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VII Workshop do Blog FSB: respostas às perguntas remotas

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O VII Workshop do blog FSB foi realizado em Porto Alegre, RS, em agosto de 2025, e abordou a temática “Da Logística à Embalagem: tecnologia, inovação e Boas Práticas para garantir a Segurança dos Alimentos”. O evento contou com público online ávido por conhecimento e foram feitas muitas perguntas que não puderam ser respondidas ao vivo, devido ao tempo escasso. Agora, seguem abaixo os questionamentos e soluções, que também são úteis aos leitores que não puderam estar neste 7º encontro. E aos palestrantes-voluntários ficam nossos agradecimentos!!!

Vanessa Costalunga, colunista do blog FSB, palestrou sobre “Descomplicando a legislação de embalagens seguras para alimentos: princípios básicos da Anvisa”.

1 – Vanessa, as notícias de desvios da lista positiva causam preocupação. Você entende que falta mais rigor na legislação ou mais fiscalização? Como tornar as embalagens mais seguras?

Vanessa: É correto afirmar que o aumento da fiscalização, tanto em frequência quanto em profundidade de avaliação, impulsiona a conformidade regulatória. Contudo, a gestão proativa de riscos é o elemento decisivo neste tema. A verdadeira segurança é alcançada quando os fabricantes de embalagens de alimentos internalizam a legislação, desenvolvem uma consciência aprofundada sobre os potenciais danos à saúde em caso de desvios, e assumem a responsabilidade ética e legal de fornecer produtos seguros e adequados. Com esse compromisso intrínseco, a necessidade de uma fiscalização externa intensiva torna-se complementar.

2 – O  caminho seria criar selos de qualidade e certificações como uma forma de trazer informação sobre conformidade legal?

Vanessa: Pela minha experiência, a certificação de um Sistema de Gestão da Segurança de Alimentos (SGSA) atua como um forte catalisador para a elevação da conformidade regulatória. Contudo, é fundamental que o fabricante estabeleça o atendimento integral aos requisitos legais como o seu alicerce — uma etapa que precede e fundamenta a busca pela certificação. Reforço que esta base só se consolida por meio de um compromisso genuíno com a segurança dos produtos e com a proteção da saúde dos consumidores.

3 – Comente sobre a tinta dos carimbos em carcaças de animais. Elas devem ter laudos de migração?

Vanessa: Tintas em alimentos, de forma geral, devem atender critérios de pureza e serem comestíveis. Neste caso não se aplica o requisito de laudo de migração pois não se trata de uma tinta impressa em material em contato com alimentos, mas a tinta aplicada diretamente no próprio alimento.

Juliane Silva, representante da BRCGS Brasil, palestrou sobre “Como os requisitos normativos BRCGS para as indústrias de embalagens ajudam no cumprimento das legislações”.

1 – Quando é uma faquinha plástica junto com a embalagem de rocambole ou um palito de madeira ou plástico para picolé, qual norma escolher na BRCGS?

Juliane: Neste caso o item é parte da embalagem, então é a BRCGS Packaging Material.

2 – Quais são os diferenciais de uma auditoria não anunciada e quais vantagens ou desafios ela pode trazer para as empresas?

Juliane: Demonstrar que a empresa está comprometida com a segurança do produto a todo momento e não somente no dia agendado da auditoria. Isso gera uma maior confiança  para os clientes e partes interessadas.

3 – Quais são os tipos mais recorrentes de Não Conformidades (NCs) identificados durante auditorias relacionadas à norma BRCGS Packaging?

Juliane:  TOP 5 NC Menores para norma de Packaging:

1) 4.8.1 – Limpeza e higiene

2) 4.9.3.1 – Controle de químicos

3) 3.7.2 – Avaliação de vulnerabilidade documentada

4) 4.7.4 – Reparos temporários

5) 3.5.1 – Programa de auditorias internas

TOP 5 NC Maiores para norma de Packaging:

1) 4.9.2.1 – Controle de metais afiados

2) 1.1.8 – Gestão de data de re-certificação

3) 1.1.3 – Canais de reporte confidenciais (denúncias)

4) 5.4.5  – Checagem e liberação de linha de produção

5) 1.1.10 – Causa raiz de NC de auditoria anterior

4 –  As não conformidades sobre o requisito de cultura de qualidade e segurança de alimentos são ainda as maiores desde que o tema foi incluso na norma BRCGS?

Juliane: Sobre o tema de cultura (1.1.2), ele está em 7º lugar na lista de NC menores mais frequentes e em 12º lugar na lista de Maiores. Sabemos, porém, que agora são menos frequentes, é claro, pois temos um número muito maior de NC Menores alcançadas do que de NC Maiores.

5- HARA e MCC são exclusivas terminologias da BRCGS. Você não acha que, por serem só desta norma, elas confundem o mercado, pois a base é Codex Alimentarius e oficialmente é RASSAP e PCC?

Juliane: Na verdade vemos que esta nomenclatura ajudou a esclarecer que embalagem não é alimento, especialmente porque a BRCGS Packaging (sendo diferente de outras) não é uma norma só para embalagem de alimentos e inclui também embalagem para outros bens de consumo, como por exemplo, cosméticos e medicamentos.

Giampaolo Buso, diretor executivo PariPassu, palestrou sobre “Estratégia x Obrigatoriedade, apropriação das práticas de rastreabilidade para a gestão de abastecimento.”

1) Giampaolo, qual o impacto para frutas, legumes e verduras (FLV) que a INC 02/2018 trouxe?

Giampaolo: A INC 02/2018 foi uma ponte de referência fundamental para orientar os processos e a atenção ao tema da rastreabilidade, de forma simples e aplicável à realidade da operação de cada elo da cadeia de abastecimento.

