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Boas Práticas Logísticas: a viagem do alimento até o consumidor

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A manutenção dos padrões internos de qualidade e segurança dos alimentos faz parte de nossa rotina, porém, como garantir a continuidade destes padrões fora de nossas instalações? Em um Brasil com clima predominantemente tropical, você já analisou a verdadeira viagem que seu alimento percorre até o consumidor final e quanto ele está preparado para suportar todas as variáveis das localidades nas quais é comercializado?

Aqui não vamos falar da cadeia de refrigerados e congelados, também denominada pelo setor de transporte como “logística de temperatura controlada”. Esta sistemática já é bem mais madura e consolidada.

Estou me referindo à cadeia de alimentos secos, como produtos de panificação, biscoitos das mais diversas composições (recheados, amanteigados, com ou sem cobertura), massas e produtos já prontos para o consumo. Estes são denominados como cadeia de secos ou sob temperatura controlada. Geralmente são estáveis em temperaturas amenas (15-25°C), porém requerem uma adequada preservação para que estejam com suas características físico-químicas, microbiológicas e sensoriais conformes até o consumo.

Nossa logística nacional é feita, predominantemente, por rodovias, sendo que há vários tipos de transporte utilizados para alimentos destas categorias. As variáveis de logística começam com a escolha da carroceria, que pode ser:

  • Sider – Estrutura em metal com vedação em lonas retráteis, por vezes e dependendo do produto, adicionalmente isolada com placas de madeirite. Permite um fluxo de ar interno, mantendo temperatura mais amena. Tende a movimentar-se se não for bem amarrada e isolada. Esta movimentação pode ocasionar desgastes que podem causar fissuras e rasgos nas lonas, necessitando de maior atenção a desgastes naturais ou ocasionados por atrito, que podem permitir a entrada de água da chuva e umidade.
  • Furgões – Estrutura e vedação 100% metálica, alguns confeccionados tipo sanduiche ou somente por folhas simples em alumínio. Tendem a ter temperaturas internas mais elevadas. Se não são climatizados, passam dos 50ºC no verão e não permitem trocas de calor. São muito estanques e possuem boa proteção contra pragas.

Além da escolha do caminhão, a segunda variável é o tipo de frete contratado. Normalmente, esta seleção ocorre no momento da venda do produto e depende dos acordos comerciais que a empresa realiza.

O frete pode ser CIF – Cost, Insurance and Freight. Neste formato, o vendedor é responsável pela logística da mercadoria. Normalmente nestes casos, são selecionadas transportadoras exclusivas ou até uma frota interna preparada.

O frete também pode ser FOB – Free on Board, quando o comprador é responsável pela logística da mercadoria, sendo imprescindível neste caso, orientar o comprador por meio de um contrato sobre as condições ideais de transporte para se precaver de surpresas.

Definidas as variáveis supracitadas e a escolha pelo melhor método de transporte, passamos aos controles da fábrica, onde se dará o processo de carregamento. Nesta etapa é essencial – e bastante primário – que o caminhão seja inspecionado quanto às condições de limpeza, vedação, presença de odores e materiais estranhos. Uma boa dica é,  quando se tratar de caminhões de frota não exclusiva, questionar quais foram os dois últimos produtos/itens transportados.

É importante conhecer as diversas variáveis da logística da sua empresa.  Transportes diretos, onde o produto é expedido e diretamente entregue ao cliente, são os ideais. A homologação de transportadora, controle de higienização, lacre da carga até o destino, inspeção e fumigação dão boas garantias. Tenha controle da validade destas informações.

Tome cuidado com cargas mistas, de transportadoras que realizam o carregamento de vários produtos, não somente alimentícios. Estas merecem muita atenção, pois há risco de contaminações químicas, até por produtos não alimentícios e também podem ocorrer danos físicos aos alimentos.

Cargas com transbordo são as mais suscetíveis a problemas. Os transbordos ocorrem quando há transferência da carga, ou seja, troca de meio de transporte até o destino. As transferências nem sempre ocorrem sob boas condições, há transbordos feitos em beira de estrada, postos de gasolina, sob chuva, com cargas mistas de produtos não alimentícios… tenho certeza de que você já viu isso por aí.

Como meio de melhorar o conhecimento e assegurar um melhor cumprimento de normas, insira observações nas notas fiscais, indicando recomendações de temperatura de transporte e armazenamento. Coloque informativos com recomendações de transporte e armazenamento junto com a nota fiscal, mantenha sua caixa de embarque com todas as informações necessárias.

Dentro de casa, procure sempre analisar suas reclamações, não somente por motivo, procedência ou outras variáveis internas, mas também por região. Considere todas as variáveis logísticas até o ponto de venda. Muitas vezes, um número elevado de reclamações de produto por sabor alterado, ranço, esbranquiçamento, derretimento, quebra, em regiões específicas, pode ter como causa raiz a sistemática de logística.

Faça testes de transporte regularmente, considerando as condições climáticas das diversas regiões que você atende, as formulações de seus produtos e as estruturas de embalagem.

Por fim, mais uma dica: treine sua equipe comercial e de logística em requisitos de qualidade. Isto é fundamental para eles compreenderem as condições ideais. Reserve um tempo para visitar alguns clientes, entender o mercado e pensar fora da fábrica no que você precisa melhorar internamente para evitar um determinado defeito. Pode ser uma caixa mais reforçada, novas estruturas de embalagem, adição ou melhoria de conservantes, tudo isso precisa ser pensado e avaliado, sempre, de maneira multidisciplinar.

Você pode achar que isso não é trabalho da Qualidade, mas com certeza ajudará e muito na sua percepção e nas tratativas de reclamações, afinal de contas é a sua marca que está em jogo. Evitar consequências negativas depois de todos os cuidados que foram tomados dentro das instalações traz muitos benefícios para a empresa e garante bons negócios e a satisfação de seus consumidores.

Cristiane Cavinato Martini é tecnóloga em Química, com especializações em qualidade, segurança dos alimentos, inovação e meio ambiente. Atua em indústrias de alimentos há mais de 2o anos, com implantação e manutenção de programas de qualidade e segurança dos alimentos, certificações  e gestão ambiental. 

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Integridade de dados na indústria alimentícia: pilar estratégico para a segurança de alimentos

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Em um cenário de crescente digitalização, auditorias mais exigentes e consumidores mais atentos, a integridade de dados é um tema cada vez mais frequente na indústria alimentícia. Garantir que os dados sejam completos, consistentes, precisos e acessíveis ao longo de todo o ciclo de vida de um alimento é fundamental não apenas para garantir a segurança, mas também para manter a conformidade legal e a confiança do consumidor.

O que é integridade de dados?

Integridade de dados refere-se à confiabilidade, consistência e exatidão das informações geradas, registradas, processadas, armazenadas ou transmitidas, seja em meio físico ou digital. Na prática, isso significa que um dado de temperatura, um resultado de análise microbiológica ou um registro de rastreabilidade deve ser:

  • Attributable (Atribuível)
  • Legible (Legível)
  • Contemporaneous (Contemporâneo, ou seja, quando ocorreu)
  • Original (Registro original ou cópia verificada)
  • Accurate (Exato)

Esse conjunto de princípios é conhecido como ALCOA, base da integridade de dados em setores regulados — incluindo alimentos.

Por que isso é relevante na indústria de alimentos?

Em termos de validação e controle eletrônico, as exigências estão aumentando com a introdução de padrões como FSSC 22000, BRCGS e IFS, que abordam diretamente a segurança e autenticidade das informações.

Exemplos de riscos reais associados à perda de integridade de dados:

  • Fraudes em rotulagem e rastreabilidade (origem de ingredientes ou data de validade)
  • Resultados de laboratório manipulados ou alterados
  • Registros retroativos inseridos manualmente em planilhas Excel sem controle de versão
  • Falsos registros de temperatura de armazenamento ou de pasteurização

Além disso, auditorias externas e inspeções da autoridade sanitária estão mais atentas a esse tema, especialmente diante de recalls e surtos alimentares.

Onde a integridade de dados é crítica no setor de alimentos?

  • Laboratórios internos e externos;
  • Ensaios físico-químicos e microbiológicos devem ter dados rastreáveis e sem edições não controladas;
  • Sistemas de rastreabilidade;
  • Do campo à mesa, dados como lote, fornecedor, data de processamento e distribuição precisam ser íntegros;
  • Monitoramentos ambientais e de PCCs (Pontos Críticos de Controle);
  • Registros manuais de temperatura, pH, atividades de sanitização e verificação;
  • Sistemas ERP e SCADA.
  • Integração entre produção, qualidade, manutenção e cadeia de suprimentos: sem integridade, há risco de decisões baseadas em dados falsos ou incompletos.

Boas práticas para garantir integridade de dados

  • Treinamento de equipe
  • Promover cultura de responsabilidade sobre registros e dados
  • Controle de acesso
  • Uso de senhas individuais e registro de login para evitar acessos indevidos
  • Assinaturas eletrônicas e trilha de auditoria (audit trail)
  • Sistemas que mostram quem alterou, o quê, quando e por quê
  • Validação de sistemas informatizados
  • Garantir que softwares como LIMS, ERP, SCADA e BIs estejam validados e com versões controladas
  • Política clara de registros e documentação
  • Regras para preenchimento, correções, backups, armazenamento e descarte.
  • Auditorias internas de integridade de dados
  • Verificações regulares com foco específico em confiabilidade de informações e cruzamento de registros.

Na era da digitalização e da rastreabilidade em tempo real, a integridade de dados é cada vez mais um diferencial competitivo e um requisito básico de conformidade na indústria alimentícia. Negligenciá-la pode gerar não apenas prejuízos financeiros e desperdícios, mas crises de confiança e riscos à saúde pública.

Implementar um sistema robusto de gestão da integridade de dados é um investimento que protege a reputação da empresa, fortalece os sistemas de qualidade e garante que as decisões sejam sempre baseadas em fatos, e não em suposições.

Por Leonardo Alves da Silva

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Monitoramento microbiológico da água na indústria de atomatados

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A água é um insumo essencial em toda a cadeia produtiva da indústria de atomatados, sendo utilizada em diversas etapas, como lavagem de tomates, preparo de soluções, geração de vapor e limpeza de equipamentos. Por isso, o monitoramento microbiológico da água é um requisito fundamental para garantir a segurança dos alimentos e atender às exigências legais e de certificações como FSSC 22000.

Importância da qualidade microbiológica da água

A presença de microrganismos patogênicos ou deteriorantes na água utilizada na produção pode resultar em contaminação cruzada, comprometendo a inocuidade dos produtos finais, como molhos, extratos e polpas de tomate. Contaminações por coliformes (Escherichia coli), Salmonella spp. e Pseudomonas spp. são riscos comuns, especialmente se a fonte de água for superficial ou se o sistema de tratamento for inadequado.

Parâmetros microbiológicos recomendados

As análises microbiológicas devem ser conduzidas com base em legislação específica, como a Portaria GM/MS nº 888/2021, que define os padrões de potabilidade da água.

Os principais parâmetros microbiológicos a serem monitorados incluem:

Parâmetro Limite Importância
Coliformes totais Ausência em 100 mL Indicador de contaminação ambiental
Escherichia coli Ausência em 100 mL Indicador de contaminação fecal
Salmonella spp. Ausência em 100 mL Patógeno grave associado a surtos alimentares
Contagem Padrão em Placas < 500 UFC/mL (uso geral) Indicador de carga microbiológica total
Pseudomonas spp. Ausência em 100 mL (em alguns usos) Relevante em equipamentos e superfícies úmidas

Frequência de monitoramento

A frequência das análises depende do uso da água e da avaliação de riscos microbiológicos. Recomenda-se:

– Mensal para pontos de uso direto na produção

– Diária ou semanal em casos de uso contínuo em processos críticos

– Após manutenções ou alterações no sistema de abastecimento

Boas práticas complementares

– Implantar tratamento adequado da água, como cloração, filtração e ozonização

– Manter programas de limpeza e sanitização de reservatórios e tubulações

– Garantir registro e rastreabilidade dos resultados das análises

– Realizar validação e verificação dos controles, conforme o plano APPCC.

