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Que tipo de profissional de segurança de alimentos você quer ser?

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Todo mundo já quis mudar o mundo uma vez na vida, principalmente quando acabou de sair da graduação e entrou no primeiro emprego. É normal, digo até que é saudável. A faculdade nos mostra a teoria, o que é tecnicamente correto e lá a maioria dos problemas são facilmente solucionáveis. Lá é tudo colorido, é bonito, é possível.

E a ser um profissional ético, a faculdade ensinou? Ensinou a não perder a vontade de mudar o mundo? Ensinou a não se corromper?

Assim que saí da graduação em Engenharia de Alimentos, senti esse impacto do mundo real, sabe? Senti que o “buraco era mais embaixo” e que as coisas não eram tão solucionáveis assim. Vi que se dava um “jeitinho” em tudo e que muitas vezes fazer o certo era o errado. Descobri que existiam profissionais que topavam tudo por dinheiro, sem mesmo pensar nas consequências que isso traria ao consumidor final.

Em contrapartida, sair da faculdade e entrar no mercado de trabalho me fez saber que apesar de tudo não ter o brilho que eu achava que tinha, eu poderia fazer a minha parte, lutar pelo que acredito, ser ética e acima de tudo, “colorir ou pelo menos tentar colorir” as indústrias por onde eu passar. Descobri, ainda, que existem sim muitas indústrias de alimentos idôneas, sérias e que acreditam no sentido real dos termos qualidade e segurança de alimentos. Aquelas que zelam pelo consumidor.  

E por que este texto em um blog que trata de segurança de alimentos? Porque intrinsecamente segurança de alimentos quer dizer: respeito ao consumidor, qualidade e por que não ética?!

Você consegue fechar os seus olhos e ter certeza de que está fazendo o possível para que seus clientes estejam seguros ao consumir os produtos pelo quais você é o responsável pela qualidade?

A operação “carne fraca” nos leva a vários questionamentos, inclusive o quão leais estamos sendo a nós mesmos, aos nossos princípios e a nossa profissão.

Você é aquilo que quer ser. Se você quiser ser leal ao consumidor, você será. Se você desejar a mudança, ela virá.

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Concurso Cultural: escreva um post e concorra a uma vaga e reembolso de despesas no III Workshop Food Safety Brazil

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O blog Food Safety Brazil completou 5 anos e quem pode ganhar um presentão é você! Estamos realizando um concurso cultural para nossos leitores.

Nos dias 08 e 09 de junho teremos nosso III Workshop Food Safety Brazil, e quem escrever o melhor post será contemplado com uma vaga de cortesia no evento e reembolso* de suas despesas.

Escreva um texto a respeito da temática Segurança de Alimentos. Vale escrever para qualquer uma das categorias do blog: Pesquisas, Legislação, Dicas Vencedoras, Perigos, HACCP, normas de certificação, etc.

Leia o regulamento e compartilhe seu conhecimento, todos temos a crescer!

REGULAMENTO DO CONCURSO

1. Escreva um texto a respeito da temática Segurança de Alimentos. O texto deve ser inédito, relevante sobre o assunto e tratar de tema ainda não abordado no Food Safety Brazil (use a caixa de PESQUISA para verificar a originalidade do seu tema dentro do blog antes de começar a escrever). Fotos e imagens devem ser autorais ou ter autorização de seus autores para publicação ou podem ser obtidas de bancos de imagens gratuitas – neste caso, deve ser enviado o link da imagem. Serão aceitos textos sem imagens. O texto deve ter entre 700 a 2000 palavras, escrito em Word e seguir a formatação:

– Fonte: Times New Roman

– Tamanho do corpo do texto: 12 normal

– Espaçamento entre linhas: 1,5

– Em caso de uso de citações, utilizar padrão ABNT

2. Textos com palavras de baixo calão e ataques a pessoas ou empresas serão desconsiderados. Plágio também será motivo para desclassificação.

3. Envie o seu texto para o e-mail eventos@foodsafetybrazil.org com o título no campo assunto CONCURSO CULTURAL. Inclua as suas informações de contato (e-mail e telefone) e seu mini-currículo de até 300 caracteres.

4. Os textos recebidos serão avaliados conforme os critérios de publicação do blog por um comitê do qual não participam candidatos ou pessoas com conflitos de interesse. Os autores cujos textos forem aprovados para publicação serão informados por e-mail.

5. Ao submeter o texto, o candidato automaticamente concorda com os termos desta promoção e autoriza a publicação do conteúdo com os devidos créditos ao autor no Food Safety Brazil em data a ser definida por este, sendo ou não classificado como vencedor.

6. O prêmio refere-se à isenção de pagamento para uma vaga no “III Workshop Food Safety Brazil – Segurança de alimentos como diferencial estratégico” em Caxias do Sul, RS, e ao reembolso* de despesas relacionadas a transporte e hospedagem até o valor máximo de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais).

7. O prêmio é pessoal e intransferível de forma que sua comercialização ou transferência para terceiros é expressamente proibida, não podendo ser convertido em dinheiro e nem trocado por qualquer outro produto. Em caso do ganhador não poder usufruir do prêmio, o mesmo será repassado para o ganhador seguinte da lista.

8. Prazo para submissão: serão aceitos textos enviados até 10 de maio de 2017.

9. Resultado: Será divulgado no blog e na página do blog no Facebook no dia 15 de maio de 2017.

Aguardamos seu post. Participe!

(*)Reembolso até o valor máximo de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais) contemplado por este concurso cultural relacionado a transporte, hospedagem e alimentação mediante comprovação fiscal.