Para as empresas que se apropriaram desta exigência, foi um impulso para melhorarem suas práticas internas de gestão, revisar os processos e fortalecer suas posições, independentemente do tamanho da organização.

Em um ambiente de variáveis complexas (clima, preço, mão de obra), não registrar e controlar de forma organizada as etapas da cadeia de abastecimento aumenta a exposição ao risco.

2) No Brasil a maior demanda de produtores primários é para quais normas da GFSI? GlobalGAP é a mais procurada?

Giampaolo: A norma do GlobalGAP é a mais referenciada e procurada, provavelmente por exigência de exportação e, por conta disto, acaba sendo a mais conhecida. O trabalho do grupo GlobalMarket ABRAS tem ajudado na disseminação da norma GFSI para a cadeia primária.

3) Em quais mercados de alimentos você entende que a rastreabilidade está sendo negligenciada ou não vem sendo realizada e, portanto, pode ser um risco? Para onde não estamos olhando?

Giampaolo: Uma reflexão que precisamos fazer em conjunto: “Como queremos ser percebidos como nação produtora de alimentos?” Os demais países do mundo estão de olho no Brasil. Temos que usar este “ativo” que recebemos em benefício da nossa população gerando riquezas sustentáveis e com valor agregado. Ou seja, rastreabilidade traz uma percepção positiva para o consumidor final. Mesmo que não pague mais por um produto rastreado, a preferência é por um alimento que tenha origem e uma história compartilhada, verdadeira, com pessoas trabalhando para alimentar o planeta.

Estamos trabalhando na PariPassu há alguns anos para transformar a visão da obrigatoriedade em oportunidade. A rastreabilidade é uma variável controlável, estratégica e necessária para as organizações – independentemente do tamanho  da empresa – se posicionarem de forma moderna em um mundo dia após dia mais complexo.

Eduardo Stephano, fundador da ES Consultoria, palestrou sobre Principais Desafios na Logística de Alimentos –  Da Origem ao Consumidor Final”.

1 – Um dos desafios tecnológicos em logística é a integração de sistemas (ERP, WMS, TMS, IoT) com o alinhamento entre TI e Operações?

Stephano: Entendo que hoje há um dinamismo no desenvolvimento tecnológico para os CDs. Hoje a grande maioria já possui controles para Inbound e Outbound. Além disso tem a questão dos transportes que eram NÃO GERENCIÁVEIS. Hoje os grandes CDs já possuem profissionais que realizam os controles através de gerenciamento de risco (controlando inclusive a abertura do baú e a temperatura do produto durante toda a trajetória).

Entendo que todas estas ferramentas auxiliam de forma positiva toda a gestão estratégica dos CDs. Estas parametrizações já estão sendo amplamente trabalhadas e daqui a pouco vamos conseguir mapear todas as entradas de produtos até a entrega no cliente (da origem até o transporte). SAP já realiza algumas integrações neste sentido.

2 – Sustentabilidade e ESG da categoria de logística abordam, além da pressão por rastreabilidade e redução de pegada de carbono, o que mais? 

Stephano: Relatórios sustentáveis (pegada de carbono, gee, manejo de produtos químicos, combustível fóssil), enfim a questão do esg é uma realidade atual devido a solicitações de mercados globais. As exigências de, em até 2030, os CDs e transporte trocarem as frotas por caminhões elétricos já bate na porta. Dentro dos galpões, empilhadeiras e paleteiras já passam por estas modernizações (estão sendo substituídas por baterias de litio, eliminando os cilindros de gás e baterias). A questão da responsabilidade social também pesa bastante, como por exemplo condutas, politica de estrangeiros, politica anti-suborno, compliance e éticas e todo o processo de proteger a marca do cliente nos centros de distribuição, bem como garantir a eficiência nos processos de inventário (cíclico e geral), como a rastreabilidade.

3 – Você acha que há planejamento de riscos insuficiente em logísticas para gestão de crises como greve de caminhoneiros e enchentes?

Stephano: Acredito que sim. Algumas pessoas não conhecem e outras não praticam por falta de conhecimento. Com as complexidades que tivemos em 2023/ 2024 no RS, há necessidade de reavaliar estes conceitos. Tenho avaliado matriz e estudos de food defense e fraud em que ninguém relaciona controles para eventos e nem geopolítica (são temas essenciais) e tão pouco o envolvimento num CGC (inclusive não envolvem uma pessoa do jurídico, o que para mim, em situações reais de GC, é a pessoa que responde pela empresa). Enfim, são processos importantes e necessários para o bom andamento de todo o sistema nos CDs. Precisamos abranger mais estes conhecimentos entre os CDs e colocar em prática para casos de ocorrências e tomada de decisão estratégica para não desabastecer os clientes.

4 –  Você acredita que planos APPCC não estão sendo desenvolvidos e tampouco implementados devido à complexidade em frota heterogênea, com múltiplos tipos de carga (seca, refrigerada, a granel) e múltiplos clientes? Ou cultura operacional reativa com foco no prazo e custo de entrega, além da rotatividade de pessoal (motoristas, ajudantes) dificultando a manutenção de treinamentos e monitoramentos consistentes?

Stephano: São vários assuntos em uma única pergunta. Na verdade, grande parte dos CDs observa isso como custo e pautam as condições mínimas para a realização deste processo. Hoje, em qualidade, na grande maioria das vezes, temos um a dois colaboradores para realizar a gestão de todos estes processos. Ainda há a percepção por parte do time operacional de que todos os erros, desvios, controles, devoluções devem ser tratados exclusivamente pela Qualidade e não deve ser bem assim. Pessoas precisam se sentir donas dos seus processos. Monitoramentos e controles para garantir os cases (temperatura e espaço) devem ter o entendimento que é uma extensão do produto do cliente. Além de toda esta temática temos a questão de sazonalidade, que complica ainda mais, mão de obra sem experiência (diaristas contratadas para atender exclusivamente demandas, sem treinamento e conhecimento do produto), treinamentos superficiais de 60 minutos para apenas demonstrar uma lista de presença e sem bagagem para equipe. A pior situação é a grande maioria entender que CDs de alimentos podem seguir modelos como DHL, Shoppee e Meli.

