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Ozônio: uma alternativa “verde” na produção de alimentos

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Nos últimos anos, em resposta às exigências dos consumidores para aditivos “mais verdes”, a indústria de alimentos tem procurado utilizar alternativas cada vez mais saudáveis, eficientes e ambientalmente corretas em seus processos de fabricação.

Diante deste cenário, a multifuncionalidade do ozônio o torna um promissor agente no processamento de alimentos. Natural e barato, o gás não deixa resíduos, não altera a composição nutricional, melhora cor, sabor e aroma da maioria dos alimentos, e o único resíduo gerado é o oxigênio, tornando-o um aditivo extremamente seguro. Em particular, O FDA (Food and Drug Administration) e o USDA (US Department of Agriculture) já regulamentaram o uso do ozônio em ambientes e diretamente em alimentos.

A aprovação resultou no aumento do interesse da indústria em aplicações pelo mundo. Como poderoso oxidante, o ozônio é usado de diversas formas: tratamento de água, lavagem e desinfecção de equipamentos, ambientes e tubulações, melhoria da qualidade do ar em áreas de armazenamento e processamento de alimentos, aumento de tempo de prateleira de frutas, vegetais, carnes, peixes e frutos do mar, controle microbiano em especiarias, grãos, farináceos, frutas desidratadas e sucos. Excelente inseticida natural, ele pode ser utilizado em áreas onde inseticidas convencionais não são permitidos, eliminando insetos em alimentos e ambientes, pois atinge todas as fases de vida (ovos, larva, pupa e adulto), ou seja, um excelente substituto do gás fosfina.

Embora a garantia de segurança dos alimentos seja uma preocupação global, as abordagens à regulamentação diferem em todo o mundo. O status regulatório do ozônio para aplicações de processamento de alimentos ainda está em evolução e, em alguns países, não foi tratado até o momento. A legislação que regula a ozonização para tratamento, manuseio, processamento e armazenamento de alimentos tem sido desenvolvida em resposta ao uso contínuo do ozônio por parte dos fabricantes, desde aplicações iniciais para tratamento de água, limpeza de superfícies e equipamentos, lavagens de produtos alimentícios, até uso final como aditivo alimentar direto.

Em 1997, um grupo de especialistas em ciência da alimentação, tecnologia do ozônio e outros campos relacionados, declara o ozônio como aditivo seguro, obtendo reconhecimento GRAS (Generally Recognized as Safe) para o uso no processamento de alimentos, incluindo países como EUA, Japão, Austrália, França e Canadá.

Para a ANVISA e o Ministério da Agricultura, apesar de ainda não regulamentado, o uso do ozônio (O3), bem como outras atmosferas modificadas (O2, N2, CO2), não é proibido, e permite uma maior preservação das características originais dos produtos embalados.

No reconhecimento da qualidade e segurança de seu uso, o ozônio já tem regulamentação pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), através dos decretos 3179/99, 410/2002 ou 430/2011. Isso se dá pelo fato de o gás, em contato com agrotóxicos, provocar reações químicas de oxidação de íons metálicos, transformando-os em óxidos metálicos, ou simplesmente metais inertes, eliminando o risco de contaminação do produto em alimentos e efluentes.

A cada proposta de uso do ozônio é necessário a experimentação para escolha da concentração e tempo de exposição ao gás. Os principais usos na indústria de alimentos se dão por ações de redução de micro-organismos (vírus, bactérias, fungos, ácaros, esporos, parasitas etc.), insetos em produtos armazenados (besouros, ácaros e mariposas) controle de cheiro, odor, sabor, aparência e vida útil de alimentos e matérias-primas. A capacidade de oxidação é útil para neutralização de elementos prejudiciais à saúde (hidroxilas, metilas, compostos de nitrogênio, enxofre, fósforo, por exemplo). Também neutraliza gases, tais como amônia e etileno, e pesticidas utilizados na produção de cereais, grãos, frutas, legumes e verduras.

Atualmente, as indústrias brasileiras de alimentos têm investido em câmaras de vácuo para tratamento com ozônio. Sua aplicação em atmosfera negativa tem demonstrado um aumento na capacidade de penetração e distribuição uniforme do gás, inclusive em produtos embalados (em plástico ou papel), reduzindo o tempo de tratamento e melhorando resultados.

Vivaldo Mason Filho é administrador de empresas, especialista e mestre em Engenharia (USP)

Imagem: Pixabay

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Uma opção de árvore decisória para a FSSC 22.000

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Sempre que vamos implantar um Sistema de Gestão de Segurança de Alimentos somos questionados sobre uma forma simplificada para entendermos e classificarmos uma etapa de processo como PCC ou PPR ou PPRO.

Algumas empresas criam seus próprios fluxos lógicos para esta decisão, considerando os requisitos legais, normativos e até exigências de clientes.

Entretanto, diferentemente do Codex alimentarius e até do MAPA, nos quais temos a árvore decisória, a FSSC 22000:2017 v. 4.1 não traz esse diagrama, porém dispõe de uma sequência, também lógica, em forma de texto, que está lá na ISO 22000:2005 (traduzida em 2006 pela ABNT) no item 7.4.4 da letra “a” até a letra “g”. Veja:

Com o objetivo de agilizar o processo de entendimento das empresas e facilitar a implantação, elaborei uma sugestão de árvore decisória atendendo aos requisitos da ABNT NBR ISO 22000:2006 e portanto aos requisitos da FSSC 22000 v. 4.1 também. Olha só:

O que achou? Conte nos comentários para mim. Até o próximo post.

Autora convidada: 

 

Viviane Godeguez.