O controle microbiológico da água na indústria de atomatados é uma medida essencial para prevenir riscos à saúde do consumidor e garantir a conformidade com as normas de segurança de alimentos. A adoção de um sistema rigoroso de monitoramento, associado às boas práticas de fabricação e gestão de riscos, contribui para a produção de alimentos seguros e de alta qualidade.

por Maria Bearzotti

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Procedimentos operacionais no varejo: por que o POP tá na parede, mas não na prática?

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Toda loja de varejo alimentício tem: POP impresso, plastificado, afixado em lugar visível. Em muitos casos, tem até a assinatura de todos os colaboradores. Cumpre-se o requisito documental. Mas e na prática? O procedimento é ignorado. A rotina segue por hábito, por improviso, por tentativa e erro. O POP vira decoração.

No varejo alimentício, a desconexão entre o procedimento formal e a rotina real é um dos maiores desafios. E isso não acontece por má-fé. Acontece porque o POP, muitas vezes, é escrito de forma genérica, técnica demais ou simplesmente está descolado da realidade do local.

A primeira falha começa na elaboração: procedimentos longos, complexos, copiados de modelos prontos ou pensados apenas para agradar a fiscalização. Pouco se considera o perfil da equipe, o nível de instrução, o ritmo da operação, os recursos disponíveis. Resultado: o documento até existe, mas não serve de guia.

Para que um POP funcione, ele precisa ser compreendido. Precisa ser apresentado em treinamento. Precisa ser visual. Precisa caber na rotina. Precisa ser reforçado e monitorado. Do contrário, ele vira um item a mais na lista de “coisas para cumprir”, e não uma ferramenta de padronização.

O que proponho aos meus clientes é um olhar mais estratégico e funcional. Procedimentos escritos com clareza, organizados por setor, com linguagem acessível, tópicos visuais, imagens ilustrativas quando necessário, validação com quem realmente executa a tarefa. Treinamentos curtos, objetivos, com repetição e feedback.

Também é preciso que a liderança incorpore o POP. O gerente precisa cobrar a aplicação, dar o exemplo, observar e corrigir. O RT precisa acompanhar, revisar, atualizar e orientar. Segurança dos alimentos é responsabilidade de todos, mas sem coordenação, ela não se sustenta.

Já vi locais onde tudo estava formalizado, mas nada era seguido. E já vi equipes sem documentos, mas com uma rotina impecável, construída no diálogo, no reforço e na prática constante. A diferença está na intenção: cumprir protocolo ou criar cultura.

POP que funciona é aquele que guia, que orienta, que organiza. Não é o mais bonito, é o mais aplicável. Não é o mais completo, é o mais compreendido. Quando o colaborador sabe o que fazer, como fazer e por que fazer, o risco diminui. E a segurança se fortalece.

Mais do que exigência legal, os procedimentos operacionais devem ser vistos como instrumentos de cuidado, clareza e consistência. E isso começa com a pergunta mais simples: o seu POP é só um papel na parede ou é parte viva da sua rotina?

Juliana Maier é médica veterinária graduada pela UniCesumar (2022), especialista em segurança dos alimentos e vigilância sanitária. Fundadora da empresa de consultoria e responsabilidade técnica Eat. Safed, atua na estruturação, implementação e acompanhamento de programas de autocontrole, com presença técnica em supermercados, açougues, padarias, hortifrutis, restaurantes e demais serviços de alimentação.

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Tecnologia, inovação e boas práticas para garantir a Segurança dos Alimentos

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Em um cenário global marcado pela aceleração tecnológica e crescente preocupação com a saúde pública, a segurança dos alimentos tornou-se uma das prioridades mais críticas das cadeias de abastecimento. Do campo à mesa, cada elo da cadeia alimentar carrega a responsabilidade de proteger a integridade dos produtos e a saúde dos consumidores. Nesse contexto, tecnologia, inovação e boas práticas na produção de alimentos são especialmente relevantes e urgentes.

A segurança dos alimentos não depende apenas da produção primária, mas é moldada por processos logísticos eficientes, soluções tecnológicas inteligentes, embalagens funcionais e o rigor no cumprimento de boas práticas. A integração desses elementos é essencial para mitigar riscos microbiológicos, químicos e físicos, reduzir perdas e desperdícios e atender às exigências sanitárias e às expectativas do consumidor moderno.

A logística como pilar da segurança de alimentos

A logística na cadeia de alimentos vai além do simples transporte de mercadorias: trata-se de uma engenharia que planeja, executa e monitora o fluxo de produtos com foco em tempo, temperatura, integridade e rastreabilidade. Um dos maiores desafios da logística de alimentos é manter as condições adequadas durante o transporte e o armazenamento. Isso inclui o controle de temperatura em produtos refrigerados e congelados, o controle da umidade, a prevenção de contaminações cruzadas e o respeito pela validade dos alimentos.

Com o avanço da tecnologia, a logística passou a contar com sensores de monitoramento em tempo real, que informam as variações de temperatura e umidade em caminhões e armazéns. Esses dispositivos, integrados a plataformas de IoT (Internet das Coisas), permitem a atuação preventiva, evitando que cargas inteiras sejam perdidas por falhas técnicas. Além disso, sistemas de rastreabilidade baseados em blockchain revolucionam a transparência e a confiabilidade da cadeia de abastecimento, permitindo que consumidores e órgãos reguladores acessem o histórico completo de um alimento.

Inovação e tecnologia a serviço da qualidade

A inovação é uma grande aliada na missão de garantir alimentos mais seguros e saudáveis. Em cada etapa da cadeia produtiva, soluções tecnológicas são incorporadas com sucesso. Na agricultura, sensores inteligentes e drones monitoram as plantações, identificando pragas ou deficiências nutricionais, promovendo um uso mais racional de insumos. Na indústria, equipamentos automatizados garantem a padronização de processos e reduzem a intervenção humana, minimizando os riscos de contaminação.

No controle de qualidade, testes rápidos e portáteis — como os kits de detecção de patógenos e resíduos químicos — permitem a identificação precoce de riscos, acelerando decisões e evitando o envio de lotes contaminados ao mercado. Inteligência artificial e machine learning também são aplicados na análise de grandes volumes de dados, otimizando processos, antecipando falhas e aprimorando a gestão de riscos.

Essas inovações altamente tecnológicas têm um objetivo claro: proteger o consumidor e assegurar que o alimento chegue ao seu destino em condições seguras e apropriadas ao consumo.

Embalagem: muito além da estética

A embalagem de alimentos evoluiu de um simples invólucro protetor para uma ferramenta estratégica de segurança e comunicação. Atualmente, o setor investe em embalagens inteligentes e embalagens ativas, que interagem com o ambiente ou com o próprio alimento.

As embalagens inteligentes são capazes de informar, por meio de indicadores visuais, se o alimento foi exposto a temperaturas inadequadas, se sofreu violação ou se está impróprio pra o consumo, mesmo antes do prazo final. Já as embalagens ativas liberam ou absorvem substâncias que estendem a vida útil do produto, como oxigênio ou dióxido de carbono, evitando o crescimento de microrganismos.

Além disso, há uma crescente preocupação com a sustentabilidade. Embalagens biodegradáveis, compostáveis ou recicláveis vêm sendo desenvolvidas para reduzir o impacto ambiental sem comprometer a proteção do alimento. Essa convergência entre segurança e sustentabilidade é valorizada tanto pelo mercado quanto pelos consumidores conscientes.

Boas Práticas: a base de tudo

Por mais sofisticada que seja a tecnologia, ela não substitui as boas práticas de fabricação (BPF), transporte e armazenamento. As regulamentações sanitárias, como a RDC 275/2002 e a RDC 216/2004, estabelecem critérios essenciais para o controle higiênico-sanitário nas indústrias de alimentos e em serviços de alimentação.

O cumprimento rigoroso dessas normas, aliado ao APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle), forma a espinha dorsal da segurança dos alimentos. A capacitação contínua dos colaboradores, os programas de controle de pragas, a higienização correta dos ambientes e equipamentos e o controle de fornecedores são medidas indispensáveis que precisam ser reforçadas em todas as etapas da cadeia.

Em tempos de globalização e comércio internacional, o cumprimento das boas práticas também é um diferencial competitivo. Países com sistemas alimentares robustos e confiáveis têm maior acesso a mercados internacionais e conseguem proteger melhor sua população.

O consumidor como agente de transformação

Nunca foi tão importante considerar o papel do consumidor na segurança dos alimentos. Informado, exigente e atento à procedência dos produtos, o consumidor moderno valoriza marcas que demonstram responsabilidade com a saúde e o meio ambiente. Assim, a transparência, a rastreabilidade e a clareza das informações nos rótulos passam a ser estratégias indispensáveis.

Por outro lado, o consumidor também precisa ser educado quanto às boas práticas no domicílio. A segurança do alimento não termina na prateleira: ela continua na forma como os alimentos são armazenados, preparados e consumidos. Campanhas educativas sobre manipulação segura, higienização correta e conservação adequada dos alimentos são essenciais para completar o ciclo da segurança.

Considerações finais

Garantir a segurança dos alimentos em uma cadeia de produção e distribuição cada vez mais complexa é um desafio que exige integração, inovação e compromisso. Da logística à embalagem, o uso consciente da tecnologia e de boas práticas tem um papel fundamental na proteção da saúde pública.

O futuro da segurança dos alimentos dependerá da nossa capacidade de conectar ciência, tecnologia, inovação e gestão com uma abordagem preventiva e colaborativa. Inovação sem boas práticas é frágil; logística sem rastreabilidade é arriscada; embalagem sem função é desperdício. É a união estratégica desses elementos que permitirá a construção de um sistema alimentar mais seguro, justo e sustentável.

Carla Vargas Machado é química de alimentos

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Segurança de Alimentos na fabricação de polpa de tomate concentrada

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A segurança de alimentos é um dos pilares fundamentais na indústria de alimentos, especialmente na produção de polpa de tomate concentrada, um produto amplamente utilizado como base para molhos, temperos e pratos industrializados. Devido ao seu alto teor de umidade, pH relativamente baixo e contato direto com o ambiente e equipamentos, a fabricação da polpa exige rígidos controles de qualidade, sanitização e rastreabilidade para garantir a inocuidade do produto final.

Perigos associados à produção de polpa de tomate

Durante as etapas de recebimento, lavagem, moagem, concentração térmica, envase e armazenamento da polpa de tomate, diversos perigos podem comprometer a segurança do alimento:

  • Perigos biológicos

– Presença de microrganismos patogênicos como Salmonella spp., Clostridium botulinum, Listeria monocytogenes e bolores toxigênicos.

– Contaminação cruzada devido a superfícies mal higienizadas ou água contaminada.

  • Perigos químicos

– Resíduos de agrotóxicos nos tomates crus.

– Lubrificantes ou produtos de limpeza em contato com a linha de produção.

– Migração de metais pesados ou contaminantes de embalagens inadequadas.

  • Perigos físicos

– Presença de fragmentos de vidro, metais, pedras ou plásticos.

– Falhas nos sistemas de peneiramento ou detecção de corpo estranho.

