promover a aceitação mútua de programas de certificação reconhecidos, permitindo, com isso, reduzir as ineficiências decorrentes da duplicação de auditorias, evitando redundâncias e como resultado reduzir as barreiras comerciais, tema abordado no artigo Por que existem tantas normas em Food Safety?

Embora a GFSI em si não seja um programa de certificação e não realize atividades de acreditação ou certificação, o reconhecimento da GFSI confere autoridade aos respectivos esquemas e padrões normativos, atuando como um “passaporte de segurança dos alimentos” no mercado global.

Estes requisitos de benchmarking da GFSI foram criados pela primeira vez em 2001 por um grupo de varejistas motivados pela necessidade de harmonizar os padrões usados para gerenciar e auditar a segurança dos alimentos em toda a cadeia de abastecimento, justamente para facilitar o comércio global.

Tais requisitos são frequentemente atualizados com informações de especialistas em segurança dos alimentos para se manterem atualizados com as tendências frente a novos riscos, desafios e demandas dos stakeholders em escala global.

Portanto, para que os CPOs (Proprietários de Programas de Certificação) tenham seus esquemas e padrões normativos reconhecidos, devem verificar se atendem aos Requisitos de Benchmarking da GFSI.

Entre os CPOs de maior relevância e reconhecimento para produção de alimentos, bebidas e embalagens, destacam-se:

Há muitos outros CPOs com diferentes abrangências, que podem ser consultados clicando aqui.  Sobre os esquemas/ padrões normativos no cenário brasileiro, não deixe de ler o artigo Panorama das Certificações em Segurança dos Alimentos no Brasil.

Com o reconhecimento da GFSI, espera-se que uma organização certificada por um dos esquemas/ padrões normativos seja reconhecida por todos seus membros, mesmo que adotem outro esquema/ padrão normativo, sem que exijam que possua a mesma certificação, o que quase sempre acontece, mas há exceções.

Outro ponto muito importante: a GFSI também possui um conjunto de requisitos de benchmarking para órgãos de reconhecimento profissional que ajuda os auditores a demonstrar sua competência no ecossistema de certificação em segurança dos alimentos por meio de um único registro em um órgão de reconhecimento profissional reconhecido pela GFSI de sua escolha, eliminando as necessidades de verificações redundantes.

O processo de benchmarking da GFSI vem se tornando cada vez mais amplamente reconhecido na indústria de alimentos em todo o mundo. Com isso, vem contribuindo para um alinhamento dos requisitos normativos e para a garantia da segurança abrangendo toda a cadeia produtiva de alimentos, além de apoiar as inciativas de auditorias que acabam por validar tais ações.

A GFSI, acima de tudo, fornece uma plataforma para colaboração entre especialistas em segurança dos alimentos em todo o mundo, junto com varejistas, produtores e empresas de serviços de alimentação, prestadores de serviços associados à cadeia de fornecimento de alimentos, organizações internacionais, academia e governos, permitindo assim a troca de informações e a manutenção de um forte processo de melhoria contínua visando alimentos cada vez mais seguros.

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Gestão de Alergênicos na Versão 6 FSSC 22000 – dicas para implementar o requisito adicional!

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Hoje vamos falar um pouco sobre o requisito adicional de Gerenciamento de Alergênicos na versão 6 da FSSC 22000.

A nova versão apresenta o tema de forma mais detalhada e com exigências mais claras. Para empresas que já atendem à legislação brasileira e têm implementado um programa de gestão de alergênicos não há muito mistério. Entretanto, acho que vale uma discussão para melhor entendimento de cada requisito. Para isso, vou esmiuçar cada item que o requisito adicional trata, dando dicas e fazendo comentários com base na experiência e nas melhores práticas conhecidas.

Se você tem interesse em aprofundar-se mais no assunto, recomendo ler a coletânea de posts sobre alergênicos que já publicamos no blog.

Mesmo para indústrias de embalagens, este requisito adicional é aplicável. Por isso, para entender um pouco mais sobre alergênico neste segmento recomendo estes posts: Procedimento para controle de alergênicos em embalagens  e Controle de alergênicos na indústria de embalagens.

Para quem vai estruturar este programa ou deseja melhorar o que já possui, recomendo este documento da Anvisa como modelo a ser seguido. Nele é apresentado um passo a passo para implementar o Plano de Controle de Alergênicos. Bom trabalho!

Agora vamos ao que interessa.

O requisito adicional determina que “a organização deve possuir um plano de gerenciamento de alérgenos que inclua”:

a)     “Lista dos alérgenos manipulados no local, inclusive em matérias-primas e produtos acabados”

Para ter esta informação é primordial realizar questionamento aos fornecedores de matérias-primas, que são os que detêm o conhecimento sobre o processo, os ingredientes alergênicos utilizados na planta, os compartilhamentos de linha e o risco de contaminação cruzada.

Para isso é recomendável ter um formulário onde perguntas direcionadas são realizadas. Este registro deve ser mantido atualizado para garantir que a comunicação adequada esteja ocorrendo. Segue aqui um exemplo.

 b)     “Avaliação de risco abrangendo todas as fontes potenciais de contaminação cruzada com alérgenos”

Para atendimento a este requisito, uma forma de demonstrar evidência é identificar o perigo alergênico no APPCC nas etapas do processo, em virtude de compartilhamento de linha, de equipamentos, de utensílios ou por proximidade, e realizar análise do risco considerando a probabilidade de ocorrência e a severidade.

Outra forma também é no próprio procedimento de gestão de alergênicos já documentar esta avaliação, de forma simples, como por exemplo uma tabela com as seguintes informações:

Etapa

Risco alergênico envolvido

Controles existentes

Pesagem de matérias-primas

Contaminação cruzada por compartilhamento de utensílios de pesagem

Utensílios dedicados e segregados por cor para cada alergênico; Treinamento dos responsáveis

Pesagem de matérias-primas

Contaminação cruzada por compartilhamento de local/ambiente

Determinação de horários específicos para pesagem de matérias primas alergênicas e não alergênicas; Instrução de limpeza do local após pesagem de alergênico;

Troca de uniforme entre pesagem de alergênico e não alergênico

c)      “Identificação e implementação de medidas de controle para reduzir ou eliminar o risco de contaminação cruzada, com base no resultado da avaliação de risco”

Para cada etapa onde seja identificado risco de contaminação cruzada de alergênico (seja risco baixo ou alto), medidas preventivas devem ser implementadas de forma robusta. Por exemplo:  Área de pesagem de matérias primas – risco de contaminação cruzada por compartilhamento de utensílios de pesagem – Exemplos de controles: uso de utensílios dedicados, segregação de local de pesagem, troca de uniforme entre pesagem de alergênico e não alergênico, ordem/sequenciamento de pesagem do não alergênico para alergênico, higienização das mãos e limpeza do local após manipulação de matéria prima alergênica. Fazer esta identificação e implementação para todas as etapas que apresentam risco de contaminação cruzada.

