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Desreguladores endócrinos em alimentos – o que devemos saber

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Há perigos cujos danos são imediatamente percebidos. Outros, somente podem ter suas consequências percebidas a longo prazo, ou pior ainda, em gerações futuras. Preocupados eles, o blog Food Safety Brazil procurou entender o posicionamento de um tema que vem ganhando cada vez mais espaço na agenda de segurança de alimentos. A entrevista foi concedida pela médica endocrinologista Dra. Elaine Frade Costa, coordenadora do GTDE (Grupo de Trabalho dos Desreguladores Endócrinos) da Regional São Paulo da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).
-O que são desreguladores endócrinos e que tipo de evidência existe que somos expostos a eles através da alimentação?
Desreguladores endócrinos são substâncias exógenas que agem mimetizando ou antagonizando o efeito de um ou mais hormônio. Existem estudos mostrando que essas substâncias ou seus metabolitos são detectados no sangue ou na urina.

E qual o problema se ingerirmos substâncias que imitam ou neutralizam o efeito de nossos hormônios? Que tipo de doenças podemos desenvolver?
Se ingerirmos substâncias que imitam ou neutralizam nosso hormônios, podemos apresentar distúrbios que se manifestam devido ao excesso ou falta do(s) hormônio(s)cuja(s) ação(s)determinada substância interfere. Exemplo: desenvolvimento adiantado ou atrasado da puberdade, falência ovariana prematura e alterações na qualidade do esperma em homens levando a infertilidade ou subfertilidade, doenças da tireóide, obesidade, etc…

-Em março deste ano o FDA optou por não banir o Bisfenol A como material de contato com alimentos, à exceção de mamadeiras. O parecer oficial é que os estudos são controversos e não conclusivos a ponto de condenar esta substância. Como médicos e tendo acesso a estes estudos, qual é a posição da SBEM? Mesmo não havendo comprovação e conclusão definitiva a respeito dos malefícios que o BPA pode causar à saúde humana, baseados nos estudos experimentais em animais que demonstram claramente os efeitos deletérios no sistema endócrino, a nossa posição enquanto SBEM-SP é que, partindo do princípio da precaução, a utilização do BPA deve ser proibida na fabricação de embalagens que acondicionam alimentos em geral, pois os períodos do desenvolvimento humano mais vulneráveis são a fase embrionária, a infância e a adolescência.

Além do bisfenol A, que outros desreguladores cuja exposição se dá via dieta são de relevância para todos nós?
Existem muitas substâncias que podem estar presentes nos alimentos e consumidas na alimentação. Dentre as mais relevantes podemos citar os pesticidas (fungicidas e herbicidas como por exemplo DDT, triclosam, vinclozolin) utilizados nas lavouras que permanecem nos alimentos mesmo após disponibilizados para consumo. Temos também os ftalatos, que são outros compostos utilizados na fabricação dos plásticos, inclusive das embalagens que acondicionam alimentos Não podemos nos esquecer dos fitoestrógenos (ginesteína) da soja que, apesar serem substâncias produzidas pela própria soja, apresentam atividade estrogênica e por isso são consideradas desreguladores endócrinos. Atualmente o consume de alimentos a base de soja tem aumentado muito e isso deve ser motivo de preocupação, pois o consume exagerado pode alterar o desenvolvimento da puberdade nos adolescents.

Como estão os avanços em termos de legislação no Brasil?
Até o momento, após a resolução da ANVISA com relação a proibição do BPA nas mamadeiras, não temos notícia de nenhum avanço em termos de legislação.

Como os profissionais que atuam na área de segurança de alimentos devem se posicionar diante do tema?
Na minha opinião, o lema deve ser: “A ausência de evidência não é evidência de ausência”, ou seja, partindo do princípio da precaução, devemos lançar mão de estratégias para reduzir o máximo a exposição humana aos agentes ambientais.
Além disso, existem evidências de que uma substância isolada pode não produzir efeitos deletérios a saúde humana, mas a mistura de diferentes substâncias pode causar doenças, especialmente se a exposição ocorrer nas fases consideradas janelas de vulnerabilidade.

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Melões e patógenos – o que está acontecendo?

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Já foi o tempo em que a preocupação com a contaminação por patógenos passava longe do universo das frutas frescas. Um artigo da Food Safety News destaca que não é um “problema com cantaloupe”  e sim um “problema de manipulação”. Com o recente surto de Salmonella typhimurim em melão, além do já comentado caso de Listeria monocytogenes na mesma fruta, decidimos conversar com a pesquisadora científica em microbiologia do ITAL, Dra Neliane Ferraz Silveira, para nos explicar o que está acontecendo.
Primeiro foi a L. monocytogenes. Agora a S.typhimurium, dois patógenos de ocorrência inédita nesta fruta. O que está acontecendo?
Os melões sãoo cultivados diretamente no solo, dessa forma, os perigos biologicos são os mesmos do solo onde estao sendo cultivados;Tanto a Salmonella como a Listeria podem sobreviver no solo por meses e anos, vindos de adubos organicos, contaminados com material de esgoto . Dessa forma esses patogenos podem contaminar o melao nas varias etapas do processo como na colheita, onde se encontram animais domesticos, veiculos sujos , caixas, pallets contaminados; no manuseio: pessoas sem habitos de higiene como é comum no trabalhador rural, os utensilios utilizados, desde tratores, caminhoes, objetos de corte; e na empresa processadora ou embaladora, onde há falta de higiene nos equipamentos, formaçõa de biofilmes nestes, especialmente desses 2 patogenos,o que é bem comum; entre outras causas. Dai a contaminar o produto é muito rapido. A utilização de água contaminada ou poluida na irrigação e outras operações inerentes é tambem fonte primária de contaminação do melão por patogenos dessa natureza . Resumindo: a falta de observação de boas práticas agricolas e de fabricação são apontadas como falhas nesses casos.