Profissional com 15 anos de experiência em consultoria em assuntos regulatórios para Alimentos e Bebidas. Atuando na garantia da qualidade com Interpretação e internalização de legislação nacional (ANVISA, MAPA, INMETRO, MJ, MT e correlatos) e internacionais referentes a alimentos (rotulagem, aditivos, registro, regulamento técnico de identidade e qualidade, processos); suporte técnico e legal às diversas áreas de produção dos alimentos, acompanhamento em projetos de novos produtos, análise sensorial; avaliação do processo de fabricação e formulação segundo a respectiva legislação vigente; elaboração do dossiê / documentos com todas as informações legais exigidas para desenvolvimento do rótulo e registros (nome do produto, tabela nutricional, lista de ingredientes e outros); análise de rótulo e elaboração e acompanhamento do processo de registro. Idiomas inglês, espanhol e italiano. Mestre em Nutrição e Dietética, pela Universidad Europea Miguel de Cervantes (Espanha). Experiência em organizar e ministrar eventos técnicos, tutorias em EAD – Ensino à Distância, além de auditorias e implantação de Sistemas de Gestão da Segurança de Alimentos segundo as normas ISO 9000, ISO 22000, Codex Alimentarius, ISO 14000, ISO 17025, Auditora Líder FSSC 22000 pelo IRCA. Foi Coordenadora Técnica na ABIMA. Gerente comercial do e-commerce: www.tudoparalaboratorios.com.br. Conteudista SGS Academy, professora Convidada IPOG no MBA de engenharia da gestão da segurança para alimentos. Coordenadora Técnica na REMESP e profissional convidada para assessorar os eventos e Marketing da ABEA. Participação de campanhas sociais e de sustentabilidade.

 

https://www.linkedin.com/in/viviani-g-57122994/


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Mensagem de alerta ao consumidor em caso de recolhimento

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Mensagem de alerta é o comunicado que deve ser divulgado pela empresa interessada aos consumidores, contendo a identificação do produto, o motivo do recolhimento, os riscos à saúde, as recomendações aos consumidores e os meios de contato com a empresa.

 Recall é a forma pela qual um fornecedor vem a público informar que seu produto ou serviço apresenta riscos aos consumidores. A necessidade para iniciar-se um recolhimento pode partir de: reclamação de clientes, notificação de autoridades regulatórias, resultados de análise fora da especificação (quando afetarem a conformidade legal ou a segurança de alimentos), desvios em parâmetros do processo produtivo percebidos após saída do produto das dependências da empresa (exemplo: limites críticos excedidos nos PCC), detecção de falhas no cumprimento de requisitos legais, solicitação de clientes, erros nas etiquetas ou informações sobre o produto, ou outras situações de contaminação dos produtos. Ao mesmo tempo, ao se recolher produtos, deve-se esclarecer fatos e apresentar soluções. Tendo em vista que o objetivo do recall é proteger o consumidor de acidentes ocasionados por defeitos, um dos aspectos mais relevantes é a ampla e correta divulgação dos avisos de risco de acidente na mídia (jornal, rádio, televisão, página eletrônica e nas mídias sociais), devendo ser feita por meios de comunicação abrangentes e rápidos, podendo ser regionais ou nacionais, dependendo dos locais onde os lotes afetados foram distribuídos. A determinação dos canais específicos de comunicação é feita pelo Gerente de Marketing e pela assessoria de imprensa, com informações claras e precisas quanto ao objeto do recall, descrição do defeito e riscos, além das medidas preventivas e corretivas que o consumidor deve tomar. Daí a importância do recall para evitar ou minorar os acidentes de consumo. Vale mencionar que o recall também tem por objetivo reparar ou substituir o produto ou serviço defeituoso, de modo que o consumidor não tenha prejuízos ou sua expectativa frustrada.

Segundo recomendações internacionais, da FAO e da OMS, as empresas devem instituir recolhimento como ferramenta fundamental para o gerenciamento de riscos, enquanto, por aqui, no Brasil, segundo a RDC 24 de 8/6/15 (Capítulo IV), além da comunicação com órgãos competentes, o fabricante deve informar os consumidores sobre a nocividade ou periculosidade do produto ou serviço, com comunicação individual direta ou por meio de sites não afastando a obrigação da comunicação coletiva a toda a sociedade, através de relatórios periódicos e do relatório final do chamamento. Afinal, para entender o NOVO consumidor, é preciso se colocar no lugar dele!

A mensagem de alerta aos consumidores deve ser submetida prévia e eletronicamente (recolhimento.alimentos@anvisa.gov.br) à ANVISA em até 24 horas a partir da ciência da necessidade de recolhimento, sendo o formulário com comprovante de pagamento da taxa de fiscalização ser protocolado em até 48 horas. A ANVISA tem 24 horas para aprovar ou informar as correções necessárias, denominada “carta de anuência” e então, a mesma deverá veicular a mensagem de alerta aos consumidores imediatamente após a comunicação da ANVISA quanto à anuência.

O texto da mensagem deve abranger, no mínimo, as seguintes informações:

I – denominação de venda, marca, lote, prazo de validade, número de regularização junto ao órgão competente, quando aplicável, conteúdo líquido e tipo de embalagem;

II – identificação da empresa interessada;

III – motivo do recolhimento;

IV – riscos ou agravos à saúde dos consumidores;

V – recomendações aos consumidores, contemplando os locais disponibilizados para reparação ou troca do produto;

VI – telefone e ou outros meios de contato de atendimento ao consumidor; e

VII – imagem do produto.

Com essas ações, busca-se atingir o equilíbrio ético nas relações de consumo, assegurar a implementação e o aprimoramento da legislação de defesa do consumidor, a repressão ao abuso do poder econômico nas relações de consumo e nas demais relações jurídicas correlatas, a melhoria da qualidade de vida, especialmente no que diz respeito à melhoria da qualidade dos produtos e serviços.

Os cidadãos devem acompanhar o andamento das campanhas de recall, ampliando o monitoramento, a transparência e a fiscalização da retirada dos produtos perigosos do mercado de consumo; para tal, as Campanhas de Chamamento apresentadas à Secretaria Nacional do Consumidor são disponibilizadas no Sistema Nacional de Alertas Rápidos de Recall, acessado pela página do Ministério da Justiça. Além de ser um banco de dados sobre as campanhas, o Sistema remete eletronicamente um alerta aos cadastrados toda vez que chega um novo recall. O cadastro é simples e gratuito e pode ser feito por qualquer pessoa no endereço eletrônico portal.mj.gov.br/recall.

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BIG DATA torna mais seguros os sistemas de produção de alimentos

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Dando continuidade ao post anterior (aqui) sobre o Big Data, vamos entender o que há hoje e o que está previsto nos próximos cinco anos para auxiliar a cadeia produtiva de alimentos e a “internet das coisas”, visando integrar o mundo físico ao mundo digital, em prol da “transparência”, que é o objetivo principal.

