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Da logística à embalagem, cada etapa conta para a segurança dos alimentos

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A tecnologia, inovação e boas práticas que fazem a diferença na segurança dos alimentos não começam nas prateleiras dos supermercados. Elas são aplicadas muito antes, em cada etapa da cadeia produtiva — da armazenagem ao transporte, da embalagem ao controle de qualidade, da garantia da qualidade à mesa do consumidor.

O que garante que um alimento chegue seguro até você?

  1. Uma logística inteligente, que exige uma rastreabilidade total, controle de temperatura em tempo real e veículos higienizados. Uma logística moderna que vá além do transporte e que inclua soluções com IoT e softwares de monitoramento para garantir que o produto chegue em condições ideais e sem nenhum risco aos clientes.
  2. A tecnologia a favor da transparência com ferramentas em blockchain e RFID que tragam mais segurança e visibilidade aos processos, reduzindo riscos e aumentando a confiança em cada etapa.
  3. Embalagens que protejam de verdade e que aos poucos deixam de ser apenas uma proteção física e assumem um papel fundamental, como barreiras ativas contra oxigênio, umidade e microrganismos. Elas ainda podem conter indicadores visuais de frescor, validade e temperatura, sempre com critérios baseados na ciência.
  4.  As boas práticas sempre presentes como pilares de sustentação da cultura de qualidade em uma rotina de cuidados diários com higienização rigorosa, controle de pragas, fornecedores qualificados e equipes bem treinadas, que sabem o que fazer e o porquê de se fazer.

Investir em embasamento científico, tecnologia, boas práticas e criatividade para inovar é investir em um sistema alimentar mais seguro, sustentável e eficiente, onde, mais do que segurança, entregamos confiança!

Por Ulisses Bonifácio Faria, especialista de Qualidade Assegurada

Imagem: Anna Shvets

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Controle de Qualidade: novo requisito da FSSC 22000 reforça a responsabilidade das indústrias alimentícias

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Controle de Qualidade nas empresas de alimentos ganhou ainda mais destaque com a atualização da norma FSSC 22000, que introduziu o requisito 2.5.9, voltado especificamente para fortalecer os processos de verificação e validação nas indústrias alimentícias. Esse novo item exige que as organizações implementem um sistema robusto de controle que assegure a conformidade dos produtos com os critérios de segurança e qualidade definidos.

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Requisitos de Comunicação: novo foco da FSSC 22000 nas indústrias alimentícias

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Os Requisitos de Comunicação passaram a ter um papel ainda mais relevante com a introdução do item 2.5.17 na norma FSSC 22000. Essa atualização reforça a importância de uma comunicação clara, eficaz e estruturada dentro das indústrias alimentícias, especialmente no que diz respeito à segurança de alimentos e à gestão de riscos.

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Morango do Amor: doce viral, riscos reais e o que levar em conta sobre segurança de alimentos

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A viralização de receitas nas redes sociais têm transformado o comportamento alimentar contemporâneo. Como discutido em artigo anterior sobre a trend do macarrão, essas receitas, compartilhadas informalmente, evidenciam o quanto hábitos aparentemente inofensivos podem representar riscos quando desconectados de princípios básicos de higiene e manipulação segura de alimentos. No caso do morango do amor, a estética sedutora do doce esconde uma série de etapas críticas, desde a escolha e higienização do morango até a manipulação dos ingredientes que o revestem.

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A revolução tecnológica na cadeia de alimentos

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No complexo mundo da cadeia de alimentos, a segurança do alimento é um pilar fundamental que garante a saúde dos consumidores e a integridade das marcas. Desde a produção até o consumidor final, cada etapa requer atenção cuidadosa e inovações constantes. Vamos explorar como a tecnologia, a inovação e as boas práticas transformam a logística e a embalagem em aliadas essenciais para a segurança dos alimentos.

A logística, que abrange desde o transporte até o armazenamento de alimentos, está passando por uma revolução tecnológica. A aplicação de sensores inteligentes e IoT (Internet das Coisas) permite monitorar em tempo real as condições de temperatura e umidade durante o transporte. Isso assegura que os produtos perecíveis, como laticínios e carnes, mantenham sua integridade até chegarem ao destino final. Além disso, o uso de blockchain na rastreabilidade dos alimentos oferece transparência e confiança ao consumidor, permitindo que se conheçam todas as etapas percorridas pelos produtos, desde a origem até a prateleira.

A embalagem desempenha um papel crítico na proteção dos alimentos contra contaminantes externos. As embalagens ativas e inteligentes são uma das inovações significativas nesse campo. Elas não apenas protegem fisicamente os alimentos, mas também podem absorver gases que aceleram a deterioração ou até mesmo mudar de cor para indicar a frescura do produto. Além disso, materiais biodegradáveis e sustentáveis estão sendo cada vez mais utilizados para reduzir o impacto ambiental, ao mesmo tempo que garantem a segurança.

