Conteúdos

< 1 min leitura
0

Workshop Food Safety Brazil 2026: vote na cidade que vai sediar este encontro

< 1 min leitura

Estamos dando o primeiro passo rumo ao Workshop Food Safety Brazil 2026 e nada mais importante do que ouvir quem acompanha de perto nossos conteúdos. Por isso, abrimos votação para que você nos ajude a escolher a cidade que será palco do nosso próximo encontro.

Queremos levar o Workshop Food Safety Brazil 2026 para o Norte ou Nordeste do país, regiões marcadas pela riqueza cultural, pelas paisagens únicas e, principalmente, pela força de seus parques industriais e pela presença expressiva de indústrias de alimentos e embalagens.

As cidades que concorrem para sediar este evento são:

  • Belém
  • Fortaleza
  • Manaus
  • Recife
  • Salvador

Cada uma delas possui empresas inovadoras e um ambiente propício para networking e discussões que conectam teoria e prática.

Agora queremos ouvir você. Mais do que uma votação, este é um convite para participar ativamente da construção desse evento.

Vote e participe dessa escolha, é simples, rápido e vai fazer toda a diferença.

Clique aqui e escolha sua cidade:
https://strawpoll.com/eJnvVAQjMnv

Compartilhe com os colegas e nos ajude a ampliar essa mobilização.

Votação aberta até 30/11/2025.

O Workshop Food Safety Brazil 2026 começa agora e será construído com a participação dos nossos leitores. Vamos juntos nessa?

< 1 min leituraEstamos dando o primeiro passo rumo ao Workshop Food Safety Brazil 2026 e nada mais importante do que ouvir quem acompanha de perto nossos conteúdos. Por isso, abrimos votação para […]

3 min leitura
0

O que o seriado Chaves tem a nos ensinar sobre segurança de alimentos?

3 min leitura

Isso, isso, isso!

Chaves é um dos seriados de TV mais amados e assistidos do Brasil, com uma audiência enorme.  O personagem Chaves, criado por Roberto Bolanos no México, fez parte da infância de muitos e até mesmo de adultos que assistem seus episódios repletos de bom humor típico pastelão. É cheio de personagens inesquecíveis e bordões usados até hoje.

Neste texto analiso alguns episódios e algumas questões sobre temas de segurança de alimentos que podem ser usados em treinamentos ou até mesmo em abordagem para o público infantil.

Leite

No episódio “O Leiteiro (1973)”, em que Chaves e Chiquinha encontram uma cachorra e precisam alimentar os filhotes, há uma cena em que o Sr. Madruga adiciona água no leite, ou seja, comete uma fraude que é considerada crime de natureza econômica, visando o lucro e com baixo risco de detecção. Nesses casos, indivíduos ou empresas inescrupulosas buscam aumentar o volume do produto, reduzindo custos ou mascarar a má qualidade do leite para evitar perdas financeiras.

Fraudes no leite: riscos para a segurança dos alimentos e para a saúde pública

Fraude do leite: aspectos a serem considerados

Refrescos

No episódio “Refrescos numa fria (1977)”, Chaves tem a brilhante ideia de vender refrescos de tamarindo, groselha e limão na rua, porém é possível observar durante a exibição que não existem as condições mínimas para a comercialização das bebidas. A necessidade de BPF é importante, pois alimentos vendidos nas ruas são muito perigosos. O próprio Professor Girafales faz questão de frisar isso a respeito dos cuidados da venda de produtos na rua.  Vale ressaltar a qualidade duvidosa da água utilizada para fazer os refrescos e higienizar os utensílios.

Cachorro-quente de rua: comer ou não comer? Eis a questão!

Dicas para elaboração do POP de potabilidade da água

Churros

No episódio “O vendedor de churros (1978)”, os churros são vendidos na rua e  vemos algumas situações que não podem passar despercebidas: Sr. Madruga não cuida bem do seu uniforme (touca) e digamos que somente o avental e a touca não seriam totalmente suficientes para eliminar riscos. Em outro episódio, o próprio Sr Madruga afirma que não costuma tomar banho, sendo que o faz somente aos sábados. A higiene pessoal dos manipuladores de alimentos é condição básica, inclusive determinada na RDC 216/2004 da ANVISA . No mesmo episódio,  Chaves faz uma simulação do que não se deve fazer: no intuito de fazer o papel de vendedor e comprador, manipula o dinheiro e serve os churros ao mesmo tempo, um exemplo visível de contaminação cruzada.

Uniformes – A moda é proteção contra a contaminação!

Como abordar assuntos delicados em food safety – Higiene pessoal 

Restaurante

Há várias situações neste ambiente, por se tratar de um local onde são preparadas refeições prontas. Mas Dona Florinda esqueceu algo importante: controle de pragas. E é o que vemos no episódio “Caça ao rato(1979)”, onde acontece uma infestação de ratos no restaurante. Há também uma mosca na sopa de Jaiminho apresentada no episódio “Eu sou a mosca que pousou em sua sopa (1979)” mostrando mais uma falha quanto ao controle de pragas.

Controle de pragas e vetores em empresas de alimentos: como estabelecer medidas preventivas corretamente

Um pequeno (grande) inimigo da Segurança de Alimentos

Roedores: para eliminar um rato, pense como um rato

Insetos

Entomofagia é algo que ainda não é tão comum no Brasil, porém é em outras partes do mundo. E mesmo não sendo algo intencional, no episódio “Os Insetos do Chaves (1975)” alguns personagens, como Dona Clotilde, Dona Florinda, Chiquinha e Nhonho têm a desagradável experiência de comer insetos contaminados com gasolina (substância tóxica e que pode causar danos à saúde ao ser ingerida). Por isso, é importante identificar as embalagens de alimentos e realizar o controle de perigos químicos para evitar e prevenir contaminação.

Medidas de controles de perigos químicos à segurança dos alimentos

Rotulagem de alimentos para fins industriais: como elaborar?

Contaminações intencionais de alimentos: precisamos falar sobre isso

Chão

O amigo imaginário do Chaves no episodio “O Violão do Sr. Madruga (1978)” chamava-se Cente, e todas as vezes que algum alimento caia no chão, Chaves alegava que daria aquilo para o Cente. Sabemos que alimentos que caem no chão não devem ser consumidos, exatamente por causa da alta carga microbiana que existe. A regra dos poucos segundos no chão não é válida!

