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Tratamento de não conformidades: auxílio para solucionar problemas de maneira eficaz

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De uns anos para cá, a exigência para a cadeia de alimentos, desde o produtor rural, até as grandes redes varejistas, tem aumentado consideravelmente. Cada vez mais as especificações, as cobranças, os critérios de qualidade e segurança de alimentos estão ficando restritos e com mais detalhes. Fornecedores passam por dezenas de auditorias a cada ano. Varejistas pressionam seus parceiros a buscar certificações reconhecidas internacionalmente. Muitas vezes, os resultados das auditorias não são aqueles que desejamos, não são aqueles que o cliente procura, não estão de acordo com o que uma norma solicita.

Em qualquer norma que possua elementos de sistema de gestão, seja ela a ISO 9001, a ISO 22000, FSSC 22000 e BRC Global Standard for Food Safety, o tratamento de não conformidades aparece como um item primordial. Nenhuma norma tem como intenção “livrar a empresa de todo e qualquer problema”, e sim, ajudar a minimizar situações indesejáveis e a planejar as ações, deixar a empresa preparada para lidar com qualquer ocorrência e principalmente, fomentar a melhoria contínua.

Antes de começarmos a falar sobre algumas dicas para resolver problemas, precisamos conhecer os conceitos de “não conformidade”, “ação corretiva” e “correção”. De acordo com a norma ISO 9000:2005 – Sistemas de Gestão da Qualidade: Fundamentos e Vocabulário, não conformidade significa o “não atendimento a um requisito”. Requisito é qualquer necessidade ou expectativa que pode ser obrigatória ou esperada (implícita). Quando ocorre uma não conformidade, significa que aconteceu algum problema, um desvio com relação àquilo que é esperado, é requerido numa norma ou desejado por um cliente.

Os conceitos de correção e ação corretiva são frequentemente confundidos. Correção significa atuar sobre a própria não conformidade, ou seja, é uma ação para eliminar o próprio problema. Muitas pessoas também dão o nome de “disposição” ou “ação imediata”. Já ação corretiva quer dizer atuar na causa raiz da não conformidade, na razão mais básica que um problema tem. O intuito é evitar a reincidência ou repetição do mesmo. A ação corretiva requer uma análise mais aprofundada da não conformidade, necessita da determinação da causa. Tanto a correção quanto a ação corretiva são esperadas quando acontece uma não conformidade, embora não seja obrigatório que ambas sejam tomadas em todos os casos.

Como podemos então tratar uma não conformidade de maneira eficaz, e demonstrar numa auditoria que a situação está sob controle e é satisfatória?

1) A primeira coisa é entender a não conformidade, compreender qual foi o problema. É importante que se faça uma análise da abrangência, isto é, uma verificação da extensão da não conformidade em outros processos, outros produtos, outros setores. Pode ser que situação semelhante tenha ocorrido em outro lugar…

2) A partir desta avaliação da extensão da não conformidade, geralmente define-se uma correção, a famosa “disposição” para eliminar o problema. Quando uma correção não pode ser implementada imediatamente, deve-se elaborar um plano de ação, com prazos e responsáveis sempre que aplicável.

3) O próximo passo é realizar a análise de causa. Esta é a etapa mais longa e trabalhosa, muitas vezes é necessário fazer uma investigação aprofundada. É bastante comum as empresas chegarem aos “sintomas” dos problemas, ou seja, às causas diretas (exemplo: O produto foi fabricado fora da especificação. Causa direta – o operador não seguiu o procedimento). Mas o que vai verdadeiramente evitar a repetição do problema é a determinação da causa raiz. Existem várias ferramentas para determinar a causa raiz. Podemos citar como exemplo o “brainstorming”, o Diagrama de Ishikawa (conhecido também como “espinha de peixe”), 5 Porquês e Gráfico de Pareto. Na maioria dos casos, a causa raiz está relacionada a falta de treinamento, falha de um processo ou programa, procedimentos e instruções mal escritos, falha do sistema ou da empresa.

4) Uma vez determinada a causa raiz, vamos estabelecer e implementar as ações corretivas, ou seja, vamos atuar nesta causa raiz encontrada.

5) Após a implementação de todas as ações corretivas, é importante fazer a verificação da eficácia. A verificação de eficácia é uma confirmação de que todas as ações propostas foram adequadamente implementadas, que a situação está sob controle e o problema não voltou a acontecer. Significa que encontramos a causa raiz da não conformidade e estabelecemos ações que eliminaram esta causa.

Acesse aqui um exemplo simples de formulário, que descreve a não conformidade, a correção e ação corretiva. Você pode usá-lo como modelo. 

