5 min leitura
1

IFS FOCUS DAY 2024: Plano de Segurança da Água – Conformidade e monitoramento da potabilidade – IV

5 min leitura

Hoje dou continuidade à série de posts sobre o evento IFS FOCUS DAY 2024, realizado em São Paulo, em 26 de setembro de 2024. Na ocasião, o Prof. Dr. Romeu Cantusio Neto abordou o Plano de Segurança da Água e destacou a importância de ir além dos requisitos normativos. Como a água muda constantemente suas características, é essencial adotar uma avaliação de risco que abranja desde a qualidade e segurança dos alimentos até a gestão de crises e emergências por escassez hídrica.

1. O papel da água na indústria de alimentos e os riscos associados

Dr. Romeu enfatizou que a água é frequentemente negligenciada na indústria de alimentos, mesmo sendo uma matéria-prima essencial com diferentes fontes de captação e origem. Dados alarmantes demonstram a relevância do tema:

  • 13% da população mundial não tem acesso à água potável.
  • 1,5 milhão de crianças morrem anualmente devido a doenças de transmissão hídrica.
  • No Brasil, apenas 55,8% da população tem acesso a saneamento adequado.

Principais fontes de contaminação da água:

  • Descargas industriais e urbanas: efluentes lançados diretamente em mananciais comprometem a qualidade da água.
  • Patógenos biológicos: protozoários como Cryptosporidium spp. e Giardia spp., além de bactérias resistentes, estão cada vez mais presentes.
  • Resíduos químicos e fármacos: substâncias como microplásticos e resíduos farmacêuticos vêm sendo detectadas em fontes de abastecimento.

 A transmissão de patógenos ocorre por diversas vias, exigindo uma abordagem além dos parâmetros mínimos de qualidade da água e focada na gestão de risco eficiente. Um exemplo crítico são os aerossóis gerados em sistemas de resfriamento, como as torres de resfriamento. A falta de avaliação adequada pode resultar em surtos de Legionella, um microrganismo que forma biofilmes, dificultando seu controle e muitas vezes não sendo considerado no plano HACCP. A prevenção deve priorizar monitoramento contínuo e estratégias eficazes de controle para minimizar os riscos antes que a contaminação ocorra.


2. O Plano de Segurança da Água (PSA) como estratégia preventiva de Gestão de Risco

Diferente das abordagens tradicionais de monitoramento reativo, o PSA propõe um modelo proativo, identificando e priorizando riscos potenciais ao longo de toda a cadeia de abastecimento. O plano se baseia em três pilares fundamentais:

ELIMINAR – reduzir a contaminação durante o tratamento da água.
MINIMIZAR – mitigar a presença de contaminantes na fonte de captação.
PREVENIR – evitar a recontaminação no armazenamento e distribuição.

O controle laboratorial pontual e simples não garante a potabilidade da água, pois não capta suas variações contínuas. A qualidade da água muda constantemente, tornando necessário um monitoramento eficaz em diversos pontos do processo (gestão contínua e estruturada)

A dosagem de cloro é fundamental, mas como garantir sua eficácia ao longo do percurso? O controle na saída e pós-cloração é comum, mas e o meio do trajeto? A formação de biofilmes pode passar despercebida, aumentando riscos.

Tratar a água apenas com base na Portaria 888 é o mínimo exigido, mas não é suficiente. O PSA deve ser continuamente aprimorado para garantir segurança e conformidade.

Outro ponto crítico é a falta de tempo de contato adequado do cloro, comprometendo sua eficácia e não garantindo a desinfecção completa (conforme descrito no Anexo da Portaria 888/2021). Na indústria, além da caixa d’água, existem ramificações nas linhas de distribuição, sendo que algumas puxam mais água do que outras. Como garantir que, nas linhas de menor vazão, a água não ficou estagnada e perdeu sua qualidade? E, nas linhas de maior vazão, como assegurar que o tempo de permanência do cloro foi suficiente para uma desinfecção eficaz?

Além disso, diferentes usos da água exigem níveis específicos de preservação – como o consumo humano e a higienização das mãos, especialmente em locais críticos.

Outro fator importante é que o risco da água nem sempre está dentro do sistema, mas também fora dele. Por isso, é essencial uma gestão eficiente da bacia hidrográfica:

Qual a origem da sua água?

Como está o lençol freático do seu poço?

Sua localização geográfica influencia na qualidade do recurso hídrico utilizado?


3. Identificação e classificação de riscos na indústria de alimentos

O controle da qualidade da água na indústria de alimentos deve seguir uma metodologia rigorosa de avaliação de riscos, semelhante à aplicada no APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle). O PSA utiliza um sistema de classificação de riscos baseado em critérios de impacto à saúde pública, sendo um plano de fundo para gestão de risco.

O Brasil, por ser um país de grande extensão territorial, apresenta diferentes condições hidrogeológicas. Cada indústria, localidade e cidade tem suas peculiaridades  e características quanto às fontes de abastecimento. Nós estamos vivendo processo crítico pois temos muito pouca água disponível e potável, e a água que temos, muitas vezes pode estar contaminada por substâncias tóxicas ou organismos patogênicos.

Além da escassez, a qualidade da água também está ameaçada pela presença de contaminantes microbiológicos, resíduos de fármacos, hormônios e microplásticos, que os sistemas convencionais nem sempre conseguem remover.

Diante desse cenário, torna-se essencial a implementação de planos de contingência para emergências de falta de água, considerando fontes alternativas.

Dr. Romeu mencionou a impossibilidade atual de se elaborar uma matriz de risco quantitativa, sendo mais apropriada a matriz qualitativa, com base em guias como o do PAS (Plano de Segurança da Água) e da WHO (World Health Organization) que contempla exemplos práticos e passo a passo para elaboração da gestão de  risco da água.