Pegue do chão em até 3 segundos e tudo bem

A regra dos 5 segundos é mesmo válida para alimentos caídos no chão?

Além desses, quais outros episódios do Chaves podem nos trazer lições valiosas sobre segurança de alimentos? Escreva nos comentários. 

Imagem gerada por inteligência artificial

3 min leituraIsso, isso, isso! Chaves é um dos seriados de TV mais amados e assistidos do Brasil, com uma audiência enorme.  O personagem Chaves, criado por Roberto Bolanos no México, fez […]

2 min leitura
0

A ração do seu cachorro pode estar deixando sua família doente

2 min leitura

Trinta e duas pessoas hospitalizadas. Oito internações. Bebês e idosos entre as vítimas. E tudo começou com algo aparentemente inofensivo: a ração do cachorro.

O perigo escondido na tigela

Um surto de Salmonella no Canadá acendeu o alerta vermelho: ração e petiscos contaminados estão adoecendo famílias inteiras. O pior? Seu cão pode parecer perfeitamente saudável enquanto espalha a bactéria pela casa.

Os números que assustam

O Surto
Dados reais
Infectados
32 pessoas confirmadas
Hospitalizados
8 casos graves
Vítimas
De bebês a idosos de 87 anos
Casos ocultos
Para cada 1 reportado, há 26 não diagnosticados

Como você está se contaminando sem saber

Você não precisa comer ração para ficar doente. A infecção acontece de formas surpreendentemente simples:
  • Aquele carinho no cachorro? Suas mãos ficam contaminadas
  • A lambida carinhosa no rosto? Bactéria diretamente na sua boca
  • Lavar a tigela do pet na pia da cozinha? Contamina tudo ao redor
  • Tocar na ração? Depois você leva a mão à boca
Cães podem eliminar Salmonella nas fezes e saliva por até 7 dias, mesmo sem sintomas. E aí, o que pode acontecer? A famosa e conhecida CONTAMINAÇÃO CRUZADA.
Produtos recolhidos: verifique AGORA
Marcas Puppy Love e Puppy World recolheram petiscos de carne, frango e cordeiro vendidos de fevereiro a outubro de 2025. Se você tem esses produtos em casa, jogue-os fora imediatamente.

Sintomas: quando procurar ajuda

A Salmonela ataca rapidamente (6 a 72 horas após contato):
  • Febre alta e calafrios
  • Diarreia intensa (pode ter sangue)
  • Vômitos e cólicas violentas
  • Dor de cabeça súbita
Grupos de alto risco: crianças pequenas, idosos, grávidas e pessoas com imunidade baixa podem ter complicações graves.

As 4 regras de ouro para proteger sua família

1 – Lave as mãos sempre

Depois de tocar na ração, no pet ou nas fezes. Sem exceções. Use água e sabão por 20 segundos.

2 – Separe tudo

Tigelas e utensílios do pet são exclusivos. Nunca os lave junto com a louça da família.

3 – Armazenamento inteligente

Ração longe da comida humana. Longe do alcance de crianças. Sempre fechada.

4 – Cuidado com a comida crua

Dietas cruas para pets são bombas-relógio de bactérias. A FDA já alertou: cozinhar é a única forma segura.
O que fazer AGORA

1 – Verifique se há produtos recolhidos em casa

2 – Crie uma rotina de higiene rigorosa

3 – Ensine as crianças a lavar as mãos após brincar com o pet

4 – Considere mudar para ração de marcas com histórico limpo

A tigela do seu cachorro não deveria ser uma ameaça à sua família, mas a realidade é que pode ser. Proteja quem você ama com informação e atitude.

2 min leituraTrinta e duas pessoas hospitalizadas. Oito internações. Bebês e idosos entre as vítimas. E tudo começou com algo aparentemente inofensivo: a ração do cachorro. O perigo escondido na tigela Um […]

3 min leitura
0

Do glamour ao perigo: a utilização do glitter com PP micronizado em produções alimentícias

3 min leitura

O brilho característico dos glitters comestíveis conquistou espaço nas confeitarias, redes sociais e celebrações de todo tipo. No entanto, nem todo brilho é tão inofensivo quanto parece e pode trazer riscos ao consumidor. Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) emitiu um comunicado alertando sobre glitter que contenha em sua composição polipropileno (PP) micronizado, devido ao potencial risco à saúde dos consumidores. O assunto veio à tona após alguns vídeos viralizados nas redes sociais, que mostravam o rótulo do glitter adquirido em lojas que fornecem materiais para o preparo de doces e bolos. O rótulo informava a presença de polipropileno (PP) micronizado como ingrediente.

A Anvisa realizou um pronunciamento por meio de seu site oficial, reforçando a proibição do PP micronizado em produtos alimentícios:

Anvisa esclarece que plásticos, incluindo o polipropileno (PP) micronizado, não estão autorizados para uso na composição de alimentos, sejam eles preparados ou industrializados.

Portanto, nenhum pó decorativo/glitter que contenha o chamado “PP micronizado” pode ser usado em produtos de confeitaria ou para decoração de alimentos. Esses materiais são permitidos apenas em objetos decorativos não comestíveis, como, por exemplo, cenários para decoração temática de festas.

Reforçou ainda que:

 Os produtos usados para colorir bolos, doces e similares, tanto em confeitarias como no ambiente doméstico, são considerados alimentos. Por isso, devem ser fabricados a partir de ingredientes e aditivos alimentares (que incluem os corantes e outros produtos que servem para alterar a cor, textura e sabor dos produtos) previamente autorizados pela Anvisa. Essa autorização é feita após uma avaliação da segurança para o consumo da população.

E quais os riscos da ingestão de microplásticos, que é o caso do PP micronizado?

Os efeitos adversos da ingestão direta ou indireta de microplásticos estão sendo discutidos com afinco atualmente. Alguns estudos científicos revelam evidências de processos inflamatórios relacionados à presença de plástico no intestino humano e já constataram até a presença de microplásticos no coração humano.