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Segurança de alimentos é sim uma vantagem competitiva!

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“A segurança de alimentos não é uma vantagem competitiva” é uma das mensagens que muitas vezes ouvimos de executivos da indústria de alimentos.

Na última conferência do Global Food Safety Initiative (GFSI), em Houston, mais de 1.150 pessoas de 54 países ouviram este tema ser repetido durante uma discussão com CEOs de algumas das maiores produtoras de alimentos do mundo. O tema comum defendido pelos CEOs foi que a segurança de alimentos é apenas a coisa certa a fazer.

Assim, se é obrigatória, não pode ser um diferencial…

O debate foi mediado pelo jornalista da BBC, Adam Shaw, que criticou os CEOs por insistirem no discurso de que a segurança de alimentos não é uma vantagem competitiva como se isso fosse apenas um motivo para reforçar a confiança do consumidor.

Ora, todos nós concordamos que os consumidores esperam que seus produtos sejam SEMPRE seguros!

É, de fato, intrigante esse tipo de posicionamento, mas também fácil de ser explicado. O que a maioria das empresas teme é ter seu produto associado a casos de fraudes provocadas por concorrentes que não tenham no seu DNA o cumprimento das normas e procedimentos para a produção do alimento seguro.

O caso “Carne fraca” está aí para exemplificar bem o que digo…

Como já escrevi em postagem anterior, não existe sistema de segurança perfeito e isso também ajuda a explicar o temor de se assumir a segurança de alimentos como um diferencial. Afinal, falhas podem ocorrer.

Quando falamos do ambiente B2B (business to business), a segurança de alimentos é sim um diferencial competitivo, pois as empresas/clientes não querem suas marcas associadas a empresas/fornecedoras com práticas ilegais ou com desleixo relacionado a requisitos básicos de higiene e controle.

Neste cenário, a coisa funciona porque quem está comprando entende muito bem do assunto e sabe o que quer de seus fornecedores.

No caso do consumidor final, as questões de rotulagem, de alérgenos não declarados, de presença de material estranho parecem um pouco complexas e difíceis de compreender, graças a uma falha na comunicação entre empresas e clientes.

Valores como transparência e ética devem estar presentes não só nos quadros, mas principalmente na informação de como sua empresa age para evitar que falhas aconteçam. Sim, porque estas falhas podem causar danos, incluindo a morte de pessoas!

Sustentabilidade, responsabilidade social e gestão de fornecedores são temas comuns e de conhecimento de grande parte dos consumidores hoje em dia. A fome de informação é tão grande quanto a fome por alimentos saudáveis e seguros.

Para tornar a segurança de alimentos uma vantagem competitiva, as empresas de alimentos precisam mostrar aos parceiros da cadeia de suprimentos e aos consumidores que a transparência não é apenas uma palavra-chave. Eles precisam mostrar como eles estão operacionalizando a transparência para tratar esse tema como um imperativo corporativo. Se a empresa souber fazer isso, a segurança de alimentos será sempre um diferencial competitivo e não apenas uma lista de requisitos que todos cumprem porque são obrigados ou responsáveis.

Como Warren Buffet disse uma vez: “O risco vem de não saber o que você está fazendo.”

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Trans(formações) em segurança de alimentos

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Estamos fazendo aniversário. Sim, nosso blog (ele é de todos nós) completa 5 anos no ar esta semana e segue crescendo, cada vez mais rápido. Mais leitores, mais informações, mais seções, mais colunistas, mais interatividade. Mas nós NÃO vamos soprar as velinhas deste bolo. De lá para cá, aprendemos que não podemos soprar em cima dos alimentos, certo?

E o que mais aprendemos?

Aprendemos que a Segurança de Alimentos está em TRANSFORMAÇÃO. Avanços nas regulamentações (e na própria estrutura dos organismos regulamentadores), consumidores mais atentos e mais exigentes e os mercados globais alavancam esta transformação, pressionando a indústria e o varejo.

Aprendemos que a tecnologia não substitui o homem. Para reduzir sua exposição a eventuais casos de contaminação, a indústria vem reforçando conceitos de Segurança de Alimentos junto a seus colaboradores (e, por extensão, a seu público), fomentando uma CULTURA positivamente pautada na saúde. Em que pese a vasta diversidade de processos e organizações, em linhas gerais, a afirmação anterior pode ser confirmada. É a participação do homem, e não a tecnologia, sozinha, o fator chave para a produção de alimentos seguros.

Aprendemos que as normas internacionais acompanham e reforçam esta transformação cultural. Questões relacionadas a fraudes (visando o ganho econômico) e à contaminação intencional (visando o prejuízo da marca) receberam atenção particular nos últimos anos.

Com tudo isso, aprendemos então que as mídias, assim como os consumidores, também são ávidas por informação. Ambos, porém, são ainda pouco capazes de discernir entre o fato e o mito. As primeiras, por escolha, para lhes proporcionar vendas. Os últimos, por desconhecimento. Aprendemos que a situação se potencializa como grave quando, atualmente, TODOS SOMOS MÍDIA. Nas redes sociais, via de regra, somos levados a emitir opinião sobre tudo e somos ainda mais valorizados quando damos um “furo de reportagem” nos nossos grupos de Whatsapp. Quantos de nós não quisemos ser os primeiros a comentar com os amigos o “caso” do “papelão na carne” (minhas aspas indicam descrença ou dúvida, certo?) durante a recente operação Carne Fraca da Polícia Federal? E quem aqui não curtiu ou divulgou imagens/montagens jocosas, que viralizaram e viraram memes?