Como se proteger destes perigos? A cloração doméstica é eficaz?
No processo, dotando as boas praticas de fabricação, comprando materias primas de locais que forneçam laudos ou através de documentos, que garantam a aplicação das boas praticas agricolas,ou ainda, auditorias realizadas pelo comprador nos seus fornecedores, são algumas medidas que ajudam a industria na redução da ocorrencia desses perigos biológicos.

Quanto a lavagem com cloro, sempre vai ser benvindo esse tipo de procedimento, porém, quando o microrganismo entra por lesões externas, fica dificil,… tem nichos protetores nas polpas de frutas, que podem proteger a bactéria, especialmente a Listeria….(que costuma se esconder atras de monócitos….)….

No Brasil, o consumo desta fruta apresenta os mesmos riscos que nos EUA?
Sim, pois são coletadas do solo, e ai entra toda a preocupação com a adoção das boas práticas. O importante mesmo seria conscientizar o trabalhador. No México, ja ouvi noticias de que houve a contaminação dessa fruta por patogenos, que vieram carreados pelas iguanas. Mantendo boas práticas, do campo a mesa, esses perigos são reduzidos em qualquer país do mundo.O treinamento e a conscientização são relevantes. Países industrializados podem ter a conscientização mais consolidada.

Há exemplos de outros patógenos que são um perigo comum em outros países mas que inexistem em outros? Por que razão isso acontece?
Não dá mais hoje em dia para garantir que nunca teremos a contaminação por um certo patógeno, que nao existe aqui no Brasil. Com a globalização, comercio de produtos, tudo é possivel. Pode até ser que um patogenos especifico como a E coli O157:H7, “boom” dos anos 90, nos EUA, não tenha ocorrido aqui no Brasil, exatamente nessa linhagem como foi encontrado lá. Talvez fatores genéticos, específicos, dessa linhagem não tenham sido isoladas. Isso pode ser atá por falta de uma metodologia de detecção idêntica,ou outro impedimento técnico qualquer; porém linhagens semelhantes, pertencentes ao grupo das entero- hemorragicas com o mesmo efeito na saúde do consumidor ocorreram, e provocaram o mesmo cenário. Tivemos um surto em manga contaminada com Salmonella em manga, em 2007. Outro fato: a falta de comunicação oficial talvez por desconhecimento do consumidor e muitas vezes da falta de consciência da área medica dos casos de toxinfecção alimentar, possam ter contribuido para omissão de ocorrências oficiais.

A midia agora até que anda notificando mais quando o consumidor “põe a boca no trombone”, porém precisamos melhorar muito nessa area de conscientização, que exige interação da saúde pública com o consumidor, além de conhecimento técnico especializado, o que poderia ser dado por profissionais da area de alimentos.


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Entrevista – Gerenciamento de Crises

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Nos dias 08 e 09 de outubro teremos o curso de Gerenciando Crises na Cadeia Produtiva de Alimentos.

O tema parece novo, mas quem já teve ou está implementando a ISO 22000 ou a FSSC 22000, já se deparou com o requisito “Prontidão e respostas a emergências” no qual o gerenciamento da crise é um dos pilares. Convidamos o Engenheiro João Souza a Conceder uma entrevista para o blog Food Safety Brazil:

 

1. Que tipo de empresas estão suscetíveis a crises?

Todas as empresas, de qualquer tipo, porte, segmento e fins, como por exemplo bens e serviço, produtos industrializados, prestadores de serviços, terceirizados, enfim, não consigo definir quais tipos e segmentos estariam fora deste risco . Veja você mesmo, como pessoa física, pode passar por situações que venham a  virar uma crise, e de mesma forma, se mau gerenciada, perde-se  a credibilidade, a imagem e suas perspectivas de desenvolvimento, culminando com o fim de uma marca.

 2. Se as crises são tão imprevisíveis, adianta fazer treinamento sobre isso?

Com certeza, pois uma boa capacitação pode evitar que um Incidente se transforme em uma crise e caso esta venha ser, de forma imprevisível, a capacitação pode lhe propiciar métodos com ferramentas que podem contribuir na solução da crise de forma menos onerosa para não dizer “dolorosa”. A resposta para isso tudo é muito simples, basta se ter pessoas e estas saberem extamente seus papéis e responsabilidades, evitando desta forma a desorganização na procura de um “culpado” e sim focando na obtenção de resultado e minimizações de ruídos. Depois de gerenciada a crise, podemos buscar as causas, compartilhar aprendizados e porque não punir responsáveis.

