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Qualidade microbiológica do ar na produção de alimentos e de embalagens

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Não temos atualmente nenhuma legislação ou especificação clara para estabelecer os parâmetros microbiológicos para avaliar a qualidade microbiológica do ar ambiente de indústrias de alimentos e embalagens.

Muitas empresas utilizam como referência a Resolução RE nº 9/2003, que estabelece os Padrões Referenciais de Qualidade do Ar Interior, em ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo. Por esta norma, o valor máximo recomendável (VMR) para contaminação microbiológica deve ser menor ou igual a 750 UFC/m3 de fungos, para a relação I/E menor ou igual a 1,5, onde I é a quantidade de fungos no ambiente interior e E é a quantidade de fungos no ambiente exterior. Quando o VMR for ultrapassado ou a relação I/E for maior que 1,5, é necessário fazer um diagnóstico de fontes poluentes para uma intervenção corretiva.

1- Mas com a revogação da Resolução RE nº 9/2003 (em 10 de julho de 2024), que referência passa a ser utilizada? 

Com a publicação pela ABNT da NBR 17037, em 25 de abril de 2023, a ANVISA decidiu incluir a sua Resolução no processo de revogação, sendo esta NBR a atual norma que estabelece os padrões.

A norma ABNT NBR 17.037, estabelecida para ambientes não residenciais climatizados artificialmente, define parâmetros para garantir a qualidade do ar. Ela substitui a antiga Resolução RE nº 9/2003 da Anvisa.

Esta NBR tem “força de lei” devido à Lei 13589/2018 exigir que os padrões, valores, parâmetros, normas e procedimentos necessários à garantia da boa qualidade do ar interior, inclusive de temperatura, umidade, velocidade, taxa de renovação e grau de pureza, sejam os regulamentados pelas normas técnicas da ABNT. Desta forma, existe a exigência do atendimento obrigatório desta norma.

Portanto, quem utilizava como referência a Resolução 9/2003 para estabelecer os critérios de qualidade microbiológica do ar poderá seguir a norma ABNT NBR 17.037/2023.

2- O que muda em relação à avaliação da qualidade do ar com a norma ABNT NBR 17.037/2023?

A avaliação de fungos permanece nesta norma, ou seja, máximo 750 UFC/m3 de fungos  e relação I/E menor ou igual a 1,5.

O interessante é que além deste parâmetro, no requisito 5.1.b, a análise de bactérias mesófilas foi também indicada para ambientes com características epidemiológicas diferenciadas, como estabelecimentos assistenciais de saúde, manuseio e produção de alimentos, entre outros.

Ou seja, pela primeira vez há uma referência direcionada de forma mais específica para produção de alimentos! O valor referencial para contagem total de bactérias no ar é de 500 UFC/m3.

Além disso, está claro no requisito 6.1 que as medições e coletas devem ser realizadas com equipamentos e amostradores calibrados em laboratório acreditado, assim como os processos de análise química e biológica devem ser realizados por laboratório próprio, conveniado ou subcontratado, desde que acreditado conforme a ABNT NBR ISO IEC 17025.

A norma também apresenta uma tabela com as possíveis fontes de poluentes biológicos e as medidas de correção.  Achei bem interessante para auxiliar as empresas em tomadas de decisão e ações quando há desvios nos resultados de análise microbiológica:

Agentes biológicos

Principais fontes em ambientes interiores

Principais medidas de correção em ambientes interiores

Bactérias

Reservatórios com água estagnada, resfriamento evaporativo (torres de resfriamento, climatizadores), bandejas de condensado, desumidificadores, condicionadores de ar e superfícies úmidas e quentes

Realizar a limpeza e a conservação das torres de resfriamento; higienizar os reservatórios e as bandejas de condensado ou manter tratamento contínuo para eliminar as fontes;

 

Eliminar as infiltrações;

 

Higienizar as superfícies;

 

O aquecimento da água acima de 60 °C reduz o risco de crescimento de bactérias

Fungos

Ambientes úmidos e demais fontes de multiplicação fúngica, como materiais porosos orgânicos úmidos, forros, paredes e isolamentos úmidos;

 

ar externo, interior de condicionadores e dutos sem manutenção, vasos de terra com plantas; mofo ou bolor.

Substituir isolantes térmicos e acústicos contaminados;

 

Corrigir umidade relativa do ar;

 

Manter sob controle    rígido    vazamentos,             infiltrações e condensação de água;

 

Higienizar os ambientes e componentes do sistema de climatização ou manter o tratamento contínuo para eliminar as fontes;

 

Eliminar materiais porosos contaminados;

 

Eliminar ou restringir vasos de planta com cultivo em terra, ou substituir pelo cultivo em água (hidroponia);

 

Tratamento do ar externo;

 

 Superfícies úmidas devem ser secas em até 48 h.

Ressalta-se que a qualidade microbiológica do ar de interiores é função da qualidade do ar exterior e da presença e intensidade das fontes internas de poluentes. É importante atentar para o devido controle da higienização e manutenção adequada das superfícies nas áreas internas, uma vez que podem ser importantes fontes de proliferação de vetores microbiológicos que afetam a qualidade do ar interior.

Resumindo

Para quem utilizava a Resolução 9/2003 como referência de análise microbiológica do ar:

–  Atualizar pela ABNT NBR 17.037/2023 nos documentos onde há citação desta referência

–  Análise de fungos (VMR= 750 UFC/m3) e inclusão de análise de bactérias mesófilas para contagem total de bactérias no ar (VMR= 500 UFC/m3).

–   A análise deve ser em laboratório acreditado conforme a ABNT NBR ISO IEC 17025.

