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Doenças transmitidas por alimentos que deixaram sequelas graves – casos reais

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No meio das possibilidades que vão de um breve mal-estar até morte, existe uma categoria de doenças transmitidas por alimentos que deixam sequelas graves, afetando a qualidade de vida de suas vítimas. Vamos à algumas histórias:

CASO 1: Jovem de 20 anos contrai E. coli e luta para andar novamente

Stephanie Smith shops at Teals Market in Cold Spring, Minn., on Tuesday, August 11, 2009. (Ben Garvin for the Times)
Stephanie Smith shops at Teals Market in Cold Spring, Minn., on Tuesday, August 11, 2009. (Ben Garvin for the Times)

A jovem Stephanie Smith, dos Estados Unidos, tinha 20 anos e era professora de dança para crianças quando ingeriu num churrasco de família um hambúrguer contaminado com E. coli em 2007. Após a ingestão da bactéria, a jovem desenvolveu anemia hemolítica, uremia (insuficiência renal aguda), tendo ficado 9 meses internada em hospital, incluindo mais 3 meses de coma induzido para prevenir convulsões. Também ficou paralisada e fez inúmeras sessões de fisioterapia, para ganhar forças e tentar andar novamente sem a necessidade de cadeira de rodas.

A ligação da doença de Stephanie com o hambúrguer foi por acaso, principalmente porque ela praticamente não come carne e porque a tia dela ainda tinha alguns hambúrgueres congelados, da mesma marca e data de fabricação que aqueles que tinham sido consumidos. A mãe de Stephanie havia pensado inicialmente que a contaminação tinha sido dada pelo consumo de espinafres, alimento regular na dieta da filha, que naquela época também tinham sido relacionados a um surto de E. coli. No entanto, as análises apontaram que a cepa de E. coli que infectou Stephanie era geneticamente idêntica a outra que também tinha aparecido em outros casos de contaminação relacionados ao mesmo hambúrguer.

As investigações apontaram que a contaminação ocorreu num hambúrguer fabricado pela Cargill e distribuído e vendido nas lojas do Sam’s Club, da rede Walmart, já que os outros casos também estavam ligados exatamente ao mesmo lote de hambúrguer. Stephanie teve a reação mais extrema e grave de todos os consumidores afetados. O lote foi todo rastreado, e tinha sido fabricado com carne de diversos abatedouros (incluindo de outros países), sendo difícil determinar exatamente em qual ponto ocorreu a contaminação. A Cargill havia feito análise do produto acabado, mas não havia análise de todos os lotes de matéria-prima (faltou o certificado da carne comprada no Uruguai). Além disso, a investigação apontou que a equipe de qualidade da Cargill havia feito auditorias nos fornecedores, e que em alguns deles, havia falhas graves de higiene e segurança de alimentos, mas a comunicação interna foi insuficiente, o problema não chegou à direção da empresa e nenhuma ação foi tomada. As autoridades americanas e canadenses (o produto também foi distribuído no Canadá) também demoraram a alertar o público. A Cargill teve que recolher cerca de 380 toneladas de produtos e arcar com milhares de dólares no tratamento dos consumidores doentes, incluindo as sessões de fisioterapia de Stephanie e seu tratamento hospitalar. E é provável que Stephanie ainda necessite de transplantes, hemodiálise e outros cuidados durante a sua vida.

 

CASO 2: Menina australiana de 7 anos fica tetraplégica e sem capacidade de fala após ingerir refeição contaminada com Salmonella