 3. Fale um pouco sobre crises bem ou mal gerenciadas

Acredito mais em Incidentes bem gerenciados, os quais ficam dentro de casa e com menor ruído possível. Toda crise é precedida de um Incidente ou uma ocorrência de desvios de forma inesperada. Se esta for bem gerenciada, na grande maioria das vezes, acaba por ser eliminada e a crise não aparece. Caso a crise venha como consequência, no minimo todos os dados estão organizados para que possamos torna-la com menor impacto possível.

Se considerarmos que a crise já aconteceu, ou seja, quando esta fica fora do nosso controle (midia, redes sociais, jornais ou comunicados oficiais ou mesmo aqueles meios informais), tenho alguns exemplos como :

– Bem gerenciado : um recall de veículos para substituição de peças ou reparos importantes – embora cause espanto, ninguém deixa de vender ou comprar.

– Mal gerenciado – para mim o mlehor exemplo de um incidente que não teve gerenciamento e se tornou uma grande crise, foi o Toddynho. Eles tinham tudo na mão. Quando em crise, os acessores de imprensa falharam com informações ou omitiram, deixando dúvidas.

 4. O que caracteriza uma crise bem administrada?

 Uma crise bem gerenciada é caracterizada pela transparência, honestidade e sem medo de dizer “ Não sei….” . As informações e a velocidade devem ser verdadeiras e no menor tempo possível, para que as pessoas possam formar sua própria opinião. Acreditar que uma crise sozinha se auto gerencia e que o tempo faz as pessoas esquecerem é o mesmo que acreditar que seu negócio vai bem…..bem mal !

 5. Quem deve aprender a gerenciar uma crise?

 Em uma corporação, as pessoas chaves devem liderar e saber gerenciar uma crise. Quais as pessoas chaves de modelos de sucesso :

– Alta direção,

– Lideranças de RH, Industrial, Técnico, como  P&D, Qualidade, Segurança e meio Ambiente , Suplly chain ( incluso logistica ) , Vendas e SAC

É fundamental a empresa possuir interna ou externamente um Acessor de Imprensa.

É importante também que todos os colaboradores da empesa saibam da existência de um grupo e que gerencia questões de crise – deve existir um canal interno de divugação.

 

 João Eduardo Souza é Engenheiro de alimentos, pós graduado em gestão de qualidade e produtividade e especialização em gestão de segurança dos alimentos pela MARS University, responsável pela implantação da gestão de segurança dos alimentos nas unidades da Mars na américa latina ( Brasil, México, Argentina e Colombia ), membro da comunidade global de quality and food safety daMARS, especialização em controle microbiológico em indústrias de PET food e métodos rápidos em análises micro em produtos e sub-produtos destinados a alimentação animal de pequeno porte. Sólida experiência em gestão de qualidade e segurança dos alimentos em indústria de pet food com 15 anos de experiencia adquirida, sendo responsável, entre outros, pela implementaçao do manual de crise e gereciamento de incidentes na MARS na América Latina. Atualmente trabalhando em inovação e desenvolvimento de matérias-primas ecologicamente sustentáveis e competitivas para a indústria pet.

 

Se interessou? Você pode fazer um curso de gestão de crises inscrevendo-se no site da sbCTA.

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Ellen Almeida Lopes

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Ellen, vc atua há mais de 25 anos na área da qualidade e segurança de alimentos. Como era a visão das empresas naquela época?

Ah havia muito machismo! Sabe que eu fui a primeira mulher a trabalhar na área ligada à fabricação na Nestlé? Não que a empresa fosse machista, mas muitos dos chefes na época eram. Meu tutor na faculdade, que deveria me ajudar a conseguir estágio me desincentivou, me dizendo “Ah, lá na Nestlé eles não aceitam mulher na área de fabricação!”. Mas eu era teimosa e perseverante, então fui até o RH da Nestlé e fiz uma ficha – foi a única empresa que procurei para pedir estágio. Passou-se um mês e nada! Mais um mês e nada! No terceiro mês me chamaram para uma entrevista – para o laboratório. Fui chamada e aceitei. Pensei – não é bem o que quero, mas tenho que ser paciente e no mínimo estar próxima ao que quero. No laboratório, seis meses depois, eu conheci o Mário Killner,  meu ex-chefe a quem admiro muito e a quem sou muito grata. O Mário não era machista,  acreditou em mim e me convidou  a trabalha na área ligada à produção e desenvolvimento de produtos. Então lá estava eu – baixinha e com cara de criança em meio a muitos suíços, altos e muito exigentes! Eu tive que trabalhar o dobro para provar que mulher trabalhava como um homem.  Hoje posso com orgulho  dizer que provei isso e quebrei um certo tabu existente.

E do ponto de vista técnico?

No início qualidade era muito focada em análises do produto final. Mas lá pelos anos 80 eu fiz meu primeiro curso de APPCC/HACCP e tive a certeza que este era o caminho. E nisso a Nestlé foi campeã – não sei quando outras empresas adotaram o sistema, mas lá logo o sistema passou a ser adotado. Naquela época a gente não ia tão fundo na análise – por exemplo, não se achava que havia perigos significativos provenientes de embalagens. Pouco a pouco fomos aprofundando, aprofundando, descobrindo mais e mais. Depois de trabalhar 10 anos na Nestlé, quatro na Kibon e um ano  no Inmetro, em 1992 eu fundei a Food Design e passei a oferecer curso de GMP e de HACCP. GMP fechava turma, mas HACCP era difícil…

E hoje, como é?