Aprendemos que existe risco na banalização da informação. O que é verdade? O que é mentira? O que te faz bem? O que te faz mal? Um dos meus autores preferidos é Carl Sagan, famoso astrônomo e astrofísico (1934 – 1996), autor de mais de 600 publicações. Em “O mundo assombrado pelos demônios” (recomendo fortemente), Sagan faz uma análise sobre como os mitos da ciência, ao longo de toda a história, prejudicaram nossa compreensão das coisas do cotidiano.

Assim, muito importante, aprendemos que somos FORMADORES DE OPINIÃO e isto nos confere enorme RESPONSABILIDADE sobre o que aqui dissertamos. Nosso compromisso é com a PESQUISA e a DIVULGAÇÃO de informações reconhecidas como verdadeiras à luz do conhecimento atual.

Por fim, aprendemos com o CARINHO de vocês, nossos leitores, que a GRATIDÃO é, acima de tudo, necessária. Somos gratos pelas oportunidades de aprendizado que cada um de vocês nos proporcionou nestes anos. É o nosso desejo de colaborar com as questões trazidas pela indústria e pelos consumidores que nos faz seguir em frente. Seu RESPEITO e sua CONFIANÇA em nosso trabalho são os maiores patrimônios deste blog.

Um grande abraço a todos.

cristian_roque_2017

Crístian Leal Roque é engenheiro de alimentos e o autor do primeiro post do Food Safety Brazil: “Metodologia? O homem”, pois há exatos cinco anos, já se preocupava com a liderança e o envolvimento de pessoas na segurança dos alimentos.

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Os 10 posts mais acessados em 5 anos de Food Safety Brazil

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Você sabia que estamos de aniversário este mês? Como parte das comemorações dos 5 anos do blog, estamos programando uma série especial de eventos para o mês de abril. Este é um dos posts da série – pode aguardar que virão outros!

O Food Safety Brazil nasceu em abril de 2012, fruto do sonho da nossa editora-chefe, Juliane Dias. A ideia era levar para a internet, de forma acessível, informação prática de Segurança de Alimentos que até então ficava restrita a alguns círculos mais formais ou presenciais.

Ao longo destes anos, diversos colunistas voluntários se juntaram à causa e, no momento, temos 25 colunistas ativos mantendo o site atualizado todos os dias. Já foram gerados 1829 posts e, em 2016, o site deu um passo importante na sua história, organizando seus dois primeiros Workshops presenciais (em Fortaleza e Londrina).

E quais seriam as principais contribuições do blog para cumprir a sua função primária – disseminar conhecimento prático em Segurança de Alimentos pela internet? Para responder a esta dúvida, vamos analisar quais foram os 10 posts mais lidos nestes 5 anos: aqueles que responderam às principais dúvidas dos nossos leitores. Utilizamos como métrica dos dados de visualização por página do Google Analytics.

10º lugar: Qual a diferença entre PCC, PPRO e PPR?

Publicado em 2013, o post da colunista Ana Claudia Frota, com coautoria de Camila Miret, já teve 16.337 visualizações e ajuda a entender o termo PPRO, cunhado com a publicação da ISO 22000 em 2005.

9º lugar: Tratamento de não conformidades: auxílio para solucionar problemas de maneira eficaz

A colunista Camila Miret dá uma aula muito eficiente da tratativa de não conformidades neste post de 2013, que conta com 17.860 visualizações até o momento.

8º lugar: Quando o uso de luvas é obrigatório para manipulação de alimentos?

Tratando de uma questão controversa na produção de alimentos, a colunista Daniele Parra mostrou que é necessária ponderação sobre o uso de luvas. O post foi publicado em 2015 e já teve 18.426 visualizações até o momento.

7º lugar: Que exames devem fazer os manipuladores de alimentos?

Uma dúvida bastante frequente entre os profissionais de Segurança de Alimentos são os exames clínicos para manipuladores de alimentos. A ex-colunista Samantha Ojavere discorre sobre o assunto neste post de 2015 que foi visualizado 20.149 vezes desde sua publicação.

6º lugar: Desinfecção de frutas, legumes e hortaliças

Mais um post da colunista Daniele Parra a figurar na lista! Neste post de 2013, a engenheira trata de uma questão comum a consumidores, serviços de alimentação e indústria: como desinfetar vegetais de forma eficiente. Já teve 23.402 visualizações e continua ajudando aos leitores.

5º lugar: A proibição de barba e bigode na indústria de alimentos

Mais um post sobre controvérsias da Segurança de Alimentos, neste caso escrito pela nossa editora-chefe Juliane Dias Gonçalves. Publicado em 2014, o post já teve 26.696 acessos e 57 comentários (alguns, bastante acalorados).

4º lugar: Surtos alimentares no Brasil – dados atualizados em 2013

Iniciando uma série que iria se manter nos demais anos, o post do ex-colunista Marcelo Garcia continua figurando como um dos mais lidos dos nossos 5 anos. Publicado em 2013, já teve 29.523 acessos. Os dados atualizados dos surtos alimentares em 2014, 2015 e 2016 também geraram posts com muitas visualizações e figuram entre os 25 mais lidos.

3º lugar: Como rotular alergênicos de acordo com a RDC 26/15

Uma legislação que gerou diversas dúvidas na população em geral e nos profissionais de alimentos em específico foi a Rotulagem de Alergênicos. Com um texto didático, publicado algumas semanas após a publicação da RDC 26/15, o post do colunista Dafné Didier foi visualizado 31.305 vezes desde 2015. É também o post com mais comentários: já são 256 dúvidas esclarecidas de leitores.