A busca contínua por soluções inovadoras promete um futuro onde a segurança do alimento será cada vez mais robusta e acessível. A integração de tecnologias emergentes, como inteligência artificial e big data, permitirá prever e mitigar riscos.

A segurança dos alimentos é um desafio global que requer colaboração entre empresas, governos e consumidores. Apenas por meio de esforços conjuntos poderemos garantir que todos tenham acesso a alimentos seguros e de qualidade. Em suma, a jornada da logística à embalagem é uma dança intricada de tecnologia, inovação e boas práticas, conjunto essencial para a saúde pública e o bem-estar global.

Por Igor Lima, especialista ambiental

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Boas Práticas Logísticas: a viagem do alimento até o consumidor

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A manutenção dos padrões internos de qualidade e segurança dos alimentos faz parte de nossa rotina, porém, como garantir a continuidade destes padrões fora de nossas instalações? Em um Brasil com clima predominantemente tropical, você já analisou a verdadeira viagem que seu alimento percorre até o consumidor final e quanto ele está preparado para suportar todas as variáveis das localidades nas quais é comercializado?

Aqui não vamos falar da cadeia de refrigerados e congelados, também denominada pelo setor de transporte como “logística de temperatura controlada”. Esta sistemática já é bem mais madura e consolidada.

Estou me referindo à cadeia de alimentos secos, como produtos de panificação, biscoitos das mais diversas composições (recheados, amanteigados, com ou sem cobertura), massas e produtos já prontos para o consumo. Estes são denominados como cadeia de secos ou sob temperatura controlada. Geralmente são estáveis em temperaturas amenas (15-25°C), porém requerem uma adequada preservação para que estejam com suas características físico-químicas, microbiológicas e sensoriais conformes até o consumo.

Nossa logística nacional é feita, predominantemente, por rodovias, sendo que há vários tipos de transporte utilizados para alimentos destas categorias. As variáveis de logística começam com a escolha da carroceria, que pode ser:

  • Sider – Estrutura em metal com vedação em lonas retráteis, por vezes e dependendo do produto, adicionalmente isolada com placas de madeirite. Permite um fluxo de ar interno, mantendo temperatura mais amena. Tende a movimentar-se se não for bem amarrada e isolada. Esta movimentação pode ocasionar desgastes que podem causar fissuras e rasgos nas lonas, necessitando de maior atenção a desgastes naturais ou ocasionados por atrito, que podem permitir a entrada de água da chuva e umidade.
  • Furgões – Estrutura e vedação 100% metálica, alguns confeccionados tipo sanduiche ou somente por folhas simples em alumínio. Tendem a ter temperaturas internas mais elevadas. Se não são climatizados, passam dos 50ºC no verão e não permitem trocas de calor. São muito estanques e possuem boa proteção contra pragas.

Além da escolha do caminhão, a segunda variável é o tipo de frete contratado. Normalmente, esta seleção ocorre no momento da venda do produto e depende dos acordos comerciais que a empresa realiza.

O frete pode ser CIF – Cost, Insurance and Freight. Neste formato, o vendedor é responsável pela logística da mercadoria. Normalmente nestes casos, são selecionadas transportadoras exclusivas ou até uma frota interna preparada.

O frete também pode ser FOB – Free on Board, quando o comprador é responsável pela logística da mercadoria, sendo imprescindível neste caso, orientar o comprador por meio de um contrato sobre as condições ideais de transporte para se precaver de surpresas.

Definidas as variáveis supracitadas e a escolha pelo melhor método de transporte, passamos aos controles da fábrica, onde se dará o processo de carregamento. Nesta etapa é essencial – e bastante primário – que o caminhão seja inspecionado quanto às condições de limpeza, vedação, presença de odores e materiais estranhos. Uma boa dica é,  quando se tratar de caminhões de frota não exclusiva, questionar quais foram os dois últimos produtos/itens transportados.

É importante conhecer as diversas variáveis da logística da sua empresa.  Transportes diretos, onde o produto é expedido e diretamente entregue ao cliente, são os ideais. A homologação de transportadora, controle de higienização, lacre da carga até o destino, inspeção e fumigação dão boas garantias. Tenha controle da validade destas informações.

Tome cuidado com cargas mistas, de transportadoras que realizam o carregamento de vários produtos, não somente alimentícios. Estas merecem muita atenção, pois há risco de contaminações químicas, até por produtos não alimentícios e também podem ocorrer danos físicos aos alimentos.

