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Desinsetização: o inseto saiu, mas já está na hora de você voltar?

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Como definir um critério objetivo e seguro para saber quando reocupar uma área após a desinsetização

O dilema

Quando a desinsetização é inevitável, surge a pergunta que ninguém gosta de ouvir, mas todo mundo precisa responder: qual é o tempo seguro para reocupar o ambiente? Seis horas? Oito? Doze? Ou será que esse número é só mais um mito de corredor?

Voltemos ao começo

Fundamento 01

Vamos tirar o elefante da sala: controle de pragas não é sinônimo de pulverizar veneno. Quem ensina sabe e quem esqueceu, precisa reaprender. A legislação é clara: controle de pragas é um conjunto de ações permanentes que blindam o ambiente antes que a contaminação apareça. Limpeza, organização, manutenção e isolamento são o verdadeiro exército nessa batalha. Se isso não faz parte da rotina do estabelecimento, o problema não são as pragas. É a mentalidade e consciência, hoje chamados de “mindset”.

Fundamento 02

Em instalações bem geridas, sejam de alimentos, fármacos, embalagens, grãos ou químicos — a tendência é clara: menos praguicida, mais inteligência. Aplicações pontuais, espaçadas e planejadas são resultado de uma cultura de segurança de alimentos com manejo ambiental em perspectiva. Afinal, todo inseticida carrega, além do efeito desejado, riscos ambientais e sanitários. Quem não entende isso vive de apagar incêndios, não de prevenir contaminações.

Fundamento 03

Agora, voltamos ao dilema: quando é inevitável usar defensivos, qual é o prazo real de reentrada? Seis horas? Doze? Os gestores em indústrias, restaurantes, supermercados, escolas, academias etc. se arrepiam só de ouvir. Sempre alguém pergunta: “Tem como ser mais rápido, chefe?”. E a resposta educada é: não, se quiser fazer direito. Isto está  evidenciado em estudos científicos.

Gestores responsáveis aceitam que o tempo de reentrada não é capricho. É necessidade.


A boa notícia

Atualmente, os inseticidas são formulados com rigor: moléculas mais seguras, adjuvantes menos agressivos. O lado amargo da história? Mesmo assim, o tempo de reentrada continua longo. Esse número não nasce do achismo, mas de testes sérios feitos por quem entende do assunto — fabricantes e ANVISA. Planejar-se é sempre mais barato do que remediar.

Eliminando “outras pragas”

Hora de falar francamente: há empresas controladoras de pragas nas quais o responsável técnico é só um nome no papel. Não orienta, não supervisiona, não aparece. O resultado? Profissionais controladores despreparados, aplicando produtos sem entender o que estão fazendo. O prejuízo dessa economia é alto — e quem paga é sempre o cliente.

A regra é clara

Os rótulos continuam lá: “6 horas”, “12 horas”, “24 horas”. E ignorar isso é receita para problema. Estratégia é o caminho:

  • AÇÃO 01 – Fracionamento – Empreendimentos com mais de uma edificação podem receber aplicação inseticida em dias diferentes do mês. Exemplo: área de fábrica na primeira quinzena, e área de estoque, cozinha, almoxarifado na segunda quinzena.
  • AÇÃO 02 – Dobradinha com manutenção preventiva – Empreendimentos que seguem um plano periódico de manutenção conciliam as interrupções para revisão em equipamentos e sistemas para o mesmo dia quando se realiza a desinsetização.
  • AÇÃO 03 – Aumentar intervalo em áreas mais protegidas – Ambientes pouco expostos a contaminações, em função de climatização, isolamento e ausência de histórico de pragas podem receber intervenções com inseticidas em intervalos ampliados (60 ou 90 dias), desde que os ambientes mais expostos a contaminações como depósitos, docas, tubulações, vestiários etc. mantenham a rotina para tratamentos a cada 30 dias.
  • AÇÃO 04 – Adoção de métodos spot – Algumas formulações inseticidas agregam novas técnicas tipo SPOT, com aplicação ultra localizada, sendo possível seu emprego inclusive em ambientes com presença de pessoas. Nesse caso, a critério do Responsável Técnico, um tratamento pode ter eficiência com mínimo tempo de reentrada, mas este é um caso que precisa ser cuidadosamente formalizado.

Mais dois fundamentos

E você precisa assegurar que o o parceiro controlador contratado siga essas premissas:

Fundamento 04: Praguicidas são ferramentas técnicas, e só profissionais certificados devem usá-las, com supervisão habilitada.

Fundamento 05: Inseticida doméstico e agrícola? Fora do jogo.

É uma questão de consciência e postura

Empresas que lidam com alimentos, insumos, saúde e grande circulação de pessoas precisam mais que prateleiras ou pátios limpos: precisam de COMPROMISSO. Essa visão tem sido apregoada neste canal, como fica evidente nos artigos A, B e C. Não existe atalho que compense a falta de consciência e responsabilidade. Fazer o certo sempre custa menos do que consertar o errado.

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SULPRAG – Muito mais que uma feira de inseticidas

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Inovação para empresas controladoras e convergência para clientes de alta performance

Eventos setoriais sempre oferecem relevância aos profissionais e empresas dos segmentos conectados ao setor. Alguns têm grande público, como Bienal do Livro, Salão do Automóvel, Campus Party. Outros, mais nichados, como SINDIEXPO, EXPOSIBRAM, EXPOCAFÉ, HIGIEXPO, WORKSHOP FOODSAFETYBRAZIL são oportunidades valiosas para conhecer tendências, consolidar parcerias, movimentar negócios e promover network.

No controle de pragas também existem eventos setoriais relevantes. Pestworld, que ocorre anualmente nos USA, e o Global Summit For Pest Control, que é itinerante em vários países, são ícones nesse segmento. No Brasil, desde os anos 1990 é realizado o EXPOPRAG/SP, ECOPRAG/RJ, EXPOPRAG-NE itinerante em capitais nordestinas e o SULPRAG, itinerante em cidades da região Sul. Originalmente foram bastante mobilizados para divulgação e comercialização de formulações, softwares, equipamentos, consultorias, enfim todo o ecossistema necessário às empresas controladoras de pragas.