Fonte: Manual do plano de segurança da água: gestão de riscos passo a passo para fornecedores de água potável

 


4. O impacto das mudanças climáticas na segurança hídrica e a responsabilidade da indústria

As mudanças climáticas agravam a escassez de água potável, intensificando a concorrência pelo recurso. Um exemplo recente ocorreu no Espírito Santo, onde a vazão do Rio Cricaré diminuiu tanto que, em vez de o rio desaguar no mar, a água salgada está invadindo o rio. O aumento da salinidade forçou a interrupção da captação, comprometendo o abastecimento da população.

A legislação atual estabelece parâmetros mínimos de qualidade da água e seu cumprimento e entendimento é básico, para avançar e aprofundar a gestão de riscos das fontes de captação. Para garantir segurança hídrica, é essencial conhecer a origem da água utilizada.

Além disso, a responsabilidade pela gestão sustentável da água também passa pela indústria, que deve estar alinhada ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6 da ONU – que visa assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água.

Além disso, a indústria também deve estar alinhada ao ODS 17 da ONU, que visa fortalecer parcerias globais para assegurar a disponibilidade e qualidade da água e saneamento. Um bom ponto de partida é a indústria monitorar rigorosamente os efluentes que libera no meio ambiente e isso engloba o enquadramento desses efluentes. Essa responsabilidade vai além do cumprimento legal, exigindo uma abordagem proativa para minimizar impactos e contribuir para a preservação dos recursos hídricos.


5. Regulamentações e conformidade: um desafio para a indústria

A implementação do PSA no Brasil é respaldada por diversas regulamentações, incluindo:

– Portaria GM/MS Nº 888/2021: Estabelece padrões de potabilidade da água.

– Resolução CONAMA 357/2005: Define critérios para lançamento de efluentes.

– Resolução SS 195/2024: Exige acreditação de laboratórios para controle de qualidade da água.

5 min leituraHoje dou continuidade à série de posts sobre o evento IFS FOCUS DAY 2024, realizado em São Paulo, em 26 de setembro de 2024. Na ocasião, o Prof. Dr. Romeu […]

4 min leitura
2

Controle de moscas: a melhor saída está na entrada

4 min leitura

É possível ter um ambiente livre desse inseto?

Leia o artigo até o final

Quarta-feira, 13:51 – Profissional de Qualidade de uma indústria de laticínios desabafa com seu time, tendo xícara de café nas mãos:

“Lá vem esse pessoal do controle de pragas insistir de novo que não dá pra controlar moscas sem fechar todas as portas! Cansei de ouvir isso. Precisa ter outra saída para o controle de moscas. Lógico que minha vontade era isolar o prédio todo. Portas herméticas e pressão positiva até no almoxarifado. Sem limite de custos! Eu quero é paz, nem que seja com aquela raquetinha de choque… ”

Enquanto a cabeça ferve em pensamentos sobre algum método para manejo com resultados melhores, o café esfria e a Diptera, Muscidae permanece na borda da xícara, senhora da situação.

Essa sensação de improdutividade afeta gestores de qualidade, donos de restaurantes, equipes de produção, meio ambiente e saúde pública, todos impactados pela presença indesejada das moscas.

Ambientes bem isolados são menos afetados por essas invasões, que se intensificam em períodos quentes e úmidos, quando as condições favorecem sua proliferação, mas…

PARA VENCER O INIMIGO, É PRECISO CONHECÊ-LO

Moscas incluem milhares de espécies, muitas com hábitos silvestres, equilibradas no ecossistema como decompositoras e polinizadoras. Essas são aliadas. Pode guardar o spray aí!

Moscas têm sido percebidas como pragas urbanas desde meados do século XIX, quando associadas à transmissão de patógenos. Além de aborrecer quem está por perto, também carregam microrganismos patogênicos que são depositados nos alimentos saudáveis e bem preservados, bem como nas matérias orgânicas putrefatas. Tudo isso no mesmo voo de lá para cá, com pausas na borda da xícara de café.

Moscas são atraídas por aromas, tanto de alimentos quanto de dejetos, especialmente quando dispersos por correntes de ar, sendo detectados de longe, mesmo em ambientes limpos. Proliferam o ano todo, mas o calor e a umidade das primeiras chuvas da primavera intensificam sua presença, causando altas infestações em algumas regiões entre setembro e dezembro.

Em instalações onde a umidade e aroma sempre são elevados, como granjas, frigoríficos, laticínios, ou instalações industriais com estratégia de limpeza úmida frequente, a percepção da praga é constante, embora acentuada no período mais quente e úmido.

ESCOLHA AS ARMAS PARA ESSA GUERRA

O controle físico, como cortinas de ar, portas automáticas, pressão positiva e telas, é altamente eficaz contra insetos voadores e deve ser prioridade. Afinal, quando menos exposto o ambiente, menor o risco de invasão dessa praga.

Armadilhas luminosas, bem instaladas, limitam o deslocamento interno de insetos. Já as armadilhas biológicas, usadas no perímetro externo, impactam na expressiva contenção dos insetos antes de chegarem a áreas sensíveis.

A higienização com sanitizantes adequados reduz a atratividade, mas muitos usam apenas água e detergentes simples, que remove resíduos visíveis, mas ainda deixa componentes atrativos no ambiente. O melhor é adotar sanitizantes dimensionados ao resíduo e superfície de cada ambiente. A nossa “amiga” na xícara de café agradece.

