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Conexões para a segurança de alimentos

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Quando as indústrias de matérias-primas, alimentos e de embalagens trabalham com responsabilidade para garantir a segurança dos alimentos, o efeito é refletido na segurança alimentar no mundo.

É papel dos profissionais que estão inseridos nesta cadeia de fornecimento seguir atentos, com mentalidade de riscos ao trabalhar nos processos.

Em um mundo dinâmico, incerto e que vive consequências de mudanças climáticas, comportamentais humanas, tecnológicas e de saúde , as ferramentas de gestão são cada vez mais aliadas do nosso esforço de mitigar riscos.

A conexão entre os elos da cadeia de fornecimento é o que garante a segurança do alimento para o consumidor. Fortalecer as barreiras em cada interface importa. Como pensar em um novo produto, sem projetar a embalagem que irá protegê-lo, evitando descartes por má conservação ou contaminação?

Como usar matérias-primas de provedores que não analisam seus riscos na fabricação e transporte?

Isso tudo sem falar dos desafios de gestão dos alergênicos e dos riscos de migração que podem prejudicar a saúde do consumidor!

Somamos todos estes desafios ao da sustentabilidade, em um planeta que pede socorro por sua preservação e restauração com enorme demanda por materiais sustentáveis e igualmente eficientes.

Que nós, profissionais ligados à área de segurança de alimentos, nos inspiremos para seguir nesse movimento forte de melhoria contínua.

Nossos esforços devem apoiar a segurança alimentar. Somos um grande time que envolve empresas, organizações da sociedade civil, governos e consumidores. Cada um de nós pode contribuir para a construção de um futuro com acesso a alimentos seguros e nutritivos para todos.

Vamos juntos!

Aline Jovanelli Dias é bacharel em Química. Atua há 25 anos na área de Qualidade em indústrias dos segmentos químico, automotivo e farmacêutico

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IFS Focus Day 2024 será em 26 de setembro: inscreva-se

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No dia 26 de setembro, São Paulo será palco de um dos eventos mais esperados do ano para os profissionais da área de segurança de alimentos, indústria e setor varejista: o IFS Focus Day 2024.

O IFS Focus Day é um evento anual organizado pela IFS (International Featured Standards).

Por que participar do IFS Focus Day?

Se você é um profissional da área de segurança de alimentos, trabalha na indústria alimentícia ou no varejo, o IFS Focus Day é um evento imperdível. Aqui estão algumas razões para garantir sua participação:

  • Atualizações nas Normas IFS: Recentemente, a IFS passou por importantes atualizações em suas normas. No evento, você terá a oportunidade de se aprofundar nessas mudanças e entender como elas impactarão os processos e certificações em sua empresa.
  • Networking de alto nível: Reúna-se com líderes da indústria, especialistas em segurança alimentos e representantes do varejo. O evento oferece um ambiente propício para a troca de experiências e a construção de relacionamentos profissionais valiosos.
  • Conteúdo relevante e atualizado: Palestras elaboradas para abordar os principais desafios e oportunidades do setor. Confira os temas das palestras que estarão no centro das discussões (acesse o link de inscrição no final deste texto).
  • Inovações e tendências: Fique por dentro das últimas inovações que estão transformando o setor de segurança de alimentos. O evento é uma excelente oportunidade para aprender sobre as melhores práticas e as tendências emergentes que impactarão o mercado nos próximos anos.

 Como participar?

As inscrições para o IFS Focus Day já estão abertas e as vagas são limitadas! Garanta sua participação acessando o site oficial do evento aqui.

Não perca esta oportunidade única de se atualizar e de se conectar com os principais players do setor de segurança de alimentos.

Nos vemos em São Paulo no IFS Focus Day 2024!

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Micotoxinas e o impacto na alimentação animal

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As micotoxinas são metabólitos tóxicos produzidos por algumas espécies de fungos filamentosos durante seu processo de crescimento e podem contaminar os alimentos destinados ao consumo humano e animal, causando perdas produtivas, problemas reprodutivos, doenças e, em algumas situações mais graves, até óbito.

Esses metabólitos são de difícil controle, porque estão associadas às condições de umidade, temperatura e oxigênio desde as etapas de plantação, crescimento e estocagem de diferentes grãos. E apesar de serem produzidas por fungos, as micotoxinas podem permanecer nos alimentos mesmo após a destruição dos fungos que as produziram.

Os gêneros dos fungos mais comumente associados com toxinas que ocorrem naturalmente são Aspergillus, Penicillium e Fusarium e as principais micotoxinas que ocorrem nos grãos e seus subprodutos cultivados no Brasil são: aflatoxinas, fumonisinas, zearalenona, tricotecenos e ocratoxina A.

Caso alimentos contaminados por essas micotoxinas sejam fornecidos na alimentação animal, diferentes espécies como bovinos, suínos, caprinos, ovinos, equídeos podem apresentar sintomas de doenças hepáticas, neurológicas, nefrológicas, entéricas ou podem ter baixa de desempenho produtivo, reprodutivo e pouco ganho de peso. Algumas situações, a depender da idade do animal e da quantidade de alimento contaminado ingerido, podem ocasionar inclusive óbito de alguns indivíduos ou parte de um rebanho gerando grandes prejuízos aos produtores rurais.

Como o Brasil apresenta clima predominantemente tropical com boa incidência de chuvas e extensas áreas de plantação de grãos, temos condições bastante favoráveis ao desenvolvimento dos fungos produtores das micotoxinas.