Nas versões mais atuais, cada um desses eventos tem incluído temas transversais à realidade dos clientes contratantes, sejam públicos ou privados, convidando a workshops sobre controle de mosquitos, escorpiões e pombos para municípios. Cadeias de restaurantes, indústrias alimentícias e farmacêuticas, condomínios comerciais e residenciais, entre outros, podem conhecer inovações tecnológicas que impactam na gestão de qualidade e prevenção de perdas relacionadas a pragas. Esse intercâmbio resulta em controle de pragas mais refinado e sustentável.

São encontros que deixaram de ser uma feira de inseticidas e pulverizadores.

Foram consolidados como pólos geradores de valor e relacionamento entre as maiores empresas controladoras de pragas em cada região, com seus contratantes de serviços mais rigorosos.

Nos próximos dias 22 e 23 de maio ocorrerá em Curitiba o 12º SULPRAG, que confirma a perspectiva de trazer influência a toda cadeia relacionada ao controle de pragas. Embora mais difundido entre as empresas controladoras, também é relevante para contratantes industriais, incluindo variedade de temas transversais. Nessa versão já foram confirmados: Legislação das empresas controladoras, Certificações em clientes corporativos, Revolução de AI para o controle de pragas, Manejo de pragas em grãos armazenados, Riscos na cadeia produtiva de alimentos e Máxima eficiência em armadilhas luminosas.

São dois dias de imersão em conteúdos que impactam o planejamento das melhores empresas controladoras de pragas. Adicionalmente permite ao time qualidade e meio ambiente da indústria  ampliar a compreensão sobre quais as melhores práticas para conquistar a máxima proteção e ajuda a identificar claramente como atuam as empresas controladoras que buscam conhecimento.

Pessoas do time FoodSafetyBrazil vão participar do congresso e feira, e estarão prontas para compartilhar as tendências desse componente de risco e quais as melhores práticas encontradas.

O portal do evento é https://aprav.com.br/sulprag/. Ele apresenta a programação de palestras no congresso e lista os expositores da feira. É um investimento modesto frente ao ganho que o time qualidade e meio ambiente pode assimilar, gerando uma compreensão das nuances envolvidas na contratação desse serviço, que pode resultar na identificação de oportunidades e parcerias raramente percebidas fora desse ambiente.

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Fabricantes de alimentos interditados pelas pragas: o risco existe

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Muito além do risco biológico

Uma rápida busca no Google com as palavras “barata no alimento” ou “rato no balcão”, ou ainda “larva no arroz”, e em microssegundos são projetadas na tela dezenas de relatos alarmantes sobre contaminação de alimentos relacionados a pragas. Muitos desses relatos têm como fonte veículos de imprensa, sem ignorar a profusão de consumidores vigilantes com um celular na mão, conectado a uma rede social, que propaga de forma viral o escândalo asqueroso sobre um bicho na comida.

Vejam alguns exemplos nessas notícias:

E as notícias se amontoam. Paramos a lista nesses 6 casos, mas caberiam algumas dúzias.

Nota-se nas notícias que parte dos estabelecimentos interditados acumulavam uma enorme lista de variáveis negligenciadas. Alguns incluiam até a falta de autorização para funcionamento. E certamente a maioria dos leitores da FoodSafetyBrazil está no grupo dos profissionais que jamais ficaram expostos a práticas tão condenáveis.

Mas o risco existe. Basta uma distração para ocorrer contaminação de pragas na linha de produção ou na cadeia logística, causando um terremoto na confiança do consumidor e resultando em ações fiscalizatórias altamente intolerantes.

Considerando isso, como seria possível uma contaminação por pragas em uma operação produtora de alimentos que segue razoavelmente bem os parâmetros de segurança em alimentos e regras sanitárias? Infelizmente o risco existe. Pode ser discreto, ou escancarado. Na prática, as principais fontes para que um fragmento de inseto, fezes de roedor, larva de caruncho, pata de barata, ou até uma formiga inteira apareçam dentro de um alimento podem ser resumidas em alguns comportamentos.

  1. Negligência no recebimento de insumos
  2. Portas mantidas abertas, ou barreiras instaladas mantidas desativadas
  3. Limpeza insuficiente, gerando ambiente atrativo para acesso e abrigo
  4. Rotina de tratamento inseticida mal dimensionada (há fábricas de alimentos que demoram mais de 60 dias para receber uma desinsetização)
  5. Acessos de tubulações, telhado, ralos deixados abertos
  6. Material desativado mantido dentro da área produtiva, servindo de abrigo
  7. Produtos acabados com baixo giro estocados há vários meses
  8. Empresa controladora apática às condições favoráveis a pragas
  9. Escopo do controle de pragas insuficiente à demanda ambiental

Veja que não apontamos nessa lista os problemas estruturais, como edificações antigas e mal conservadas, nem o manejo inadequado de resíduos. O fato é que um cenário de interdição relacionado a pragas não é um terremoto ocasionado por um fator isolado. Quando esse desastre acontece, certamente vários elementos de contenção foram negligenciados.

tubulação aberta na parede
Imagem gerada por AI

O profissional focado em food safety mantém seu sismógrafo bem calibrado para notar qualquer movimentação atípica no terreno. A empresa controladora parceira precisa manter uma postura alerta e insistente sobre os riscos que percebe. Infelizmente já executei a função de mensageiro do apocalipse, alertando o fabricante de alimentos que certo comportamento resultaria no terremoto da contaminação, e lamentavelmente meu alerta se confirmou quando um fiscal ou auditor atento sacudiu as bases da qualidade.

Mas felizmente o cenário oposto, com o êxito da estabilidade, tem sido o mais comum, quando o alerta do especialista em proteção contra pragas é acolhido e produz ajustes estruturais e operacionais.

Um caso que compartilho com relato de quase desastre ocorreu em uma fábrica de alimentos congelados, que mantinha um bom nível sanitário, mas era negligente com os acessos, tanto no recebimento de matéria prima, quando na área da expedição. Como resultado, no período sazonal mais quente e úmido, não havia contenção para as centenas de moscas atraídas pelo local. Uma manhã, durante uma inspeção sanitária de rotina, o fiscal ficou muito desconfortável com a população de moscas e determinou a interrupção da produção até que os insetos fossem expulsos. TERREMOTO!!!

A empresa controladora foi convocada para uma resposta, que incluiu uma desinsetização completa (negligenciada há mais de 40 dias porque a fábrica não parava), e instalação emergencial de cortinas de PVC (tiras) em todas as portas. As armadilhas luminosas já estavam suficientemente dimensionadas. Depois do caos, em dois dias foi autorizado o retorno da operação.