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O alerta da Anvisa e o perigo dos microplásticos em produtos de confeitaria: brilho de verdade é segurança!

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Recentemente, a Anvisa reforçou um alerta que merece atenção de todos os que produzem, manipulam ou comercializam alimentos: plásticos não são, e nunca foram, ingredientes alimentares! É um esclarecimento muito importante porque trata do perigo dos microplásticos em alimentos.

O polipropileno micronizado (PP) é uma substância plástica presente em alguns glitters e pós “decorativos” vendidos como se fossem comestíveis. Embora tenham aparência atraente e sejam amplamente usados para dar brilho a bolos, doces e sobremesas, esses produtos podem conter microplásticos. E o risco vai além da estética: quando ingeridos, essas micropartículas podem provocar irritações gastrointestinais, inflamações e efeitos cumulativos no organismo.

As Instruções Normativas nº 211/2023 e nº 286/2024 são claras: somente corantes e aditivos alimentares listados pela Anvisa podem ser utilizados em produtos de confeitaria. Ou seja, qualquer insumo que não conste nessas listas — mesmo que seja vendido como “glitter comestível” ou “pó decorativo” — não pode ser usado em alimentos.

Garantir a segurança dos alimentos depende de boas práticas e de uma análise crítica dos insumos utilizados. Para evitar riscos, vale seguir algumas orientações:

  • Compre apenas insumos registrados como alimentícios, de fornecedores confiáveis e com regularização sanitária;
  • Leia sempre o rótulo completo — não confie em embalagens sem CNPJ, validade ou lista de ingredientes;
  • Treine sua equipe para reconhecer a diferença entre produtos “decorativos” (de uso externo) e aqueles realmente comestíveis;
  • Em caso de dúvida, procure orientação técnica junto a um responsável pela qualidade, consultor ou autoridade sanitária.

A Anvisa cumpre seu papel ao estabelecer normas e publicar listas oficiais de aditivos e ingredientes permitidos. Porém, a responsabilidade pela aplicação dessas regras é de quem produz, manipula e comercializa alimentos. Conhecer a legislação e aplicá-la corretamente é parte essencial da cultura de segurança dos alimentos.

No fim das contas, o alimento só deve “brilhar” se for seguro. Segurança dos alimentos é respeito à saúde de quem confia no seu produto — e isso é o que realmente faz uma confeitaria se destacar.

Veja também outros posts já publicados por aqui sobre o perigo dos microplásticos:

Microplásticos aumentam resistência de bactérias e preocupam cientistas

Nova página do FDA: o que precisamos saber sobre microplásticos e nanoplásticos em alimentos

O perigo dos microplásticos em moluscos bivalves

Microplásticos são encontrados no coração humano, e agora? 

Microplásticos e nanoplásticos em alimentos: como o apoio à ciência auxilia profissionais a avaliar um novo perigo

Temos que nos preocupar com o risco de nanoplásticos na alimentação?

Imagem: Moose Photos

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Mudanças no esquema FSSC 22.000 v.7 para 2026

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Segundo o anúncio oficial da FSSC Foundation, a versão 7 está em desenvolvimento, motivada por incorporar a nova série ISO 22002-x:2025 de programas pré-requisito (PRPs). Além disso, deve fortalecer o alinhamento com os requisitos de benchmarking da Global Food Safety Initiative (GFSI) versão 2024, dar maior ênfase em práticas de sustentabilidade, em particular nas contribuições para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estruturada em categorias da cadeia de alimentos mais definida, para facilitar a implementação por segmento, e ainda deve trazer mudanças editoriais, clarificações de texto e refinamentos — parte do processo de melhoria contínua e quem sabe novos guias de orientações como o de gestão de alergênicos.

O processo de transição tem a previsão de publicação no final do Q1 ou início do Q2 de 2026 (comumente em 1º de abril, nas versões anteriores), mas será dado um período de transição de 12 meses após publicação, para capacitação de auditores e as empresas implementarem as mudanças.

Sua empresa já certificada no esquema está se preparando? Ou seja, o que seu sistema atual de segurança de alimentos (HACCP/ISO 22000/FSSC) já atende e onde precisa evoluir?

Com base nas informações públicas e comparando com a versão 6, em vigor, seguem os pontos de atenção:

1 – Integração da série ISO 22002-x:2025

Seus PRPs deverão ser revisados/atualizados para refletir os requisitos da nova série, o que pode implicar adaptações nos programas operacionais, higienização, instalações, equipamento, manutenção, etc.

Vale mapear o estado atual dos PRPs (por exemplo, de acordo com ISO/TS 22002-1 / outros) e estimar o gap analysis frente às ISO 22.002-x de 2025 publicadas em julho.

2 – Sustentabilidade e ODS

A versão 7 irá exigir/estimular que as organizações demonstrem como o sistema de segurança de alimentos contribui para os ODS — por exemplo: indicadores de redução de perdas e desperdício de alimentos (PDA ou FLW), eficiência de recursos, práticas responsáveis de abastecimento/fornecimento, controle de impacto ambiental.

A parte de sustentabilidade e “cadeia de abastecimento responsável” pode se alinhar muito bem com seu tema de riscos psicossociais + segurança de alimentos + ESG — por exemplo, cadeia de fornecedores responsáveis, trabalhadores seguros, impactos ambientais.