O blog já trouxe material demonstrando que no Brasil o risco de doenças em animais causadas por micotoxinas segue alto.

O quadro abaixo traz informações sobre as principais micotoxinas, alimentos mais propensos à contaminação e principais fatores de produção dessas micotoxinas:

Micotoxinas

Aflatoxinas

Zearalenona

Fumonisinas

Tricotecenos

Ocratoxina A

Fungos que mais produzem

Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus

Fusarium

Fusarium

Fusarium

Aspergillus e Penicillium

Alimentos mais propensos à contaminação

Amendoim,  castanhas, nozes, milho e cereais em geral

Milho e cereais de inverno

Milho e cereais de inverno

Milho e cereais de inverno

Milho e grãos estocados

Principais fatores da produção

Armazenamento em condições inadequadas

Temperaturas frias associadas à alta umidade

Estação seca seguida de alta umidade e temperaturas moderadas

Temperatura fria, alta umidade e problemas no armazenamento

Deficiências no armazenamento

Fonte: O que são Micotoxinas? – LAMIC – Laboratório de Análises Micotoxicológicas (ufsm.br)

 Sobre as principais micotoxinas e os prejuízos causados aos animais:

  • Aflatoxinas: são produzidas pelos fungos do gênero Aspergillus, e causam principalmente alterações hepáticas.
  • Fumonisinas: são produzidas por fungos do gênero Fusarium, ocorrem em diversos cereais, principalmente milho, atingindo quantidades que costumam levar a intoxicações subclínicas. Há relatos de diminuição do ganho de peso, por alterações no sistema intestinal e hepático. Em equinos podem causar problemas neurológicos e em suínos estão relacionadas a problemas pulmonares.
  • Zearalenona: produzida por fungos do gênero Fusarium. É contaminante de diferentes cereais, como milho, trigo, cevada, arroz. Essa toxina produz efeitos semelhantes ao estrógeno, interferindo em índices reprodutivos dos animais acometidos, sendo que os suínos são os mais suscetíveis entre os animais domésticos.
  • Ocratoxina A: micotoxina produzida por espécies de fungos como Aspergillus e Penicillium. Entre as ocratoxinas, esta é a mais tóxica e tem propriedades nefrológicas, carcinogênicas e teratogênicas.
  • Tricotecenos: são produzidas por fungos dos gêneros Fusarium, Cefalosporium, Myrothecium, Stachybotrys e Trichoderma, em algumas situações podem estar associadas a outras micotoxinas produzidas pelos fungos do gênero Fusarium, como a fumonisinas e zearalenona. Os suínos também são bastante susceptíveis a elas, podendo apresentar problemas gastrointestinais, que geram baixo ganho de peso.

O controle das micotoxinas é um desafio importante e requer cada vez mais estudos, acompanhamento e análises, tanto de grãos oferecidos aos animais por empresas produtoras de ração animal quanto avaliação das condições em que esses grãos são armazenados nas propriedades rurais. O fator umidade é um dos mais lembrados em estudos que tratam da mitigação da produção de micotoxinas, sendo um parâmetro estocar grãos em locais com umidade inferior a 10 – 13%. O controle de oxigênio é bastante realizado na produção de silagem em fazendas, mas essa não é uma alternativa viável pensando em áreas de plantio.

Considerando as doenças causadas pelas micotoxinas ou mesmo a baixa no desempenho do rebanho, com perda em ganho de peso e alterações reprodutivas, as micotoxinas precisam de constante monitoramento e de políticas e estudos que auxiliem no seu controle.

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Atenção passageiros, qual o próximo destino da Segurança de Alimentos?

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Quando falamos em futuro, logo pensamos em inteligência artificial e em como esta ferramenta, que já está tão presente em nosso dia a dia, pode ser explorada e trazer melhorias para nossas vidas. Considerando este contexto de futuro para a segurança de alimentos, será que poderemos pensar em um cenário empolgante e desafiador, em que a inteligência artificial poderá monitorar os perigos online de uma forma ainda inalcançável? Robôs com IA que garantirão a continuidade do processo e a diminuição de erros? Planos APPCC sendo atualizados instantaneamente? Embalagens inteligentes e desenvolvidas a partir de dados compilados por esta inteligência, proporcionando segurança e sustentabilidade ambiental? Hum….talvez esse seja mesmo um futuro muito promissor e esteja iminente.

Em um passado não tão distante víamos a preocupação apenas em vender alimentos. Legislações e regras não existiam ou eram escassas e as informações eram pouco padronizadas, como podemos ler um pouco aqui. Com o passar do tempo, as legislações foram sendo criadas, pessoas foram sendo treinadas, surgiram as certificadoras e tudo evoluiu até chegar aos dias de hoje. A preocupação não está mais em apenas vender alimentos, mas também em fornecer um produto seguro, atendendo inúmeras legislações, normas e esquemas de certificação (ANVISA , MAPA, FSSC 22000, BRCGS, IFS, entre outros) e com informações mais claras para o consumidor, com melhores padrões nos rótulos e nas informações, resultado de um conjunto de ações de pessoas de diversas áreas.

Com o passar do tempo, novos temas são abordados, o funil torna-se cada vez mais apertado e o que antes eram detalhes vai se transformando em planos de ação, controles, treinamentos, fiscalizações etc.

