Blog FSB

3 min leitura
2

Responsabilidade do varejo pela rotulagem dos alimentos

3 min leitura

Tive a ideia de escrever esse post após o questionamento feito por funcionário da empresa em que trabalho, sobre a responsabilidade do comércio quanto ao produto que vende, especificamente sobre a rotulagem.

Fazendo uma breve visita a qualquer mercado, encontramos produtos de diversas marcas e preços. Muitos consumidores têm preferência por marcas conhecidas, alegando que são produtos de melhor qualidade; outros fazem suas compras baseados no preço. As marcas conhecidas realmente podem apresentar melhor qualidade, e consequentemente serem mais caras, mas não porque outras empresas menores não tenham capacidade de ser tão boas quanto elas, e sim porque investem em melhorias e segurança do produto, em apresentar algo de confiança para o consumidor. Essas empresas são as primeiras também a serem apontadas quando encontradas não conformidades em seus produtos, por estarem sempre no foco.

O mercado varejista avalia a questão de custo e boa aceitação do produto nas gôndolas. Mas e a parte de rotulagem? Atualmente, muito se fala a respeito do consumidor estar mais atento aos rótulos e priorizar produtos de melhor qualidade nutricional, porém muitas empresas ainda não fazem a rotulagem de forma totalmente correta, deixando informações importantes ausentes. E as informações faltantes por vezes também não são identificadas pelos consumidores finais, afinal são legislações específicas da área; cabe à empresa apresentar os dados completos.

A rotulagem considerada aqui é principalmente: ingredientes, declaração de alergênicos e tabela nutricional.  Informações de validade, por exemplo, são verificadas no recebimento da mercadoria no próprio estabelecimento, pois nesse caso o mercado também seria responsável em caso de mercadorias vencidas ou sem esta informação. Já sobre expor quando uma produção é terceirizada, quando se usam os termos “produzido por: / distribuído por:”, não é verificado pelo varejista e faz parte da rotulagem obrigatória, ou na tradução de rótulos importados, quando muitas vezes  há informações confusas ou não coerentes.

A qualidade é uma vantagem competitiva, como já foi falado muitas vezes, pois apesar de ser obrigatória não são todas as empresas que a cumprem de forma correta e integral, tanto na parte de produção quanto nas informações que são expostas para o consumidor.

Se os pontos de vendas avaliassem também o que é mostrado ao consumidor, no caso do rótulo, muitas marcas de diversos produtos deixariam de ser comercializadas, já que não atendem aos requisitos obrigatórios. Por outro lado, os produtos que não atendem muitas vezes são mais baratos para o comerciante porque não se investe em mão-de-obra especializada para correção das não conformidades e informações faltantes. A qualidade assegurada dos produtos gera custos para a empresa, mas essa vantagem faz com que a indústria consiga ter retorno em valor agregado ao produto, já que garante um produto seguro e com rotulagem adequada.

Não sabemos se a responsabilidade por rotulagem incompleta e ou errônea será algum dia atribuída também ao ponto de venda, mas acredito que com os consumidores cada vez mais atentos e informados, eles mesmos comecem a exigir – ou preferir – comprar em locais onde sintam que os alimentos ali dispostos são seguros. Sintam que os alimentos ali foram “escolhidos a dedo” para serem comercializados, com melhor custo x benefício claro, mas não escolhidos por serem mais baratos; assim existirá a vantagem competitiva também para o mercado que optou por comercializar um produto mais caro, porém que se preocupa em fornecer segurança ao consumidor final. Não se pode esperar exigências de fiscalização para cumprir algo que deveria fazer parte do produto, de forma automática, na hora de escolher um produto para dispor no seu estabelecimento.

Enquanto isso não acontece, uma fiscalização mais frequente nos pontos de venda já iria adiantar para encontrar produtos que não se adequaram à rotulagem obrigatória e exigir as correções necessárias. Isso diminuiria a concorrência desleal, pois um alimento pode custar mais caro justamente por seguir a legislação e segurança dos alimentos à risca, contra um fabricante de produto similar que consegue ganhar na quantidade e preço, mas não segue exigência nenhuma porque até então não foi “pego no flagra”.