UM TIRO NO PÉ

O uso de inseticidas pode ter um efeito bastante eficaz sobre contenção das moscas, desde que usados adequadamente. Entretanto, percebemos com frequência em instalações industriais afetadas por moscas, o emprego insistente de formulações, que embora estejam registradas no Ministério da Saúde ou Agricultura como eficientes para o controle, têm um efeito predominantemente repelente, deslocando o pouso para locais não tratados. Isso é um “tiro no pé” que, para piorar, ainda produz subdosagens que potencializam o desenvolvimento de mecanismos de resistência aos inseticidas.

Nesse aspecto, a empresa controladora de pragas precisa se manter atualizada, pois atualmente existem dezenas de formulações com baixa repelência, prolongado efeito residual e dimensionadas com alta especificidade para controle de moscas. Em resumo: empresas controladoras enfrentando esse desafio, usando as mesmas ferramentas da contenção de formigas ou pernilongos, chega a ser desconcertante.

VENÇA A GUERRA ATACANDO TODAS AS FRENTES SIMULTANEAMENTE!

Recentemente, durante inspeção para diagnóstico em instalações frigoríficas, petfood e armazenamento de grãos muito impactadas por moscas, pudemos confirmar que após poucos dias com emprego de formulações mosquicidas específicas, houve um evidente alívio na pressão populacional.

Eles não foram simplistas. Usaram tudo, de uma vez, no período mais crítico, conscientizando as pessoas que a empresa estava “em guerra”, além de manter as portas fechadas, revisar a atratividade das armadilhas luminosas e empregar praguicidas melhor dimensionados.

Ou seja, o desejo da nossa Controladora de Qualidade do início do texto é possível e não precisamos estourar o orçamento para isso. Porque só quem já usou aquela raquete elétrica “fritando” uma Diptera, Muscidae insolente que estava na borda da xícara, sabe o prazer que é abater esse tipo de inimigo.

O portal Food Safety Brazil tem apontado estratégias para contenção de moscas com frequência. Acesse os links 1, 2, 3, 4 para mais informações. Além disso compartilhamos aqui (a, b, c, d) artigos e publicações de imprensa relatando surtos de diarreia em algumas cidades relacionados a moscas e qual protocolo recomendado. Clique para saber mais sobre a vigilância epidemiológica.

Para saber mais sobre os protocolos e praguicidas utilizados nas instalações frigoríficas e petfood, entre em contato conosco pelo nosso canal de mensagens. Teremos alegria em compartilhar.

Todas as imagens geradas por IA

4 min leituraÉ possível ter um ambiente livre desse inseto? Leia o artigo até o final Quarta-feira, 13:51 – Profissional de Qualidade de uma indústria de laticínios desabafa com seu time, tendo […]

2 min leitura
0

Manual de Boas Práticas na Criação de Animais de Estimação focado em segurança de alimentos

2 min leitura

Para apaixonados por pets como eu, vale a leitura deste manual. Ele é completo e contém orientações detalhadas sobre cuidados na criação de animais de estimação com foco em segurança de alimentos. É um material ideal para quem deseja oferecer o melhor cuidado possível aos meus e aos seus animais de estimação. Acesse-o aqui.

Principais pontos abordados no manual:

  1. Alojamento: Proporcionar uma estrutura segura, confortável e higienizada para os animais de estimação, seja em casa, em pet shops ou criadouros.
  2. Nutrição: Cuidados alimentares, ajustados conforme as fases de vida dos pets (filhotes, adultos e idosos), com uma alimentação balanceada e adequada.
  3. Sanidade: Realizar vermifugação e imunização periódica para prevenir doenças e assegurar a saúde dos pets.
  4. Higienização: Manter os alojamentos e equipamentos sempre limpos, utilizando técnicas corretas de desinfecção.
  5. Bem-estar: Proporcionar qualidade de vida aos pets através de enriquecimento ambiental, exercícios físicos e cuidados comportamentais.
  6. Reprodução: Práticas de reprodução responsável, evitando a superpopulação e garantindo a saúde dos animais.
  7. Adaptação e socialização: Processos de socialização para uma convivência harmoniosa com humanos (tutores) e outros animais.
  8. Transporte: Métodos regulamentados e seguros para o transporte dos pets, garantindo seu bem-estar durante o trajeto.

Para os meus “amigos (ou “filhos”) de quatro patas” pensei em abordar a segurança do alimento (e até alimentar), para garantir que eles recebam nutrição de qualidade e livre de contaminações, tais como:

      a)   Escolha fabricantes confiáveis: Certifique-se de que a empresa emprega nutricionistas qualificados e que seus produtos atendam às diretrizes nutricionais estabelecidas por organizações como a Associação Americana de Hospitais Veterinários (AAHA) e a Associação Mundial de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (WSAVA). Escolha marcas cujas empresas possuam certificações de qualidade e segurança de alimentos para este escopo.

b)      Boas Práticas de Fabricação: Verifique se o fabricante segue as Boas Práticas de Fabricação (BPF), que abrangem desde o controle de qualidade das matérias-primas até a higienização adequada das instalações.

c)      Inspeção e regulação: Produtos devem ser inspecionados e registrados conforme as diretrizes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que regulamenta as condições higiênico-sanitárias e de boas práticas.

d)      Armazenamento adequado: Armazene os alimentos em locais frescos, secos e livres de umidade para evitar contaminações por fungos e outras substâncias nocivas.

e)      Manipulação segura: Lave bem as mãos antes e depois de manusear os alimentos dos pets, e evite que crianças tenham contato direto com a comida dos animais para prevenir infecções e talvez reações alérgicas, provocadas por algum ingrediente do alimento para os pets.

f)        Atenção a recalls: Fique atento a recalls destes alimentos, que podem fazer parte do monitoramento contínuo de segurança.

g)       Evite alimentos humanos: Muitos alimentos que consumimos podem ser prejudiciais para os pets, como chocolate, cebola, alho, uvas, entre outros. Evite dar restos de comida humana ao seu pet.

h)      Alimentação natural: Se optar por fornecer uma dieta baseada em alimentos naturais, consulte um veterinário ou nutricionista especializado para garantir que a dieta seja balanceada e segura.