Então incluir indicadores, metas e evidências que relacionem o SGSA com sustentabilidade pode ajudar.

3 – Categorias da cadeia alimentar mais definidas

A empresa deverá confirmar em qual categoria de “food chain” está enquadrada e garantir que essa categoria (e seus sub-requisitos) estão corretamente implementados.

Uma vez que a estrutura pode ser redefinida, talvez ocorra mudança de categoria ou ajustes nos requisitos específicos aplicáveis.Clareza editorial e requisitos mais refinados:

A documentação do sistema (manuais, procedimentos, registros) deve estar preparada para acomodar possíveis ajustes de redação, novas definições, inclusão de requisitos ampliados ou modificados.

Recomenda-se desde já revisar onde há procedimentos mais genéricos e adaptá-los para tornarem-se robustos frente às mudanças de requisitos.

4 – Transição e planejamento estratégico

Embora o prazo ainda seja uma estimativa, já convém planejar o roadmap de atualização da norma, gap-analysis, definição de responsáveis, treinamento interno (oportunidade e reforço de sustentabilidade, vantagem competitiva) + risco (não estar preparado pode atrasar certificação, afetar mercado, demanda de clientes), comunicação ao time da qualidade, auditorias internas, etc.

Verificar se será necessário auditoria de “upgrade” ou auditoria de transição, conforme o esquema da FSSC 22.000.

Por contexto, creio que o esquema FSSC 22000 v.7 não muda o propósito da norma, mas eleva o nível de maturidade, conectando segurança de alimentos, qualidade, sustentabilidade e desempenho organizacional — um passo à frente rumo a sistemas mais integrados, transparentes e resilientes, bem alinhado com as diretrizes da GFSI.

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Rótulo como ferramenta de inclusão social é um caminho a seguir

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Na causa de rotulagem acessível, já temos um caminho a ser seguido, que pode servir de benchmark para outras empresas. A Nestlé, em um projeto denominado “rótulos que falam” torna acessíveis, por meio de aplicativo, todos os produtos do seu portfólio no Brasil, para pessoas cegas, com baixa visão ou não alfabetizadas. É um projeto de inclusão social em parceria com a Alia Inclui, apoiada pela Fundação Dorina Nowill, especializada em acessibilidade visual.

Mesmo com essa ação, ainda há lacunas — estudos apontam que muitas marcas ainda não oferecem rotulagem para pessoas com baixa visão ou cegas: “80% das marcas não incorporam braile ou símbolos táteis em todas as embalagens”.

Para sua abordagem de ESG e segurança de alimentos, essas iniciativas podem ser destacadas como melhores práticas de acessibilidade e inclusão, que somam ao valor da marca, à responsabilidade social corporativa, e à governança para consumidores com necessidades especiais ou analfabetos, aumentando a autonomia dessas pessoas em situações de compra e uso de produtos.

A leitura de rótulos é um componente chave de segurança de alimentos e alimentar (informação nutricional, alergênicos, ingredientes, modo de uso). Tornar essa informação acessível é uma melhoria importante do ponto de vista de inclusão, uma vez que não basta apenas cumprir normas e leis, é preciso considerar também uma experiência de usuário — e há grupos de consumidores que tradicionalmente ficam “fora” da experiência plena.

As iniciativas no mercado trazem componentes tecnológicos com reconhecimento via câmera, comando de voz, chatbot de IA, indo muito além da simples impressão em braile ou letras ampliadas: é digital + assistiva.

Algumas empresas têm o poder de convidar outras a aderir, o que significa que podemos estar vendo um efeito de arraste. Se muitas empresas aderirem, esse tipo de acessibilidade pode se tornar o padrão ou expectativa do mercado. Vamos pensar nisto: se você, leitor,  é das áreas de Regulatórios e/ou P&D das empresas de alimentos, pode antecipar futuras exigências de acessibilidade de rótulos e expectativas de responsabilidade social corporativa.

Para quem lida com sistemas de segurança de alimentos, programas de certificação, HACCP (acessibilidade da informação ao consumidor pode influenciar recall e responsabilidade social) ou de ESG, essa iniciativa pode ser abordada como parte de “inclusão de stakeholders” ou “acessibilidade” na cadeia de suprimentos, ou seja, um aspecto de governança e ética que pode se conectar com relatórios de sustentabilidade ou de diversidade e a “rotulagem acessível” fará parte de cultura inclusiva e segurança do consumidor.

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COP 30 em Belém e a Segurança de Alimentos

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Em novembro de 2025, Belém do Pará será o epicentro das discussões climáticas globais, ao sediar a 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30). De 10 a 21 de novembro, a cidade espera receber mais de 60.000 visitantes, incluindo chefes de estado, cientistas, ativistas e jornalistas de 193 países. A agenda da COP 30 combina eventos oficiais, como negociações de alto nível, com iniciativas não oficiais que celebram a cultura paraense e amplificam vozes locais.

Este evento é um convite para todas as pessoas que acreditam na construção de um mundo mais justo, resiliente e sustentável, por meio da informação correta e ética, que é uma das principais chaves para as transformações que tanto necessitamos. É com soluções coletivas que alcançaremos um futuro melhor para o planeta.

Nossa mensagem é de esperança e urgência. Cada decisão tomada em uma COP reflete o esforço coletivo para preservar recursos naturais, reduzir desigualdades e construir um futuro mais justo e saudável para todos. As COPs moldam as discussões sobre o clima e influenciam decisões que afetam nosso cotidiano.