Cargas com transbordo são as mais suscetíveis a problemas. Os transbordos ocorrem quando há transferência da carga, ou seja, troca de meio de transporte até o destino. As transferências nem sempre ocorrem sob boas condições, há transbordos feitos em beira de estrada, postos de gasolina, sob chuva, com cargas mistas de produtos não alimentícios… tenho certeza de que você já viu isso por aí.

Como meio de melhorar o conhecimento e assegurar um melhor cumprimento de normas, insira observações nas notas fiscais, indicando recomendações de temperatura de transporte e armazenamento. Coloque informativos com recomendações de transporte e armazenamento junto com a nota fiscal, mantenha sua caixa de embarque com todas as informações necessárias.

Dentro de casa, procure sempre analisar suas reclamações, não somente por motivo, procedência ou outras variáveis internas, mas também por região. Considere todas as variáveis logísticas até o ponto de venda. Muitas vezes, um número elevado de reclamações de produto por sabor alterado, ranço, esbranquiçamento, derretimento, quebra, em regiões específicas, pode ter como causa raiz a sistemática de logística.

Faça testes de transporte regularmente, considerando as condições climáticas das diversas regiões que você atende, as formulações de seus produtos e as estruturas de embalagem.

Por fim, mais uma dica: treine sua equipe comercial e de logística em requisitos de qualidade. Isto é fundamental para eles compreenderem as condições ideais. Reserve um tempo para visitar alguns clientes, entender o mercado e pensar fora da fábrica no que você precisa melhorar internamente para evitar um determinado defeito. Pode ser uma caixa mais reforçada, novas estruturas de embalagem, adição ou melhoria de conservantes, tudo isso precisa ser pensado e avaliado, sempre, de maneira multidisciplinar.

Você pode achar que isso não é trabalho da Qualidade, mas com certeza ajudará e muito na sua percepção e nas tratativas de reclamações, afinal de contas é a sua marca que está em jogo. Evitar consequências negativas depois de todos os cuidados que foram tomados dentro das instalações traz muitos benefícios para a empresa e garante bons negócios e a satisfação de seus consumidores.

Cristiane Cavinato Martini é tecnóloga em Química, com especializações em qualidade, segurança dos alimentos, inovação e meio ambiente. Atua em indústrias de alimentos há mais de 20 anos, com implantação e manutenção de programas de qualidade e segurança dos alimentos, certificações  e gestão ambiental. 

Imagem gerada por IA

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Tecnologia, inovação e boas práticas para garantir a Segurança dos Alimentos

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Em um cenário global marcado pela aceleração tecnológica e crescente preocupação com a saúde pública, a segurança dos alimentos tornou-se uma das prioridades mais críticas das cadeias de abastecimento. Do campo à mesa, cada elo da cadeia alimentar carrega a responsabilidade de proteger a integridade dos produtos e a saúde dos consumidores. Nesse contexto, tecnologia, inovação e boas práticas na produção de alimentos são especialmente relevantes e urgentes.

A segurança dos alimentos não depende apenas da produção primária, mas é moldada por processos logísticos eficientes, soluções tecnológicas inteligentes, embalagens funcionais e o rigor no cumprimento de boas práticas. A integração desses elementos é essencial para mitigar riscos microbiológicos, químicos e físicos, reduzir perdas e desperdícios e atender às exigências sanitárias e às expectativas do consumidor moderno.

A logística como pilar da segurança de alimentos

A logística na cadeia de alimentos vai além do simples transporte de mercadorias: trata-se de uma engenharia que planeja, executa e monitora o fluxo de produtos com foco em tempo, temperatura, integridade e rastreabilidade. Um dos maiores desafios da logística de alimentos é manter as condições adequadas durante o transporte e o armazenamento. Isso inclui o controle de temperatura em produtos refrigerados e congelados, o controle da umidade, a prevenção de contaminações cruzadas e o respeito pela validade dos alimentos.

Com o avanço da tecnologia, a logística passou a contar com sensores de monitoramento em tempo real, que informam as variações de temperatura e umidade em caminhões e armazéns. Esses dispositivos, integrados a plataformas de IoT (Internet das Coisas), permitem a atuação preventiva, evitando que cargas inteiras sejam perdidas por falhas técnicas. Além disso, sistemas de rastreabilidade baseados em blockchain revolucionam a transparência e a confiabilidade da cadeia de abastecimento, permitindo que consumidores e órgãos reguladores acessem o histórico completo de um alimento.

Inovação e tecnologia a serviço da qualidade

A inovação é uma grande aliada na missão de garantir alimentos mais seguros e saudáveis. Em cada etapa da cadeia produtiva, soluções tecnológicas são incorporadas com sucesso. Na agricultura, sensores inteligentes e drones monitoram as plantações, identificando pragas ou deficiências nutricionais, promovendo um uso mais racional de insumos. Na indústria, equipamentos automatizados garantem a padronização de processos e reduzem a intervenção humana, minimizando os riscos de contaminação.