Segue sugestão de post sobre limpeza para controle de alergênicos.

d)     “A validação e verificação dessas medidas de controle devem ser implementadas e mantidas como informação documentada. Quando mais de um produto for produzido na mesma área de produção com diferentes perfis de alérgenos, o teste de verificação deve ser realizado com uma frequência baseada no risco, por exemplo, testes de superfície, amostragem de ar e/ou testes de produtos”

Todos os controles implementados precisam ter evidência de que são de fato eficazes. Para isso, a validação dessas medidas de controles devem contemplar, por exemplo:

– testes analíticos quantitativos em equipamentos (ex. análise residual de alergênico após limpeza em amostra de água de enxágue, swab de equipamentos)

testes analíticos quantitativos em produto (ex: análise residual de alergênico em produto fabricado posteriormente após limpeza da linha com produção de alergênico)

– testes e entrevistas com os responsáveis pelos monitoramentos dos controles

Acesse aqui e aqui posts sobre validação de limpeza de alergênicos.

Após validados os controles, é necessário continuamente avaliar a manutenção da eficácia. Isso é alcançado através das atividades de verificação, que podem ser variadas, mas precisam estar definidas, planejadas e implementadas.

Alguns exemplos de atividades de verificação:

– análise swab de local sem alergênico (monitoramento ambiental de alergênicos)

– análise swab de superfície de contato após limpeza de alergênico

– análise swab de uniformes de colaboradores que circulam em áreas não alergênico e alergênico

– análise qualitativa de alergênico-alvo em amostra de água de enxágue após limpeza

– análise qualitativa de alergênico-alvo em amostra de produto sem alergênico após limpeza

– entrevistas com os responsáveis

– verificação dos registros de limpeza entre produto com alergênico e sem alergênico

e)     “Rótulos de precaução ou de alerta só devem ser usados quando o resultado da avaliação de risco identificar a contaminação cruzada de alérgenos como um risco para o consumidor, mesmo que todas as medidas de controle necessárias tenham sido efetivamente implementadas. A aplicação de rótulos de advertência não isenta a organização de implementar as medidas necessárias de controle de alergênicos ou realizar testes de verificação”

Bastante similar ao conceito da RDC 727/22 em relação à rotulagem de alergênicos. Aqui o requisito deixa claro que o fato de a rotulagem de precaução indicar “pode conter” não exime a obrigatoriedade da empresa em implementar um Programa de Controle de Alergênicos com medidas preventivas de contaminação cruzada.

f)       “Todo o pessoal deve receber treinamento em conscientização sobre alérgenos e treinamento específico sobre medidas de controle de alérgenos associados à sua área de trabalho

Costumo dividir em dois tipos as capacitações sobre alergênicos. Uma é mais genérica, somente para conscientização do risco de alergênico à saúde de quem possui alergia alimentar e os cuidados necessários. A outra é por setor, com ementa específica relacionada aos controles daquela área.

Exemplos:

– Treinamento de Conscientização de Alergênico (público-alvo: todos!) – ementa mais simples e tempo de menor duração;

– Treinamento Boas Práticas de Gestão de Alergênico por setor (público-alvo: setor x) – ementa mais aprofundada, detalhada, com dinâmicas, podendo ser on the job e com maior tempo de duração. A ideia é cada setor receber um treinamento personalizado para sua atividade e esgotar ao máximo às dúvidas dos responsáveis.

g)      O plano de gerenciamento de alérgenos deve ser revisado pelo menos uma vez ao ano e após qualquer mudança significativa que afete a segurança do alimentos, um recall público ou recolhimento do produto pela organização como resultado de um ou mais alérgeno, ou quando as tendências na indústria mostrarem contaminação de produtos similares relacionados com alérgenos. A revisão deve incluir uma avaliação da eficácia da medida de controle existente e a necessidade de medidas adicionais. Os dados de verificação devem ser analisados e usados como entrada para a revisão”.

A sistemática de gestão de alergênicos precisa ser revisada no mínimo anualmente, conforme deixou claro o requisito. Isso porque os cenários mudam. Veja alguns exemplos de mudanças que podem impactar no resultado dos controles de alergênicos:

– mudança de contexto

– novos produtos

– novas matérias primas

– novos fornecedores

– mudanças de leiaute

– novos equipamentos e materiais de contato

– alteração em produto químico de limpeza

– alteração em instrução de limpeza

– mudança de pessoal

É tanta coisa que muda em um único ano! Por isso deve estar programada na agenda da ESA a revisão do Plano de Gerenciamento de alergênicos. Uma forma de evidenciar isso é através da elaboração de um relatório contemplando avaliação de todas as mudanças ou até mesmo um checklist com perguntas investigativas para ajudar a ESA na revisão pormenorizada de todos os controles e cenários existentes.

h)     “Apenas Categoria D (Processamento de feed e pet food) – Onde não houver legislação relacionada a alérgenos para o país de venda referente a produtos para alimentação animal, esta seção dos requisitos do Esquema pode ser indicada como ‘Não Aplicável’, a menos que uma declaração relacionada a um status de alergênico tenha sido feita no produto”.

Esta indicação de não aplicável pode ser feita no Manual do SGSA da organização ou em outro documento relevante.

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Reconhecimento profissional do GFSI para auditores em segurança dos alimentos

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A Iniciativa Global de Segurança de Alimentos (GFSI) lançou o primeiro piloto com Requisitos de Benchmarking para Órgãos de Reconhecimento Profissional (PRBs) de Auditores em Segurança dos Alimentos.

“O lançamento deste piloto marca um momento crucial na implementação dos novos Requisitos de Benchmarking do GFSI para órgãos de reconhecimento profissional. Estamos confiantes de que isso ajudará a reconhecer o papel vital dos auditores de segurança dos alimentos e a salvaguardar a aceitação contínua da profissão nos próximos anos.