Hoje, após vários anos terem se passado, vejo que aumentou muito a profundidade dos estudo de HACCP. Nós na Food Design organizamos muitos seminários de HACCP, que no início tinham o objetivo de discutir a profundidade necessária, pois alguns clientes achavam que eu era detalhista demais. Eu e minha equipe passamos a nos preocupar em conhecer bem o processo produtivo das matérias primas. Descobrimos que uma boa justificativa, o entendimento de cada etapa do processo, muito estudo dos perigos microbiológicos e químicos para cada insumo e de cada processo produtivo eram fundamentais. Fomos percebendo também que sem um sistema de gestão que o sustente, o HACCP desaba! Também nos tacharam de detalhistas, até que a ISO 22000 veio a solicitar muito do que  já vínhamos fazendo. Fomos salvos pela ISO 22000!
Mas uma coisa que involuiu foi a confusão  feita por alguns que não entendem que não existe nenhuma árvore decisória que não dê margem à duplas interpretações. Há profissionais que querem uma árvore única e milagrosa, que não existe. Alguns passaram a “exigir” o tipo de árvore que conhecem – em geral árvore fundamentadas no exemplo do Codex Alimentarius. Fico com a impressão de que estes profissionais conhecem só esta, ou outras poucas. Eu conheço já bem uma centena delas…Uma colega –  a Irene, um dia usou o termo “árvore confusória”. Acho que é isso mesmo! Confusória! Passei a incorporar o termo. Fico impressionada em saber quantas empresas já gastaram tempo e dinheiro fazendo e refazendo seu estudo, cada vez que recebem um auditor diferente…”Ah, o auditor criticou a árvore, dizem… Como coisa que a norma estabelecesse uma árvore… A ISO 22000 nem sequer cita árvore…Para não me alongar, sabe-se que o raciocínio de um bom especialista é soberano – está aqui citação do FDA a respeito:“ Although application of the CCP decision tree can be useful in determining if a particular step is a CCP for a previously identified hazard, it is merely a tool and not a mandatory element of HACCP. A CCP decision tree is not a substitute for expert knowledge  www.fda.gov (o grifo é meu).

Por que essas mudanças aconteceram?

Devido à evolução e melhoria contínua da comunidade técnica e científica. Também devido aos vários casos de contaminação de alimentos desde a década passada, que repercutiram muito em todas as mídias. E na minha opinião, pela exigência de um nível de confiabilidade cada vez maior por parte do consumidor esclarecido, e das empresas líderes de mercado.

Você tem alguma crítica em relação à evolução do mercado?

A maior crítica que tenho é algo que é até paradoxal: embora o nível de confiabilidade exigido seja cada vez maior, e o sistema HACCP / sistema de gestão de segurança de alimentos necessite de alto nível de expertise, o mercado vem pressionado tanto o preço para baixo, há tantos concorrentes e tamanha “guerra de preços”, que o trabalho de consultoria e de auditoria vêm se comportando como um mercado de commodities, dificultando a manutenção de experts nesta atividade. Para ter um nível de ganho decente, um sênior tem de trabalhar noite adentro e deslocar-se horas e horas, sem que por vezes seja remunerado por este trabalho adicional. Para iniciantes é uma atividade glamourosa, por implicar em muitas viagens, mas que acaba cobrando um alto preço de sua vida pessoal. Assim o número de profissionais que acabam abandonando esta carreira tem sido muito elevado. Para eu não me preocupar sozinha, cito o texto que fiz no blog da Conferência GFSI deste ano:  veja em http://www.diretodogfsi.blogspot.com.br/2012/02/conferencia-dia-2-sessoes-plenarias.html

Você é uma das brasileiras que mais frequenta ambientes internacionais e acompanha as tendências globais sobre segurança de alimentos. O Brasil está alinhado com o resto do mundo? O que podemos esperar do futuro?

Minha opinião é que o Brasil tem feito um bom papel, mas muito aquém do que seu potencial como produtor de alimentos. Temos a liderança do TC 34  da ISO para alimentos mas em muitas reuniões o número de participantes não passa de 10, ou 12…

Nossos representantes junto ao Codex têm feito um trabalho maravilhoso. Mas quando temos que discutir dados epidemiológicos, fico até chateada. Nossa captação destes dados é mais que sofrível nesta área.

Isto sem dizer que a norma de sustentabilidade para açúcar mais divulgada no mundo – a Bonsucro, foi feita por – pasmem- suíços! Este é o país que diz- se ser protagonista na área de agronegócio?!

Que conselhos você dá para quem deseja atuar na área?

 

 Que continue acreditando e correndo atrás de suas crenças, e que tenha as atitudes que podem mudar este cenário: participação, colaboração e associação! Acredito que somente pela união é que podemos melhorar este cenário.

Parabéns pela iniciativa e obrigada pela oportunidade!