Com estas práticas de criação de animais, espero que os nossos pets tenham uma alimentação saudável e segura, contribuindo para o bem-estar e a longevidade deles, afinal para eles somos únicos.

Imagem: Mart Production

2 min leituraPara apaixonados por pets como eu, vale a leitura deste manual. Ele é completo e contém orientações detalhadas sobre cuidados na criação de animais de estimação com foco em segurança […]

3 min leitura
0

O desafio de construir uma cultura de segurança de alimentos na América Latina

3 min leitura

Garantir a segurança de alimentos na América Latina é, sem dúvida, um grande desafio. A região destaca-se pela sua riqueza e diversidade extraordinárias, tanto na produtividade — sejam carnes, cereais, frutas, hortaliças, pescados ou frutos do mar — quanto nos desafios significativos relacionados à educação e ao compromisso empresarial para melhorar a cultura de segurança de alimentos. Para isso, é necessário um esforço coletivo.

No último encontro da Global Food Safety Initiative (GFSI) em Singapura, com o tema “Alimentos seguros para todos”, foram discutidos alguns dos desafios globais nessa área.

A FAO, em seu evento de 2024 em Georgetown, Guiana, destacou como prioridade número um “Melhorar a Produção”, focando em garantir modelos sustentáveis por meio de cadeias de suprimentos e valor eficientes e inclusivas. Esse esforço busca assegurar a resiliência e a sustentabilidade dos sistemas alimentares em um contexto de mudanças climáticas e ambientais, reforçando a importância de melhorar a cultura de segurança de alimentos.

No livro destaca-se que:
“A cultura de segurança de alimentos não se trata de sistemas ou processos, mas de pessoas”.

Estatísticas e certificações que lideram a transformação

No relatório Overall Rankings Table da GFSI de 2022, que avalia segurança e qualidade alimentar em uma escala máxima de 100%, alguns países latino-americanos se destacaram:

  • Costa Rica: 18º lugar
  • Chile: 25º lugar
  • Peru: 37º lugar
  • Panamá: 40º lugar
  • México: 43º lugar
  • Equador: 48º lugar
  • Bolívia: 52º lugar
  • Argentina: 54º lugar

Em termos de volume de certificações, Brasil, México e Chile lideram, apoiados por fatores como densidade populacional e tamanho das empresas.

Certificações como FSSC 22000, BRCGS, IFS e ISO 22000, em conjunto com a GFSI, desempenham um papel crucial ao promover uma filosofia baseada em três pilares:

  • Compromisso transversal
  • Capacitação contínua
  • Melhoria contínua

Essas certificações fortalecem a confiança do consumidor e aumentam a competitividade das empresas no mercado global.

Construindo uma cultura de segurança de alimentos na América Latina

A cultura de segurança de alimentos não se constrói da noite para o dia. Ela depende de fatores internos e externos e exige um compromisso real de todos os envolvidos: diretores, gerentes, supervisores, operadores e colaboradores.

Sete passos para construir essa cultura

  1. Compromisso da liderança: Integre a segurança de alimentos na missão e visão organizacional, garantindo que todos abracem esse compromisso.
  2. Políticas e objetivos claros: Defina estratégias específicas e mensuráveis, alinhadas às regulamentações, utilizando linguagem clara e consistente.
  3. Sensibilização e capacitação contínua: Escute ativamente, promova o aprendizado e capacite em boas práticas de segurança de alimentos.
  4. Comunicação eficaz: Estabeleça canais bidirecionais para informar e coletar feedback, estimulando a integração nos processos e a delegação de responsabilidades.
  5. Medição e ajustes contínuos: Use KPIs e auditorias regulares para monitorar o desempenho e guiar melhorias.
  6. Reconhecimento de boas práticas: Motive os colaboradores com programas de reconhecimento que fortaleçam a autoestima e a confiança.
  7. Melhoria contínua: Reforce a ideia de que a segurança de alimentos é um processo em constante evolução.

Construir uma cultura de segurança de alimentos na América Latina é desafiador, mas possível. Depende do compromisso coletivo e da adoção de metodologias globais.

A segurança de alimentos não é apenas uma meta, mas um caminho para a excelência operacional e a confiança do consumidor.

Claudio Riquelme Jorquera é engenheiro de Segurança do Trabalho e Meio Ambiente, auditor líder em Sistemas de Gestão de Qualidade – Black Belt (Kaizen) PMI e especialista em Melhoria Contínua (www.cibica.org)

Imagem: Anna Shvets

3 min leituraGarantir a segurança de alimentos na América Latina é, sem dúvida, um grande desafio. A região destaca-se pela sua riqueza e diversidade extraordinárias, tanto na produtividade — sejam carnes, cereais, […]

3 min leitura
0

Como o Janeiro Branco pode impactar positivamente a segurança de alimentos

3 min leitura

A campanha Janeiro Branco é um movimento nacional que busca conscientizar a população sobre a importância da saúde mental. Reconhecida oficialmente como lei federal desde 2023 (Lei 14.556/23), a campanha tornou-se um marco no calendário brasileiro. O tema deste ano, “O que fazer pela saúde mental agora e sempre?”, propõe estimular indivíduos, famílias, empresas e instituições públicas e privadas a priorizarem ações concretas em prol do bem-estar mental coletivo.