Erica Sheward, Diretora do GFSI

Os requisitos de benchmarking serão testados por meio de um piloto com a Exemplar Global, que se inscreveu para se tornar um PRB reconhecido pela GFSI e os Proprietários de Programas de Certificação (CPOs) voluntários testarão o novo modelo, incluindo FSSC 22000, BRC Global e SQFI.

Um dos fatores que motivaram tal medida é que, embora os auditores sejam uma parte importantíssima para garantir alimentos seguros, a indústria vem enfrentando dificuldades de recrutamento, com mais auditores deixando a profissão do que novos recrutas entrando nela, fato que está pressionando a capacidade dos Organismos de Certificação de atender à crescente demanda por auditorias em segurança dos alimentos.

A situação piorou devido aos requisitos cada vez mais complexos e duplicados aplicados aos auditores, sejam os novos ou os que já atuam, que precisam capacitar-se e realizar testes em diferentes e distintos esquemas e padrões normativos, cada um com suas particularidades e critérios, porém, todos com o mesmo propósito: food safety.

Para ajudar a solucionar tal questão, a GFSI desenvolveu uma nova abordagem para a qualificação de auditores de segurança dos alimentos para Programas de Certificação reconhecidos pela GFSI que oferecem a criação de Organismos de Reconhecimento Profissional no setor responsáveis por validar competências comuns em um auditor.

“Ao mutualizar os esforços de qualificação para auditores em todo o setor, podemos tornar a auditoria de segurança de alimentos uma profissão acessível, alcançável e desejável para mais pessoas – ajudando a proteger o futuro profissional de um componente essencial do ecossistema de segurança alimentar.”

Erica Sheward, Diretora do GFSI

O objetivo ao final é que os Proprietários de Programas de Certificação e Organismos Certificadores possam contar com um registro único em um Órgãos de Reconhecimento Profissional reconhecido pela GFSI como prova da competência do auditor, eliminando assim a necessidade de verificações redundantes.

“O mundo depende de uma cadeia de abastecimento de alimentos segura e protegida e a GFSI estabeleceu um papel fundamental para isso. Os auditores dos programas de certificação reconhecidos pela GFSI estão na linha de frente na proteção da cadeia de suprimentos.”

Andrew Baines, presidente e CEO da Exemplar Global

Vamos aguardar ansiosos o desenrolar desta esplêndida iniciativa que poderá ajudar a auditores, certificadoras, proprietários de programas de certificação, e por fim, a todos os stakeholders da cadeia produtiva de alimentos, em especial, os consumidores que poderão contar com bons auditores na linha da frente para segurança de alimentos e bebidas.

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Mudanças da norma FSSC 22000 (v.6): Gestão de corpos estranhos

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Este artigo detalha as atualizações realizadas no item 2.5.11 Controle e medidas de prevenção a contaminação cruzada da norma FSSC 22000 em sua versão 6, publicada em abril de 2023.

Na íntegra, o item dispõe que:

  • Categorias BIII (Manipulação de produtos vegetais pré-processados), C Processamento de alimentos perecíveis e estáveis ao ambiente) e I (Produção de materiais para embalagem): A organização deve ter requisitos específicos em vigor caso a embalagem seja usada para transmitir ou fornecer um efeito funcional ao produto (ex.: extensão do prazo de validade).
  • Apenas categoria C0 (Conversão primária – animal): A organização deve ter requisitos especificados para um processo de inspeção no estábulo e/ou na evisceração para garantir que os animais sejam próprios para consumo humano;
  • Apenas categoria D (Processamento de feed e pet food): A organização deve ter procedimentos para gerenciar o uso de ingredientes ou aditivos que contenham componentes que possam ter um impacto adverso na saúde animal. Todas as categorias, exceto FII (Brokering / Trading / E-Commerce).

A mudança ocorre no item D:

  • d) Aplicam-se os seguintes requisitos relativos à gestão de corpos estranhos:

Neste momento nos perguntamos: perigos físicos ainda são contaminantes com riscos significativos em alimentos? A resposta é SIM! Perigos físicos são significativos para os alimentos.

De acordo com a CPG Sec. 555.425 do Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos, existem níveis aceitáveis para a presença de objetos duros ou pontiagudos nos alimentos prontos para consumo, medidos entre 7 mm e 25 mm de comprimento, desde que não seja exigida nenhuma preparação ou processamento adicional que possa removê-los. No Brasil, a RDC 623/2022, da Anvisa, define uma medida máxima aceitável de 2 mm ou 7 mm, de acordo com as características do objeto.

Considerando a relevância desta temática, será detalhado o item D. Para o primeiro passo, é necessário realizar uma avaliação de risco apropriada para identificar se há a necessidade de equipamentos de detecção de corpo estranho nos processos e quais seriam os mais apropriados. Essa análise deve levar em conta fatores como a natureza do produto, o procedimento de produção, as condições do meio ambiente e as medidas de controle existentes. Dessa forma, selecionaremos os equipamentos mais adequados de acordo com as exigências particulares de cada empresa, garantindo a segurança dos produtos para o consumo, além de prevenir possíveis problemas na linha de produção. Exemplos de meios para detectar corpos estranhos incluem detectores de metal, exames de raio X, barras magnéticas e peneiras.

Para a análise de riscos é aconselhável proceder com a avaliação de fatores quantitativos e qualitativos, ações significativas relacionadas a produção, entrega, testagem, análises, inspeções, dados laboratoriais e científicos, de forma realística, sob várias circunstâncias, lembrando grupos vulneráveis ou de alto risco. O relatório deve ser divulgado para todas as partes envolvidas, a fim de que possam reavaliar o conteúdo, de maneira compreensível. Nesse sentido, a conclusão, a estimativa do risco, limitações, pressupostos, repercussões e dúvidas devem ser incluídos. Cabe ressaltar que os riscos são situações que podem vir a acontecer; se elas já aconteceram seriam não conformidades.

Caso a empresa identifique na análise de riscos que nenhum detector de corpos estranhos é necessário, deve manter uma justificativa documentada. A justificativa deve considerar os potenciais riscos à segurança dos alimentos, bem como o impacto que a ausência do detector pode causar nas operações da empresa.

Em caso de decisão pela aquisição de um equipamento de detecção de corpos estranhos, devem ser levados em conta alguns fatores importantes, como a necessidade de capacitação para a equipe, os riscos inerentes à utilização do aparelho e as condições ambientais que podem influenciar seu desempenho, tais como interferências eletromagnéticas e de proximidade com metais estranhos, aquecimento, tensão fraca, vibração, efeitos do produto e eletrostática.