Ellen Lopes, PhD, Diretora Executiva da Food Design

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Como a indústria vivencia o processo de implantação da ISO 22000

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Entrevista com Alex Fernandes – Danone Brasil

A implantação do Sistema de Gestão de Segurança de Alimentos (NBR ISO 22000) tem feito cada vez mais parte do planejamento das indústrias brasileiras do ramo. Entrevistamos Alex Fernandes, Gerente de Qualidade e Segurança dos Alimentos da Danone Brasil, para falar um pouco sobre este processo que cada vez torna-se mais inevitável.

Quais os principais ganhos que a implementação da ISO 22000 possibilita?
Os consumidores estão mais críticos e atentos, principalmente quando se trata de alimentos. As empresas que atuam neste ramo devem ser cada vez mais confiáveis e transparentes. A ISO22.000 é bastante abrangente e dinâmica, permite uma visão global da gestão da segurança de alimentos dentro de uma empresa, independente do porte. O benefício com a implantação da ISSO 22.000 é o aumento da confiabilidade e da robustez dos processos, que permite a redução de perdas e o aprimoramento da governança dos produtos disponibilizados para o consumo. Outro ponto de destaque é o desenho orientativo e não prescritivo deste esquema de padronização o que permite às organizações que se adequem sem a necessidade de grandes mudanças na sua cultura, sendo possível integrar-lo aos demais sistemas de gestão já instaurados.

Quais as maiores dificuldades na migração para um sistema gestão baseado na ISO 22000 em uma empresa que possui implantado o HACCP baseado no Codex Alimentarius?
O HACCP desenhado a partir do Codex Alimentarius possui um caráter de controle preventivo focado na segurança do alimento, o que demonstra um perfil que atua entre o nível tático e operacional da organização. Esta visão de controle é a principal mudança quando fazemos uma comparação com um sistema baseado na ISO22.000, uma vez que este esquema de padronização é orientado ao gerenciamento atuando nos níveis estratégico, tático e operacional da organização, ou seja, mais completo. Esta visão de gestão é evidente quando estudamos a composição da norma ao desenhar a necessidade do comprometimento da direção atrelado a análise crítica sistemática, a necessidade de uma equipe multidiciplinar que deve orientar o PDCA do sistema, e a figura do Programa de Pré Requisito Operacional (PPRO), o que demonstra a visão sistêmica de todas as medidas de controle a serem desenvolvidas.

O que a implantação do PAS220 agrega na pratica alem da ISO 22000 para uma empresa de alimentos?
Conforme citei anteriormente, o desenho orientativo e não prescritivo da ISO22.000 traz o beneficio da flexibilidade à organização, assim quando integramos o PAS220 trazemos para o sistema uma visão mais abrangente dos programas a partir de um modelo baseado nos padrões internacionais de higiene desenhados para indústrias alimentícias. Isso ajuda a priorizar o que é importante de ser controlado, reduzindo de forma considerável o retrabalho e o desperdício de esforço dentro do sistema de segurança de alimentos.

Qual a importância da auditoria interna durante o processo de implantação de um esquema de padronização?
Os processos de implantação de esquemas de padronização como a ISO22.000 permite às organizações a oportunidade de aprimoramento frente a sua cultura e planejamento futuro. Isto reflete de forma muita positiva no desenvolvimento dos profissionais envolvidos, o que permite também aperfeiçoar outros processos importantes da organização. Neste contexto, as auditorias internas exercem um papel importante, pois se trata de uma de ferramenta de medição eficiente e de desenvolvimento e aprendizagem em equipe.

Como engajar a operação durante o processo de reestruturação de um sistema de segurança de alimentos?
O sucesso de um sistema é fortemente influenciado pelo comprometimento por parte dos diferentes níveis da organização. Neste contexto, os níveis de operação tomam um papel muito importante, uma vez que são eles os responsáveis por produzir produtos seguros.
Desta forma, o sistema deve ser 100% adaptado a realidade e necessidades destes níveis, agregando valor a suas atividades. Para que isto seja possível o engajamento é fundamental, assim processos de comunicação eficientes devem ser trabalhados de forma a atuar nos dois sentidos, ou seja, transmitir e receber informações de maneira eficiente. Outro ponto muito importante é o desdobramento dos objetivos e metas de forma clara, pois isto demonstra para a operação a prioridade e importância do sistema de uma forma tangível.

Quais são as dificuldades vivenciadas na implantação da ISO22.000 quando a empresa não possui certificação ISO 9000?
Quando uma empresa opta por trabalhar com padronização nos moldes ISSO, ela passar a ter a possibilidade de desenvolver um sistema integrado, o que aperfeiçoa os processos e assim a gestão passa a ser mais simples. Desta forma quando a ISO22.000 é implantada sem um sistema de qualidade nos mesmos moldes, o desafio de se simplificar e integrar os dois sistemas sem perder o foco de cada um passa a ser maior e mais complexo, isso ocorre porque quando há um sistema ISO9000 implantado os processos como análise crítica, auditorias internas, melhoria continua, entre outros, tornam-se sinérgicos , mais eficientes e robustos.

