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Barba, bigodes e outros pelos corporais expostos: podem ou não podem durante a manipulação de alimentos?

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Um post antigo sendo bastante comentado foi o estopim para mais uma encomenda de post! Será que algo mudou relacionado ao uso de barba e bigode durante o manuseio de alimentos? O assunto, apesar de já discutido, é polêmico e causa discussões acaloradas nas rodas de amigos e nos treinamentos operacionais das empresas.

Há quem diga que se é para raspar a barba ou o bigode, que se raspe o cabelo ou sobrancelhas. Outros não acreditam que a barba possa ser tão suja assim, nem que vá cair em um piscar de olhos. Já repararam na quantidade de chefs renomados que utilizam um look mais peludo? Seria então a proibição de algumas empresas um exagero? Falta análise de risco ao se proibir A e não B? O que falar do uso inadequado da touca, no melhor estilo boina?

Em 2015, uma notícia repercutiu nas redes sociais. Segundo uma pesquisa realizada pelo microbiologista John Golobic, o número de coliformes termotolerantes (fecais) encontradas na barba pode ser maior que as que estão no vaso sanitário. Os níveis encontrados não foram altos a ponto de causar doenças, mas de qualquer forma a afirmação causou alvoroço entre os barbudos e os não barbudos. Dias depois de ser publicada, esta notícia já tinha sido esclarecida deixando-se claro que não se tratou de um estudo científico, apenas um pequeno levantamento de dados.

Polêmicas de rede social a parte, a barba e o bigode já foram símbolos de virilidade masculina e de honra e ainda há quem defenda seu uso por considerar um importante símbolo de identidade social do homem. Há institutos e associações espalhadas pelo mundo que demonstram que o assunto é sério. Apenas para exemplificar, cito o Instituto Americano dos Bigodes e a  Associação Mundial de Barba e Bigode. Dizem os antenados em moda que a barba por fazer está em alta… Há pessoas que preferem abdicar de seu serviço a ficar sem este símbolo, afinal, não seriam os mesmos! Mas esta paixão não é nova. 

Segundo biólogos, a barba no passado representou um papel natural no processo seleção sexual. Acreditava se que elas indicavam que o homem atingiu a maturidade sexual. Na Grécia antiga, a barba era símbolo de sabedoria. Nos campos de batalhas, a barba era sinal de força até que o Alexandre, o grande, a proibiu, pois acreditava que a barba era um ponto fraco no combate corpo a corpo. Na idade média, a ausência de barba era associada ao celibatário. Na Inglaterra, até imposto no passado associado ao uso de barba já existiu. Em um passado mais recente, o pelo do bigode era usado como símbolo de honra em acordos e um homem de bigode pressupunha segurança, independência e sucesso. Em 2009, um prefeito americano convocou eleições para a população decidir se deveria ou não manter seus pelos faciais. Além de efeito estético, o uso da barba também pode estar relacionado com cultura e religião. Em 2012, Tomaz Zurita, entrevistado de nosso blog, nos contou a dificuldade que teve para encontrar fornecedores de protetores de barba de tamanho extra grande para atender os colaboradores muçulmanos com barba longa e volumosa na Arábia Saudita (leia aqui).

Sendo um assunto tão controverso e que envolve a identidade social do homem, poderia uma empresa proibir o uso de barba e bigode ou esta pratica violaria o direito individual dos empregados? Seria discriminação estética?

Aqui no blog, já discutimos sobre a possibilidade de proibição do uso de barba na indústria de alimentos neste post já discutimos a legalidade desta restrição aqui. Onde a colunista Cecilia Cury avalia que a proibição do uso da barba se fundamentaria no dever de se garantir a segurança daqueles que irão consumir os alimentos que estão sendo produzidos, o que passa, necessariamente, pela garantia de higiene na fase de produção do alimento.

Fato é que os requisitos legais aplicáveis a produção de alimentos trazem em sua maioria restrições ao uso de barba e bigode durante o manuseio de alimentos. Em 2013, a colunista Daniele Parra comemorou a proibição clara relacionada ao uso de bigodes na então nova legislação de Boas Práticas para serviço de alimentação válida para o estado de São Paulo (veja o post completo aqui).

