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Jogo dos 7 erros: quais as informações obrigatórias que faltam nesta embalagem?

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O produto mostrado nas fotos a seguir é um picolé vendido em uma grande sorveteria. Você seria capaz de dizer quais as sete informações obrigatórias que estão faltando nesta embalagem?

 

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Antes de ver as respostas, faça suas anotações e depois confira abaixo.

  1. Denominação de venda do alimento. Na embalagem está escrito apenas Uva, que é o sabor, mas o correto seria: Picolé Sabor Uva, afinal não se trata da fruta embalada e sim de um picolé;
  2. Lista de ingredientes. Com exceção de alimentos que possuam um único ingrediente (exemplo: açúcar), deve constar no rótulo uma lista de ingredientes;
  3. Nome e endereço completo do fabricante (ou do fracionador ou do proprietário da marca). Só o CNPJ, como está na embalagem, não é suficiente;
  4. Condições para conservação. O sorvete é um alimento que exige condições especiais para sua conservação e, por isso, deve ser incluída uma legenda indicando as precauções necessárias para manter suas características normais. Exemplo: Conservar em freezer a -18°C. Afinal, no caso presente, a validade que o produtor declarou pressupõe uma determinada temperatura de conservação;
  5. Tabela nutricional (Resolução 360/2003, Anvisa);
  6. Informação sobre glúten. Todos os alimentos industrializados devem conter em seu rótulo, obrigatoriamente, as inscrições “contém glúten” ou “não contém glúten”, conforme o caso (Lei 10.674/2003);
  7. Como se trata de um produto aromatizado, deve constar no rótulo uma das seguintes informações, conforme o tipo de aroma utilizado: “contém aromatizante”, “sabor artificial de uva” ou “contém aromatizante sintético idêntico ao natural” (vide Informe Técnico 26/2007, da Anvisa).

Encontrou outras informações obrigatórias ausentes? Compartilhe conosco e com os demais leitores nos comentários.

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FSB Entrevista | Angela Busnello

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Nesta entrevista, nossa colunista aqui no Food Safety Brazil, a Angela Busnello, compartilha com vocês um pouco da trajetória de 15 anos como engenheira de alimentos. Angela é consultora de Gestão da Qualidade, instrutora, perita oficial do TJ/RS, perita oficial da Justiça Federal, diretora da empresa Qualität, escritora de posts, mãe do Alexandre, gaúcha e amante do espumante nacional. Entende a vida como um desafio diário, “todos os dias quando acordo sei que terei um dia bem diferente do anterior, nunca gostei da rotina, o desafio me encanta e é assim que construí minha carreira. A frase: Escolha um trabalho que você ame e não terá de trabalhar um único dia de sua vida (Confuncio), se encaixa perfeitamente na minha vida”.

1)  Na sua opinião, como a segurança de alimentos é vista pelas empresas na região sul do país, e quais são os maiores desafios? ( Ana Cláudia)

Ana, atualmente percebo a região sul tomando novos rumos na questão da segurança de alimentos. Consultorias e projetos engessados são coisas do passado, porque não atendem mais a mercados exigentes, as auditorias de clientes ou certificadoras internacionais. Hoje criatividade e bom senso são valorizados para conseguir adequar-se a normas exigentes com menos recursos disponíveis. Antigamente, consultoria terceirizada era coisa de luxo e a ISO 22000 era vendida como o monstro do pântano, ou seja, faziam dela uma ferramenta complicadíssima, e assim valorizava-se os poucos que dominavam a ferramenta. Hoje há informação disponível na internet, o blog  Food Safety Brazil é um bom exemplo disto, pois disponibiliza conhecimento de qualidade sem custo. O cenário mudou e os empresários contratam consultorias por afinidade, competência, e o diferencial são as pessoas, sua forma de atuação; de nada adianta copiar documentos, se você não sabe aplicá-los na prática.

O maior desafio o início de minha carreira: enfrentar um mercado de trabalho que desconhecia a profissão e sua importância. O maior desafio atual como empresária é encontrar pessoas preparadas, dispostas a colocar a mão na massa para atuar neste mercado promissor e exigente, com vontade de fazer a diferença e parceria.

2) Qual foi a maior lição que você aprendeu na carreira de perita? (João Paulo)

João Paulo, a maior lição é que o Brasil tem muito a desenvolver ainda no tema segurança de alimentos. A maioria dos processos judiciais poderiam ser evitados por medidas simples, como boas práticas de fabricação básicas. Algumas empresas ainda possuem a cultura da produtividade em primeiro lugar, a qualidade é vista apenas como protocolo para atender a exigências legais.

Se uma empresa possui um bom programa de gestão implementado, uma gestão de riscos de processos, e a visão da importância de um processo de gestão, evitar gastos astronômicos com processos judiciais e investir em qualidade é o melhor negócio. Infelizmente ainda estamos na cultura do remediar, e os profissionais da área ainda mostram pouco preparo na gestão de custos, o empresário precisa saber o quanto vai ganhar se investir em qualidade, saber os custos da falta dela.

3) Quais os aprendizados você leva para sua vida? Pode compartilhar conosco???