Falamos anteriormente que quase sempre se espera que para qualquer não conformidade, exista uma correção e sejam tomadas as ações corretivas. Em alguns casos, como numa não conformidade totalmente acidental ou que a probabilidade de que ela ocorra novamente seja muito pequena, o tratamento da não conformidade limita-se apenas a uma correção. É fundamental que esta situação de adotar apenas uma correção deve ser bem embasada e justificada, para não haver questionamento por parte de um auditor ou cliente. Como exemplo, podemos citar: “um fardo de farinha de trigo caiu no chão, após o funcionário que o estava manipulando ter um mal súbito e ter desmaiado, danificando as embalagens”. Nesta situação, o tratamento da não conformidade seria limitado ao descarte do produto afetado. É claro que o funcionário foi atendido pelo médico, mas o nosso caso tem como foco a ocorrência com o produto.

Para finalizar, deixamos uma recomendação. Antes de apresentar os registros e as evidências do tratamento da não conformidade que ocorreu na sua empresa, faça uma investigação geral, perguntando-se algumas coisas como: Entendemos a não conformidade? Conseguimos fazer uma avaliação da abrangência? Foi possível corrigir o problema? Usamos ferramentas adequadas para a análise de causa? A verificação da eficácia mostrou que chegamos à causa raiz e que o problema foi sanado?

Com essas dicas simples, esperamos ter ajudado você a compreender um pouco melhor o mundo do tratamento das não conformidades. Obrigada e até a próxima!

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Estudo da implementação da Norma ISO 22000:2005 numa fábrica de concentrado de tomate

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Dissertação apresentada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa para obtenção do grau de Mestre em Tecnologia Alimentar/Qualidade.

A segurança alimentar, conceito relacionado com a inocuidade dos alimentos e com a garantia de que os mesmos não causarão danos ao consumidor, é um dos temas mais importantes da atualidade. A legislação europeia tem mostrado avanços neste aspecto, publicando um regulamento comunitário que obriga a implementação do sistema HACCP em todas as organizações da cadeia alimentar. E o recente surgimento da ISO 22000:2005, norma específica para a garantia da segurança alimentar, que combina certas secções da ISO 9001:2000 com os princípios do HACCP, fez despertar o interesse em muitas organizações do sector alimentar.

O presente trabalho representa o estudo da implementação da ISO 22000:2005 numa fábrica de concentrado de tomate, localizada no distrito de Setúbal – Portugal.

A empresa em questão já vem sendo certificada pela ISO 9001:2000 há quatro anos consecutivos, e pretende aperfeiçoar o sistema HACCP, adaptar-se aos requisitos da ISO 22000 e consolidar a sua imagem e a sua marca no mercado. Apesar de existirem alguns pontos negativos, os aspectos positivos observados na empresa e o evidente interesse por parte da gestão de topo em evoluir e melhorar continuamente, permitem afirmar que existem condições muito favoráveis para o sucesso da implementação da nova norma.

Palavras-chave: concentrado de tomate; segurança alimentar

Para baixar a dissertação completa, clique aqui.

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Um pombo muito esperto

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Uma vez, eu estava numa auditoria de fornecedor, avaliando as boas práticas de fabricação. Logo após o almoço, fui com o guia até o armazém de produtos acabados, conversar com o pessoal da logística. Demos a clássica volta pelo armazém, conferimos a limpeza, a organização, a condição das instalações, o controle de pragas, a identificação de produtos, etc. Estava tudo certo, tudo tranquilo. Saímos então para a plataforma, para acompanhar o carregamento de um caminhão. De repente, um pombinho pousa bem na beira da plataforma. O supervisor da qualidade (o guia) tratou logo de espantar o bicho. Continuamos a nossa auditoria, estávamos todos atentos às informações que o líder da logística (o auditado) estava passando, os checklists e demais registros que ele estava mostrando… E nisso, o tal pombinho voltou, e pousou bem próximo da porta, que possuía cortinas plásticas com tiras grossas, bem ajustadas. Notei a presença do pombo, e só olhei de rabo de olho. O guia também viu o pombo, mas disfarçou, não quis interromper o raciocínio do auditado. Percebi a preocupação, o desconforto do guia. O movimento de empilhadeiras era bastante grande. Como quem não quer nada, o pombinho ficou observando por alguns segundos aquela movimentação das empilhadeiras, como se estivesse maquinando alguma idéia. Quando uma das empilhadeiras retornou, assim que passou pela porta, levantando a cortina plástica, o pombo deu um rasante e foi no “vácuo” da empilhadeira, aproveitando a deixa para entrar no armazém. O guia ficou branco e gritou: “Nããããããooo!” e entrou correndo no armazém. É claro que o pombo voou e pousou no alto da estrutura. O líder disse que iria imediatamente ligar para a empresa do controle de pragas. Naquela mesma tarde, em pouco tempo, a empresa do controle de pragas chegou, e conseguiu retirar o pombo do armazém. O pessoal registrou o fato, inspecionou o armazém para ter a certeza que nenhum produto tinha sido afetado por algum “presentinho” deixado pelo pombo. A empresa tomou as ações necessárias rapidamente. E na reunião de fechamento, depois que tudo passou e os ânimos esfriaram, rimos todos juntos, impressionados com a esperteza do pombinho!