A cartilha de Boas práticas publicada pela ANVISA para serviço de alimentação traz a recomendação para a remoção de barba. Em relação aos cabelos, a recomendação e exigência legal é para que os mesmos permaneçam totalmente protegidos. Nada aborda sobre pelos dos braços, peito ou sobrancelhas. Tal inconsistência foi questionada pela colunista Cristina Leonhardt neste post. Faz sentido cobrar o uso de toucas de colaboradores carecas, ou se cobrar proteção da barba mas não do braço peludo?

Neste ponto, tenho que concordar com o questionamento de minha colega. Os requisitos legais devem ser apenas uma das entradas para a análise de riscos da organização. Se “proteger“ na ausência de um requisito legal diretamente associado a proteção dos pelos do braço, por exemplo, pode acarretar em contaminação do produto e em reclamações de cliente. Pouco eficaz será o uso de toucas pelos carecas, mas mais grave será a manipulação direta de um alimento sem a proteção dos braços dos colaboradores para alguns processos. Para exemplificar: Alguém já viu como alguns padeiros sentem a massa de pão em masseira de grande capacidade?

Em adição as medidas já previstas em legislação e, portanto, de adoção obrigatória, se faz necessário que cada empresa avalie seu contexto e suas necessidades, sendo imprescindível considerar todas as fontes de perigos.  Pode ser necessário, o uso de camisas de manga comprida ou mangotes, além de um estudo de qual modelo de uniforme protege mais adequadamente os pelos corporais. Já vi empresa abolindo o uso de uniformes com gola V por este motivo. Outras criando regras por setor e tipo de manipulação. Cabe a cada empresa avaliar seu cenário e definir medidas compatíveis com seus riscos. Mas atender a legislação é o mínimo!

Lembrando que atender legislação envolve o uso correto da touca. Modelos “tipo boina” devem ser abolidos! Utilizar a touca protetora dos cabelos de forma inadequada, sem cobrir as orelhas, apenas para cumprir a legislação, também não irá ser eficiente. Cabe uma supervisão e programa de capacitação dos colaboradores frequente. Resistência inicial é comum, com o tempo, o uso da touca de forma correta (cobrindo as orelhas) deixa de causar estranheza ou incomodo, e esta medida passa a ser natural, quase imperceptível. Com vergonha, assumo que já andei um bom pedaço da Av. Paulista, importante avenida de São Paulo, de terninho e touca nos cabelos, sem notar, após ter visitado a cozinha de um café da região. Apenas percebi após inúmeros olhares em minha direção… (e eu achando que estava bela e formosa…). Vaidades a parte, pela segurança de alimentos, vale a pena!

Bibliografia:

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Projeto Sanitário de equipamentos para processamento de cárneos

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Temos uma seção no blog inteiramente dedicada à projeto sanitário. Ainda não havíamos publicado uma referência específica por segmento, como, por exemplo, um guia de projeto santiário de equipamentos para processamento de cárneos. No caso de processamento de carnes, independente se de aves, suínos ou bovinos, uma referência atualizada é a lista de verificação do Sanitary Equipment Design Principles – CHECKLIST & GLOSSARY, disponibilizado pela  Foundation for meat and Poultry Research and Education.

Segundo esta a fundação, para o processamento sanitário de carnes, devem ser seguidos dez princípios fundamentais que são detalhados em vinte páginas de um check-list, complementados com fotos de exemplos práticos.

Os princípios são:

  1. Facilidade de limpeza a um nível microbiológico;
  2. Construção à partir de materiais compatíveis;
  3. Acessível para inspeção, manutenção, limpeza e saneamento;
  4. Não permitir acúmulo de líquidos ou produtos;
  5. Áreas ocas devem ser hermeticamente fechadas;
  6. Ausência de nichos;
  7. Performance operacional sanitária;
  8. Sanitariedade dos itens de Manutenção;
  9. Compatibilidade sanitária com os outros sistemas de plantas;
  10. Protocolos de limpeza e desinfecção validados.