Esse caso não apareceu na mídia, mas passou perto, porque aquela alta população de moscas poderia ter resultado em um inseto misturado ao alimento na mesa do consumidor que segura um smartphone até na hora das refeições.

Casos semelhantes a esse são numerosos. Fabricantes de alimentos menos atentos a padrões de certificação se preocupam em cumprir os parâmetros regulatórios sanitários só às vésperas da fiscalização anual. Assim, passam 11 meses por ano flertando com o terremoto e ignorando os registros do sismógrafo (relatórios da empresa controladora).

Ao profissional que persegue food safety, nossos artigos a, b, e c ecoam uma mensagem: Não desista!! Segurança na produção de alimentos não é um programa. É uma cultura. E você é o influenciador mais impactante. Seja insistente e amplie sua interlocução com a empresa controladora parceira.

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Exportação bloqueada: alimentos contaminados por insetos

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O pequeno inimigo no caminho das Grandes Negociações

Em um porto movimentado, onde contêineres de alimentos seguem rumo a destinos distantes, um detalhe minúsculo, com seis patas, asas frágeis, talvez um exoesqueleto brilhante, pode interromper um fluxo comercial de milhões de dólares. A cena se repete com frequência perturbadora: um carregamento, após cruzar oceanos, é barrado na inspeção sanitária por contaminação de pragas. O prejuízo não é apenas financeiro, mas institucional, pois afeta a  reputação da empresa.

Se a tarefa de resolver esse problema estivesse em suas mãos, o que faria?

Os principais contaminantes

Relatos apontam que as pragas não apenas embarcam no transporte, mas proliferam nele. O período de viagem, que pode durar de 60 a 120 dias, cria o ambiente favorável para que esses organismos completem seu ciclo de maturação. Entre os vilões mais frequentes, besouros e carunchos se destacam. Diferentemente dos roedores, moscas ou baratas, que não resistem ao confinamento, essas espécies de insetos são pequenas, resistentes e especialistas em se infiltrar nas mercadorias. A ameaça pode estar no alimento já processado, na madeira dos paletes ou até mesmo no próprio piso do contêiner. Nomeamos, então, o nosso inimigo. Agora, como eliminá-lo?

As causas invisíveis

A contaminação começa muito antes do embarque. Em alguns casos, ovos de insetos sobrevivem a processos industriais e eclodem durante a jornada transoceânica. Alimentos como cereais, massas, leite em pó, castanhas e ração animal são particularmente vulneráveis.

Ao desembarcar no país de destino, há dois cenários possíveis: ou o carregamento é retido para fumigação —um processo caro, demorado e que prejudica a imagem da empresa—, ou a carga é descartada, acarretando um prejuízo ainda maior. Em tempos de acirrada disputa comercial, qualquer ocorrência pode ser transformada em uma barreira sanitária estratégica, criando embargos e impactando a balança comercial. Enquanto isso, o exportador se vê no centro de uma tempestade burocrática, carregando a responsabilidade nos ombros sem uma solução clara à vista.

O custo de um erro

Contratar uma empresa estrangeira para realizar a fumigação pode custar milhares de dólares, além dos dias perdidos com o carregamento imobilizado e o impacto nos prazos logísticos. Mas há uma situação ainda mais alarmante: algumas espécies de insetos são consideradas pragas exóticas invasoras. Se identificadas, podem gerar não apenas a rejeição da carga, mas multas exorbitantes.

Recentemente, uma indústria exportadora brasileira foi penalizada após um besouro silvestre comum, de áreas de preservação,  ser encontrado morto dentro de um contêiner 90 dias depois do embarque. O país importador, com regulamentos severos exatamente sobre aquela espécie, aplicou uma sanção financeira monumental.

O controle de pragas para exportação não admite amadorismo. Não se trata apenas de um custo operacional, mas de um diferencial estratégico. Exportadores com essa visão estão um passo à frente da concorrência.

Prevenção: a solução antes do problema

Processo produtivo seguro é obrigação do exportador, e a grande maioria das indústrias é cuidadosa nesse item, mas negligencia outro elemento fundamental. Elas mantêm um programa para controle de pragas insuficiente para vigiar todos os pontos mais vulneráveis: armazenamento e expedição são frequentemente subdimensionados pelas rotinas do controle de pragas. Pequenos erros passam despercebidos internamente, mas as agências reguladoras internacionais não se omitem.

Criar uma rotina eficaz para evitar contaminações exige atenção a detalhes que muitas indústrias ignoram. Veja alguns erros comuns:

  • Paletes contaminados: paletes reutilizados e sujos carregam ovos de insetos. Precisam ser submetidos a higienização e tratamento inseticida antes do uso.
  • Depósitos negligenciados: superfícies podem parecer limpas, mas estruturas de empilhamento, calhas elétricas e telhados costumam ser focos de infestação. A limpeza deve ser ampliada e acompanhada de tratamentos periódicos.
  • Containers contaminados: caminhões e contêineres chegam muitas vezes com resíduos e pragas, mas poucas empresas exigem comprovação regular de tratamento inseticida dessas estruturas.
  • Carregamento ao ar livre: exportadores frequentemente carregam contêineres no meio do pátio, expostos ao ambiente externo, aumentando os riscos de contaminação por insetos silvestres. Idealmente, o carregamento deve ocorrer sempre em docas e isoladas, ou pelo menos com cobertura permanente.
Inspeção por agente da FDA
Fonte: https://www.fda.gov/about-fda

Os principais mercados de exportação de alimentos processados impõem regras rigorosas. Nos Estados Unidos, a FDA e o USDA fiscalizam ativamente; na Europa, a Comissão Europeia mantém regulamentos rigorosos; países árabes e asiáticos seguem diretrizes igualmente exigentes. Empresas exportadoras que não possuem um especialista interno ou parceiro controlador de pragas atento a esses parâmetros, contratam consultorias para ampliar sua proteção contra perdas milionárias.

Um bom teste para avaliar o nível de percepção do parceiro controlador? Peça um resumo deste artigo em um minuto. Se não conseguir traduzir a complexidade do problema de maneira clara, talvez precise atualizar sua percepção.

A realidade da exportação brasileira

Empresas brasileiras já lidam com desafios como flutuações cambiais e regras alfandegárias. O controle de pragas não pode ser mais um obstáculo. A mentalidade precisa mudar, não basta apenas evitar infestações dentro da fábrica. É essencial monitorar toda a cadeia logística, do armazém ao porto de destino.