Hoje se busca o processamento de linguagem natural, permitindo a comunicação fácil e bidirecional entre pessoas e computadores; máquinas de aprendizagem com a construção e aplicação de algoritmos para aprender e fazer previsão; reconhecimento de regularidades e exceções em dados não estruturados e estruturados, representando informações sobre o mundo em uma estrutura com a qual um computador pode trabalhar e a criação de ações ótimas para agentes inteligentes, robôs e veículos não tripulados.

Daqui a cinco anos, espera-se um aumento de perícia humana, com consultores inteligentes (por exemplo: para cientistas, tecnólogos de alimentos), robôs colaborativos (exemplos: para técnicos de laboratório, trabalhadores qualificados) e criatividade computacional (por ex: para chefs, designers de embalagens); automação do conhecimento de trabalho através de automação do Processo Cognitivo (por exemplo: para tarefas repetitivas e propensas a erros), análise de texto (por ex: para vislumbrar insights de regulamentações, periódicos), assistentes virtuais (planejamento de suprimentos, testes) e reconhecimento de áudio / visual (para controle de qualidade); e a automação do trabalho manual por robótica industrial (por ex: para fabricação de veículos autônomos para armazenagem, logística).

As aplicações são as mais diversas, tais como: lojas de varejo online (recomendação do que comprar dependendo de compras passadas ou itens colocados na caixa de pesquisa), bancos (usando a inteligência artificial para manter um registro da base de clientes, abordando suas necessidades e sugerindo-lhes transações adequadas), automóveis (carros que podem ser estacionados sozinhos, detectar colisões, monitorar pontos cegos, reconhecer voz ou navegação), dentre outros. Assim, os benefícios vão muito além das facilidades aos consumidores, auxiliando a rastreabilidade, a segurança de alimentos, apoiando o marketing, reduzindo resíduos e maximizando o uso dos alimentos.

O blockchain (livro-razão digital) estabelece um ambiente confiável para todas as transações no qual os participantes da cadeia complexa alimentar (produtores, fornecedores, processadores, transportadores, distribuidores, varejistas, reguladores e consumidores) podem obter acesso permissivo às informações confiáveis sobre a origem e o estado dos alimentos, auxiliando no combate anti-fraude, rastreando produtos adulterados intencionalmente em um curto espaço de tempo para garantir a remoção segura das prateleiras das lojas e reduzir o risco da propagação de doenças e/ou perdas econômicas. E mais uma aplicação é a de conectar vendedores e compradores de todo mundo alongando a distribuição de produtos próximos a data de expiração, diminuindo drasticamente o desperdício de alimentos.

Transparência e respostas rápidas são os principais benefícios que estão por trás de toda essa tecnologia!

Fonte da imagem: Marketing por dados

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Como determinar o prazo de validade de um alimento?

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A ANVISA publicou um guia com período de contribuições de 06/11/2018 até 05/11/2019, sendo possível a participação de todas as partes interessadas, via formulário eletrônico, disponível aqui. O guia contém orientações sobre os aspectos que devem ser considerados para a determinação dos prazos de validade de alimentos, principalmente para alimentos destinados a indivíduos com necessidades nutricionais específicas (suplementos alimentares, alimentos enriquecidos com vitaminas ou minerais ou um alimento com alegações nutricionais ou de propriedades funcionais ou de saúde relativa a nutrientes) que possam oferecer riscos à saúde do consumidor, mas também assegurando a manutenção das características e da qualidade sensorial dos alimentos.

O prazo de validade começa a contar a partir do momento em que o alimento é preparado ou fabricado e deve ser informado no rótulo dos alimentos embalados observando as terminologias e regras para declaração das datas fixadas na RDC n. 259, de 2002, incluindo as instruções de armazenamento de alimento para embalagens intactas e abertas, de forma a manter o prazo de validade determinado.

Existem muitos fatores que podem afetar o prazo de validade de um alimento, chamados de fatores intrínsecos, como umidade e pH; e fatores extrínsecos, tais como condições de embalagem, materiais e condições de armazenamento. Ao entender a influência de cada um desses fatores, é possível adotar medidas para prolongar a validade do alimento, que são as medidas de controles para perigos biológicos principalmente, sendo passíveis de se tornarem PCCs (e/ou PPROs para ISO 22.000) no estudo de Planos HACCP, sendo que não é seguro extrapolar o prazo de validade de um alimento para outro. É necessário conhecer o processo de produção e entender os fatores que irão influenciar suas características de armazenamento antes de se estabelecer o prazo de validade apropriado para cada alimento.

Para a determinação do prazo de validade de um alimento, os fabricantes devem garantir que o prazo de validade atribuído a ele seja baseado em racional técnico-científico, considerando os seguintes fatores:  questões de saúde, razões de segurança e deterioração (as árvores de decisão exibidas na figuras 1 e 2 do guia apresentam orientações para essa avaliação); e apresentar justificativa documentada de como o prazo de validade foi estabelecido e registros que subsidiem essa definição, tais como avaliações técnicas, estudos de estabilidade e laudos de ensaios laboratoriais.

Para se determinar as validades de alimentos podem-se utilizar métodos diretos, tais como os estudos de estabilidade em tempo real e os testes de desafio e métodos indiretos, tais como testes de estabilidade acelerada e o uso de dados históricos coletados ou modelos preditivos.  Nos estudos de estabilidades normais ou aceleradas, os alimentos são submetidos a condições esperadas de armazenamento e distribuição por um intervalo de tempo. Isso ajuda a determinar em que ponto ocorrem mudanças químicas, físicas e deterioração do alimento, com margem de segurança.

Há ênfase na situação de cálculo do prazo de validade de um produto que é constituído por dois ou mais componentes individuais de alimentos separados, sendo que o prazo de validade do alimento composto não pode exceder o valor mais curto dentre as validades dos componentes, pois quando alimentos são misturados, a validade dos alimentos compostos é afetada pelas características dos componentes individuais. Outro foco é a situação de mudanças de prazo de validade em alimentos reembalados (quando retirados das embalagens originais), pois pode o produto se contaminar durante o manuseio (ex. corte, porcionamento, reembalagem) e o alimento ser exposto a condições de temperaturas e umidade mais elevadas e proporcionar o crescimento microbiano. Assim, é provável que o prazo de validade seja mais curto.