Monica Samaan, uma menina saudável de 7 anos vivendo num subúrbio de Sydney, entrou em coma durante 6 meses, teve o cérebro profundamente afetado e acabou ficando tetraplégica e sem capacidade de fala após ingerir um lanche de frango da rede KFC contaminado com Salmonella. O caso ocorreu em 2005. Os pais de Monica e um irmão também comeram o mesmo lanche, tiveram diarreia e vômitos, porém se recuperaram rapidamente. Monica hoje tem quase 15 anos, e é completamente dependente de cadeira de rodas e dos cuidados de seus pais e irmãos, e de acordo com os médicos, os danos ao sistema nervoso foram tão profundos que ela não será capaz de falar novamente ou de se mover. A família de Monica entrou com um processo contra o KFC, no valor de 8 milhões de dólares australianos (cerca de 17 milhões de reais), alegando que a contaminação no lanche provocou todos os danos à filha. Após ouvir os depoimentos de todas as partes em abril de 2012, um juiz de Sydney ordenou o pagamento daquele valor como indenização e ressarcimento de todas as despesas que a família de Monica teve com os tratamentos, bem como toda a adaptação da casa e os cuidados que serão necessários até o fim da vida dela. O pai de Monica teve que pedir demissão do emprego para poder ajudar a cuidar da filha. O KFC entrou com recurso, alegando que a família não tinha como comprovar que comeu o lanche e que ficou doente em função dele, e que as lojas possuem o mais alto grau de higiene. Em setembro de 2012, Monica e sua família reencontraram o KFC no tribunal mais uma vez, e os depoimentos apontaram que a loja onde o lanche foi adquirido não apresentava condições adequadas de higiene e segurança de alimentos. Alguns funcionários admitiram que os produtos nem sempre eram manipulados com as mãos limpas ou com luvas e que os produtos que caíam no chão também eram reaproveitados. O KFC alegou “falha na consideração de evidências” e “erro nas constatações factuais por parte do juiz”, além de pesos equivocados dados a certas evidências. Ainda não existe um desfecho para este triste caso. A família de Monica aguarda o pronunciamento do juiz após o recurso do KFC.

 

Mais informações:

http://www.nytimes.com/2009/10/04/health/04meat.html?pagewanted=all

http://www.foodpoisonjournal.com/food-poisoning-watch/stephanie-smith-remains-in-a-wheelchair-fighting-to-walk-and-dance-once-again-she-ate-an-e-c/#.UPloKCd9KSp

http://www.huffingtonpost.com/2012/09/19/monika-samaan-kfc-lawsuit-brain-damage-salmonella_n_1897019.html

http://www.thesun.co.uk/sol/homepage/news/4282773/5million-compo-for-KFC-chicken-Twister-poisoning-of-wheelchair-bound-Monika-Samaan.html

 Leia também o post:

Doenças transmitidas por alimentos podem ter consequências por toda a vida

 

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Top 10 – Os posts mais lidos de segurança de alimentos em 2012

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O ano de 2012 foi muito especial para nós, pois foi o ano da estréia do blog Food Safety Brazil, no dia 17 de abril. 

As estatísticas mostram os posts mais lidos ao longo desta temporada. Os temas destes textos refletem os interesses e as preocupações do nosso público, formado tanto por leigos como por profissionais da área de alimentos.

Vamos fazer esta retrospectiva? Em ordem decrescente:

  1. TOP 10 surtos de origem alimentar no Brasil
  2. Qual é a validade de um alimento cuja embalagem foi aberta?
  3. Portaria 2619/11 Boas Práticas de Manipulação
  4. Como preparar álcool 70% em casa
  5. Tábuas de madeira, mais higiênicas que as plásticas?
  6. Dicas de Limpeza na Cozinha
  7. Lavar carnes e frangos melhora a segurança dos alimentos?
  8. Tratamento de não conformidades: auxílio para solucionar problemas de maneira eficaz
  9. Qual o melhor método para análises de alergênicos?
  10. Quando devemos lavar ovos?
     
    Que assunto você gostaria de ver abordado no blog em 2013?

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Dia Internacional do Não Uso de Agrotóxicos

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Em 03 de dezembro se comemora o Dia Internacional do Não Uso de Agrotóxicos, com o objetivo de fazer um chamado à reflexão e tomada de consciência por parte dos governantes sobre o grave problema social e ambiental gerado pela fabricação, uso e disposição final dos agrotóxicos.

O dia foi escolhido para lembrar o Desastre de Bhopal, ocorrido em 03 de dezembro de 1984, na região de Bhopal, Índia, quando uma fábrica da empresa Union Carbide deixou vazar 27 toneladas do gás mortal isocianato de metila.