O maior aprendizado, o mais significativo, é a importância da elaboração de produtos seguros. Vivenciei danos irreparáveis na vida das pessoas por perigos que poderiam ter sido perfeitamente evitados se a cultura da segurança de alimentos estivesse implementada de maneira eficaz.  Um exemplo comum são processos realizados por perda de familiares por comer alimentos contaminados, as fraudes intencionais de funcionários por descontentamento com o empregador, milhares de pessoas afetadas por fraude de alimento por ganância, sem pensar nos danos causados as famílias.

4) Qual o maior desafio da atuação de um perito? Pode nos contar os marcos de sua história com a segurança de alimentos? (Silvana Chaves)

Silvana, o maior desafio é a diferença entre os casos, cada caso é único. Precisa estudar toda legislação envolvida para o caso, procurar o laboratório certo para analisar o produto ou quando eu mesma preciso analisar e avaliar, preciso encontrar a metodologia específica para apontar os resultados com precisão. O juiz ou promotor precisam de dados técnicos específicos e com uma linguagem de fácil compreensão, pois não são técnicos na área. 

Vou explicar um pouco sobre como funciona uma perícia de engenharia de alimentos de um alimento com objeto estranho. A prova é enviada para meu escritório, o juiz não liberou visita à fábrica, ou seja, ele vai pagar o valor mínimo apenas para elaborar o laudo, eu preciso ter conhecimentos sobre o processo e saber responder a pergunta inevitável feita pelo advogado: ”Nobre perita, é possível este objeto ser proveniente do processo da ré?” Então estudo e falo de processo produtivo em geral, pois sabemos que processos, fluxos, equipamentos, variam de fábrica para fábrica, então é sempre uma resposta subjetiva para esta pergunta, ou seja, a visita é fundamental, mas nem sempre o juiz autoriza .

Na questão de segurança de alimentos, todos os tipos de problemas são encontrados como:

Pele de rato em molhos de tomate. Eu disse pele não, disse pelo. Os ratos são triturados junto com os tomates, comprovando a falta de boas práticas e controle na recepção de  matérias primas (quando periciei molho de tomate com pele de rato pela primeira vez vomitei muito em pensar nas partes trituradas e não vistas pelo consumidor, uma pele é muito fácil de ver) ;

Pedaços de esteiras, pregos: comum em perícias encontrar por falta de manutenção preventiva e de estudo em perigos;

Cabelo: encontrado em produtos de pequenas empresas e elaborados em supermercados por falha nas boas práticas;

Dente de leite em pão de forma fatiado: o dente estava cortado pela navalha fatiadora de pão ao meio, ou seja, provável fraude do funcionário, que soube exatamente introduzir o dente no processo para ser cortado. Foi descartado a hipótese de ser proveniente da matéria prima devido as malhas do processo assegurarem a retenção de matérias estranhas com tamanho superior a 2 mm. A empresa afirmou possuir sistema de câmaras para atender ao Food Defense, possuía tudo descrito, então perguntei, posso verificar os vídeos?  A resposta foi: as gravações são apagadas em 30 dias. É um ponto a repensar, pois processos judiciais duram anos, e esta seria uma boa prova, guardar por 30 dias é o suficiente? Para perícias de nada adianta.

Pragas: comum receber produtos infestados, neste caso normalmente a fonte não é a indústria de alimentos, e, sim, é proveniente de supermercados e distribuidores, estes quando periciados não possuem controle de pragas e não realizam higienização e monitoramento dos locais infestados. Não possuem nem conhecimento de Boas práticas básicas;

São muitos casos com as mais diversas situações e na maioria o atendimento básico da segurança de alimentos seria o suficiente para evitar multas ou gastos com advogados, com longas e onerosas discussões na justiça.

5) Qual foi o caso mais esdrúxulo em que você já atuou como perita? Qual foi o seu primeiro caso? (Cristina Leonhart)

Cris, o mais esdrúxulo e engraçado foi o caso do consumidor de uma cerveja produzida por uma grande marca nacional, ao  abrir o processo deparei com a seguinte a narrativa:  “ Estava em uma noite no bar do Alemão com meus amigos e na quarta garrafa percebi uma mosca em meu copo, exijo reparação da empresa sobre o dano causado.” 

Bastante óbvio identificar que a mosca veio do bar, não é mesmo?  Depois da quarta cerveja, em um local sem proteção contra pragas, sendo a cerveja um atrativa, a visita na fábrica seria praticamente dispensável. Mas a ordem e a solicitação judicial devem ser cumpridas, ou seja, preciso ir na empresa, verificar  todos os controles, a higienização dos frascos, o controle de pragas, verificar sensores, filtrações e explicar todo processo.

O primeiro caso foi um biscoito com prego dentro, este perfurou a boca do consumidor. A juíza solicitou a realização de uma visita surpresa. Nestes casos vou com uma ordem judicial. Então uma sequência de falhas foram verificadas: a manutenção estava trabalhando ao lado da esteira de biscoitos, com muitos pregos, óleo de máquinas, parafusos… e estavam arrumando uma estrutura aérea em pleno processo de fabricação, ou seja, não existia precaução ao perigo, a esteira estava desprotegida. A peneira  do processo era apenas para grumos de farinha, ou seja, pregos vindos com a matéria prima não eram retidos nesta peneira (realizamos o teste e o prego passou pela peneira).  O detector de metais durante a inspeção estava desligado, mesmo assim realizei os teste e este não detectou o prego, não existiam planilhas de monitoramento e verificação do aparelho.