O estudo de teste de desafio microbiológico, empregado durante as fases de desenvolvimento de produtos susceptíveis a contaminação microbiológica, é uma avaliação ao se inocular cepas de microrganismos patogênicos e depois testar em intervalos regulares para avaliar possível aumento numérico desses microrganismos, estabelecendo uma curva de crescimento, envolvendo 4 etapas: (1) um protocolo experimental apropriado para o produto e a validade requerida; (2) um procedimento de inoculação com os microrganismos de teste; (3) o procedimento de teste; e (4) interpretação dos resultados. Há também modelos preditivos do crescimento de bactérias aplicado às características dos alimentos fornecendo a probabilidade de crescimento ou uma curva de crescimento.

O estudo de estabilidade pode ser dispendioso, tanto no sentido financeiro como no tempo gasto. Portanto, é importante que sejam considerados todos os fatores que podem afetar a estabilidade e a validade antes de se iniciar os estudos.

O estudo deve ser a confirmação final de que o produto, em uma embalagem específica, permanecerá estável durante todo o período de validade proposto. Isso exige que todas as possíveis fontes de instabilidade em termos da formulação, processamento e embalagem tenham sido avaliadas e as ações necessárias sejam tomadas antes que quaisquer testes de estabilidade sejam realizados.

Em empresas certificadas por normas de SGSA, aceitas pelo GFSI, o tema ganha importância como referência legal sobre a determinação de vida de prateleira de alimentos, tais como no BRC  v.8 nos requisitos 5.1.4 e 5.6.1.3  e na IFS v.6.1 nos requisitos 4.3.3.

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Coliformes Totais e Coliformes Termotolerantes: qual a diferença?

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O grupo de bactérias Coliformes abrange mais de vinte espécies bacterianas, sendo algumas originárias do trato gastrointestinal de animais de sangue quente, como a Escherichia coli. Outras bactérias do mesmo grupo são encontradas em ambientes naturais diversos, ou seja, são de origem não intestinal, como as Citrobacter, Enterobacter, Klebsiella e Serratia e em sua maioria, não são encontradas em água potável. Essas bactérias quando presentes em alimentos ou na água podem ser prejudiciais à saúde e são utilizadas como indicadoras de qualidade microbiológica.

Existem dois grupos de bactérias coliformes: totais e termotolerantes. O grupo dos coliformes totais é formado por enterobactérias capazes de fermentar a lactose, com produção de gás a 35°C. Essa capacidade de fermentar a lactose, com formação de gás em meios de cultura, é a base para os métodos tradicionais de detecção de coliformes totais. Esses microrganismos são comuns em ambientes de fabricação de alimentos, podendo se tornar parte da microbiota resistente.

Já o grupo coliformes termotolerantes, comumente chamados de coliformes fecais, é um subgrupo dos coliformes totais. Este grupo é restrito às bactérias capazes de fermentar a lactose a 44,5-45,5°C com produção de gás. A princípio, essa definição abrangia somente as enterobactérias de origem fecal (E. coli), porém hoje se sabe que esse grupo inclui membros de origem não fecal (cepas de Klebsiella pneumoniae, Pantoea agglomerans, Enterobacter cloacae e Citrobacter freundii).  Consequentemente, a presença de coliformes termotolerantes em alimentos não quer dizer necessariamente que exista contaminação de origem fecal.

Contudo, a presença de coliformes totais e/ou termotolerantes em alimentos pode indicar falhas na higiene dos processos de fabricação e contaminação pós-processo em alimentos pasteurizados. Já a presença de coliformes em água potável deve, pelo menos, ser considerada como uma possível contaminação microbiológica, decorrente de falhas de tratamento. Porém, não é possível avaliar a segurança de um alimento em função dos níveis de coliformes totais e termotolerantes. Isto porque um alto índice de bactérias deste grupo pode estar relacionado com a presença de patógenos, mas frequentemente não está. Do mesmo modo, a ausência de coliformes não significa que um alimento esteja livre de patógenos.

Mesmo assim, a detecção de coliformes totais e termotolerantes em alimentos ainda constitui um importante instrumento de orientação para os manipuladores de alimentos e para a aplicação de boas práticas de fabricação na produção de alimentos. Já como um indicador da qualidade da água, as bactérias do grupo coliformes têm sido amplamente utilizadas para o monitoramento da potabilidade. Além disso, a análise de coliformes é mais viável economicamente, pois são mais fáceis de serem detectados com análises  baratas do que patógenos específicos.

Texto em resposta ao seguinte comentário de um leitor:

Sempre leio algo a respeito da diferença entre coliformes fecais e coliformes totais, mas nada é muito explicativo. Até onde sei, totais são todos que crescem a 35°C e fecal é um grupo mais específico, que cresce a 45°C. Segundo a Portaria 2.914/2011 analisamos os dois grupos em água. Entendo que o COLIFORMES TOTAIS serve de indicativo, mas e o COLIFORMES FECAIS, serve para indicar o quê? Para quê são utilizados? Se E.coli é um exemplo de fecal, quais microrganismos seriam exemplos de totais? Gostaria muito de sanar essa dúvida. Obrigado.

Fontes:

CASTANHEIRA, A. C. G. Controle de qualidade de leite e derivados: manual básico comentado. 2ª edição. São Paulo. Cap Lab, 2012.

SILVA, N. et al. Manual de Métodos de Análise Microbiológica de Alimentos e Água. 5ª edição. São Paulo. Editora Bluncher, 2017.

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O homem que foi pioneiro na segurança de alimentos

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Em abril de 1906, um presidente republicano dos Estados Unidos reuniu-se privadamente com um notório socialista na Casa Branca. O presidente era Theodore Roosevelt; o socialista era Upton Sinclair; e os dois deixaram de lado suas diferenças políticas para discutir uma questão de grande preocupação mútua: segurança de alimentos.

Alguns meses antes, o romance de Sinclair, “The Jungle”, criou uma indignação pública sobre as condições sanitárias nos matadouros da América. Roosevelt desconfiara há anos da indústria do empacotamento de carne, enfurecido pela carne pútrida vendida ao Exército e servida a suas tropas durante a Guerra Hispano-Americana. Em 1906, os Estados Unidos eram a única grande nação industrializada sem leis rígidas proibindo a venda de alimentos contaminados e adulterados.