Para saber mais sobre microplásticos, indico os seguintes posts já publicados aqui no blog:

E diante de tal cenário, acabou o glamour das produções realizadas nas confeitarias? A resposta é NÃO! Por isso, é importante saber que alguns cuidados devem ser tomados ao eleger o glitter a ser utilizado nas produções.

Cuidados ao escolher os produtos para decoração de alimentos

  • Fique atento à lista de ingredientes: se houver menção ao PP micronizado na composição, FUJA! Os aditivos autorizados para utilização em alimentos podem ser encontrados neste site disponibilizado pela Anvisa.
  • Verifique se o rótulo contém a denominação de venda destinada à utilização para alimentos, como por exemplo “Glitter para fins alimentícios”, “corante artificial para fins alimentícios” e etc.
  • Cheque validade, lote e empresa que fabrica o produto.
  • Declaração da ausência e presença de glúten

Encontrei glitter comercializado para fins alimentícios com PP micronizado na composição; o que fazer?

A Anvisa reforça que essa prática deve ser denunciada. A denúncia pode ser realizada na unidade local da Vigilância Sanitária da cidade onde você reside, por meio dos canais fornecidos ou pode ser realizada diretamente por meio do site, no endereço https://www.gov.br/anvisa/pt-br/canais_atendimento

É importante colher o máximo de informações possíveis para auxiliar na investigação, como por exemplo:

  • a marca e a denominação;
  • as instruções de uso (quando presentes);
  • os dados do fabricante e/ou distribuidor (razão social e CNPJ);
  • a lista de ingredientes/composição, lote e data de validade.

Com essas informações, você pode fazer seu papel de cidadão consciente e ajudar a manter a segurança dos alimentos, afinal o brilho pode até encantar os olhos… mas não deve ir para o estômago!

3 min leituraO brilho característico dos glitters comestíveis conquistou espaço nas confeitarias, redes sociais e celebrações de todo tipo. No entanto, nem todo brilho é tão inofensivo quanto parece e pode trazer […]

3 min leitura
0

ETO – O uso de óxido de etileno como esterilizante em alimentos

3 min leitura

Nos últimos anos, muitos casos de contaminação de alimentos demonstraram o risco em relação ao uso do óxido de etileno. Esse gás inflamável, conhecido no setor como ETO, pode ser empregado como agente esterilizante. Tal uso se justifica por sua capacidade de inativar microrganismos danificando o seu DNA, sendo esta a mesma propriedade que o classifica como cancerígeno.

ETO e suas aplicações

O óxido de etileno pode ser utilizado na esterilização de instrumentos médicos que não resistem ao calor ou à radiação. Pode também ser aplicado na esterilização de especiarias e vegetais desidratados para reduzir a presença de microrganismos como Salmonella e E. coli, principalmente quando métodos térmicos comprometeriam o aroma, o sabor ou a textura desses produtos.

ETO e sua toxicidade

Porém, os efeitos tóxicos associados ao ETO levaram os órgãos reguladores a reavaliar a sua aplicação no ramo alimentício. Instituições como a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC/OMS) e o National Cancer Institute dos Estados Unidos, classificam o ETO como uma substância carcinogênica. Aqui no Brasil a ANVISA apresenta o mesmo entendimento, categorizando o óxido de etileno como carcinogênico, mutagênico e genotóxico.

ETO e sua regulamentação

Como consequência, a ANVISA proibiu o uso do óxido de etileno em alimentos no Brasil. Além disso, a RDC 826/2023 estabeleceu um limite máximo residual (0,01 mg/kg) para óxido de etileno somado ao 2-cloroetanol, sendo este um valor mais restritivo do que o adotado pela União Europeia. É importante salientar que esse limite serve para monitorar possíveis contaminações não intencionais e não está relacionado a nenhuma aprovação de uso do ETO desde que apresente residual menor que o LMR estabelecido.

ETO em especiarias

Um ponto relevante é que especiarias e ervas secas, por exemplo, apesar de sujeitas às regras sanitárias, são isentas de registro. Isso significa que sua fiscalização ocorre somente após a entrada do produto no mercado, aumentando assim a possibilidade de contaminações passarem despercebidas até sua distribuição e consumo.

Além disso, as características da extensa cadeia de produção dessas matérias-primas favorecem tais vulnerabilidades, como a rastreabilidade limitada e a exportação realizada através de diversos intermediários. É neste cenário que alguns fornecedores acabam recorrendo ao ETO como forma rápida de reduzir cargas microbianas quando as condições de produção não asseguram as boas práticas exigidas.

ETO e casos de recall

Os impactos dessa prática são vistos em escala internacional. Em 2020, sementes de gergelim exportadas da Índia resultaram em um grande recall com impacto mundial, afetando inclusive alimentos infantis. Já no ano de 2022, a Anvisa recolheu produtos da marca Häagen-Dazs do mercado após detecção de derivados de óxido de etileno. Dois anos depois, em 2024, autoridades de Hong Kong relataram novamente presença de ETO em misturas de especiarias provenientes da Índia.

Esses casos moldaram não apenas as regulamentações, como também fizeram com que o mercado passasse a exigir, cada vez mais, declarações formais confirmando a ausência de uso de ETO ou a conformidade com os limites estabelecidos, os chamados ETO Statements. Assim, mesmo onde seu uso em alimentos é proibido, as declarações e monitoramento analítico tornaram-se indispensáveis nos processos de importação, exportação e auditorias de fornecedores.

Em resumo, a discussão sobre o uso do óxido de etileno envolve tanto a necessidade de equilibrar o controle microbiológico dos alimentos como também a proteção à saúde do consumidor. Além disso, a diferença entre legislações internacionais evidencia a complexidade do tema regulatório, como a permissão de aplicações nos Estados Unidos e a restrição completa na União Europeia e no Brasil. Dessa maneira, a exigência de comprovação da não utilização de ETO por meio de declarações e análises segue sendo uma medida essencial para garantir a transparência e segurança de alimentos.