Atualmente preocupa-se com o design sanitário dos equipamentos, os planos para uma produção sustentável, com redução de perdas e o fortalecimento da cultura de segurança de alimentos. Ufa! Com tantas novas ações, será então que já olhamos para tudo? Será então que não há mais nenhum “pelo em ovo” ou coisas assim perdidas por aí? Empresa certificadas, legislações funcionando, parece que está tudo certo… Ou será que mesmo assim estamos olhando apenas para a ponta do iceberg? Como será que esse olhar nos levará à resposta sobre o futuro?

Voltando para o presente, estamos em um momento em que tudo vira uma verdade absoluta nas redes sociais, em que mentiras sem embasamento derrubam anos de estudos. A cultura é o que fortemente se destaca como um campo a ser melhor trabalhado. E por estes e por outros motivos não podemos pensar na cultura somente dentro das organizações. Pare e reflita: quando você conversa com seu vizinho, será que a cultura chegou até ele? Ou ele ainda está procurando papelão em carne bovina e jurando que a linguiça de tal marca é imprópria para consumo, e o leite em pó é mil vezes melhor do que o de caixinha por “ser puro”? Como anda a relação entre segurança de alimentos e as redes sociais?

Sob essa lente, talvez o futuro da segurança de alimentos esteja no fortalecimento da cultura, mas não falo especificamente da cultura das empresas que atingiram a maturidade nem tampouco das pequenas fábricas que ainda engatinham neste requisito ou ainda daquelas grandes que estão se mexendo para sair do modo “sempre foi assim”.

Será que a inovação, o grande futuro que esperamos, não está mais perto do que imaginamos apenas ao olhar para fora? É preciso estourar a bolha das organizações e trabalhar a cultura com quem mais se beneficia e literalmente se alimenta dela, AS PESSOAS! Sim! São elas, as pessoas, que mais trazem e trouxeram força para as regulamentações de alimentos. Projetos como o Põe no Rótulo e o próprio Food Safety Brazil exemplificam belamente como o conhecimento público pode fortalecer e impulsionar mudanças positivas, promovendo uma cultura de segurança de alimentos. E desta forma, com o fortalecimento e engajamento social, aliados aos avanços tecnológicos, chegaremos ao futuro desta cultura linda e pela qual somos tão apaixonados.

E então, passageiros, já haviam pensado assim? Vamos juntos embarcar nesta viagem com destino ao futuro da segurança de alimentos, munidos de muita cultura, não esquecendo da tecnologia, da IA, dos planos de APPCC online e de toda essa bagagem? Encontro vocês lá!

Por Fábia Carolina Lavoyer Llorente

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Sorteio de vagas para o VII Workshop Food Safety Brazil – Público remoto

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Foi com imensa satisfação que encerramos o VI Workshop Food Safety Brazil, que aconteceu nos dias 15 e 16 de agosto, no CREA-SP. A presença física ou remota de cada profissional foi essencial para o sucesso deste evento, e gostaríamos de agradecer de coração a participação de todos. Tivemos momentos enriquecedores de aprendizado e troca de experiências, com palestras que abordaram temas fundamentais para o avanço da segurança dos alimentos no Brasil.

Acreditamos que todos saíram com novos conhecimentos e insights que certamente serão aplicados em suas práticas diárias, contribuindo para a melhoria contínua da qualidade e segurança dos alimentos que chegam à mesa dos consumidores. E já estamos analisando a planilha de feedback desta edição para melhorar em 2025 (caso não tenha preenchido, clique aqui).

Além disso, temos o prazer de anunciar que realizamos o sorteio das vagas para o VII Workshop Food Safety Brazil, que acontecerá em 2025, para os espectadores remotos. Os sorteados para participar gratuitamente do próximo workshop foram:

  1. Nathalia Carolina Capacla Zaque
  2. Maria Cristina Leão
  3. Thaynan
  4. Kátia Furquim

Parabéns aos ganhadores! Escrevam-me no vpresidente@foodsafetybrazil.org. Esperamos que vocês aproveitem ao máximo essa oportunidade no próximo ano. Para aqueles que desejam conferir como foi o sorteio, o vídeo completo pode ser acessado clicando aqui.

Estamos extremamente motivados e já planejando com muito carinho o VII Workshop Food Safety Brazil, que promete trazer ainda mais conteúdos relevantes e momentos de interação valiosos. Contamos com a presença de todos vocês mais uma vez, para juntos continuarmos essa jornada em prol da segurança dos alimentos.

Mais uma vez, agradecemos a todos os que fizeram parte deste evento inesquecível.

Continuem acompanhando nossas redes sociais e e-mails para as novidades e futuros eventos. Até o próximo workshop!

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Mudanças climáticas e as normas de SG

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O assunto mudanças climáticas chegou pra valer nas normas de Sistemas de Gestão.

Abaixo são citadas algumas normas que já atendem ao IAF e ao conjunto ISO 22000 e FSSC 22000 v.6, por consequência do #5 do BoS, com a obrigação deste fenômeno de escala global como secas, inundações e ondas de calor; aguardando em leis, postura do consumidor e a relevância de estratégias que são importantes para os negócios, além do mapeamento das partes interessadas, mas na prática, serve para todas as normas ISO e mais cedo ou tarde, alcançará todas as outras.