Vale lembrar que outras referências de qualidade do ar, ou até mesmo a determinação de requisito interno com base em histórico de resultados, também podem ser utilizadas!

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FSSC Insights Day | Brazil 2024 – Conhecimentos, experiências e conexões

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No dia 16 de outubro de 2024 ocorreu, pela primeira vez no Brasil, o FSSC Insights Day, com o objetivo de promover troca de conhecimentos, experiências e conexões. O evento foi conduzido por Juliani Arimura (representante LATAM da FSSC) e aconteceu em São Paulo, com o tema:

Construindo Confiança e Sustentabilidade na Indústria de Bens de Consumo

A programação foi bem estruturada, consistindo em palestras sobre os temas com maior relevância atual para o esquema, bem como participação de empresas para compartilhamento de casos de sucesso na implementação da FSSC 22000 e relatos dos resultados obtidos.

Experiências FSSC 22000 – Juliani Arimura

A primeira apresentação foi conduzida pela própria Juliani. Ela apresentou informações gerais sobre a FSSC, sua estrutura e condições atuais, e ainda exibiu a quantidade de empresas certificadas por regiões do mundo e por escopos de certificação.

Também foram apresentadas as principais não conformidades (top 15) para o período de abril a setembro/2024. Nota-se relevância de não conformidades referentes à versão 6 do esquema, como controle de qualidade, cultura de qualidade e segurança e alimentos e gestão de perdas e desperdícios.

Insight: temas essenciais há tempos estabelecidos (ex. controle de contaminação física, rastreabilidade, manutenção corretiva e preventiva, monitoramento ambiental, competência, limpeza etc.) ainda aparecem liderando o ranking de não conformidades

Introdução à FSSC 24000 – Francisco Esteve

O consultor estratégico da FSSC 24000, Francisco Esteve, abordou os principais aspectos relacionados ao Esquema para Sistemas de Gestão Social da FSSC.

Ele destacou a importância de ações para minimizar riscos à reputação da marca da empresa, bem como a tendência de legislações baseadas em análises de risco sobre Due Delligence e redução do trabalho infantil, em países como Canadá e no bloco da União Europeia. Dessa forma, a adoção de esquemas como o FSSC 24000 é estratégica tanto para a própria organização como para a gestão dos seus fornecedores.

Alguns dos benefícios desse esquema são: acreditação IAF, segue estrutura de alto nível das demais normas ISO, abrange diferentes escopos de certificação e é aprovada pelo SSCI.

Insight: o esquema vai além de um check list para avaliação da implementação de elementos relacionados à responsabilidade social. É um esquema de certificação baseado em risco, permitindo o atendimento dos requisitos das novas legislações internacionais relacionadas ao tema.

Para saber mais sobre o esquema, acesse o site da FSSC 24000 clicando aqui.

Perdas e Desperdícios – Janaina Padoveze (Ajinomoto)

A gerente de Sustentabilidade da Ajinomoto, empresa líder mundial na fabricação de aminoácidos, apresentou a estratégia da empresa para o atendimento do novo requisito da versão 6 da FSSC 22000, gestão de perdas e desperdícios.

A iniciativa de sustentabilidade foi iniciada há mais de 2 anos, antes da publicação da v.6, por iniciativa da matriz no Japão, sendo o atendimento a esse requisito uma continuidade de uma ação já existente. A empresa conta com uma política e objetivos nos pilares de 1) redução do impacto ambiental e 2) estender expectativa de vidas saudáveis no mundo.

Como estratégia, a empresa está em um processo de redução de perdas em seu processo, desde a fabricação ao distribuidor, por meio de ações de excelência operacional para redução de perdas, assim como ações para valoração das perdas. Próximos passos irão incluir ações da entrega ao consumo (downstream) e dos fornecedores ao processo (upstream).

Insight: o mais importante é criar uma cultura de melhoria para reduzir perdas para, em seguida, pensar em investimentos específicos.

Gestão de equipamentos – Juliane Dias (Flavor Food Consulting e EHEDG)

Um dos temas de grande relevância no evento foi o novo requisito de gestão de equipamentos, assunto abordado por Juliane Dias, que atualmente é diretora da Flavor Food Consulting, representante EHEDG Brasil e vice-presidente ENFIT.

Apesar das principais legislações e esquemas de certificação já considerarem o tema desenho sanitário há anos, essa questão ainda é uma dificuldade para as empresas, com diversos casos de não atendimento a esses padrões. Assim, foi apontada a necessidade desse requisito adicional, para garantir que as compras de novos equipamentos atendam aos padrões de desenho sanitário aplicáveis.

Um dos pontos cruciais da apresentação foi a demonstração da metodologia EHEDG para avaliação de risco dos equipamentos no momento da elaboração das especificações de compra, bem como dos padrões e requisitos aplicáveis. Foi enfatizada também a importância de uma gestão adequada de mudanças, que por vezes, mesmo que pareçam sutis, podem trazer impactos e novos perigos, como troca de uma gaxeta que possui menor resistência e, consequentemente, deve alterar a frequência de manutenção preventiva.

Insight: equipamentos com desenho sanitário adequado, em geral, possuem maior custo. É necessário capacitação das equipes internas e “subir a régua” nas exigências com os fornecedores de equipamentos

Recentemente o blog publicou a tradução do Guia EHEDG para implementar os requisitos do GFSI para gestão de projeto sanitário. O acesso é gratuito e pode ser feito clicando aqui.

Controle de qualidade – Natália Lima (Portal e-food e Gestora S2G)

A gestora da S2G e diretora do Portal e-food abordou o novo requisito de gestão da qualidade, trazendo uma visão sob a óptica da ISO 9001, através da promoção de cultura da qualidade, requisitos do cliente e valor percebido.