3 min leituraNos últimos anos, muitos casos de contaminação de alimentos demonstraram o risco em relação ao uso do óxido de etileno. Esse gás inflamável, conhecido no setor como ETO, pode ser […]

3 min leitura
0

Identificação de perigos biológicos, químicos e físicos em alimentos de origem vegetal

3 min leitura

O post de hoje é uma entrevista com o Dr. Rafael Ribeiro Gonçalves Barrocas, auditor fiscal federal agropecuário do MAPA há 18 anos. Ele é mestre em Gerenciamento da Qualidade de Alimentos pela Wageningen University (Holanda), agrônomo formado pela UFV e coautor do estudo Identificação de perigos biológicos, químicos e físicos em alimentos de origem vegetal: Riscos associados, rotas de contaminação e medidas de controleEste estudo contém um guia com um mapeamento claro dos principais perigos associados a alimentos vegetais, facilitando a elaboração do plano APPCC e a adoção de medidas preventivas eficazes. Foi apresentado no VII Workshop Food Safety Brazil, em Porto Alegre, RS, em agosto de 2025.  


1 – Dr. Rafael, pode nos contar como surgiu a ideia de criar o guia?

A ideia surgiu da constatação da carência, no Brasil, de um material técnico-científico consolidado que auxiliasse o setor produtivo e o serviço oficial na identificação de perigos em alimentos de origem vegetal.

Com o aumento das exigências sanitárias nos mercados internacionais e a necessidade de fortalecer os controles baseados em risco, entendemos que um guia robusto e sistematizado seria uma ferramenta estratégica para apoiar tanto a implantação do APPCC nas empresas quanto a fiscalização oficial, principalmente no escopo do Programa de Segurança de Alimentos de Origem Vegetal (PSAOV) da SDA/MAPA.


2 – Como foi definida a metodologia para avaliação do estudo? Quais os principais critérios para definição dos riscos?

A metodologia adotada envolveu uma extensa revisão bibliográfica nacional e internacional, coleta de dados oficiais de monitoramento (como o PNCRC/Vegetal), consulta a publicações científicas e relatórios de agências reguladoras, como FDA, EFSA, ANVISA e CFIA.

Para definição dos riscos, levamos em conta três critérios principais: a severidade do perigo para a saúde humana, a frequência de ocorrência nas cadeias produtivas brasileiras e o potencial de disseminação ao longo da cadeia alimentar. O material foi estruturado segundo as categorias de perigos (biológicos, químicos e físicos), com detalhamento por produto ou grupo de alimentos vegetais.


  3 – Quais foram os maiores perigos encontrados? Em quais alimentos?

 Entre os perigos biológicos, destacam-se patógenos como Salmonella spp., Escherichia coli O157:H7 e Listeria monocytogenes, especialmente em hortaliças folhosas consumidas cruas (para mais informações sobre parasitas em vegetais, leia Risco microbiológico de parasitas protozoários em alimentos).

No grupo dos perigos químicos, são os resíduos de agrotóxicos, micotoxinas, como aflatoxinas em amendoim e milho (leia mais em: Será que a alface está limpa mesmo? Sanitização de vegetais).

Já nos perigos físicos, fragmentos de vidro, metais e plásticos rígidos foram relatados com frequência em alimentos industrializados. Esses achados reforçam a necessidade de controles integrados em todas as etapas da cadeia, da produção primária ao processamento.


4 – Pensando em avaliação de risco, como os produtores de alimentos podem aproveitar este guia para trazer mais segurança aos processos?

Pequenos e médios produtores, que nem sempre têm acesso a consultorias especializadas, podem usar o material como referência técnica para implementar boas práticas agrícolas, higienização, rastreabilidade e monitoramento ambiental. Além disso, ao incorporar esse tipo de abordagem, os produtores ganham maior previsibilidade nas auditorias e mais competitividade em mercados exigentes.


5 – Quais as principais conclusões do estudo?

A principal conclusão é que a inocuidade de alimentos vegetais depende de uma abordagem integrada e baseada em risco. O estudo mostra que muitos perigos podem ser controlados com medidas relativamente simples, como manejo adequado da água de irrigação, controle de temperatura, capacitação de manipuladores e programas de higiene estruturados.

Também reforça a importância do alinhamento entre setor regulado e serviço oficial, com base em critérios técnicos e objetivos. O guia contribui para esse alinhamento ao oferecer uma base comum de conhecimento.


6 – Pensando no futuro, há planejamento de produção de novos guias para outras categorias de alimentos?

Sim. A equipe técnica da DIPOV/SDA já discute a ampliação do escopo, com foco em alimentos minimamente processados, polpas de frutas congeladas, grãos e sementes destinadas ao consumo humano. 

O objetivo é que o guia se consolide como uma referência viva e atualizada dentro do Programa de Segurança de Alimentos de Origem Vegetal (PSAOV) do DIPOV, contribuindo continuamente para elevar o padrão de segurança dos alimentos vegetais no Brasil.

 Quer ter acesso ao guia completo? Clique em: Repositório Institucional do MAPA: Identificação de perigos biológicos, químicos e físicos em alimentos de origem vegetal : Riscos associados, rotas de contaminação e medidas de controle.

3 min leituraO post de hoje é uma entrevista com o Dr. Rafael Ribeiro Gonçalves Barrocas, auditor fiscal federal agropecuário do MAPA há 18 anos. Ele é mestre em Gerenciamento da Qualidade […]

2 min leitura
0

Participe do 17° Food Safety Brazil Meeting – evento on line e gratuito

2 min leitura

Saiba tudo sobre monitoramento microbiológico do ar em plantas alimentícias

No nosso dia a dia em indústrias de alimentos, vários fatores precisam ser monitorados para evitar a contaminação dos produtos. Algumas práticas como controle de matérias-primas, higienização de equipamentos, utensílios e ambiente, além de acompanhamento das boas práticas de manipulação costumam ser bastante discutidas.

E quando pensamos nas condições do ar das plantas? Como fazemos esse monitoramento? Qual o impacto da carga microbiológica desse ar como possível vetor para contaminação dos alimentos?

O monitoramento do ar em indústrias de alimentos é uma etapa essencial dos programas de Boas Práticas de Fabricação (BPF) e de controle microbiológico ambiental.

É crescente a preocupação da indústria de alimentos quanto à qualidade do ar dentro das fábricas. O ar é um vetor potencial de contaminação e sua qualidade é considerada um fator crítico para garantir a segurança dos alimentos e a conformidade com as normas regulatórias, mesmo que ainda não existam normas específicas de carga microbiana no ar na indústria de alimentos.