2º lugar: Manual de Boas Práticas de Fabricação x POPs – Procedimentos Operacionais Padronizados

Daniele Parra entende do riscado: seu terceiro post na lista dos 10 mais populares do Food Safety Brazil trata das diferenças entre o que é um Manual de BPF e o que são os POPs (dúvida que aflige muitos leitores, a contar pelas 33.327 visualizações desde sua publicação em 2014).

1º lugar: Afinal, por que o álcool 70% é mais eficaz como bactericida que o álcool absoluto?

Publicado em 2016 pelo colunista Humberto Cunha, o post que trata de uma das questões primárias da segurança de alimentos viralizou novamente em 2017, o que o levou a ser o mais acessado nos 5 anos do Food Safety Brazil. Já são 123.283 visualizações!

O sucesso do blog, contudo, não está apenas nos posts mais acessados. Um post informativo com apenas 2 acessos, que resolve uma situação pontual para uma empresa ou profissional, e com isso os faz dar um passo na direção de mais Segurança de Alimentos, também é considerado bem sucedido.

Afinal de contas, o sucesso desta empreitada é justamente a diversidade de vozes, a capacidade de observação, a percepção das diferentes necessidades do público e a disponibilidade de condensar tudo isso em forma de um post simples e acessível.

Que venham mais 5 anos, Food Safety Brazil! E vamos comemorar juntos no III Workshop Food Safety Brazil em Caxias do Sul!

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O que são coliformes fecais e quais os riscos à saúde

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Afinal, o que são coliformes fecais e quais são os riscos à saúde atrelados a eles?

Para um claro entendimento do tema, é importante uma breve explicação sobre microrganismos indicadores e bactérias coliformes.

Os organismos indicadores são os que proporcionam uma visão da história de uma amostra ou permitem associações potenciais com outros organismos ou condições. Eles podem indicar, por exemplo, a presença potencial de agentes patogênicos ou organismos deterioradores. As bactérias coliformes têm sido usadas como indicadores de condições insalubres em água e alimentos por mais de um século. Este conceito originou-se no final dos anos 1800, após a descoberta de que E. coli pode ser encontrada no mesmo local onde há presença de fezes, e sua detecção em água foi usada para “indicar” uma maior probabilidade de que outros patógenos, como Salmonella typhi (febre tifóide), também estivessem na água, ou seja, foi um indicador de condições insalubres.

Há aplicação de indicadores para a segurança e qualidade dos alimentos e da água. Para que os organismos indicadores sejam válidos, devem ser:
A. Facilmente distinguíveis de outros microrganismos comuns a uma amostra;
B. Detectados e enumerados facilmente num período de tempo relativamente curto (por exemplo, testes rápidos);
C. De associação direta ou indireta com segurança reduzida ou perda de qualidade da amostra em questão;
D. Capazes de sobreviver, bem como o(s) organismo(s) associado(s), na água ou alimento a ser testado;

Os indicadores de segurança do produto estão geralmente associados a patógenos comuns que se originam de ambientes semelhantes (por exemplo, patógenos intestinais) e também são capazes de sobreviver em alimentos, bem como o patógeno.

Os coliformes fecais são considerados mais diretamente associados à contaminação fecal por vertebrados de sangue quente do que outros membros dos coliformes.

Os indicadores de contaminação fecal devem:

a) ser organismos específicos do trato intestinal,

b) estar presentes em quantidades suficientemente elevadas nas fezes para serem detectados facilmente em água ou alimentos após diluição,

c) ter taxas de sobrevivência elevadas no produto de teste,

d) ser facilmente detectados, mesmo em números muito baixos.

E. coli satisfaz estes critérios.
Os indicadores de qualidade do produto são geralmente específicos do produto, dependendo dos organismos de deterioração típicos de um alimento (por exemplo, bolores encontrados em produtos lácteos), embora os indicadores gerais de saneamento sejam frequentemente utilizados. Uma das aplicações mais comuns de bactérias coliformes como organismos indicadores está na sua associação com condições higiênicas e de qualidade geral, especialmente no que se refere aos alimentos processados termicamente. Coliformes em níveis normais encontrados em alimentos são eliminados pela maioria das condições de processamento térmico (por exemplo, pasteurização de leite). Portanto, sua presença em um alimento geralmente indica um processo térmico inadequado ou contaminação pós-processamento.

Coliformes e Doenças Transmitidas por Alimentos
A maioria das bactérias coliformes não está associada a doenças transmitidas por alimentos. Estirpes inofensivas de E. coli e outros coliformes residem no trato intestinal. No entanto, existem certos coliformes que causam doenças, sendo a maioria estirpes de E. coli (outras podem incluir estirpes oportunistas de Enterobacter sakazakii e Citrobacter freundii):

E. coli entero-hemorrágica

– Produzem toxinas que afetam principalmente o intestino grosso;
– Podem causar colite hemorrágica, com diarreia sanguínea, cólicas abdominais graves (náuseas, vômitos), febre rara;
– Podem causar síndrome urêmico-hemolítica (HUS) – toxinas no sangue, doença renal. Pode ser fatal em jovens e idosos em risco.

E. coli enteroinvasora

– multiplica-se dentro das células epiteliais intestinais (cólon) e espalha-se para células adjacentes;
– sem enterotoxinas, diarreia com sangue e sem sangue (grandes quantidades) causada por lesões celulares

E. coli enteropatogênica

– adere à mucosa intestinal, destruindo ou modificando células;

– sem enterotoxinas, diarreia, mais comum em crianças com menos de 1 ano de idade.

