5 min leituraO Dia Mundial da Segurança de Alimentos será celebrado em todo mundo amanhã, dia 07/06. Você sabia?
Esta é uma iniciativa da ONU que começou em 2019, com a Resolução 73/250, cujo objetivo é valorizar os profissionais e as práticas seguras na produção e distribuição de alimentos.
A OMS e a FAO, desde então, promovem anualmente o Dia Mundial da Segurança de Alimentos, definindo temas e desenvolvendo materiais com algumas dicas e insights para as empresas adotarem nesta celebração, publicados em website dedicado.
Estes foram os temas tratados até o momento:
2019 Segurança de Alimentos, responsabilidade de todos
2020 Segurança de Alimentos, responsabilidade de todos [novamente]
2021 Alimentos seguros agora para um amanhã saudável
2022 Alimentação segura melhor saúde
2023 Os padrões alimentares salvam vidas
2024 Segurança de Alimentos: Prepare-se para o inesperado
… e neste ano de 2025 o tema é:
Segurança de Alimentos: Ciência em Ação
É um tema bastante oportuno. Nunca é demais lembrar a importância da ciência nas nossas vidas, e em especial para a Segurança dos Alimentos.
Trago abaixo as mensagens chaves do material de apoio, lançado há alguns meses:
- A ciência é fundamental para a segurança dos alimentos
A segurança dos alimentos apoia-se em métodos científicos para identificar, controlar e prevenir riscos ao longo da cadeia alimentar — da produção ao consumo.
Louis Pasteur, no século XIX, revolucionou a segurança de alimentos com a descoberta da pasteurização, um processo que reduz microrganismos patogênicos em alimentos e bebidas, como leite e vinho. Sua contribuição estabeleceu as bases da microbiologia e da segurança de alimentos moderna.
- Se não for seguro, não é alimento
O alimento precisa ser nutritivo e seguro. A presença de agentes nocivos pode gerar danos significativos às pessoas.
Nos anos 1950, a cientista britânica Dr. Alice Catherine Evans comprovou a relação entre leite cru contaminado e a febre ondulante (brucelose), reforçando a importância da pasteurização — algo que hoje consideramos padrão em segurança de alimentos.
· A segurança dos alimentos é responsabilidade de todos
Cada ator na cadeia alimentar — agricultor, transportador, indústria, varejo, autoridade sanitária e consumidor — tem um papel relevante na prevenção de contaminações e surtos alimentares.
O APPCC, amplamente adotado por indústrias alimentícias, é um modelo científico e colaborativo criado por cientistas da NASA no final de década de 1950 para garantir alimentos seguros aos astronautas.
· Não há ciência sem dados
A coleta, análise e interpretação de dados são o alicerce das decisões científicas. Dados confiáveis ajudam a identificar riscos emergentes, mapear surtos e formular políticas eficazes de segurança de alimentos. Instituições como JECFA, JMPR e JEMRA fornecem dados bastante relevantes e atualizados.
Em 2011, nos EUA, um surto de Listeria monocytogenes ligado a melões contaminados causou 33 mortes e mais de 140 hospitalizações. A resposta rápida foi possível graças ao uso de dados epidemiológicos e sequenciamento genético, que permitiram rastrear a origem do surto até uma fazenda no Colorado. Esse caso marcou um avanço no uso de dados genômicos em tempo real para investigação de surtos alimentares.
· Existem muitas disciplinas científicas por trás da segurança de alimentos
A segurança de alimentos é sustentada por diversas ciências. Áreas de estudo como microbiologia e toxicologia ajudam a identificar e controlar agentes patogênicos e contaminantes.
Nos anos 1960, no Reino Unido, milhares de perus morreram após consumir ração contaminada com amendoim. A investigação identificou a presença de uma toxina produzida pelo fungo Aspergillus flavus, batizada de aflatoxina. Essa toxina natural é altamente tóxica e cancerígena, especialmente para o fígado. A descoberta levou à criação de normas globais para o controle de micotoxinas em alimentos e destacou a importância do armazenamento adequado de grãos.