Ademais, a descrição operacional de processo, explicando como o aparelho funciona, e os registros necessários para garantir o seu bom desempenho, também são essenciais.

A conferência da eficiência do sistema de identificação de elementos estranhos é primordial para garantir um procedimento seguro de avaliação de riscos. Isso pode ser assegurado por meio da documentação dos resultados da detecção, garantindo assim que os elementos estranhos foram devidamente identificados.

É importante nos questionarmos: “Em caso de identificação de corpos estranhos através do equipamento, como é realizado o gerenciamento? Ou seja, quais as ações aplicáveis?

O gerenciamento de corpos estranhos envolve uma série de ações para minimizar o risco de danos aos equipamentos e/ou pessoas através da prevenção de riscos oriundos de perigos físicos. As principais ações incluem:

  • Inspecionar regularmente os equipamentos para verificar a presença de corpos estranhos;
  • Limpar os equipamentos periodicamente para remover quaisquer resíduos;
  • Treinar o pessoal para reconhecer e gerenciar corpos estranhos;
  • Identificar e classificar os tipos de corpos estranhos encontrados;
  • Avaliar o risco potencial associado a cada tipo de corpo estranho.

Além disso, é necessário gerir adequadamente os materiais frágeis que podem gerar contaminações físicas, como porcelana, vidro, plástico rígido e metais. Uma boa alternativa é executar inventários seguidos de monitoramentos frequentes.

Essa temática merece a famosa reflexão de Peter Drucker:

“Se você não pode medir, você não pode gerenciar”

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Gestão de documentos: burocracia ou agilidade?

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A Gestão de Documentos é o conjunto de processos que garante produção, arquivamento e uso adequado de arquivos e registros. Em outras palavras, gerenciar documentos é otimizar a busca por dados, de forma a torná-la mais fácil, organizada e segura. Desta forma, a gestão de documentos facilita o acesso à informação e permite que ela seja compartilhada de forma mais eficiente entre os diversos setores da empresa.

No entanto, quando pensamos na indústria de alimentos, logo associamos esta gestão com burocracia. Isso se deve ao fato de que essa área é regulamentada por normas que exigem um cuidado especial com os documentos. Para executá-la, não são necessários softwares robustos. O grande diferencial está na veracidade e rastreabilidade das informações, bem como no treinamento das pessoas envolvidas em monitorar o que foi documentado.

Sobre a informação documentada, a ISO 9001 prevê que esta deve assegurar que os documentos estejam disponíveis e adequados para uso, onde e quando for necessário, além de estar protegida suficientemente (por exemplo, contra perda de confidencialidade, uso impróprio ou perda de integridade). Para o controle de informação documentada, a organização deve abordar as seguintes atividades:

  1. distribuição, acesso, recuperação e uso;
  2. armazenamento e preservação, incluindo preservação de legibilidade;
  3. controle de alterações (por exemplo, controle de versão);
  4. retenção e disposição.

A forma como será realizado o controle da informação documentada deve estar descrita, de modo a garantir sua padronização.

A figura abaixo apresenta alguns insights a serem considerados:

A lista mestra é geralmente utilizada para “listar” todos os documentos controlados (registros, programas de autocontrole, procedimentos operacionais padrão, etc.). As informações a serem contempladas nesta lista são: descrição do documento, data de elaboração e revisão, além da quantidade de revisões já realizadas e os motivos, bem como onde este documento está distribuído. Esses dados permitem a rastreabilidade do documento.

Esse controle pode ser realizado tanto de formas mais simplificadas (Excel, Word) como com softwares de gestão de documentos. Cabe ressaltar que quanto mais manual é o processo, maior é a burocracia e a probabilidade de erros. No entanto, quem define qual forma utilizar é a empresa, de acordo com sua necessidade.

Geralmente, os erros encontrados nesta etapa são vinculados à incoerência entre as informações apresentadas no documento (in loco) em relação à lista mestra. Uma forma de auxiliar neste controle seria através de auditoria documental periódica realizada internamente, amostrando alguns documentos e avaliando esse controle, mas como é realizada por amostragem, há margem para erros.

Neste sentido, há uma demanda crescente para utilização de softwares de gestão de documentos, que tornam a probabilidade de erro menor, considerando a robustez de dados passíveis de controle, que podem ser personalizados de acordo com os objetivos da empresa.

São exemplos de software utilizados: Qualiex, qualis, Quali, TOTVS, entre outros. Estes promovem mais produtividade e lucratividade, economia de custos, de espaço, segurança de dados e mais praticidade.

Além disso, um software específico contribui com a restrição de acesso a documentos e facilita a distribuição, mantendo armazenadas todas essas informações. Quanto ao arquivamento destes documentos, devem seguir especificações regulamentadas para cada documento, mas geralmente envolve o dobro do tempo do shelf-life do produto.

Quanto a registros digitais, cabe ressaltar que devem ser planejados de forma que a informação documentada não possa ser alterada após sua inserção. Uma das formas geralmente utilizada é salvar em extensão pdf. Utilizar registros em planilhas Excel que permitem a atualização de dados e verificações não é aconselhável.

Outro aspecto importante que deve ser mapeado é a definição de como será realizada a verificação. Pode ser por meio de assinatura eletrônica do arquivo pdf ou outra forma aceitável pelo órgão fiscalizador.

Um aspecto importante a ser considerado é que as pessoas envolvidas com a documentação dentro da empresa, seja ela um procedimento ou até mesmo um registro a ser preenchido, devem ser treinadas para essa atividade. Descrever isso parece repetitivo, mas há diversas ocorrências em que as não conformidades são apontadas em decorrência de frequências definidas que não estão sendo atendidas e informações em registro que não atendem as descrições contempladas em procedimentos.

Neste sentido, o desafio para tornar essa atividade ágil está em compreender todo o sistema de gestão, atribuir responsabilidades, manter essa informação documentada, avaliada periodicamente e ainda fazer com que todos os envolvidos compreendam sua função/ contribuição para a assertividade deste processo.

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Nova versão IFS Food acabou de sair do forno!

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O mundo das certificações em Segurança de Alimentos está tendo semanas repletas de novidades, vide a recém-anunciada nova versão do FSSC 22000 (veja mais aqui e aqui).

Ontem (18/04/2023) foi publicada a versão 8 da IFS Food.

O documento está disponível no site através deste link nos idiomas inglês, francês, alemão, italiano e espanhol. A versão em português ainda não está disponível.

As auditorias IFS Food versão 8 já podem ser realizadas a partir de 1º de outubro 2023, entretanto a nova versão entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 2024.