Os profissionais desse setor precisam enxergar além dos limites da planta industrial. O risco pode estar na carreta, no navio ou até no ambiente em que o contêiner foi armazenado antes do embarque. Se o exportador ainda não percebeu necessidade, o time de qualidade e especialistas no controle de pragas podem apontar como um controle rigoroso pode ser o diferencial competitivo no mercado global.

Uma selva de leões

Se você chegou até aqui, é porque entendeu que esse problema exige conhecimento técnico, estratégia e ação imediata. Quer melhorar processos, implementar novos protocolos ou simplesmente dominar esse assunto? Seja um leão neste assunto.

Deixo um conselho: capacite-se. Leia, estude, procure especialistas. E, acima de tudo, leve a sério cada detalhe dessa cadeia (ou selva). Bons estudos. Sua jornada pode começar lendo alguns conteúdos alinhados a essa visão: a, b e c.

Se precisar, estamos aqui.

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Controle de pragas: marco regulatório de Minas confirma tendência de maior profissionalização do setor

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O controle de pragas no Brasil vem deixando de ser uma ocupação e se consolidando como profissão.

Breve histórico

As primeiras empresas surgiram nos anos 1950, mas a atividade ganhou mais destaque após a década de 1980. A regulamentação só veio em 2000, com a RDC 18/2000 da ANVISA, estabelecendo normas para o setor, que ainda é relativamente recente.

O reconhecimento da profissão ocorreu em 2002, mas ainda não há parâmetros definidos para a formação dos profissionais. Recentemente, surgiu a primeira certificação formal para Controladores de Pragas, homologada pela Faculdade do Centro Oeste Paulista. Tudo coisa recente.

A RDC 622/22 da ANVISA é o principal regulamento para o setor, complementado por leis estaduais. Minas Gerais adotou uma legislação recente em 14 de janeiro de 2025, reforçando a tendência de maior rigor na regulamentação, garantindo critérios mais sólidos para essa atividade essencial à saúde pública.

A Lei 25154/25 define diretrizes para empresas de controle de pragas em Minas Gerais, complementando a RDC da ANVISA. Destacam-se dois pontos que impactam diretamente a rotina de gestores de estabelecimentos de alimentos, como você, leitor.

 1 – LIMITAÇÃO TERRITORIAL (Art.2º, Art. 8º, Art. 21)

Limite Territorial de Minas Gerais
Fonte: todamateria

Somente empresas controladoras licenciadas em municípios de MG podem prestar serviços dentro do Estado.

É bastante comum existirem empresas licenciadas em SP, RJ, GO, ES e até estados mais distantes prestando serviços em MG. A partir de agora, toda empresa que for prestar serviços para controle de pragas em Minas, seja no âmbito público ou privado, precisa licenciar uma filial no território mineiro.

2 – VALIDADE DE CERTIFICADO (Art. 3º e 14)

A RDC 622 da ANVISA exige inspeções mensais para garantir a proteção dos estabelecimentos, mas, na prática, muitas empresas emitem certificados com validade de 6 a 12 meses sem inspeções regulares, servindo apenas para renovação do alvará. Isso favorece a concorrência desleal e a precarização do serviço. Com a nova lei, o prazo máximo dos certificados passa a ser definido conforme o tipo de estabelecimento protegido.

30 dias

É o prazo para validade do Certificado e Garantia do controle de pragas em estabelecimentos produtores, armazenadores ou comercializadores de alimentos para consumo humano e animal e de produtos cosméticos e farmacêuticos, farmácias, drogarias, laboratórios clínicos, serviços hospitalares, centros de saúde e estética, de hospedagem e de lazer, como cinemas, clubes, teatros, escolas, shopping centers, condomínios comerciais e condomínios logísticos e escolas, e lojas de varejo.

Felizmente a prática da maioria das empresas prestadoras e gestores em estabelecimentos produtores de alimentos já contempla rotinas pelo menos mensais para proteção contra pragas. MAS não é raro encontrar pequenos estabelecimentos, principalmente na agroindústria, restaurantes, hotéis e até serviços de saúde com rotinas para controle de pragas a cada 6 meses ou mais.

Inspiração internacional

Investir mensalmente na prevenção de pragas é mais econômico do que arcar com prejuízos de interdições ou licenças negadas por contaminação. Além disso, a falta de controle adequado e falta de documentos atualizados pode resultar em cancelamento de pedidos. Não se esqueça do exigente mercado consumidor internacional, que compra de indústrias brasileiras e impõe severos padrões de regulação e qualidade. Esse assunto não é novidade por aqui. Veja nossos artigos antigos.

O que podemos entender é que as novas regras trazem maior profissionalismo ao setor e, certamente, outros estados devem seguir a mesma linha. Assim, aos poucos, ser um controlador de pragas e vetores vai deixando de ser uma ocupação para ser, de fato, uma profissão. E quem buscar parceiros organizados e capacitados sairá na frente. Como acontece fora do Brasil. É um caminho sem volta.

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A reciclagem do controle de pragas: elimine pragas sem perder recursos

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Felizmente a sociedade tem percebido a importância de assumir uma postura sustentável como premissa para seus modelos de gestão. Esse tema supera as valiosas nuances da reciclagem de resíduos, preservação de vegetação, criação de cinturões verdes, reaproveitamento de águas servidas e águas pluviais.

A captação de energia solar, redução de materiais impressos, otimização de processos industriais com menor uso de espaço, energia e água, além do grande aproveitamento logístico, stakeholders conectados, enfim, as organizações contemporâneas, com foco na prosperidade do negócio têm transformado a visão de sustentabilidade em uma das missões, deixando de ser só um departamento, ou um tema restrito à semana interna do meio ambiente.

Novos profissionais de ESG estão assumindo um papel relevante e transversal com vários setores do negócio, trazendo constantemente a reflexão sobre como é possível fazer mais e melhor, com o mínimo impacto, e assegurando perpetuação do negócio. Aprendemos com a escassez de recursos naturais que ações irresponsáveis derrubam árvores, poluem rios, aquecem o planeta e também esgotam pessoas e matam empresas.

Mas esse não é um artigo que trata de controle de pragas? Por que até agora o assunto foi apenas a sustentabilidade? O que tem a ver? Vale lembrar que abordagens convergentes desse tema são frequentes neste portal. Visite também os artigos a, b, c e d.

