Não é novidade falar que a lavagem das mãos é um aspecto muito importante para o controle microbiológico em qualquer segmento, e que a sua eficiência se deve a um procedimento correto. Contudo, pouco se fala sobre o papel importante que a secagem desempenha na higienização das mãos, pois existe maior probabilidade de transmissão de microrganismos a partir da pele molhada do que pela pele seca. E isto não está especificado nos manuais e avisos com o procedimento para lavagem das mãos, que terminam na aplicação de produto antisséptico.
Na legislação brasileira para empresas de alimentos, há exigências de instalações para lavagem das mãos nas áreas de produção, vestiários e banheiros, as quais esclarecem que os lavatórios devem preferencialmente usar toalhas de papel não reciclado ou outro sistema higiênico e seguro de secagem das mãos.
Mas qual outro sistema seguro para secagem das mãos seria ideal? Ressaltamos que a nossa legislação elimina a hipótese de usar toalha de pano.
De acordo com a pesquisa liderada pelo professor Mark Wilcox, da Faculdade de Medicina de Leeds, que comparou a redução microbiana ocorrida após a secagem das mãos, bem como a higiene das superfícies dos secadores, do meio ambiente e dos usuários, dos três métodos mais utilizados de secagem das mãos: jato de ar, secadores de ar quente, e toalhas de papel descartáveis, o jato de ar e os secadores de ar quente têm maior potencial de contaminação!
Os secadores de jato de ar são ótimos secadores das mãos, devido à alta velocidade de ar; infelizmente, isto significa que as gotas de água, com microrganismos, serão dispersas a distâncias mais longas e algumas permanecerão suspensas no ar por vários minutos (possivelmente horas), podendo disseminar a contaminação para o ambiente, levando em conta que isso dependerá da contaminação inicial e de como as mãos foram lavadas.
Para o estudo, as mãos, com luvas, foram revestidas com cepas de Lactobacillus, para simular a carga microbiana. As mãos foram então mal lavadas e secadas em seguida. Os pesquisadores mediram as contagens microbianas no ar em torno dos equipamentos e também nas distâncias de 1 m e 2 m. Foram também realizados testes separados, nos quais as mãos foram revestidas com tinta para visualizar a dispersão de gotículas em cada método. As contagens bacterianas no ar, perto dos secadores de jato de ar (70,7 UFC) foram 4,5 vezes maiores que em torno do secador de ar quente (15,7 UFC) e 27 vezes maiores quando comparadas ao uso de toalhas de papel (2,6 UFC). A figura abaixo ilustra esta situação.
E o teste visual das manchas com tintas demonstrou que o secador de jato de ar causou maior dispersão de gotas de tinta. Verificou-se também que, para o secador a ar, as bactérias permaneceram além do tempo de secagem de 15 segundos, 26% a mais que os demais métodos.
Descobriu-se que secar as mãos com papel toalha reduz, por fricção, o número médio de bactérias nos dedos em até 76% e nas palmas em até 77%. Em contrapartida, com o uso dos secadores elétricos, a contagem das bactérias aumentou, em alguns casos, em até 254%.
Diante destes resultados, o estudo conclui que a toalha de papel é a melhor solução, porém isso não elimina a necessidade de boas práticas, como gestão do lixo com o papel e uma boa eficiência na limpeza do dispenser, paredes e até mesmo a escolha do melhor dispenser.
E para quem tem dúvida do que é mais sustentável, uma outra pesquisa dá equivalência aos dois métodos quando usadas duas toalhas de papel.
Referências:
E.L. Best a, P. Parnell a, M.H. Wilcox- Microbiological comparison of hand-drying methods: the potential for contamination of the environment, user, and bystander. Journal of Hospital Infection 88 , 2014.
ttp://www.greenlifestylemag.com.au/features/1088/paper-towels-vs-electric-hand-dryers
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