No controle de qualidade, testes rápidos e portáteis — como os kits de detecção de patógenos e resíduos químicos — permitem a identificação precoce de riscos, acelerando decisões e evitando o envio de lotes contaminados ao mercado. Inteligência artificial e machine learning também são aplicados na análise de grandes volumes de dados, otimizando processos, antecipando falhas e aprimorando a gestão de riscos.

Essas inovações altamente tecnológicas têm um objetivo claro: proteger o consumidor e assegurar que o alimento chegue ao seu destino em condições seguras e apropriadas ao consumo.

Embalagem: muito além da estética

A embalagem de alimentos evoluiu de um simples invólucro protetor para uma ferramenta estratégica de segurança e comunicação. Atualmente, o setor investe em embalagens inteligentes e embalagens ativas, que interagem com o ambiente ou com o próprio alimento.

As embalagens inteligentes são capazes de informar, por meio de indicadores visuais, se o alimento foi exposto a temperaturas inadequadas, se sofreu violação ou se está impróprio pra o consumo, mesmo antes do prazo final. Já as embalagens ativas liberam ou absorvem substâncias que estendem a vida útil do produto, como oxigênio ou dióxido de carbono, evitando o crescimento de microrganismos.

Além disso, há uma crescente preocupação com a sustentabilidade. Embalagens biodegradáveis, compostáveis ou recicláveis vêm sendo desenvolvidas para reduzir o impacto ambiental sem comprometer a proteção do alimento. Essa convergência entre segurança e sustentabilidade é valorizada tanto pelo mercado quanto pelos consumidores conscientes.

Boas Práticas: a base de tudo

Por mais sofisticada que seja a tecnologia, ela não substitui as boas práticas de fabricação (BPF), transporte e armazenamento. As regulamentações sanitárias, como a RDC 275/2002 e a RDC 216/2004, estabelecem critérios essenciais para o controle higiênico-sanitário nas indústrias de alimentos e em serviços de alimentação.

O cumprimento rigoroso dessas normas, aliado ao APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle), forma a espinha dorsal da segurança dos alimentos. A capacitação contínua dos colaboradores, os programas de controle de pragas, a higienização correta dos ambientes e equipamentos e o controle de fornecedores são medidas indispensáveis que precisam ser reforçadas em todas as etapas da cadeia.

Em tempos de globalização e comércio internacional, o cumprimento das boas práticas também é um diferencial competitivo. Países com sistemas alimentares robustos e confiáveis têm maior acesso a mercados internacionais e conseguem proteger melhor sua população.

O consumidor como agente de transformação

Nunca foi tão importante considerar o papel do consumidor na segurança dos alimentos. Informado, exigente e atento à procedência dos produtos, o consumidor moderno valoriza marcas que demonstram responsabilidade com a saúde e o meio ambiente. Assim, a transparência, a rastreabilidade e a clareza das informações nos rótulos passam a ser estratégias indispensáveis.

Por outro lado, o consumidor também precisa ser educado quanto às boas práticas no domicílio. A segurança do alimento não termina na prateleira: ela continua na forma como os alimentos são armazenados, preparados e consumidos. Campanhas educativas sobre manipulação segura, higienização correta e conservação adequada dos alimentos são essenciais para completar o ciclo da segurança.

Considerações finais

Garantir a segurança dos alimentos em uma cadeia de produção e distribuição cada vez mais complexa é um desafio que exige integração, inovação e compromisso. Da logística à embalagem, o uso consciente da tecnologia e de boas práticas tem um papel fundamental na proteção da saúde pública.

O futuro da segurança dos alimentos dependerá da nossa capacidade de conectar ciência, tecnologia, inovação e gestão com uma abordagem preventiva e colaborativa. Inovação sem boas práticas é frágil; logística sem rastreabilidade é arriscada; embalagem sem função é desperdício. É a união estratégica desses elementos que permitirá a construção de um sistema alimentar mais seguro, justo e sustentável.

Carla Vargas Machado é química de alimentos

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Como a tecnologia auxilia a evolução dos Sistemas de Gestão de Segurança de Alimentos

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Com a crescente demanda por produtividade na cadeia de alimentos em nível mundial, as atividades de Segurança de Alimentos naturalmente têm se apropriado das novas tecnologias disponíveis, buscando a evolução de forma rápida para adequar-se ao que o mercado exige.

Foi-se o tempo em que os desafios dos profissionais da Qualidade eram focados apenas no atendimento de legislações, requisitos normativos e o rompimento das barreiras para fazer valer a “Cultura de Qualidade e Segurança de Alimentos” nos ambientes produtivos. Hoje, com todas as atualizações constantes em tecnologia, há também o desafio de não perder espaço no mercado, cumprindo os requisitos de um alimento seguro e alinhando custos, inovação e atendimento às expectativas das partes interessadas.