E. coli enterotoxigênica

– ataca e coloniza o intestino delgado;

– diarreia do viajante em jovens e adultos: súbita, aguda, sem sangue, muito aquosa;
– pode ser grave, muitas vezes fatal em lactentes nos países em desenvolvimento.

Referência https://foodsafety.foodscience.cornell.edu/sites/foodsafety.foodscience.cornell.edu/files/shared/documents/CU-DFScience-Notes-Bacteria-Coliform-Indicators-09-07.pdf

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Segurança Alimentar x Segurança de Alimentos: ainda existem dúvidas nestes termos?

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Muito já se falou sobre as diferenças entre Segurança de Alimentos e Segurança Alimentar. Num primeiro instante, elas parecem ter o mesmo significado, mas seus conceitos são bem distintos. Hoje em dia, ainda nos deparamos com situações de confusão entre estes termos, às vezes pelos próprios profissionais da área de alimentação ou por informações publicitárias equivocadas. Esta semana, uma publicação nas redes sociais de network, referente à descrição de uma vaga de trabalho, me chamou a atenção. Ela continha uma informação que exemplificou de forma bem clara esta confusão, feita em geral por pessoas que trabalham em indústrias de alimentos, mas em setores de apoio e que não estão no mesmo contexto. A informação descrevia que o candidato deveria possuir conhecimento de Segurança Alimentar em FSSC 22000.

A expressão “Segurança de Alimentos” vem do inglês “Food Safety”, que significa a prática de medidas que permitem o controle de qualquer agente que, em contato com o alimento, promova risco à saúde do consumidor ou coloque em risco a sua integridade física, ou seja, é a garantia de qualidade do produto desde o campo até a mesa do consumidor.

Vale relembrarmos aqui que estes agentes popularmente conhecidos como contaminações, podem ser do tipo físico (insetos ou fragmentos de insetos, pedras, madeira, plásticos flexíveis ou rígidos, vidros, metais), químico (resíduos de limpeza, sanitização, metais pesados, agrotóxicos) ou biológico (microrganismos patógenos).

As indústrias devem estar comprometidas com a implantação de um sistema higiênico-sanitário adequado, tendo Manual de Boas Práticas, conforme disposto pela RDC n° 275 de 21 de outubro de 2002. Os funcionários devem estar treinados nos procedimentos operacionais de boas práticas de fabricação com foco na importância destes para a segurança do produto e consumidor. A cultura de Segurança de Alimentos deve ser disseminada claramente entre os colaboradores, sendo sempre apoiada pela alta direção das empresas.

Já a Segurança Alimentar vem do inglês “Food Security” e refere-se à implantação de projetos em níveis nacional e internacional que assegurem aos cidadãos acesso a alimentos com qualidade nutricional e quantidade apropriados a uma vida saudável e ativa. Este conceito nasceu após as devastações causadas pela Segunda Guerra Mundial, a qual deixou vários países destruídos e sem condições de cultivo dos próprios alimentos. Um informe do Palácio do Planalto comunicou que, segundo dados da ONU, o Brasil reduziu em 82,1% o número de pessoas subalimentadas no período de 2002 a 2014, comparado com as cinco nações mais populosas do mundo. Um outro relatório recente emitido pela FAO, recomenda medidas adicionais para que a meta de acabar com a fome no mundo até 2030 seja atingida, principalmente no que se refere à exploração de recursos naturais.

Esclarecemos para você? Comente sobre o assunto.

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Como saber se uma empresa é certificada em segurança de alimentos?

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Logo que estão se familiarizando com o mundo das certificações, muitos se perguntam como saber se uma empresa é realmente certificada em segurança dos alimentos.

Se estivermos falando das certificações do Global Food Safety Initiative, ou GFSI, podemos ir direto ao site da maioria dos sistemas de certificação. Segundo um post que publicamos em 2016, as normas para segurança de alimentos com maior adesão no Brasil são, em ordem de representatividade:

FSSC 22000

BRC Food Safety

IFS Food Safety

SQF

Com exceção da IFS, que exige login e tem restrição de acesso, todos os esquemas acima possuem diretório público para consulta das empresas certificadas em segurança de alimentos pelo GFSI, com filtros para país e escopo (tipo de alimento que produzem). No caso da FSSC 22000, é possível ainda verificar o status, ou seja, saber se o certificado está válido ou se foi suspenso.

Sempre que aplicável, é válido pesquisar também as empresas de embalagens que são certificadas em segurança dos alimentos.

Clique nos links acima para acessar a informação que você precisa.

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Uniformes – A moda é proteção contra a contaminação!

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Tem sido cada vez mais comum ver profissionais da área de saúde usando seus uniformes, jalecos brancos, nas ruas. Há quem diga que muitos consideram este uso elegante e charmoso. Estes profissionais ignoram totalmente o risco de contaminação e demonstram, assim, ausência de cumprimento de conduta e total falta de higiene básica. A prática infringe as normas de segurança e saúde do Ministério do Trabalho.

A Norma Regulamentadora 32, no inciso 32.2.4.6.2, afirma que “os trabalhadores não devem deixar o local de trabalho com os equipamentos de proteção individual e as vestimentas utilizadas em suas atividades laborais”. No entanto, não é o que muitos profissionais (médicos, enfermeiras, dentistas) praticam.

Pelas normas de Food Safety, nas indústrias de alimentos, os fardamentos devem seguir um rigoroso procedimento para assegurar a higiene e evitar possíveis contaminações ao alimento ou ao ambiente de processo.