Bianca Gerino Cervantes Blanco é graduada em engenharia química pela Faculdade São Bernardo e  em tecnologia de alimentos pela Faculdade de Tecnologia Termomecânica. Atualmente cursa pós-graduação em Vigilância Sanitária e Segurança dos Alimentos pela USCS. Tem experiência na área de alimentos em Boas Práticas de Fabricação, rotulagem, treinamentos, documentos da qualidade, análises físico-químicas, pesquisa e desenvolvimento.

3 min leituraTive a ideia de escrever esse post após o questionamento feito por funcionário da empresa em que trabalho, sobre a responsabilidade do comércio quanto ao produto que vende, especificamente sobre […]

3 min leitura
3

Fomos certificados! Estamos livres dos questionários de autoavaliação?

3 min leitura

Com a vasta oferta de produtos e de fornecedores em um mercado globalizado e em constante crescimento, foi-se o tempo em que preços atrativos eram o suficiente. Hoje as empresas buscam a qualidade e a segurança dos alimentos como forma de diferenciação. Empresas certificadas vão além do básico, demonstrando interesse em crescer com responsabilidade e melhoria contínua, tanto dos produtos como dos processos, e acabam se tornando a preferência do cliente.

Uma das estratégias para estabelecer vantagens competitivas são as certificações, vistas como um diferencial de grande importância no mercado de alimentos, tanto nacional como internacional. Quando uma empresa opta por uma certificação reconhecida pelo GFSI, surgem o medo e as dores de cabeça em razão das mudanças documentais que causam longas discussões entre os setores e das mudanças estruturais, nas quais entra a questão financeira, afinal o mercado nem sempre se encontra favorável. Talvez uma das tarefas mais difíceis seja mudar hábitos dos colaboradores que estavam acostumados a fazer determinada tarefa há anos do mesmo jeito e, pior, a pessoa que sugere a mudança é mais jovem, às vezes do sexo oposto e nunca exerceu essa tarefa como ele. O preconceito também acontece em meio às mudanças, mas aos poucos tudo vai ficando conforme.

Finalmente concordamos estar prontos para a auditoria. Chega o grande dia, equipe preparada, tudo verificado mais de uma vez, nervos à flor da pele, será que vamos conseguir? Será que todo o esforço vai valer a pena? Afinal de contas, muito tempo e dinheiro foram investidos nisso, a expectativa da empresa como um todo e muitas vezes dos clientes é grande. Passam-se os dias de auditoria, tudo corre bem, umas observações aqui, outras ali, mas com resultado final positivo, fomos certificados!

E agora, o trabalho vai diminuir? O trabalho nunca diminui, ouso dizer que aumenta, torna-se cada vez mais difícil manter o mesmo padrão no decorrer dos anos. Além das inúmeras vantagens que uma certificação de segurança de alimentos pode trazer a uma indústria, uma das que eu tanto esperava – pois trabalho no setor da qualidade e estou em contato direto com os clientes – era diminuir a quantidade de questionários de autoavaliação de fornecedores, porém observei que poucos deles (contáveis nos dedos) ficaram satisfeitos apenas com o certificado de uma norma reconhecida pelo GFSI. Os questionários continuam chegando… Quando pergunto se existe a necessidade de respondê-los sendo que a unidade é certificada, muitos respondem que o certificado não é suficiente.

Aí me pergunto, qual o sentido? As questões, em sua maioria, já fazem parte dos requisitos da norma, ou seja, já foram verificadas pelo auditor e estão conformes. Trata-se de desconfiança do organismo certificador, comodismo ou apenas uma exigência desnecessária do cliente? Em minhas funções anteriores, aprendi que o cliente vem em primeiro lugar, mas confesso que fico frustrada e considero um retrabalho a necessidade de preencher tantos e tantos questionários com as mesmas perguntas básicas como “A empresa possui uma política da qualidade documentada?” É claro que sim! Entendo e concordo que a avaliação de fornecedores é extremamente importante, mas acredito que o certificado seja o suficiente. A relação cliente-fornecedor deve se basear em méritos, mas também em confiança, pois ambos são parceiros de negócios, se um não fizer bem o seu trabalho, consequentemente o outro também não vai bem. Um fornecedor certificado já possui sua qualidade assegurada por uma fonte confiável.
É cada vez mais difícil encontrar tempo e dispender horas, talvez dias – quando toda a informação solicitada não está centralizada em apenas uma pessoa – para responder a um questionário com perguntas que você já respondeu e provou a um organismo certificador que seus processos e documentos estão conformes.