Nenhum dos seis sistemas de segurança projetados para conter um possível vazamento estava em funcionamento, o que permitiu que o gás se dissipasse por toda a cidade. Meio milhão de pessoas foram expostas, das quais até o momento 25 mil já morreram.

A data foi estabelecida pelas 400 organizações de 60 países que compõem a Rede de Ação contra Pesticidas (PAN International – Pesticides Action Network).

Atualmente, em Bhopal, 100 mil pessoas são doentes crônicas pelos efeitos desse desastre. Essas doenças incluem cegueira, transtornos respiratórios e ginecológicos. O lugar nunca foi devidamente descontaminado e segue envenenando os moradores de Bhopal. Outras 30 mil pessoas estão doentes pela contaminação de seus poços e encanamentos com produtos químicos que escapam das instalações abandonadas, cheias de venenos. A Union Carbide e sua proprietária, a Dow Chemical, continuam negando a responsabilidade pela intoxicação e se negam a limpar a fábrica.

Os riscos da fabricação e uso destas substâncias seguem vigentes e continuarão existindo sempre, enquanto elas existirem.

Transcrição do post original em  http://pratoslimpos.org.br/?p=2038

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Quantos brasileiros morrem de DTA a cada ano?

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Definitivamente nossas estatísticas não refletem a realidade. Nos Estados Unidos (EUA), aproximadamente 76 milhões de casos, 325.000 hospitalizações e 5 mil mortes. 

Os números que consegui apurar estão no Portal Saúde da Secretaria de Vigilância em Saúde.

O Boletim Epidemiológico, que somente cobre dados até 2004, menciona que até este ano,  foram notificados ao Ministério da Saúde 3.737 surtos, com o acometimento de 73.517 pessoas e registro de 38 óbitos.

Estariam nestes registros, estes dois brasileiros?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fabrício, percussionista da banda Eva, morto em julho de 2007 , menos de 24 horas após comer ostras cruas. Tinha apenas 29 anos.

 

 

 

 

 

 

 

Sócrates, ídolo do futebol, se foi aos 57 anos. Já estava com a saúde debilitada por consequência do alcoolismo, mas uma intoxicação alimentar deflagrou o quadro de infecção generalizada.

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Ciclamato de Sódio retirado da lista GRAS pelo FDA

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Foi em 21/10/1967 que o FDA passou a desconsiderar o ciclamato de sódio como substância segura, ou  Generally Recognized as Safe.

Esta substância era usada no Japão como um adoçante artificial (“chikuro”) até ser banida em 1969, graças ao trabalho de Kojima e Ichibagase, na década de 60, que apresentaram publicações em que confirmavam ciclamato de sódio (e portanto, igualmente o de potássio) não era eliminado plenamente, mas é metabolizado como ciclohexilamina, uma substância cancerígena.

O ciclamato, associado à sacarina na proporção 10:1, até então consumido em grandes quantidades nos EUA, foi interpretado pelo FDA como indutor de câncer de bexiga em ratos. Posteriormente a estes estudos, o US Department of Health, Education and Welfare proibiu seu uso nos EUA em 1969, quando apresentou-se que este composto não possuía qualquer valor no tratamento da obesidade ou diabetes

Apesar destas pesquisas e decisões, o World Health Organization’s Joint Expert Committee on Food Additives em 1977 aprovou o ciclamato de sódio como adoçante em alimentos e bebidas. Contudo, os americanos continuam com a proibição. O uso do ciclamato de sódio é liberado em mais de 55 países, incluindo Brasil, Alemanha, Finlândia, Paquistão, África do Sul, Suíça e Canadá.

Os ciclamatos, quando ingeridos em grandes quantidades, produzem diarréia em humanos.

 

http://www.fda.gov/Food/FoodIngredientsPackaging/FoodAdditives/FoodAdditiveListings/ucm091048.htm?utm_campaign=Google2&utm_source=fdaSearch&utm_medium=website&utm_term=sodium%20cyclamate&utm_content=2

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Hoje é o dia mundial da lavagem das mãos

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15 de Outubro é O Dia Mundial da Lavagem das Mãos.