ISO 9001 ISO 14001 ISO 45001 ISO 50001 ISO 37001 ISO 37301
ISO/IEC 22000-1 ISO/IEC 27001 ISO 22000 ISO 39001 ISO 28000 ISO 41001

NoAmendment 2024: climate action changes”, o requisito 4.1 das ISO requer que a determinação destas questões refira-se ao estabelecimento do contexto interno e externo da Organização, considerada na cláusula 5.4.1 da ISO31.000:2018. Por exemplo, na ISO 22000, o fornecimento de matéria-prima pode ser afetado, prejudicando a qualidade do ingrediente; enquanto na ISO 45001, a qualidade da água para consumo humano pode estar comprometida nas Organizações.

Existe uma definição de mudanças climáticas na ISO 6707 de que não se trata de um evento isolado, mas sim de mudanças que persistem por um período de tempo e tem sido assim. A definição precisa é: “mudanças no estado do clima que podem ser identificadas por mudanças no meio e/ou na variação das propriedades, e que persistem por um período prolongado, talvez décadas ou mais”.

Há orientações para avaliações de riscos IFRS (International Financial Reporting Standards), através da Resolução 192 CVM (Comissão de Valores Mobiliários): a partir de 2026 passa a ser obrigatório o relato de riscos climáticos conforme o IFRS2 para todas as empresas de capital aberto no Brasil.

Mudanças climáticas são naturais ou antrópicas (por ações humanas). Após revolução industrial está acontecendo muito rapidamente, representado CO2, CH4 e N2O (GEE), que são necessários mas com as queimadas estamos aumentando as quantidades dos gases fisicamente na atmosfera por mais de 100 anos e vem aumentando a temperatura média global (em 2023 foi muito acima do que nos anos anteriores), sendo que com 1,5ºC há consequências com impactos em segurança de alimentos, principalmente chuvas e influências do El Niño, ou seja, todos estamos influenciados por estes fenômenos, com limites extremos mais fortes e mais frequentes. No RS após 4 meses se repetiram as enchentes e não estamos preparados como na Austrália, para lidar, como por lá estão com o oposto, o fogo de incêndios.

As Organizações devem fazer um inventário de GEE – mapeamento das atividades da empresa que emitem GEE (envolver área Meio Ambiente). No Brasil, há a referência FGVces com escopos 1 (operacional), 2 (energia elétrica) e 3 (indiretas: fontes de emissões de transportes) para auxiliar na medição de dados coletados rotineiramente.

As emissões são categorizadas em três escopos:

  • Escopo 1: emissões diretas sob controle operacional da organização – consumo de diesel e escape de ar condicionado.
  • Escopo 2: emissões indiretas atreladas ao consumo de energia elétrica não renovável – energia elétrica consumida.
  • Escopo 3: emissões indiretas derivadas de atividades cujo controle operacional é administrado por terceiros – destinação para aterros sanitários, viagens a negócios com combustíveis fósseis (opção pelo remoto).

Dois temas de atuação são: mitigação (combustíveis renováveis e processos mais eficientes) e adaptação (o que a empresa fará para agir em relação ao que já está acontecendo – impacto de fornecedores e transportes com as inundações do RS).

Sobre mitigação em 2015 com 196 países na COP21, em vigor desde novembro de 2016, onde assinaram o compromisso no Acordo de Paris de reduzir emissões para limitar o aquecimento global em até 1,5ºC, mas em 2023 foi 1,18ºC com meta baseada na ciência a meta pede para reduzir, exige com que o planeta pare imediatamente de consumir combustíveis fósseis. Mobilizar empresas para atingir emissões líquidas zero (Net-Zero) até 2050.

Há a I-RECs (International REC Standard) que emite Certificados Internacionais de Energia Renovável, atestam a origem limpa da energia elétrica utilizada. Não é compensação, mas entram como estratégia de mitigação. Abate as emissões do inventário de GEE.

Assim, na prática o que considerarmos no requisito 4.1 das ISO então?

  • Compromissos voluntários assumidos sobre o tema;
  • Sustentabilidade da cadeia de suprimentos;
  • Mudanças no ambiente regulatório da Organização com restrições ao uso de determinados materiais ou fontes de energias, obrigações de eficiência, programas governamentais compulsórios;
  • Disponibilidade e uso de fontes de energias renováveis X não renováveis;
  • Impactos de localização geográfica das instalações das Organizações sujeitas às forças da Natureza, impactando as operações;
  • Neutralização da “pegada de carbono”;
  • Avaliação de impactos que as organizações causam ou podem causar em relação ao seu porte, ramo de atuação e tecnologias empregadas em suas operações;
  • O ciclo de vida dos produtos e o tratamento pós-vida útil;
  • Eficiência nos processos com uso de recursos, matérias-primas, energia e geração de resíduos, emissões e efluentes;
  • A utilização inadequada da matéria-prima resulta em um maior consumo de recursos naturais. Além disso, o desperdício de produtos já fabricados, como uma folha de papel, significa que todas as emissões de CO2 geradas durante sua produção foram em vão. Por isso, a reciclagem é tão importante, pois seu processo emite muito menos gás carbônico do que fabricar novos produtos.

E para o requisito 4.2 verifique que as partes interessadas não impõem requisitos sobre mudanças ou desempenho ambiental, assim considerar as obrigações legais aplicáveis, como órgãos ambientais podem ser condicionantes de licenciamentos ou clientes externos incluir o tema em auditorias de due dilligence. Orgãos como a CVM (Brasil) e a SEC (EUA) já regulamentam questões de ESG incluindo este tema e até mesmo a sociedade civil exercendo pressão para que as Organizações demonstrem como lidam com as mudanças climáticas em suas atividades, produtos e/ou serviços.