Esse controle é crucial para atender parâmetros ambientais na ISO 22000, por exemplo. Em nosso webinar mostraremos exemplos práticos e cuidados para realizar análises corretas do ar nas indústrias de alimentos e bebidas.

Portanto, não fique de fora desse rico aprendizado e participe do 17° Meeting online do Food Safety Brazil, no dia 25 de novembro às 14h. Para se inscrever, clique nesse link  e reserve a data na sua agenda. A participação é gratuita, mas não deixe para a última hora, pois as vagas são limitadas.

Nessa edição estarão conosco a  Carla Gomes, consultora e colunista FSB e Luis Costa, gerente de aplicações na Merck para América Latina, apaixonado por ciência e inocuidade alimentar, com 25 anos de experiência em análises microbiológicas de alimentos e especialista em análise de ar aplicada à indústria de alimentos e bebidas.

Aproveite essa oportunidade para agregar ainda mais valor à sua jornada. O Food Safety Brasil é seu parceiro.

2 min leituraSaiba tudo sobre monitoramento microbiológico do ar em plantas alimentícias No nosso dia a dia em indústrias de alimentos, vários fatores precisam ser monitorados para evitar a contaminação dos produtos. […]

2 min leitura
0

Cartilha ensina a cuidar dos alimentos dentro de casa

2 min leitura

Devo lavar os ovos antes de colocá-los na geladeira? E a carne, por que não posso descongelar fora da geladeira?

Estas e outras dúvidas certamente passam pela cabeça de muitas pessoas na hora de armazenar ou de preparar os alimentos em casa. A boa notícia é o lançamento de um guia prático, que esclarece estas e outras dúvidas rapidamente. Trata-se do Manual Prático: Como Cuidar dos Alimentos Dentro de Casa, de autoria de Carina Moro Benis, disponível gratuitamente aqui.  

Carina (foto) tem graduações em Tecnologia de alimentos e em Nutrição e atualmente é doutoranda do programa de Ciência de Alimentos da Universidade Estadual de Londrina. O blog conversou com ela para saber mais detalhes deste projeto.

Como surgiu o manual

Durante sua dissertação de mestrado, Carina participou de um projeto de implantação de boas práticas de manipulação de alimentos na merenda escolar de Londrina, PR. Nesse período, teve início a pandemia de Covid-19, e todos os alunos atendidos pelo projeto, assim como boa parte da sociedade, passaram a permanecer em casa.

Nesse contexto, surgiu a oportunidade de avaliar, por meio de um questionário, como as famílias desses alunos cuidavam dos alimentos em casa. “A partir das respostas, percebi que existiam muitas dúvidas e práticas incorretas de manipulação, oferecendo risco à saúde de um público que, em grande parte, era vulnerável”, diz a autora. “Diante dessa realidade, pensei em criar um material didático e acessível, que pudesse orientar as famílias sobre como garantir alimentos seguros dentro de casa, prevenindo doenças transmitidas por alimentos e água”, complementa.

O manual traz informações práticas para todas as etapas da manipulação de alimentos, incluindo higiene pessoal e da cozinha, escolha, higienização e armazenamento dos alimentos, preparo e pós-preparo, prevenção da contaminação cruzada, uso de detergentes, manejo do lixo doméstico, leitura de rótulos e verificação da validade dos alimentos.

“Neste manual, tomei muito cuidado para orientar de forma simples, evitando polêmicas e explicações longas. O objetivo é atingir não apenas as famílias que participaram da pesquisa, mas também qualquer outra pessoa que o consultar, ajudando a tornar o cuidado com os alimentos mais seguro e parte do cotidiano”.

Carina agradece a participação das professoras Wilma Spinosa e Fernanda Bana, coordenadoras do projeto, de Rafael Françoso, que cuidou da parte gráfica e de Humberto Soares, pela colaboração geral.

2 min leituraDevo lavar os ovos antes de colocá-los na geladeira? E a carne, por que não posso descongelar fora da geladeira? Estas e outras dúvidas certamente passam pela cabeça de muitas […]

5 min leitura
0

Tendências da PestWorld 2025 – Marcelo Pereira comenta avanços em automação e digitalização no manejo integrado de pragas

5 min leitura

Criador da primeira armadilha luminosa adesiva brasileira, Marcelo Pereira fala sobre o futuro do manejo integrado de pragas e compartilha sua experiência em um dos maiores eventos mundiais do setor.

Marcelo Pereira é um profissional brasileiro que tem se destacado por conectar tecnologia, manejo de pragas e segurança de alimentos. Reconhecido por sua atuação inovadora, ele busca constantemente reduzir riscos, aprimorar ambientes produtivos e tornar o controle de pragas mais inteligente e sustentável.

Recentemente, ele participou da PestWorld 2025, realizada entre 21 e 24 de outubro em Orlando, Flórida (EUA) — o principal evento global do setor de controle de pragas. Com uma bagagem repleta de tendências, reflexões e insights sobre o que vem por aí, Marcelo aceitou com entusiasmo o convite do Food Safety Brazil para compartilhar suas percepções e aprendizados.

Confira a seguir as novidades e impressões que ele trouxe da PestWorld 2025.

Camila: Marcelo, obrigada por aceitar o convite para esta entrevista. É sempre bom estar perto de pessoas como você, sempre cheio de inovações e carisma! Conte pra gente, de forma geral, como foi o evento, o que você achou do contexto em relação ao local e formato do evento, temas das palestras, participantes e conteúdos discutidos.

Marcelo: A PestWorld 2025, realizada em Orlando, foi impressionante em todos os sentidos. O evento reuniu mais de 200 expositores de 20 países, em uma área de cerca de 9.300 m², consolidando-se como o principal encontro mundial do setor.
Além da exposição, o congresso contou com mais de 70 sessões educacionais, distribuídas em diferentes trilhas temáticas — como fumigação, saúde pública, manejo técnico, segurança, pragas de armazenagem, gestão e liderança.
Foi possível perceber claramente que o manejo de pragas está passando por uma transformação profunda — uma transição da ação corretiva para a gestão baseada em dados, tecnologia e sustentabilidade.