6) Qual os seus Hobbies preferidos nas suas horas vagas? (Dafné Didier)

Adoro ficar em casa, com meu filho e minha cachorra. A Ioga além de atividade física é minha forma de relaxar das longas viagens. Minha casa é meu refúgio no final de semana, amo a Serra Gaúcha, a comida italiana e as cores dos vinhedos.

7) Sei que tens uma adega particular em casa, me fala um pouco sobre essa paixão! (Dafné Didier)

Eu mesma fiz este projeto, ela é um painel de espumantes. Minha paixão por acompanhar o  processo de elaboração de espumantes: durante a safra, os aromas da fermentação aguçam todos os sentidos, tocam a alma e são inesquecíveis. Gosto de vinho para os dias frios, mas minha paixão é o espumante.

Compartilho com vocês o meu painel e minha paixão.

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5 erros que cometemos na cozinha de casa e que são um tremendo risco para a saúde

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Resolvi escrever esse post simples mas muito importante para conscientizar todos nós que cozinhamos em nossas casas. Muitos cometem erros sem que ao menos saibam que isso pode desencadear uma intoxicação alimentar.

Vamos descobrir juntos onde podem estar esses erros?

  1. Deixar alimentos prontos ou ingredientes perecíveis sobre o fogão ou sobre a pia: essa é clássica! Quem nunca deixou o jantar sobre o fogão por diversas horas até o último comer? Ou chegou do supermercado e deixou a carne sobre a pia porque iria preparar daqui a pouco… mas o daqui a pouco se estendeu por horas?

A grande questão é que deixar alimentos expostos à temperatura ambiente por mais de 20 minutos (tolerância para 30 minutos), propiciando o crescimento de microrganismos, uma vez que temos disponível no alimento nutrientes, água, e sob temperatura ambiente, a temperatura ideal para a multiplicação de diversas bactérias, inclusive bactérias patogênicas (que causam doenças e podem até levar à morte). Muitas dessas bactérias podem ainda produzir toxinas, e essas toxinas mesmo após o aquecimento, fritura, cocção dos alimentos não são inativadas, ou seja, o microrganismo que a gerou dependendo do tempo e temperatura de cocção pode até morrer, mas a toxina continua ativa no alimento e ao ser ingerida ocasionará uma intoxicação alimentar em quem consumir o alimento. Para eliminar esse risco, basta guardar os alimentos na geladeira! O tempo máximo que devemos manter os produtos à temperatura ambiente é de 30 minutos, isso porque uma das bactérias mais rápidas em termos de multiplicação demora apenas 20 minutos para se multiplicar!

  1. Usar pano de prato: o pano de prato é uma grande fonte de contaminação na cozinha e por diversos motivos. O primeiro deles é que usamos, quase sempre, o mesmo pano de prato para tudo. Manipulamos a carne crua? Damos uma passadinha de água nas mãos e secamos as mãos no pano. Sujou algo na pia? Passamos o pano. Precisa tirar algo do forno? Usamos o pano para não nos queimar. Preciso secar um utensilio urgente? As vezes não trocamos o pano, e usamos o mesmo. Ou seja: aquele microrganismo lá da carne crua, que ficou na minha mão pois eu não a lavei corretamente (que nesse caso seria lavar com sabão E passar álcool gel), ficou no pano e foi passando para todos os outros lugares que usei o mesmo pano! O outro motivo é que o pano de prato quase sempre permanece úmido. E essa umidade associada com o calor da cozinha, propicia a multiplicação de fungos também (pano com pontos pretos? Pode ter a certeza que seu pano está contaminado com fungos ou bactérias!). E por fim: como os panos de prato são lavados como em sua casa? Separados de todo o restante? Você os desinfeta com hipoclorito de sódio após a lavagem? Ou os ferve? Se a resposta for não, há microrganismos presentes nesse pano. Ah, e nada de lavar junto com panos de chão, por favor!
  2. Usar a esponja de louça: a esponja segue basicamente o mesmo principio do pano de algodão. Imaginem só: esponja lava a louça suja, seja ela uma louça usada para armazenar frango cru ou para armazenar calda de chocolate… A esponja fica com todos os resíduos de alimentos e também com todos os microrganismos que estavam naquele alimento. Imaginem um frango contaminado com Salmonela. Essa Salmonela pode ter passado do frango para a esponja. E então uso a mesma esponja para lavar os demais utensílios. Além disso há ainda quem coloque a esponja em um recipiente com água e detergente, ou seja, estou disponibilizando nutrientes (resíduos dos alimentos das louças que lavei), água e temperatura ideais para a multiplicação dos microrganismos. Esse molho da esponja vira uma verdadeira sopa de bactérias!

O grande problema é que em nossas casas não temos o hábito de desinfetar os utensílios após a lavagem, com álcool 70% por exemplo. E nem de lavar bem a esponja após usa-la e coloca-la imersa em solução de hipoclorito de sódio. Esse simples ato de desinfetar os utensílios após a lavagem, e de imergir a esponja em solução de hipoclorito de sódio (1 colher de sopa de hipoclorito de sódio 2,0 a 2,5% para cada 1 litro de água) por 15 minutos, já resolveria o problema. E claro, trocar a esponja por uma nova periodicamente, e não raramente como muitos fazem.