Antes mesmo do cultivo, as tecnologias já se fazem presentes a fim de contribuir na produtividade e garantia de produção de um alimento seguro, por meio das análises de dados climáticos, monitoramentos de temperatura, pragas e demais parâmetros que podem afetar requisitos sanitários, sendo a disseminação das informações para tomada de decisões cada vez mais rápidas, por meio de visualizações de dados em gráficos e tabelas moldados de acordo com os parâmetros de interesse de cada usuário.

Com base em todas estas informações rapidamente validadas por estudos estatísticos desenvolvidos durante a criação dos dashboards de visualização, a colheita ocorre no momento certo, o que representa um ganho à etapa seguinte da cadeia, que recebe matérias-primas com o máximo de qualidade possível perante os desafios enfrentados de clima, colheita e transporte.

Além disso, ressalta-se o importante ganho em termos de rastreabilidade do campo à mesa que a tecnologia nos permite. O que antigamente era complexo e desafiador, hoje é mais acessível e fácil de se demonstrar, com as integrações de dados do produto final ao produtor da matéria-prima. Existem sistemas altamente informatizados e conectados, o que garante conformidade com os requisitos regulatórios e, muito mais que isso, abre oportunidades para comprovar questões de sustentabilidade perante o mercado externo, que cada vez mais exige a comprovação da origem do produto.

No que diz respeito ao processamento e aos ambientes industriais, o uso de novas tecnologias auxilia as rotinas de monitoramento de parâmetros críticos de Segurança de Alimentos, tornando as atividades mais assertivas, facilitando a rápida ação quando são detectados desvios. Além disso, a geração de compilados de dados proporciona  análises de tendência, permitindo ajustar e refinar limites críticos, com base em históricos de dados e ocorrências.

As tecnologias não se restringem apenas ao contexto do ambiente produtivo, estendendo-se às áreas de apoio fundamentais para o processo. O uso de métodos analíticos rápidos e precisos para análise de alimentos e a utilização de métodos rápidos para verificação de eficácia de uma higienização contribuem significativamente para tomada de decisões ágeis e assertivas, tornando-se recursos fundamentais no contexto de ambientes industriais que possuem altas demandas operacionais.

Com todos os parâmetros da matéria-prima e processamento sendo amplamente monitorados pelas tecnologias, as etapas subsequentes da cadeia, que abrangem o armazenamento e transporte, também demandam inovações, a fim de garantir a produção de alimentos seguros. Processos de armazenamento inteligente, com monitoramento em tempo real de temperatura e demais parâmetros críticos, análise de dados para otimizar rotas de transporte e controles de estoque automatizados contribuem para que as etapas finais da cadeia de produção atendam ao que o mercado exige, cumprindo as exigências legais e normativas.

Diante de todas as automações e facilidades que a tecnologia nos proporciona e, considerando os padrões de consumo que são moldados pelas tecnologias, redes sociais e a forma como as informações são repassadas ao consumidor final, cabe a nós, profissionais da áreas de segurança de alimentos mantermos uma postura aberta à inovação. Não podemos deixar de lado o senso crítico e comprometimento técnico, buscando sempre o atendimento dos padrões regulatórios, normativos e garantindo o atendimento às expectativas das partes interessadas.

Além disso, cabe as empresas investirem na capacitação contínua de equipes multidisciplinares, integrando áreas de qualidade, análise de dados, automação e produção, a fim de obter profissionais preparados para lidar com todas estas inovações tecnológicas,  trazendo ganhos para o mercado de forma estratégica e colaborativa, reduzindo riscos e assegurando conformidade.

Viviane Gonçalves de Oliveira é engenheira química formada pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), com MBA em Qualidade, Gestão e Engenharia de Processos (PUC-RS). Atua desde 2018 na indústria de alimentos e embalagens, nas áreas de controle, garantia e gestão da qualidade. Atualmente é analista de qualidade em grande empresa do agronegócio.

Este post foi o vencedor do nosso Concurso Cultural.

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Visão computacional em Segurança de Alimentos: do campo à mesa

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A visão computacional vem se consolidando como uma tecnologia revolucionária para garantir a qualidade e a segurança dos alimentos ao longo de toda a cadeia produtiva. Combinando análise de imagens com inteligência artificial (IA), ela proporciona uma avaliação não destrutiva, em tempo real e com alta precisão, transformando a forma como monitoramos e asseguramos a integridade dos alimentos que chegam à mesa do consumidor.