As palestras abordaram temas como resistência a rodenticidas, espécies invasoras, biossegurança, inteligência artificial e análise preditiva de infestações. O congresso mostrou que o controle de pragas está se tornando uma disciplina mais científica, conectada e multidisciplinar, que dialoga cada vez mais com segurança de alimentos, saúde pública e clima.

Entre as apresentações internacionais, destacou-se a palestra do pesquisador brasileiro Carlos Peçanha, do Mosquito Research & Control Unit das Ilhas Cayman e diretor da ABCVP – Associação Brasileira de Controle de Vetores e Pragas. Ele falou sobre a importância dos mosquitos na história da humanidade, os recentes casos de arboviroses e as características do Aedes aegypti que favorecem sua proliferação urbana. Apresentou ainda métodos tradicionais e novas tecnologias de controle, como a liberação de mosquitos estéreis, infectados com Wolbachia ou portadores de genes letais, ressaltando que o controle é complexo e vai muito além do uso de inseticidas.

Camila: Quando falamos de tecnologia no universo do manejo de pragas, as soluções têm que estar sempre conectadas à segurança de alimentos. Como você enxerga essa integração entre inovação e responsabilidade sanitária?

Marcelo: Essa integração é essencial. Toda inovação no manejo de pragas precisa nascer com um propósito: proteger o alimento, as pessoas e o meio ambiente.
Hoje, as tecnologias permitem o monitoramento contínuo e remoto, com sensores conectados, câmeras inteligentes e plataformas que analisam dados em tempo real. Isso representa um avanço enorme em termos de segurança preventiva.

Em ambientes produtivos, cada armadilha ou sensor se transforma em uma fonte de informação. A partir desses dados, é possível agir antes que a praga se torne um risco, garantindo rastreabilidade e comprovação de eficácia — pontos valorizados por auditorias e certificações internacionais.

Camila: Você acabou de participar de um evento muito relevante para o setor. Que tendências mais chamaram sua atenção? Há algo que o Brasil já está fazendo bem, ou algo que precisamos acelerar?

Marcelo: As principais tendências que observei são digitalização, integração e sustentabilidade.
Vimos soluções de armadilhas inteligentes conectadas à nuvem, sensores capazes de distinguir movimentos reais de falsos alarmes e plataformas que cruzam dados de temperatura, umidade e atividade de pragas para gerar alertas automáticos.

O Brasil tem profissionais altamente capacitados e empresas inovadoras, mas ainda precisamos acelerar a adoção dessas tecnologias com foco em gestão e análise de dados. O grande desafio está em transformar a informação coletada em decisões inteligentes que tragam valor real ao controle de pragas e à segurança de alimentos.

Camila: Muita gente ainda associa controle de pragas a práticas tradicionais. Como as empresas inovadoras estão usando dados, sensores e automação?

Marcelo: A automação está revolucionando o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Hoje, já existem sistemas capazes de detectar capturas, identificar automaticamente a espécie por imagem e enviar o registro com data, hora e localização. Isso permite comprovar resultados, otimizar recursos e eliminar o “achismo”.

Essas tecnologias transformam o profissional de controle de pragas em um gestor de informação e risco, capaz de antecipar problemas e apoiar decisões estratégicas com base em evidências.

Camila: O tema sustentabilidade apareceu com força nesse evento? E como considera que a inovação tecnológica pode ajudar a reduzir impactos ambientais?

Marcelo: Sem dúvida, a sustentabilidade foi um dos grandes temas da feira. Foram apresentadas soluções que reduzem significativamente o impacto ambiental, como métodos contraceptivos para controle populacional de pombos, ainda em fase de adoção e com restrições culturais no Brasil, além de porta-iscas recicláveis e biodegradáveis para controle de roedores e armadilhas que eliminam o uso de produtos químicos.

A tecnologia permite monitorar mais e aplicar menos, ou seja, agir com precisão e inteligência. Essa é a essência da sustentabilidade no MIP: tomar decisões baseadas em dados e na real necessidade de intervenção, evitando desperdícios e reduzindo o uso de insumos químicos.

Camila: Você fala muito sobre colaboração entre diferentes áreas, da engenharia à segurança de alimentos. O que aprendeu, nesses anos, sobre trabalhar com pessoas e construir soluções que realmente funcionam na prática?

Marcelo: Aprendi que as soluções mais eficazes surgem da colaboração entre áreas e profissionais com visões diferentes. Quando um engenheiro, um biólogo e um gestor de qualidade analisam juntos o mesmo problema, a probabilidade de chegar à causa raiz aumenta exponencialmente. Por isso, acredito tanto na cultura de prevenção compartilhada, onde todos compreendem que seu trabalho impacta diretamente a segurança de alimentos e a reputação das empresas. O controle de pragas, hoje, é uma responsabilidade coletiva e compartilhada.

Camila: Pra fechar: o que podemos esperar do futuro do controle de pragas? Que tipo de inovação você acredita que vai mudar o jogo nos próximos anos?

Marcelo: O futuro do controle de pragas será definido por três pilares: dados, ética e sustentabilidade. Estamos entrando em uma nova era de monitoramento inteligente e integrado, onde sensores, IA e sistemas de análise trabalharão juntos para prever e prevenir ocorrências.

O controle de pragas deixará de ser uma atividade reativa e se consolidará como uma ciência aplicada à gestão de riscos, essencial para a segurança de alimentos, a proteção de marcas e a preservação do meio ambiente. Esse é o verdadeiro sentido do futuro do MIP — agir antes, com base em evidências e propósito.

Obrigada, Marcelo. O mundo dos alimentos espera ansioso por essas soluções! E com certeza você vai trazer ainda mais novidades para esses dois temas inseparáveis: segurança de alimentos e manejo de pragas!

Para quem quer se aprofundar no tema, há um texto do Marcelo Pereira aqui no Food Safety Brazil. Para conhecer os 10 mandamentos para utilização correta das armadilhas, acesse o post aqui.

Também tem uma postagem bem bacana de Palova com dicas do Marcelo: veja aqui como lidar com as armadilhas luminosas. E clicando aqui você lê um outro artigo em formato de entrevista com outra grande referência na área, Dr. Rezende.

E ainda existe mais sobre esse tema aqui no blog. Você pode acessar aqui, aqui e aqui, ou então faça uma busca em “pragas” no local de pesquisa do nosso site e você vai ter ideia da quantidade de posts sobre esse assunto imprescindível para garantir a segurança dos alimentos! Boa leitura.