  1. Cozinhar utilizando adornos: esse erro também é bem comum! Quem nunca preparou um alimento usando a aliança ou um anel, por exemplo. O grande problema dessa prática é que todos os resíduos de alimentos que estamos manipulando com as mãos, somados ao suor e sujidades que já estavam no adorno, se misturam e vão passando para os demais alimentos e utensílios que mexemos, e consequentemente os microrganismos também! Além da carga microbiana e sujidades, ainda há a questão do perigo físico, de uma parte do adorno, uma pedra por exemplo, se soltar e ir parar no alimento, além do risco de acidentes, o adorno prendendo-se em algum lugar e machucando o manipulador.
  2. Descongelar alimentos na pia ou em imersão de água: essa também é muito frequente! Você indo dormir mas antes de ir para quarto coloca a carne dentro da pia para descongelar durante a noite… Ou você irá preparar um peixe mas esqueceu de descongelar e agora precisa descongelar urgente então o coloca em um recipiente com água sobre a pia. Quem nunca? Aqui a questão é praticamente a mesma dos alimentos mantidos à temperatura ambiente por mais de 30 minutos. O processo de descongelamento acontece de fora para dentro do alimento, assim, a temperatura na superfície da peça elevará rapidamente e atingira o equilíbrio com a temperatura ambiente, antes mesmo que o meio da peça descongele. Assim, grande parte do alimento ficará à temperatura ambiente por bem mais de 30 minutos, e no caso da produção de toxinas por meio da multiplicação de bactérias produtoras de toxinas no alimento, já era, não adianta fazer mais nada que a toxina não será inativada. Então a solução é se programar e descongelar o alimento na geladeira, ou em casos de emergência utilizar o micro-ondas ou o forno, mas nesses casos o alimento deve ser imediatamente consumido após o preparo.

Espero que vocês tenham gostado das dicas, e que caso perceba que estava fazendo algo de errado, que tenhamos o ajudado a corrigir para garantir a sua saúde e a de sua família!

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Terceirização da Inspeção Federal

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Muito tem-se discutido nas pautas do governo federal, e também nos bastidores das indústrias alimentícias, a respeito da terceirização da inspeção federal. Para quem não sabe, a terceirização consiste na possibilidade da empresa contratar outra empresa (especializada em um serviço), para a realização de atividades que não constituem o objeto principal da mesma e é justamente isso que o Ministério da Agricultura pretende autorizar: a contratação de Médicos Veterinários da Iniciativa Privada – MVIP para realizarem a inspeção de estabelecimentos agropecuários integrado ao Sisbi (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal), que hoje são realizadas por Fiscais Federais Agropecuários – FFAs (concursados) que possuem poder de polícia.

O assunto já foi exposto aqui no blog (veja aqui), incluindo uma entrevista com o fundador e atual presidente da ANFFA (Associação Nacional de Fiscais Federais Agropecuários) Sindical, Dr. Maurício Rodrigues Porto.

Mas afinal isso seria bom um ruim? Minha resposta é: depende do ponto de vista de quem está avaliando. Nesse caso vou expor qual seria a visão do Governo Federal, da Empresa e dos Consumidores.

1) Do ponto de vista do governo federal seria maravilhoso, pois o mesmo se isentaria da responsabilidade em abrir novos concursos públicos para contratar FFAs, aliviando as despesas da União. A alta cúpula do MAPA tem sido pressionada constantemente para realizar a convocação imediata dos médicos veterinários aprovados no último certame, bem como realizar um novo concurso público para suprir a defasagem dos servidores da União, porém o MAPA sempre postergou ambas as coisas. É evidente que com o crescimento e surgimento de empresas alimentícias no país, não houve compatibilidade de FFAs, e muitos deles acumularam diversas atividades sob sua responsabilidade, dificultando a realização de uma adequada fiscalização.

2) Do ponto de vista das empresas seria muito cômodo, pois embora ela arcasse com os custos do profissional terceirizado, seria ela quem ditaria as regras de qualidade na empresa. Isso já acontece atualmente, com o advento da Circular nº 175/176/2005 (DIPOA), onde a Garantia da Qualidade promove o monitoramento e verificação dos Procedimentos Sanitários Operacionais; Higiene, Hábitos de Higiene e Saúde dos Colaboradores; Controle de Temperaturas; etc.; mas a empresa NUNCA foi até então, responsável pela INSPEÇÃO ANTE E POST-MORTEM. Isso sempre foi atribuição do FFA, um funcionário pago pelo governo federal, com capacitação técnica e poder de polícia, que diante de anormalidades detectadas, condena o produto sem titubear. Delegar essa responsabilidade ao MVIP seria um grande erro, pois sabemos que aqui no Brasil as empresas possuem um grande poder político-econômico (vale lembrar dos financiamentos das campanhas políticas), resultando na aplicação da teoria socrática de “Um peso, Duas medidas”.  No português claro, diria que esse veterinário terceirizado ficaria com “rabo preso” com a empresa contratante, dificultando uma inspeção sanitária fidedigna. Ele estaria rendido ao sistema de cobranças por lucros maiores, sem ponderar merecidamente a sanidade, ficando evidente de que se ele não atender aos “interesses” das empresas, terá quem atenda. 