A escolha do primeiro mês do ano reflete o simbolismo de recomeço, enquanto a cor branca representa uma folha de papel ou uma tela em branco, simbolizando a oportunidade de escrever novas histórias, desejos e sonhos. Essa analogia inspira reflexões e decisões voltadas à construção de um futuro mais saudável emocionalmente para todos.

Quando consideramos o contexto de Food Defense, a conexão está em como a saúde mental dos colaboradores impacta diretamente a segurança intencional da cadeia de alimentos. Vamos explorar essa relação:

Valorização da saúde mental para prevenir riscos internos

  •  A proposta do Janeiro Branco incentiva as organizações a priorizarem a saúde mental dos colaboradores. Isso é crucial para Food Defense, pois funcionários emocionalmente equilibrados têm menor probabilidade de cometer atos intencionais ou negligentes que coloquem a segurança dos alimentos em risco.
  • Colaboradores que se sentem reconhecidos e apoiados têm maior engajamento e senso de responsabilidade, reduzindo vulnerabilidades internas.

Criação de um ambiente psicologicamente seguro

  • A campanha destaca a importância de um ambiente de trabalho saudável, onde os colaboradores possam expressar preocupações ou desconfortos.
  • Um ambiente psicologicamente seguro é essencial em Food Defense, pois estimula a comunicação aberta sobre possíveis vulnerabilidades ou suspeitas de atos mal-intencionados, criando uma cultura de segurança.

Prevenção de atos de sabotagem ou negligência

  • Uma das preocupações em Food Defense é o risco de sabotagem por parte de pessoas insatisfeitas ou mentalmente fragilizadas.
  • O Janeiro Branco pode ajudar a empresa a identificar e tratar problemas emocionais que, se ignorados, poderiam levar a comportamentos prejudiciais.

Fortalecimento da cultura organizacional

  • Janeiro Branco promove o diálogo sobre saúde mental, fortalecendo a cultura organizacional.
  • Uma cultura organizacional forte e integrada está diretamente ligada ao sucesso de Food Defense, pois equipes coesas e saudáveis trabalham melhor para proteger os alimentos contra ameaças intencionais.

Redução do estresse e aumento da vigilância

  • O estresse pode prejudicar a atenção e a capacidade de seguir protocolos, elementos essenciais para a segurança dos alimentos.
  • Iniciativas do Janeiro Branco, como palestras, atividades de relaxamento e programas de apoio psicológico, ajudam os colaboradores a manterem o foco e a vigilância necessária para identificar riscos em Food Defense.

E como aliar Janeiro Branco ao Food Defense?

  • Campanhas integradas: Realizar ações que unam os temas, como palestras sobre saúde mental e sua relação com a segurança dos alimentos.
  • Capacitação emocional: Oferecer treinamentos para ajudar os colaboradores a lidar com o estresse e reforçar a importância da vigilância.
  • Monitoramento contínuo: Implementar políticas de saúde mental no ambiente de trabalho que também contribuam para o fortalecimento das estratégias de Food Defense.
  • Incentivo à comunicação aberta: Criar canais seguros para que os colaboradores possam reportar problemas emocionais ou vulnerabilidades na segurança dos alimentos.

Ao unir os princípios do Janeiro Branco com os objetivos de Food Defense, as empresas podem criar um ambiente mais saudável, seguro e comprometido com a proteção da cadeia alimentar, promovendo tanto o bem-estar humano quanto a segurança do consumidor.

Por Kendra Rothbrust de Lima

Imagem: Julia Avamotive

3 min leituraA campanha Janeiro Branco é um movimento nacional que busca conscientizar a população sobre a importância da saúde mental. Reconhecida oficialmente como lei federal desde 2023 (Lei 14.556/23), a campanha […]

3 min leitura
1

O que perdas e desperdícios de alimentos têm a ver com a segurança de alimentos?

3 min leitura

Vamos diretamente para as respostas a esta brilhante questão sobre perdas e desperdícios levantada pela ONU, com contribuições de protocolos de certificações reconhecidas pela GFSI:

  1. Normas e regulações: Diversos países mantêm normas rigorosas para a segurança de alimentos, que podem ser comprometidas com altas taxas de perdas e desperdícios. O esforço para minimizar essas perdas pode contribuir para a manutenção de padrões adequados de segurança. E, nesta linha, o esquema FSSC 22.000 v.6 tem um requisito adicional auditável (2.5.16), que conecta uma visão mais sustentável com a responsabilidade social contra fome global.
  2. Qualidade do alimento: Quando alimentos são perdidos ou desperdiçados, muitas vezes eles passam por condições inadequadas de armazenamento e manuseio. Isso pode levar ao crescimento de microrganismos, comprometendo a qualidade e a segurança dos alimentos restantes.
  3. Riscos de contaminação: Alimentos não consumidos que ficam por muito tempo expostos podem atrair pragas e insetos, que são vetores de doenças. A presença dessas pragas pode contaminar não apenas os alimentos descartados, mas também outros produtos próximos.

E há mais razões:

Na produção e colheita

  1. Falta de higiene: Instrumentos e equipamentos não higienizados podem transferir microrganismos para os alimentos.
  2. Uso de água contaminada: Água contaminada utilizada para irrigação ou lavagem pode introduzir patógenos nos alimentos.

No transporte e armazenamento

  1. Temperaturas inadequadas: Quando alimentos não são mantidos em temperaturas apropriadas, microrganismos podem se multiplicar rapidamente.
  2. Contaminação cruzada: Durante o transporte, alimentos crus podem entrar em contato com alimentos prontos para consumo, levando à contaminação cruzada.