Na sua ausência, o mercado livre tornou lucrativo o fornecimento de uma ampla gama de opções pouco apetitosas. Insetos moídos foram vendidos como açúcar mascavo. O doce infantil era rotineiramente contaminado com chumbo e outros metais pesados. Corações e outros órgãos foram processados, enlatados e rotulados como frango. Talvez um terço da manteiga à venda não fosse realmente manteiga, mas sim todo tipo de coisa – sebo de boi, gordura de porco, estômagos de vaca e ovelha – transformada em uma substância amarelada que parecia manteiga.

Há muito tempo os historiadores atribuem a improvável aliança de Roosevelt e Sinclair à aprovação do Meat Inspection Act (pode ser lido aqui, mas o conteúdo está em inglês. Se necessitarem de tradução, avisem nos comentários), e do Pure Food and Drug Act (pode ser lido aqui, em inglês) de 1906.

Em “The Poison Squad”, Deborah Blum argumenta convincentemente que um químico esquecido no Departamento de Alimentos e da Agricultura, Harvey Washington Wiley, desempenhou um papel mais importante – não apenas em garantir a aprovação dessas leis, mas também em mudar as atitudes populares em relação à intervenção do governo em nome dos consumidores. As origens das leis atuais de segurança de alimentos, leis de segurança de medicamentos, requisitos de rotulagem e regulamentos ambientais podem ser encontradas nos argumentos do movimento Progressivo na virada do século passado.

Harvey Washington Wiley nasceu em uma cabana de madeira em 16 de abril de 1844, uma entrada apropriada para um heroi americano. Seu pai era um fazendeiro e um pregador leigo no sul de Indiana que abrigava escravos fugidos como parte da Estrada de Ferro Subterrânea. Wiley serviu brevemente na Guerra Civil, estudou medicina em Indiana e química em Harvard, e tornou-se o primeiro professor de química da Universidade Purdue em 1874.

A adulteração deliberada de alimentos havia sido um problema por milênios, inspirando regulamentações governamentais no antigo Egito, na Suméria e em Roma. No final da década de 1870, a Revolução Industrial, aplicada ao processamento de alimentos, forneceu uma variedade de novas técnicas e ingredientes úteis para cometer fraudes – sabores artificiais, corantes artificiais, conservantes químicos. Mas avanços simultâneos em química também facilitaram a detecção de tais fraudes.

A pedido do Conselho Estadual de Saúde de Indiana, em 1881, Wiley começou a estudar a autenticidade do mel e do xarope de bordo para venda naquele estado. De acordo com a autora, ele usou instrumentos de laboratório como o polariscópio (sinceramente, eu nem sabia que isso existia. Se você está curioso que nem eu, pode ler a respeito do equipamento aqui), para descobrir que “um total de 90% de suas amostras de xarope eram falsas… e que havia ‘apicultores’ que não tinham, ultimamente, se incomodado em manter as abelhas”. A revista Popular Science lançou sua carreira como um defensor público.

Depois de ser nomeado químico-chefe do U.S.D.A. em 1882, Wiley passou os trinta anos seguintes no departamento em campanha por alimentos seguros e rotulagem adequada. Ele supervisionou uma série de reportagens investigativas que ganharam muita atenção do público, alertando sobre “pimenta” feita de serragem, “cacau em pó” contendo óxidos de ferro e estanho, “farinha” mesclada com argila e pedras brancas em pó, “uísque” que na verdade era regado a álcool etílico de cor escura e suco de ameixa, “café” que continha ingredientes como areia, casca de árvore, bolotas, carvão e um pó preto composto de osso carbonizado.

Para testar o impacto na saúde frente a vários aditivos, ele recrutou homens jovens para servirem de cobaias em “testes higiênicos de mesa”, servindo-lhes ingredientes questionáveis durante as refeições no porão da sede do departamento de agricultura dos Estados Unidos (U.S.D.A). E, em seguida, observavam o que acontecia. Logo, ficaram conhecidos como o Esquadrão de Veneno (The Poison Squad). Esses voluntários idealistas adotaram o lema em um letreiro em sua sala de jantar especial: “APENAS OS VALENTES COMEM.”

Em 1902, Wiley tornou-se uma celebridade nacional, e foi escrita a música “Song of the Poison Squad“. Encontrei esse vídeo no youtube que já tem a letra junto, a música foi cantada em grandes shows. A National Food Processors Association e outros grupos da indústria não ficaram satisfeitos, para dizer o mínimo. A adulteração de alimentos tornara-se tão descarada que os fabricantes anunciavam abertamente produtos como “mineralina”, “flúor” e Freezine, que substituíam ingredientes reais ou disfarçavam a presença de deterioração.

Freezine continha formaldeído, um ingrediente do líquido de embalsamamento, que era tóxico e comumente misturado com leite rançoso. Por seus esforços em prol da segurança e integridade alimentar, Wiley foi descrito em uma revista especializada como “o homem que está fazendo tudo o que pode para destruir negócios americanos”. Artigos enganosos de jornalistas inexistentes circulavam para prejudicar sua reputação. A recém-formada Monsanto Chemical Company tornou-se um dos seus mais persistentes inimigos, depois da U.S.D.A. Químicos questionaram a segurança da sacarina e da cafeína, dois produtos que ela fabricava.

A honestidade, o carisma, a dedicação à ciência, a perspicácia política e o talento para a publicidade de Wiley ajudaram-no a sobreviver a ataques de grupos comerciais e adversários nos EUA. Ele formou alianças com organizações de mulheres, defensores do consumidor, jornalistas influentes e Fannie Farmer, uma chef celebridade líder da época. “The Poison Squad” narra anos de batalhas burocráticas, a covardia de autoridades eleitas, o triunfo dos projetos de segurança alimentar em 1906 e os compromissos legislativos que desapontaram Wiley.