Para acessar gratuitamente o guia, acesse aqui.

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Sala (nem tão) limpa

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Então lá vou eu fazer uma auditoria de homologação em um fornecedor de aditivos na China. Somos recebidos pelo Gerente de Contas da África, já que o das Américas não estava disponível no dia. Ele faz uma breve introdução à empresa e nos deixa nas mãos do Gerente Industrial.

Começamos a visita pelo recebimento e vamos avançando. Conforme a visita progride, as falhas de BPF vão se amontoando: pessoas com adornos, baldes de recebimento do produto em processo no chão e abertos, salas sem vedação para a área externa, entre outros.

Chegamos então à suposta “Área Limpa”, e o Gerente Industrial passou o bastão para uma outra moça. Já que não havia um outro uniforme para ele trocar, passou o dele a ela (?) e nós não tivemos que trocar o uniforme (?). De limpa a sala não tinha nada: embalagens no chão, todas amontoadas, material exposto para todos os lados, sem identificação, objetos pessoais nas salas de manipulação e por aí vai. Era a sala MENOS limpa que eu já havia visto, com certeza.

Materiais_em_esterilizacao

  

Então chegamos à sala do equipamento de detecção de metais. Que tinha o estado da foto abaixo. Perguntei a ela: quando vocês usam este detector? E ela me respondeu: “todos os dias”.

É claro que esta empresa não foi homologada.

Detecor_de_metais

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Dispositivo com luz ultravioleta poderá descontaminar alimentos em casa

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Falar sobre os benefícios do consumo de vegetais frescos é chover no molhado. Todos sabem de seu conteúdo em vitaminas, minerais, fibras, além da capacidade de prevenir certos tipos de doenças. No entanto, as frutas e os vegetais podem ser contaminados por microrganismos durante seu cultivo, estocagem ou preparação e ingeri-los crus pode causar doenças. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos divulgou, tempos atrás, um relatório no qual as verduras frescas figuravam no topo da lista dos 10 alimentos mais arriscados de serem consumidos.

Pensando nisso, um professor de Ciência de Alimentos da Universidade de Delaware (EUA), Haigianq Chen, desenvolveu um dispositivo para uso doméstico usando luz ultravioleta capaz de destruir agentes patogênicos em produtos frescos. A luz ultravioleta (UV), nos comprimentos de onda de 200 a 280 nm, produz radiação não ionizante com propriedades germicidas. Esta propriedade já é usada em sistemas industriais para redução da contaminação em água, alguns alimentos fluidos e também em superfícies. Recentemente, uma pesquisa científica apontou o uso de luz UV como a terceira tecnologia para a conservação de alimentos com maior potencial de uso comercial nos próximos anos.

O “forno” de luz UV do pesquisador Chen é aproximadamente do tamanho de um forno de micro-ondas tradicional. Em entrevista ao portal Food Safety News, o cientista declarou que “a desinfecção ocorre por meio da associação da luz UV com a água. A luz UV não penetra no interior de sólidos, mas pode penetrar através da água clara. Assim, a água, sob forte agitação, remove as bactérias e vírus da superfície do alimento e ao entrar em contato com a água, eles são mortos quase imediatamente pela luz UV”.

O instrumento terá um painel de controle simples para permitir que os usuários ajustem o tempo de tratamento e vai oferecer uma intensidade fixa de luz UV. Segundo Chen, será fácil de usar e além do uso doméstico, também poderá ter aplicações em restaurantes, lanchonetes, hospitais e cozinhas industriais.

Chen avaliou a eficácia do seu dispositivo, comparando-o com a lavagem de vegetais em água da torneira. A comparação foi realizada sob dois cenários simulados de contaminação por Salmonella: no primeiro, os vegetais são inoculados com o microrganismo em um ponto específico; no segundo, toda a peça é contaminada por imersão numa solução contendo o microrganismo.