Reflita se a sua organização está se movimentando para mitigar as mudanças climáticas, não apenas preservar o meio ambiente, mas também proteger:

  • a segurança de alimentos e a alimentar;
  • a saúde pública;
  • a estabilidade econômica global.

Exigindo esforços colaborativos e políticas estratégicas para promover um futuro sustentável, este é o nosso “olhar estratégico” sobre.

Enfim, temos oportunidades relacionadas ao clima. Podem surgir como parte do desenvolvimento de respostas aos riscos específicos relacionados ao clima, por exemplo o acesso a novos mercados e novas tecnologias  de captura e armazenamento de carbono. Afinal, incorporar os riscos das mudanças climáticas na estrutura de gerenciamento de risco existente é provavelmente a melhor maneira de garantir que o impacto das mudanças climáticas seja devidamente considerado na tomada de decisão da sua organização. Torna as empresas mais eficientes e sustentáveis. Isso agrega valor ao negócio e fortalece a imagem corporativa.

 

Referência: Palestra do VI Workshop do Food Safety Brazil em São Paulo, palestrante Claudio Bicudo Mendonça, da ARCA Sustentabilidade.

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Priorização Inteligente: como a matriz GUT otimiza planos de ação na indústria alimentícia

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No mundo da qualidade e segurança dos alimentos, a eficiência na gestão de pendências é crucial. A matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência) destaca-se como uma ferramenta eficaz para priorizar ações em planos de ação, especialmente quando existem altos volumes de tarefas decorrentes de checklists internos, normas de certificação, auditorias e regulamentações.

Mas o que é exatamente a matriz GUT e como ela pode ser uma aliada estratégica na indústria de alimentos?

A matriz GUT é um método simples e eficiente de classificação que ajuda a identificar quais problemas devem ser abordados primeiro, baseando-se em três critérios principais: Gravidade, Urgência e Tendência. Neste artigo, exploraremos como essa ferramenta pode ser implementada para melhorar a qualidade e a segurança dos alimentos, otimizando processos e garantindo que as pendências mais críticas sejam resolvidas de maneira rápida e eficaz.

A matriz GUT funciona atribuindo uma pontuação para cada pendência ou problema baseado nos três critérios mencionados:

  • Gravidade (G): Refere-se ao impacto potencial do problema na qualidade ou segurança dos alimentos. Um problema com alta gravidade pode comprometer diretamente a saúde dos consumidores ou causar grandes prejuízos financeiros.
  • Urgência (U): Indica o tempo disponível para resolver o problema antes que ele cause danos. Pendências com alta urgência exigem ações imediatas para evitar consequências negativas.
  • Tendência (T): Reflete a probabilidade de o problema piorar com o tempo. Se uma pendência tem uma tendência crescente, significa que, se não for resolvida rapidamente, pode se agravar, tornando-se mais difícil de controlar.

Cada um desses critérios recebe uma nota de 1 a 5, sendo que 1 significa um impacto mínimo e 5 um impacto máximo. A pontuação final de cada pendência é calculada multiplicando os valores atribuídos a Gravidade, Urgência e Tendência (G x U x T). As pendências com as pontuações mais altas são aquelas que devem ser priorizadas nos planos de ação.

Pendência Gravidade (G) Urgência (U) Tendência (T) Pontuação GUT

(G x U x T)

Pendência A: Falta de controle de temperatura em uma câmara de armazenamento 4 5 3 60
Pendência B: Ausência de treinamento para novos colaboradores em procedimentos de higiene 3 3 4 36
Pendência C: Falta de manutenção preventiva de máquinas 2 2 2 8

No exemplo acima, a pendência A tem a maior pontuação e deve ser tratada com a maior prioridade. Isso mostra como a matriz GUT pode facilitar a decisão sobre onde concentrar os recursos e esforços para garantir a segurança e qualidade dos alimentos.

Aqui no blog, apresentamos um artigo com um estudo de caso que utiliza a matriz GUT para priorizar não conformidades em uma indústria de linguiças. Essa ferramenta complementa de forma eficaz o método 5W2H.

A matriz GUT não é apenas uma ferramenta de priorização, mas também um meio de assegurar que as ações corretivas na indústria alimentícia sejam conduzidas de forma organizada e eficiente. Ao usá-la, as empresas podem focar a resolução dos problemas mais críticos, garantindo que recursos limitados sejam usados onde são mais necessários, minimizando riscos e garantindo a conformidade com normas e regulamentos.

A implementação desta matriz nos planos de ação permite uma gestão mais eficaz das pendências, resultando em uma melhoria contínua dos processos, aumento da confiança do consumidor e, acima de tudo, na entrega de alimentos seguros e de qualidade.

Imagem: Fauxels

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Segurança de alimentos no espaço: novos desafios

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Em  junho de 1959, a NASA, Agência Espacial Americana, contratou a empresa Pillsbury, com o objetivo de produzir alimentos que pudessem ser consumidos em gravidade zero, e ao mesmo tempo, serem seguros. Foi a partir daí que surgiu uma das mais famosas ferramentas relacionadas à produção de alimentos seguros, o APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle). Para conhecer um pouco mais sobre essa história, faça uma breve leitura do artigo “Uma breve história do HACCP”.