E como a Segurança de Alimentos está inserida neste contexto? Refletindo sobre isso, penso que os exportadores de alimentos podem perder contratos por não garantir cadeia livre de emissões de gases de efeito estufa ou degradação ambiental e há muitos outros pontos a considerar:

– ampliar práticas sustentáveis que transformem conhecimento em ação: economizar energia, reduzir o uso de plásticos, priorizar alimentos locais e transporte sustentável, afinal pequenas atitudes, somadas, geram grandes impactos;

– repensar o que consumimos, para reduzir o desperdício de alimentos. Priorizar alimentos locais e sazonais, pois a alimentação responde por cerca de 1/3 das emissões globais de gases de efeito estufa;

– adotar soluções com os “pés na terra”, cuidando dela, recuperando solos degradados e ajudando a manter vivas as tradições agrícolas de suas comunidades.

Já pensaram que as decisões das COPs afetam o preço e a disponibilidade dos alimentos? Há algo mais que gostariam de comentar? Esperamos por vocês, com atitudes e reflexões.

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Tendências em Segurança de Alimentos, segundo especialistas da Conferência GFSI 2025

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Vocês acompanharam no dia 31/03 (Discovery Tour) e de 01 a 03/04/25 a Conferência GFSI, em Dublin? O evento refletiu as tendências em segurança de alimentos e reforçou a visão da GFSI do princípio de ‘alimento seguro para todos’, ou seja, não há concorrência e sim colaboração. Se não acompanharam, leiam este post para se atualizarem.

Esta edição, mais uma vez, demonstrou o poder de nossa comunidade global unindo-se em torno de um propósito compartilhado. Os insights coletivos apresentados estão catalisando avanços cruciais nas práticas e tecnologias de segurança de alimentos, forçando um suprimento de alimentos mais seguro e protegido para as gerações futuras.

No 1º dia foram tratados os temas de “resiliência global e forjando um futuro sustentável em segurança de alimentos”, com estes insights:

·       – Interseção entre segurança de alimentos e sustentabilidade e quais as estratégias práticas para alcançar a resiliência global, abraçando a inovação e a colaboração para garantir um futuro mais seguro e sustentável para o ecossistema alimentar global;

·       – A segurança de alimentos é, de fato, uma jornada, um caminho de aprendizado constante, adaptação e colaboração. A segurança de alimentos é caminho, não é um destino;

·       – Padrões harmonizados constroem uma confiança inabalável em todas as fronteiras e em cada elo da cadeia alimentar;

·       – O que poderia ser mais importante do que garantir que nosso alimento seja seguro?

No 2º dia discutiram e/ou provocaram com os temas sobre “aprofundando o diálogo e explorando a inovação”. O foco foi a tecnologia de ponta trazendo melhoria de forma integrada à segurança de alimentos em toda a cadeia de suprimentos. A educação e o treinamento robustos permitem que tanto os profissionais da indústria quanto os consumidores façam as escolhas certas, e onde os sistemas de segurança de alimentos são eficazes e confiáveis.

Propósito comum: fortalecer a segurança de alimentos em um cenário global em constante transformação

O evento foi marcado por:

·       – Diálogos construtivos sobre desafios atuais e futuros;

·       – Apresentações de tecnologias emergentes e soluções digitais;

·       – Estudos de caso de impacto com resultados mensuráveis;

·       – Conexões estratégicas entre diferentes elos da cadeia alimentar.

No 3º dia o foco foi “da visão à ação”, mostrando que o resultado depende de um ambiente propício à colaboração, onde ideias se transformam em ações práticas para um sistema alimentar mais seguro, resiliente e sustentável. Este tema está totalmente alinhado ao do Dia Mundial da Alimentação deste ano, dia 07 de junho, que foi “Segurança dos Alimentos: Ciência em Ação”. Assuntos discutidos:

1.      Implementar programas de segurança de alimentos baseados em evidências científicas;

2.     Reforçar práticas de segurança dos alimentos, mostrando à operação que eles já aplicam ciência no dia a dia, fortalecendo o pensamento técnico e valorizando seu papel na segurança dos alimentos. A ciência não está só no laboratório — ela está nas suas mãos;

3.     Apoiar esforços de coleta de dados (como IA, blockchain, Big Data, Internet of Things (IoT)).

Fica aqui a reflexão para nós, profissionais da área de alimentos: “Juntos podemos construir confiança da fazenda ao garfo. Imagine o futuro que todos nós poderemos possibilitar.”

Fonte:

GFSI-Conference-2025-Executive-Summary.pdf

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Mudanças na rotulagem de alergênicos estão na pauta do Codex Alimentarius e da Anvisa

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O Codex Alimentarius serve de referência para praticamente todas as legislações de alimentos do mundo.  Em 2019  foi estabelecido o PAL (Precautionary Allergen Labelling) – rotulagem de precaução para limite de detecção com níveis de ação por estudos.

Entre 2018 e 2024, o Comitê do Codex sobre Rotulagem de Alimentos (CCFL) promoveu uma revisão abrangente da Seção 4.2.1.4 da norma geral para rotulagem de alimentos pré-embalados (CXS 1 1985), abordando escopo, definições, listas de alérgenos, forma de apresentação e “rotulagem de precaução” (ex. “pode conter”).

A rotulagem de precaução de alérgenos é usada quando há risco de contaminação cruzada não intencional, mesmo com boas práticas de fabricação implementadas. Um exemplo é a informação “pode conter leite”. Essa prática não se refere à presença intencional do ingrediente, mas sim à possível presença acidental.

No Brasil, a ANVISA discute o tema desde 2017 e em 2026 deve alinhar as diretrizes ao Codex. O que podemos esperar? Rotulagem de referência de sulfito acima de 10ppm, alterações de rotulagem de lactose, 20 ppm para glúten na rotulagem, podendo contemplar gergelim, inclusão do trigo sarraceno, alérgenos regionais e leguminosas. Insetos e kiwi entraram em uma “lista de observação”, para avaliação futura conforme surgimento de dados e mudanças de conceitos, não somente de proteínas alimentares causadoras de reações imunológicas, como também de outras substâncias.