Boas práticas na produção

Para controlar esses perigos e assegurar a inocuidade do alimento, é essencial implementar Boas Práticas de Fabricação (BPF) e Programas de Pré-Requisitos (PPRs) bem definidos:

– Seleção e recebimento rigoroso da matéria-prima: avaliação da qualidade dos tomates, rastreabilidade e análise de resíduos químicos.

– Lavagem eficiente com água potável e sanitizantes, reduzindo carga microbiana inicial.

– Processo térmico adequado (pasteurização/concentração): deve ser validado para garantir destruição microbiana sem comprometer a qualidade sensorial.

– Controle do tempo e temperatura nas etapas críticas.

– Manutenção e higienização periódica de equipamentos e utensílios.

– Treinamento contínuo da equipe sobre higiene pessoal e procedimentos operacionais padronizados (POPs).

Controle de Pontos Críticos (APPCC)

Na produção de polpa de tomate concentrada, o sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) comumente identifica alguns pontos críticos, como:

– Tratamento térmico (tempo e temperatura): para inativação de Clostridium botulinum e outros patógenos.

– Selagem e integridade das embalagens: prevenir recontaminações pós-processamento.

– pH e atividade de água (Aw): monitoramento para garantir que esteja inibido o crescimento microbiano.

Imagem gerada por I.A. – ChatGPT

Conformidade com normas e certificações

A segurança da polpa de tomate deve estar alinhada com padrões nacionais e internacionais, como as normas da Anvisa e os padrões do Codex Alimentarius.

Em síntese, a fabricação de polpa de tomate concentrada requer uma abordagem preventiva e sistemática para garantir sua segurança. Desde a seleção dos tomates até o armazenamento do produto final, o cumprimento rigoroso de normas, o uso de tecnologias apropriadas e a capacitação da equipe são indispensáveis para garantir um alimento seguro, estável e em conformidade legal.

Por Maria Bearzotti

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Validade vencida no ponto de venda: o erro básico que mina a confiança do cliente

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Poucas situações geram tanta frustração e desconfiança quanto encontrar um alimento com validade vencida na prateleira. À primeira vista pode parecer um erro pequeno, fácil de corrigir. Mas para o cliente, essa falha diz muito mais. Ela compromete a percepção de cuidado, higiene e profissionalismo do estabelecimento.

Imagem gerada por I.A. (ChatGPT)

No varejo alimentício, onde a rotatividade é alta e a operação é dinâmica, o controle de validade exige disciplina e método. Mesmo assim, é comum encontrar falhas nessa etapa essencial. Isso não ocorre, na maioria das vezes, por descaso, mas por ausência de rotina, equipe reduzida, falta de comunicação entre setores e sobrecarga operacional.

A consequência, no entanto, é grave. Um alimento com validade vencida na área de vendas gera perda de confiança. O consumidor pode não reclamar, mas dificilmente esquece. Em tempos de redes sociais e aplicativos de reclamação, qualquer falha visível pode tomar proporções enormes.

E mais do que a imagem do negócio, a questão é sanitária. Produtos fora da validade representam riscos reais à saúde pública, especialmente os de alto risco microbiológico, como carnes, laticínios e pratos prontos. É dever do estabelecimento garantir que todo item exposto esteja dentro do prazo, com boas condições de conservação e apresentação.

Controlar validade não é luxo, é base. É o tipo de controle que precisa fazer parte da rotina de todo varejo: repositores bem treinados, cronogramas de verificação, planilhas simples e objetivas, e uma liderança atenta ao processo. A responsabilidade não pode recair em uma única pessoa: deve ser coletiva.

O que proponho nos estabelecimentos que atendo é uma abordagem prática, humanizada e eficaz: setor por setor, dia após dia, criar a cultura de verificação, descarte e prevenção. Estabelecer alarmes de prazos curtos, comunicar de forma clara, envolver líderes, simplificar etapas e orientar a equipe sobre as consequências.

Quando um cliente encontra um produto vencido, ele não enxerga um erro isolado, ele enxerga desorganização. E desorganização em alimentos gera insegurança. Não há estratégia de marketing ou fachada bonita que sustente uma imagem de confiança quando o básico falha.

Por isso, o controle de validade deve ser visto como um pilar da gestão de qualidade e segurança. Quando bem feito, evita perdas financeiras, garante conformidade com a vigilância sanitária, fortalece a imagem da marca e protege a saúde do consumidor.

Evitar alimentos vencidos na área de vendas é uma das formas mais simples – e mais poderosas – de mostrar respeito por quem compra. E quem respeita o consumidor colhe fidelidade.

Juliana Maier é médica veterinária graduada pela UniCesumar (2022), especialista em segurança dos alimentos e vigilância sanitária. Fundadora da empresa de consultoria e responsabilidade técnica Eat. Safed, atua na estruturação, implementação e acompanhamento de programas de autocontrole, com presença técnica em supermercados, açougues, padarias, hortifrutis, restaurantes e demais estabelecimentos que compõem os serviços de alimentação.

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Sorteio para Curso teórico-prático de Controle da Qualidade do Pescado – 5ª edição

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Se você quer ou precisa se atualizar sobre segurança de alimentos e qualidade de pescado, inscreva-se no curso teórico-prático de Controle da Qualidade do Pescado, que acontecerá nos dias 14 e 15 de agosto de 2025, em Piracicaba – SP.

Esse curso está sendo organizado pelo Serviço Laboratorial de Tecnologia do Pescado do Instituto de Pesca e Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – Universidade de São Paulo (ESALQ/USP).

O local do evento será na Av. Pádua Dias, 11 – Piracicaba – SP.

“Nós acreditamos que a capacitação continuada é o caminho na garantia da qualidade”

Segundo a coordenadora, Dra. Erika Furlan, o curso foca a qualidade do pescado ao longo da cadeia de produção, visando o desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas de alimentos aquáticos por meio de melhorias na qualidade e segurança dos produtos e processos, minimizando perdas.

Nesta edição, serão abordados avanços no bem-estar animal, no controle de microrganismos ao longo da cadeia de produção e a importância da preservação da qualidade para minimizar o desperdício e melhorar o aproveitamento da biomassa.

Serão enfatizadas algumas cadeias de valor de alimentos aquáticos. O curso destacará a conversão de subprodutos de peixes em recursos valiosos, abordando desafios e estratégias para reduzir a perda e o desperdício de alimentos e os benefícios da certificação na pesca e aquicultura para a indústria e consumidores.

O blog Food Safety Brazil vai sortear uma vaga gratuita para esse curso no dia 08/08/25 às 10 h. Para concorrer basta se inscrever no formulário  https://forms.gle/dj5zcXo5QyoejGmX9

Confira a programação completa aqui

Público-alvo: Este curso visa a capacitação de estudantes e profissionais de pescado.

As inscrições podem ser realizadas pelo site da FUNDEPAG, no endereço:

https://hub.fundepag.br/evento/curso-teorico-pratico-de-controle-da-qualidade-do-pescado-5-edicao

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Morte de equinos por ração contaminada atinge 4 estados brasileiros

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Segundo dados publicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), em 23 de julho subiu para 284 o número de óbitos de equinos após consumo de ração contaminada. Os casos vêm sendo investigados desde o recebimento da primeira denúncia no final de maio deste ano.

Há relação entre os animais que vieram a óbito e o consumo de ração de uma empresa que está sob investigação. Os animais são de diferentes estados brasileiros: Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas.

Em todas as propriedades investigadas, os equinos que adoeceram ou vieram a óbito consumiram ração da mesma empresa. Os outros animais das mesmas propriedades, que não consumiram a ração e vivem no mesmo ambiente, não apresentaram qualquer sintomatologia relacionada à intoxicação.

Amostras da ração foram coletadas e analisadas pelos laboratórios de defesa agropecuária e foi detectada a presença de alcaloides pirrolizidínicos (AP), que são substâncias muito tóxicas para os animais.

Esses AP podem causar doença aguda ou crônica, sendo que a crônica é mais comum e está relacionada ao consumo de doses bem baixas desses alcaloides por períodos longos de tempo. Isso ocorre porque mesmo pequenas quantidades podem gerar alterações neurológicas e hepatóxicas, levando os animais a óbito. Concentrações maiores do contaminante na ração podem causar casos agudos, o que parece estar acontecendo. A concentração dos AP nas plantas e a quantidade ingerida estão diretamente relacionadas à sintomatologia dos animais.

Na literatura científica há descrição de casos de intoxicação por ingestão de AP em bovinos, suínos, caprinos, ovinos, equídeos, e até em humanos.

A investigação aponta que a contaminação ocorreu por falha no controle da matéria-prima, uma vez que havia resíduos de plantas do gênero Crotalaria, que são uma das plantas que podem gerar os AP. Além do gênero Crotalaria, os gêneros Senecio, Heliotropium Echiumque também podem gerar essas substâncias.

Plantas do gênero Crotalaria são conhecidas popularmente no Brasil por “chocalho”, “guizo-de-cascavel”, “chocalho-de-cascavel”, “chocalho-de-cobra”, “feijão-de-guizo” ou “xique-xique”. Inclusive há descrições do seu uso em sistema de rotação de culturas, controle de helmintos e fixação de nitrogênio no solo. Nesse caso, é possível que plantações destinadas à fabricação de ração para animais domésticos possam ser acidentalmente contaminadas por sementes ou outras partes de plantas do gênero Crotalaria.

Quando essas plantas são colhidas juntamente com as culturas destinadas à produção de ração, ou quando há mistura acidental durante o processamento, seus resíduos podem entrar na composição final da ração.

A falta de um rigoroso controle de qualidade na seleção e análise da matéria-prima pode facilitar a ocorrência de contaminação.

O controle de AP em rações envolve a adoção de medidas preventivas e práticas de controle de qualidade durante o processo de produção. Isso inclui:

  • a seleção cuidadosa das matérias-primas – selecionar ingredientes da ração provenientes de áreas com baixa incidência das plantas que produzem AP e implementar práticas de manejo que evitem o crescimento dos gêneros produtores de AP próximo a área de cultivo de plantas que serão usadas em ração
  • a avaliação da contaminação por plantas produtoras desses alcaloides – durante o processo de produção, implementar testes, avaliações visuais para seleção dos ingredientes das rações
  • realizar testes laboratoriais para garantir a ausência ou níveis seguros desses compostos na ração final, por exemplo, com análises que usam cromatografia gasosa ou cromatografia líquida. Estas análises devem ser incorporadas nos setores de controle de qualidade das indústrias de ração.

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FDA revoga 52 padrões alimentares: o que isso significa para a segurança dos alimentos

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Em um movimento inédito e simbólico para a indústria de alimentos, a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos anunciou, em 16 de julho de 2025, a revogação ou proposta de revogação de 52 Padrões de Identidade Alimentar (Standards of Identity – SOI). A medida abrange produtos como frutas e vegetais enlatados, laticínios, massas, assados e condimentos – sinalizando uma mudança profunda no modelo regulatório tradicional.

A ação marca os primeiros resultados concretos da revisão regulatória conduzida pela FDA em seu portfólio de mais de 250 SOIs, estabelecidos desde 1939 com o objetivo de combater fraudes alimentares e garantir a transparência na composição e processamento de alimentos industrializados. No entanto, segundo a própria agência, muitos desses padrões tornaram-se obsoletos diante dos avanços em ciência, tecnologia e regulamentação moderna.

O que está sendo revogado?