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Sr. José Carlos Vaz – Secretário Executivo do MAPA

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1)    Que autocrítica o Ministério da Agricultura tem feito dos processos de inspeção de produtos de origem animal nos últimos anos? Estamos no caminho certo?

R. Inicialmente, gostaria de destacar que o termo “autocrítica” levanta uma questão muito importante que é a capacidade do Serviço Público desenvolver indicadores e métricas de auto-avaliação que captem o impacto das ações na vida dos cidadãos. Em outras palavras, os indicadores, por exemplo, devem medir a redução da exposição dos consumidores aos perigos químicos (resíduos de antibiótico, etc.) ou biológicos (bactérias patogênicas) veiculados pelos alimentos em decorrência das ações de inspeção, em vez de medir o número de fiscalizações realizadas num determinado período – o que não representa um indicador adequado de desempenho da instituição. A falta de instrumentos efetivos de mensuração de desempenho poderá inviabilizar uma avaliação criteriosa e a identificação de necessidades de melhorias.

Portanto, reconhece-se que, embora o Ministério tenha obtido alguns avanços nós últimos anos, é preciso modernizar a gestão implantando um modelo voltado para resultados, rever os processos de inspeção e implantar indicadores e métricas que permitam orientar a adoção de melhorias no Sistema.

 Essa modernização da gestão tem que se ajustar às atribuições do Ministério e dos serviços de controle de alimentos em particular, os quais apresentam características operacionais que os diferenciam de outros órgãos públicos. O MAPA não gera benefícios diretos aos cidadãos (não produz alimentos), é uma instituição indutora do desenvolvimento, de melhorias dos processos de produção, da implantação de estratégias de gerenciamentos da produção de alimentos seguros, do ponto de vista da saúde pública. Portanto, as estratégias de gestão não devem se basear apenas nos procedimentos de inspeção ou fiscalização, mas, devem focalizar também as fragilidades dos processos de produção de alimentos, apoiando as cadeias produtivas na busca de soluções técnicas que assegurem a qualidade sanitária dos alimentos oferecidos à população.

2) Em relação à gestão, quais são as necessidades mais destacáveis do MAPA?

Recentemente, foram diagnosticadas as principais necessidades do MAPA, quais sejam:

  1. Reforçar o foco do MAPA no atendimento às necessidades da sociedade;
  2. Legitimar e aprimorar o desdobramento do planejamento de médio e longo prazo;
  3. Definir planos de ação para garantir o alcance das metas previstas no Plano Plurianual, nos Planos Operativos, e demais instrumentos de registro e viabilização de ações;
  4. Implementar/aprimorar sistemáticas de acompanhamento dos resultados (planejado X realizado), dos planos de ação e dos programas;
  5. Integrar processo de gestão estratégica, planejamento, orçamento e desenvolvimento e gestão de pessoas;
  6. Aumentar a produtividade dos processos e da estrutura organizacional – capacidade de entrega/realização;
  7. Reestruturar os processos de gestão de pessoas, contemplando, entre outros a revisão do plano de carreiras e de meritocracia para os servidores;

      8.  Criar um novo processo decisório baseado em instâncias, alçadas e comitês internos.

Com base nesse diagnóstico, o MAPA pretende priorizar frentes de trabalho que possibilitem a criação de condições gerenciais indispensáveis para a melhoria e inovações continuas da qualidade dos serviços prestados à sociedade brasileira, à melhoria da utilização do orçamento sem redução dos serviços prestados e à valorização do servidor público. O modelo de gestão (Projeto de Arquitetura Organizacional) a ser utilizado, envolve os seguintes pilares:

  • Pessoas – competências institucionais; competências humanas; dimensionamento de pessoas; capacitação; plano de carreira;
  • Tecnologia – integração de sistemas; desenvolvimento de sistemas;
  • Informação – gestão do conhecimento e informação; documentos técnicos; documentos de expediente; segurança da informação; carta de serviço;
  • Processos –  mapeamento, aprimoramento e implementação;
  • Estrutura Organizacional – elaboração de nova estrutura e regimentos internos;

 

Esses pilares organizacionais desenvolvidos proporcionarão: processos de trabalho racionalizados e informatizados, contribuindo para a eliminação da sobreposição de esforços e recursos, e diminuição do tempo de resposta dos processos; especialização adequada dos servidores, baseadas nas competências requeridas para cada processo; arquitetura/estrutura organizacional menos burocrática e aderente aos processos de serviço; integração dos processos que compõem a Gestão Institucional (planejamento estratégico, planejamento setorial, orçamento, execução orçamentária)  do MAPA; melhoria na qualidade e agilidade dos serviços prestados à sociedade e ao agronegócio; transparência e impessoalidade; direcionamento do trabalho para o alcance de resultados.

3) O que trabalhos tem sido feito para assegurar transparência e melhoria nos processos de gestão do MAPA?