Usando amostras de alface, espinafre, tomate, mirtilo e morango nos dois cenários, Chen concluiu que o “forno” de luz UV descontaminou os vegetais frescos de forma muito mais eficaz do que a lavagem com água da torneira. Enquanto a lavagem na torneira removeu, em média, 59,3% do patógeno, o “forno” UV destruiu 99,7% da Salmonella nas alfaces inoculadas por imersão e 99,999% da Salmonella nos tomates com inoculação localizada.  

Outra grande vantagem do aparelho é que ele não aquece os vegetais frescos e não altera suas propriedades sensoriais.

Atualmente, o pesquisador está trabalhando com o Departamento de Inovação da Universidade na busca de parcerias econômicas para patentear e comercializar sua criação.

Enquanto o “forno” de luz ultravioleta não chega ao mercado, devemos realizar a desinfecção dos vegetais frescos imergindo-os em água com hipoclorito de sódio: 1 colher de sopa de água sanitária comercial para 1 litro de água, mantendo em imersão por 15 minutos.  Para mais detalhes, leia Desinfecção de frutas, legumes e hortaliças.

Créditos de imagem: Food Safety News

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Sou Biomédico, posso atuar com alimentos?

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Entrevista com a Professora Dra. Nathália Cirone

Recentemente fui questionado: “Humberto, sempre vejo você falando da importância de diversas profissões na área de segurança dos alimentos, mas e quanto ao BIOMÉDICO?! Concordo, tenho falhado com vocês. Todavia, após meu ingresso no mestrado, a pluralidade acadêmica de alunos e professores do programa permitiram que eu aprendesse com agrônomos, zootecnistas, nutricionistas, químicos, farmacêuticos, biólogos, engenheiros, tecnólogos e (…) biomédicos (O blog já lembrou das categorias nesse post). Essa intensa interação permitiu compreender como diferentes cursos contribuem para o campo da ciência, tecnologia e segurança de alimentos.

Lancei o convite para a Professora Dra Nathalia Cirone, que prontamente aceitou nossa entrevista. Cirone é formada em Ciências Biológicas – Modalidade Médica pela UNESP – Instituto de Biociências (IBB), com Mestrado e Doutorado em Biologia Geral e Aplicada pela UNESP e pós-doutorado pela USP, desde 2015 é Docente na FEA, Faculdade de Engenharia de alimentos da UNICAMP (Currículo Lattes). Sua linha de pesquisa é com:

  • Análise da Qualidade e Segurança Microbiológica dos Alimentos;
  • Análise Genotípica de Patógenos em Alimentos.

1. Alguns leitores desconhecem o conteúdo programático do curso de Biomedicina ou Ciências Biológicas – Modalidade Médica, então nos diga quais disciplinas da graduação dão subsídios ao aluno atuar com segurança de alimentos?

A grade de disciplinas pode variar de uma faculdade para outra. Mas encontramos cursos que possuem bromatologia, análises de alimentos, toxicologia de alimentos, microbiologia de alimentos, entre outras. No meu caso, as disciplinas voltadas para a área de alimentos eram oferecidas como optativas.

2. Em qual momento da sua vida acadêmica você decidiu trabalhar com isso? E quando foi que partiu para a microbiologia e segurança de alimentos?

Desde que eu tive a disciplina de Microbiologia básica já tinha me interessado muito pelo mundo microbiano, e acabei realizando a disciplina optativa de microbiologia de alimentos. Pronto, estava apaixonada, pesquisei sobre a área, realizei visitas em laboratórios que realizam análises microbiológicas de alimentos, compreendi a importância da microbiologia para a área de alimentos e decidi realizar minha iniciação científica e trabalho de conclusão de curso nessa área, assim consegui a habilitação em Microbiologia de alimentos assim que me formei.