Em algumas indústrias, há a abertura para que os colaboradores já saiam de casa uniformizados, cumpram seu expediente e retornem ainda uniformizados, até mesmo quando necessário resolver algum trabalho externo durante intervalos. Porém, essa não é uma boa prática de uso de uniformes em indústrias que tem como política garantir a segurança dos alimentos. O fardamento poderá ser um grande contaminante e vilão na segurança dos alimentos, podendo representar perdas incalculáveis para a indústria.

Confira abaixo alguns requisitos e recomendações para fardamentos, compilados de importantes e reconhecidas normas de alimentos. São eles:

  • Primeiramente, o uniforme deverá ser de cor clara para poder identificar possíveis manchas de resíduos alimentares e a necessidade de trocá-los;
  • O tecido deve ser resistente, apresentar conforto quanto à temperatura ambiente de uso e não se desgastar com facilidade. Em alguns casos, tem-se o poliéster como uma boa sugestão porque é liso e não permite a adesão de bactérias, não sendo favorável para sua proliferação. As fibras de poliéster têm uma resistência 100% superior às de algodão puro, aumentando a sua resistência e reduzindo os gastos com o uniforme. É importante salientar que a natureza e a estrutura destas fibras não favorecem a fixação da sujeira e, portanto, gasta-se menos quantidade de detergente na lavagem, emprega-se menor tempo na lavagem e nas etapas de secagem e passagem;
  • O uniforme pode contaminar os produtos alimentícios se estiver sujo ou se for feito de um material inadequado. Em paralelo, os vestiários devem ser disponibilizados a todos os funcionários, visitantes e demais prestadores de serviços para que possam manter seus uniformes limpos ou possam trocar de roupa antes de entrarem em áreas de processamento de alimentos. Os uniformes deverão ser armazenados separadamente, dentro dos armários, das roupas de passeio e dos itens pessoais. Se necessário o uso de uniforme protetor acima de roupa pessoal, esta deverá estar sempre disponível, e ser lavada ou limpa em ambiente controlado;
  • Os uniformes devem ser mantidos limpos, bem passados e trocados diariamente. Sugere-se identificações para melhor controle do uso diário e para áreas diferentes de processo. Conservar o uniforme em bom estado, sem rasgos, partes descosturadas ou furos, evita a contaminação e o risco de acidentes no trabalho;
  • Quando o trabalho propiciar que o uniforme se suje rapidamente, recomenda-se o uso de avental plástico sobre o uniforme para aumentar a proteção contra a contaminação do produto. Não utilizar panos ou sacos plásticos para esta finalidade;
  • Quanto à possibilidade de certos objetos caírem no produto, não é permitido carregar no uniforme canetas, lápis, termômetros, espelhinhos, pinças, etc, especialmente da cintura para cima.  Para evitar ponto de contaminação, sugere-se não aplicar nenhum tipo de bolso nos uniformes e tampouco botões simples para fechamento. Recomenda-se o uso de botões de pressão ou fechamento com velcro;
  • Não deve ser permitido que os funcionários uniformizados sentem-se ou deitem-se no chão, sacarias ou outros locais impróprios, onde poderá haver contaminação;
  • Roupas e pertences pessoais devem ser guardados em locais próprios e adequados. Não podem ser depositados em lugares onde alimentos ou ingredientes estejam expostos, ou em áreas usadas para limpeza de equipamentos e utensílios, ou sobre equipamentos utilizados no processo. Deve-se adotar o uso de meias próprias, de uso individual, limpas e trocadas diariamente. Lembramos que não é permitida a lavagem de qualquer peça do uniforme dentro de cozinhas ou em qualquer área de processamento de alimentos;
  • Para indústrias em que há locais de alto risco de contaminação, deve haver um programa de gerenciamento destes fardamentos. Um manuseio especial deve ser exigido nas operações de alto risco para garantir que os uniformes de trabalho sejam distintos para processos diferentes, e o processo deve ser gerenciado para prevenir a contaminação do produto. Os funcionários em operações de alto risco devem seguir procedimentos específicos de vestimenta com uniformes, toucas ou outro elemento usado na cabeça, bem como o uso de calçados limpos e visualmente distintos.

As pessoas somente deverão entrar em áreas de operação de alto risco após serem uniformizadas com vestimentas especialmente destinadas para este fim. Os vestiários deverão estar bem localizados em áreas que permitem o acesso direto à produção, empacotamento e armazéns.

Os uniformes usados em áreas de alto risco somente deverão ser retirados em vestiários por pessoas treinadas. Deverá haver um controle de lavagem e retirada.

Nos locais de alto risco, a roupa pessoal interna usada pelos funcionários deverá ser completamente coberta pelo uniforme ou por outra roupa de trabalho (por exemplo: jalecos e calças). Toda a roupa de proteção deverá ser limpa regularmente na empresa ou por uma lavanderia contratada. Devem ser mantidos registros de limpezas dos uniformes.

As legislações para as indústrias de alimentos deixam claro que o uso dos uniformes deverá ser realizado somente nas dependências da empresa e deve existir todo um controle durante as atividades de trabalho. Esta mesma prática deveria ser replicada com rigor e criticidade para todos os profissionais da área de saúde. Esperamos que a lei de segurança e saúde do Ministério do Trabalho realmente possa ser cumprida ativamente, assim como as indústrias de alimentos atendem às suas normas e código alimentares.

Creio que um profissional da área de saúde, durante seus anos de estudo, deve ter passado por alguma disciplina em sua grade curricular que explica detalhadamente técnicas de assepsia, motivos de sua existência e os riscos de contaminação.  Amigos profissionais, vamos nos lembrar destas aulas e colocá-las em prática. Agradeço a atenção e o respeito.