 

Com relação à transparência, estão disponíveis no sítio do MAPA (internet), de forma clara e sistematizada, informações relacionadas às suas áreas de competência: política agrícola, cooperativismo, desenvolvimento sustentável, assuntos afetos as áreas animal e vegetal, entre outros.
Cabe destacar que, preocupado com o atendimento aos seus clientes e cidadãos, sobretudo visando garantir o acesso à informação e o pleno exercício da cidadania, o MAPA foi um dos primeiros Ministérios a cumprir o que determina a Lei de Acesso à Informação (Lei n.º 12.527/2011), tendo instituído e inaugurado o Serviço de Informação ao Cidadão (SIC) e a abertura da página de “acesso à informação” no inicio do mês de abril.
Além disso, está em fase final a reestruturação da Secretaria-Executiva, que prevê a criação de uma área específica para acompanhamento da gestão interna, envolvendo a instituição de práticas de controle, conformidade, gerenciamento de riscos, acompanhamento de custos e de resultados, além da formação de um núcleo de produção de informações de apoio à gestão.

Quanto à melhoria dos processos, estão sendo desenvolvidos trabalhos de mapeamento utilizando a Cadeia de Valor dos Macroprocessos do Ministério, elaborada com base nos assuntos da área de competência do MAPA, consoantes disposições da Lei Nº 10. 683, de 28 de maio de 2003. Essa atividade trará ao MAPA padronização de conceitos e organicidade das ações, o que é fundamental para uma melhor gestão.  

4) Comparado com outros órgãos análogos, como por exemplo o USDA, como nosso Ministério é visto lá fora?

R. O USDA, a partir da década de 1980, iniciou uma revisão dos procedimentos de inspeção, os quais  vêm evoluindo com o passar do tempo, provocando uma profunda mudança no modelo do Sistema de Inspeção de Carnes dos Estados Unidos. 

Gradativamente, o USDA afasta-se do chamado modelo tradicional, caracterizado pela aplicação de técnicas sensoriais de inspeção rotineiramente aplicadas por servidores públicos, independente dos riscos à saúde púbica implicados nos processos de produção. Por outro lado, O USDA introduz estratégias baseadas nos riscos que efetivamente ocorrem nos processos de produção e induz a cadeia de produção a aplicar métodos proativos de controle dos perigos à saúde coletiva.

A inspeção tradicional alinha-se ao modelo burocrático ortodoxo de gestão pública, caracterizado por estrutura organizacional mecanicista, hierarquizada, verticalizada e rígida. Os procedimentos de inspeção com base no risco alinham-se à Gestão Pública para resultados porque as atividades são planejadas com base em alvos pré-definidos, onde o resultado alcançado é mais importante que o procedimento de controle utilizado.

Além disso, já foi demonstrado que essas mudanças do modelo de gestão/inspeção, além de otimizarem a aplicação dos recursos públicos, ampliam a proteção dos consumidores frente aos perigos veiculados pelos alimentos.

Esse Sistema de Inspeção, inicialmente implantado nos Estados Unidos, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Agência para Agricultura e Alimentação da ONU (FAO), está sendo implantado em vários países como Canadá, Estados-membros da União Européia, Austrália, Nova Zelândia, China, Japão, Rússia e etc.

Embora o Brasil tenha alcançado a liderança mundial nas exportações de carne, a nossa permanência nesta liderança vai depender da nossa capacidade de fazer os ajustes necessários no Sistema de Inspeção, ampliando as garantias relacionadas com a inocuidade dos alimentos.

 

5) O FDA, com o ato de Modernização da Legislação de Alimentos, decidiu “percorrer o mundo” auditando várias fábricas exportadoras brasileiras. Como isso foi visto pelos nossos Ministérios? Este assunto repercutiu também no MAPA?

 

R. As auditorias dos países consumidores nos serviços veterinários dos países produtores não é um fato novo. A novidade está no foco dessas auditorias: até meados dos anos de 1990, todos os estabelecimentos exportadores eram visitados e as eventuais restrições eram impostas individualmente aos estabelecimentos que demonstravam deficiências em seus controles; na atualidade, o foco das auditorias é a capacidade gerencial dos serviços veterinários, voltando-se muito mais para resultados (expressos em Nível de Proteção dos Consumidores aos perigos veiculados pelos alimentos) do que para os procedimentos de inspeção. Assim, eventuais restrições encontradas são impostas ao Sistema de Inspeção como um todo porque eventuais falhas são consideradas sistêmicas. 

A legislação do FDA adota os mesmos fundamentos da legislação do USDA (inspeção com base no risco).

 

6) Que novidades as empresas podem esperar em relação a novas diretrizes legais?

R. O Ministério pretende conduzir uma ampla revisão da legislação, normas, diretrizes e etc., focalizando os riscos dos processos de produção. Para isso, pretende-se aplicar os conceitos da Análise de Risco associados às ferramentas de Gestão.

Toda a legislação, norma, diretriz, etc., preparada pelo Ministério da Agricultura, antes de ser submetida à consulta pública ou ser publicada, será validada usando-se a ferramenta denominada de “Indicadores Balanceados de Desempenho” (do inglês, “Balanced Scorecard” – BCS). Para isso, a Norma (diretrizes e etc.), na perspectiva da sociedade, deve permitir identificar claramente o valor público que será gerado; na perspectiva dos clientes/beneficiários, o segmento atendido e o valor agregado; na perspectiva dos processos internos, os requisitos que devem pautar os procedimentos de inspeção e controle dos alimentos; e na perspectiva da aprendizagem e crescimento, as competências que precisam ser desenvolvidas para que os objetivos sejam alcançados. 