Foi reforçado que o requisito não é um substituto da ISO 9001. A explanação também considerou a importância da definição uma política e de objetivos de qualidade, integrada à de segurança dos alimentos; estruturação das características de qualidade do produto, incluindo aspectos físico-químicos, microbiológicos, funcionais, composição e sensoriais; assim como os controles metrológicos e de autoria.

Um item relevante mencionado é a adoção obrigatória do artigo de interpretação publicado pela FSSC, que deve ser usado na implementação desse requisito. O artigo pode ser acessado aqui.

Insight: é essencial ter claramente estabelecida e implementada a intersecção entre segurança dos alimentos e qualidade na implementação do requisito e, consequentemente, a produção de alimentos seguros e de qualidade

Monitoramento ambiental – Maria Tereza Destro (Alter Brasil Consultoria)

Fundadora da Alter Brasil Consultoria, a professora Dra. Maria Tereza Destro levantou aspectos relevantes para o programa de monitoramento ambiental (PMA) das organizações. Ela evidenciou a importância deste programa para a garantia da qualidade e segurança do produto, proteção ao processo produtivo contra as fontes de contaminação e a manutenção da confiança do consumidor.

Na apresentação, foi destacada a importância de ter um PMA bem estabelecido para cada zona de monitoramento, fazendo alusão às zonas definidas no Guia da FSSC para a temática. Também se reforçou a ação sobre os processos e produtos no caso de desvios, que devem ir além de uma simples “limpeza” da linha. Foram apresentados 7 passos para elaboração do PMA: identificação de riscos, classificação de zonas, estabelecimento dos protocolos de amostragem, amostragem, análises microbiológicas, análise dos resultados e melhoramento contínuo.

Também recebeu destaque a adequada coleta de dados, sua análise para geração de informação e tomada de decisão, incluindo a análise de tendências, sendo essa uma das falhas mais recorrentes nos PMA.

Insight: Ausência de encontrar patógenos não indica que eles não existam hoje, não existiram ontem ou não existirão amanhã

Para mais informações, você pode acessar o Guia da FSSC sobre monitoramento ambiental, clicando aqui.

Cultura de Qualidade e Segurança dos Alimentos – Ellen Lopes (IFDRS)

A CEO do Grupo Food Design e do IFDRS falou sobre Cultura de Qualidade e Segurança dos Alimentos (QSA). Iniciou sua apresentação trazendo um histórico da temática e sua experiência com o assunto, permeando ações a partir dos anos 2000 e o desenvolvimento do Position Paper da GFSI, do qual ela fez parte.

Um dos pontos de realce foi a importância do aspecto comportamental na construção de uma cultura positiva. Foram relacionados alguns aspectos que resultam em comportamentos dos colaboradores, como: por que não quer, por que não tem recursos, por que não sabe. Como respostas, foram indicadas ações, como sensibilização, conscientização e educação.

Para a elaboração de um Plano de Cultura QSA, foi ressaltada a importância da elaboração de um diagnóstico para a definição de ações mais adequadas à necessidade e realidade de cada organização.

Insight: a alta direção espera resultados imediatos, porém quanto maior a pressa e ansiedade, menor o resultado (parábola do aprendiz)

Gestão de Laboratório – Beatriz Batista (Unilever)

A especialista global de Qualidade da Unilever, Beatriz Batista, compartilhou as práticas da organização para o atendimento do requisito de gestão de laboratórios, com foco na lista do BoS que determina a necessidade de atendimento aos requisitos aplicáveis da ISO 17025.

A abordagem baseou-se no Artigo de Interpretação da FSSC, de adoção obrigatória pelas empresas, que pode ser acessado aqui. Foram apresentadas diversas dicas para implementação dos itens determinados, como: imparcialidade e confidencialidade, recursos, métodos, validação, amostragem, garantia da validade dos resultados, reporte de resultados e gestão de não conformidades.

Algumas práticas compartilhadas, que foram adotadas pela Unilever, incluem a adoção dos Guias Globais da organização, baseados na ISO 17025, um programa robusto de formação de auditores, capacitação em metrologia para os envolvidos nos laboratórios e realização de auditorias técnicas para identificação de melhorias.

Insight: É essencial mapear as oportunidades e gaps, classificar as ações por criticidade e mitigar as questões mais urgentes, até com investimento específico

FSSC development program – Juliani Arimura

A representante da FSSC retornou ao palco para tratar do FSSC development program, que pode ser usado de forma estratégica pelas empresas em busca da certificação, em especial as de pequeno e médio porte. É proposta uma implementação faseada, em nível básico e intermediário antes da empresa partir para a auditoria de certificação.

O pragrama não constitui uma certificação, mas uma avaliação de conformidade, que gera uma “declaração de conformidade”. Logo, a principal vantagem do programa inclui a emissão da declaração de conformidade para o nível avaliado e a inclusão da empresa na base de dados pública da FSSC, o que pode ser apresentado a clientes como compromisso de melhoria. Existem certificadoras aprovadas para realizar as avaliações do programa, com cobertura de diversos escopos de produtos e não há tempo máximo para permanecer em cada etapa, permitindo a empresa um desenvolvimento robusto em cada fase.

Atualmente o programa está em fase de revisão para alinhamento com a versão 6, ampliação de escopo e tradução para o português.

Você pode conhecer mais sobre o FSSC development program no site da FSSC, clicando aqui.

Insight: é possível trabalhar o FSSC development program junto ao processo de auditoria de certificação. Ao final da auditoria, a empresa já pode obter uma declaração de atendimento e fazer parte da base de dados da FSSC

Desafios e casos de sucesso

A última etapa do evento contou com a participação de representantes de três organizações para compartilharem suas experiências com a implementação da FSSC22000.