Nas discussões do Codex em 2024, o PAL foi um dos principais focos da revisão, com as seguintes diretrizes emergentes:

·        –  uso baseado em avaliação de risco;

·        –  só deve ser usada quando houver base científica e técnica para risco real, como via dose de referência (Reference Dose / HBGV);

·        –  evitar uso excessivo ou genérico;

·         – evitar o uso indiscriminado que possa prejudicar a credibilidade da rotulagem e limitar escolhas dos alérgicos;

·         – exigência de justificativa documental;

·         – indústrias devem manter evidências da avaliação de risco para justificar o uso da PAL;

·         – desencorajamento de frases vagas. “Pode conter qualquer alérgeno” é considerado inadequado.

A posição da ANVISA (Brasil)

Durante o Diálogo Setorial em abril de 2025, a ANVISA debateu a possível regulamentação da PAL, seguindo os parâmetros internacionais. Prevê-se que a PAL seja normatizada com base em risco real, e que seja padronizada quanto à linguagem usada.

A ANVISA apresentou como proposta:

·         – Inclusão de gergelim nos alérgenos globais;

·        –  Introdução de trigo sarraceno, aipo, tremoço, mostarda e transferência de soja, aveia, castanha-do-Pará etc. para lista regional;

·        – Flexibilização para isenção de derivados, padrões de legibilidade, padronização tipográfica, identificação clara de alérgenos (ex.: “lecitina (soja)” em destaque);

·         – Rotulagem de glúten padronizada com limite de isenção até 20 mg/kg conforme Codex (resolvido num segundo momento).

Em síntese, o Codex finalizou uma revisão histórica das diretrizes de rotulagem de alérgenos, enfatizando a proteção do consumidor por meio de listas focadas, limites de referência científicos e rotulagem clara. O Brasil já adotou grande parte dessas diretrizes e ainda pode adotar outras, com debates oficiais em abril de 2025.

Vamos acompanhar as evoluções globais e as mudanças. Fique de olho!

Referências:

https://www.fao.org/fao-who-codexalimentarius/committees/committee/related-meetings/foods-labelling/en

https://www.fao.org/fao-who-codexalimentarius/codex-texts/list-standards/en/

https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/alimentos/rotulos/rotulagem-de-alergenos

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Inspeções (não anunciadas) do FDA em atendimento ao FSMA

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A Lei de Modernização da Segurança dos alimentos (FSMA) e o Plano de Segurança de Alimentos constituem a legislação americana para a segurança de alimentos assinada pelo ex- Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em 04 de janeiro de 2011. Estabelecem diversas seções que devem ser atendidas pelas empresas inseridas na cadeia produtiva de alimentos. O objetivo é garantir que o fornecimento de alimentos nos Estados Unidos seja seguro ao mudar o foco das autoridades reguladoras federais da posição reativa de resposta à contaminação para uma posição de prevenção, por meio de um conjunto de procedimentos escritos exigido pela FSMA. Os procedimentos incluem a análise de perigos, controles preventivos (incluindo controles no processo, programa de higienização, controle de alergênicos, qualificação de fornecedores, entre outros), procedimento de recolhimento, além de definir regras para monitoramento, ação corretiva, verificação e registro.

A Análise de Perigos e Controles Preventivos Baseados no Risco é uma ferramenta que foi incorporada ao ato em 04 de julho de 2012. A norma de Análise de Perigos e Controles Preventivos com Base no Risco deve ser aplicada às empresas estabelecidas no território norte-americano e empresas estrangeiras que produzem, processam, embalam ou armazenam alimentos para consumo humano.

O PSA é preventivo e projetado para minimizar os riscos para a segurança de alimentos. Tem por base um programa de pré-requisitos e a análise de perigos, priorizando o mais importante para a segurança de alimentos gerenciamento de risco, dinâmico, integrado e baseado em sistemas (processos e pessoas). Existe a necessidade do PCQI, ou seja, o indivíduo qualificado em controles preventivos que tenha concluído com êxito um treinamento completo de desenvolvimento de controles preventivos baseados em risco que atenda ao currículo padronizado reconhecido pelo FDA ou que tenha sido qualificado pela experiência de trabalho para desenvolver e aplicar um sistema de segurança de alimentos.

O que a estrutura do PSA contempla

1- Informações gerais e apresentação da empresa, da equipe responsável, do processo (diagrama e descrição) e do produto (descrição);

2- Análise de perigos;

3- Determinação dos controles preventivos necessários;

4- Plano de recolhimento (incluindo recall);

5- Implementação de procedimentos (inclui validações e procedimentos de monitoramento, correção, ação corretiva, verificação e registro).

A reorganização da Food and Drug Administration (FDA), que teve início em 1 de outubro de 2024, constituiu uma mudança estrutural com implicações diretas para a regulação dos alimentos para consumo humano e suas inspeções. Este processo de reorganização tem como principal objetivo consolidar e reforçar as funções da FDA relacionadas com a segurança de alimentos, a gestão de surtos e a prevenção de doenças. O objetivo principal é ter inspeções mais rápidas e mais eficazes, com uma melhor capacidade de identificar problemas na cadeia alimentar. Outro objetivo é  melhorar a capacidade de resposta da FDA às emergências alimentares, tais como surtos de doenças de origem alimentar ou recolhimento de produtos, rotulagem e controle nutricional.

Mais recentemente, em 06 de maio de 2025, o FDA anunciou a expansão do uso de inspeções não anunciadas em instalações de fabricação fora dos Estados Unidos. Estas inspeções, que antes eram usadas de forma mais restrita, passam a ser adotadas como estratégia regular para supervisionar fabricantes estrangeiros, a fim de reforçar a segurança da cadeia de abastecimento global, especialmente após os desafios enfrentados durante a pandemia.