A revisão é uma resposta às atualizações nos requisitos do Codex Alimentarius e da ISO 22003-2 para padrões de produtos e processos. Nesta versão, encontra-se um protocolo otimizado, uma nova definição de pontuação B e a introdução de um status de estrela para destacar auditorias não anunciadas.

Para obter mais informações sobre o IFS Food Standard, acesse o site www.ifs-certification.com

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O que o BoS 6.0 do FSSC 22000 fala sobre Food Defense?

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A revisão das decisões publicadas do BoSBoard of Stakeholders (Conselho de Grupos de Interesse) do Esquema FSSC 22000  foi publicada agora em abril de 2023 e encontra-se na versão 6.0. Em sua seção 2.5 – REQUISITOS ADICIONAIS DO FSSC 22000, o tema food defense não mudou significativamente. Por isso, quem já tinha um bom plano implantado sobre este assunto possivelmente terá de modificá-lo muito pouco ou nada.

A tradução de todos os requisitos adicionais do BoS da FSSC 22000 v6.0 você encontrará clicando em  Tradução: Requisitos Adicionais da FSSC 22000 versão 6.0.

A Global Food Safety Initiativa (GFSI) define food defense como o processo que busca garantir a segurança de alimentos, ingredientes ou suas embalagens contra todas as formas de ataques maliciosos intencionais, incluindo ataques motivados ideologicamente, bioterrorismo ou por desafetos que queiram prejudicar a organização, levando à contaminação ou a produtos inseguros com o potencial de prejudicar os consumidores e a imagem das marcas.

Portanto, food defense tem como foco prevenir a intenção de causar danos aos consumidores ou às marcas e empresas por ataques propositais aos seus produtos.

Planos capazes de antecipar as ameaças de contaminação intencional são um desafio corrente nas rotinas de trabalho da cadeia produtiva de alimentos, requerendo esforços e recursos para sua correta implantação.

Para tratar o tema food defense, cabe iniciar com a condução de uma avaliação e identificação lógica das ameaças tentando responder a questões inerentes a esta questão, como:

  1. Quem poderia querer prejudicar a organização e por quais motivações?
  2. Como poderia fazer isso, por quais acessos e meios?
  3. Qual seria o potencial risco de impacto na saúde pública, imagem da empresa ou de suas marcas caso conseguisse?
  4. Como seria possível evitar que um ataque deste tipo acontecesse?

Voltando ao esquema FSSC V 6.0, o assunto Food Defense encontra-se no requisito 2.5.3 que se subdivide em dois requisitos como segue:

2.5.3.1 – Avaliação de ameaças, aplicável a toda as categorias:

A organização deve:

a) conduzir e documentar a avaliação de ameaças de food defense, com base em uma metodologia definida, para identificar e avaliar ameaças potenciais ligadas ao processo e produtos no escopo da organização; e

b) desenvolver e implementar medidas de mitigação apropriadas para ameaças significativas.

Grifado em letra amarela o que foi modificado na versão 6.0 do BoS.

Ou seja, a revisão enfatiza a necessidade de documentar a avaliação de ameaças usando uma metodologia definida, onde cabe, por exemplo, o uso de ferramentas apropriadas para a condução de gestão de riscos.

2.5.3.2 – Plano aplicável a todas as categorias:

a) A organização deve ter um plano de food defense documentado, com base na avaliação de ameaças, especificando as medidas de mitigação e os procedimentos de verificação;

b) O plano de food defense deve ser implementado e apoiado pelo SGSA da organização;

c) O plano deve atender à legislação aplicável, abranger os processos e produtos no âmbito da organização e ser mantido atualizado.

Apenas Categoria FII (Brokering / Trading / E-Commerce):

d) A organização deve garantir que seus fornecedores tenham um plano de food defense em vigor.

Grifado em letra amarela o que foi modificado na versão 6.0 do BoS.

O item “d” do requisito 5.4.3.2 trata de empresas cuja atuação se restringe a realizar negociações de compra e venda, chamando-as para a responsabilidade em relação aos fornecedores com quem escolhe negociar, o que pode significar ter um bom processo de qualificação que considere uma abordagem voltada para o tema food defense.

Para atender integralmente o que é requisitado no 2.5.3 do Esquema FSSC 22000 V.6, deve-se então,  após identificadas e avaliadas as vulnerabilidades, estruturar ações de proteção na cadeia produtiva, incluindo os fornecedores, sistema logístico, recebimento, utilidades usadas, processos industriais, de armazenamento e de distribuição.

Medidas típicas de food defense incluem, mas não se limitam à:

  1. Restrição de acesso às imediações, equipamentos e operações apenas às pessoas autorizadas;
  2. Monitoramento dos perímetros onde as plantas industriais estão instaladas;
  3. Proibição do uso de itens pessoais nas áreas de processo, armazenamento e demais áreas restritas;
  4. Uso de sistemas de controle eletrônico de acesso ou de alarme para áreas específicas, assim como monitoramento por câmeras, ou por pessoas para observação visual de áreas específicas;
  5. Uso da identificação pessoal por uniformes e crachás para sinalização clara de pessoas autorizadas em locais, equipamentos, áreas de controles e com operações restritas;
  6. Condução periódica de checagem da integridade de embalagens de insumos e produtos acabados;
  7. Avaliação crítica de fornecedores, parceiros e prestadores de serviço;
  8. Aplicação de selos, embalagens secundárias e terciárias, além de vedações para restringir o acesso ao produto;
  9. Manter fechadas as áreas mais vulneráveis;
  10. Uso de sistemáticas para o acompanhamento da carga após expedição e lacração de caminhões.

Importante considerar também que, por envolver questões de cunho pessoal e comportamental, a chave para manutenção de um bom plano food defense requer o conhecimento profundo não apenas dos processos, mas principalmente dos indivíduos envolvidos neles.

Sobre Food Defense, leia também:

Food Defense: conceitos e aplicação na garantia de qualidade de leite e derivados

Food Defense | Os 10 Mandamentos na Defesa dos Alimentos

Dicas para elaborar um procedimento de Food Defense

Food defense: protecting the global food system from intentional adulteration – Neal Fredrickson

Como implementar Food Defense?

Food defense em embalagens suscetíveis de alterações

Continue acompanhando o Food Safety Brazil e a série de posts aprofundando detalhes sobre os requisitos exigidos na versão 6.0 da FSSC 22000. 