Mais tarde, ele encontrou conforto na vida familiar aos 66 anos, casando-se com Anna Kelton, uma sufragista 32 anos mais jovem do que ele, e foi pai de dois filhos. Wiley se aposentou da U.S.D.A. em 1912 e terminou sua carreira como colunista de Good Housekeeping. A cruzada de Wiley por comida pura fazia parte de um movimento progressista maior que desafiava o poder de monopólio e a corrupção do governo. Os membros do Esquadrão de Veneno podem ter experimentado “plenitude na cabeça e aflição no estômago” depois de consumir certas substâncias. Mas os testes de Wiley de aditivos como sacarina e benzoato de sódio – cujos efeitos para a saúde ainda permanecem controversos – são ciência ou pseudociência? Nós nunca aprendemos a resposta.

Mais de um século após o auge de Harvey Washington Wiley, os enganos continuam. Um estudo de 2012 da Oceana, uma organização ambiental sem fins lucrativos, descobriu que um terço dos frutos do mar comprados nos Estados Unidos tinham sido rotulados erroneamente. Tilefish – uma espécie conhecida por conter altos níveis de mercúrio – foi frequentemente vendido como alabote e cioba. Nos restaurantes de sushi, três quartos do peixe não era o que o cardápio dizia.

Hoje ainda há notavelmente, poucas restrições legais à venda de carne contaminada com patógenos perigosos. Uma grande parte das aves vendidas em supermercados está contaminada com salmonelas resistentes aos antibióticos. Um relatório publicado pela American Academy of Pediatrics, em julho de 2018, alertou que os aditivos alimentares podem colocar em risco a saúde das crianças. Dos cerca de 4.000 aditivos alimentares avaliados, quase dois terços nunca foram testados quanto à sua toxicidade após serem comidos. Apenas 7% foram testados quanto ao seu efeito na reprodução. E apenas dois dos aditivos foram testados para danos ao desenvolvimento. No entanto, Donald Trump criticou o “excesso de inspeção” do F.D.A. A polícia venenosa oferece um poderoso lembrete de que a verdade pode derrotar mentiras, que o governo pode proteger os consumidores e que um funcionário público honesto pode superar a ganância dos interesses privados.

(Texto traduzido do The New York Times. O original pode ser encontrado aqui  e foi escrito por Eric Schlosser. Algumas modificações foram necessárias na tradução. O artigo foi escrito baseado no livro The Poison Squad: One Chemist’s Single-Minded Crusade for Food Safety at the Turn of the Twentieth Century, de Deborah Blum, disponível no site da Amazon.) 

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Dez princípios de projeto sanitário

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O assunto projeto sanitário será cada vez mais presente nos requisitos de segurança dos alimentos. Aqui no blog temos uma seção específica sobre o assunto. Entenda agora os 10 Princípios de projeto sanitário, que são explicados neste manual pela Foundation of Meat and Poultry Research and Education. Estes princípios foram pensados para o segmento de carnes e a prevenção de Listeria monocytogenes, mas são aplicáveis a vários segmentos industriais.

  1. Fáceis de limpar em nível microbiológico: os equipamentos de alimentos devem ser construídos para garantir uma limpeza eficaz e eficiente durante a vida útil do equipamento. O equipamento deve ser projetado de modo a impedir o ingresso, a sobrevivência, o crescimento e a reprodução de bactérias nas superfícies de contato e não-contato do produto.

  2. Fabricado com materiais compatíveis: os materiais de construção utilizados para equipamentos devem ser totalmente compatíveis com o produto, meio ambiente, produtos químicos de limpeza e sanitização e os métodos de limpeza e sanitização.

  3. Acessível para inspeção, manutenção, limpeza e sanitização: todas as partes do equipamento devem ser prontamente acessíveis para inspeção, manutenção, limpeza e sanitização sem o uso de ferramentas.

  4. Não acumular produto ou líquidos: o equipamento deve ser autodrenante para assegurar que líquidos, que possam abrigar e promover o crescimento de bactérias, não se acumulem, estagnem ou se condensem no equipamento.

  5. As áreas ocas devem ser hermeticamente fechadas: áreas ocas de equipamentos, como armações e roletes, devem ser eliminadas sempre que possível ou permanentemente seladas. Parafusos, rebites, placas de montagem, suportes, caixas de junção, placas de identificação, tampas, mangas e outros itens devem ser completamente soldados à superfície que não tem contato com perfurações e roscas.

  6. Ausência de nichos: o equipamento deve estar livre de nichos como buracos, rachaduras, corrosão, reentrâncias, emendas abertas, folgas, costuras de dobra, saliências, roscas internas, rebites e extremidades não úteis.

  7. Desempenho operacional sanitário: durante as operações normais, o equipamento deve funcionar de modo a não contribuir com condições não sanitárias ou para alojamento e o crescimento de bactérias.

  8. Projeto sanitário de dispositivos de manutenção: gabinetes de manutenção e interfaces homem-máquina, tais como botões de comando, manoplas de válvulas, interruptores e telas sensíveis ao toque, devem ser projetados para garantir que o produto alimentício, água ou produto não penetrem nem se acumulem no interior e exterior do dispositivo. Além disso, o desenho físico dos gabinetes deve ser inclinado para que não acabem sendo utilizados como prateleiras.

  9. Compatibilidade sanitária com outros sistemas da fábrica: o desenho do equipamento deve garantir a compatibilidade sanitária com outros equipamentos e sistemas, como elétricos, hidráulicos, vapor, ar e água.

  10. Protocolos de limpeza e sanitização validados: os procedimentos de limpeza e sanitização devem ser claramente descritos, projetados e comprovadamente eficazes e eficientes. Os produtos químicos recomendados para limpeza e sanitização devem ser compatíveis com o equipamento e o ambiente de fabricação.

Esta imagem (original aqui) representa uma reformulação de projeto para atender os requisitos de sanitariedade.

 

Confira mais detalhes aqui.

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ANVISA publica nova versão do guia sobre programa de controle de alergênicos

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Quando a ANVISA revisa um novo documento de referência, o Food Safety Brazil corre para contar o que mudou. Nós já falamos aqui sobre o ‘guia sobre programa de controle de alergênicos’ na época em que ele foi publicado. Desta vez um convidado nos conta o que mudou.