A segurança de alimentos é uma preocupação crítica em escala global. Métodos tradicionais de inspeção, embora confiáveis, tendem a ser demorados, trabalhosos e suscetíveis a variações ambientais e às mudanças nas amostras. A combinação entre visão computacional e algoritmos de deep learning surge como solução promissora, permitindo a análise rápida e não destrutiva da autenticidade e da qualidade dos alimentos.

O crescimento exponencial dessa tecnologia ilustra sua importância estratégica: o mercado global de visão computacional atingiu US$ 17,7 bilhões em 2023, com previsão de crescimento anual de US$ 2,5 bilhões até 2025. A região Ásia-Pacífico lidera com 39,6% da participação, evidenciando a adoção global e crescente dessas soluções.

Fundamentos da Visão Computacional em Alimentos

Arquitetura de Sistemas

Um sistema típico de visão computacional na indústria de alimentos é composto por cinco elementos principais, conforme revisão sobre deep learning e machine vision para processamento de alimentos.

  • Unidade de iluminação: proporciona iluminação uniforme e controlada;
  • Sistema de movimentação: garante a análise contínua em linhas de produção;
  • Espectrômetro: dispersa os comprimentos de onda da luz incidente;
  • Detector ou câmera: captura as informações espaciais e espectrais;
  • Software de processamento: executa a análise por meio de algoritmos de IA.

Tecnologias de Captura

Câmeras RGB (Red Green Blue) convencionais: adequadas para avaliar cor, forma e tamanho, úteis na classificação de frutas por maturação ou na detecção de defeitos visuais.

Imageamento Hiperespectral (HSI): coleta centenas de bandas espectrais e revela a composição química interna dos alimentos. Essa técnica gera um “hipercubo” com duas dimensões espaciais e uma espectral, permitindo uma análise detalhada, pixel a pixel, conforme revisão em imageamento hiperespectral para avaliar qualidade e segurança de alimentos. Uma das aplicações mais relevantes da espectroscopia de imagem hiperespectral (HSI) é a detecção e quantificação do teor de água em produtos alimentícios. Isso se deve ao fato de que a água apresenta bandas de absorção intensas na região do infravermelho próximo (NIR), especialmente nos comprimentos de onda de 970 nm, 1200 nm e 1450 nm. Essa característica permite o monitoramento preciso da umidade, essencial para o controle de qualidade, avaliação da vida útil e identificação de possíveis adulterações nos alimentos.

Detectores especializados

  • Silício (Si) CCD/CMOS (300-1.100 nm): boa relação custo-benefício;
  • InGaAs (900-1.700 nm): superior em análises no infravermelho próximo;
  • HgCdTe: permite análise de faixas espectrais estendidas, ideal para aplicações especiais.

Aplicações em Qualidade e Segurança de Alimentos

1. Avaliação de frescor e maturação

A visão computacional permite determinar o ponto ideal de colheita e prolongar a vida útil de alimentos ao monitorar características como a composição química interna. O uso de Redes Neurais Convolucionais (CNNs) na detecção de deterioração precoce em maçãs alcançou acurácia de 98%, superando métodos tradicionais.

2. Detecção de contaminantes e corpos estranhos

Sistemas avançados são capazes de identificar:

3. Autenticação e detecção de fraudes

A adulteração alimentar prejudica a confiança do consumidor e cria riscos econômicos e de saúde. Aplicações incluem:

  • Mel: Detecção de adulteração com xaropes com 97,96% de precisão;
  • Azeite: Identificação de misturas com óleos inferiores através de análise espectral;
  • Carnes: Verificação de espécies e detecção de substituições fraudulentas;
  • Leite em pó: Detecção de melamina e outros adulterantes.

Conforme revisão em machine vision combinado com deep learning para autenticação alimentar, essas abordagens oferecem métodos mais rápidos, acessíveis e precisos.

4. Análise de composição nutricional

Sistemas avançados determinam composição química sem destruir amostras:

  • Teor de gordura, proteína e umidade em carnes;
  • Níveis de açúcar e acidez em frutas;
  • Distribuição de nutrientes em produtos processados;
  • Homogeneidade em produtos lácteos.

5. Monitoramento de processos

A visão computacional monitora processos complexos em tempo real:

  • Fermentação: Acompanhamento visual de evolução microbiana em queijos, vinhos e produtos fermentados, detectando anomalias precocemente, conforme overview em aplicações de visão computacional a alimentos fermentados;
  • Embalagem: Inspeção de integridade de selagem, detectando contaminação entre selo e embalagem, prevenindo entrada de ar e umidade;
  • Classificação: Separação automática por qualidade, tamanho, cor e características internas.