Penso que o certificado deva substituir a necessidade de responder a questionários de autoavaliação, pois passar por todo esse longo processo de certificação e ainda não ser considerado suficiente, acaba sendo decepcionante. Esse tempo poderia ser utilizado para a melhoria contínua.  Afinal de contas “tempo é dinheiro”, famosa frase de Benjamin Franklin, e ninguém quer desperdiçar dinheiro.

Bruna Scalcon tem 24 anos, é formada em Administração e trabalha há 2 anos como Analista de Qualidade em uma empresa de alimentos.

3 min leituraCom a vasta oferta de produtos e de fornecedores em um mercado globalizado e em constante crescimento, foi-se o tempo em que preços atrativos eram o suficiente. Hoje as empresas buscam a […]

2 min leitura
3

Corpos estranhos em áreas de produção de alimentos

2 min leitura

Dentro de uma análise de risco de produção, é necessário considerar e determinar como será evitada ou controlada a presença de corpos estranhos que possam acidentalmente atingir o alimento em produção. Para isso, todos os corpos estranhos devem ser considerados.

O que diz a legislação:

A Resolução RDC nº 14, de 28 de março de 2014, dispõe sobre matérias estranhas macroscópicas e microscópicas em alimentos e bebidas, seus limites de tolerância e dá outras providências.

A quê esta norma se aplica?

Este regulamento aplica-se aos alimentos, inclusive águas envasadas, bebidas, matérias-primas, ingredientes, aditivos alimentares e os coadjuvantes de tecnologia de fabricação, embalados ou a granel, destinados ao consumo humano. Excluem-se deste regulamento os aspectos de fraude, impurezas e defeitos que já estejam previstos nos regulamentos técnicos específicos ou ainda aqueles alimentos e bebidas adicionados de ingredientes previstos nos padrões de identidade e qualidade, exceto aqueles que podem representar risco à saúde.

Quais são os critérios utilizados para limites e tolerâncias?

Para o estabelecimento dos limites de tolerância são observados os seguintes critérios:

I –risco à saúde, considerando a população exposta, o processamento, as condições de preparo e forma de consumo do produto;

II –dados nacionais disponíveis;

III –ocorrência de matérias estranhas mesmo com a adoção das melhores práticas disponíveis; e

IV –existência de referência internacional.

A Resolução RDC nº 14, de 28 de março de 2014 apresenta dois anexos.

O Anexo 1 determina limites de tolerância para matérias estranhas, exceto ácaros, por grupos de alimentos.

Já o Anexo 2 determina os limites de tolerância para ácaros mortos por grupos de alimentos.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/03/1433155-anvisa-cria-regras-para-sujeira-tolerada-em-alimentos.shtml

Mas como definir uma forma de controlar estes perigos?

Aqui vamos apresentar um exemplo simples e prático:

O que fazer? (descrição do procedimento)

  1. Todos os setores produtivos são checados diariamente quanto à possível presença de qualquer contaminante físico (vidro, metal, madeira) que possa vir a contaminar o produto;
  2. Em casos de acidente de quebra de vidros de qualquer natureza na área de produção, o chefe do setor é responsável por tomar ações a fim de restabelecer a segurança da produção, com adoção de medidas adequadas, como paralisação e isolamento da área até a retirada de todos contaminantes, assegurando que nenhum produto seja contaminado;
  3. Após a limpeza da área, o setor só poderá ser liberado para voltar à produção depois que um responsável pelo controle de qualidade verificar se a higienização e a retirada dos materiais contaminantes foram feitas de maneira satisfatória.

Como monitorar? Monitoramento pode ser visual ou através de maquinário específico (como detector de metais, etc.), através de observação minuciosa de pontos considerados relevantes. Os resultados devem ser registrados para posterior avaliações e auditorias. É importante definir quando o monitoramento será realizado e quais as ações serão tomadas em caso de não conformidade.

De maneira geral, cada empresa define como serão seus procedimentos mas é importante que estes existam e sejam efetivos, pois temos visto diversos problemas em alimentos ultimamente.

2 min leituraDentro de uma análise de risco de produção, é necessário considerar e determinar como será evitada ou controlada a presença de corpos estranhos que possam acidentalmente atingir o alimento em […]

2 min leitura
4

Como se preparar para a implementação da norma ISO 22.000:2018 (II)

2 min leitura

Dando continuidade à série para auxiliar nossos leitores na migração para a versão ISO 22.000:2018, abordaremos a estrutura de alto nível (High Level Structure –  HLS).