A iniciativa da FDA envolve três frentes:

  • Regra final direta: revogação de 11 padrões para frutas e vegetais enlatados, incluindo sete versões adoçadas artificialmente com sacarina, que já não são mais comercializadas nos EUA.
  • Proposta de regra: exclusão de 18 padrões para produtos lácteos, incluindo queijos, sobremesas congeladas, leites e cremes específicos.
  • Outra proposta de regra: revogação de 23 padrões aplicados a alimentos assados, macarrão, sucos, frutos do mar e aromatizantes alimentares.

A maioria dos padrões em questão foi criada antes da existência de requisitos modernos como:

  • Segurança e rotulagem de ingredientes;
  • Controle de embalagens e rastreabilidade;
  • Boas práticas de fabricação (GMP – Good Manufacturing Practices);
  • Informações nutricionais obrigatórias no rótulo.

Por que isso importa?

Para o comissário da FDA, Dr. Marty Makary, os padrões antigos — embora tenham sido fundamentais no passado — passaram a limitar a inovação, dificultar a flexibilidade na formulação de alimentos e até atrapalhar o desenvolvimento de opções mais saudáveis para os consumidores.

A decisão também reflete o esforço do governo norte-americano em reduzir a burocracia e modernizar o aparato regulatório, em alinhamento com a Ordem Executiva 14192 — “Liberando a prosperidade por meio da desregulamentação”, assinada pelo então presidente Donald Trump.

Impactos para a indústria global 

A revogação dos padrões traz reflexos diretos não apenas para o mercado interno dos EUA, mas também para exportadores internacionais e profissionais da indústria alimentícia global, uma vez que muitos países utilizam os padrões da FDA como referência técnica e regulatória.

Além disso, a flexibilização dos SOIs abre espaço para:

  • Inovação em ingredientes e formulações;
  • Adoção de tecnologias emergentes de processamento;
  • Criação de produtos personalizados, saudáveis e sustentáveis, com menos barreiras regulatórias.

Por outro lado, a mudança exige que as empresas revisem seus sistemas de controle e rotulagem, garantindo que mesmo sem os antigos padrões, os produtos ainda estejam em conformidade com as exigências atuais de segurança, transparência e rastreabilidade.

Essa abordagem mais moderna representa um paradigma regulatório orientado ao risco, à ciência e à flexibilidade, valorizando a evolução tecnológica da cadeia de alimentos sem abrir mão da confiança pública.

A decisão da FDA de revogar 52 SOIs marca uma virada histórica na regulação de alimentos. Em vez de seguir amarrada a padrões engessados e ultrapassados, a agência opta por uma regulação mais inteligente, dinâmica e alinhada às demandas do século XXI. Para empresas e profissionais do setor, o momento é oportuno para refletir sobre suas práticas e aproveitar a liberdade regulatória como oportunidade de inovação e diferenciação no mercado.

por Leonardo Alves da Silva

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QIMA WQS e QIMA IBD, reconhecidos globalmente como provedores de certificação de alimentos, agora estão unificados sob a marca QIMA

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A QIMA combina dois serviços de certificação de segurança dos alimentos, qualidade e sustentabilidade sob uma única entidade, refletindo melhor sua ampla oferta do campo à mesa.

 CHARLOTTE, N.C. – 28 de Julho, 2025 – A QIMA, fornecedora líder global de serviços de teste, inspeção, certificação e conformidade, anuncia a unificação de duas subsidiárias de certificação de alimentos, QIMA WQS e QIMA IBD, sob a marca QIMA. As empresas irão operar na divisão de Food & Agri Commodities do grupo.

A transição ocorre em resposta à evolução e à busca por inovação e simplicidade por parte dos produtores e fabricantes no setor agrícola. A QIMA está em constante expansão, comprometida em assegurar que seus clientes em todo o mundo mantenham um processo contínuo de certificação, visando aprimorar tanto a segurança dos consumidores quanto os padrões de sustentabilidade.

Com essa iniciativa, a QIMA aproveita a vasta experiência e os recursos da QIMA WQS e QIMA IBD, fornecendo soluções abrangentes para auditorias de segurança dos alimentos, avaliações de fornecedores, e certificações orgânicas e de sustentabilidade em escala global.

A mudança também aprimora a experiência da marca QIMA para clientes e partes interessadas no setor agrícola, abrangendo fabricantes e varejistas de alimentos. Agora, essas indústrias podem usufruir de uma gama mais ampla de serviços oferecidos pela QIMA, incluindo protocolos reconhecidos pela GFSI (BRCGS, SQF, GLOBALG.A.P., PrimusGFS, IFS), HACCP, Rainforest Alliance, Orgânico Brasil, USDA Organic, European Organic, RSPO, Não-GMO e SMETA, ao mesmo tempo em que desfrutam de uma experiência de terceira parte mais consistente.

A integração desses líderes globais no mercado de segurança dos alimentos contribui significativamente para garantir que as cadeias de suprimentos alimentares permaneçam transparentes e atendam aos mais altos padrões, garantindo tanto a segurança do consumidor quanto a conformidade regulatória. “Estamos construindo uma plataforma centralizada para serviços de segurança dos alimentos, certificação orgânica e sustentabilidade”, afirmou Mario Berard, CEO da QIMA Food Certification (antes conhecida como QIMA WQS e QIMA IBD). “Com uma gama mais ampla de serviços, um processo mais simplificado e uma equipe unificada mais forte, o ecossistema completo de soluções alimentares da QIMA estará ainda mais preparado para atender às necessidades de nossos clientes e superar as expectativas.”

A QIMA oferece, atualmente, soluções globais para mais de 30.000 empresas em vários setores, incluindo a cadeia alimentar, desde a agricultura e produção até à embalagem, transporte e varejo. Além das certificações e das auditorias, o grupo também oferece serviços de inspeção de qualidade de produtos frescos, inspeção de commodities e testes de alimentos e rações.

“Estamos empenhados em tornar a segurança global dos alimentos uma prioridade, tornando-a eficiente e integrada para produtores, processadores e varejistas. Este é um novo e emocionante capítulo para a QIMA e para os nossos parceiros”, enfatizou Berard.

Sobre a QIMA

A QIMA é mais do que uma empresa de testes, inspeção, certificação e conformidade. Temos a missão de oferecer aos clientes soluções inteligentes para criar produtos em que os consumidores possam confiar. Com um alcance global que abrange mais de 100 países, a QIMA atende as indústrias de produtos de consumo, alimentos e ciências biológicas, apoiando mais de 30.000 marcas, varejistas, fabricantes e produtores de alimentos. A empresa combina experiência local com soluções digitais para trazer precisão e visibilidade aos dados de qualidade, segurança e conformidade. O que diferencia a QIMA é a sua cultura única: 6.000 funcionários vivem e tomam decisões todos os dias de acordo com os valores da QIMA. Com a paixão do cliente, a integridade e o compromisso de simplificar as coisas, a QIMA continua a revolucionar a indústria de testes, inspeção e certificação.

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MAPA lança plataforma para consulta de LMR por países

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O Ministério da Agricultura e Pecuária lançou uma plataforma para consulta de Limites Máximos de Resíduos (LMR) com o objetivo de ajudar as empresas, especialmente as áreas que cuidam da qualidade, a identificar os limites de pesticidas por países e ou blocos econômicos.

A disponibilização de informações na plataforma é feita pela publicação de dados originais dos órgãos oficiais de cada país, de acordo com os requisitos estabelecidos pelos países importadores, a partir de compilação de informações de bases de dados oficiais ou bases de referência fornecidas pelos Adidos Agrícolas.

O projeto teve origem por conta do tema de um mestrado profissional em Ciência e Tecnologia de Alimentos na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), cujo título é “Identificação e disponibilização dos Limites Máximos de Resíduos (LMR) de agrotóxicos em grãos e derivados estabelecidos pelos principais parceiros comerciais brasileiros do agronegócio”. A dissertação foi desenvolvida pela Coordenadora Geral da Qualidade Vegetal do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (DIPOV), Helena Pan Rugeri, que contou com a orientação do Dr. Maurício de Oliveira.

Essa plataforma chega em boa hora porque há muito tempo existe a necessidade de elaboração de um sistema de consulta de LMR para exportação, devido aos seguintes cenários:

A-      Falta de aceitação dos LMR do Codex Alimentarius pelos países membros;

B-      Estabelecimento de LMR distintos pelas autoridades de cada país;

C-      Potenciais prejuízos econômicos ao exportador brasileiro devido às não conformidades nos LMR;

D-      Dificuldade de acesso à regulamentação atualizada sobre os LMR de determinados países.

          Um outro motivo importante é o crescente número de notificações internacionais recebidas pelo Brasil por conta de contaminantes químicos associados a resíduos de pesticidas.

A criação da plataforma foi uma parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário (SDA/MAPA) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) através do programa “Fortalecimento e Modernização da Defesa Agropecuária (ProDefesa)” e teve financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que tem como objetivo contribuir para o aumento da produtividade agropecuária e para o acesso a mercados nacionais e internacionais por meio do fortalecimento dos Serviços de Defesa Agropecuária do Brasil.

Os Adidos Agrícolas forneceram as fontes das legislações internacionais quanto às exigências sanitárias e de qualidade para produtos de origem vegetal nos países pesquisados.

O acesso à plataforma é feito pelo seguinte endereço:

https://mapa-indicadores.agricultura.gov.br/publico/extensions/DSN_DIPOV_LMR3/DSN_DIPOV_LMR3.html

A ferramenta é de fácil compreensão e aplicação! Nela é possível fazer pesquisas através de filtros conforme o exemplo nas imagens abaixo:



Pela plataforma também é possível fazer comparações de limites aceitos entre os países e blocos que estão mapeados.

Além de tudo isso, pode-se efetuar consultas sobre outras legislações usando a opção “Fontes de Referência” que traz links com informações importantes sobre legislação sanitária em diversos países nos cinco continentes.

O DIPOV espera que as pessoas e empresas contribuam com o enriquecimento de informações de dados para que ela se torne referência em conteúdo e aplicabilidade.

Mais do que saber usar, é preciso contribuir para fazer com que as informações se multipliquem e ajudem a fazer do Brasil uma fonte de produção de alimentos saudáveis, seguros e confiáveis!

Imagem: Tom Fisk

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Chegaram as novas ISO/TS 22002-X (e mais uma norma vem aí…)

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Dá-lhe novidades para as empresas certificadas FSSC 22000.

No último dia 29 de julho foram publicadas revisões das principais normas de programas de pré-requisitos da família ISO, a saber:

  • ISO/TS 22002-1: Prerequisite programmes on food safety – Part 1: Food manufacturing
  • ISO/TS 22002-2: Prerequisite programmes on food safety – Part 2: Catering
  • ISO/TS 22002-4: Prerequisite programmes on food safety – Part 4: Food packaging manufacturing
  • ISO/TS 22002-5: Prerequisite programmes on food safety – Part 5: Transport and storage
  • ISO/TS 22002-6: Prerequisite programmes on food safety – Part 6: Feed and animal food production
  • ISO/TS 22002-7: Prerequisite programmes on food safety – Part 7: Retail and wholesale

Da série de normas ISO/TS 22002-X, a única que não se modificou foi a ISO/TS 22002-3 (Prerequisite programmes on food safety – Part 3: Farming), permanecendo sua versão de 2011.

E não foram “apenas” estas as mudanças!
Na verdade, a principal mudança foi o lançamento da ISO 22002-100, intitulada Prerequisite programmes on food safety – Part 100: Requirements for the food, feed and packaging supply chain.
A ISO 22002-100 fornece basicamente uma estrutura unificada de PPRs que pode ser aplicada a todas as organizações da cadeia de alimentos, rações e embalagens, independentemente do setor específico. Na prática, ela substitui ou complementa as normas ISO/TS 22002-1 a -6 (que são específicas por setor), oferecendo uma base comum para todas as normas.