Inicialmente Emerson Degan, diretor Comercial da Degan Alimentos (amendoins: in natura, blancheado, óleo, farelo, casca peletizada), apresentou os desafios de Certificação em empresas de pequeno porte. Foi mostrado como a certificação permitiu a expansão da empresa de 4 para mais de 100 colaboradores e exportação para mais de 40 países. Os principais desafios foram a mudança de cultura, qualificação dos colaboradores de uma cidade pequena, atualização das instalações e disponibilização de recursos. Os principais ganhos foram: controles dos processos de ponta a ponta, modernização da planta produtiva, desenvolvimento de laboratório interno, estruturação de frota própria e ganho comercial.

Insight: Quando perguntamos aos colaboradores, nenhum deles quer voltar a como era antes. Qualidade é um caminho sem volta

Na sequência, Kamila Nery apresentou os Desafios na implementação da FSSC 22000 nos centros de distribuição da Solar Coca-Cola. Os maiores ganhos foram relacionados à implementação do esquema em um segmento específico (categoria G), diferente do negócio principal da empresa. As etapas desse processo incluíram: diagnóstico com empresa de consultoria, plano de ação, realização de auditoria interna e recomendação de cinco CDs da organização.

Insight: Resultado foi alcançado devido ao comprometimento e competência da equipe que, por se tratar de um CD, era composta basicamente por operadores de logística, armazenamento, TI e administrativo

Por fim, foram apresentados os Desafios da certificação em empresas complexas, por Ana Benedetti, representante da Heineken. Os principais desafios mencionados estavam relacionados à dificuldade de padronização dos processos nas 15 cervejarias do grupo, comunicação uniforme e clara e a disseminação e diversidade do conhecimento. Ações como integração do TPM nos processos, coordenação eficiente entre as plantas e programas de treinamento foram essenciais nesse processo. Outra ação relevante foi a realização de diagnósticos de Cultura QSA e a proximidade com o colaborador.

Insight: Padronização, alianças fortes entre as áreas, capacitação constante e segurança psicológica são determinantes para o sucesso do processo de certificação nas organizações

O FSSC Insights Day foi importante, em especial, para a disseminação de boas práticas por especialistas e empresas que são referência de mercado.

Você pode acompanhar os próximos eventos da FSSC no site da Foundation, clicando aqui.

Imagem: https://www.fssc.com

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Cibersegurança: uma nova fronteira para a segurança dos alimentos – Meeting online e gratuito

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A cibersegurança deixou de ser uma preocupação apenas do setor de tecnologia. Hoje, ela está no centro das discussões sobre segurança dos alimentos, pois fraudes digitais, interrupções na cadeia de suprimentos e ameaças à confidencialidade de dados são riscos reais.

Dados da Cybersecurity Ventures estimam que o custo global de crimes cibernéticos atingirá US$ 10,5 trilhões até 2025, afetando também o setor alimentício ao expor vulnerabilidades em sistemas críticos e provocar perdas irreparáveis (Cybersecurity Ventures, 2023). Além disso, o relatório da Global Food Safety Initiative (GFSI) alerta que a proteção de dados e sistemas é essencial para evitar paralisações e assegurar a qualidade e confiança dos alimentos consumidos.

E você deve estar se perguntando como a cibersegurança pode contribuir para que nossa cadeia alimentar seja mais segura e resiliente? Esse será o tema central do nosso próximo Meeting, em parceria com a QIMA/WQS!

Junte-se a nós no 13º Meeting Food Safety Brazil, em parceria com a QIMA/WQS!

Data: 19 de novembro

Horário: 14h

Formato: Online

Este encontro imperdível será moderado por Juliane Dias, fundadora do Food Safety Brazil, e contará com palestrantes de peso:

– Ana Pelegrino, Diretora de Desenvolvimento Técnico da QIMA/WQS

– Palova Marques, Representante da SQF no Brasil

– Vander Moreira, Consultor em Cibersegurança

Tópicos abordados:

  1. Fraude em Alimentos: Estratégias de cibersegurança para combater adulterações.
  2. Rastreabilidade: A importância de sistemas seguros para monitorar a origem dos alimentos.
  3. Interrupções na Cadeia de Suprimentos: Como evitar paralisações causadas por ataques cibernéticos.
  4. Confidencialidade, Perda e Roubo de Dados: Proteger dados para manter a confiança do consumidor e a integridade da cadeia de produção.

Já vá anotando as suas perguntas sobre o tema! Garanta sua inscrição e faça parte dessa discussão essencial para o futuro da segurança de alimentos!

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Você conhece o MAPA LABs?

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O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) lançou recentemente o MAPA LABs, aplicativo para coleta de amostras e envio de resultados de análises laboratoriais. Ele foi criado para apoiar a fiscalização federal agropecuária na coleta de amostras oficiais e, posteriormente, foi expandido para incluir coletas de amostras referentes ao Programa de Autocontrole (veja mais sobre esse tema aquiaqui). Com essa ferramenta, as empresas podem registrar as coletas e enviar os dados diretamente para os laboratórios oficiais ou de autocontrole, agilizando o processo de análise.

Essa solução elimina a necessidade de formulários e controles em papel, tornando o processo mais eficiente e seguro, além de reduzir erros e evitar fraudes. Na sua versão inicial, o app será especialmente útil para registrar coletas de amostras do Programa Nacional de Qualidade do Leite (PNQL) e do Programa Nacional de Controle de Patógenos (PNCP) para Salmonella em aves. Segundo o Ministério, com o tempo, todas as coletas oficiais da Secretaria de Defesa Agropecuária serão integradas ao aplicativo e à base única de dados da Plataforma SDA Digital.