Existe muita relação entre as nuances da sustentabilidade e o controle de pragas. Manejo de vegetação, reciclagem de resíduos, reúso de água, gestão do tratamento de efluentes líquidos, menor tempo de estocagem, aumento de eficiência energética são apenas alguns dos aspectos perseguidos pelos gestores de ESG com impacto direto na atratividade de pragas e ações para contenção.

Mas nessa reflexão queremos trazer uma perspectiva ampliada sobre a viabilidade em reciclar o parceiro controlador de pragas. Em alguns cenários, pode parecer que a capacidade de entrega deste parceiro chegou a um limite, que não pode ser ultrapassado. Restaria apenas a substituição. Como quando uma caldeira abastecida a óleo gera vapor insuficiente, com um custo ambiental insustentável e precisa ser substituída por outra movida a gás natural, muito mais eficiente e com menor impacto.

O controle profissional de pragas no Brasil é muito desigual. Em um universo com quase 8 mil empresas controladoras, no qual predominam organizações familiares, com até 5 pessoas, e sem presença contínua do Responsável Técnico, é desafiador encontrar parceiros estruturados, com logística viável, e com total domínio dos aspectos regulatórios, padrões de certificação em qualidade e responsabilidade ambiental. Neste cenário, o gestor que precisa contratar esse tipo de serviço se vê em uma condição em que, frente a novas demandas, precisa ir ao mercado encontrar um parceiro controlador melhor estruturado para suportar o atual padrão do negócio.

Reciclar é melhor que substituir

Assim como existem as caldeiras a óleo, que precisam ser desativadas, também existem caldeiras movidas a lenha, que podem ser adaptadas para operação com cavacos. É uma estratégia bem frequente em muitas indústrias. No controle profissional de pragas também é possível realizar adaptações junto ao atual parceiro controlador, para que aumente sua eficiência. Essa estratégia amplia a visão de sustentabilidade para além da central de resíduos ou geração de vapor na indústria, e consolida o compromisso do gestor com o aprimoramento e excelência.

Até poucos anos atrás não havia protocolos para harmonização da empresa controladora parceira, com as novas demandas de gestão, qualidade e meio ambiente, porque todos os profissionais para controle de pragas em alta performance estavam dentro das maiores empresas controladoras. Entretanto, atualmente existem vários profissionais, com uma carreira consolidada dentro de empresas controladoras de referência, que estão entregando consultorias customizadas para harmonização do atual programa para controle de pragas, o que produz a reciclagem do parceiro já contratado, com excelente relação custo x benefício, sem necessidade de abrir cotação e aumentar o investimento anual neste centro de custo.

Essa é uma estratégia que propõe refinamentos pontuais, exatamente nas deficiências do atual parceiro. É realizada após um diagnóstico detalhado, com elaboração de protocolos de trabalho atualizados, treinamento de pessoas, readequação de insumos e revisão dos relatórios de tendências. É como se convidasse seu atual parceiro cansado, despenteado, barbudo e com roupas antigas para ir até um centro de estética. E algumas horas depois reencontrasse um senhor distinto, com corte de cabelo bem alinhado, roupas novas e pronto para ser apresentado ao auditor mais exigente. Com a vantagem que esse senhor conhece cada milímetro de sua estrutura, já enfrentou e venceu vários desafios para eliminação de roedores, moscas, carunchos e baratas, e está profundamente grato porque após esse “banho de loja”, terá seu comprometimento ampliado com essa organização.

A análise sobre aprimoramentos no controle de pragas em cenários industriais já é uma realidade entre pesquisadores, conforme fica evidente nos artigos 1, 2. E ainda existe a vantagem de estabelecer um novo interlocutor para esse tema, que poderá ser mobilizado em intervalos convenientes para novos ajustes.

Traga a visão sobre reciclagem para além dos resíduos. Amplie a postura de sustentabilidade para pessoas e parceiros. Aproveitar algo já instalado como uma nova fonte de energia é o que move grandes mentes atualmente.

Imagens geradas por IA

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Controle de moscas: a melhor saída está na entrada

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É possível ter um ambiente livre desse inseto?

Leia o artigo até o final

Quarta-feira, 13:51 – Profissional de Qualidade de uma indústria de laticínios desabafa com seu time, tendo xícara de café nas mãos:

“Lá vem esse pessoal do controle de pragas insistir de novo que não dá pra controlar moscas sem fechar todas as portas! Cansei de ouvir isso. Precisa ter outra saída para o controle de moscas. Lógico que minha vontade era isolar o prédio todo. Portas herméticas e pressão positiva até no almoxarifado. Sem limite de custos! Eu quero é paz, nem que seja com aquela raquetinha de choque… ”

Enquanto a cabeça ferve em pensamentos sobre algum método para manejo com resultados melhores, o café esfria e a Diptera, Muscidae permanece na borda da xícara, senhora da situação.

Essa sensação de improdutividade afeta gestores de qualidade, donos de restaurantes, equipes de produção, meio ambiente e saúde pública, todos impactados pela presença indesejada das moscas.

Ambientes bem isolados são menos afetados por essas invasões, que se intensificam em períodos quentes e úmidos, quando as condições favorecem sua proliferação, mas…

PARA VENCER O INIMIGO, É PRECISO CONHECÊ-LO

Moscas incluem milhares de espécies, muitas com hábitos silvestres, equilibradas no ecossistema como decompositoras e polinizadoras. Essas são aliadas. Pode guardar o spray aí!

Moscas têm sido percebidas como pragas urbanas desde meados do século XIX, quando associadas à transmissão de patógenos. Além de aborrecer quem está por perto, também carregam microrganismos patogênicos que são depositados nos alimentos saudáveis e bem preservados, bem como nas matérias orgânicas putrefatas. Tudo isso no mesmo voo de lá para cá, com pausas na borda da xícara de café.

Moscas são atraídas por aromas, tanto de alimentos quanto de dejetos, especialmente quando dispersos por correntes de ar, sendo detectados de longe, mesmo em ambientes limpos. Proliferam o ano todo, mas o calor e a umidade das primeiras chuvas da primavera intensificam sua presença, causando altas infestações em algumas regiões entre setembro e dezembro.

Em instalações onde a umidade e aroma sempre são elevados, como granjas, frigoríficos, laticínios, ou instalações industriais com estratégia de limpeza úmida frequente, a percepção da praga é constante, embora acentuada no período mais quente e úmido.