Integração com tecnologias emergentes

Deep Learning: Inteligência Aprimorada

Redes neurais profundas revolucionaram capacidades de detecção:

  • CNNs: Processamento em tempo real com precisão superior a 96%;
  • YOLO (You Only Look Once): Detecção simultânea de múltiplos atributos;
  • Redes Recorrentes: Análise de padrões temporais em processos.

Estudos demonstram que arquiteturas de deep learning extraem características complexas automaticamente, eliminando a necessidade de engenharia manual de features.

IoT (Internet of Things) e Blockchain: Rastreabilidade e transparência

A integração com Internet das Coisas e blockchain cria um ecossistema completo de segurança. Conforme discussão em integração de IA com IoT e blockchain para rastreabilidade:

  • Monitoramento contínuo do campo ao consumidor;
  • Registros imutáveis de qualidade e origem;
  • Resposta automática a desvios de qualidade;
  • Transparência total para consumidores.

Análise Multimodal

A fusão de múltiplas tecnologias amplia capacidades como:

  • Visão + espectroscopia + sensores químicos;
  • Dados ambientais + imagens + histórico de processo;
  • Integração com sistemas de gestão e qualidade.

Benefícios Práticos para Indústria

Eficiência Operacional

  • Inspeção de até 10 produtos por segundo;
  • Operação 24/7 sem desgaste ou variação;
  • Redução de 80% no tempo de análise;
  • Diminuição de 60% em perdas por classificação incorreta.

Precisão e Consistência

  • Detecção de variações de 0,1% em composição;
  • Identificação de defeitos menores que 1 mm;
  • Padronização absoluta de critérios;
  • Eliminação de subjetividade humana.

Retorno Econômico

  • ROI (Return on Investiment) típico de 18-24 meses;
  • Redução de recalls em até 90%;
  • Minimização de perdas por deterioração;
  • Otimização de preços por qualidade real.

Desafios e Soluções

Desafios Técnicos

  • Variabilidade de produtos: Cada alimento possui características únicas, exigindo calibração específica. Solução: Sistemas adaptativos que aprendem continuamente.
  • Condições ambientais: Variações de iluminação e temperatura afetam medições. Solução: Algoritmos robustos e calibração automática.
  • Volume de dados: Imageamento hiperespectral gera terabytes diários. Solução: Processamento em edge computing e compressão inteligente.

Barreiras de Implementação

  • Custo inicial: Hardware especializado representa investimento significativo. Estratégia: Implementação faseada começando por processos críticos.
  • Capacitação técnica: Necessidade de pessoal qualificado. Abordagem: Parcerias com universidades e treinamento contínuo.
  • Integração: Compatibilidade com sistemas existentes. Solução: API (Application Programming Interfaces) abertas e protocolos padronizados.

Perspectivas futuras

Inteligência Artificial Explicável

Desenvolvimento de sistemas que não apenas detectam, mas explicam suas decisões, fundamental para auditoria e conformidade regulatória.

Miniaturização e Portabilidade

Dispositivos portáteis de imagem hiperespectral permitirão inspeção em campo e pequenas operações, democratizando o acesso à tecnologia.

Aprendizado Federado

Sistemas que aprendem coletivamente mantendo privacidade de dados, permitindo melhorias contínuas sem compartilhar informações sensíveis.

Em síntese, a visão computacional representa uma ruptura tecnológica que transforma a segurança dos alimentos de forma irreversível. Integrada a IA, IoT e blockchain, ela garante precisão, rastreabilidade e velocidade sem precedentes. A jornada rumo à digitalização total da segurança de alimentos já começou. Empresas que adotarem essa revolução não apenas protegerão melhor seus consumidores, mas também conquistarão vantagens competitivas sólidas em um mercado mais exigente e informado.

Autores:

  • Uender Carlos Barbosa; mestrando em Tecnologia de Alimentos, Pesquisador em IA e visão computacional aplicadas à agricultura; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano (IF Goiano – Campus Rio Verde); e-mail: carlos3@gmail.com
  • Osvaldo Resende; Engenheiro Agrícola, Pré-Processamento de Produtos Agrícolas e Qualidade de Alimentos; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano (IF Goiano – Campus Rio Verde); e-mail: resende@ifgoiano.edu.br
  • Jaqueline Ferreira Vieira Bessa; Doutora em Ciências Agrárias-Agronomia; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano (IF Goiano – Campus Rio Verde); e-mail: jaquelinefv.bessa@gmail.com
  • Alcídia Cristina Rodrigues Oliveira Bergland; Mestranda em Tecnologia de Alimentos, pesquisadora em IA e visão computacional; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano (IF Goiano – Campus Rio Verde); e-mail: cristinabergland1@gmail.com
  • Daniel Emanuel Cabral de Oliveira; Doutor em Ciências Agrárias-Agronomia, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano (IF Goiano – Campus Rio Verde), e-mail: daniel.oliveira@ifgoiano.edu.br
  • Marco Antônio Pereira da Silva; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano (IF Goiano – Campus Rio Verde); e-mail: marco.antonio@ifgoiano.edu.br