Um exemplo prático é esse trecho da nova ISO/TS 22002-1:

Na cláusula 6.1 está escrito, em tradução livre:

“Os requisitos da ISO 22002-100 devem ser aplicados”

Ou seja, para quem utiliza a ISO/TS 22002-1, consulte a ISO 22002-100 para ver os requisitos aplicáveis.

Já na cláusula 6.2, somam-se aos requisitos da ISO 22002-100 alguns requisitos específicos da ISO/TS 22002-1.

Como exemplo, espera-se que para as empresas certificadas FSSC 22000 na categoria CIV (mais sobre as categorias da FSSC 22000 aqui) serão aplicáveis as normas:
– ISO 22000: 2018
– ISO 22002-100: 2025 (a verdadeira novidade!)
– ISO/TS 22002-1: 2025
– Requisitos adicionais do Esquema FSSC 22000

Lógico que isso ainda é uma especulação, já que a Fundação FSSC ainda não se pronunciou sobre isso. Mas até segunda ordem permanece a mesma configuração, com as versões anteriores da ISO/TS 2200X.
Será que teremos inicialmente a inclusão destas normas em uma nova lista de decisão do Board of Stakeholders? Ou uma versão 6.1 da FSSC 22000? Ou uma versão 7?
Só a partir daí teremos um prazo para implementação. Até lá, fique de olho no Food Safety Brazil.

Ahhh… ia quase esquecendo!
Caso queiram ter acesso a estas normas (em versões em inglês e francês), o local correto é o site da ISO. Abaixo os links:
– ISO 22002-100 – link
– ISO/TS 22002-1 – link
– ISO/TS 22002-2 – link
– ISO/TS 22002-4 – link
– ISO/TS 22002-5 – link
– ISO/TS 22002-6 – link
– ISO/TS 22002-7 – link

Preparem os bolsos. As ISO/TS custam em média 65 francos suíços cada (na conversão de hoje, R$ 444,87) e a ISO 22002-100 custa 132 francos suíços (na conversão de hoje, R$ 903,44).
Sobre lançamentos das versões em português pela ABNT, ainda não há nenhuma previsão concreta.

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Perigos químicos na indústria de atomatados: quais são e como controlar

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A segurança de alimentos na indústria de atomatados (molhos, extratos e polpas de tomate) envolve o controle rigoroso de diversos perigos, entre eles os perigos químicos, que representam um risco significativo à saúde do consumidor. Esses perigos podem estar presentes em diferentes etapas do processo produtivo e devem ser identificados, controlados e monitorados conforme os princípios do sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle).

Fontes comuns de perigos químicos na indústria de atomatados

– Resíduos de agrotóxicos e pesticidas

Tomates contaminados por pesticidas além dos limites máximos permitidos (LMR) podem comprometer a segurança do produto final. É essencial que os fornecedores adotem boas práticas agrícolas (BPA) e que sejam realizadas análises laboratoriais periódicas.

– Contaminação por metais pesados

Pode ocorrer por meio da água de irrigação, solo contaminado ou equipamentos corroídos (ex: chumbo, mercúrio, cádmio). A análise da matéria-prima e da água utilizada na produção é fundamental.

– Lubrificantes e produtos de limpeza

Uso inadequado ou vazamento de lubrificantes não alimentares em equipamentos pode levar à contaminação do alimento. Produtos de limpeza e sanitização também podem deixar resíduos químicos se não forem adequadamente removidos durante o enxágue.

– Migração de contaminantes de embalagens

Substâncias químicas presentes em embalagens (como ftalatos, BPA e solventes de tintas) podem migrar para os alimentos. É necessário usar embalagens seguras e aprovadas para contato com alimentos.

– Aditivos e ingredientes não autorizados ou fora do padrão

O uso indevido ou em excesso de conservantes, corantes e outras substâncias pode representar riscos químicos. Todos os aditivos devem estar em conformidade com as normas legais e devem ser usados conforme as Boas Práticas de Fabricação (BPF).

Medidas preventivas e de controle

  • Homologação e controle de fornecedores: Garantir que os tomates e ingredientes utilizados venham de fontes confiáveis e que apresentem laudos de análise.
  • Monitoramento de resíduos químicos: Realização de análises laboratoriais periódicas para pesticidas, metais pesados e aditivos.
  • Controle dos produtos químicos de uso industrial: Armazenamento, rotulagem e aplicação devem seguir normas rígidas de segurança.
  • Treinamento dos colaboradores: Conscientização sobre o manuseio seguro de produtos químicos e procedimentos em caso de acidentes.
  • Rastreabilidade e recall: Sistemas eficazes de rastreamento e recolhimento de produtos em caso de contaminação química.

Por Maria Bearzotti

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Como a tecnologia auxilia a evolução dos Sistemas de Gestão de Segurança de Alimentos

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Com a crescente demanda por produtividade na cadeia de alimentos em nível mundial, as atividades de Segurança de Alimentos naturalmente têm se apropriado das novas tecnologias disponíveis, buscando a evolução de forma rápida para adequar-se ao que o mercado exige.

Foi-se o tempo em que os desafios dos profissionais da Qualidade eram focados apenas no atendimento de legislações, requisitos normativos e o rompimento das barreiras para fazer valer a “Cultura de Qualidade e Segurança de Alimentos” nos ambientes produtivos. Hoje, com todas as atualizações constantes em tecnologia, há também o desafio de não perder espaço no mercado, cumprindo os requisitos de um alimento seguro e alinhando custos, inovação e atendimento às expectativas das partes interessadas.

Antes mesmo do cultivo, as tecnologias já se fazem presentes a fim de contribuir na produtividade e garantia de produção de um alimento seguro, por meio das análises de dados climáticos, monitoramentos de temperatura, pragas e demais parâmetros que podem afetar requisitos sanitários, sendo a disseminação das informações para tomada de decisões cada vez mais rápidas, por meio de visualizações de dados em gráficos e tabelas moldados de acordo com os parâmetros de interesse de cada usuário.

Com base em todas estas informações rapidamente validadas por estudos estatísticos desenvolvidos durante a criação dos dashboards de visualização, a colheita ocorre no momento certo, o que representa um ganho à etapa seguinte da cadeia, que recebe matérias-primas com o máximo de qualidade possível perante os desafios enfrentados de clima, colheita e transporte.

Além disso, ressalta-se o importante ganho em termos de rastreabilidade do campo à mesa que a tecnologia nos permite. O que antigamente era complexo e desafiador, hoje é mais acessível e fácil de se demonstrar, com as integrações de dados do produto final ao produtor da matéria-prima. Existem sistemas altamente informatizados e conectados, o que garante conformidade com os requisitos regulatórios e, muito mais que isso, abre oportunidades para comprovar questões de sustentabilidade perante o mercado externo, que cada vez mais exige a comprovação da origem do produto.

No que diz respeito ao processamento e aos ambientes industriais, o uso de novas tecnologias auxilia as rotinas de monitoramento de parâmetros críticos de Segurança de Alimentos, tornando as atividades mais assertivas, facilitando a rápida ação quando são detectados desvios. Além disso, a geração de compilados de dados proporciona  análises de tendência, permitindo ajustar e refinar limites críticos, com base em históricos de dados e ocorrências.

As tecnologias não se restringem apenas ao contexto do ambiente produtivo, estendendo-se às áreas de apoio fundamentais para o processo. O uso de métodos analíticos rápidos e precisos para análise de alimentos e a utilização de métodos rápidos para verificação de eficácia de uma higienização contribuem significativamente para tomada de decisões ágeis e assertivas, tornando-se recursos fundamentais no contexto de ambientes industriais que possuem altas demandas operacionais.

Com todos os parâmetros da matéria-prima e processamento sendo amplamente monitorados pelas tecnologias, as etapas subsequentes da cadeia, que abrangem o armazenamento e transporte, também demandam inovações, a fim de garantir a produção de alimentos seguros. Processos de armazenamento inteligente, com monitoramento em tempo real de temperatura e demais parâmetros críticos, análise de dados para otimizar rotas de transporte e controles de estoque automatizados contribuem para que as etapas finais da cadeia de produção atendam ao que o mercado exige, cumprindo as exigências legais e normativas.

Diante de todas as automações e facilidades que a tecnologia nos proporciona e, considerando os padrões de consumo que são moldados pelas tecnologias, redes sociais e a forma como as informações são repassadas ao consumidor final, cabe a nós, profissionais da áreas de segurança de alimentos mantermos uma postura aberta à inovação. Não podemos deixar de lado o senso crítico e comprometimento técnico, buscando sempre o atendimento dos padrões regulatórios, normativos e garantindo o atendimento às expectativas das partes interessadas.

Além disso, cabe as empresas investirem na capacitação contínua de equipes multidisciplinares, integrando áreas de qualidade, análise de dados, automação e produção, a fim de obter profissionais preparados para lidar com todas estas inovações tecnológicas,  trazendo ganhos para o mercado de forma estratégica e colaborativa, reduzindo riscos e assegurando conformidade.

Viviane Gonçalves de Oliveira é engenheira química formada pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), com MBA em Qualidade, Gestão e Engenharia de Processos (PUC-RS). Atua desde 2018 na indústria de alimentos e embalagens, nas áreas de controle, garantia e gestão da qualidade. Atualmente é analista de qualidade em grande empresa do agronegócio.

Este post foi o vencedor do nosso Concurso Cultural.

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Entrevista com Dra Andrea Boanova, perita aduaneira e judicial na área de alimentos

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Muita gente já a conhece pelo trabalho ou já a ouviu em palestras e eventos. Ela é perita, grande disseminadora de conhecimento, sempre disponível e acessível para dar informações e contar casos que marcaram sua carreira.

Dra Andrea Boanova é médica veterinária, especialista em Direito Sanitário, mestre e doutora em Saúde Pública, com uma vasta experiência na área de alimentos, estando à frente da Vigilância Sanitária de Alimentos do município de São Paulo por 32 anos, além de ser perita pelo Instituto de Medicina Social e Criminologia (IMESC). Atua também como perita aduaneira, judicial e com emissão de laudos, pareceres técnicos e defesa em fiscalizações. Já publicou livros e ministra aulas e palestras para compartilhar conhecimento e contribuir para a área de alimentos.

É sempre interessante entendermos um pouco mais sobre o funcionamento dessa área, além de conhecer casos marcantes que podem contribuir para o nosso trabalho na área de alimentos, seja dentro da indústria ou nas auditorias e consultorias Brasil afora!

Dra Boanova, obrigada por aceitar esse convite! Um prazer estar mais uma vez contigo, uma profissional tão relevante para a nossa área. Como foi sua escolha pela área: o que a levou a seguir na área de perícia em alimentos?

Resposta: Primeiramente eu gostaria de agradecer a oportunidade de colaborar com esse espaço tão importante, para podermos compartilhar um pouco do nosso trabalho e contribuir com os profissionais que atuam na área de alimentos.

A experiência na Vigilância Sanitária de Alimentos de São Paulo me mostrou como a fiscalização é importante para a elucidação de possíveis causas de contaminação dos alimentos. E o ato de fiscalizar nada mais é do que uma perícia. A diferença está no fato de que, na fiscalização, o processo é administrativo.

Motivada pela minha atuação na fiscalização, senti a necessidade de fazer uma segunda faculdade, a de Direito. Nessa área conheci a perícia judicial e me encantei. Posso agora exercitar as minhas duas áreas de formação que se complementam, sempre com o objetivo de proteger a saúde do consumidor.

Pensando em quem quer seguir ou quem não imagina como é o dia a dia do perito aduaneiro em alimentos, explique como funciona, na prática, um caso de perícia aduaneira e qual é o processo para ser um perito aduaneiro?