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FSSC 22000 versão 6.0: overview sobre as principais mudanças

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Como já foi amplamente publicado nas redes sociais e nos grupos de mensagens, no último dia 31/03/2023 a FSSC 22000 publicou no seu site a nova versão 6.0 do esquema de certificação. Aqui no Food Safety Brazil você já pode fazer o download (link) de uma tradução dos requisitos adicionais. A NOVA versão trouxe muitas novidades e o aumento da abrangência de alguns requisitos já cobrados na versão anterior (5.1) do esquema.

Fazendo um balanço das mudanças, tivemos:

  • 5 NOVOS requisitos, sendo eles: Cultura de Segurança Alimentos e Qualidade, Controle de qualidade, Gestão de equipamentos, Perda e Desperdício de Alimentos e Requisitos de Comunicação.
  • 11 requisitos REVISADOS/INCLUÍDOS novos tópicos: Gestão de Fornecedores, Rotulagem de Produtos, Food Defense, Food Fraud, Uso do Logotipo, Gestão de Alergênicos, Monitoramento Ambiental, Transporte e Entrega, Design e Desenvolvimento de Produtos, Requisitos para organização multisite e Controle de perigos e medidas para prevenir a contaminação cruzada.
  • 2 requisitos que NÃO SOFRERAM ALTERAÇÕES foram: Verificação de PPRs e Status de Saúde.

Para auxiliar nossos leitores no entendimento desta NOVA versão do esquema, faremos um overview sobre as principais mudanças da FSSC 22000 versão 6.0. Lembramos que o processo de adequação para a versão 6.0 da FSSC 22000 é de 12 meses, ou seja, até 01/04/2024.

Gestão de Fornecedores

  • Este requisito sofreu aumento da abrangência.  A versão 5.1 especifica que as organizações estabeleçam e mantenham um processo de revisão de especificações de produtos acabados. Para a versão 6.0 da FSSC 22000, agora as organizações devem estabelecer e manter um processo de revisão de especificações. Não apenas dos produtos acabados, mas também das matérias-primas – (todas as categorias)
  • Os fabricantes de embalagem precisam estabelecer critérios relacionados ao uso de embalagens recicladas como matéria-prima na produção de material de embalagem – (aplicável apenas na categoria I)

Rotulagem de produtos

  • Em caso de alegações na rotulagem do produto referentes a: alergênicos, nutricional, método de produção, cadeia de custódia, status da matéria-prima, etc. A organização deve manter evidências de validação para garantir que a integridade do produto seja mantida – (todas categorias)
  • Estabelecer e implementar procedimentos sobre gerenciamento de arte e controle de impressão para atendimento dos requisitos legais e do cliente. Este procedimento deve conter no mínimo: Aprovação de padrão de arte; Processo para gerenciar mudanças nas especificações de arte e impressão; Aprovação de cada tiragem de impressão contra o padrão acordado; Processo de detecção e identificação de erros de impressão e por último e não menos importante: processo para contabilizar qualquer produto impresso não utilizado – (aplicável apenas na categoria I)

Food Defense

  • Através de uma metodologia definida, a organização deve conduzir e documentar a avaliação de ameaças de food defense – (todas categorias)
  • Obter um plano de food defense documentado, com base na avaliação de ameaças identificadas – (todas categorias)

Food Fraud

  • Através de uma metodologia definida, a organização deve conduzir e documentar a avaliação de vulnerabilidades a food fraud – (todas categorias)
  • Obter um plano de food fraud documentado, com base na avaliação de vulnerabilidades identificadas –  (todas categorias)

Uso do logotipo

  • Uma novidade caso a organização faça uso do logotipo é que a organização não pode utilizar o logotipo nos certificados de análise. Caso desejar usar nos meios permitidos, deverá solicitar uma cópia do logo atualizado do FSSC ao seu organismo certificador. Na versão 5.1 já não era permitido o uso no produto, rótulo e embalagens – (todas categorias)

Gerenciamento de alergênicos

  • A organização deve obter uma lista dos alérgenos manipulados no local, inclusive em matérias-primas e produtos acabados – (todas categorias)
  • Com base na avaliação de risco, a organização deve identificar e implementar medidas de controle para reduzir ou eliminar o risco de contaminação cruzada – (todas categorias)
  • A organização deverá conduzir testes de verificação com uma frequência baseada no risco – (todas categorias)
  • Os rótulos de precaução ou advertência só devem ser utilizados quando o resultado da avaliação de risco identificar a contaminação cruzada de alérgenos como um risco para o consumidor – (todas categorias)
  • A nova versão especifica que a aplicação de rótulos de advertência não isenta a organização de implementar as medidas necessárias de controle de alergênicos ou realizar testes de verificação periodicamente – (todas categorias)
  • Revisão no mínimo anual do plano Gerenciamento de Alergênicos – (todas categorias)
  • Todo o pessoal deve receber treinamento em conscientização sobre alérgenos – (todas categorias)

Monitoramento ambiental

  • A organização deverá obter um programa de monitoramento ambiental baseado em risco para os patógenos relevantes, organismos deteriorantes e indicadores – (apenas categorias BIII, C, I e K)
  • O programa de monitoramento ambiental deve ser revisado para eficácia e adequação contínuas – (apenas categorias BIII, C, I e K)

Cultura de Segurança Alimentos e Qualidade

Um dos requisitos que estava sendo aguardado, para uma melhor definição sobre a abordagem a ser cobrada no esquema de certificação, é sobre a Cultura de Segurança de Alimentos.

  • Como parte do sistema de gestão, a organização deverá implementar e cultivar uma cultura positiva de segurança de alimentos e qualidade. No mínimo devem ser abordados os seguintes elementos: Comunicação, Treinamento, Feedback e engajamento dos funcionários, além de Medição do desempenho das atividades – (todas categorias)
  • Estes objetivos devem ser suportados por um plano de ação documentado (com metas, cronogramas e revisados pela gestão) para desenvolvimento da Cultura de segurança de alimentos e de qualidade – (todas categorias)

 Controle de qualidade

Uma das grandes surpresas nesta versão 6.0 da FSSC 22000 foi a inclusão dos requisitos de Controle de Qualidade.  No entanto, outras normas acreditadas pelo GFSI, como a BRCGS e IFS, já cobram em seus escopos o requisito sobre controle de qualidade – (todas categorias)