3) Do ponto de vista do consumidor seria péssimo, pois a qualidade do produto estaria comprometida uma vez que o médico veterinário terceirizado não conseguiria executar a inspeção sanitária com qualidade e autoridade merecida. Esse sistema de inspeção terceirizada pode até funcionar em países desenvolvidos como os Estados Unidos, onde existem leis severas para punir seus transgressores, e onde ESSAS LEIS SÃO APLICADAS, mas aqui no Brasil não.

Creio que o governo brasileiro nessa onda da crise quer se isentar de responsabilidades e gastos de qualquer ministério, seja ele da Agricultura, Turismo, Saúde, etc, a fim de que possa fazer o país avançar (ou sair da lama). Querem tornar o país mais competitivo sem punir os consumidores com isso? Que tal o governo federal manter os FFAs dentro das indústrias e por outro lado incentivá-las com redução de impostos; subsídios do BNDES com baixos juros (ou pagamento a longo prazo); menos encargos nas contas de água e luz; etc? A verdade é que não temos dinheiro em caixa para isso. Então sugiro que reduzam os Ministérios, cortem cargos comissionados em demasia, e reduzam salários e benesses de Deputados e Senadores Federais… aí quem sabe haja justiça com o povo e uma reforma sensata.

Eu defendo a bandeira:

#DIGANÃOATERCEIRIZAÇÃO

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Legislações de alimentos ao gosto da sociedade: risco ou avanço?

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Salaminho liberado na mala

Vejo amigos e parentes celebrando a possibilidade de trazerem queijos, salames e outros quitutes do exterior, sem o risco de serem multados em aeroportos. Tal liberdade se deu agora, após a publicação da instrução normativa 11, no dia 10/05, que estabelece uma cota de até 5 kg por pessoa para entrada em nossas fronteiras de alimentos que passaram a ser considerados de risco insignificante. “A medida visa atender a uma demanda da sociedade “, afirmou a então ministra da Agricultura, Kátia Abreu.  Isso me fez refletir se legislações em alimentos ao gosto da sociedade são um risco ou um avanço.

A “demanda” da ex-ministra me soou como “medida popular para fazer brasileiros felizes”. É fato que produtos processados em muitos países contam com sistemas de segurança e são realmente seguros, mas a alegria dos viajantes deve ser o motivo principal para esta liberação? Neste post compartilhamos um estudo que mostra que 15% dos alimentos apreendidos nos aeroportos apresentavam algum tipo de contaminação.

Rótulo mais claro para alérgicos

O caso exitoso do movimento Põe no Rótulo, que levou à publicação da RDC 26/15, obriga as empresas a informarem claramente nas embalagens a presença de alergênicos em alimentos industrializados. Fruto da organização popular, os interessados, na maioria mães de crianças alérgicas, sabiam muito bem dos riscos que corriam por já terem vivenciado na prática reações, muitas levando à emergência médica, e em alguns casos, à óbito. Este movimento contou com o apoio da classe médica, e de muitas celebridades que se manifestaram publicamente nas redes sociais. O grupo foi fortemente atuante na imprensa e na televisão até alcançar sua conquista.

Bela Gil e Carbofurano

Surpreendente foi, também, ver como a apresentadora Bela Gil reverteu uma consulta pública  da Anvisa sobre o agrotóxico Carbofurano com apenas um post no Facebook. A mobilização feita em fevereiro deste ano,  elevou de 31% para 69% o percentual de votantes em favor do banimento do agrotóxico no Brasil. Na opinião de Bela, a ação se deu “por que meu público tem visão muito próxima da minha, a favor de alimentação orgânica”. O parecer final da Anvisa não foi publicado, mas fica a questão: o público leigo tem formação técnica compatível para sugerir leis com base científica? Entende de toxicologia, estudos que levam anos para serem conclusivos?

Xô Organismos Geneticamente modificados

São numerosos os estudos sobre a inocuidade dos OGM, e há outros tantos sobre possíveis malefícios. A polêmica já foi tratada aqui. Contudo, é fruto de um consenso popular a aversão a organismos geneticamente modificados, sendo que este posicionamento, fortalecido por organizações ambientais, levaram 19 países europeus a rechaçar a tecnologia, havendo um movimento “GMO-Free” amadurecido no velho continente.

Hambúrguer sem hidróxido de amônia nos EUA

Jamie Oliver, o chef inglês, fez muito barulho ao divulgar na mídia que os hambúrgueres da maior cadeia de fast food do mundo utilizava hidróxido de amônia como ingrediente de suas formulações nos Estados Unidos  (caso Pink Slime). Vale ressaltar que neste país, o FDA considera o aditivo seguro, liberado para ser aplicado com esta finalidade. Um ano depois, a rede anunciou ter mudado sua formulação, embora faça questão de dizer que a melhoria não tem relação com o movimento.