A campanha, iniciada na Semana Mundial da Água de Estocolmo em 2008,   é dedicada a aumentar a consciência da lavagem das mãos com sabão como uma abordagem chave para a prevenção de doenças.
A iniciativa consolidou a Parceria Público-Privada para a Lavagem das Mãos, mobilizando órgãos governamentais e também grandes empresas que fabricam produtos de higiene pessoal e industrial. O Dia Global de Lavar as mãos teve lugar pela primeira vez em 15 de outubro de 2008, a data fixada Assembléia Geral da ONU, de acordo com o ano de 2008 como o Ano Internacional do Saneamento . 

O tema para o ano inaugural Dia Mundial da Lavagem das Mãos foi foco em crianças escolares. Os membros comprometeram-se a obter o número máximo de crianças em idade escolar a lavagem das mãos com sabão em mais de 70 países e com isso reduzir a mortalidade por doenças diarreicas.

Vamos fazer a nossa parte e divulgar esta prática tão importante e simples!

Saiba mais clicando aqui.

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A cerimônia da salva – rudimentos de Food Defense

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Neste blog já falamos de Food Defense em outros posts, mas o conceito na verdade não tem nada de novo. Há muito tempo na história já se registraram medidas para evitar a contaminação intencional. Neste post estamos falando do período entre séculos XVI a XIX, e do reinado da Espanha, descrito por Maria Emília Gonzalez. 

A mais utilizada medida era a “cerimônia da salva”, que era a degustação que o copeiro mais veterano ou mordomo especializado faziam da comida e bebida que seriam servidas ao rei e figuras ilustres,  para ter certeza que não estava envenenada, um perigo perfeitamente possível na época. 

Outras medidas de controle foram sendo incorporadas. Uma foi a adoção de taças de cristal para que se pudesse visualizar a aparência do vinho e eventuais alterações e a outra, que permaneceu vigente até o reinado de Alfonso XII, era que a comida se mantinha trancada à chave e escoltada militarmente até o local de consumo, onde ficava em armários-estufa vigiados até a hora de ser servida. 

Referência: Maria Emilia González, autora do livro A la mesa con los reyes de España, citada pelo Eroski Consumer.

Imagem: Feast for the eyes

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Especial HACCP – Genebra 1997

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Na semana de 23 a 28 de junho de 1997 aconteceu em Genebra a 22a Sessão da Comissão do Codex Alimentarius, onde se revisou pela primeira vez o ” Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP) System and Guidelines for its Application”. Entrando no clima do movimento que coincide com os dias de hoje, nossos colunistas prepararam uma surpresa para você:

O blog Food Safety Brazil lhe dará de presente uma sequência de posts percorrendo as 12 etapas preconizadas pelo Codex Alimentarius para comemorar esta importante data.

No site oficial do Codex somente há versões de texto em inglês, francês e espanhol, mas nós separamos para você um link com a tradução em português brasileiro, disponibilizado pela Anvisa em conjunto com a Organização Pan-americana da Saúde.

Higiene dos Alimentos – Textos básicos

E para quem gosta mesmo de história, olhe que interessante este relatório escrito em 1998:

REPORT OF A JOINT FAO/WHO CONSULTATION ON THE ROLE OF GOVERNMENT AGENCIES IN ASSESSING HACCP

Também o relatório da época (vejam que há questões atuais):

REPORT OF THE TWENTY-NINTH SESSION OF THE CODEX COMMITTEE ON FOOD HYGIENE

Acompanhe a série completa.

 

 

 

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Sete mil anos de frituras

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Como cidadãos do século XXI, estamos habituados a nos vangloriar da rapidez com que ocorrem as transformações tecnológicas modernas. Do ponto de vista histórico, podemos pensar na evolução da segurança dos alimentos fazendo associação com a forma de preparar a comida, posto que é uma das principais maneiras para se eliminar ou para se causar uma contaminação. E esta preparação dos alimentos tem evoluído rapidamente?