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Os 10 fatos sobre segurança dos alimentos (OMS) parte 3

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Fato nº 6: Prevenir que as DTAs iniciem-se na produção primária

Prevenir a infecção dos animais na produção primária pode reduzir as DTAs. Por exemplo, a redução da quantidade de Salmonella em 50% nas granjas de criação de frangos (através de um melhor sistema de manejo e gerenciamento da criação) resulta em 50% menos pessoas adoecendo devido a esta bactéria. Frangos livres de Salmonella estão ficando cada vez mais comuns em certos países.

 Fato nº 7: Perigos químicos que podem contaminar os alimentos

 

Acrilamida, substância que pode causar câncer, é formada em ingredientes naturais durante o cozimento de determinados alimentos em altas temperaturas (normalmente acima de 120ºC), incluindo batatas fritas, produtos de panificação assados e café. A indústria alimentícia está trabalhando para encontrar novos métodos para diminuir a exposição dos alimentos a tais substâncias químicas. Evite o super cozimento ou passar demais os alimentos quando for fritar, grelhar ou assá-los.

Fato nº 8: Todos desempenham um papel na segurança de alimentos

A contaminação dos alimentos pode ocorrer em qualquer estágio, desde o campo até a mesa. Todo mundo na cadeia de distribuição de alimentos deve empregar medidas para manter o alimento seguro: o agricultor, o fabricante, o vendedor e o consumidor. A segurança em casa é vital para prevenir os surtos das DTAs. As mulheres são os principais alvos para a educação em segurança de alimentos, uma vez que elas são as responsáveis pelo preparo das refeições domésticas em muitas comunidades.

Fato nº 9: A segurança de alimentos começa na escola

Educar as crianças desde cedo em comportamentos adequados para a manipulação e preparo seguros dos alimentos é chave para a prevenção das DTAs hoje e no futuro. Integrar matérias na escola ou lições referentes à segurança de alimentos proporciona às crianças uma habilidade essencial para a vida, que pode ajudá-las a manter a saúde de si próprias e de suas famílias.

Fato nº 10: Cinco elementos-chave para a segurança de alimentos

A Organização Mundial da Saúde e seus Estados-Membro estão promovendo os benefícios da segurança de alimentos, da alimentação saudável e da atividade física. Os cinco elementos chave para um alimento mais seguro são:

1)      Mantenha a higiene

2)      Separar alimentos crus dos alimentos cozidos

3)      Cozinhe completamente todos os alimentos

4)      Mantenha os alimentos em temperaturas seguras

5)      Utilize água potável e produtos crus seguros.

 

Fonte: http://www.who.int/features/factfiles/food_safety/en/index.html)

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Os 10 fatos sobre segurança dos alimentos (OMS) parte 2

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Fato nº 3: A segurança de alimentos é uma preocupação global

A globalização da produção e do comércio de alimentos aumenta a probabilidade de incidentes internacionais envolvendo alimentos contaminados. Produtos e ingredientes alimentícios importados são comuns na maioria dos países. Sistemas de segurança de alimentos mais fortes nos países exportadores podem reforçar tanto a proteção da saúde pública localmente, quanto nas fronteiras com os demais países.

Fato nº 4: Doenças emergentes estão amarradas à produção de alimentos

 

Aproximadamente 75% de novas doenças infecciosas afetando as pessoas nos últimos 10 anos foram causadas por bactérias, vírus e outros patógenos que iniciaram em animais ou em produtos derivados de animais. Muitas destas doenças ocorrendo em humanos estão relacionadas ao manejo de animais domésticos ou silvestres infectados, durante a produção de alimentos – em mercados, feiras livres e nos abatedouros.