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Uma jogada de mestre: precificar as não conformidades coloca a qualidade de volta no jogo

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Durante anos, a área de Qualidade foi respeitada por sua competência técnica. Era o setor que dizia “sim” ou “não” com base em critérios, normas e rigor. Só que o cenário mudou. Hoje, mesmo os melhores indicadores — como o FTR (First Time Right) — perdem espaço se não vierem acompanhados de um número com cifrão. Se a qualidade não mostrar quanto custa fazer certo ou quanto se economiza ao evitar não conformidades, sua voz perde força na mesa de decisão.
Enquanto setores como vendas e produção já falam naturalmente em lucro, perda, margem e desperdício em reais, muitos times de qualidade ainda insistem em apresentar volume bloqueado, porcentagens e gráficos que não traduzem impacto financeiro direto. Resultado? A área é vista como custo ou burocracia — e só é lembrada quando há problema.
Neste post, vamos falar sobre a urgência de traduzir a linguagem da qualidade para a lógica financeira da liderança.
Vamos mostrar por que precificar as não conformidades e as ações preventivas podem devolver protagonismo à área, garantir investimentos e colocar a qualidade onde ela sempre deveria estar: no centro das decisões estratégicas.
1. O que é FTR — e por que ele não basta mais
O FTR (First Time Right) mede o percentual de produtos ou processos que saem certos “de primeira”, sem retrabalho ou correções. É um indicador valioso para prevenir perdas e melhorar eficiência.
Mas sozinho, o FTR diz pouco para quem toma decisões com base em custo-benefício. Um FTR de 92% pode parecer ótimo… mas quanto custa cada 1% perdido? Quanto dinheiro estamos jogando fora nos 8% de falhas?
Sem traduzir o impacto financeiro das não conformidades, o indicador técnico perde força argumentativa.
2. Quando a linguagem financeira entra, a atenção da liderança muda
Diretores e gestores precisam tomar decisões rápidas com base em retorno sobre investimento (ROI), margem e risco financeiro. Quando a qualidade mostra, por exemplo, que um projeto de melhoria aumentará o FTR em 3% e isso significa R$ 180 mil de economia por ano, a conversa muda de patamar.
Não se trata de “vender” a qualidade — mas de reposicionar a área como estratégica, traduzindo o valor real de seus resultados.
3. Como precificar seus FTRs (na prática)
Aqui vão passos simples e diretos para transformar indicadores técnicos em argumentos financeiros:
a) Mapeie os impactos do retrabalho
  • Tempo extra de produção
  • Perda de matéria-prima
  • Ocupação de equipe
  • Atraso de entrega
b) Calcule o custo médio por unidade falha
Exemplo:
  • Se 8% da produção apresenta falhas e cada uma custa R$ 4,20 em retrabalho. Mensalmente, isso pode gerar R$ 25 mil em perdas.
c) Mostre o ganho com o FTR
  • Se a melhoria no processo aumentou o FTR de 92% para 95%, você economizou X mil reais/mês. Esse número é seu novo argumento de influência.
4. Exemplos de sucesso: onde isso já funciona
  • Indústria de alimentos: Após treinar a equipe para identificar e registrar não conformidades com impacto financeiro, um frigorífico reduziu perdas em R$ 300 mil/ano e teve verba liberada para um novo sistema de rastreabilidade.
  • Bebidas: Uma planta que apresentava alto índice de reprocessamento implementou FTR financeiro como KPI. Em seis meses, o investimento em sensores de controle se pagou com a redução de falhas.
5. Efeito colateral positivo: mais visibilidade, mais investimento
Quando a qualidade mostra retorno financeiro:
  • Tem mais voz nas reuniões de planejamento.
  • Ganha prioridade em investimentos.
  • Conquista aliados nas áreas de produção, manutenção e comercial.
A lógica é simples: quem mostra resultado mensurável, ganha espaço.
A qualidade não perdeu sua importância — ela apenas precisa se traduzir melhor. Enquanto continuarmos falando em volume bloqueado, porcentagem de falha e desvio padrão, ficamos restritos à linguagem técnica.
Mas quando mostramos que uma falha custa R$ 12 mil e que fazer certo economiza R$ 100 mil/ano, voltamos a ter voz. Voltamos a ser parte estratégica.
Precificar os FTRs é mais do que uma tendência: é uma necessidade para a qualidade sobreviver como protagonista na era dos dados e das decisões rápidas.
E na sua empresa: vocês ainda medem apenas volume de falha ou já transformam FTR em argumentos financeiros?
Por Cintia Reis

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