Na distribuição e varejo

  1. Exposição ao ambiente: Alimentos expostos podem entrar em contato com pragas como roedores e insetos, que são vetores de doenças.
  2. Manejo impróprio: Funcionários que não seguem práticas de higiene adequadas podem contaminar alimentos ao manuseá-los.

Na casa do consumidor

  1. Armazenamento inadequado: Não armazenar alimentos nas condições corretas pode levar ao crescimento de patógenos.
  2. Descarte impróprio: Alimentos que não são consumidos e são deixados em ambientes inadequados podem apodrecer e contaminar outros alimentos e outras áreas.
  3. Produtos alimentícios apodrecendo:Alimentos que entram em estado de decomposição podem liberar gases e líquidos que não só são perigosos para a saúde, mas também podem contaminar superfícies e outros alimentos próximos.

Manter a cadeia de alimentos limpa e eficiente é essencial para reduzir esses riscos e garantir um suprimento de alimentos mais seguro.

Recursos ineficientes: Perdas e desperdícios de alimentos significam que recursos importantes, como água, energia e trabalho, foram usados ineficientemente. Isso pode provocar dificuldades em outras áreas da produção de alimentos, afetando a segurança geral.

Produção e logística: Na tentativa de compensar as perdas, pode haver um aumento na produção que não leva em consideração as boas práticas de manuseio. O transporte e armazenamento adicionais também podem criar mais oportunidades para a contaminação.

Reduzir perdas e desperdícios não só contribui para uma cadeia alimentar mais eficiente, mas também aumenta a segurança geral dos alimentos que consumimos, por isto vale a pena investir em novas tecnologias e equipamentos para redução de perdas e educar para evitar desperdícios de alimentos, começando por campanhas governamentais, inclusive.

Deixo aqui algumas reflexões válidas sobre o tema:

– Não estamos sendo rigorosos demais com certos processos e parâmetros de produtos?

– Segurança sensorial é tão inegociável quanto a segurança dos alimentos quanto aos perigos e contaminantes?

– Como o design de produtos e das embalagens pode prevenir perdas e desperdícios?

– Órgãos reguladores favorecem o processo de aproveitamento de perdas geradas, como doações para consumos humanos e de animais?

– Produtos fora de validade (vencidos) são inseguros até que ponto para o consumo?

– Salvo poucas startups, como estão as plataformas digitais, via aplicativos, que conectam consumidores aos alimentos excedentes, com vendas mais baratas, mas nutricionalmente corretas?

– Temos criado indicadores como estes a seguir para medir PDA?

– Temos tecnologias como software de gestão de estoques e aplicativos para coleta de dados de descarte?

– Estamos fazendo avaliações comparativas entre fornecedores e operações similares (benchmarking)?

Conte-nos como a sua empresa está fazendo para atender este ODS e requisito normativo do esquema FSSC 22.000. Boas ideias são sempre agregadoras neste contexto.

Imagem em destaque: 17 ODS da ONU para 2030 com foco em 5 ODS

3 min leituraVamos diretamente para as respostas a esta brilhante questão sobre perdas e desperdícios levantada pela ONU, com contribuições de protocolos de certificações reconhecidas pela GFSI: Normas e regulações: Diversos países […]

2 min leitura
2

Fluidos menstruais: uma preocupação para a segurança dos alimentos?

2 min leitura

Um gestor da qualidade de uma fábrica de beneficiamento de castanha de caju em uma cidade nordestina contou-me uma história do início de sua carreira. Ele encontrara, na região, como esperado, mão de obra intensiva, predominantemente feminina e manual. Logo de cara teve que enfrentar um hábito assustador: certas funcionárias em período menstrual deixavam um rastro de seus fluidos menstruais nas paredes e portas do banheiro.

Isso muito dizia sobre a cultura, tanto da empresa, quando da comunidade que ali vivia. Na época o relato me chocou, mas é uma história que já tem mais de 20 anos. Porém, um novo “causo” que escutei recentemente me trouxe um novo olhar sobre o tema.

Nesta nova situação, houve uma contaminação microbiológica em ovos de Páscoa. Para quem conhece o processo, ele também é bastante manual, sobretudo nas etapas finais. Analisada a causa raiz, constatou-se falha de higienização de mãos de uma funcionária do envase no período de sangramento.

Resolvi então elaborar um material educativo que deve ajudar os gestores e tomadores de decisão que não menstruam a enxergarem um ponto crucial e talvez pouco comentado, por ser um tabu em pleno 2025: a higiene íntima da mulher no trabalho.

Claro que também serve às decisoras que menstruam, pois apesar de saberem muito bem como temos que gerenciar a questão, é fato que poucas empresas têm ducha higiênica ou outros recursos para favorecer as boas práticas de manipulação de alimentos, aqui consideradas no conjunto “asseio pessoal e higiene das mãos”.

Importância da ducha higiênica para as funcionárias

Hoje são três os métodos mais adotados para gerenciar os fluidos. Essa situação é enfrentada mais ou menos da seguinte forma, todos os meses, quando não há ducha higiênica dentro da cabine do banheiro:

Assim, podemos ver que mesmo para quem toma cuidado, há desafios naturais para se evitar a contaminação cruzada de maçanetas e portas do banheiro, assim como de torneiras (acionadas por toque manual) e do entorno da pia. Uma mulher saudável a priori não teria carga patogênica em seus fluidos menstruais, mas na eventualidade de ser portadora ou doente, seria uma bomba para o processo. E independentemente disso, os fluidos são um ótimo meio de cultura para qualquer outra bactéria que cruzar o caminho.