ESCOLHA AS ARMAS PARA ESSA GUERRA

O controle físico, como cortinas de ar, portas automáticas, pressão positiva e telas, é altamente eficaz contra insetos voadores e deve ser prioridade. Afinal, quando menos exposto o ambiente, menor o risco de invasão dessa praga.

Armadilhas luminosas, bem instaladas, limitam o deslocamento interno de insetos. Já as armadilhas biológicas, usadas no perímetro externo, impactam na expressiva contenção dos insetos antes de chegarem a áreas sensíveis.

A higienização com sanitizantes adequados reduz a atratividade, mas muitos usam apenas água e detergentes simples, que remove resíduos visíveis, mas ainda deixa componentes atrativos no ambiente. O melhor é adotar sanitizantes dimensionados ao resíduo e superfície de cada ambiente. A nossa “amiga” na xícara de café agradece.

UM TIRO NO PÉ

O uso de inseticidas pode ter um efeito bastante eficaz sobre contenção das moscas, desde que usados adequadamente. Entretanto, percebemos com frequência em instalações industriais afetadas por moscas, o emprego insistente de formulações, que embora estejam registradas no Ministério da Saúde ou Agricultura como eficientes para o controle, têm um efeito predominantemente repelente, deslocando o pouso para locais não tratados. Isso é um “tiro no pé” que, para piorar, ainda produz subdosagens que potencializam o desenvolvimento de mecanismos de resistência aos inseticidas.

Nesse aspecto, a empresa controladora de pragas precisa se manter atualizada, pois atualmente existem dezenas de formulações com baixa repelência, prolongado efeito residual e dimensionadas com alta especificidade para controle de moscas. Em resumo: empresas controladoras enfrentando esse desafio, usando as mesmas ferramentas da contenção de formigas ou pernilongos, chega a ser desconcertante.

VENÇA A GUERRA ATACANDO TODAS AS FRENTES SIMULTANEAMENTE!

Recentemente, durante inspeção para diagnóstico em instalações frigoríficas, petfood e armazenamento de grãos muito impactadas por moscas, pudemos confirmar que após poucos dias com emprego de formulações mosquicidas específicas, houve um evidente alívio na pressão populacional.

Eles não foram simplistas. Usaram tudo, de uma vez, no período mais crítico, conscientizando as pessoas que a empresa estava “em guerra”, além de manter as portas fechadas, revisar a atratividade das armadilhas luminosas e empregar praguicidas melhor dimensionados.

Ou seja, o desejo da nossa Controladora de Qualidade do início do texto é possível e não precisamos estourar o orçamento para isso. Porque só quem já usou aquela raquete elétrica “fritando” uma Diptera, Muscidae insolente que estava na borda da xícara, sabe o prazer que é abater esse tipo de inimigo.

O portal Food Safety Brazil tem apontado estratégias para contenção de moscas com frequência. Acesse os links 1, 2, 3, 4 para mais informações. Além disso compartilhamos aqui (a, b, c, d) artigos e publicações de imprensa relatando surtos de diarreia em algumas cidades relacionados a moscas e qual protocolo recomendado. Clique para saber mais sobre a vigilância epidemiológica.

Para saber mais sobre os protocolos e praguicidas utilizados nas instalações frigoríficas e petfood, entre em contato conosco pelo nosso canal de mensagens. Teremos alegria em compartilhar.

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4 min leituraÉ possível ter um ambiente livre desse inseto? Leia o artigo até o final Quarta-feira, 13:51 – Profissional de Qualidade de uma indústria de laticínios desabafa com seu time, tendo […]

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Roedores: para eliminar um rato, pense como um rato

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Entendendo o inimigo

Nojo é a primeira emoção primitiva e universal que temos. Ela se caracteriza por repulsa e afastamento de algo que causa repugnância.

Roedores urbanos encabeçam, junto com as baratas, o título de seres nojentos da sociedade. Sua associação com esgoto e lixo os conecta à sujeira e contaminação.

A história relembra o impacto dos ratos e suas pulgas na Peste Negra. Entre 1347 e 1351, uma das pandemias mais mortais matou cerca de 25 a 30 milhões de pessoas, um terço da população europeia.

Hoje, relatos de vítimas de leptospirose nos mantêm alertas. Além disso, a presença de ratos traz danos financeiros, elétricos, estruturais e contaminação de alimentos. Na indústria, sua presença é especialmente indesejável e prejudicial.

Não romantize

Ratos estão muito presentes em nosso cotidiano e inspiraram o entretenimento, com personagens como Topo Gigio, Tom & Jerry, Ligeirinho, Remy (Ratatouille), Pink & Cérebro, Mestre Splinter, Pikachu, Stuart Little, Mickey e Minnie. No cinema, também aparecem em cenas sombrias e de suspense. Ratos deixaram de ser vistos apenas como vetores de doenças, são animais tão assimilados culturalmente que foram transformados até em inspiração criativa.

Ok, sabemos que ratos não são “fofos” e seguramente estão entre as pragas que mais geram demanda por novos serviços para as empresas especializadas.

O romantismo está na crença de que esses invasores urbanos podem ser controlados apenas usando fórmulas mágicas, como porta-iscas, placas de cola, gaiolas e ultrassom.

Combater ratos é muito mais que isso.

Aprendendo a pensar como um deles 

O controle de roedores é mais comportamental e biológico do que químico; vai além de iscas ou colas potentes. Um controle efetivo envolve duas abordagens:

1 – Saber onde instalar a isca ou armadilha;

2 – Identificar e eliminar ACESSO e ABRIGO.

Armadilha sozinha não elimina a infestação

Há tantos casos de sucesso e fracasso no controle de roedores que renderiam um livro ou uma série. Os êxitos são poucos, enquanto os fracassos abundam em publicações on-line, mostrando danos irreversíveis a marcas e até vidas perdidas por leptospirose.

Era o ano de 2005 e pude acompanhar de perto uma indústria pet food no interior do Rio de Janeiro, que seguiu rigorosamente o controle clássico com porta-iscas, armadilhas e portas fechadas, mas em poucas semanas sofreu uma infestação de ratos, que roeram cabos e causaram danos em dezenas de embalagens do produto acabado. Onde eles erraram?