3. Conseguiria descrever o papel do biomédico no passado, presente e futuro sob a ótica da segurança dos alimentos?

O curso de biomedicina foi criado com o nome de Ciências biológicas modalidade médica, conhecido também como Ciências Biomédicas e o objetivo era, principalmente, para a formação de docentes e pesquisadores na área de biologia e medicina. O profissional biomédico formado passou a atuar em laboratórios, hospitais e também em indústrias. Pela proposta inicial do curso, a maioria possuía e ainda possui uma grade voltada principalmente para a área médica. Como comentei anteriormente, o curso que realizei não possuía disciplinas na área de alimentos e mesmo após passar por reformulação não incluiu as disciplinas da área de alimentos como obrigatórias. É possível observar que de alguns anos para cá os cursos têm liberado disciplinas optativas na área de segurança de alimentos, bem como cursos mais recentes já possuem essas disciplinas como obrigatórias. Confirmando a tendência de um aumento de profissionais biomédicos atuando na área, acredito que em um futuro os cursos de graduação valorizarão ainda mais essa área reformulando as grades curriculares, logo teremos mais biomédicos nesse mercado de trabalho.

4. Sendo você uma professora e pesquisadora, quais as tendências nacionais e internacionais para a Food Safety?

A microbiologia preditiva tem se apresentado como uma das principais tendências tanto para estudos envolvendo patógenos como para o shelf life de produtos. É uma ferramenta importante uma vez que descreve de forma quantitativa os efeitos de fatores intrínsecos e extrínsecos nos micro-organismos em determinado alimento. Os modelos matemáticos, resultantes de estudos experimentais, permitem prever a influência que os fatores intrínsecos ou extrínsecos provocam no crescimento microbiano.

No Brasil, nós temos, atualmente, as alterações de legislação que vem sendo realizada pela ANVISA. No último workshop sobre Food Safety, realizado na UNICAMP, uma das responsáveis pelas discussões, Lígia Schreiner, comentou que o plano de amostragem possivelmente altere. Então acredito que a quantidade de amostras microbiológicas que as indústrias deverão realizar aumente, bem como a lista de micro-organismos que deverão ser pesquisados.

Mundialmente, o que vem sendo bastante discutido é a resistência de bactérias patogênicas a antibióticos. É cada vez maior os relatos de isolamento dos mesmos em alimentos, principalmente de origem animal. Outro ponto é a sobrevivência de micro-organismos em alimentos com baixa atividade de água por longos períodos de tempo.

5. Sei que seu doutorado sandwich foi realizado na Espanha (Universidad de La Rioja). Quais os principais pontos positivos deste país comparados ao Brasil em termos de pesquisa?

Trabalhar na Universidad de La Rioja foi uma grande experiência profissional. Os principais pontos positivos em relação ao Brasil são:

  • Tempo maior para realização de doutorado, por exemplo. Os alunos possuem tempo para realizar experimentos, escrever artigos e estudar;
  • Lá a burocracia é menor. É mais fácil comprar um reagente, os produtos chegam rapidamente, mesmo os importados. Não temos o problema que acontece aqui no Brasil de esperarmos meses por um reagente que está na alfândega;
  • O custo de reagentes e serviços terceirizados é bem menor que aqui, o que acaba reduzindo os custos das pesquisas;
  • Há maior colaboração internacional nos laboratórios de lá que aqui. Tanto para receber alunos (por exemplo, enquanto estive lá trabalhei no laboratório com uma mexicana, portuguesa, tunisianos e, claro, espanhóis) quanto para enviar alunos (as pessoas que estavam lá fazendo doutorado tinham realizado parte na Dinamarca, Inglaterra, Alemanha). A ideia de colaboração internacional está mais disseminada aqui no Brasil, porém não vejo da mesma forma que ocorria por lá.

6. Quais dicas você daria aos biomédicos que desejam atuar na indústria de alimentos?

Hoje, há cursos de biomedicina com diferentes grades curriculares quando falamos da área de alimentos. Acredito que seja importante ao biomédico a realização de estágios na área bem como cursos de especialização, mestrado e doutorado para melhor capacitação do profissional e consequentemente maior sucesso.

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Fiquem por dentro do Cronograma de revisão da ISO 22000!

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Desde a primeira publicação da ISO 22000 em 2005, as empresas certificadas ao longo da cadeia de fornecimento têm se deparado com novos desafios em segurança de alimentos, o que estimulou a necessidade desta revisão, o que é considerado comum para um padrão normativo.

Na verdade, a cada 5 anos as normas são analisadas para determinar se há necessidade de revisão, de modo garantir que os padrões permaneçam adequados.

