Quando pensamos em armadilhas luminosas, muitos de nós ainda associamos esse equipamento apenas a um dispositivo “simples” para capturar insetos. Confesso: até assistir à palestra do engenheiro Marcelo Pereira, eu mesma enxergava a armadilha como “só mais uma armadilha”. No entanto, o conteúdo que ele compartilhou abriu uma nova perspectiva sobre o papel estratégico desse recurso no controle integrado de pragas e na segurança dos alimentos.
Antes de seguir, registro aqui meu agradecimento ao engenheiro Marcelo Pereira, fundador e CEO da Ultralight, por autorizar a transformação de sua apresentação em artigo. Sua longa experiência – mais de 30 anos dedicados ao desenvolvimento e aplicação de armadilhas luminosas, incluindo a criação da primeira armadilha luminosa adesiva brasileira – garante a profundidade e a credibilidade do tema que trago a vocês.
Por que falar de moscas é falar de segurança de alimentos?
As moscas estão entre os principais vetores de risco para a indústria alimentícia. Estudos apontam que uma única mosca pode carregar até 1 milhão de microrganismos e transmitir mais de 300 tipos de bactérias. Ou seja, estamos lidando com um risco direto de contaminação cruzada e de comprometimento da inocuidade dos alimentos.
Esse dado por si só já justifica a adoção de barreiras múltiplas no manejo do problema: medidas higiênico-sanitárias, barreiras físicas, estratégias logísticas, controle químico (quando autorizado) e, de forma destacada, o uso inteligente de armadilhas luminosas.
Armadilha luminosa: de ferramenta passiva a decisão estratégica
Um ponto forte da palestra foi mostrar que a armadilha luminosa não deve ser vista apenas como um dispositivo de captura, mas como ferramenta de monitoramento e tomada de decisão.
A escolha do modelo adequado deve considerar:
- Espécie de inseto (hábitos de voo mais altos, mais baixos, noturnos etc.);
- Tipo de produto manipulado ou fabricado;
- Leiaute e iluminação do ambiente;
- Localização da planta (entornos e acessos).
Existem diferentes tecnologias, com luz direcionada para cima, para baixo, laterais, frente ou frente e trás. Cada uma se destina a realidades específicas: grandes indústrias, corredores estreitos, entradas de fábrica ou áreas de maior movimentação de insumos e pessoas. Escolher o modelo adequado ao ambiente e ao inseto-alvo é o primeiro passo para garantir o bom funcionamento e a efetividade da armadilha no programa de controle de pragas.
Os Dez Mandamentos das armadilhas luminosas
Um destaque foi a menção aos “Dez Mandamentos das armadilhas luminosas”, publicados pela Ultralight.
De forma resumida, esses mandamentos destacam que é preciso:
- Instalar em locais estratégicos, longe de janelas ou portas;
- Evite instalar armadilhas em áreas de circulação de pessoas ou empilhadeiras;
- Manter distância das áreas de manipulação de alimentos;
- Evite instalar armadilhas na direção de correntes de ar;
- Nunca instale próxima de outras fontes de luz;
- Cuide para não instalar a armadilha fora do alcance das pragas-alvo;
- Realizar inspeções e trocas regulares das lâmpadas;
- Realizar inspeções e trocas regulares dos protetores de lâmpadas;
- Realizar inspeções e trocas regulares das placas adesivas;
- Realizar a limpeza periódica das armadilhas.
Essas regras de ouro nos lembram de que não basta adquirir o melhor equipamento – é preciso aplicá-lo de forma correta, planejada e integrada ao programa de segurança de alimentos.
O que fica de reflexão é que o modelo de armadilha luminosa não é único e padronizado, mas deve ser escolhido de acordo com o comportamento do inseto-alvo e as condições específicas do ambiente. A eficácia do controle só é garantida quando se respeitam os Dez Mandamentos das armadilhas luminosas, que orientam o uso seguro e eficiente do equipamento. Assim, a armadilha deixa de ser apenas um recurso para capturar insetos e passa a ser compreendida como uma verdadeira ferramenta de análise e de suporte estratégico à tomada de decisão dentro do programa de controle de pragas.
Se até pouco tempo atrás, para mim uma armadilha luminosa era “apenas uma armadilha”, hoje vejo que ela pode ser um aliado fundamental para fortalecer a segurança de alimentos.
E você, como enxerga o papel das armadilhas luminosas no seu programa de controle de pragas? Deixe seu comentário – vamos enriquecer essa discussão com diferentes visões e experiências práticas.
3 min leituraQuando pensamos em armadilhas luminosas, muitos de nós ainda associamos esse equipamento apenas a um dispositivo “simples” para capturar insetos. Confesso: até assistir à palestra do engenheiro Marcelo Pereira, eu […]