A ISO decidiu em 2012 que todas as normas do sistema de gestão devem usar um quadro comum contendo:

  • Estrutura Unificada de Alto Nível (HLS)
  • Texto Comum e Terminologia

As vantagens principais são:

  • Compatibilidade aprimorada da norma
  • Mais fácil de implementar novos normas
  • Mais fácil de integrar normas em um sistema de gerenciamento
  • Aumentar o valor para os usuários
  • Maior eficácia no desenvolvimento de normas para os comitês técnicos.

As 10 seções agora no lugar das 8 da versão de 2005, são:

1 Escopo

2 Referências normativas

3 Termos e definições

4 Contexto da organização

4.1-Compreendendo a organização e seu contexto

4.2-Compreendendo as necessidades e expectativas das partes interessadas

4.3-Determinação do escopo do sistema de gestão de segurança de alimentos

4.4-Sistema de gestão de segurança de alimentos

5 Liderança

5.1 Liderança e comprometimento

5.2 Políticas

5.3 Funções organizacionais, responsabilidades e autoridades

6 Planejamento                                                                              

6.1 Ações para abordar riscos e oportunidades

6.2 Objetivos do sistema de gestão de segurança de alimentos e planejamento

para alcançá-los

6.3 Planejamento de mudanças

7 Suporte

7.1 Recursos

7.2 Competência

7.3 Consciência

7.4 Comunicação

7.5 Informação documentada

8 Operação

8.1 Planejamento e controle operacional
8.2 Programas de pré-requisitos (PPRs)
8.3 Sistema de Rastreabilidade
8.4 Prontidão e resposta a emergências
8.5 Controle de Perigo
8.6 Atualizando as informações especificando os PPRs e o plano de controle de perigos
8.7 Controle de monitoramento e medição
8.8 Verificação relacionada a PPRs e o plano de controle de risco
8.9 Controle de não conformidades de produtos e processos

9 Avaliação de desempenho

9.1 Monitoramento, medição, análise e avaliação
9.2 Auditoria interna
9.3 Análise crítica pela administração

10 Melhoria

10.1 Não conformidade e ação corretiva
10.2 Melhoria contínua
10.3 Atualização do sistema de gerenciamento de segurança de alimentos

Anexo A – Referência cruzada entre o Codex HACCP e ISO 22.000:2018
Anexo B: Referência cruzada entre a ISO 22.000:2018 e a ISO 22000:2005

Em breve publicaremos a parte III desta série de posts, na qual falaremos sobre abordagem de risco.

Para acompanhar esta série desde o início, clique aqui. 

2 min leituraDando continuidade à série para auxiliar nossos leitores na migração para a versão ISO 22.000:2018, abordaremos a estrutura de alto nível (High Level Structure –  HLS). A ISO decidiu em […]

< 1 min leitura
2

Avance sempre: vem aí o II Fórum Food Safety Brazil 3M

< 1 min leitura

Daqui a poucos dias, nós teremos a chance de participar da II edição do Fórum Food Safety Brazil 3M, evento no qual a Associação Food Safety Brazil e a 3M Food Safety continuam unindo forças para trazer informações de ponta. O evento acontecerá no dia 24 de julho de 2018 em Sumaré, SP.
Trataremos de assuntos como Food Safety Culture, Importância do monitoramento ambiental, Cultura da Inovação, Parâmetros microbiológicos para swab, sempre com um espaço aberto para perguntas. Neste dia de aprendizado e networking teremos a oportunidade conhecer os colunistas deste blog e outras 85 pessoas com histórias incríveis.

Se você quiser participar desse momento, acesse a programação completa aqui.

E se você ainda tem dúvidas sobre ir ou não ao evento por ser apenas um dia, aqui vai algo que sempre leio ao acordar. Não sei se todos sabem, mas me formei há um ano e saí com uma vontade imensa de mudar o mundo. Você, no II Fórum Food Safety Brazil 3M, vai se informar sobre assuntos que não conhece ou dos quais só ouviu falar. Esse é o momento no qual você fica um passo mais perto de fazer algo grandioso com as informações que possui.

Segue meu textinho:
“Na vida as coisas, às vezes, andam muito devagar.
Mas é importante não parar.
Mesmo um pequeno avanço na direção certa já é um progresso, e qualquer um pode fazer um pequeno progresso.
Se você não conseguir fazer uma coisa grandiosa hoje, faça alguma coisa pequena.