Para garantirmos que nossos leitores fiquem por dentro do cronograma de revisão da ISO 22000, trouxemos uma versão traduzida e adaptada a partir da versão original disponibilizada no site da ISO.

Atualmente, o padrão está no estágio chamado CD – Committee Draft (fase de projeto). E como podemos ver abaixo, teremos versão CD da nova ISO 22000 disponível para votação dos membros ISO no primeiro trimestre de 2017.

No cronograma abaixo, você pode visualizar mais detalhes dos estágios de revisão da Nova ISO 22000:2018.

Quais são as principais alterações na ISO 22000?

As principais alterações propostas para esta norma incluem modificações em sua estrutura, bem como esclarecer conceitos-chave, tais como:

  • A estrutura de alto nível (Anexo SL): a fim de facilitar a integração e alinhamento com demais normas ISO, uma vez que estará seguindo a estrutura de 10 elementos do Anexo SL;
  • A abordagem de risco: uma nova abordagem de tratativa de risco está sendo incorporada na nova versão;
  • O ciclo PDCA: a norma traz dois ciclos distintos de PDCA – Plan-Do-Check-Act interagindo: um abordando o sistema de gestão e o outro, os princípios do HACCP;
  • O processo de operação: uma descrição mais clara para diferenciar termos-chave, tais como: Pontos Críticos de Controle (PCC), programas de pré-requisitos operacionais (PPROs) e programas de pré-requisitos (PPRs).

A revisão da norma está sendo realizada por especialistas de mais de 30 países, com experiência no estabelecimento, implementação e auditoria de sistemas de gestão de segurança de alimentos (ISO / TC34 / SC17 / W8).

Nós do blog Food Safety Brazil estaremos acompanhando a evolução desta revisão e traremos notícias periódicas sobre este processo de revisão.

Quer mais informações? Acesse a Home-Page ISO/TC 34/SC 17.

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Quero ser auditor de segurança de alimentos: o que faço? | Parte 1

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Durante os meus trabalhos como auditora de certificação, ouço esta pergunta de muitos profissionais que desejam ser auditores de sistemas de gestão da qualidade e da segurança de alimentos, de normas como ISO 9001, ISO 22000 e FSSC 22000.

Hoje inicio uma série de posts. Serão algumas recomendações sobre um possível caminho a ser trilhado pelo profissional que gostaria de ser auditor de sistemas de gestão, com foco em segurança de alimentos e no esquema FSSC 22000 para alimentos. O embasamento para estas recomendações está nos pilares “educação, experiência, treinamentos e habilidades”, e também em aspectos de como conciliar a vida pessoal com o trabalho de auditor.

Os organismos de certificação (OC) devem seguir a ISO 17021 (requisitos para organismos que fornecem auditoria e certificação de sistemas de gestão) e a ISO/TS 22003 (requisitos para organismos que fornecem auditoria e certificação de sistemas de gestão da segurança de alimentos) para determinar e avaliar as competências dos auditores de sistemas de gestão. No caso da FSSC 22000, há requisitos específicos para os auditores deste esquema, que devem ser observados pelos OC.

Do ponto de vista da educação (escolaridade), a formação em áreas correlacionadas ao tema de alimentos é meio caminho andado, como, por exemplo, curso superior em engenharia de alimentos, ciência ou tecnologia de alimentos, engenharia química, química, ciências farmacêuticas, medicina veterinária, engenharia agronômica, zootecnia, nutrição, biologia, entre outras. Mestrado, cursos de especialização e outras pós-graduações na área de segurança de alimentos, qualidade e sistemas de gestão são sempre valorizados. Formação superior não relacionada à área de alimentos eventualmente pode ser aceita, desde que o candidato tenha feito uma pós-graduação relevante relacionada à segurança de alimentos, ou demonstre experiência na área.