5 min leituraCriador da primeira armadilha luminosa adesiva brasileira, Marcelo Pereira fala sobre o futuro do manejo integrado de pragas e compartilha sua experiência em um dos maiores eventos mundiais do setor. […]

3 min leitura
0

Inteligência Artificial e Segurança dos Alimentos – síntese de documento da FAO

3 min leitura

A FAO acaba de publicar o documento: Artificial intelligence for food safety – A literature synthesis, real-world applications and regulatory frameworks. Trata-se de uma síntese da literatura, aplicações práticas e marcos regulatórios envolvendo Inteligência Artificial e Segurança dos Alimentos.

Confira o resumo oficial

Inteligência Artificial (IA) está sendo cada vez mais aplicada na gestão da segurança dos alimentos, oferecendo novas capacidades em análise de dados, modelagem preditiva e tomada de decisões baseada em risco. Uma revisão da literatura identifica três áreas principais de aplicação: consultoria científica, inspeção e controle de fronteiras e atividades operacionais das autoridades competentes em segurança dos alimentos.

Cinco exemplos de países com casos de uso reais ilustram diversas aplicações de ferramentas de IA, incluindo detecção de patógenos, priorização de amostragem de importações e modelos de linguagem para processamento de dados regulatórios. Marcos regulatórios, bem como governança voluntária, que abordam a IA no setor público, estão surgindo em todo o mundo. Iniciativas nacionais e internacionais frequentemente destacam a importância da governança de dados, transparência, considerações éticas e supervisão humana. Desafios como dados tendenciosos, “explicabilidade” e lacunas na governança de dados surgem em diferentes contextos, juntamente com os riscos potenciais da implantação prematura de sistemas de IA.

O acesso a dados interoperáveis e de alta qualidade e a colaboração entre as partes interessadas podem apoiar a integração eficaz das tecnologias de IA. A prontidão para a IA muitas vezes depende da compreensão dos problemas específicos a serem abordados, das capacidades atuais e da qualidade dos dados disponíveis. A supervisão humana e a avaliação contínua contribuem para manter a confiança nos sistemas de IA. Esforços colaborativos envolvendo a academia, o setor privado e organizações internacionais ajudam a construir conhecimento e recursos compartilhados para o desenvolvimento da IA na segurança dos alimentos. De modo geral, a IA apresenta oportunidades para aprimorar a resiliência, a eficiência e a capacidade de resposta nos sistemas de segurança dos alimentos. A consideração cuidadosa da governança, da gestão de dados e da cooperação multissetorial pode moldar a contribuição da IA para alcançar resultados sustentáveis e equitativos nos sistemas agroalimentares.

Abaixo segue um trecho do índice:

2 – Resultados da síntese da literatura

2.1. Visão geral

2.2. Aplicações da inteligência artificial na gestão da segurança dos alimentos

2.2.1. Assessoria científica para a segurança dos alimentos

2.2.2. Inspeção e controle de fronteiras

2.2.3. Eficiência das atividades das autoridades competentes

2.3. Algoritmos

2.3.1. Algoritmo utilizado nos estudos revisados

2.3.2. Inteligência artificial

2.3.3. Tipos de dados

2.3.4. Tendências na pesquisa em inteligência artificial na área de dos alimentos

2.3.5. Resumo da revisão da literatura

3 – Estudos de caso de inteligência artificial para a gestão da dos alimentos

3.1. Visão geral

3.2. Casos de uso da inteligência artificial tradicional e generativa

3.3. Utilizando aprendizado de máquina para prever a adaptação de patógenos a fontes alimentares

3.4. Priorização de amostragem de importação com aprendizado de máquina

3.5. Experimentação de prova de conceito usando modelos de linguagem para segurança dos alimentos

3.6. Construindo sistemas de inteligência artificial centrados no ser humano para identificação de riscos emergentes à segurança dos alimentos

4 – Um panorama regulatório global das estruturas de inteligência artificial

4.1. Uso responsável da inteligência artificial no setor público

4.2. Exemplo de atividades preliminares realizadas pelas autoridades (em abril de 2024)

4.3. Esforços globais e boas práticas

4.4. Colaboração e parceria internacional e multissetorial

5 – Considerações para o uso da inteligência artificial na gestão da segurança alimentar

5.1. Identificar o problema primeiro

5.2. Valor das ferramentas de inteligência artificial

5.3. Valor dos resultados da inteligência artificial

5.4. Inteligência artificial explicável

5.5. Possíveis armadilhas, desafios e gestão de riscos

5.5.1. Desafios da governança da inteligência artificial

5.5.2. Dados tendenciosos e ilusões da inteligência artificial

5.5.3. Gestão de riscos de irregularidades

5.5.4. Uso prematuro de inteligência artificial

5.6. Governança de dados e lacunas de dados

5.7. Mecanismos públicos de compartilhamento de algoritmos

5.8. Alfabetização em inteligência artificial e desenvolvimento de capacidades

5.9. Apoio à tomada de decisões baseada em dados

5.9.1. Dados necessários para o desenvolvimento de inteligência artificial

5.9.2. Qualidade dos dados

5.9.3. Lacunas de dados e preparação para inteligência artificial

Confira o documento completo clicando aqui.

3 min leituraA FAO acaba de publicar o documento: Artificial intelligence for food safety – A literature synthesis, real-world applications and regulatory frameworks. Trata-se de uma síntese da literatura, aplicações práticas e marcos regulatórios envolvendo […]

2 min leitura
0

Rótulo como ferramenta de inclusão social é um caminho a seguir

2 min leitura

Na causa de rotulagem acessível, já temos um caminho a ser seguido, que pode servir de benchmark para outras empresas. A Nestlé, em um projeto denominado “rótulos que falam” torna acessíveis, por meio de aplicativo, todos os produtos do seu portfólio no Brasil, para pessoas cegas, com baixa visão ou não alfabetizadas. É um projeto de inclusão social em parceria com a Alia Inclui, apoiada pela Fundação Dorina Nowill, especializada em acessibilidade visual.