O MAPA LABs está disponível no Play Store e Apple Store.

Você já usou? O que achou dessa novidade?

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Food Fraud: a perigosa realidade da fraude de alimentos

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Food fraud refere-se a qualquer forma de adulteração intencional de alimentos, ingredientes ou insumos com o objetivo de obter lucro econômico, frequentemente às custas da saúde do consumidor, da segurança dos alimentos ou das regulamentações vigentes.

A fraude de alimentos pode ocorrer pela alteração de um produto alimentício com substâncias de menor valor ou qualidade, como adicionar água ao leite, substituir carne bovina por carne de cavalo, ou misturar azeite de oliva com óleos vegetais mais baratos. Pode-se, também, utilizar rótulos e embalagens que fazem parecer que um produto é de uma marca ou origem diferente, ou tem uma composição diferente da real.

A troca de ingredientes autênticos por outros de qualidade inferior, como o uso de açúcar comum no lugar de açúcar orgânico, é uma prática comum (infelizmente), somada à rotulagem incorreta, na qual se incluem informações enganosas sobre a origem, qualidade, tipo ou quantidade do produto, como rotular como “orgânico” um alimento que não foi produzido seguindo todas as diretrizes necessárias para tal.

Na indústria de alimentos, a fraude alimentar pode ter várias implicações:

  • Impacto à saúde do consumidor. Ingredientes não declarados ou substâncias de má qualidade podem causar alergias, reações adversas ou até riscos mais graves à saúde.
  • Impacto econômico ao prejudicar empresas que seguem as regulamentações, já que produtos adulterados geralmente têm um custo menor de produção e competem deslealmente no mercado.
  • Danos à confiança do consumidor quando escândalos de fraude alimentar vêm à tona. Vale lembrar que vivemos em um mundo globalizado e as informações são repassadas instantaneamente.

Após levantar todos esses pontos sobre o que é e seus possíveis problemas, podemos colocar a Food Fraud como um desafio global para a segurança na produção de alimentos.

Para combater a fraude, é preciso estabelecer meios para mitigar e/ou eliminar esse problema. Um deles é a FSSC 22000, norma internacional que estabelece requisitos rigorosos para a implementação de um Sistema de Gestão da Segurança de Alimentos (SGSA) e contribui significativamente para a prevenção da fraude.

A adulteração, por exemplo, pode ser prevenida pela implementação de medidas de controle em pontos críticos, como na recepção de matérias-primas, recepção de insumos e ingredientes e no processo de produção. Além disso, a rastreabilidade é fundamental para rastrear a origem dos ingredientes e produtos, permitindo identificar e investigar casos de fraude.

O combate à fraude alimentar deve envolver todos os interessados e a colaboração entre reguladores, empresas e até consumidores deve ser prioridade. Denúncias de práticas suspeitas podem ser realizadas através de canais anônimos disponibilizados por órgãos e empresas, pelos sites e páginas em redes sociais ou telefones (normalmente são encontrados como “canal de conduta”).

Além de um produto de qualidade, a relação com o consumidor também deve estar no topo da lista de prioridades de toda empresa séria e que almeja se manter viva no mercado. A concorrência é forte e esses “detalhes” fazem toda diferença.

Deixe nos comentários, situações, ideias, dicas e insights sobre este assunto. Esta troca é importante para o crescimento pessoal e profissional!

Por Eduardo Ramos

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Food Fraud e Food Defense: um controle adicional na cadeia de alimentos

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Destaques do IFS Focus Day em São Paulo

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O IFS Focus Day aconteceu em São Paulo no dia 26 de setembro e contou com os coorganizadores QIMA WQS e Flavor Food Consulting, além dos patrocinadores ouro: Labtec, Paripassu e Ultralight, prata: NSF, SbCert e SGS, além da BioRad como patrocinador bronze.

O evento foi uma sequência de palestras muito interessante e pensada para trazer ao público um raciocínio lógico que conectava os temas, como foi o caso das palestras de João Stein e do Prof. Dr. Romeu Cantusio, como vou detalhar adiante.

João Ricardo Stein, que é Head of Development Programs da IFS, ao lado de Caroline Nowak, representante da norma no Brasil, trouxeram informações atualizadas do esquema. João, na apresentação “Números, Novidades e a IFS na prática”, mostrou um panorama de Não Conformidades de auditorias, sendo a potabilidade da água um tema com estatísticas consideráveis.

Mais tarde o Prof. Dr. Romeu Cantusio Neto, consultor técnico na área de segurança da água, nos encantou com sua apresentação “Conformidade e monitoramento da potabilidade da água: Plano de Segurança da Água, uma abordagem”, demonstrando um entendimento profundo sobre esse pré-requisito essencial, que deveria ser bem interpretado por todos na cadeia produtiva de alimentos, indo além do atendimento aos parâmetros da legislação.

Sua visão sobre esse recurso essencial (e não só para a cadeia de alimentos) foi impactante e sua palestra foi provocativa no sentido de esclarecer que apenas realizar as análises da portaria e estar dentro dos parâmetros NÃO é gestão de potabilidade de água em uma indústria de alimentos.

Gerenciar esse recurso essencial à vida vai além: requer planejamento, conhecimento e gestão de dados e características da água utilizada e da região de onde é captada, além do uso e riscos associados ao processo.

Ele relembrou-nos que a água é o foco principal do 6º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que é “Água Limpa e Saneamento”, além de trazer informações sobre Planos de Segurança da Água (PSA) para além das legislações nacionais.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, um Plano de Segurança da Água para Consumo Humano deve ser uma metodologia que identifica e prioriza riscos potenciais que podem comprometer um sistema de abastecimento. Como desdobramento, temos o Plano de Segurança Hídrica (PSH), que é a gestão dos recursos hídricos pela implementação do que foi planejado, com infraestrutura dimensionada para equilibrar a oferta e demanda da água, além de controlar situações de risco.