Versão 2, de 16 de outubro de 2018 Novo conteúdo
  1. ROTULAGEM OBRIGATÓRIA…

A declaração da contaminação cruzada com alimentos alergênicos ou seus derivados deve ser realizada por meio da advertência: ALÉRGICOS: PODE CONTER (NOME COMUM DO ALIMENTO ALERGÊNICO). Tanto a advertência de presença intencional de alimentos alergênicos ou seus derivados, quanto a advertência de presença de traços acidentais desses constituintes devem estar agrupadas imediatamente após ou abaixo da lista de ingredientes e com caracteres legíveis, em caixa alta, negrito, com cor contrastante com o fundo do rótulo e com altura mínima de 2 mm e nunca inferior à altura de letra utilizada na lista de ingredientes. No caso das embalagens com área de painel principal igual ou inferior a 100 cm2, a altura mínima dos caracteres é de 1mm. Estas advertências não podem estar dispostas em locais encobertos, removíveis pela abertura do lacre ou de difícil visualização, como  como áreas de selagem e de torção.

Inclusão da informação sobre tamanho mínimo do caractere para advertência em embalagens pequenas.
  1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LIMA, Thalita Antony de Souza; et. al. Perguntas e respostas sobre rotulagem de alimentos alergênicos. Agência nacional de vigilância sanitária. Brasília, 2016. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/2810640/Rotulagem+de+Alerg%C3%A

Anicos/283b1a22-d923-4eb1-84fa-cb1a662b7846. Acesso em 15 ago. 2018.

Inclusão desta referência bibliográfica, na penúltima posição

O conteúdo adicionado no item 4 já havia sido publicado em ‘Perguntas e Respostas’ (sobre Rotulagem de Alimentos Alergênicos) em sua 5ª edição, de junho de 2017. Ver a resposta nº 51.

Acesse a versão revisada do guia aqui.

Anderson M. Lima é engenheiro de alimentos, com sólida experiência em análises de alimentos e monitoramento da cadeia de suprimentos para monitoramento de alergênicos.

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Entrevista com o colunista Marco Túlio Bertolino

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Nosso colunista Marco Túlio Bertolino está comemorando uma nova primavera. Para celebrar esta etapa da vida, o Food Safety Brazil fez uma entrevista com ele e vamos conhecer um pouco mais sobre este profissional que faz parte do time de colunistas desde 2018 e tem mais de vinte anos de experiência no segmento alimentício, atuando em gestão de processos e da qualidade, segurança de alimentos e gestão ambiental, além de ser escritor e professor.

FOOD SAFETY BRASIL: Você já foi gerente de qualidade e hoje é gerente de operações. Como lidar com possíveis conflitos de interesses entre produtividade x qualidade?  Você vê como um diferencial o fato de ter suas origens na Qualidade?

Acredito que a visão de “conflitos” entre qualidade e indústria é uma visão antiquada, ultrapassada, do tempo em se supunha que o papel da qualidade era fiscalizar a produção ao invés de agregar, quando a visão do controle de qualidade se sobrepunha à visão de gestão da qualidade. Assim, quando se entende que qualidade não se faz no controle, mas sim no processo, uma vez que é lá que as coisas acontecem e onde efetivamente os profissionais da qualidade tem que atuar, na estruturação de medidas de controle baseadas em análise de riscos para prevenir falhas e contaminações, o conflito cessa, e ao contrário, passa a ter uma visão ampla de que são áreas complementares, que tem que andar de mãos dadas. Eu venho da qualidade, mas sempre tive a visão de gestão de processos, então assumir uma fábrica como plant manager não trouxe muitas novidades, exceto duas coisas: uma visão diferente quanto ao “time” porque numa planta industrial não se pode parar, pois tempo é um recurso que não se recupera, e outra de ampliação de minha visão de negócios. Soluções boas são as que são efetivas a um menor custo, por isso, sempre preparo meus times a só trazerem sugestões acompanhadas do quanto custarão.

FOOD SAFETY BRASIL: Quais as maiores dificuldades na rotina de trabalho em relação a garantir a segurança dos alimentos em todos os momentos do trabalho? Quais dicas você daria para quem trabalha na área de qualidade para conseguir atingir todos os pilares exigidos na segurança dos alimentos?

Use sempre e para tudo o PDCA, planeje o que fará, execute com destreza, verifique o que deu certo e tome uma ação para corrigir falhas ou para melhorar os seus processos, sempre, sempre e sempre. Cuidado com excesso de preciosismo, em buscar o ótimo e nem mesmo fazer o bom, comece de onde estiver e deste ponto vá melhorando continuamente, e acima de tudo, não desista, todo processo tem dificuldade, todo processo tem barreiras, mas todas são transponíveis, com paciência, criatividade e dedicação. Mas o melhor conselho é: um bom sistema de gestão da qualidade e Food Safety é aquele que dá mais resultados com o mínimo de burocracia, e isso se faz melhorando processos e não construindo um castelo de papel.

FOOD SAFETY BRASIL: Considerando o grande movimento que vem ocorrendo para a mudança do comportamento alimentar (vegetarianos, veganos, dietas plant based, etc.), qual o maior desafio da indústria de alimentos para os próximos anos na sua opinião?

Não sei ainda dimensionar até que ponto estas tendências se tornarão ou não um grande mercado, ou se abarcarão apenas nichos de consumidores. O que tenho visto, sim, como questões consolidadas é que para qualquer que seja o alimento, food safety já é essencial, mesmo pequenos negócios já se preocupam em produzir alimentos seguros. Além disso, vejo também que há uma busca por alimentos saudáveis e nutritivos em detrimento daqueles que contêm muitas calorias, carboidratos e lipídeos, e ao mesmo tempo, as pessoas querem prazer, querem sabor, querem se surpreender. Acho que o futuro nesta direção vai permitir a entrada de produtos com mais valor agregado, onde se come menos, porém melhor. Isso já vem acontecendo, por exemplo, com chocolate, café, cerveja, queijos e outros.

FOOD SAFETY BRASIL: Como você consegue conciliar seu trabalho na indústria, coordenar um curso de pós-graduação e ainda escrever livro?