 

Fato nº 5: Minimizar o risco da Influenza aviária

A maior parte dos casos de gripe aviária (Influenza H5N1) em humanos ocorre através do contato direto com aves infectadas, vivas ou mortas. Não há evidências de que a doença é transmitida aos humanos através do consumo de carne de aves devidamente cozida e manipulada. Para prevenir o risco de doenças transmitidas por aves:

  • Separe carnes cruas dos demais alimentos
  • Mantenha a higiene e lave sempre as suas mãos
  • Cozinhe completamente (até que a carne atinja uma temperatura de 70ºC em todas as partes, sem apresentar coloração rosada)

 http://www.who.int/features/factfiles/food_safety/en/index.html)

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Os 10 fatos sobre segurança dos alimentos (OMS) parte 1

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INTRODUÇÃO:

A segurança de alimentos é prioridade para a saúde pública. Todos os anos, milhões de pessoas adoecem e muitas morrem em decorrência do consumo de alimentos inseguros. Surtos muito sérios de doenças transmitidas por alimentos (DTA) têm sido documentados em todos os continentes na última década, e em muitos países, o número de DTAs está crescendo expressivamente.

 Os principais pontos de preocupação mundial, em relação à segurança de alimentos, são:

 Perigos microbiológicos estão se espalhando (incluindo bactérias como Salmonella e Escherichia coli);

  • Contaminantes químicos nos alimentos;
  • Avaliação das novas tecnologias em alimentos (tais como organismos geneticamente modificados) e
  • Necessidade de sistemas de segurança de alimentos sólidos e fortes na maioria dos países, para garantir a cadeia mundial de alimentos segura.

A Organização Mundial da Saúde está trabalhando para minimizar os riscos para a saúde do consumidor, do campo à mesa, para prevenir surtos e para promover os 5 elementos-chave em segurança de alimentos.

  Fato nº 1: Mais de 200 doenças são transmitidas através dos alimentos

 Todos os anos, milhões de pessoas adoecem, e muitas morrem em decorrência do consumo de alimentos inseguros. Estima-se que doenças diarreicas por si só matam cerca de 1,5 milhão de crianças anualmente, e a maioria destas doenças está atribuída a alimentos ou água contaminados. Uma preparação adequada dos alimentos pode prevenir a maioria das doenças transmitidas por alimentos.

  Fato nº 2: As doenças transmitidas por alimentos (DTA) estão crescendo mundialmente

Atualmente, os organismos causadores de doenças em alimentos são transmitidos largamente e mundialmente, através da globalização da cadeia de alimentos, elevando a frequência das DTAs e o número de localidades onde elas acontecem. A rápida urbanização em várias partes do mundo aumenta os riscos, uma vez que os moradores das cidades consomem cada vez mais alimentos preparados fora de casa, que podem não ter sido manipulados ou preparados de forma segura – incluindo alimentos frescos, peixes, carnes e aves.

  Fato nº 3: A segurança de alimentos é uma preocupação global

 A globalização da produção e do comércio de alimentos aumenta a probabilidade de incidentes internacionais envolvendo alimentos contaminados. Produtos e ingredientes alimentícios importados são comuns na maioria dos países. Sistemas de segurança de alimentos mais fortes nos países exportadores podem reforçar tanto a proteção da saúde pública localmente, quanto nas fronteiras com os demais países.

Fonte: http://www.who.int/features/factfiles/food_safety/en/index.html)

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LIÇÕES APRENDIDAS COM OS SURTOS DE SALMONELOSE

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CDC – Centro de Controle de Doenças e Prevenção

http://www.cdc.gov/vitalsigns/FoodSafety/Farm_to_table.html

 

Sinais Vitais – Produzindo alimentos mais seguros para o consumo

Prevenção do campo à mesa

Introdução:

A Salmonella sp. é um dos principais microrganismos causadores de doenças veiculadas por alimentos. Classicamente, os surtos estão relacionados ao consumo de ovos crus (a famosa maionese caseira) ou mal passados, e carnes de aves mal passadas. A Salmonella enteritidis, uma bactéria considerada emergente, surge nos Estados Unidos e países da Europa, nos anos 80, como o sorotipo mais comum de Salmonella causador de surtos ou casos esporádicos de diarreia associados ao consumo de ovos crus ou mal cozidos e de aves. Segundo alguns estudos, ocupou o nicho ecológico deixado pela erradicação da Salmonella gallinarum das aves, propiciando dessa forma um aumento das infecções em humanos. É uma toxinfecção alimentar, enquadrando-se, genericamente, no grupo de doenças designadas por salmoneloses. Causa geralmente febre, cólicas abdominais e diarreia que pode apresentar grumos de sangue. A doença dura entre 4 e 7 dias, e a maioria das pessoas se recupera apenas com a reposição de sais e líquidos. Contudo, a diarreia pode ser severa, e o paciente pode necessitar de hospitalização. Geralmente é mais grave em idosos, crianças, gestantes e imunodeprimidos, podendo a infecção se disseminar através da corrente sanguínea para outros órgãos e causar a morte, exigindo, nestes casos, pronto tratamento com antibiótico. As principais complicações são artrite, cistite, meningite, endocardite, pericardite e pneumonia. (1)