Na sequência, Dr Romeu trouxe esses conceitos para as temáticas das Boas Práticas e do nosso conhecido APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle), com avaliação dos patógenos que podem ser transmitidos pela água e com objetivo principal de implementar medidas preventivas e de controle. Além disso, destacou os artigos com fins preventivos de risco à saúde presentes em nossa portaria GM/MS 888/2021, onde o Plano de Segurança da Água é citado, assim como sua referência: a Organização Mundial da Saúde.

Ele ainda contextualizou outras legislações, como a do estado de São Paulo e exibiu outras referências interessantes sobre o assunto, sendo sempre muito categórico ao reforçar que as análises são apenas um monitoramento do que já deve estar avaliado, planejado e implementado sobre água em um processo de alimentos, o que configura a real gestão deste recurso.

Sendo assim, possíveis não atendimentos a parâmetros poderiam ser evitados ou avaliados com maior profundidade pela empresa que utiliza essa água, independentemente de sua fonte de abastecimento (pública ou não), sendo esta a responsabilidade primeira de um sistema de gestão.

O tempo foi um desafio para tanto conhecimento, conteúdo e todas as perguntas que surgiram depois da palestra do Dr. Romeu. Falou-se das responsabilidades compartilhadas entre órgãos e empresas, da falta de conhecimento de grande parte das empresas sobre o Plano de Segurança da Água e da falta de interpretação da portaria completa, uma vez que só se verificam os resultados das análises em relação aos parâmetros, o que ainda assim acontece muitas vezes de forma superficial.

Foi um excelente gancho com a palestra de João Stein, além de nos relembrar que pré-requisitos são a base para qualquer sistema de gestão de segurança de alimentos e não devem ser negligenciados.

Outros temas incríveis foram discutidos no evento, como rastreabilidade e gestão de desempenho de fornecedores, case IFS FOOD. O dia foi fechado com chave de ouro, com as palestras do André Teixeira, analista técnico de certificação da QIMA WQS. Ele nos falou sobre o cenário da IFS além dos requisitos, a facilidade de acesso a informações e a excelente gestão de dados que a IFS traz nos seus canais de comunicação.

Carla Otsuki, consultora que dispensa apresentações, também fez uma palestra marcante: “Como a neurociência pode contribuir com a liderança das indústrias de alimentos”.

Foram parceiros neste IFS Focus Day: Amicci, BRF, Dia, GPA, Cencosud, Grupo Carrefour Brasil e Seara.

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Metas ou miragens? Como transformar objetivos em resultados na segurança dos alimentos

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As metas têm um papel importante no direcionamento da empresa, elas quantificam e qualificam os desejos e anseios do negócio. Quando pensamos nas indústrias de alimentos e principalmente nas diretrizes da segurança dos alimentos, o princípio é o mesmo, é de vital importância a definição de metas, pois caso contrário o processo fica “solto”.

Embora pareça óbvia, trago aqui uma reflexão: você possui metas ou apenas objetivos? Digo isso porque muitas vezes as metas limitam-se a objetivos como: eliminar reclamações ou reduzir não conformidades. Veja que aqui temos um objetivo, mas o quanto queremos eliminar, quanto queremos reduzir e em quanto tempo isso irá ocorrer?

Se queremos de fato ter uma meta, esse objetivo precisa de um valor e um prazo. Portanto:

  • Objetivo: Reduzir o número de não conformidades
  • Valor: 25%
  • Prazo: Junho de 2025
  • Meta: Reduzir o número de não conformidade em 25% até Junho de 2025

A importância de se ter um valor e um prazo é para tornar palpável o desafio para os setores, pois agora existe um “norte” a ser seguido.

Outro ponto óbvio que vale a pena ser reforçado é sobre a abrangência dos setores e pessoas envolvidas no compromisso da meta. Se a meta é de X pessoas, essas pessoas precisam ter acesso ao histórico de resultados e saber qual a meta a ser atingida, ou seja, saber o valor, o prazo e não apenas o objetivo: “Temos que reduzir não conformidade….”

Muitas vezes uma meta é criada e incoerentemente fica limitada a uma linha de uma planilha, a um slide de uma apresentação, a um arquivo na rede, e acaba sendo recordada mensalmente em uma reunião de resultados.

Metas boas são aquelas que estão visíveis, estão ali no Gemba, todos podem ver e principalmente todos sabem que suas ações contribuem ou não para o atingimento.

Outro fator relevante é o desdobramento das metas de modo que elas se conectem com o principal objetivo do negócio. Metas que não estão alinhadas com a estratégia da empresa serão facilmente deixadas de lado,  e confrontadas pela liderança, perderão força e compromisso. Uma dica de desdobramento pode ser vista neste artigo: Hoshin Kanri como metodologia de gestão por metas em food safety.

Será que hoje você possui metas claras? Metas desafiadoras? Metas que se conectam às diretrizes do sistema de gestão da segurança dos alimentos? Ou são apenas miragens?

2 min leituraAs metas têm um papel importante no direcionamento da empresa, elas quantificam e qualificam os desejos e anseios do negócio. Quando pensamos nas indústrias de alimentos e principalmente nas diretrizes […]

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Escherichia coli O157:H7 – entenda o surto nos EUA e as tratativas

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A bactéria E. coli, cujo nome completo é Escherichia coli, é encontrada naturalmente no intestino de pessoas saudáveis. O grande problema é que existem vários tipos de E. coli. A cepa O157:H7, especificamente, é tida como uma bactéria emergente e, quando ingerida, libera grande quantidade de toxinas que danificam a mucosa intestinal, o que tende a causar diarreia, inclusive com sangue. Alguns casos registrados apresentam também infecções no trato urinário e em outras partes do corpo, os sintomas incluem cólicas abdominais, náusea, enjoos, vômitos, desidratação, febre, diarreia com ou sem sangue, fadiga.