Resposta: Eu gostaria de esclarecer a diferença entre a perícia judicial e a perícia aduaneira. A perícia judicial pode ser realizada por qualquer profissional com capacitação e expertise em determinada área ou assunto. Ele se cadastra nos tribunais e a sua indicação para perícias é feita pelo juiz. Já para a perícia aduaneira, que também deve ser realizada por profissionais que possuem capacitação e expertise em determinadas áreas de atuações, preestabelecidas pela Receita Federal do Brasil – o acesso à função é por meio de processo seletivo.

Na perícia aduaneira, o profissional vai auxiliar o fiscal ou auditor da Receita Federal do Brasil com a classificação e quantificação de mercadorias importadas ou a serem exportadas, nos casos em que ele tiver qualquer dúvida técnica que requeira a ajuda de um profissional especializado. Por exemplo: a pessoa diz que importou tomate seco. Visualmente não é possível identificar se é tomate seco mesmo ou uma pimenta desidratada. Então o perito aduaneiro recolhe a amostra, leva ao laboratório para identificação e faz o laudo para o auditor, indicando a identidade do produto. A perícia aduaneira acontece dentro de processos administrativos e de fiscalização da Receita Federal do Brasil.

Outro aspecto importante é que a perícia é realizada em portos, aeroportos e recintos alfandegados.

E na perícia judicial, o processo é parecido?

Resposta: Em alguns aspectos. O laudo, o procedimento de coleta de amostras, as análises laboratoriais e a imparcialidade e ética estarão presentes em toda e qualquer perícia.

O perito judicial, porém, é indicado pelo juiz e será seu especialista de confiança, para trazer a verdade aos autos sobre determinada demanda entre autor e réu, fornecendo a convicção para o juiz, para que ele tome uma decisão justa e fundamentada. A perícia cível acontece dentro de processos judiciais que tramitam nos Tribunais de Justiça.

Na sua experiência, diante dos casos concluídos, acha que os fabricantes de alimentos cometem mais falhas em controles de seus processos de fabricação ou realizam desvios intencionais, que podem ser considerados fraudes mesmo?

Resposta: A minha experiência tem mostrado que existem muito mais falhas de controle, mas não só do processo de fabricação. Também os transportadores, distribuidores, comerciantes e até os próprios consumidores podem contribuir com as inconformidades que são tratadas em ações judiciais. Casos de fraudes acontecem, mas na minha opinião, estão sendo tratados mais administrativamente por órgãos de fiscalização e de Defesa do Consumidor e entidades de proteção contra fraudes.

Gostaria de saber qual sua visão sobre como as exigências sanitárias brasileiras se comparam com as de outros países?

Resposta: Do meu ponto de vista, temos um repertório enorme de normas que são bastante rigorosas e creio que uma das mais exigentes de todo mundo. Além disso, temos hábitos de higiene diferenciados com relação a outros países e culturas. Situações que pude presenciar em outros países jamais seriam aceitas aqui.

No entanto, vejo que o suporte para o trabalho da vigilância sanitária e da inspeção é muito aquém do necessário e a divulgação do excelente trabalho realizado por nossos especialistas não é valorizado como deveria.

Ocorrências de surtos de intoxicação e de fraude na União Europeia e nos EUA são minhas fontes de estudo. Aqui no Brasil os dados são desatualizados e defasados, não espelhando a realidade. Infelizmente.

Como o perito deve agir para garantir que permaneça ético e imparcial quando interesses comerciais entram em conflito com critérios técnicos? Já passou por alguma situação nesse sentido?

Resposta: Sim. O profissional que quer ser perito, antes de tudo tem que ser ético e responsável. Você está representando o juiz e existem vidas envolvidas com o resultado do seu trabalho. Na perícia judicial essa situação é muito bem controlada porque os peritos procuram ter o mínimo de contato com as partes, uma vez que todas as informações necessárias estão no processo. E se não estiverem,  ele pode solicitá-las diretamente ao juiz.

No caso da perícia aduaneira existem mais interesses comerciais porque são, na maioria, mercadorias importadas em grandes quantidades e de alto valor. De qualquer maneira, somos representantes da Receita Federal do Brasil e temos que defender o que é correto e justo para o nosso país.

Temos que realizar as análises necessárias para a correta classificação fiscal das mercadorias.

Pensando no aumento da complexidade da cadeia produtiva de alimentos, com maior trânsito internacional de alimentos e com as diferenças regulatórias entre os países, quais você considera os maiores desafios na liberação ou retenção de produtos de origem animal em zonas alfandegárias?

Resposta: Eu penso que as novas tecnologias e novos produtos estão sempre desafiando a fiscalização e a legislação não consegue acompanhar essa evolução. Existem brechas na legislação em vigor que podem favorecer a liberação de mercadorias não regulamentadas. Também ações judiciais e mandados de segurança muitas vezes conseguem pareceres favoráveis para liberação dessas mercadorias. Para mim, um dos maiores desafios é a atualização constante e célere da legislação em vigor.

O trabalho que a VIGIAGRO exerce na fiscalização de produtos de origem animal é fantástico e deveria ser mais divulgado e valorizado. Eles são a primeira barreira para os produtos de origem animal irregulares. Se eles não autorizam, a Receita Federal também não autoriza a nacionalização.

Imagino que deva ser difícil selecionar apenas um caso, mas uma pergunta que nos deixa sempre muito curiosos é: na sua trajetória, qual o caso mais marcante?

Resposta: Não é difícil porque alguns casos são bem marcantes. Um caso de perícia judicial em arroz industrializado, cuja consumidora havia comprado em um supermercado. Estava envolvido nesse processo a indústria do arroz e o supermercado onde foi feita a compra, além da consumidora, autora da ação.

O arroz estava contaminado com larvas. A contaminação não foi na casa da consumidora porque ela constatou a contaminação no momento do preparo do arroz, que foi no mesmo dia da compra.

Restava saber onde havia sido a contaminação.

Para minha sorte, a consumidora havia guardado dois sacos íntegros do arroz, além do saco de arroz que ela tinha aberto para preparar.

Conhecendo um pouco do comportamento da larva e da sua fase alada, pensei em realizar a análise da embalagem plástica para ver se tinha perfurações. Mandei para um laboratório especializado em fitopatologia vegetal e eles, por sorte, tinham essa expertise.

Eles fizeram a análise da embalagem e constataram que havia perfurações somente de dentro para fora. Ou seja, o arroz foi embalado já com os ovos que evoluíram durante a cadeia de distribuição do arroz.

Essa análise eliminou a possibilidade de contaminação no supermercado ou na casa da consumidora porque, em ambos os casos, as perfurações seriam em dois sentidos: de dentro para fora e de fora para dentro.

Foi um caso muito interessante e que só deu certo porque a consumidora guardou as embalagens com muito cuidado por mais de 2 anos, evitando qualquer tipo de contaminação.

A minha experiência na vigilância sanitária foi fundamental nesse processo. E eu sou imensamente grata por isso.

Gostou do conteúdo? Muito bom saber mais sobre as atuações específicas da área de alimentos, que é tão abrangente e multidisciplinar, não é mesmo? Para ver mais entrevistas como esta, seguem algumas opções aqui no Food Safety Brazil:

Entrevista com médico veterinário perito criminal da Polícia Federal

Entrevista com Hans Philipowski, presidente da Associação Internacional de Segurança da Cadeia de Abastecimento

Segurança de Alimentos na gastronomia, com Eduardo César Tondo

Insetos como alimento: entrevista com Thelma L Cheung

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Alérgenos não declarados tornam-se a principal causa de recalls alimentares na Irlanda

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Em julho de 2025, a Food Safety Authority of Ireland (FSAI) divulgou seu relatório anual, trazendo um dado que acendeu o sinal vermelho na cadeia global de segurança dos alimentos: os recalls motivados por alérgenos não declarados superaram, pela primeira vez, os casos de contaminação microbiológica.

Foram 126 alertas alimentares registrados no ano, sendo 56 relacionados a falhas na declaração de alérgenos como leite, ovo, gergelim, nozes, glúten e mostarda. Embora o dado se refira à realidade irlandesa, ele carrega um impacto que extrapola fronteiras, pois revela uma vulnerabilidade crescente e global na comunicação dos riscos ao consumidor alérgico.

Entre 2020 e 2025, o número de alertas alimentares por alérgenos na Irlanda cresceu 38%, superando pela primeira vez os casos de contaminação microbiológica. Esse salto revela uma tendência clara: falhas na gestão e comunicação de riscos alérgicos vêm se tornando o principal motivo de acionamento das autoridades sanitárias.

Enquanto a Europa avança em ferramentas de rastreabilidade e protocolos de avaliação de risco para alérgenos, o Brasil ainda busca consolidar as mudanças exigidas pela RDC nº 727/2022. Essa regulamentação representou um avanço significativo ao exigir termos padronizados e destaque gráfico, além de vedar o uso de expressões genéricas. A implementação, contudo, tem demandado adequações operacionais contínuas por parte da indústria, que busca garantir conformidade ao mesmo tempo em que aprimora práticas internas de rastreabilidade, validação e comunicação.

A complexidade do tema é global. Em diversos países, o controle de alérgenos exige não apenas conformidade com a legislação vigente, mas também a adoção de protocolos baseados em risco, capazes de diferenciar entre presença acidental, traços não intencionais e ingredientes declarados. Ferramentas como o VITAL Program, amplamente adotado na Austrália, e o regulamento europeu EU 1169/2011, exemplificam abordagens que buscam equilibrar rigor técnico com clareza para o consumidor. Em ambos os casos, a comunicação de risco é construída com base em evidências analíticas, níveis de referência e protocolos validados de limpeza e segregação.

Mesmo com diferentes modelos regulatórios, há um ponto de convergência: a necessidade de alinhar formulação, rotulagem, logística e informação ao consumidor de forma integrada e transparente. Em diversas partes do mundo, falhas simples — como alterações na composição sem revisão do rótulo, ou ausência de validação de limpeza entre lotes com e sem alérgenos — continuam a ser causas frequentes de recall.

Essas falhas, além de gerarem custos elevados com logística reversa e destruição de produtos, também impactam diretamente a saúde pública e a reputação das marcas. Casos de reações alérgicas graves, hospitalizações e perda de confiança do consumidor se tornam frequentes quando o controle falha.

Abaixo, alguns exemplos verídicos ilustram esse cenário:

Ano Empresa / País Alimento Alérgeno não declarado Impacto Fonte
2025 La Fiesta / EUA Pan Ralado Gergelim Recall nacional; gergelim não declarado nos EUA Link
2025 Wegmans / EUA Nonpareils de chocolate Leite Possível risco de anafilaxia por traços de leite Link
2025 Costco (Kirkland) / EUA Sweet Cream Butter Leite Recall de 79.000 lbs por erro de rotulagem Link
2025 Pearl Milling (Quaker) / EUA Mistura de panqueca Leite Risco elevado de reações alérgicas graves Link
2024 RV Pharma / EUA Welby B12 Amendoim Contaminação cruzada com amendoim Link
2025 Casa Mamita (Aldi) / EUA Churros congelados Leite Erro de rotulagem causou recall nacional Link
2024 Whitley’s / EUA Mix de castanhas Amendoim, leite, soja, trigo, gergelim Falha generalizada em rotulagem de vários alérgenos Link
2025 Patties Food Group / Austrália Roast Chicken Roll Amendoim, crustáceos Alérgenos não listados; recall preventivo Link
2024 Nocelle Foods / Austrália Ranger Mix Caju Risco à população com alergia a castanhas Link

Esses episódios reforçam o valor estratégico da gestão de alérgenos como parte integrante dos programas de segurança de alimentos. Para os profissionais da área, a atenção deve estar voltada não apenas ao cumprimento normativo, mas à eficácia prática dos controles implementados — o que inclui capacitação de equipes, validação laboratorial de limpeza, segregação física e revisão de rotulagem por múltiplos setores envolvidos.