Mas, seja lá o que for, continue. O importante é não parar!”

< 1 min leituraDaqui a poucos dias, nós teremos a chance de participar da II edição do Fórum Food Safety Brazil 3M, evento no qual a Associação Food Safety Brazil e a 3M […]

2 min leitura
4

Precisamos formar food chatos

2 min leitura

Nos meus mais de 40 anos de experiência com segurança de alimentos, uma coisa sempre me intrigou: por que não formamos Food Chatos???

Neste período, acompanhei todos os avanços, exigências, mudanças, tendências, vertentes, tipos de auditorias, certificações, modismos, inspeções, visitas, etc, etc, nas indústrias, mas nada (ou muito pouco) mudou no elo mais importante da cadeia: a consciência das pessoas, o chamado consumidor…

Coordenei equipes de segurança de alimentos, montamos e revisamos diversos planos HACCP, complexos programas de controles de pragas, treinamentos de microbiologia, monitoramos atividade de água, pH, Salmonela, E. coli, testamos a  validade de produtos, qualidade da água, pesticidas, compramos livros sobre como colocar food safety na cultura da empresa (e demos para toda diretoria e gerência ler, com assinatura em lista de presença), perdemos noites de sono quando um PCC falhou e o consumidor, nada…

Tenho uma frustração enorme por não conseguir fazer algo simples, como lavar as mãos, ser aplicado na entrada de um restaurante e na saída (que dirá na entrada) de um banheiro.

Lembro-me de muitos treinamentos de GMP e 5S (senso de autodisciplina), quando após passar um bom tempo falando da importância e, principalmente, sobre como lavar as mãos, 95% das pessoas iam para o coffee break o mais rápido possível, sem… LAVAR AS MÃOS.

Por décadas, fiquei perguntando de quem era a culpa. E cheguei à pior conclusão possível: SOMOS TODOS CULPADOS.

Sim, sou culpado.  Apesar de conscientizar, dar exemplo e “obrigar” meus filhos a lavarem as mãos sempre, a verificarem o lacre e validade dos produtos, não cobrei da escola deles uma matéria sobre segurança de alimentos e não me ofereci para ir à escola falar sobre segurança de alimentos.

Recebo semanalmente uma enxurrada de anúncios sobre palestras, seminários, cursos, encontros e outros eventos sobre segurança dos alimentos. Sempre procuro ver o público alvo e nunca encontro uma chamada para o consumidor (ou representantes destes). Todos capacitam as empresas, mas ninguém capacita o consumidor.

Voltando ao título, é óbvio que peguei carona no ECOCHATO. Mas entendam, o ECOCHATO funciona. Tente jogar algo pela janela do carro com seu filho de 6 anos ao lado.

Então, por favor, vamos continuar consolidando o food safety nas empresas, mas vamos formar FOOD CHATOS! Vamos treinar funcionários, mas também os filhos, vamos mostrar os problemas que a falta de higiene causa nas empresas, mas também nas casas, vamos trabalhar na segurança dos alimentos e disseminar o conhecimento para a sociedade!!!

 

Carlos Alberto Fregati é consultor em segurança de alimentos, com mais de 40 anos de experiência na área (multinacionais de suco de laranja, bares e restaurantes). É administrador de empresas, auditor líder de diversas normas, como FSSC 22000, palestrante em treinamentos sobre GMP, PPHO, 5S, controle de pragas, ISOs, auditorias, etc.

2 min leituraNos meus mais de 40 anos de experiência com segurança de alimentos, uma coisa sempre me intrigou: por que não formamos Food Chatos??? Neste período, acompanhei todos os avanços, exigências, […]

< 1 min leitura
2

Participe da pesquisa que dirá como são realizados os treinamentos de Boas Práticas de Fabricação no Brasil

< 1 min leitura

Quem trabalha na indústria de alimentos ou em serviços de alimentação no Brasil sabe que é obrigatório aplicar os treinamentos de Boas Práticas de Fabricação para todos os colaboradores na sua integração e pelo menos uma vez ao ano. Isso é sempre um desafio, pois os profissionais responsáveis por esse treinamento buscam incessantemente inovar na forma de passar as instruções, evitando que fiquem repetitivas e cansativas, bem como aumentar a assimilação do conteúdo pelos colaboradores. Outro desafio é atingir 100% do público alvo.