Conclusão:

O fato é que a influência de celebridades, mídias sociais, organizações de consumidores ou ativistas parece ter, nos dias de hoje, um papel sem precedentes na formação de leis e de condutas da indústria de alimentos. Pensar que as legislações de alimentos formuladas de acordo com o gosto da sociedade serão sempre baseadas em critérios técnicos e científicos, chega a ser utópico.

Já diz nossa carta magna, tão citada nos últimos dias: “o poder emana do povo”. Se o povo tem competência e consegue fazer bom uso deste poder, estamos diante de um avanço. Se este mesmo povo pode nos levar à decisões equivocadas, estamos diante de um risco.

Fonte da imagem: Minhoca nas salsichas.

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Bacteriocinas – Qual a utilização na indústria de alimentos?

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Alguns microrganismos possuem a capacidade de produzir substâncias que podem influenciar no crescimento de outros microrganismos, como as bacteriocinas, que são aplicadas na indústria alimentícia como técnica de bio-preservação, refletindo no valor nutricional e na melhoria da segurança de produtos alimentícios. As bacteriocinas foram descobertas em meados de 1950, porém não se sabia a real ação dessas proteínas. São peptídeos ou proteínas sintetizados por bactérias láticas no ribossomo e liberados no meio extracelular, que apresentam ação bactericida ou bacteriostática sobre bactérias Gram-positivas.

As bacteriocinas estão distribuídas em 4 classes. Em geral, a classe I, ou lantibióticos, representada pela nisina, é constituída por peptídeos termoestáveis de baixo peso molecular (<5 kDa), diferenciados dos demais pela presença de lantionina e derivados; a classe II é composta por pequenos peptídeos (<10kDa) termoestáveis divididos em três subclasses: IIa (pediocina eenterocina), IIb(lacto-cina G) e IIc (lactocina B); a classe III é representada por peptídeos termolábeis de alto peso molecular (>30 kDa), como helveticina J; na classe IV, encontram-se grandes complexos peptídicos contendo carboidrato ou lipídio em sua estrutura. A produção da bacteriocina é influenciada por fatores como pH (5,5), temperatura do produto, condições de processamento e estocagem do produto.

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Os estudos relacionados à ação de bacteriocinas se baseiam nos significativos resultados encontrados como redução logarítimica nas bactérias: Listeria monocytogenes, Clostridium botulinum, Bacillus cereus e Staphylococcus aureus. Na indústria de alimentos, as bacteriocinas agem principalmente em queijos, leite pasteurizado, sobremesas, iogurtes e cárneos processados inibindo o desenvolvimento germinativo de esporo de bactérias termófilas, reduzindo a contagem microbiológica, reduzindo as condições de tratamento térmico, prevenindo o excesso de acidez e aumento da vida de prateleira.

Devido à mudança nos hábitos de consumo das pessoas, por produtos mais naturais, as bacteriocinas contribuem devido a serem agentes naturais de conservação, podendo assim substituir os conservantes químicos nos alimentos como propionatos, benzoatos e sorbatos. E uma ótima notícia aos apreciadores de sabor, além dos benefícios evidenciados, elas não promovem alteração sensorial do produto.

Referências:

Fontes de imagem:

 

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Prevenção à Contaminações na Indústria de Embalagens

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Como a indústria de embalagens previne possíveis contaminações? Na especificação de programa de pré-requisitos da indústria de embalagens ISO/TS 22002-4, é solicitado que a organização avalie possibilidades de contaminações e determine medidas preventivas. Para facilitar, seguem algumas dicas de práticas mais usuais:

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Créditos de imagem: Fernanda Stoduto.

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BRC oferece módulo de avaliação em Cultura de Segurança dos Alimentos

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Aqui no blog temos falamos bastante da cultura de segurança dos alimentos na nossa coluna específica para o tema, “Fator RH”. Também já palestramos sobre o assunto no painel Cultura de Segurança de Alimentos (“Um valor que vem de cima!”). Contudo, ainda não havíamos apresentado nenhum post sobre como realizar uma avaliação em Cultura de Segurança dos Alimentos.

Agora é possível, através de um módulo de adoção voluntária do esquema BRC, obter uma medida de como anda a cultura organizacional com respeito à segurança dos alimentos, tal como se faz com outros critérios normativos ou legais.

A metodologia se propõe a avaliar de forma quantitativa a cultura de segurança dos alimentos de uma organização. Para isso, é aplicado um questionário ao pessoal da empresa de diferentes níveis hierárquicos, considerando-se uma amostragem estatística significativa. Ele leva cerca de 20 minutos para ser realizado, e tem como saída um relatório com a pontuação e a interpretação do resultado. Os parâmetros avaliados são:

Pessoas – autonomia, envolvimento e “sentimento de dono”;

Processos – controle, coordenação consistência e sistemas;

Propósito – visão da empresa, valores, estratégia e objetivos;

Proatividade – conscientização, visão, capacidade de mudança e aprendizagem.

A avaliação não interfere no resultado da auditoria BRC, e os donos do esquema sugerem que ela seja reaplicada após um ano para que se acompanhe o progresso das ações.

O serviço não pode ser contratado isoladamente, somente em conjunto com a certificação no esquema.