Embora sejam inúmeros os trabalhos publicados que indicam a importância da S. enteritidis como um problema de saúde pública no Brasil, e grande a ênfase dada, a partir de 1999, ao sistema nacional de vigilância epidemiológica de surtos de doenças transmitidas por alimentos, ainda são escassos os dados sobre a situação das salmoneloses em nível nacional. (1)

Apesar da Salmonella estar relacionada principalmente a ovos e aves, é cada vez mais comum encontrar este microrganismo em produtos diversos, inclusive aqueles com baixa umidade, como por exemplo, cereais matinais. E a contaminação nestes casos muito provavelmente é proveniente de falhas no controle da saúde dos manipuladores e principalmente, pela falta de higiene pessoal. A manipulação de alimentos por pessoas doentes ou portadoras desta bactéria, e que não lavaram as mãos adequadamente, pode causar a contaminação do produto. Além disso, o consumo de produtos variados e a globalização têm “espalhado” este microrganismo e levado à ocorrência de surtos de salmonelose com maior frequência, em escala mundial.

Diante destes fatos, como podemos prevenir a contaminação por Salmonella? Vamos ver alguns exemplos de surtos ocorridos nos Estados Unidos, e as principais medidas preventivas:

 

 

Fabricação

 

Contaminação em hambúrguer de peru, 2011:

Recall de 23 toneladas de carne de peru moída após doenças reportadas em 10 estados. Causa: Salmonella Hadar.

 

Prevenção:

Empregar estratégias de segurança de alimentos na criação, para reduzir a Salmonella nos animais; prevenir a contaminação no abate; reduzir a contaminação dos produtos moídos de todas as fontes; garantir que as medidas tomadas para prevenir ou reduzir a contaminação funcionem corretamente.

C

Produção primária

 

Ovos perigosos, 2010:

Contaminação das aves e da ração resultou em recall de 500 milhões de ovos. Causa: Salmonella enteriditis (SE).

 

Prevenção:

Implementação de medidas preventivas por parte dos produtores de ovos, tais como: compra de aves de criadores que tenham um programa de controle de SE; análise dos aviários para detecção de SE; estabelecimento das condições de temperatura para o transporte e para o armazenamento dos ovos.

A

Preparo e consumo (restaurantes e mercearias)

 

Bactérias espalhadas em restaurantes, 2008:

Más práticas de higiene e de preparo resultaram em alimentos mal cozidos e em contaminação cruzada. Causa: Salmonella Montevideo.

 

Prevenção:

Cozimento completo das carnes e aves; separação entre carnes e aves cruas de outros tipos de alimentos; treinamento e certificação em segurança de alimentos aos gestores de todos os restaurantes.

E

Fabricação

 

Biscoitinhos de manteiga de amendoim (snacks para animais de estimação), 2009:

Contaminação na planta de processamento afetou vários alimentos, que causaram doença em 46 estados. Causa: Salmonella typhimurium

 

Prevenção:

Manter as fábricas num nível adequado de higiene; separação entre alimentos crus e processados; garantir que as medidas tomadas para prevenir ou reduzir a contaminação funcionem corretamente.

B

Preparo e consumo (restaurantes e residências)

 

Empadas, forno de micro-ondas e instruções de cozimento, 2007:

Empadas mal cozidas deixaram pessoas doentes em 35 estados, Porto Rico e Caribe. Causa: Salmonella I, 4, [5],12:i:.

 

Prevenção:

Garantir que as instruções de cozimento e de preparo estejam claras e corretas; utilizar termômetro para medir a temperatura do alimento; assegurar que os fabricantes indiquem nos rótulos a potência a ser utilizada para o preparo do produto em forno de micro-ondas.

F

Distribuição e transporte

 

Contaminação em sorvete, 1994:

Caminhões que haviam carregado ovos crus e posteriormente carregaram sorvete causaram 200 mil casos de doença nacionalmente. Causa: Salmonella enteriditis (SE).

 

Prevenção:

Limpeza e desinfecção dos veículos entre os carregamentos; manter cargas resfriadas e congeladas na temperatura especificada durante a expedição e transporte; rastrear as cargas, a entrega e o armazenamento.

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