No ano passado, foi publicado aqui no blog uma pesquisa mundial do Alchemy Systems falando sobre as falhas em Treinamentos em Segurança de Alimentos.  Mas e no Brasil, como estamos com os treinamentos de BPF? Será que temos oportunidades? Para responder a essas perguntas, elaborei esse formulário com algumas questões sobre a dinâmica dos treinamentos, como estão sendo ministrados, quais as metodologias e como está sendo feita a gestão. O objetivo é também para conhecer as opções existentes de treinamentos. O resultado da pesquisa será divulgado depois para quem tiver interesse.

Agradeço a todos que puderem respondê-lo. Só leva 3 minutos.

Segue o link:

https://pt.surveymonkey.com/r/LRH8QRB

Lillian Glory Ferreira é engenheira de alimentos, com mestrado em Tecnologia de Alimentos. 

< 1 min leituraQuem trabalha na indústria de alimentos ou em serviços de alimentação no Brasil sabe que é obrigatório aplicar os treinamentos de Boas Práticas de Fabricação para todos os colaboradores na […]

3 min leitura
0

GFSI lança paper sobre Cultura de Segurança de Alimentos

3 min leitura

O GFSI acaba de publicar em seu site o resultado de um trabalho de 18 meses, que reuniu especialistas do mundo todo para desenvolver um documento prático com o intuito de apoiar a indústria a estabelecer e manter uma cultura de segurança de alimentos.
De acordo com o sumário, também disponibilizado no site, este documento enfatiza:

1. O papel essencial dos líderes e gerentes dentro de uma organização, desde um CEO até um fazendeiro, supervisores de campo e de chão de fábrica, de pequenos mercados até grandes organizações de franquias de restaurantes.
2. Por que uma comunicação regular, educação, métricas, grupos de trabalho e responsabilidades são vitais para o avanço da cultura de segurança de alimentos.
3. Como habilidades aprendidas, incluindo adaptabilidade e consciência de risco movem importantes práticas de segurança de alimentos, além de uma conversa teórica para uma vivência em “tempo real”.
A Cultura de Segurança de Alimentos foi definida pelo grupo de trabalho do GFSI como “valores compartilhados, crenças e normas que afetam a mentalidade e o comportamento em relação à segurança de alimentos ao redor e através de uma organização”, uma definição derivada de literatura já existente.

Dimensões culturais
O GFSI afirma que existem cinco dimensões culturais que devem ser trabalhadas para estabelecer e/ou fortalecer a cultura de segurança de alimentos de uma organização:

Visão e missão: comunicam a razão de existência de um negócio e como ele é trazido em expectativas e mensagens específicas de seus stakeholders.

  • Quanto seus líderes sêniors estão engajados em segurança de alimentos?
  • Como as expectativas de segurança de alimentos são comunicadas para todos os empregados?
  • Visão e missão são claramente expressas e entendidas por todo o pessoal de dentro da organização?

Pessoas: são componentes críticos para qualquer cultura de segurança de alimentos. Nossos comportamentos e atividades, desde processos nas fazendas até a cozinha, assim como os hábitos de consumo antes de se alimentar, contribuem para a segurança do alimento e potencialmente diminuem ou aumentam o risco de doenças transmitidas por alimentos.

  • Quando foi a última vez que seu time ou alguém do seu time levantou um problema de segurança de alimentos?
  • Como você contribui para a segurança de alimentos dentro de sua organização?
  • Quando foi o seu último treinamento de segurança de alimentos e o que você aprendeu?
  • Como é medido seu desempenho em segurança de alimentos?

Consistência: se refere ao alinhamento correto de prioridades de segurança de alimentos com requisitos para pessoas, tecnologia, recursos e processos, a fim de garantir aplicação consistente e efetiva de um programa de práticas que reforça a cultura de segurança de alimentos.

  • Você está seguro que todos os funcionários sabem de suas responsabilidades relacionadas com segurança de alimentos?
  • Quanto suas métricas (por exemplo, reclamações de clientes, conformidade de procedimentos, produtividade, etc.) influenciam sua cultura de segurança de alimentos?
  • Sua documentação foi desenvolvida para apoiar os funcionários nas decisões e comportamentos de segurança de alimentos?