A análise mais especializada revelou uma estratégia de controle orientado apenas para ratazanas e camundongos, ignorando os ratos de telhado, que desciam das estruturas, causavam danos e retornavam ao telhado para se reproduzir.

O tratamento inusitado

  1. Iscas e armadilhas no telhado;
  2. Isolamento das aberturas existentes.

Foi um ponto de vista desconcertante para a empresa controladora contratada, que não tinha clareza sobre os hábitos e biologia dessa espécie.

Parece ilógico, não é?

A empresa controladora, que deveria ser especializada, falhou em identificar a espécie invasora e os sinais de infestação. Incapazes de reconhecer fezes, pegadas, material roído e gordura dos ratos, a equipe de qualidade decidiu substituir a empresa. “O Jerry venceu”.

Duas semanas depois, a infestação tinha sido reduzida expressivamente. Em 30 dias, só havia lembranças dos dias sombrios.

Lições aprendidas

Controlar pragas em locais com abundância de alimentos é diferente de uma simples dedetização. Algumas empresas destacam-se pela formação dos trabalhadores, participação ativa do Responsável Técnico, auditorias e análises de tendências. No entanto, isso não é comum. Muitas empresas de controle de pragas aparentam ser profissionais nas redes sociais, mas carecem de atualização e base técnica operacional em toda a cadeia de trabalho.

Essa observação não está relacionada ao tamanho das empresas. Existem controladoras de pragas menores altamente capacitadas, enquanto grandes players, muitas vezes, vendem serviços como commodities, sem a devida atenção técnica.

Arquivo pessoal – Porta Armadilha Roedor

É imperativo: gestores de qualidade devem se comprometer com adequações ambientais para eliminar vulnerabilidades estruturais. Empresas de controle de pragas precisam pensar como ratos para eliminá-los, porque iscas e armadilhas sozinhas não evitam novas infestações.

Pensar como um rato e ser disciplinado

Vale a máxima que já apresentamos antes: não relativize nem romantize a necessidade de aprendizado e aprimoramento constantes. Porque as pragas não mentem. Se faltar essa disciplina, o “Jerry sempre vai vencer”, porque ele tem disciplina em aprender como sobreviver nesta terra. Pense nisso.

Aproveite para se aprofundar no assunto Roedores. Leia também aqui, aqui, aqui.

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Como controlar pragas em grãos e cereais: evitando o caos e a guilhotina

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Tirem as crianças da sala. Não se trata de uma uma missão simples. Entretanto, é possível controlar pragas em grãos e cereais com atenção e capricho.

Entenda esse problema 

A perda de grãos por carunchos e traças é um problema antigo, anterior até aos problemas com ratos e baratas. Há mais de 6 mil anos, sumérios, chineses e egípcios já enfrentavam pragas nos alimentos, e evidências arqueológicas mostram que usavam silos subterrâneos e outras técnicas para proteger essas colheitas.
O principal impacto de carunchos e traças é a perda de alimentos, pois esses insetos, ao infestar grãos, deterioram a produção e reduzem a extração do endosperma, a parte mais nutritiva. Com menos nutrientes, os grãos alimentam menos pessoas e geram prejuízos.
A preservação dos grãos visa, acima de tudo, manter sua integridade nutricional, um desafio que envolve produtores, armazenadores e até o governo para proteger o alimento e o mercado. Na prática, a exportação brasileira de grãos é essencial para a economia e o equilíbrio da balança comercial.

Partindo pra cima, sem dó nem piedade

Na indústria alimentícia, os danos causados por carunchos e traças vão além da perda de produto: afetam a qualidade e podem levar a contaminações percebidas pelos consumidores, resultando em recalls e prejuízos à marca.
Relatos de produtos infestados, como arroz, milho, biscoitos e barras de cereal, e até pet food se espalham nas redes sociais, criando embaraços para os fabricantes. Assim, o princípio é agir de forma firme para evitar esses danos e proteger tanto a indústria produtora, quanto os consumidores.

Estabelecendo estratégias 

É possível produzir alimentos à base de farinhas e cereais sem carunchos e traças? SIM, mas o desafio é “como”. Um exemplo: um moinho de trigo, com estrutura industrial sofisticada, enfrentava constantes reclamações de clientes por infestação de carunchos, tanto em embalagens domésticas quanto industriais. Mesmo parando a produção mensalmente para uma desinsetização intensa, duas semanas depois a contaminação retornava.
A equipe de qualidade e produção já estava esgotada e desacreditada. A empresa controladora, embora consistente na entrega do escopo contratado, também não conseguia sair desse beco. “Eles estavam sendo devorados pelo caos”.

Abra todas as portas e desembarque todas as tropas

A nova proposta foi ousada: paralisar a produção por 4 dias, abrir e limpar cada parte dos equipamentos. O diretor ficou alarmado com a ideia e o comercial protestou, temendo falta de produto no mercado e possível cancelamento de contratos.
Durante três dias, equipes da manutenção e do controle de pragas trabalharam 24 horas seguidas, desmontando, limpando e aplicando defensivo em cada máquina conforme orientação técnica. Encontraram toneladas de farinha contaminada escondida dentro da linha de produção, em locais nunca antes abertos.
No último dia de desinsetização, foi um verdadeiro “bombardeio” contra os insetos: vimos enxames subindo pelas paredes! Imagine a satisfação semelhante a matar um inseto voador com raquete elétrica; agora multiplique isso por 10.000…

Analisando os efeitos

O resultado foi excelente: zero insetos nas semanas seguintes, vendas mantidas e qualidade preservada. O moinho passou a realizar paradas bimensais de 4 dias, e a equipe, antes quase dispensada, ganhou status de heroína na empresa.

Parece óbvio, mas não é

Todo esse relato chega a uma afirmação que parece óbvia: caruncho e traça não se controlam só com inseticida, mas com limpeza e esmero. Ou seja, tem que abrir, aspirar, raspar, soprar, investir tempo e atenção nos detalhes. Periodicamente é imperativo fazer a limpeza aérea de luminárias, ductos e estruturas de telhado.

Poucas empresas têm a clareza e disciplina para implantar essa cultura. Muitos ainda tentam controlar carunchos e traças com termonebulização ou pulverizando corredores, o que não é eficaz. Um programa eficiente exige especialistas acompanhando a limpeza para identificar vulnerabilidades na produção, eliminando focos e fazendo tratamentos pontuais, além de definir e monitorar cada etapa do processo.