Mesmo com essa ação, ainda há lacunas — estudos apontam que muitas marcas ainda não oferecem rotulagem para pessoas com baixa visão ou cegas: “80% das marcas não incorporam braile ou símbolos táteis em todas as embalagens”.

Para sua abordagem de ESG e segurança de alimentos, essas iniciativas podem ser destacadas como melhores práticas de acessibilidade e inclusão, que somam ao valor da marca, à responsabilidade social corporativa, e à governança para consumidores com necessidades especiais ou analfabetos, aumentando a autonomia dessas pessoas em situações de compra e uso de produtos.

A leitura de rótulos é um componente chave de segurança de alimentos e alimentar (informação nutricional, alergênicos, ingredientes, modo de uso). Tornar essa informação acessível é uma melhoria importante do ponto de vista de inclusão, uma vez que não basta apenas cumprir normas e leis, é preciso considerar também uma experiência de usuário — e há grupos de consumidores que tradicionalmente ficam “fora” da experiência plena.

As iniciativas no mercado trazem componentes tecnológicos com reconhecimento via câmera, comando de voz, chatbot de IA, indo muito além da simples impressão em braile ou letras ampliadas: é digital + assistiva.

Algumas empresas têm o poder de convidar outras a aderir, o que significa que podemos estar vendo um efeito de arraste. Se muitas empresas aderirem, esse tipo de acessibilidade pode se tornar o padrão ou expectativa do mercado. Vamos pensar nisto: se você, leitor,  é das áreas de Regulatórios e/ou P&D das empresas de alimentos, pode antecipar futuras exigências de acessibilidade de rótulos e expectativas de responsabilidade social corporativa.

Para quem lida com sistemas de segurança de alimentos, programas de certificação, HACCP (acessibilidade da informação ao consumidor pode influenciar recall e responsabilidade social) ou de ESG, essa iniciativa pode ser abordada como parte de “inclusão de stakeholders” ou “acessibilidade” na cadeia de suprimentos, ou seja, um aspecto de governança e ética que pode se conectar com relatórios de sustentabilidade ou de diversidade e a “rotulagem acessível” fará parte de cultura inclusiva e segurança do consumidor.

2 min leituraNa causa de rotulagem acessível, já temos um caminho a ser seguido, que pode servir de benchmark para outras empresas. A Nestlé, em um projeto denominado “rótulos que falam” torna […]

2 min leitura
0

Homologação de fornecedores na prática da indústria de alimentos

2 min leitura

Um dos temas mais recorrente nas minhas falas sobre segurança de alimentos é a homologação de fornecedores.

Percebo a importância deste assunto nos meus materiais, lendo sobre crises e ocorrências nas indústrias de alimentos.

No caso da intoxicação por metanol nas bebidas alcóolicas, vi alguns comerciantes divulgando que as bebidas que vendem são seguras por terem fornecedores homologados.

A teoria costuma ser bem embasada nesse caso, mas e a prática? Como esses fornecedores são realmente homologados?

Em um passado não tão remoto e talvez até presente para alguns, a homologação é feita com base no quesito preço. Pode levar em conta também outras questões comerciais, como prazo de entrega e a quantidade mínima de um pedido.

Só essas questões comerciais garantem a segurança de um insumo? Provavelmente não.

Voltando ao caso do metanol, algumas explicações para o problema traziam inclusive o preço como primeira observação para possíveis fraudes. A frase era mais ou menos assim: “atente-se a fornecedores com preço muito mais baixo”.

Pois bem, além da parte comercial, como devemos proceder para homologar um fornecedor?

Identifique um fornecedor, faça contato prévio, entenda como a empresa trabalha. Caso a parceria venha a ocorrer, existe um contrato formal de fornecimento? Como são feitas as comunicações em caso de alterações, sejam comerciais, ou mesmo de formulação do insumo? Em algumas situações, antes mesmo de começar a homologação do fornecedor, podemos perceber que ele não atenderá nossas premissas básicas e podemos interromper o processo nessa fase mesmo. Caso essa primeira etapa seja aprovada, passamos para a fase de homologar a possível nova parceira comercial

– Inicie com um questionário identificando se aquele fornecedor tem os quesitos básicos para seu procedimento de qualidade. Nesse questionário você pode pedir documentos, como licença sanitária ou registro no órgão regulador, licenças ambientais. Sobre isso, tenho um outro texto sobre os petiscos pet contaminados, caso onde o fornecedor se dizia fabricante de um insumo e na verdade não tinha nem licença para fabricá-lo. Durante a etapa inicial da homologação, essa situação poderia já ter sido verificada;

– Com a parte documental da empresa fornecedora alinhada, o importante é rever as informações do insumo que será homologado: ele tem as mesmas características daquele que está sendo usado atualmente? É necessária avaliação criteriosa da especificação técnica do insumo, envolvendo questões de alérgenos e composição (leia mais a esse respeito  no post sobre diagrama de aprovação);

– Com a empresa e insumo homologados nos quesitos documentais, agora vem a parte que eu entendo como crucial. O processo de homologação de um fornecedor de embalagem secundária deve ser o mesmo que o de um insumo que corresponde a 50% da composição de um alimento? Só verificar documentos nos dois casos parece prudente e suficiente?

Prefiro tratar os fornecedores de forma diferente; aqueles considerados críticos merecem uma auditoria presencial onde iremos conhecer e acompanhar seu processo produtivo. E no meu dia a dia, esse é o diferencial, a identificação dos critérios que devemos usar para fornecedores com diferentes criticidades no nosso processo produtivo.

Uma vez homologado o fornecedor, passa a ser importante acompanhar suas entregas tanto do ponto de vista de cumprimento das normas sanitárias, quanto do cumprimento dos acordos comerciais. E para isso podemos utilizar o IQF, que é o  índice de qualificação de fornecedores, que irá nos auxiliar a monitorar as entregas dos fornecedores (esse post traz mais informações sobre IQF).

2 min leituraUm dos temas mais recorrente nas minhas falas sobre segurança de alimentos é a homologação de fornecedores. Percebo a importância deste assunto nos meus materiais, lendo sobre crises e ocorrências […]

Siga nosso conteúdo pela Newsletter

Fique sempre ligado em nossas publicações. Receba em primeira mão, direto no seu email.

Compartilhar
Pular para a barra de ferramentas