Todos os métodos requerem trocas frequentes, especialmente no pico do ciclo.  Em alguns casos, estamos falando a cada duas horas. Portanto, o risco de contaminação das mãos e do entorno do banheiro e até da área de processo pode ser de algumas vezes em um turno. Recursos como ducha higiênica e sabão ajudariam a prevenir o espalhamento destes fluidos. Claro que este item, em especial a manopla do chuveirinho, teria que entrar no cronograma diário de higienização do banheiro e a equipe de limpeza deve ser devidamente treinada.

Pequenas ações

Procurei por casos vinculando oficialmente fluidos menstruais à contaminação de alimentos. Não encontrei e também não vi recomendações específicas de boas práticas explícitas sobre o tema. Em meu ponto de vista, porém, este não é um tópico que deva ser menosprezado na educação dos manipuladores de alimentos.

Que tal começar com uma ação simples de comunicação no banheiro:

“Está naqueles dias? Capriche na lavagem das mãos”.

2 min leituraUm gestor da qualidade de uma fábrica de beneficiamento de castanha de caju em uma cidade nordestina contou-me uma história do início de sua carreira. Ele encontrara, na região, como […]

2 min leitura
0

Cultura & Gestão de equipamentos na indústria de alimentos

2 min leitura

Nesse momento de implantação do requisito de gestão de equipamentos, algumas frases que tenho ouvido têm relação com cultura de segurança de alimentos:

“Aqui é diferente, as linhas não são sanitárias”.

“Nosso padrão são equipamentos italianos ou franceses, definidos pelo time global, mas não atendem esses princípios.”

“Produzimos alimentos há muitos anos, nunca precisamos nos preocupar com esses requisitos de design higiênico.”

“Nosso global de engenharia não conversa com o global de qualidade.”

“Recebemos uma não conformidade por causas de uma solda antiga e grossa, refeita pela manutenção. Não é um absurdo?”

“Nossa linha nova foi comprada no ano passado, mas não atende aos requisitos de projeto sanitário. E agora, o que fazemos?

Os comentários acima são apenas alguns exemplos de problemas reais de empresas e gestores para se adequar ao novo requisito de “Gestão de equipamentos” relacionado à gestão de projetos.  Há resistência de algumas pessoas em entender que isso não é modismo, e sim uma necessidade.

Por exemplo: alguns equipamentos que geravam contaminações físicas com partículas metálicas ou químicas precisam de adequação nos processos e materiais.

Importante observar que não se trata apenas do requisito em si, mas de mudança de cultura de Segurança de Alimentos em várias empresas.

No passado não era raro observar empresas com certificação em normas de segurança de alimentos que tinham problemas de contaminações dos seus produtos. Por isso as normas de segurança de alimentos entenderam a necessidade de incluir o requisito de Gestão de Equipamentos.

Na prática, precisamos de uma mudança cultural tanto nos fabricantes de alimentos e bebidas que querem a certificação como dos fabricantes de equipamentos.

Os benefícios são inúmeros:

  • produção de alimentos mais seguros
  • aumento de produtividade, pela facilidade de limpeza
  • aumento da vida útil dos equipamentos por uso de materiais compatíveis
  • redução de custos das limpezas
  • menos problemas com biofilmes.

Mudança e desconforto

Naturalmente há um período de transição que gera desconforto em algumas pessoas e empresas.

Esse desconforto pode ser gerado por alguns motivos:

  • Falta de conhecimento em relação aos requisitos de projeto sanitário e design higiênico
  • Necessidade de análise do impacto e riscos da compra de equipamentos em relação à segurança de alimentos
  • Mudança e revisão de padrões de equipamentos. Nem sempre equipamentos importados atendem requisitos de projeto sanitário/ design higiênico
  • Trabalho em equipe multidisciplinar: engenharia, qualidade, produção e manutenção, para que realmente seja analisado o impacto das mudanças.

Dessa forma, as áreas  de engenharia também precisam estar engajadas nos temas relacionados á Cultura de Segurança de Alimentos, realizando:

  • Análise crítica das instalações
  • Revisão de padrões de equipamentos
  • Entendimento e adequação ao nível de qualidade exigido de serviços.

E a questão também impacta a área de manutenção, quando se trata de projetos de melhoria e também reparos de soldas.

Muitas vezes esses reparos eram feitos por pessoas não capacitadas em solda sanitária, resolvendo o problema de vazamento, mas gerando pontos difíceis de limpar e que possibilitavam a formação de biofilmes.

Não podemos mais aceitar reparos de pessoas sem qualificação ou que usam técnicas de “Engenharia Improvisacional”.

Resumindo, as empresas que tiverem a cultura de segurança de alimentos mais consolidada terão mais facilidade de implementar o requisito Gestão de equipamentos e também obter seus benefícios.

Leia também:

Gestão de equipamentos e projeto sanitário na FSSC 22000 6.0

Guia do EHEDG traduzido orienta como implementar requisitos do GFSI para gestão de projeto sanitário

Imagem: Pixabay

2 min leituraNesse momento de implantação do requisito de gestão de equipamentos, algumas frases que tenho ouvido têm relação com cultura de segurança de alimentos: “Aqui é diferente, as linhas não são […]

2 min leitura
0

GFSI publica Requisitos de Benchmarking versão 2024

2 min leitura

O GFSI publicou, em dezembro de 2024, os Requisitos de Benchmarking (Benchmarking Requirements – BMRs) versão 2024.

Você pode acessar os requisitos completos diretamente no site do GFSI.

Se quiser entender mais sobre o papel do GFSI nos protocolos de certificação, o post “Você sabe qual é o papel da GFSI?” e este resumo do próprio GFSI podem ajudar.

Processo de revisão

O processo de revisão foi iniciado em outubro de 2022, através do GFSI’s Technical Subcommittee.