Adaptabilidade: se refere à capacidade de uma organização em se ajustar às influências e condições variáveis e responder a elas dentro do seu estado atual ou se mover para um novo.]

  • Você pode articular as expectativas de segurança de alimentos de sua companhia? Como essas expectativas são aplicadas para cada decisão tomada?
  • Suas estratégias permitem que você responda rapidamente e efetivamente, com supervisão adequada, para garantir que as melhores decisões são tomadas?
  • Como você se antecipa, gerencia e responde às mudanças?

Consciência sobre perigos e riscos: essa dimensão diferencia a cultura de segurança de alimentos da cultura organizacional geral. O reconhecimento dos perigos potenciais e riscos em todos os níveis e funções representa um elemento chave para construir e sustentar uma cultura de segurança de alimentos. Informação científica básica e técnica devem ser acessíveis e compreensíveis por todos. Como companhia, é importante manter-se atualizado sobre as práticas mais recentes de inteligência industrial incluindo incidentes de mercado, mudanças nas legislações de segurança de alimentos, novas tecnologias e avanços analíticos. Isso ampliará a conscientização e a compreensão de potenciais perigos e riscos.

  • Como você educa a equipe para entender por que o controle e gerenciamento de perigos e riscos são tão importantes nas suas áreas e quais são as consequências de não segui-los?
  • Como você revisa seus “quase-erros” e usa essas informações para impulsionar melhorias no seu sistema de gestão de segurança de alimentos?
  • Você pode dar exemplos de onde a inteligência industrial ajudou seu negócio a identificar potenciais perigos ou riscos?

O arquivo na íntegra pode ser baixado no link a seguir: http://www.mygfsi.com/news-resources/news/news-blog/1419-a-culture-of-food-safety.html

Milena Fernandes é engenheira de alimentos.

3 min leituraO GFSI acaba de publicar em seu site o resultado de um trabalho de 18 meses, que reuniu especialistas do mundo todo para desenvolver um documento prático com o intuito […]

2 min leitura
4

Há diferença entre Procedimento Operacional Padrão (POP) e Instrução de Trabalho (IT)?

2 min leitura

Os POPs, como são popularmente chamados, são procedimentos de operação padronizados e devem ser realizados sempre da mesma forma para garantir a unificação dos procedimentos de uma unidade processadora de alimentos ou afins. Estes procedimentos aplicam-se a todas as etapas do processo produtivo e seu objetivo primário é fazer com que pessoas que executem a mesma tarefa, o façam de forma uniforme.

É usual conhecer os POPs como instruções de trabalho, porém há pequenas diferenças entre os dois, que veremos a seguir:

  1. Os POPs usam linguagem mais técnica, seguindo orientações da legislação vigente, e estão descritos de maneira mais formal;
  2.  A IT tem linguagem mais simples, deve ser escrita apenas com as informações realmente necessárias para execução da tarefa, serve para atender a demanda dos manipuladores e facilitar a execução das tarefas rotineiras. Podem ser em forma de gráficos ilustrados a fim de facilitar o entendimento dos funcionários. Como exemplo de IT, veja o procedimento de higienização de caixa d´água, ilustrado abaixo:
Fonte: http://www.saaec.com.br/dicas/limpeza-da-caixa-dagua/

Alguns profissionais acreditam que o POP é um conjunto de instruções composto pelas etapas de IT (descrição da operação) + Monitoramento com ações corretivas e preventivas + Verificação, enquanto a IT é composta apenas pela descrição da operação contemplando as etapas: O que fazer? Quando fazer? Como fazer? Quem vai fazer?

Em termos de legislação, porém, não há diferença entre os dois, sendo apenas uma questão de conceito. O mais importante é que o documento apresente as instruções de forma clara e acessível aos manipuladores, de modo que qualquer pessoa que o leia saiba como realizar a tarefa perfeitamente e que atenda aos requisitos de legislação.

Antes da implantação do POP ou da IT, o procedimento deve ser testado para garantir que aquilo que está descrito é realizado de fato na prática e se está sendo efetivo para aquilo a que se propõe.