4 min leituraTem sido cada vez mais comum ver profissionais da área de saúde usando seus uniformes, jalecos brancos, nas ruas. Há quem diga que muitos consideram este uso elegante e charmoso. […]

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BPF na indústria de embalagem – quais legislações devo seguir?

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Se você é da indústria de embalagens para alimentos e ainda possui dúvidas em relação às legislações de Boas Práticas de Fabricação (BPF) que devem ser implementadas, você precisa ler este post.

Em primeiro lugar, está na LEI que as indústrias produtoras de embalagem para alimentos DEVEM seguir BPF. Do ponto de vista regulatório, a ANVISA, por meio da resolução RDC 91/01, que trata dos critérios gerais para embalagens e equipamentos em contato com alimentos, estabelece que as embalagens devem ser fabricadas em conformidade com as Boas Práticas de Fabricação. Veja:

“Os materiais de contato com alimentos devem ser elaborados conforme boas práticas de fabricação e de maneira que não sejam fonte de contaminação química pela migração de substâncias indesejáveis ou contaminantes ao produto, acima do limite de migração, quando este é estabelecido”

Ok. Até aqui acho que todo mundo sabe (rs). Mas quais BPF???

Aqui começam nossos problemas… até o momento não há um regulamento específico sobre BPF aplicável ao setor de embalagens, e em muitos casos, isto pode resultar em precariedade na orientação do setor produtivo sobre os procedimentos exigidos para produção de embalagens destinadas ao contato com alimentos, a fim de minimizar os riscos à saúde dos consumidores. Mas vamos lá, não ter uma legislação específica de BPF para embalagens (ainda) não pode ser desculpa para permitir o uso de bermudas, adornos, desobrigação do uso de touca e lavagem de mãos, ausência de um programa de controle de pragas, higiene pessoal, etc.

Você pode dizer “Certo, mas ainda assim o que devo implementar???”

Se não há um requisito de cliente claramente estabelecido, do que seguir, ou se sua empresa não está buscando certificação na FSSC 22000 (porque ela traz uma série de exigências específicas de BPF para embalagem – ISO/TS 22002-4), então as referências que você pode utilizar estão a seguir:

  1. PORTARIA Nº 321/2008

Você sabia que no Rio Grande do Sul existe desde 2008 uma Portaria que apresenta a Lista de Verificação em BPF para Indústrias de Embalagens para Alimentos??? Além disso, também regulamenta os procedimentos inerentes ao responsável pelas atividades de Manipulação de Embalagens para Alimentos. Já foi feito post sobre este assunto aqui no Blog.

Eu acho esta Portaria muito boa! Se você tem interesse em ler na íntegra, olhe aqui.

  1. Consulta Pública 42/2015

Temos uma CP em andamento (desde 2015) e que já apresenta o que “pode” se tornar lei (post sobre este tema aqui). Ainda não foi publicada como legislação, mas serve também como fonte de inspiração e referência do que a ANVISA está pensando em exigir dos fabricantes de embalagens.

Observação: Soube recentemente que fiscais da Anvisa já estão utilizando esta CP para inspeção nas fábricas de embalagens como “treinamento”. Então, acredito que seja beeeem provável sua publicação em breve.

  1. RDC 275/02

Em um treinamento de que participei com pessoas que atuam fortemente no setor de embalagem e têm bastante contato com profissionais da ANVISA, houve esta dúvida. A orientação deles foi que se poderia basear em uma legislação de BPF para alimentos. Sendo assim, indico como referência a RDC 275/2002, por ser a mais recente e genérica (atende a todos alimentos fabricados).

Além disso, conversando com um colega que trabalha em indústria de embalagem plástica para bebidas, ele me informou que quando a Vigilância Sanitária faz inspeção para liberação de alvará, eles utilizam também a RDC 275/02 como referência.

  1. Portaria SVS/MS 326/97

O material orientativo elaborado pela ANVISA “Perguntas e Respostas sobre Materiais em contato com alimentos”, de 10 de novembro de 2014, traz o tema BPF na indústria de embalagens, ainda que de forma bem simples e genérica na pergunta nº 11. Veja o trecho na íntegra:

Quais são os critérios higiênico-sanitários que devem ser seguidos em empresas fabricantes de embalagens?

Resposta ANVISA: Enquanto não é publicado regulamento específico sobre Boas Práticas de Fabricação para embalagens de alimentos, devem-se seguir os critérios gerais definidos pela Portaria SVS/MS 326/97”.

Lembramos que este material não é uma legislação, ainda que tenha sido elaborado pela ANVISA!!! Trata-se de um material cujo objetivo é fornecer orientações sobre materiais em contato com alimentos, sendo, portanto, mais uma referência que pode ser utilizada.

Muitas referências, não?! Se ficou alguma dúvida, ou se deseja que algum tema específico de BPF para embalagem seja mais aprofundado em um post, deixe-nos comentários abaixo.

3 min leituraSe você é da indústria de embalagens para alimentos e ainda possui dúvidas em relação às legislações de Boas Práticas de Fabricação (BPF) que devem ser implementadas, você precisa ler […]

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Controle de Pragas: conhecendo os diferentes tipos de pragas

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É muito importante que o responsável por Food Safety conheça em detalhes o Programa de Controle de Pragas de sua empresa e possa avaliar criticamente o seu andamento. 

O FSB já mencionou, em outras oportunidades, como deve ser feita a gestão deste programa:

Hoje apresentaremos um pouco mais sobre os diferentes tipos de pragas.

:: Baratas ::

Em áreas urbanas, as espécies de baratas mais comuns são duas: a barata de esgoto (Periplaneta americana) e a francesinha ou alemãzinha (Blatella germanica). Elas são ativas principalmente à noite, quando deixam seus abrigos à procura de alimentos.