A chegada do homem à Lua e a realização de viagens espaciais tornou realidade algo que antes eram histórias de ficção científica, fazendo com que além de todo o cuidado com as pesquisas e construções de espaçonaves e foguetes, também houvesse a preocupação quanto à segurança dos alimentos no espaço.

A partir daí inúmeras pesquisas realizadas por empresas especializadas nesse assunto ao redor do mundo fizeram com que todo o cuidado que a NASA tinha em relação à segurança de alimentos, também se estendesse à produção de alimentos aqui na Terra.

Nos tempos atuais, começamos a dar novos passos em relação à  corrida espacial,  já que não apenas astronautas, mas também turistas espaciais começam a frequentar o espaço com viagens ainda não tão acessíveis a toda população devido ao alto custo. Vislumbrando as próximas décadas, podemos prever  que as idas de humanos ao espaço se tornarão cada vez mais frequentes. Em se tratando de alimentação, quais as tendências e cuidados a se tomar?

As várias áreas de pesquisa, desenvolvimento e inovação das indústrias de alimentos e centros de pesquisas de renomadas universidades já dominam os riscos a serem avaliados, os perigos a serem controlados e os impactos à saúde humana quanto ao consumo na Terra. Fora do nosso planeta, a situação é outra, uma vez que o espaço ainda é um campo desconhecido em termos de produção, armazenamento, validade e consumo de alguns alimentos. Imagine um alimento com migalhas que podem ficar facilmente suspensas no ar em um ambiente de baixa gravidade ou um alimento rico em sal (o corpo  armazena sódio no espaço de forma diferente e pode causar osteoporose acelerada). Esses são alguns tipos de perigos a serem considerados.

Em obras de ficção, como o desenho animado “Os Jetsons”, vimos episódios de alimentos com embalagens em tubos como pasta de dente que os personagens usavam para se alimentar. No filme “Perdido em Marte (2015)”,  o protagonista tem a difícil missão de produzir batatas em solo marciano. São apenas alguns exemplos para ter ideia do quão desafiador é pensar sobre isso. Mas já temos algo que pode chegar próximo disso, como os alimentos 3D, que são alternativas a serem aprimoradas para o espaço e aqui na Terra também.

Diante disso, existe um vasto campo para pesquisa, envolvendo a produção de alimentos, sua composição, resíduos, as reações bioquímicas, as tecnologias para congelamento, desidratação, termoestabilização e potenciais perigos conhecidos e desconhecidos.

Certo é que o futuro já chegou e precisamos ter em mente que todas essas novidades voltadas para alimentos no espaço também servirão para melhorar a segurança dos alimentos aqui na Terra. Basta lembrar o APPCC citado no início desse texto. E vamos rumo às estrelas.

Por José Gonçalves de Miranda Júnior

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Uso de clorexidina como sanitizante na indústria de alimentos

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A clorexidina é um antisséptico amplamente utilizado em diversas áreas, incluindo a indústria de alimentos, devido às suas propriedades eficazes contra uma ampla gama de microrganismos.

Este composto químico é especialmente valorizado por sua capacidade de eliminar bactérias, fungos e vírus, garantindo a segurança dos alimentos e a manutenção da qualidade. No entanto, em relação a fungos e vírus, seu espectro de ação não é tão elevado.

Na indústria de alimentos, a sanitização é uma etapa crucial para prevenir contaminações e garantir a saúde do consumidor. A clorexidina é frequentemente utilizada em superfícies que entram em contato direto com os alimentos, como equipamentos, utensílios e áreas de manipulação. Sua eficácia deve-se à capacidade de se ligar às membranas celulares dos microrganismos, resultando na destruição das células e na inibição da multiplicação bacteriana.

Uma de suas principais vantagens em comparação com outros sanitizantes é a permanência. Após a aplicação, ela forma uma película que continua a agir por um tempo prolongado, oferecendo uma proteção contínua contra a contaminação. Isso é especialmente importante em ambientes onde a limpeza frequente é necessária.

Além disso, a clorexidina é considerada segura para uso em ambientes alimentares quando utilizada conforme as recomendações adequadas. É importante ressaltar que sua utilização deve ser acompanhada por boas práticas de higiene e limpeza, garantindo que não haja resíduos que possam contaminar e comprometer a qualidade dos alimentos.

É essencial que as indústrias adotem protocolos rigorosos ao utilizar este composto, incluindo a diluição correta do produto e o tempo necessário para sua ação eficaz. Treinamentos regulares para os funcionários também são fundamentais para garantir que todos compreendam a importância da sanitização e do uso correto dos produtos.

A concentração adequada de clorexidina para sanitização de equipamentos na indústria de alimentos geralmente varia entre 100 mg/L (0,01%) a 200 mg/L (0,02%). Essa faixa é considerada eficaz para a eliminação de microrganismos sem deixar resíduos prejudiciais nos equipamentos.

A clorexidina é eficaz contra uma variedade de microrganismos patogênicos que podem estar presentes na indústria de alimentos. Alguns dos principais incluem:

  • Salmonella spp.: causadora de infecções alimentares, especialmente em carnes e ovos.
  • Escherichia coli (E. coli): principalmente as cepas patogênicas, que podem causar intoxicações alimentares.
  • Listeria monocytogenes: patógeno importante em produtos lácteos e carnes processadas.
  • Staphylococcus aureus: pode levar a intoxicações alimentares devido à produção de toxinas.
  • Campylobacter jejuni: comum em aves e responsável por muitas infecções alimentares.