A doença é autolimitada, com duração de 5 a 10 dias. Quando a bactéria acomete crianças menores de cinco anos e idosos pode ocasionar uma complicação conhecida por Síndrome Hemolítica Urêmica (SHU) caracterizada por destruição das células vermelhas do sangue e falência renal e pode estar acompanhada de doença neurológica e insuficiência renal crônica. Em alguns casos pode evoluir para o óbito.

Surto nos EUA com E. coli O157:H7

As agências americanas ligadas às investigações de surtos alimentares – FDA (Food and Drugs Administration), Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar (FSIS) do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), em colaboração com parceiros estaduais e locais –  estão investigando doenças em um surto multiestadual de infecções por E. coli O157:H7. Um ingrediente específico ainda não foi confirmado como a fonte do surto, mas a maioria das pessoas doentes relata ter comido o hambúrguer Quarteirão com Queijo do McDonald’s.

A atualização do CDC de 24 de outubro de 2024 relatou 75 ocorrências, com 22 hospitalizações e 1 morte. Os casos são relatados por pessoas de 13 estados americanos. Neste relatório, o primeiro caso é de um paciente que adoeceu no dia 27 de setembro de 2024 e o último é do dia 10 de outubro de 2024.

O processo investigativo está trabalhando para determinar o ingrediente contaminado que ocasionou o surto, sendo que a suspeita é que sejam cebolas cruas provenientes de um fornecedor. Outro ingrediente que também vem sendo investigado é a carne dos hambúrgueres.

As cebolas também são utilizadas por outras redes de fast food americanas. O fornecedor das cebolas iniciou um processo de recall voluntário e temporariamente suspendeu a venda desse insumo.

O McDonald’s parou temporariamente de usar esse ingrediente nos estados onde há casos relatados.

O FSIS está rastreando hambúrgueres servidos no McDonald’s nos estados afetados para determinar se a carne moída é uma fonte de doença. O McDonald’s também deixou temporariamente de vender os hambúrgueres Quarteirão com queijo nos estados afetados, enquanto a investigação está em andamento.

O que podemos aprender com esse surto?

Uma frase que tenho escutado bastante desde semana passada é: “mesmo os sistemas de gestão da qualidade robustos estão sujeitos a problemas com consequências graves”. Nesse comentário entende-se que a rede McDonald´s tem um processo de gestão de fornecedores bem estabelecido, o que faz parte de um SGQ forte com o intuito de prevenir agravos à saúde. E mesmo assim, um surto dessa dimensão está em trânsito.

Não é o primeiro surto com esse porte, o blog traz aqui um outro surto semelhante, de 1993, envolvendo a mesma cepa O157:H7 em uma rede de fast food.

A atuação dos órgãos americanos relacionados às investigações e tratativas de surtos de doenças transmitidas por alimentos é rápida e a comunicação com a população é clara, constante. A veiculação na imprensa, seja por televisão ou pelas redes sociais, é ampla; fala-se sobre o assunto em vários momentos, o que faz com que a população entre em contato com serviços médicos logo nos primeiros sintomas. Esse conjunto de atitudes permite maior controle da situação.

Além dessa participação ativa dos órgãos governamentais, os envolvidos no surto, como a rede McDonald’s, outras redes de fast food que compram a cebola do mesmo fornecedor e ainda o fornecedor da cebola, atuam apoiando as investigações, realizando recall e comunicando a população.

A preocupação com a saúde daqueles que podem ter consumido o produto é grande, provavelmente as sanções sofridas serão de impacto financeiro relevante, mas a não colaboração pode acarretar problemas econômicos (e humanos) ainda mais graves.

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Cuidados em segurança dos alimentos com equipes terceirizadas

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Buscando a otimização de recursos, torna-se cada vez mais comum para as organizações o uso de funcionários temporários. Equipes terceirizadas podem significar uma vantagem em muitos segmentos industriais, em especial quando há processos produtivos susceptíveis a sazonalidades, pois a terceirização pode contribuir com a flexibilidade na mobilização da mão de obra, melhorar a eficiência e dar foco no core business. Por outro lado, este tipo de recurso é também desafiador pela perspectiva da segurança dos alimentos.

A terceirização movimentou 4,3 milhões dos profissionais em 2023, o que, segundo o IBGE, representa 25% dos trabalhadores formais.

Não é preciso dizer que mesmo que recrutados via agências, os funcionários temporários precisam ser supervisionados, treinados e avaliados quanto às suas habilidades pela organização. Além disso, devem existir canais abertos para uma boa comunicação e rotinas para o monitoramento de desempenho.

Um fator a ser considerado é que como o trabalhador temporário não é um funcionário habitual da empresa, ele pode não sentir o mesmo engajamento dos outros e isso dificulta sua inclusão numa cultura Food Safety.

Entre as empresas que fornecem mão de obra terceirizada, destacam-se as de limpeza, zeladoria, segurança, obras e manutenção, call centers, entre outras.

Não se deve negligenciar o treinamento de trabalhadores terceirizados que executam tarefas indiretas ao processo produtivo principal; ao contrário, uma tarefa como limpeza ou manutenção pode impactar severamente a segurança dos alimentos.

Há que se considerar que como o trabalhador temporário tem um contrato finito, ele pode não se sentir parte da equipe e não se comprometer ao máximo com as regras da instituição e isto, é claro, pode impactar na segurança dos alimentos produzidos.