Portanto…

Sem essa abordagem de ver esse assunto como um tratamento duro, mas necessário. Ainda que seja excelente nos manuais, uma simples formulação química ou tratamento conservador resultará apenas naquela matéria do  jornal sensacionalista mostrando um consumidor segurando um pacote cheio de carunchos com a sua marca. Pior, se nada for feito, todos conhecerão a guilhotina. A do mercado ou a do RH, a que melhor couber nos pescoços envolvidos.

Indicamos algumas leituras complementares, que consolidam essa visão: clique aqui e aqui.

Imagem em destaque gerada por Inteligência Artificial 

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Controle de pássaros: como começar?

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Por muito tempo, a prevenção contra pragas esteve focada em roedores, baratas, moscas, formigas, carunchos, escorpiões, enfim, os históricos vilões. Eles impactavam a produção de alimentos, passando pela óbvia perspectiva da contaminação de pessoas e produtos processados, mas também resvalando nas perdas de insumos, danos em equipamentos e comprometimento de marca.

Contingências provocadas por pássaros eram pontuais, afetando instalações geograficamente posicionadas em grandes centros urbanos ou próximas a regiões portuárias. Localidades como distritos industriais, zona rural e até grandes cidades no interior sofriam moderadamente com pássaros. Alguns pardais e andorinhas e mesmo os belos pássaros silvestres como canários, quero-quero e sabiás apareciam eventualmente, muito mais relacionados a fenômenos migratórios sazonais do que a invasões com potencial de risco.

Entretanto, o comportamento invasor de pássaros em instalações industriais, residências, shopping centers, hospitais, escolas e diversas edificações é um fenômeno que foi muito além dos portos e terminais de grãos. Especialmente o pombo urbano (Columba livia) e o pardal (Passer domesticus) desenvolveram uma capacidade de adaptação notável, assumindo habilidades de manobras durante o voo e perícia na construção dos ninhos em locais improváveis.

Vejam o exemplo do pombo doméstico, com origem na região do mar Mediterrâneo, onde habitavam fendas de rochas em encostas. Ele adaptou-se discretamente às precárias edificações em alguns centros urbanos europeus e africanos até o século XVII e foi dispersado durante o período das Grandes Navegações, alcançando toda a Europa, Américas e Ásia. Em ambientes fortemente urbanizados, com fartura de alimentos, oferta de abrigo e ausência de predadores, esta ave registrou expressiva proliferação e mudanças comportamentais, resistindo mais a algumas estratégias antes eficazes.

Mas pombo e pardal são de fato pragas? Segundo o IBAMA na IN 141/06, animais classificados como fauna exótica invasora, que provoquem prejuízos econômicos ou riscos à saúde e meio ambiente, são passíveis de controle. A mesma instrução normativa iguala pombos aos roedores no rol de animais alvo para contenção pelas empresas especializadas. Estudos confirmam o nível de risco associado a essas aves. Entretanto, outras normas como a Lei 9605/98 e o Decreto 6514/08 apontam para a necessária proteção contra maus tratos a animais, mesmo aqueles exóticos em migração. Portanto, manejo de pombos e pardais é um assunto bastante sensível sob o ponto de vista legal, pois uma abordagem mal executada pode resultar em crime ambiental.

Estamos de mãos atadas? Não!!! Existem estratégias razoáveis para contenção de pássaros invasores. Basta uma rápida pesquisa em uma plataforma de busca, ou até uma conversa com a inteligência artificial, e variadas metodologias vão surgir, dando a impressão de que há uma prateleira cheia de boas opções. Essa percepção não é equivocada. As estratégias estão na prateleira, mas o emprego isolado de uma ou outra pode não trazer a eficácia esperada.

Diante deste “mix” de soluções, como iniciar uma jornada para solução dessa invasão voadora? Essa resposta é direta, mas não é simples. Controlar pássaros precisa de especialista.

Afinal, essa não seria uma resposta retórica? Pois para conter qualquer praga precisa de especialista. É verdade, mas profissionais com habilidades para afastar roedores, eliminar baratas, contingenciar moscas e reduzir riscos com carunchos e formigas são bastante disponíveis. Porém, especialistas em aves são escassos. Isso tem uma razão: controle de aves ainda é uma disciplina em evolução dentro das empresas especializadas. Algumas têm se destacado neste cenário, mas a maioria das empresas controladoras de pragas tem pouca ou nenhuma vivência na solução das infestações de aves.

Mas vamos interromper esse pessimismo. Quero compartilhar um ponto de vista otimista sobre esse desafio.

A melhor estratégia para afastar pássaros é começar

Então qual a melhor metodologia? Existe o controverso gel repelente, a prática espícula, o uso de tela tensionada, fios tensionados, pulso eletromagnético, laser intermitente, falcoaria, captura e eutanásia, enfim, a prateleira está cheia de opções. Algumas têm efeito paliativo e temporário, outras têm efeito prolongado e baixa manutenção. Algumas são de baixo investimento, outras bem dispendiosas. Há algumas que podem ser instaladas pelo time de manutenção local, e outras que dependem de equipe especializada. Qual funciona melhor?

Depende da intenção e do tamanho da verba no budget. Se a intenção é afastar radicalmente a população de pássaros, possivelmente serão usadas metodologias combinadas e muita verba. Mas se a intenção é uma contenção progressiva, talvez dê pra encaixar em modestas lacunas de orçamento.

Tenho acompanhado indústrias que incluem uma verba mensal junto à empresa controladora de pragas para instalar 100 m2 de barreiras por mês. Ou duas vezes por ano implantam 500 m2 de barreira, com um orçamento moderado. Resolve 100%? Não. Mas lembrem-se de que a melhor estratégia é começar! Em cenários assim, o propósito era que depois de 2 anos, os pássaros não fossem mais um problema. E sem comprometer o orçamento. Pagar sem sentir. E sendo bem honesto: na maioria das vezes, o problema foi resolvido em menos de um ano.

Encontrei também indústrias que investiram 3 dígitos em um programa robusto para afastamento de pássaros e após poucas semanas, o desafio estava vencido.

A boa notícia é que afastar pássaros, sendo ambientalmente responsável e acomodando esse investimento dentro de limites razoáveis, é possível. Só precisa começar.

Não deixe de conferir outros conteúdos que reforçam as boas práticas para contenção de pássaros na indústria de alimentos: aqui, aqui, aqui.

Todas as imagens geradas por Inteligência Artificial

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