Em relação à experiência profissional, o candidato a auditor deve ter uma experiência mínima de cinco anos em indústrias relacionadas à cadeia produtiva de alimentos, incluindo pelo menos dois anos de trabalho na garantia da qualidade ou na área de segurança de alimentos na fabricação de alimentos. Ou seja, é fundamental que o auditor tenha trabalhado diretamente na indústria alimentícia, em áreas técnicas (qualidade ou segurança de alimentos) correlacionadas à produção de alimentos. De qualquer forma, o OC é o responsável por avaliar o currículo do candidato e decidir se este profissional pode ou não ser qualificado como auditor de SGSA.

No próximo post, vamos falar sobre os treinamentos e conhecimentos técnicos necessários para um auditor de sistemas de gestão da segurança de alimentos.

Fiquem atentos!

Créditos de imagem: AVA Vision.

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Perfil das empresas certificadas em segurança de alimentos no Brasil – Atualização

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Em 2013, a Flavor Food Consulting nos trouxe um panorama sobre o perfil e a localização das empresas certificadas em segurança de alimentos, no Brasil. Quase 3 anos depois, houve um aumento de 66% no número de certificados em normas reconhecidas pelo GFSI.

Em agosto de 2013 eram 251 certificados emitidos, em maio de 2016, este número subiu para 416. A FSSC segue na liderança representando 59,9% dos certificados, seguida pela BRC com 32,9%, IFS 5,5% e SQF com apenas 1,7%.

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O setor de fabricação de alimentos e insumos, ainda é o maior interessado nas certificações de segurança de alimentos, representa 80,8% dos certificados, ocorreu uma pequena queda se comparado a 2013, onde representava 89,6% das certificações. Já os setores de embalagem e armazenamento/distribuição apresentaram um crescimento, respectivamente de 10 para 14,9% e 0,4 para 2,9%, no mesmo período. Na pesquisa atual, aparecerem dois setores, que não estavam no levantamento anterior, são eles: ração animal e produtos de bens de consumo (higiene), cada um representa 0,7% das certificações.

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Quando falamos das certificações por estado, São Paulo, continua concentrando o maior número de certificados emitidos, são 149, que representam 35,9%. Seguido pelos estados da região Sul, que juntos possuem 108 certificados, ou seja 25,9%. Os demais estão bem dispersos pelo Brasil, conforme gráfico abaixo.

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Quer saber mais detalhes sobre os números de cada certificação? Leia no meu próximo post.

Nota: Para estes dados foram considerados os certificados com status de válidos, disponíveis no sites das respectivas certificações.

Fonte:

  • FSSC 22000 – Maio/2016;
  • BRC – Maio/2016;
  • SQFI – Maio/2016;
  • IFS – Informações cedidas pela empresa, dados referentes ao ano de 2015.

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Você já se perguntou sobre como fazer a codificação por cores em sua indústria?

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Há uma preocupação universal das indústrias de alimentos e bebidas quanto às “melhores práticas” para separação de utensílios para segregação das áreas, dependendo do tipo de produto a ser fabricado e do risco que oferecem.

Essa segregação pode ser feita por áreas onde há riscos de agentes patógenos, alergênicos ou pelo tipo de sujidade.

Todo este pensamento está voltado a minimizar possibilidades de contaminação cruzada durante o processo.

Esta contaminação pode ocorrer por industrialização de produtos com ingredientes alérgenos, transgênicos, tipos de carnes, enfim, toda e qualquer atividade que envolva mais de um produto pode ocasionar uma contaminação cruzada, ou até mesmo, por diferentes tipos de sujidades.

Desta forma, aconselha-se a segregação por cores dos utensílios.

No entanto, é importante saber se o fabricante destes utensílios lhe oferece garantias de que o material é próprio para contato com alimentos. Ensaios de migração devem ser feitos pelo fabricante para garantir que cores e sabores não migrem para os alimentos, assim, ele deverá lhe apresentar os laudos e declarações de conformidade emitidos por órgãos competentes.

A codificação por cores na indústria alimentícia é geralmente feita da seguinte forma:

  • BRANCO, AZUL, AMARELO, VERDE E LILÁS: Estão, usualmente, relacionados ao contato com alimentos;
  • VERMELHO E LARANJA: São cores mais “vivas” e geralmente são utilizadas para indicar perigo. Sendo assim, usualmente são utilizadas em áreas com alergênicos ou pratos prontos;
  • PRETO, CINZA E MARROM: Geralmente indicam áreas comuns contaminadas, como corredores, banheiros e ralos.