 

Diretor de Agronegócios do Banco do Brasil desde 2007. Graduado em direito pelo Centro Universitário de Brasília, MBA em Altos Executivos pela USP/FIPECAP. Funcionário do Banco do Brasil desde 1982. Representou o BB na câmara consultiva do café da BM&F, na câmara Setorial do Arroz no Ministério da Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária, na câmara setorial do Cacau, no conselho fiscal da Brasilprev, no Conselho Técnico do Centro de Inteligência do Café – CIC. Representante do BB na câmara temática do Seguro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no conselho superior do Agronegócio, COSAG da Fiesp, Federação da Indústria de São Paulo, no conselho de Agronegócio, – CONSAGRO, no Conselho Nacional de Política Agrícola – CNPA e na subcomissão de CréditoRural da Febraban.

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Prof. Marco Trindade – USP Pirassununga

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Na seção “link do dia” publicamos um grande achado: paródias sobre manipulação de alimentos. Gostamos tanto que decidimos convidar o Prof. Dr. Marco Antonio Trindade, acadêmico da USP e responsável pelo projeto para nos dar uma entrevista e assim dividirmos esta dica com todos os leitores do blog foodsafetybrazil.org.  Veja o que ele nos contou: 

Como surgiu a idéia do Projeto Alimento Seguro?

Eu semprei gostei muito de música e a idéia surgiu quando conheci um trabalho similar feito na Universidade da Califórnia (UC Davis).  A viabilização do trabalho foi possível graças ao Programa Aprender com Cultura e Extensão, da USP, que oferece bolsas de estudo para os alunos envolvidos. Assim pude juntar a música com a Engenharia de Alimentos…
Quais são os objetivos do projeto e quais são os resultados colhidos até este momento?

O objetivo principal é transmitir, de uma maneira lúdica e didática, conhecimentos sobre os perigos das doenças que podem ser transmitidas pelos alimentos e as formas adequadas de manipular os alimentos para evitar estes problemas. Com relação aos resultados, além das apresentações nas escolas, podemos destacar também a abrangência nacional que o projeto atinge devido à nossa home-page e disponibilidade das músicas na internet. Já recebemos diversos e-mails de pessoas de várias partes do Brasil elogiando o projeto e dizendo que  fazem/farão uso das músicas para diferentes finalidades. É muito gratificante.

Vocês tem experiência ou dados relacionados a aplicação em restaurantes comerciais, cozinhas industriais, indústrias?
Uma outra parte do projeto incial foi um treinamento “in loco” sobre BPF para lanchonetes e ambulantes aqui de Pirassununga. Mas nestes casos não utilizamos as músicas, então não temos experiência com uso das músicas nestes treinamentos. Presencialmente só fizemos mesmo em escolas.

Quais é a reação dos públicos diante das apresentações?

É sempre muito boa, com grande particpação das crianças cantando junto. Nossas primeiras versões de músicas foram disponibilizadas na internet apenas em áudio e com as letras. Então nas primieras apresentações sempre entregamos cópias das letras para as crianças catarem junto e claro para entender melhor os conteúdos. É sempre bom ouvir a criançada cantando junto conosco…

Entre cada música sempre fazemos uma pequena explicação do problema abordado em cada letra. E agora nas novas versões preparamos também um vídeo com imagnes para cada música, que também estão disponibilizados em nossa home-page.

Por que o uso da música como forma de expressão?

Procuramos sempre fazer versões de músicas com melodias conhecidas e facilmente assimiláveis. Desta forma, consideramos que a mensagem sobre a segurança dos alimentos pode ser transmitida e assimilada com mais eficiência. E lógico, foi uma maneira de msiturar trabalho com o prazer da música.

Como ser parceiro no projeto Alimento Seguro?

Não temos nada formalizado neste sentido. O material está disponível na internet para quem quiser usar, como quiser usar. Talvez a maior parceria seja esta: use nossas versões em seus treinamentos…
Existe expectativa / planejamento para expandir o projeto para todo o Brasil?

O foco de nossas apresentações são escolas aqui mesmo de Pirassununga, para onde nossos bolsistas podem se deslocar sem problemas e praticamente sem custos. Não temos planejamento de fazer apresentações em outros locais, pois não temos verba prevista para isto. Mas se alguém tiver interesse e disponibilidade em arcar com os custos, poderíamos tentar viabilizar a ida de nossos alunos.

Quais serão os próximos passos? Outras músicas serão gravadas?

O projeto tem basicamente dois pilares: a possibilidade fornecida pela USP em disponibilizarmos nossa home-page e o programa de bolsas da Pró-Reitoria de Extensão da USP “Aprender com Cultura e Extensão” que permite o pagamento de bolsas para alunos se dedicarem ao projeto durante um ano. A home-page contrinuará existindo, e novas músicas serão gravadas a cada novos alunos que se envolverem no projeto.

(Currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4763112A6

Página do projeto: http://www.usp.br/alimentoseguro/sobre.htm

 

Entrevista realizada por Ana Cláudia Frota, consultora e sócia da Flavor Food Consulting.

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