  • A organização deve estabelecer, implementar e manter uma política e objetivos de qualidade, além de parâmetros de qualidade de acordo com a especificação do produto;
  • Inserir na auditoria interna elementos de qualidade conforme definido no item 9.2 (Auditoria Interna) da ISO 22000 – (todas categorias)
  • Realizar análise e avaliação dos resultados dos parâmetros de qualidade e considerar como entrada para a análise crítica pela alta gestão – (todas categorias)

Transporte, Armazenagem

  • As organizações que usam tanque para o transporte de seu produto acabado devem ter um plano documentado baseado em riscos para tratar da limpeza dos tanques – (todas categorias)
  • As organizações que recebem matéria-prima em tanques devem adotar medidas para prevenção da contaminação cruzada, validação da limpeza do tanque, restrições relacionadas ao uso anterior – (todas categorias)

Controle de perigos e medidas para prevenir a contaminação cruzada

  • Como medidas para prevenção de corpos estranhos, a organização deve ter uma avaliação de risco para determinar a necessidade e o tipo de equipamento de detecção de corpo estranho – (todas categorias, exceto FII)
  • O gerenciamento de materiais estranhos inclui todas as quebras relacionadas à potencial contaminação física (ex.: metal, cerâmica, plástico rígido) – (todas categorias, exceto FII)

Verificação PPR (Programa Pré-Requisitos)

  • Sem novidades

Design e Desenvolvimento de Produto

  • Estabelecer verificações contínuas sobre o prazo de validade do seu produto – (Categorias BIII , C , D , F , I e K)
  • Para os produtos prontos para cozinhar, a instrução de cozimento fornecida no rótulo ou na embalagem do produto deve ser validada para garantir a segurança do alimento – (Categorias BIII , C , D , F , I e K)

Estado de saúde

  • Sem novidades

Gestão de equipamentos

  • A organização deve obter uma especificação de compra documentada, que aborde o design higiênico, os requisitos legais e do cliente aplicáveis e o uso pretendido do equipamento, incluindo o produto manuseado. O fornecedor deve fornecer evidências de atendimento à especificação de compra antes da instalação – (todas categorias, exceto FII)
  • Estabelecer um processo de gerenciamento de mudança baseado em risco para novos equipamentos e/ou quaisquer mudanças em equipamentos existentes – (todas categorias, exceto FII)

Perda e Desperdício de Alimentos

Algumas destas novidades estão associadas com a responsabilidade socioambiental e estão inteiramente conectadas com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 definidos pela ONU – Organizações da Nações Unidas. Um exemplo é o requisito Perda e Desperdícios de Alimentos, que está relacionado ao objetivo número 2 – Erradicação da Fome.

  • Um dos requisitos exigidos é determinação de uma política documentada e objetivos detalhados estrategicamente pela organização para redução da perda e desperdícios de alimentos – (todas categorias, exceto I)
  • Gerenciamento sobre os produtos doados a organizações sem fins lucrativos, empregados e outras organizações – (todas categorias, exceto I)
  • As organizações devem ter um gerenciamento de produtos excedentes ou de subprodutos destinados a ração animal para prevenir a contaminação destes produtos – (todas categorias, exceto I)

Requisitos de comunicação

  • A organização deve informar a certificadora dentro de 3 dias úteis do início dos eventos ou situações de resposta a emergências: – (todas categorias)
  1. Eventos graves que afetam o SGSA, a legalidade/integridade da certificação, ou que tragam danos à Segurança do alimento, desastres naturais por ação ou não do homem;
  2. Eventos públicos (recalls, retiradas, calamidades), ações impostas por órgãos reguladores, processos legais, parada forçada da produção, imperícia, negligência e atividades fraudulentas e corrupção;

Requisitos para organização multisite

  • Requisitos de eficácia da ação corretiva relacionadas a auditoria interna em organizações multisite – (Categorias E,F e G)

Continue acompanhando o Food Safety Brazil, pois em breve teremos uma série de posts aprofundando detalhes sobre os requisitos exigidos na versão 6.0 da FSSC 22000.

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BRCGS – Notícias do Fórum de Segurança de Alimentos

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A BRCGS, em parceria com a QIMA WQS, promoveu um fórum de segurança de alimentos presencial no dia 30 de março de 2023, em São Paulo, com a participação de mais de 200 pessoas, com o intuito de melhorar a gestão de segurança de alimentos em toda a cadeia de fornecimento e trazer atualizações sobre a norma BRCGS. Na agenda de palestras tivemos conferencistas nacionais e internacionais.

Os participantes queriam saber quais seriam as mudanças de requisitos na versão 9. Elas foram apresentadas por Juliane Silva e são:

  • Cultura de segurança de produto: consideração das mudanças de comportamento necessárias para melhorar a cultura;
  • APPCC – Plano de Segurança de Alimentos: a última publicação dos princípios APPCC do Codex Alimentarius influenciou a atualização de várias cláusulas;
  • Processamento terceirizado: novos requisitos adicionados para garantir que os processos terceirizados sejam incorporados ao plano APPCC do local e aos requisitos acordados em uma especificação;
  • Análise de causa raiz: cláusulas revisadas para garantir uma abordagem consistente, melhor ligação a outras seções para melhoria contínua;
  • Defesa do Alimento: seção agora específica para requisitos de defesa de alimentos, seção espelho de fraude alimentar da cláusula, para que o site (fábrica) possa optar por considerar os dois tópicos (defesa de alimentos e fraude de alimentos) juntos.
  • Equipamentos: várias normas e diretrizes do setor foram atualizadas, com recomendações detalhadas para equipamentos higiênicos. Seção atualizada para se alinhar com as melhores práticas atuais do setor;
  • Conversão primária animal: nova seção, controles específicos são necessários para garantir que os alimentos permaneçam seguros, autênticos e legais durante a conversão primária animal.

Esclarecimentos foram dados em relação às mudanças nas auditorias combinadas e às não-anunciadas.