Esta, porém, não é uma regra e você deve utilizar as cores de acordo com o seu entendimento e de forma que todos os colaboradores compreendam facilmente. Além disso, é importante não utilizar cores em excesso, nem cores confusas, como cabo de uma cor e base de outra, ou base e cabo de uma cor e cerdas de cor diferente.

Pense sempre que novos setores e produtos poderão surgir no futuro e, assim, seria muito importante se você não se obrigasse a trocar a cor dos utensílios em áreas existentes, pois, isto poderá causar conflito de informações entre os operadores.

Utilize apenas utensílios totalmente coloridos, evitando a identificação através de tags, etiquetas ou fitas coloridas. Fazendo isto também, poderá confundir seu staff.

Para iniciar sua codificação por cores, podemos apresentar basicamente, três áreas em cada setor que devem ter utensílios separados:

  • Área de contato com o produto – Ex: Esteiras, parte interna de funis, tanques, masseiras, misturadores e processadores de alimentos;
  • Área intermediária – Ex: Parte externa de tanques, funis e suportes;
  • Área suja – Chão, paredes e forro.

Fazendo esta divisão, você já estará evitando que seus produtos sejam contaminados por utensílios.

A forma de higienizar os materiais e armazenar, também, deve ser feita separadamente, pois, você poderá provocar uma contaminação, caso o faça de forma inadequada.

Procure separar o local de armazenamento dos utensílios de forma que não haja contaminação entre eles. Há diversas formas de fazer isto, mas a mais adequada é providenciar suportes coloridos, assim, a identificação visual por cores será totalmente eficaz.

É mais fácil saber que a espátula verde deve ser fixada ao gancho de cor verde, do que no gancho de alumínio ou inox.

Veja exemplos efetivos:

cod1 cod2 cod3 cod4 cod5 cod6

A dica é: consulte seu fornecedor de utensílios e solicite informações sobre os materiais que ele pode lhe oferecer e repense suas práticas. Caso ele não esteja apto a lhe atender seguindo padrões de qualidade, procure outro imediatamente.

Se você fabrica produtos de excelente qualidade, não se arrisque a utilizar utensílios “razoáveis” no seu processo.

Você não está sozinho no mercado, e quem atualizar seus métodos e estiver pronto para inovações, sai na frente sempre!

Para encontrar produtos de qualidade em limpeza higiênica aptos ao sistema de segregação por cores e outros, você pode acessar o site da Brasmo.

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IFS | Focus Day Brazil

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A IFS tem o prazer de convidá-los para o primeiro IFS Focus Day no Brasil a ser realizado no dia 15 de Setembro de 2016, das 08:30 às 18:15, no Hotel Golden Tulip Plaza, localizado na Alameda Santos, 85, Jardins, São Paulo.

O IFS Focus Day reunirá uma série de palestras e profissionais que abordarão temas de grande impacto, além dos novos desafios, ao setor produtivo de alimentos, para a fabricação de produtos seguros e de qualidade. A conferência contará com a colaboração de representantes da cadeia de produção e distribuição de alimentos e de especialistas técnicos.

Neste convite encontra-se a programação do evento e relação dos temas e respectivos palestrantes que se juntam a nós nesta importante jornada.

Se você tem interesse em participar do IFS Focus Day no Brasil, entre em contato conosco para confirmar a sua participação, efetuar o seu cadastro e garantir a sua vaga.

Apenas os participantes pré-inscritos terão acesso garantido ao evento (vagas limitadas).

Mais informações sobre o evento e sua programação você pode consultar o convite ou a Caroline Nowak (cnowak@ifs-certification.com).

< 1 min leituraA IFS tem o prazer de convidá-los para o primeiro IFS Focus Day no Brasil a ser realizado no dia 15 de Setembro de 2016, das 08:30 às 18:15, no […]

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