O historiador Felipe Fernandez-Armesto, em seu livro Comida – Uma História (Ed. Record) faz uma interessante análise desta questão.

Segundo ele, a partir da descoberta e controle do fogo, cozinhar na chama viva deve ter sido a primeira tecnologia culinária criada pelo homem. Como só permitia um cardápio limitado, uma das primeiras variações deve ter sido colocar alimentos sobre pedras quentes ou brasas, método bastante adequado ao cozimento de moluscos e suas conchas, por exemplo. Do cozimento em fogo direto, com brasas ou com pedras aquecidas em covas, o homem passou à invenção dos utensílios de cozinha. As conchas de animais podem ter sido os primeiros utensílios, seguidos pelos recipientes de madeira, argila e de metal.

Uma opção que certamente foi utilizada pelo homem primitivo foi encher peles, tripas ou estômagos de animais com alimentos, completar o espaço com água e levar o conjunto à fervura. Estava criado o cozimento de alimentos propriamente dito. O passo seguinte na evolução culinária foi a fritura. E embora seja impossível estabelecer uma data para o cozimento em recipientes manufaturados, é possível estimar quando pode ter se iniciado a fritura dos alimentos, pois esta dependeu da invenção da cerâmica, o primeiro artefato capaz de ser usado como “frigideira”. As primeiras cerâmicas com características utilitárias surgiram na Grécia e no sudeste asiático por volta de 6.000 a. C. Desde a invenção da cerâmica, a única tecnologia realmente inovadora e acessível para o preparo de alimentos parece ter sido o cozimento com micro-ondas, ou seja, foram necessários cerca de 7.000 anos para esta inovação! É tempo, hein? Mais de sete mil anos de frituras…

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O perigo das sacolas reutilizáveis

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No momento em que as sacolas reutilizáveis para compras em supermercados passam a fazer parte da nossa vida, é bom ficar atento para o perigo que elas podem representar quando se trata da segurança dos alimentos.

Dois epidemiologistas do estado americano do Oregon investigaram um surto alimentar causado por norovírus que acometeu nove jogadoras de um time de futebol juvenil naquele país, em 2010. Eles constataram que a transmissão da doença da primeira vítima para as demais não se deu por contato direto, mas por meio de uma sacola reutilizável.  

O time viajou do Oregon para Washington para a disputa de uma competição e hospedou-se num hotel. A primeira vitima foi acometida por vômitos e diarreia no quarto do hotel e deixou o local sem ter contato com as demais companheiras do time, porém no banheiro utilizado por ela havia uma sacola reutilizável contendo alimentos embalados (biscoitos, batatas e uvas). A jovem não tocou na sacola e os produtos foram consumidos pelas demais vítimas no dia seguinte. Pesquisadores constataram que não havia relação da transmissão da doença com os restaurantes frequentados pelo grupo ou pelo contato com outros hóspedes do hotel. Porém, ao analisar a sacola, eles encontraram amostras do mesmo tipo de norovírus causador da toxinfecção.  

A conclusão foi que a contaminação da sacola deu-se por meio dos aerossóis lançados no ambiente do banheiro pela vítima. A nota contendo o resultado da investigação do surto está no portal Food Safety News da última quinta-feira, 10 de maio. O trabalho gerou um artigo científico publicado no Journal of Infectious Diseases.

Os norovírus são a principal causa de gastroenterite nos EUA, sendo responsáveis por mais de 21 milhões de doenças por ano naquele país.

Para os usuários de sacolas reutilizáveis, fica pelo menos uma recomendação: cuidado com o local onde elas são armazenadas. Banheiros certamente não são locais recomendáveis. E aos responsáveis pela limpeza de aposentos utilizados por vítimas de toxinfecções, fica a recomendação da necessidade de se higienizar completamente todas as superfícies e objetos presentes no local antes do uso por outra pessoa.  

Sacolas retornáveis? Sim, retornam com vírus e bactérias…

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