O FDA fará uma análise dos planos de cada empresa e tomará uma decisão sobre a viabilidade de realizar inspeções físicas nas instalações. Como exemplo, as consideradas de alto risco podem ser inspecionadas sem aviso prévio. FSMA exige que essas instalações sejam inspecionadas dentro de 5 anos, e depois ao menos a cada 3 anos. As consequências por falta do plano de segurança de alimentos (PSA) ou plano insuficiente podem ser:

       Emitir uma carta pública de advertência e ou um alerta de importação para um fornecedor estrangeiro.

       Proibir as importações provenientes de um fornecedor estrangeiro. Produtos alimentares ficariam retidos nos portos dos EUA até que o FDA aprove o plano.

       Processar criminalmente uma empresa ou a pessoa encarregada.

       Suspender o registro da instalação.

       Detenção de produtos na fronteira ou a proibição de venda.

Sua empresa, que já exporta para o mercado americano, ou pretende, está preparada de forma contínua para apresentar documentos, registros e demonstrar boas práticas de fabricação e segurança dos alimentos a qualquer momento? Este tema já foi diversas vezes abordado neste blog. Você pode rever aqui:

Case de implementação do FSMA 204 para rastreabilidade na cadeia alimentar

FDA, PSA e IICA realizam treinamento baseado no FSMA – Parte 1

A Lei de Modernização da Segurança de Alimentos dos EUA – FSMA

Perigos radiológicos para atendimento ao FSMA

FSMA | Explore os principais elementos da Lei de Modernização de Segurança de Alimentos do FDA

Quais legislações compõem o FSMA?

Passo-a-passo para implementar uma grande mudança em segurança de alimentos em uma empresa – caso FSMA

Fonte: FDA

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Visão geral do “prato da mente saudável”

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O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) substituiu sua pirâmide alimentar por uma revisão necessária. Este é um exemplo pictórico do sistema “escolha seu prato” a partir de um prato de grupos de alimentos, para nos lembrar do que uma dieta diária deve consistir para otimizar a saúde física e mental.

O MyPlate foi lançado oficialmente em 2 de junho de 2011, encerrando quase 20 anos de uso dos modelos “Food Guide Pyramid” (1992–2005) e “MyPyramid” (2005–2011). Assim como o corpo precisa de nutrientes para funcionar bem, a mente também precisa de uma “dieta” saudável para se manter equilibrada, criativa, resiliente e funcional.

A questão é:

O que seria o equivalente a uma dieta diária recomendada para uma mente saudável?

Com uma epidemia de obesidade desenfreada nos EUA e em diversos outros lugares do mundo, essa mudança é bem-vinda e, esperançosamente, inspirará as pessoas a estarem cientes de como compor a ingestão de alimentos do dia.

Nossa mente, incorporada em nossos circuitos neurais estendidos, estabelece nossas conexões com os outros e até mesmo como nos relacionamos com nosso planeta, e também precisa de atenção cuidadosa para estabelecer e manter a saúde mental.

A pobreza, a fome e a falta de moradia ameaçam as necessidades essenciais de muitos em todo o mundo. A guerra e os desastres naturais enchem muitas vidas de medo e sofrimento. E mesmo para indivíduos em ambientes mais estáveis, a vida moderna pode ser preenchida com um foco avassalador no mundo exterior e uma experiência de estar isolado de conexões significativas com os outros. A multitarefa com sua atenção fragmentada e a sensação de ficar sobrecarregado com a quantidade de informações frequentemente fraturam um senso de totalidade. Em cada uma dessas condições, os requisitos incorporados e socialmente incorporados para uma mente saudável não estão sendo criados na vida diária em todo o mundo. Muitos são deficientes em um regime diário necessário para o bem-estar mental, ou seja, a segurança alimentar (e não a de alimentos).

Então, o que seria incluído no The Healthy Mind Platter? No campo da neurobiologia interpessoal, definimos um aspecto central da mente e também propomos que uma mente saudável emerge de um processo chamado “integração” – a ligação de diferentes componentes de um sistema. Esse sistema pode ser, por exemplo, o corpo à medida que conectamos as regiões superior e inferior. A integração também pode incluir como nos conectamos com outras pessoas em uma família ou comunidade, honrando as diferenças e promovendo vínculos compassivos uns com os outros. Se adotarmos a definição proposta pela neurobiologia interpessoal de uma faceta-chave da mente como um processo incorporado que regula o fluxo de energia e informação, como podemos fazer uma definição prática de hábitos mentais que podem ajudar as pessoas com sua dieta de “nutrientes mentais essenciais diários”? Como podemos usar o foco de atenção para fortalecer a integração em nossos corpos e em nossos relacionamentos diariamente? Quais seriam os componentes fundamentais de tal regime diário de atividades mentais que promove a saúde?

O Healthy Mind Platter tem atividades mentais essenciais diárias necessárias para uma saúde mental ideal. Essas compõem o conjunto completo de “nutrientes mentais” que seu cérebro e relacionamentos precisam para funcionar da melhor maneira possível. Ao se envolver todos os dias em cada uma dessas porções, você promove a integração em sua vida e permite que seu cérebro coordene e equilibre suas atividades. Essas atividades mentais essenciais fortalecem as conexões internas do seu cérebro e suas conexões com outras pessoas e com o mundo ao seu redor.