Diversas empresas globais já adotam políticas internas de validação cruzada entre áreas de qualidade, P&D e rotulagem, garantindo que mudanças em ingredientes acionem automaticamente revisão dos rótulos e treinamento das equipes.

Recomendações práticas para controle de alérgenos na indústria

  • Treinamento contínuo de colaboradores sobre manipulação segura e rotulagem clara;

  • Validação de limpeza entre lotes com e sem alérgenos, por meio de testes laboratoriais;

  • Auditorias internas e revisão de rótulos por múltiplas áreas (qualidade, P&D, marketing);

  • Aplicação de ferramentas analíticas baseadas em risco, como o VITAL Program;

  • Comunicação clara com o consumidor, inclusive em canais digitais e SAC.

Diante da crescente exigência por transparência e responsabilidade compartilhada, o controle de alérgenos se consolida como um indicador de maturidade do sistema de gestão da qualidade. O alerta vindo da Irlanda não se restringe a um contexto local: ele ecoa como uma oportunidade para reforçar políticas internas, revisar fluxos operacionais e investir em soluções baseadas em ciência e prevenção.

Afinal, comunicar corretamente os riscos não é apenas uma exigência legal — é um compromisso ético com a saúde, a integridade e a confiança do consumidor.

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Participe do CLASA – Congresso Latino-Americano de Segurança de Alimentos

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O Congresso Latino-Americano de Segurança de Alimentos (Clasa) será realizado nos dias 27 e 28 de agosto de 2025, no Expo Mag, RJ. As inscrições estão abertas! 

Profissionais da indústria, pesquisadores e estudantes da área de Segurança de Alimentos de toda a América Latina estarão reunidos no Rio de Janeiro nos dias 27 e 28 de agosto de 2025 para a segunda edição do Congresso Latino-Americano de Segurança de Alimentos (Clasa), considerado um dos eventos mais relevantes do setor.

Durante dois dias de programação, os participantes terão acesso a palestras sobre temas essenciais como controle de qualidade, microbiologia, alergênicos e cultura de segurança de alimentos. O conteúdo foi cuidadosamente selecionado para apresentar o que há de mais atual e relevante para o segmento.

De acordo com Luciana Salles, uma das organizadoras do evento, os palestrantes escolhidos estão em sintonia com os desafios e as demandas tanto da indústria quanto da pesquisa. “Eles terão uma abordagem prática, mas também atualizada e científica. Os congressistas podem esperar uma verdadeira conexão com o conhecimento, além da oportunidade de se aproximar de especialistas, profissionais do mercado latino-americano de alimentos e fornecedores estratégicos”, afirma.

Neste ano, o Clasa será realizado no Expo Mag, um dos principais centros de convenções do Rio de Janeiro, oferecendo estrutura e conforto para todos os participantes. Os organizadores do evento estimam a presença de 400 inscritos nos dois dias de congresso.

Natália Lima, também organizadora, reforça que a segunda edição será ainda mais impactante. “Esta nova edição do Clasa conectará ainda mais pessoas por meio do olhar da segurança dos alimentos, com uma curadoria de temas e palestrantes que refletem os assuntos mais relevantes para quem atua na produção segura de alimentos. Juntos, vamos transformar e impulsionar a segurança de alimentos na América Latina.”

Espaço dedicado à ciência no Clasa

Além de uma programação técnica de alto nível, o Clasa 2025 também abre espaço para a divulgação científica. Estudantes e pesquisadores terão a oportunidade de apresentar seus trabalhos acadêmicos em sessões dedicadas, fortalecendo o intercâmbio entre ciência e indústria.

“Muitas vezes, esses dois universos parecem distantes, e o congresso vem justamente para aproximá-los. Os pesquisadores terão espaço para apresentar seus estudos e dialogar diretamente com quem está no dia a dia do setor. O mais interessante é que essa troca pode gerar parcerias, ideias inovadoras e mostrar, na prática, como a ciência se aplica à realidade”, diz Jackson Medeiros, que completa o trio de organizadores deste grande evento.

O Clasa é uma realização do Agron Food Academy em parceria com o Portal e-food, e conta com grandes empresas e multinacionais do setor de alimentos como patrocinadoras.

Acesse o site do evento e saiba como participar: https://agronfoodacademy.com/iiclasa/

Serviço

Data: 27 e 28 de agosto de 2025
Local: Expo Mag (R. Beatriz Larragoiti Lucas, s/n – Cidade Nova, Rio de Janeiro – RJ, 20211-175)
Inscrições pelo link: https://agronfoodacademy.com/iiclasa/

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Análise de dados e rastreabilidade na indústria de alimentos

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A análise de dados e rastreabilidade de informações para tomada de decisões é uma das atividades mais difíceis (e mais importantes) na indústria de alimentos.

Sua relevância se dá principalmente porque eventuais crises nesse setor precisam ser resolvidas com agilidade e precisão e ter informações de fácil acesso e com interpretação de dados fornece uma celeridade acima da média.

Já a dificuldade está intimamente ligada a desafios como:

  • Produção de muitos dados;
  • Tratamentos de dados sujos e não confiáveis;
  • Processos e informações não rastreáveis;
  • Falta de automatização para rastreabilidade e tratamento de dados;
  • Falta de conhecimento sobre análise de dados.

Promover a rastreabilidade e análise de dados como fatores indispensáveis nos processos de indústrias de alimentos deve ser uma ação pensada em prol da organização, velocidade e tomada de decisões eficazes, com uma velocidade alinhada ao grau de urgência de uma crise, como mandados de recalls.

A importância da análise de dados para tomada de decisões

A premissa de uma análise de dados é interpretar um conjunto de dados, sejam eles quantitativos ou qualitativos, para tirar conclusões que sejam úteis e, sobretudo, verdadeiras, sobre o negócio. Dessa forma, a análise de dados tem como principal objetivo apoiar tomadas de decisões realmente assertivas.

Partindo desse pressuposto, ao trazer a análise de dados para a indústria de alimentos, devemos considerar que as informações colhidas devem ser suficientes para tomadas de decisões como:

  • Ajuste de parâmetros de processo, como tempo, temperatura e pH, com base em dados históricos e desempenho por lote.
  • Identificação de gargalos ou desvios operacionais, com base em dados de OEE.
  • Aprovação ou rejeição de matérias-primas, com base em laudos e critérios de inspeção.
  • Elaboração de relatórios para auditorias (internas, clientes ou órgãos reguladores).
  • Gestão de validade e rotação de estoque (FIFO/FEFO) com base em dados em tempo real.
  • Resposta a fiscalizações e exigências regulatórias, com base em evidências rastreadas.
  • Lançamento ou descontinuação de produtos, com base em análise de consumo, rejeições e custos.
  • Ajuste de formulações ou processos, de acordo com feedback de clientes e indicadores de qualidade.
  • Avaliação de impacto de ações ambientais ou sociais, como certificações sustentáveis.
  • Identificação de tendências e novas demandas de mercado, usando dados de consumo e reclamações.

Nesses casos, e em outras diversas decisões, os dados fornecidos pelo próprio sistema vão garantir que a organização está no caminho correto. Isso porque essas informações vão ajudar a identificação de padrões de falha, sinalizam desvios, ajudam na comparação de lotes, rastreiam não conformidades e por aí vai…

Nesse sentido, o desafio maior é garantir que esses dados sejam gerados e monitorados em tempo real, de forma confiável. Além disso, é preciso ter na equipe profissionais que entendam como os processos da indústria funcionam, e o que aqueles dados querem dizer.

Quais dados devem ser monitorados?

Processos produzem infinitos dados. Em meio a uma quantidade realmente alta de informações produzidas, cabe à equipe responsável analisar quais são os dados realmente relevantes para sua indústria de alimentos.

Para definir quais dados devem ser monitorados, considere:

  • Qual decisão será tomada?
  • Quais são os objetivos dessa decisão?
  • Quais são os processos envolvidos?
  • Quais são as variáveis desses processos que devem ser consideradas?
  • Quais são os dados produzidos por esses processos?
  • Quais desses dados são relevantes para a tomada de decisão?

De forma geral, é possível dizer que cada decisão analisará um conjunto de dados diferentes, mesmo que determinados dados funcionem para mais de uma decisão. Nesse sentido, alguns dos dados mais utilizados na indústria de alimentos são:

  • Temperatura, umidade e pH em pontos críticos de controle (HACCP);
  • Resultados de análises microbiológicas e físico-químicas
  • Frequência e tipo de não conformidades registradas
  • Histórico de reclamações de clientes
  • Eficiência das linhas (OEE – Overall Equipment Effectiveness)
  • Tempo de setup e troca de produtos
  • Rendimento por tipo de insumo ou formulação
  • Registros de aplicação de produtos químicos (concentração, tempo de contato)
  • Histórico de auditorias (internas, externas, de clientes ou regulatórias)
  • Planos de ação e status das não conformidades
  • Documentos e versões atualizadas (POP, BPF, manual da qualidade)
  • Indicadores de conformidade com legislações específicas (MAPA, ANVISA, SIF)
  • Dashboards de indicadores-chave (KPIs), como, como índice de qualidade por produto, tempo médio de resposta a falhas, % de produtos rastreáveis e índice de satisfação do cliente (NPS, SAC).

Como a rastreabilidade ajuda a análise de dados na indústria de alimentos?

A rastreabilidade vem justamente para solucionar o maior desafio da análise de dados na indústria de alimentos: garantir dados seguros, gerados e monitorados em tempo real. Dessa forma, a possibilidade de rastrear informações é a garantia de que os dados estão sendo colhidos e tratados de forma certa.

Nesse sentido, é crucial considerar que a rastreabilidade para análise de dados não é somente para tomada de decisões, mas também para assegurar que os processos estão sendo seguidos da forma como foram desenhados. No ciclo de vida de documentos, por exemplo, saber quem aprovou, reprovou e acessar todas as versões é essencial para segurança e conformidade.

Além disso, a rastreabilidade na indústria de alimentos vai ajudar a:

  • Garantir a segurança e integridade do alimento: processos rastreáveis produzem alimentos identificáveis e facilmente isoláveis, sendo possível detectar lotes contaminados e outros desvios de segurança e ameaça à saúde dos consumidores.
  • Facilitar recalls e gestão de crises: com a localização exata dos produtos afetados, assim como a identificação dos pontos do processo que devem passar por ajustes é muito mais fácil tomar ações rápidas e com menor impacto para a reputação.
  • Atender as exigências legais e normativas: rastreabilidade é requisito para inúmeras normas e órgãos, como ANVISA, MAPA e certificações como ISO 22000 e FSSC 22000, assegurando conformidade com padrões de segurança alimentar.

Rastreabilidade na hora de recalls e auditorias

Além de todas as funcionalidades detalhadas, a rastreabilidade tem um papel ainda mais forte quando o assunto envolve recalls e auditorias. Nesse caso, a sua atuação é crucial para que todo o processo de recall seja realmente rápido, e a organização consiga passar por auditorias sem dores de cabeça.

Recalls na indústria de alimentos costumam ser causados por contaminação microbiológica, rotulagem incorreta, presença de alergênicos não declarados, objetos estranhos ou falhas no processo produtivo. Quando isso ocorre, o tempo de resposta é fundamental tanto para proteger o consumidor, quanto para preservar a imagem da empresa.