O desenvolvimento dos BMR v2024 foi realizado durante o primeiro semestre de 2024, pelo GFSI’s Benchmarking and Harmonisation Working Group, grupo composto por empresas do varejo, manufatura e serviços de alimentação, organismos de certificação e detentores de esquemas de certificação (Certification Programme Owners – CPO).

De julho a setembro de 2024 o trabalho foi submetido a consulta pública. Os mais de 2.500 comentários foram analisados e incluídos na BMR v2024. É possível ler os resultados da consulta pública de forma consolidada ou na íntegra.

Principais mudanças nos BMR v2024

O GFSI publicou um documento onde relaciona as mudanças chave dos BMR v2024 em relação à v2021.1. As principais razões para a nova versão são:

  • Harmonização global: alinhamento dos BMR com as novas versões do Codex General Principles of Food Hygiene e ISO 22003
  • Processo de Benchmarking simplificado: otimização do processo de benchmarking para melhor eficiência e eficácia, clarificando e simplificando critérios, prazos e processos
  • Priorização da cultura de segurança dos alimentos: tema foi mais claramente incluído nos programas de gestão
  • Processos personalizados para organizações multi-site: requisitos mais claros para certificação de organizações multi-site

Impacto para as certificadoras e organizações

A partir de 06 de janeiro de 2025, os CPO podem buscar reconhecimento em relação aos BMR v2024. Programas atualmente reconhecidos na v2020.1 podem solicitar reconhecimento à nova versão a qualquer momento dentro de um prazo de 9 meses, sendo compulsório a partir de 5 de setembro de 2025.

Como indicado na imagem abaixo, o GFSI, por meio dos BMRs, define requisitos para conteúdo e gerenciamento dos programas de certificação. Desta forma, os novos requisitos da v2024 geram impacto direto sobre os esquemas de certificação e, consequentemente, sobre os organismos de acreditação e certificação que atendem esses esquemas e, em último caso, nas empresas que buscam certificação.

                  Fonte: GFSI Benchmarking & Recognition, 2019

 Em resposta ao feedback dos CPO reconhecidos pelo GFSI, foram publicados dois documentos de apoio para maior esclarecimento sobre como demonstrar atendimento aos BMR v2024: Manual do Processo de Benchmarking e Manual de Implementação de Benchmarking.

Com essas mudanças, para os próximos meses, provavelmente veremos movimentações nos esquemas de certificação, incluindo requisitos que as empresas, certificadoras e acreditadoras precisam atender.

Imagem em destaque: mygfsi

2 min leituraO GFSI publicou, em dezembro de 2024, os Requisitos de Benchmarking (Benchmarking Requirements – BMRs) versão 2024. Você pode acessar os requisitos completos diretamente no site do GFSI. Se quiser […]

2 min leitura
2

Recolhimento de alimentos no Brasil em 2024

2 min leitura

Fazendo uma busca no site da Anvisa sobre alimentos irregulares, considerando os listados no ano de 2024, encontrei 82 ocorrências de recolhimento de alimentos no Brasil, o que correspondeu a 237 produtos. A diferença entre os números acontece porque a ocorrência em uma empresa pode estar relacionada ao recolhimento de mais de um item fabricado no estabelecimento.

Os recolhimentos podem ser voluntários, quando a própria empresa notifica a ANVISA, ou, em outros casos, houve tanto recolhimento obrigatório quanto a interdição por parte da fiscalização. Essas medidas são adotadas para atendimento da RDC 655/2022, que trata do recolhimento de alimentos e a sua comunicação à Anvisa. A norma detalha como as empresas produtoras de alimentos devem proceder em caso de identificação de risco e necessidade de realizar o recolhimento de alimentos no mercado.

Em 2024, os principais alimentos envolvidos em processos de recolhimento foram os suplementos alimentares, que corresponderam a 85 produtos de 27 ocorrências diferentes.

O segundo item com maior número de ocorrências foram os aromas, sendo 60 produtos notificados de apenas duas empresas distintas.

Quando analisamos as ocorrências em alimentos de origem animal, tivemos 15 produtos, sendo 11 ocorrências entre lácteos e cárneos. Os demais (71 ocorrências) consistem em alimentos subdivididos em: suplementos, aromas, farináceos, sal, chás, balas, biscoitos, massas com base de farinha, coco ralado, leite de coco, entre outros.

Quando observamos os principais motivos para que o recolhimento tenha acontecido, no caso dos lácteos e cárneos, a contaminação microbiológica por Salmonela spp, Listeria monocytogenes, Staphylococus aureus é a principal causa.

Para os os demais produtos, os principais motivos de recolhimento são:

  • Erros de rotulagem – por exemplo: a não declaração de alergênicos, ou alegações não permitidas, propaganda irregular;
  • Utilização de ingredientes não aprovados pela ANVISA;
  • Falta de registro do produto no órgão competente;
  • Contaminantes químicos – como excesso e enxofre ou aflatoxina;
  • Utilização de ingrediente sem avaliação sobre sua segurança para alimentos
  • Produtos adulterados.

Com essas informações podemos perceber que são várias as causas que podem colocar em risco a saúde dos consumidores. Nos processos de recolhimento de alimentos junto à Anvisa, grande parte dos motivos está relacionada a falhas de rotulagem, registro e falhas nos estudos de segurança dos ingredientes.

Imagem: Gustavo Fring

2 min leituraFazendo uma busca no site da Anvisa sobre alimentos irregulares, considerando os listados no ano de 2024, encontrei 82 ocorrências de recolhimento de alimentos no Brasil, o que correspondeu a […]

Compartilhar
Pular para a barra de ferramentas