Para eliminar Salmonella, a concentração de clorexidina geralmente recomendada é de pelo menos 200 mg/L (0,02%) para superfícies e equipamentos na indústria de alimentos.

É importante seguir as recomendações do fabricante do produto específico que se está utilizando, pois as formulações podem variar. Além disso, sempre deve haver um cuidado com o tempo de contato, que normalmente é de 1 a 5 minutos, dependendo da carga microbiana e das instruções do fabricante. Uma limpeza prévia é necessária para maximizar a eficácia do sanitizante.

Mesmo sendo um agente antimicrobiano eficaz, existem alguns motivos para seu baixo uso nas indústrias de alimentos:

  1. Toxicidade residual: A clorexidina pode deixar resíduos que não são seguros para consumo humano. Em ambientes alimentares, a presença de qualquer resíduo químico é uma preocupação séria, pois pode contaminar os produtos alimentares. Logo, caso a empresa opte por usá-la, deve incluir uma etapa de enxague após o tempo de ação do sanitizante, com monitoramento de resíduos.
  2. Efeitos sobre sabor e aroma: Quando presente de forma residual, pode afetar o sabor e aroma dos alimentos, o que é indesejável.
  3. Regulação e aprovação: Muitos países têm regulamentações rígidas sobre os produtos que podem ser usados na indústria de alimentos e a clorexidina pode não ser aprovada para uso em superfícies que entram em contato com alimentos.
  4. Espectro de ação: Embora seja eficaz contra várias bactérias, sua eficácia em relação a vírus e fungos pode não ser tão alta quanto a de outros sanitizantes, como o hipoclorito de sódio ou peróxido de hidrogênio, que são amplamente utilizados na indústria de alimentos.
  5. Custo e disponibilidade: Outros sanitizantes podem ser mais econômicos e facilmente disponíveis, o que os torna preferíveis na indústria de alimentos.
  6. Inativação por matéria orgânica: A eficácia da clorexidina pode ser reduzida na presença de matéria orgânica, o que é comum em instalações de processamento de alimentos, onde resíduos podem afetar a ação do sanitizante. Desta forma, uma boa limpeza antes da sua aplicação deve ser realizada.

Esses fatores combinados fazem com que a clorexidina não seja a primeira escolha para sanitização em ambientes alimentares, onde a segurança e a eficácia são prioritárias.

Em resumo, a clorexidina mostra-se uma opção eficaz e segura para sanitização na indústria de alimentos, contribuindo significativamente para prevenção de contaminações. Sua aplicação adequada pode resultar em um ambiente mais limpo e seguro para o processamento e manipulação de alimentos.

Por Annelize Lima

3 min leituraA clorexidina é um antisséptico amplamente utilizado em diversas áreas, incluindo a indústria de alimentos, devido às suas propriedades eficazes contra uma ampla gama de microrganismos. Este composto químico é […]

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Ovos e ovoprodutos: uma perspectiva frente às mudanças climáticas

5 min leituraAo fazer as compras do mês, certamente já nos deparamos com a alta dos preços nas gôndolas e a proporção inversa da quantidade de sacolas que vão para casa e da quantidade de dinheiro que fica no supermercado.

As mudanças climáticas têm impactado diretamente a alta dos preços dos alimentos (já vimos o caso do azeite, do arroz e do cacau), e consequentemente o bolso do consumidor e, ainda pior, a segurança dos produtos.

Mas, e os ovos? Por que se preocupar com eles?

Quem não pega uma pequena cartela de ovos em sua cesta do supermercado, seja o ovo tradicional em casca ou, para quem prefere praticidade, uma caixinha de ovo pasteurizado ou um pacotinho de ovo em pó? Se não leva o ovo diretamente, certamente o leva no seu bolinho, macarrão, panetone, molhos e diversos outros alimentos que o utilizam como ingrediente.

Hoje o Brasil é o 5° maior produtor mundial de ovos com um consumo de 242 unidades de ovo per capita/ano, um aumento de 195% desde 1997, segundo dados de 2024 da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

De acordo com projeções da ABPA, espera-se um aumento tanto da produção como do consumo de ovos para este ano de 2024, porém, também espera-se um aumento nos preços, devido ao alto custo com milho, energia elétrica, combustível e embalagem.

Essa projeção de alta no custos da produção já tinha sido apontada em outros estudos nos quais foram abordados os efeitos das mudanças climáticas na produção de ovos. O aumento constante da temperatura ambiente já vinha acontecendo a cada ano, afetando diretamente as perdas tanto de produtividade como da qualidade dos ovos e, também, indiretamente, as produções dos insumos utilizados na sua produção, como os grãos para ração (milho e soja) e também a energia elétrica.

A perda de produtividade dos ovos está relacionada à alta taxa de mortalidade das poedeiras. As ondas de calor intoleráveis às galinhas causam insolação e, por consequência, mortalidade. Além disso, a alta temperatura ambiente gera uma redução significativa na produção diária de ovos devido ao estresse e também pelo aumento no consumo de água, o que faz reduzir o consumo de ração.