Nesse cenário, a rastreabilidade permite:

  • Localização completa do lote afetado;
  • Identificação dos insumos e fornecedores envolvidos;
  • Mapeamento de quais clientes ou distribuidores receberam o produto;
  • Bloqueio automatizado do lote em estoque e processos;
  • Geração de relatórios em tempo real para os órgãos competentes;
  • Histórico completo de cada unidade produzida, com data, turno, equipamentos e operadores envolvidos.

Para auditorias internas e externas, as organizações precisam ter acesso rápido a informações documentadas, rastreáveis e confiáveis. A ausência de evidências ou inconsistências nos registros é uma das maiores causas de não conformidade.

Para esse caso, a rastreabilidade vai:

  • Organizar os registros de forma automática, com histórico por produto, processo ou colaborador.
  • Permitir a recuperação de evidências em segundos, sem busca manual em papéis ou planilhas.
  • Manter versões atualizadas de documentos e registros de alterações.
  • Apontar ações corretivas e preventivas já realizadas, com base em não conformidades anteriores.
  • Integrar registros de sensores, sistemas e formulários digitais, aumentando a confiabilidade dos dados.
  • Facilitar o monitoramento contínuo de pontos críticos de controle (HACCP), com alertas automáticos.

Como assegurar rastreabilidade e fazer análise de dados na indústria de alimentos?

Existem algumas etapas comuns que ajudam organizações a assegurar rastreabilidade e fazer análise de dados na indústria de alimentos. Ainda assim, é de suma importância considerar contextos e objetivos específicos da sua indústria.

  • 1 – Mapeie os processos e pontos críticos da cadeia produtiva

Só vai ser possível garantir rastreabilidade se todos os processos produtivos estiverem mapeados. Além disso, é interessante saber quais são os dados oriundos de cada etapa do processo, para entender a melhor maneira de os colher e interpretar.

  • Identifique quais etapas exigem rastreabilidade, como recebimento de mercadoria, produção, envase, armazenamento, expedição.
  • Classifique pontos críticos de controle (HACCP) e defina quais dados devem ser registrados em cada etapa.
  • Estabeleça o nível de rastreabilidade: por lote, por unidade, por fornecedor ou por cliente.

Com isso, o esperado é que a organização tenha uma base estruturada para uma rastreabilidade eficiente e análise de dados segmentada por processo.

  • 2 – Padronize os registros e defina indicadores-chave (KPIs)

Sem padronização, os dados coletados perdem valor. Nesse sentido, padronizar formatos, critérios e frequências de registro é essencial para confiabilidade. Com isso, será possível ter dados comparáveis e consistentes, que ajudam a automatizar a análise dessas informações.

  • Crie formulários ou checklists digitais padronizados por tipo de processo.
  • Defina os principais indicadores a monitorar, como temperatura, tempo de cocção, pH, devoluções, perdas.
  • Defina a equipe responsável pela coleta e validação dos dados.
  • 3 – Automatize a rastreabilidade dos dados

A rastreabilidade manual é lenta, sujeita a erros e falhas de registro. Nesse sentido, a automação é o caminho para tornar o processo confiável, escalável e auditável. Com rastreabilidade contínua, em tempo real e com mínima intervenção humana, a organização alcançará uma considerável redução de falhas.

  • Adote plataformas digitais integradas à produção, qualidade e estoque.
  • Utilize coletores automáticos (sensores, etiquetas RFID, QR codes) para registrar dados em tempo real.
  • Implemente registros automáticos por lote, incluindo entradas, saídas, testes e movimentações.
  • Garanta que o sistema gere relatórios e trilhas de auditoria completas, com histórico de alterações.
  • 4 – Garanta a confiabilidade e integridade dos dados

Não basta coletar dados: eles devem ser precisos, protegidos e auditáveis. Dados confiáveis são a base de qualquer tomada de decisão baseada em evidências. Assim, será possível ter certeza sobre auditorias, recalls, análise de causas, indicadores etc.

  • Elimine registros manuais sempre que possível.
  • Use sistemas com controle de acesso, versões e logs automáticos.
  • Valide dados com checagens cruzadas automáticas e alertas para inconsistências.
  • Capacite os times para entenderem a importância dos dados e seguirem os padrões.
  • 5 – Transforme dados em decisões com dashboards e relatórios

Com os dados organizados e rastreáveis, o próximo passo é transformá-los em considerações acionáveis para a gestão. Dessa forma, a tomada de decisão será mais ágil e estratégica.

  • Use dashboards com indicadores em tempo real (qualidade, perdas, devoluções, produtividade).
  • Programe relatórios automáticos por período, produto ou unidade produtiva.
  • Aplique análises preditivas e estatísticas para antecipar falhas ou desvios.
  • Compartilhe os dados com áreas estratégicas (produção, qualidade, logística, diretoria).

Plataformas que contribuem para rastreabilidade em tempo real

O Docnix é uma plataforma completa para gestão da qualidade e compliance, com destaque para o Módulo Documentos, que centraliza, versiona e automatiza fluxos de aprovação. O módulo também gera relatórios e gráficos para monitoramento em tempo real.

Com ele, as informações certas chegam às pessoas certas no momento certo, fortalecendo a rastreabilidade de ocorrências e decisões. A digitalização de documentos e o histórico de revisões permitem identificar falhas, comprovar conformidade e responder rapidamente a auditorias, recalls ou não conformidades, com coleta e análise de dados com ferramentas da qualidade.

Tudo isso com dados confiáveis, rastreáveis e organizados e prontos para apoiar uma gestão baseada em evidências. É visibilidade em tempo real com segurança e controle.

Docnix

Docnix é uma suíte para gestão e qualidade organizacional com mais de 20 anos de história. A solução conta com 13 módulos independentes, mas integráveis, que vão acabar com o trabalho manual repetitivo da sua equipe de gestão, automatizando gerenciamento de documentos, ações, riscos, governança e outros. Para conhecer a Docnix, clique aqui.

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Os principais guardiões dos alimentos da sua mesa: órgãos fiscalizadores

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Você já parou para pensar que, toda vez que consome um alimento, abre a geladeira ou vai ao supermercado, está exposto a um dos sistemas mais complexos e sofisticados do mundo? Não estamos falando apenas de logística ou agricultura, estamos falando de uma rede global de “Guardiões Invisíveis” que trabalham para garantir que aquele iogurte, aquela carne ou aquele pão não se tornem uma ameaça às nossas vidas. São os órgãos fiscalizadores. 

O que são siglas como FDA, EFSA, ANVISA, MAPA…? Elas representam algumas organizações poderosas e influentes, e estes órgãos não aparecem nas manchetes dos jornais (a menos que algo dê muito errado), mas suas decisões afetam diretamente a vida de bilhões de pessoas e movimentam trilhões de dólares na economia global.

O poder silencioso que move trilhões

Imagine por um momento que você é o CEO de uma multinacional de alimentos, e sua empresa produz em 50 países e vende em outros 150. Cada país tem suas próprias regras, seus próprios padrões, seus próprios órgãos fiscalizadores. Um erro de interpretação regulatória pode custar centenas de milhões de dólares em recalls, multas e danos à reputação.
Os números são assustadores: um único recall pode custar muito dinheiro. A Abbott perdeu mais de $5 bilhões em 2022 devido a problemas com fórmula infantil. A JBS enfrentou suspensões de exportação que custaram bilhões após a Operação Carne Fraca.
Mas aqui está o segredo que poucos conhecem: as empresas que antecipam mudanças regulatórias e implementam sistemas que excedem os padrões atuais não apenas evitam crises – elas ganham vantagens competitivas massivas.

FDA: O gigante que define as regras globais

O FDA oficialmente regula apenas os Estados Unidos, mas influencia o mundo inteiro. Como? Simples: qualquer empresa que queira vender alimentos no mercado americano (o maior do mundo) precisa seguir as regras do FDA. Suas metodologias se tornaram o padrão-ouro mundial. Países como Brasil, México, Coreia do Sul e muitos outros baseiam suas regulamentações nas práticas americanas.

Eles têm um sistema de classificação de risco que é pura ciência de dados aplicada: usam inteligência artificial para analisar dados históricos, reclamações de consumidores, condições climáticas e até indicadores econômicos para prever onde problemas podem surgir. É como ter uma bola de cristal, mas baseada em ciência.

EFSA: a revolução científica europeia

Se o FDA é o rei do poder regulatório, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) é a rainha da excelência científica. Criada em 2002 após crises alimentares que abalaram a Europa, a EFSA desenvolveu algo revolucionário, a separação total entre ciência e política. Eles fazem apenas a avaliação científica dos riscos. As decisões políticas ficam para a Comissão Europeia. Isso significa que quando a EFSA diz que algo é seguro ou perigoso, você pode confiar, não há agenda política por trás.

A EFSA fez algo que nenhum órgão regulador havia feito antes, publicou TODOS os dados dos estudos, incluindo informações que as empresas consideravam confidenciais. Isso criou um precedente global e forçou outras agências a serem mais transparentes.

ANVISA: A potência emergente 

Agora vamos falar sobre nossa casa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Criada em 1999, a ANVISA tornou-se, em apenas 25 anos, uma referência internacional. Hoje, ela é parceira respeitada do FDA, colabora com a EFSA e é consultada por países da América Latina, África e Ásia.

A ANVISA desenvolveu o controle pré-mercado e pós-mercado adaptado ao risco. Produtos de baixo risco? Licença automática com fiscalização posterior. Produtos de alto risco? Avaliação detalhada antes de entrar no mercado.

MAPA: O gigante silencioso do agronegócio

Se você trabalha com alimentos de origem animal ou com bebidas, o MAPA pode ser mais importante para você que a própria ANVISA.

O Brasil é uma superpotência alimentar global:

Maior exportador de soja do mundo

Maior exportador de carne bovina do mundo

Maior exportador de carne de frango do mundo

Segundo maior exportador de milho do mundo

Quem garante que tudo isso chegue aos mercados internacionais com qualidade e segurança? O MAPA e o seu Serviço de Inspeção Federal (SIF) é o que permite que um frigorífico exporte carne para mais de 150 países. Sem o SIF, o agronegócio brasileiro simplesmente não existiria na escala atual.

O MAPA supervisiona mais de 5.000 estabelecimentos registrados no SIF, que movimentam mais de $100 bilhões em exportações anuais.

Como funciona o processo de fiscalização: da análise de risco às consequências

Cada órgão tem sua especialidade e área de influência. O FDA define tendências globais, a EFSA estabelece padrões científicos, a ANVISA coordena um sistema federativo complexo e o MAPA garante que o agronegócio brasileiro chegue a mais de 150 países.

Independentemente do país ou órgão, a fiscalização segue uma lógica científica: análise de risco, planejamento, inspeção, análise e decisão. Compreender este fluxo é essencial para antecipar problemas e implementar soluções proativas.

Prepare-se: os órgãos reguladores estão implementando IA

As finalidades da IA são:

  1. Prever violações antes que aconteçam
  2. Analisar milhões de dados em tempo real
  3. Identificar padrões invisíveis ao olho humano

Quer estar a frente?

  1. Implemente sistemas que excedem padrões atuais: antecipe mudanças
  2. Invista em monitoramento regulatório global: informação é vantagem competitiva
  3. Desenvolva planos de contingência robustos: crises vão acontecer
  4. Promova cultura de compliance e segurança de alimentos: é mais barato que fazer recalls

Qual sua experiência com órgãos reguladores? Compartilhe nos comentários suas histórias, dúvidas ou insights.

Leia mais:

Fiscalização baseada em risco: a atual metodologia do MAPA para a alimentação animal

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