Não estamos sugerindo quantidades específicas de tempo para esta receita para uma mente saudável, pois cada indivíduo é diferente e nossas necessidades também mudam com o tempo. O objetivo é tomar consciência de todo o espectro de atividades mentais essenciais e, como acontece com os nutrientes essenciais, certificar-se de que, pelo menos todos os dias, estamos trazendo os ingredientes certos para nossa dieta mental, mesmo que por um pouco de tempo. Assim como você não comeria apenas pizzas todos os dias por dias a fio, não devemos viver apenas no tempo de foco sozinhos com pouco tempo para dormir. A chave é equilibrar o dia com cada uma dessas atividades mentais essenciais. O bem-estar mental tem tudo a ver com reforçar nossas conexões com os outros e com o mundo ao nosso redor; e também se trata de fortalecer as conexões dentro do próprio cérebro. Quando variamos o foco de atenção com esse espectro de atividades mentais, damos ao cérebro muitas oportunidades para se desenvolver de maneiras diferentes.

Uma maneira de usar a ideia do “prato” é mapear um dia normal e ver quanto tempo você gasta em cada atividade mental essencial. Como uma dieta balanceada, existem muitas combinações que podem funcionar bem, tais como: sono restaurador, relações humanas positivas, movimento físico (caminhar, dançar ou praticar esportes), meditação, respiração profunda ou contemplação, tempo sem telas e redes sociais, atividades com propósito (trabalho ou hobbies que façam sentido – como escrever este post), estímulo cognitivo (ler, aprender algo novo, resolver problemas), expressão emocional (escrever, conversar, criar), gratidão e pensamento positivo realista.

Em suma, é importante comer bem, e aplaudimos o “novo prato de alimentação saudável”. Como sociedade, faltam-nos boas informações sobre o que é preciso para ter uma mente saudável. Como a mente está incorporada em nossas conexões com os outros e com nosso ambiente – tanto naturais quanto culturais – esses momentos essenciais ajudam a fortalecer nossas conexões internas e relacionais. E como o cérebro está mudando continuamente em resposta à forma como focamos a atenção, podemos usar nossa consciência de maneiras que envolvem o corpo e nossas conexões para criar uma mente saudável ao longo da vida!

Crie um apetite para aumentar a consciência de como nutrir nosso bem-estar mental a cada dia também!

O Healthy Mind Platter foi criado pelo Dr. Daniel J. Siegel, Diretor Executivo do Mindsight Institute e Professor Clínico da Escola de Medicina da UCLAem colaboração com o Dr. David Rock, Diretor Executivo do NeuroLeadership Institute.

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Interseção entre riscos psicossociais e segurança de alimentos

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Ao ler o Guia Fatores de riscos psicossociais relacionados ao trabalho – MTE (acesse-o aqui), com foco em segurança de trabalho, imediatamente pensei na integração com a segurança de alimentos. A isso chamamos atualmente de “quebra de silos”, ou seja, eliminar a fragmentação e falta de comunicação entre áreas, processos ou equipes, que deveriam trabalhar de forma integrada. Assim nasceu este post!

Há relação direta entre riscos psicossociais no trabalho e segurança de alimentos, especialmente em ambientes certificados por normas reconhecidas como FSSC 22000, ISO 22000, BRCGS, IFS, SQF, GlobalG.A.P.. Essa conexão ocorre principalmente porque fatores humanos e organizacionais afetam diretamente o desempenho do sistema de segurança de alimentos.

Os principais pontos de interseção são: estresse, fadiga, assédio moral e pressão por metas. Eles podem gerar:

    • Erros operacionais (ex.: falhas em registros, desvios de procedimento);
    • Desatenção a controles críticos (ex.: pontos de controle de temperatura, verificação de limpeza);
    • Queda de motivação e rotatividade – impactando a consistência dos processos.

E as normas de sistemas de gestão certificáveis exigem a gestão de cultura de segurança de alimentos, o que inclui ambiente organizacional saudável e bem-estar dos colaboradores. Espera-se que a empresa promova comunicação aberta, bem-estar e segurança psicológica, pois isso influencia diretamente o comportamento seguro. A direção deve estar engajada, os colaboradores devem ser ouvidos e capacitados para promover bem-estar físico e mental. Há preocupação com as condições de trabalho justas e inclusive avaliam-se aspectos sociais, como assédio, pressão psicológica e condições de trabalho saudáveis.

No contexto de PGR (a partir de 2025, a NR-1 exige gestão dos riscos psicossociais), o gerenciamento de riscos psicossociais pode ser integrado à cultura de segurança de alimentos, com ações como:

– Avaliação de carga de trabalho e turnos exaustivos;

– Escuta ativa dos colaboradores da produção;

– Treinamentos que abordam não apenas segurança, mas qualidade de vida no trabalho.

Promover um ambiente psicossocialmente saudável é uma ação preventiva de segurança de alimentos. Ao cuidar das pessoas, a organização fortalece o sistema como um todo, reduz riscos operacionais e melhora os resultados de auditorias.

Lembre-se: Comportamento humano saudável = Segurança operacional garantida 

Fator Psicossocial

Impacto na Segurança de Alimentos

Estresse ou fadiga

Erros em procedimentos críticos

Assédio ou clima tóxico

Desmotivação, negligência, absenteísmo

Jornadas extensas / pressão

Não conformidade em registros ou análises

Assim, as ações e controles e os indicadores para monitoramentos devem abordar:

  • Capacitar a liderança para gestão saudável de pessoas e aumento de engajamento;
  • Criar canais de escuta ativa (caixa de ideias, reuniões abertas) sobre falhas operacionais;
  • Planejar pausas, rodízios de atividade, reconhecimento de boas práticas;
  • Diminuir a taxa de absenteísmo e a rotatividade por setor;
  • Reportar os resultados da pesquisa de clima, estruturada pelo RH ou não;
  • Integrar com os indicadores de cultura de segurança de alimentos.

Já refletiu se a sua empresa tem este olhar? Aliás, maduro!

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