Um dos fatores apontados por um pesquisador da área, Lamarca, é a falta de preparo dos produtores, que muitas vezes, pela inviabilidade econômica, não têm galpões climatizados. Em sua pesquisa, ele mostra que no interior de São Paulo, na cidade de Bastos, onde há grande produção de ovos, os produtores não possuem essa estrutura preparada para ondas de calor, isto é, não possuem climatização. Isto ocasionará alta taxa de mortalidade quando ocorrer esse evento e o autor ainda ressalta que esta cidade, bem como sua região, apresenta grande risco da ocorrência de ondas de calor.

Frente a esse cenário, os produtos de ovos deparam-se com diversos desafios, como a busca por novas formas de alojamento, suplementação para a ração, inovação e remodelagem dos sistemas de ventilação, entre outros.

Então, o impacto é só no bolso?

Não. Como já esperado, estudos relatam que as mudanças climáticas são um dos fatores que contribuem para o surgimento de novos vírus, bactérias e parasitas nos últimos anos, sendo que há uma alteração na distribuição de doenças em nível global, resultando em um estímulo aos surtos de doenças que afetam a produção agrícola, tanto na produção de ovos como da carne.

Diversos patógenos têm seu comportamento afetado pelas mudanças climáticas. A Salmonella foi apontada como um risco para contaminação de alimentos tanto no setor agrícola como nas indústrias de alimentos. Existe ainda um estudo que mostra um aumento de sua incidência em poedeiras quando há um aumento da temperatura ambiente.

Outra questão a se considerar é que, com o aumento do risco de zoonoses emergentes, com as mudanças na sobrevivência de patógenos e mudanças na distribuição de vetores e parasitas devido às mudanças climáticas, pode-se exigir um aumento no uso de medicamentos veterinários e aditivos, possivelmente resultando em níveis aumentados de resíduos em alimentos de origem animal. Isso representaria não apenas riscos agudos e crônicos para a saúde humana, mas poderia levar ao surgimento de resistência antimicrobiana (RAM) em patógenos humanos e animais. Devido à frequência crescente de bactérias resistentes a antibióticos, os humanos estão se tornando mais suscetíveis, com as mudanças climáticas contribuindo para essa suscetibilidade.

Diante disso, é importante destacar alguns pontos para a indústria de ovoprodutos:

  • É necessário cada vez mais estreitar o relacionamento da indústria com os fornecedores/produtores de ovos in natura e acompanhar as alterações que as mudanças climáticas têm causado para que, em parceria, possam traçar planos para mitigar as consequências futuras;
  • A Salmonella spp em ovos in natura deve ser avaliada com maior critério;
  • É importante uma atenção especial em relação às mudanças que podem ocorrer, principalmente, nas vacinas e agrotóxicos utilizados na cadeia de produção avícola para manter um monitoramento de análises de contaminantes atualizado;
  • O cuidado e a manutenção da cadeia do frio deve ser ainda maior devido aos impactos do aumento da temperatura mundial, além de monitorar e correlacionar às não conformidades por quebra da cadeia do frio;
  • As alterações climáticas correlacionam-se com o desperdício de alimentos ao longo de toda a cadeia de produção, sendo assim, um ponto relevante nas avaliações de perdas e desperdícios.

E para o consumidor final é importante manter os cuidados já conhecidos quando se trata de ovos: armazenar na geladeira, mas não na porta e fazer uma boa cocção no seu preparo.

Apesar de perspectivas de futuro desafiadoras na cadeia de produção de ovos e ovoprodutos, se houver união entre os elos da cadeia, trabalho em conjunto com o governo e órgãos de vigilância e ainda, ações proativas em relação às previsões climáticas, o futuro poderá ser mais seguro e surpreendente!

Jéssica M. O. Pacanaro é engenheira de alimentos pela Universidade Estadual de Maringá e especialista em Segurança de Alimentos. Atua há 8 anos em indústria de ovos, com gestão da Qualidade e Segurança de Alimentos e também com norma de certificação de bem-estar animal.  

Referências

AHAOTU, E. O.; OSUJI, F. C.; IBE, L. C.; SINGH, R. R. Climate change in poultry production: a review. International Journal of African Sustainable Development, v. 10(2), p. 362-370, 2019.

GOMEZ-ZAVAGLIA, A.; MEJUTO, J. C.; SIMAL-GANDARA, J. Mitigation of emerging implications of climate change on food production systems. Food Research International, v.134, 2020.

IRIVBOJE, O. A.; OLUFAYO, O. O.; IRIVBOJE, Y. I. Impact of climate change on poultry production: A review. Nigerian Journal of Animal Production, v.48(4), p. 59-69, 2021.

LAMARCA, D. S. F.; PEREIRA, D. F.; MAGALHÃES, M. M.; SALGADO, D. D. Climate Change in Layer Poultry Farming: Impact of Heat Waves in Region of Bastos, Brazil. Brazilian Journal of Poultry Science, v. 20, p. 657-664, 2018.

MAGGIORE, A.; AFONSO, A.; BARRUCCI, F.; DE SANCTIS, G. Climate change as a driver of emerging risks for food and feed safety, plant, animal health and nutritional quality. Publication 2020:EN-1881. European Food Safety Authority, Parma, Italy, 2020.

RAVICHANDRAN, P.; MOHAMED, A. K. A Study of the Perceived Effects of Climate Changes on Commercial Layer Egg Industry with Respect to Total Production, Egg Price Behavior, and Diseases among Layer Poultry Farmers at Namakkal District, Tamilnadu, India. The Pacific Journal of Science and Technology, v.16, p. 345-351, 2015.

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