2 min leituraOs POPs, como são popularmente chamados, são procedimentos de operação padronizados e devem ser realizados sempre da mesma forma para garantir a unificação dos procedimentos de uma unidade processadora de […]

3 min leitura
5

Procedimento para controle de alergênicos em embalagens para alimentos

3 min leitura

A publicação da nova versão da FSSC 22000 (versão 4.1) em julho/2017 trouxe como uma das novidades o requisito adicional relacionado especificamente ao gerenciamento de alergênicos:

Deve existir um plano documentado de gerenciamento de alérgenos que inclua:

a) Avaliação e identificação de potencial contato cruzado por alergênicos;

b) Medidas de controle para reduzir ou eliminar o risco de contato cruzado;

c) Validação e verificação de efetiva implementação.

Todos os produtos finais intencionalmente ou potencialmente contaminados com materiais alergênicos devem ser rotulados de acordo com regulamentos de acordo com requisitos de rotulagem do país de fabricação e de destino do produto”.

Esse requisito é aplicável ao segmento de fabricantes de embalagem primária para indústria de alimentos, e no primeiro momento surgiram as dúvidas: “Se não temos MP/ingrediente alimentício em nosso processo, ainda assim teremos que fazer um procedimento? O que deverá constar neste plano?”

Este post traz algumas sugestões do que você pode incluir no seu procedimento:

1. Avaliação dos insumos x composição – esta avaliação consiste em verificar se existe na lista de ingredientes do insumo alguma proteína alergênica listada na RDC 26/15. Atenção especial ao látex natural!

2. Avaliação dos lubrificantes grau alimentício x composição – por ser grau alimentício, este tipo de lubrificante é composto de ingredientes alimentícios, e em alguns casos pode ser derivado de óleo de amendoim ou óleo de soja, por exemplo.

Estas informações (1) e (2) serão obtidas pela comunicação com os fornecedores. Você pode enviar um questionário específico sobre o tema, solicitar uma declaração formal que confirme ausência de alergênicos na composição, etc.

  • Avaliação do risco de contaminação cruzada de alimentos pelos colaboradores. Para esta análise considerar: existe local definido e específico para o consumo de alimentos? Esta área está localizada distante das instalações fabris? Os colaboradores cumprem o procedimento de não trazer e guardar alimentos em armários/vestiários? Antes de iniciar as atividades os colaboradores fazem a correta higienização das mãos?
  • Existemnas proximidades da planta fábricas que processam alimentos? Atenção especial para alimentos em pó (leite em pó, por exemplo) que podem propiciar a contaminação cruzada. Obs.: os insufladores captam ar do ambiente externo para dentro da sua planta. Essa avaliação levará a pensar nas barreiras, por exemplo: “os filtros dos insufladores são adequados? São inspecionados periodicamente?”.

5 – Após avaliação do potencial de contaminação cruzada de alérgenos, é necessário demonstrar quais medidas de controles já estão ou devem ser implementadas.

Seguem alguns exemplos:

Potencial de contaminação

Medidas de controle

Presença de alergênico na composição do insumo – Realizar análise das fichas técnicas dos insumos adquiridos

– Enviar questionário sobre alergênicos aos fornecedores

– Solicitar ao fornecedor declaração formal de ausência de alergênicos para cada insumo

Presença de alergênico na composição do lubrificante grau alimentício – Realizar análise das fichas técnicas dos lubrificantes adquiridos

– Enviar questionário sobre alergênicos aos fornecedores

– Solicitar ao fornecedor declaração formal de ausência de alergênicos para cada lubrificante

Contaminação cruzada de alimentos alergênicos pelos colaboradores – Definir área específica localizada distante das instalações da fábrica, para o consumo de alimentos pelos colaboradores, e também definir os horários para alimentação

– Em casos específicos, avaliar necessidade de troca de uniforme antes e após consumo de alimentos.

– Proibir a guarda de alimentos no armário do vestiário

– Reforçar a importância da higienização de mãos antes de retornar às atividades

– Conscientizar colaboradores sobre alergênicos e os riscos de contaminação cruzada em caso de não atendimento dos procedimentos definidos

6 – Para finalizar, é necessário comprovar que as medidas de controles definidas são de fato eficazes, ou seja, validar e verificar a efetiva implementação. Para isto você pode, por exemplo, incluir na auditoria de PPR periódica o item gerenciamento de alergênicos e checar se o que foi proposto está sendo cumprido.

3 min leituraA publicação da nova versão da FSSC 22000 (versão 4.1) em julho/2017 trouxe como uma das novidades o requisito adicional relacionado especificamente ao gerenciamento de alergênicos: “Deve existir um plano […]

Compartilhar
Pular para a barra de ferramentas