Para baixar o folder com mais detalhes, clique aqui

Fonte: Evento BRC Food Safety Americas, que cedeu uma vaga de cortesia para o blog Food Safety Brazil.

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Principais pontos da ISO/TS 22002-1 e documentação recomendada – PARTE 2

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Sua empresa está com o objetivo de implementar o esquema FSSC 22000, e você não sabe por onde começar? A ISO/TS 22002-1 ainda é desconhecida? Então esta sequência de 6 posts é para você!  A parte 1 está disponível aqui.

Mas atenção! Este post é para ser apenas um auxilio durante o estudo da especificação técnica. Para a implementação na unidade, cada requisito deve ser avaliado com carinho e profundidade.  A equipe de segurança de alimentos já está reunida?

No post de hoje abordaremos as seções 7 e 8 da ISO/TS 22002-1. Bom estudo! 

Gestão e remoção dos resíduos

  • Resíduos identificados, coletados, removidos e descartados de maneira a prevenir contaminação de produtos ou áreas de produção;
  • Os coletores identificados, localizado em área determinada, de materiais impermeáveis, fechados e trancados quando o resíduo apresentar risco ao produto;
  • Recursos devem ser dados para a segregação, armazenamento e remoção dos resíduos;
  • Acúmulo de resíduos não deve ser permitido em áreas de manipulação e estocagem. Remoção com no mínimo uma remoção diária;
  • Material de rotulagem, produtos ou embalagens impressas destinadas ao descarte devem ser descaracterizados ou destruídos para garantir que a marca não seja reutilizada. A remoção e destruição devem ser conduzidas por terceiros qualificados. A empresa deve manter registros dessa destruição.

Procedimento: Manejo de resíduos.

Registro: Descaracterização de resíduos.

Ralos e escoamento / drenagem

  • Ralos projetados, construídos e localizados de maneira que o risco de contaminação dos materiais e produtos seja evitado. Ralos devem ter capacidade suficiente para remover a demanda de fluxo. Drenos não devem passar sobre as linhas de produção;
  • O sentido do escoamento – área limpa para área suja.

Equipamentos

  • Superfícies de contato não devem afetar o produto, o sistema de higienização ou serem afetadas por eles. Devem ser de material durável e capaz de resistir a repetidas higienizações;
  • Os equipamentos devem  ter superfícies lisas, acessíveis, higienizáveis e com sistema de drenagem em áreas de processo úmidas. Uso de material compatível com o tipo de produto e agentes de limpeza ou enxágue. Estrutura não penetrada por orifícios, parafusos e porcas;
  • Tubulações e dutos de ar devem ser higienizáveis, drenáveis e sem cantos mortos;
  • Os equipamentos devem ser projetados para minimizar o contato entre as mãos dos operadores e os produtos;
  • Materiais projetados para uso em alimentos. Elas devem ser impermeáveis e livres de corrosão e ferrugem.

Procedimento: Manutenção preventiva.

Documento: Evidências de material conforme para contato direto com o produto.

Registro: Inspeção dos equipamentos que possuem porcas e parafusos em contato direto com o produto.

Equipamentos para monitoramento e controle da temperatura

  • Monitoramento e controle da temperatura de equipamentos usados em processos térmicos.

Registro: Registro de monitoramento de temperatura e vazão.

Sistema de limpeza, utensílios e equipamentos

  • Programas documentados de limpeza (local, incluindo os ralos, as responsabilidades, os métodos, utensílios, requisitos para remoção ou desmonte e métodos para verificar a eficácia da limpeza).

Procedimento: Limpeza das instalações, equipamentos, móveis e utensílios.

Manutenção corretiva e preventiva

  • Programa de manutenção preventiva (todos os dispositivos usados para monitorar e/ou controlar perigos);
  • Controle da manutenção corretiva;
  • Priorização de manutenção que tenham impacto na segurança do produto;
  • OS para reparo permanente quando for tomada reparos temporários;
  • Lubrificantes e fluidos de troca de calor devem ser de grau alimentício onde houver o risco de contato direto ou indireto com o produto;
  • Liberação do equipamento pós-manutenção deve incluir limpeza, sanitização, e inspeção pré utilização;
  • PPR aplicáveis às áreas de manutenção e às atividades de manutenção que ocorram em áreas de processo;
  • O pessoal de manutenção deve ser treinado nos perigos ao produto associados à sua atividade.

Procedimento: Manutenção preventiva

Registro: Lista de presença de BPF, evidência de food grade para lubrificantes, OS, registro de limpeza após intervenção; registro de treinamento de BPF para manutentores.

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ISO/IEC 17025:2005 no Laboratório da Indústria de alimentos

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Nos requisitos adicionais da FSSC 22000, o item sobre Gerenciamento de Entradas determina que a empresa deve garantir que são realizadas análises dos insumos críticos, para confirmação da segurança dos produtos com padrões equivalentes aos descritos na norma ISO 17025. No mínimo, porque ajudam para uma gestão eficaz do laboratório.

Para tal, pensei nesse post para auxiliar, por exemplo, sobre a responsabilidade do coordenador de um laboratório:

  • Realizar coordenação técnica;
  • Planejar e define políticas;
  • Prover capacitação técnica;
  • Realizar auditoria;
  • Comparar resultados;
  • Agir para melhorar.