Outra questão a ser considerada é que os funcionários permanentes podem não sentir a necessidade de investir tempo na construção de trabalho em equipe com os funcionários temporários, uma vez que os temporários não ficarão lá por muito tempo. Nesta mesma linha, é preciso atenção e cautela para evitar potenciais animosidades causadas caso os funcionários permanentes vejam a força de trabalho temporária como ameaça à sua estabilidade, crescimento ou oportunidades.

Devido a erros de funcionários, produtos em condições de não conformidade podem ser gerados, e no pior caso, sair dos limites da empresa podendo causar danos à saúde dos consumidores, requerendo recalls e gerando danos à marca a longo prazo.

Estes problemas requerem responsabilidades individuais nos controles dos processos e no cumprimento de regras de BPF e higiene pessoal. Assim, a falta de engajamento ou uma desarmonia entre a força de trabalho terceirizada e a permanente podem representar ameaças críticas.

Diante do exposto, para garantir produtos seguros e contribuir com uma cultura food safety, há que se adotar estratégias para gerenciar funcionários temporários:

  1. Treinamento – Nunca se deve supor que todos terão bom senso. Deve-se treinar e garantir um treinamento eficaz. Não presuma que os terceirizados contratados já saibam algo, mesmo que pareça óbvio, é importante garantir que recebam o treinamento necessário para exercer suas funções. Para isso, um processo de integração abrangente é essencial;
  2. Avaliação de competências – Junto com o treinamento, garanta que os funcionários temporários sejam capazes de executar corretamente as tarefas. Para tal, avalie a capacidade com testes de pré-avaliação que podem incluir capacidade física, capacidade cognitiva, compreensão de leitura e escrita, julgamento situacional ou habilidades específicas da posição;
  3. Monitoramento de desempenho – Monitore o desempenho dos funcionários, tanto permanentes quanto temporários com o propósito de se certificar que ocorra um feedback alinhado com as metas e expectativas da organização em relação aos serviços sendo realizados. Considere incentivos baseados em desempenho para motivar e encorajar funcionários temporários a investirem em suas funções e aumentar a satisfação e o desempenho no trabalho;
  4. Cultura food safety – Treine as lideranças táticas e estratégicas sobre como gerenciar potenciais efeitos negativos na cultura food safety do seu local de trabalho com técnicas para garantir o trabalho em equipe com funcionários temporários. Para tanto, promova um ambiente colaborativo que seja capaz de reduzir atritos, fazendo com que todos, terceirizados e permanente, se sintam valorizados;
  5. Meritocracia – Se houver posições potenciais ou abertas para as quais os funcionários temporários possam ser elegíveis, certifique-se de que conheçam os requisitos e os incentive a buscarem a posição, passando de temporários para permanentes. Mostre que a empresa tem as portas abertas. Implemente um plano de sucessão que identifique funcionários temporários de alto desempenho que possam ser candidatos a posições permanentes dentro da instalação.

Como dica, considere que muitas organizações criam uma forma de distinguir um funcionário novo ou temporário, por exemplo, com o uso de uniformes de cores diferentes ou coletes de alerta. Este tipo de ação não é para segregá-los como uma classificação diferente, mas para ajudar os funcionários mais experientes e permanentes a identificá-los facilmente, para ajudá-los se estiverem com dificuldades em uma tarefa ou para garantir que estejam executando suas tarefas apropriadamente e considerando requisitos de segurança dos alimentos.

Orientações dos funcionários permanentes aos terceirizados devem ser realizadas por colegas de equipe de forma cortês e não de forma “policialesca”. Para isso, convém sempre que os líderes estejam usando técnicas de reforço positivo para promover camaradagem e empatia entre seus funcionários.

Incentive a liderança que atua diretamente com a força de trabalho para que mantenha um canal de diálogo aberto com todos os funcionários, sejam permanentes ou temporários, objetivando garantir que as preocupações sejam ouvidas e tratadas regularmente.

Promova uma comunicação clara e sem ambiguidades, garantindo que as expectativas, objetivos e metas para todos os funcionários sejam comunicadas de forma clara e transparente, para que ninguém fique confuso. Quando as pessoas não têm certeza de seus requisitos de trabalho, das expectativas quanto ao desempenho, elas tendem a executar tarefas de forma insegura e ineficiente.

Uma questão importante na contratação de trabalhadores temporários, quando se utiliza uma agência de recrutamento, é que haja uma permanente parceria, a fim de que tais agências entendam as políticas da organização, suas regras, demanda e cultura, para que assim recrutem da melhor forma.

As agências de recrutamento devem ser capazes de garantir que um trabalhador temporário tenha a formação mínima e habilidades para o cargo no qual serão alocados. Em alguns casos, as agências de recrutamento também podem conduzir parte do treinamento. No entanto, caberá às organizações avaliarem se estes treinamentos foram eficazes.

Como pela natureza do cargo, um trabalhador temporário terá um contrato finito, crie um mecanismo de gestão que conduza entrevistas de saída para obter feedback sobre a experiência de trabalho deles.

Essas informações podem ser valiosas e permitir que a organização corrija o curso de falhas reais ou potenciais sempre que necessário. Com isso, assim como em outros processos, melhore continuamente, especialmente neste caso. O uso de mão de obra temporária requer aprendizado e estratégias para que, com base no feedback e métricas de desempenho, seja cada vez mais bem gerenciado como um recurso valioso e seguro.

Sejam trabalhadores terceirizados ou permanentes, todos são importantes para a segurança dos alimentos. Portanto, todos devem ser treinados, capacitados e conscientizados para que executem suas tarefas devidamente e sem representar riscos.

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