Comecei esta resposta rindo, porque sempre me perguntam isso. Na minha cabeça é uma coisa só, a sala de aula é uma continuação do meu trabalho em indústria, e vice-versa, e os livros são um hobbie, gosto de escrever e de compilar informações, é algo que tenho meio nato. Todas estas atividades são nuances ou formas de expressar uma única atividade, gestão em qualidade e Food Safety. Sobre o tempo para conciliar as atividades, hoje a tecnologia ajuda demais, mesmo quando eventualmente estou fora da fábrica para ir dar uma aula, palestra ou treinamento, estou conectado, recebendo relatórios, tomando decisões, o que claro, depende de um time muito bem preparado e responsável que atua comigo, que me dá muito orgulho. Só para saber (rindo), também não sou só profissional, acho tempo também para os filhos, para o jiu-jitsu, eventualmente para um rapel, uma cerveja com os amigos e leio muito.

FOOD SAFETY BRASIL: O que um profissional de Qualidade e Segurança de Alimentos deve pesar na escolha de um curso de pós para decolar sua carreira, além da grade curricular?

Sempre falo para meus alunos que um diploma por si só, para colocar uma linha a mais no currículo, não agrega nada na carreira. O que agrega mesmo é saber aplicar as novas competências adquiridas nos cenários em que se atuará, isso é o que efetivamente destaca os profissionais no mercado de trabalho. Portanto, os torna aptos a diante de desafios terem êxitos, e assim, se tornarem atrativos e mais “valiosos” para as organizações. Então não aconselho a fazerem especializações só por fazer, mas só ingressar em uma pós-graduação pesando muito bem duas coisas:

1) Grade curricular com temas realmente aplicáveis às organizações;

2) Olhar não só o currículo acadêmico, mas também a vida profissional dos professores, para poder medir o que efetivamente terão a contribuir. No entanto, há outras coisas associadas ao perfil de cada profissional que são fundamentais, como resiliência para não desistir fácil, saber lidar com pessoas, saber liderar equipes.

FOOD SAFETY BRASIL: Você recomenda a realização de cursos de especialização para recém-formados? Ou acha interessante o profissional ter uma experiência prática, antes de escolher uma área para se especializar?

Recomendo sim. A formação acadêmica na graduação é muito importante, mas ela dá o arcabouço teórico, nem sempre o prático, pois o professor de graduação, de carreira, o pesquisador, ele contribui muito com as bases necessárias para entender a ciência dos alimentos, mas carece muitas vezes da vivência em uma planta industrial. Por isso, acabar a graduação e já ingressar numa especialização catalisa a carreira por permitir uma imersão profissional tendo contato com temas num viés prático, e que já podem ser aplicados em sua carreira recém-iniciada. Além disso, tem outro fator, numa sala de pós-graduação o aprendizado não é só com o professor, mas também com os colegas, devido ao network, então há sempre um rico ambiente de muita troca de experiência. Isso amadurece o profissional, amplia a visão do mercado e de como enxergar a própria carreira profissional com mais objetividade.

FOOD SAFETY BRASIL: Você é professor de um curso de especialização.  Quais as maiores lacunas percebidas na formação dos profissionais que vem buscar este aprimoramento? Que inquietudes eles trazem?

Na minha percepção, o aluno que procura o MBA em Food Safety não vem apenas atrás da teoria, isso ele já viu, ele quer mesmo é o know how, o “como fazer” as coisas. Por isso ele quer professores que sejam capazes de demonstrar como é a prática dos temas que ministram, quer ter acesso a ferramentas de uso no dia-a-dia, a modelos, o que é uma característica de cursos latu sensu em estilo MBA. Além, claro, de conciliar o tema com uma visão de negócios, coisa que nossas universidades não dão. Acredito que a maior inquietude seja esta, transpor um bloqueio de como levar o aprendizado visto em sala de aula para a prática, e como estes temas se encaixam nos negócios das empresas, visão de payback com ações preventivas por redução de custos de não qualidade, e por aí vai.

FOOD SAFETY BRASIL: Você já publicou dois livros na área de qualidade. O que o motivou a escrever? Quais os desafios enfrentados por você para publicar as obras? Que dicas daria a outros profissionais que gostariam de compartilhar conhecimentos (publicando obras) mas não sabem como fazê-lo?

Escrever e publicar livros técnicos é como qualquer empreendimento, escolhe-se o tema, monta-se um projeto que deve considerar público-alvo, abrangência, por que há interesse no tema, etc., e se apresenta a uma editora, que pode ou não se interessar pela publicação. A editora, obviamente, e com razão, busca obras que possam ter boa aceitação para que aumentem as vendas de exemplares. Para quem escreve livros técnicos, adianto que não se deve esperar grandes retornos financeiros, a venda não é grande como um livro do Harry Potter, é bem mais limitada. Muita gente gasta R$ 100,00 numa noite de chope, mas acha caro pagar isso num livro, fora a falta de hábito de leitura técnica no Brasil. Mas há uma coisa muito gratificante:  encontrar seus leitores. Nada melhor que alguém te pedir para assinar um livro e o livro já estar todo marcadinho, com anotações, surradinho de tanto ser manuseado. Isso mostra que está sendo útil, também é muito gratificante perceber que vem sendo citado em trabalhos acadêmicos ou adotado por professores.

FOOD SAFETY BRASIL: Diz o ditado que um homem pode se considerar completo quando planta uma árvore, vira pai e escreve um livro. Você se sente completo?

Já plantei alguns bonsais que acredito contarem como mini-árvores, além de um pé de ipê amarelo que amo; tenho um filho de 15 anos e uma filha de 6 anos; e escrevi e publiquei 4 livros. Até os 45 anos tenho vivido de forma muito intensa, e posso dizer que me sinto feliz com tudo até aqui, os erros e os acertos, pois faria tudo de novo, é o que me construiu. Mas me sentir completo? Acho que não, sempre ainda há tanto por vir, tanto a conquistar, ainda quero conhecer muitos lugares no Brasil e no mundo, ainda quero ver meus filhos crescerem, se formarem e me darem netos para que eu possa mimá-los, ainda quero sentir muitas vezes o vento no rosto andando numa praia, ou a adrenalina de um rapel, beber bons vinhos ao lado da pessoa amada, ou se emocionar vendo coisas banais como o sol se pondo. Pretendo ficar velhinho e ainda assim morrer incompleto, sabendo que nunca o copo estará completamente cheio. 

Marco: muito obrigada por compartilhar conosco um pouco da sua história! Desejamos muito sucesso e felicidade!!

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