· A educação é fundamental
Ensinar os jovens, promover a pesquisa e educar os consumidores sobre como manter os alimentos seguros contribuirá para uma cultura de segurança de alimentos robusta. O conhecimento popularizado sobre boas práticas reduz riscos de contaminação em casa, no comércio e na indústria.
No início do século XX, surtos de botulismo nos EUA, causados por alimentos enlatados mal processados, levaram a uma crise de segurança de alimentos. A falta de conhecimento sobre esterilização adequada causava contaminações por Clostridium botulinum. A solução envolveu campanhas educativas, lideradas pela extensão rural dos EUA, que ensinaram consumidores e produtores sobre técnicas seguras de processamento, como o uso de panelas de pressão. Essas ações, combinadas com regulamentações mais rígidas, reduziram drasticamente os casos de botulismo, mostrando como a educação e a pesquisa fortalecem a segurança de alimentos.
· Somos todos gestores de riscos
Todos nós fazemos escolhas diárias sobre o que comemos e como manusear os alimentos. Essas decisões são tomadas por indivíduos, famílias, comunidades, empresas e governos. Quando compreendemos os riscos à segurança de alimentos, tomamos decisões mais informadas.
O romance “The Jungle” (1906), de Upton Sinclair, denunciou as condições abusivas e insalubres da indústria da carne em Chicago. Embora o foco do autor fosse social e trabalhista, o público e o governo ficaram chocados com os relatos de carne contaminada, misturas perigosas e práticas anti-higiênicas. A repercussão levou à aprovação da Pure Food and Drug Act e da Meat Inspection Act no mesmo ano, marcando o nascimento da FDA (Food and Drug Administration).
E o que as empresas do segmento alimentício podem tirar disso:
- Implementar programas baseados em evidências para identificar potenciais riscos de contaminação e garantir a segurança no manuseio, processamento, distribuição e armazenamento de alimentos.
- Reforçar as práticas de segurança de alimentos, educando e treinando continuamente os funcionários sobre as práticas mais recentes e os riscos emergentes. Isso garante altos padrões consistentes em toda a cadeia de suprimentos.
- Apoiar os esforços de coleta de dados para facilitar a revisão regular da base científica sobre a qual as práticas e medidas de gestão de riscos são estabelecidas, além de monitorar e supervisionar sua implementação.
E olhando para frente, o que há no horizonte científico para a Segurança de Alimentos?
- Detecção de Salmonella em horas: Pesquisadores da Universidade de Albany desenvolveram um teste em papel que muda de cor para detectar Salmonella em alimentos. Este método é cerca de 20 vezes mais barato que os tradicionais e fornece resultados em poucas horas. [link]
- Biossensores de campo: Cientistas da Universidade de Purdue criaram um biossensor portátil baseado em papel que utiliza a tecnologia LAMP para detectar contaminação fecal em produtos agrícolas com precisão de 90–100%. [link]
- Embalagens autônomas sem bateria: Pesquisadores desenvolveram embalagens inteligentes que monitoram a frescura dos alimentos em tempo real e liberam compostos ativos para prolongar a vida útil, tudo sem necessidade de bateria. [link]
- Microlasers comestíveis: Cientistas criaram microlasers feitos de substâncias comestíveis que podem ser incorporados diretamente nos alimentos para monitorar autenticidade e qualidade, detectando fatores como concentração de açúcar, pH e presença de bactérias. [link]
- Sequenciamento Genômico Total (WGS): A tecnologia WGS permite a identificação precisa de micro-organismos, facilitando a rastreabilidade de surtos alimentares e melhorando a segurança dos alimentos. [link]
- Imagem Hiperspectral: Esta tecnologia utiliza câmeras hiperespectrais para detectar contaminantes em alimentos, como objetos estranhos em carne suína, com alta precisão. [link]
- Nariz eletrônico: Dispositivos que imitam o olfato humano estão sendo desenvolvidos para detectar pragas em grãos armazenados, oferecendo uma solução rápida e não destrutiva para monitoramento de qualidade. [link]
Feliz Dia Mundial da Segurança de Alimentos aos profissionais que se dedicam diariamente a garantir alimentos seguros!
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