Friso a importância dos laboratórios para a empresa, sendo eles responsáveis por atender requisitos de clientes, realizar testes e validações, estudos de shelf life, de desenvolvimento de produtos e, principalmente, realizar análises para atendimento aos requisitos legais.

O MAPA, por exemplo, com a publicação da IN nº 34/11 passou a exigir de laboratórios credenciados (que inclui os antigos laboratórios reconhecidos) a implementação da ISO 17025. Acredita-se que em breve a acreditação será uma exigência para o credenciamento do laboratório no MAPA.

O fato das análises serem realizadas internamente diminui consideravelmente os custos de estocagem de produtos devido a maior agilidade do processo.

Além disso, a acreditação dos laboratórios hoje representa um aprimoramento da cultura da qualidade e leva a melhora da imagem da empresa. O símbolo de acreditação pode ser divulgado no relatório de análise.

O escopo de todos os laboratórios acreditados atende, no mínimo, aos programas de autocontrole.

Detalhamento da ISO 17025:

Esta norma possui duas grandes seções:

  • Requisitos da direção (com 15 requisitos baseados na ISO 9001 e ISO 9002);
  • Requisitos técnicos (com 10 requisitos baseados na ISO GUIA 25/93 e EM 4500).

Por onde começar a implementação da ISO 17025?

A  implementação da ISO 17025 nos laboratórios segue os seguintes passos:

  • Curso de interpretação da norma;
  • Troca de informações com outros laboratórios;
  • Consultoria;
  • Elaboração do manual da qualidade, incluindo as políticas. Definir uma lista de procedimentos livres para cada unidade da empresa, se possuírem filiais, e os códigos destes documentos devem ser citados no manual da qualidade;
  • Definição de responsabilidades para o sistema de gestão e pela sua manutenção.

Destaco que existem diferentes interpretações para um mesmo requisito, e ninguém conhece melhor o laboratório do que as próprias pessoas que trabalham ali. Então, é preciso seguir seus instintos e tomar decisões com base no próprio conhecimento.

Principais requisitos da norma ISO 17025 são:

4.3 Controle de documentos

Estar disponível, evitar uso e acúmulo de documentos obsoletos ou inválidos. Deve-se fazer a revisão da documentação quando necessário e em tempo hábil, disponibilização de documentos para todos, treinamento de todos os laboratórios.

Pode-se fazer uso de sistema de controle de documentos para gerenciamento de documentos internos e externos; acesso restrito por setor conforme a necessidade; manutenção de histórico de versões anteriores; uso de workflow de aprovação; uso de filtros de pesquisa por laboratório; uso de sistema de alerta relacionado a confidencialidade dos documentos; disparo automático de consensos e backup diário.

4.4 Análise de pedidos, propostas e contratos

A área que solicita, ou requer análise, avalia. A definição do método é definida pelo laboratório, exceção para solicitação especifica de cliente internacional.

4.5 Aquisição de serviços e suprimentos

O maior desafio não é com a qualidade dos insumos adquiridos, mas, sim, com a prestação de serviço (quantidade e prazo). Pode-se fazer uso de compras corporativas para se ter vantagem. Realizar uma análise no primeiro recebimento do lote na empresa, não importando o laboratório que recebeu o material. Sempre que um desvio é encontrado, um fluxo de comunicação interna é iniciado.

4.7 Atendimento ao cliente

Manutenção de realimentação, mantendo os registros de cooperações entre cliente e laboratórios, com conscientização entre os prazos de análises.

5.2 Pessoal

Manter treinamentos constantes, manter cultura para a qualidade, manutenção do sistema, prover a melhoria e realizar as reciclagens.

5.4 Métodos de ensaio e validação de métodos

Necessário acreditação de vários métodos para atender aos requisitos; avaliação de desempenho ou validação de métodos bastante trabalhosos; falta de clareza de alguns métodos de referência.

5.6 Rastreabilidade de medição

Alto custo da aquisição da CEPA (Material de referência certificado – MRC). A aquisição dos MRC é feita corporativamente. Somente são adquiridos CEPAS na 1ª OU 2ª geração. Os laboratórios recebem os materiais na 2ª ou 3ª geração, e usam este material por 30 dias. Somente são utilizadas CEPAS que estão no máximo na 5ª geração.

5.9 Garantia da qualidade de resultados de ensaios

Realizar comparação Inter laboratorial com frequência mensal de análises de rotina, e anualmente realizar ensaios de proficiência disponíveis no mercado. A norma pede a realização de ensaios de proficiência a cada 4 anos.

5.10 Gestão ou apresentação de resultados

Usar um sistema que gere relatórios após o cadastro de amostras.  Esse histórico de dados permite uma visualização do perfil de cada planta. Esta informação é disponibilizada para todos os envolvidos automaticamente, reduzindo as falhas de comunicação interna.

A acreditação de ensaios de laboratório é uma necessidade, os resultados positivos podem ser vistos e o sucesso deste projeto depende de como a norma é interpretada e aplicada.

Fonte: Workshop realizado pela 3M em 2015, com o apoio do Blog Food Safety Brazil,  na palestra ministrada pelo Sr. Audecir Giombelli, representante da JBS.

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