As palestras foram:

  • Liderando o caminho na garantia da cadeia de suprimentos global – Jessica Burkey – BRCGS
  • Fraude em alimentos e produtos – impactos e controles – Valeska Vieira – Certifee
  • As análises laboratoriais aliadas à segurança de alimentos – Prevenção e Controle: Rubiana Enz – SGS
  • BRCGS Segurança de Alimentos versão 9 – o que mudou? – Juliane Silva – BRCGS
  • BRCGS: Além dos requisitos de auditorias – Deise Tanaka – QIMA WQS
  • Desafios para manutenção da segurança de alimentos na indústria de bebidas – Albanira Lima – AMBEV
  • Projeto Sanitário e programas de higienização sob ótica da BRCGS – Juliane Dias – Flavor Food
  • Cibersegurança e possível impacto de um ataque cibernético na segurança de alimentos/produtos – Vanessa Vieira (Claudio Ilorio) – CJI Solutions
  • Sustentabilidade e Segurança de Alimentos – Juliani Arimura – DNV
  • Formação da cultura de segurança de produto em indústria de embalagens – Andrea Damian – Bureau Veritas
  • Segurança de alimentos na produção de produtos “Gluten Free” – Camila Braune – Celivita

Todas as apresentações foram importantes para aquisição de novos conhecimentos, atualização de informações, com exemplos práticos e encontro com profissionais. Provavelmente uma das frases de maior impacto foi:

As pessoas da indústria precisam entender que suas ações podem matar.

Selecionei alguns tópicos abordados, referentes à manutenção de programas:

  1. Para evitar contaminação deve-se levar em conta:
    1. Pessoas
    2. Ambiente
    3. Processos
  2. A manutenção do programa de segurança de alimentos e qualidade baseia-se em:
    1. Atendimento a requisitos legais
    2. Verificações de processo
    3. Revisão de registros (análise)
    4. Sistemas integralizados
  3. A automação pode ajudar na segurança de alimentos
    1. A coleta automática de dados auxilia a abertura automática de Não Conformidades;
    2. O monitoramento online de parâmetros com condutividade permite intertravamentos e efetividade nos limites de processo;
    3. Os bancos de dados que oferecem soluções de análise podem ajudar muito na tomada de decisão.
  4. No aspecto de pessoas ouvimos que:
    1. A padronização de processos depende muito de treinamentos, que além de conceitos escritos, tem evoluído para ferramentas de vídeo e áudio;
    2. A segurança psicológica é importante para a resolução de problemas. Ter programa de escuta ativa muda a cultura de segurança de alimentos, mas precisa ser incentivada pela alta direção.
    3. É preciso definição clara de papéis e responsabilidades;
    4. Ajuda ter uma definição clara do propósito do produto, principalmente quando falamos de embalagem.

Resumindo: o evento foi ótimo para quem tem o propósito de produzir alimentos seguros e considera a norma BRCGS uma norma e ferramenta importante para ajudar nesse processo.

Fórum de Segurança dos Alimentos BRCGS tem QIMA/WQS como co-organizadora

Em que momentos a avaliação de riscos é crucial na norma BRCGS Food

Entrevista com Juliane Silva sobre a versão 9 da BRCGS

 

3 min leituraA BRCGS, em parceria com a QIMA WQS, promoveu um fórum de segurança de alimentos presencial no dia 30 de março de 2023, em São Paulo, com a participação de […]

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Como obter informações sobre fraudes em alimentos

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Onde buscar informações sobre fraudes em alimentos? Quando vamos iniciar ou atualizar um programa de food fraud, podemos ter dúvidas ou dificuldades na busca de informações sobre casos de fraude de alimentos. Primeiramente, um programa de food fraud eficaz deve ser capaz de prevenir situações/ocorrências de fraude alimentar em sua organização. Para desenvolver tal programa, deve-se primeiramente estabelecer uma equipe que irá conduzir, com uma determinada frequência, avaliações sobre suas vulnerabilidades e os riscos de possível fraude alimentar. Este time irá também propor ações de mitigação, assim como o método de monitoramento e verificação destas medidas de controle contra as fraudes consideradas.

A fraude alimentar pode ser definida como alterações intencionais nos alimentos com finalidade de obtenção de ganho financeiro pela empresa que executa a fraude. Podemos classificar em alguns tipos:

  • Diluição: processo de mistura de um ingrediente de menor valor agregado a um outro de maior valor para aumento de volume e quantidade.
  • Ocultação: encobrimento da baixa qualidade de um determinado produto;
  • Falsificação: processo de cópia do nome da marca, embalagem, receita, ou método de processamento. Apropriação indevida da marca;
  • Rotulagem enganosa: declaração de informações falsas, que possam induzir o consumidor a compra de um determinado produto por determinada informação, característica ou localidade falsa;
  • Transbordo ou mascaramento de origem: refere-se a falsa declaração de origem geográfica;
  • Roubo e venda: refere-se a situações em que um alimento, após roubado, é introduzido no comércio através de meios não oficiais.

No Esquema FSSC22000, o requisito 2.5.4 Mitigação da Fraude Alimentar especifica que a organização deve ter um procedimento documentado em vigor para:

a) Realizar uma avaliação de vulnerabilidade de fraude alimentar para identificar e avaliar as potenciais vulnerabilidades;

b) Desenvolver e implementar medidas de mitigação para ameaças significativas.

Diante de um mundo globalizado na cadeia de suprimentos, as empresas devem ter atenção sobre suas potenciais vulnerabilidades de fraude alimentar em nível mundial. Deve-se considerar toda a cadeia de fornecedores envolvidos no processo (matéria-prima, insumos, embalagens, etc). Para isso fizemos uma lista de sites onde é possível fazer pesquisas sobre os casos de fraude alimentar identificadas no Brasil e em todo o mundo:

Brasil

MAPA – O site do Ministério Agricultura Pecuária e Abastecimento publica notificações de fraude

https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias-2022?form.submitted=1&texto=fraude&dt_inicio=&dt_fim=&categoria=&b_size=20

ANVISA- O site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária publica notificações de fraude

https://consultas.anvisa.gov.br/#/dossie/c/?dataPublicacaoInicial=2012-01-01&dataPublicacaoFinal=2022-12-20&tiposProduto=6&tipoAssunto=3

Estado Unidos da América – Site FDA (Food & Drug Administration)

https://www.fda.gov/food/compliance-enforcement-food/economically-motivated-adulteration-food-fraud

Canadá – Relatório Anual de fraude alimentar

https://inspection.canada.ca/science-and-research/our-research-and-publications/food-fraud-report/eng/1651594307095/1651594307580

União Europeia – Relatório Mensal sobre casos de fraude alimentar

https://knowledge4policy.ec.europa.eu/food-fraud-quality/monthly-food-fraud-summary-reports_en

África – Site Food Safety África publica notícia sobre casos identificados de fraude alimentar

https://www.foodsafetyafrica.net/

Ásia – Site Food Navigator-Asia publica notícia sobre casos identificados de fraude alimentar

https://www.foodnavigator-asia.com/search?q=%20food%20fraud&t=all&p=1&sd=1609556400&ed=1641006000&ob=score&range_date=last_year

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