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Barata de esgoto (Periplaneta americana)

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Barata francesinha/ alemãzinha (Blatella germanica)

Baratas possuem hábitos alimentares bastante variados, preferindo os alimentos ricos em amido, açúcar ou gordura. Podem alimentar-se também de celulose, como papéis, ou ainda excrementos, sangue, insetos mortos, resíduos de lixo ou esgoto. Tem o hábito de regurgitar um pouco do alimento parcialmente digerido e depositar fezes, ao mesmo tempo em que se alimentam. Preferem locais quentes e úmidos.

A barata de esgoto normalmente habita locais com muita gordura e matéria orgânica em abundância, como galerias de esgoto, bueiros, caixas de gordura e de inspeção. São excelentes voadoras.

A barata francesinha habita principalmente cozinhas e despensas, em locais como armários, gavetas, interruptores de luz, aparelhos eletrodomésticos, dentro de vãos de batentes, rodapés, sob pias, dutos de fiação elétrica e locais como garagens ou sótãos com depósitos de papel e principalmente caixas de papelão, entre outros. Elas passam 75% do seu tempo abrigadas próximas aos alimentos.

Percebe-se que um local está infestado por baratas por meio de sinais como fezes, ootecas vazias, esqueletos ou cascas de ninfas quando estas se transformam em seres adultos e, em altas infestações, observam-se as baratas durante o dia, bem como nota-se seu odor característico.

Ciclo de vida

As baratas colocam seus ovos em uma cápsula chamada ooteca. Essa ooteca pode ser carregada pela fêmea até um tempo próximo à eclosão dos ovos (Blatella germanica) ou depositada em local apropriado, normalmente frestas, fendas, gavetas ou atrás de móveis (Periplaneta americana).

Cada ovo dará origem à uma ninfa que, através de várias mudas, dará origem ao inseto adulto. As ninfas são menores que as adultas, não possuem asas e são sexualmente imaturas.

A francesinha vive em média 9 meses, põe ovos em média 5 vezes ao longo de sua vida e coloca de 30 a 50 ovos por vez. A barata de esgoto vive de 2 a 3 anos, põe ovos de 10 a 20 vezes ao longo da vida e coloca de 12 a 20 ovos em cada ooteca. Quanto maior a temperatura e a umidade, menor será o tempo para o ovo eclodir.

Agravos para a saúde

As baratas domésticas são responsáveis pela transmissão de várias doenças, principalmente gastroenterites, carreando vários agentes patogênicos por meio de seu corpo, patas e fezes, pelos locais por onde passam. São, por isso, consideradas vetores mecânicos.

:: Formigas ::

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As formigas são insetos sociais, isto é, vivem em colônias ou ninhos, onde cada uma trabalha para todos os membros da colônia e não somente para si mesma. Uma colônia de formigas ilustra um modo perfeito de sociedade comunitária, difícil de o homem copiar e que talvez nunca consiga ser igualado.

O ninho das formigas, de maneira geral, consiste de um sistema de passagens ou cavidades que se comunicam umas com as outras e com o exterior. Algumas espécies constroem seus ninhos no solo e plantas; outras no interior de edificações (sob azulejos, batentes de portas, pisos, vãos e frestas, entre outros) ou ainda ocupam cavidades na madeira ou troncos de árvores. As colônias variam em tamanho e podem ser formadas tanto por algumas dezenas quanto por muitos milhares de indivíduos.

O Brasil apresenta cerca de 2 mil espécies de formigas descritas, sendo que, destas, apenas 20 a 30 são consideradas pragas urbanas devido a invadirem alimentos armazenados, plantas e outros materiais domésticos.

A maioria das formigas alimenta-se de sucos vegetais, seiva das plantas, néctar de flores, substâncias açucaradas e líquidos adocicados que são excretados por certos insetos; algumas são carnívoras e se alimentam de animais mortos ou vivos e outras de fungos cultivados a partir de folhas vegetais.

Ciclo de vida das formigas

Cada colônia é constituída por três formas distintas: rainhas, machos e operárias. As rainhas são maiores que os demais indivíduos da colônia e são aladas; em algumas espécies podem viver vários anos. Os machos também são alados e consideravelmente menores que as rainhas. Tem vida curta e morrem após o acasalamento. As operárias são fêmeas estéreis, não possuem asas e constituem a grande maioria de indivíduos da colônia.

Machos e rainhas são produzidos na colônia em grande número, geralmente na primavera, quando saem dos ninhos e realizam o voo nupcial. Logo após o acasalamento, o macho morre e a rainha inicia uma nova colônia ou retorna a uma já estabelecida. Ela elimina suas asas após o voo, encontra um local para construir o ninho e colocar os ovos. Esta primeira cria é alimentada pela rainha e é formada exclusivamente por operárias, que são sempre estéreis.

Depois que as operárias surgem, passam a realizar todo o trabalho da colônia: construção e defesa do ninho, cuidado com a prole, coleta de alimento, entre outros. A partir daí, a função da rainha passa a ser unicamente a postura de ovos.

Agravos para a saúde

Algumas formigas podem se defender por meio de um aparelho inoculador de veneno, podendo provocar reações alérgicas cuja gravidade depende da sensibilidade do indivíduo, local e número de ferroadas.

:: Moscas ::

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Existe uma grande diversidade de espécies de moscas. Uma das espécies mais presentes em áreas urbanas é a mosca doméstica (Musca domestica).

Alimentam-se de fezes, escarros, secreções, produtos animais e vegetais em decomposição e açúcar, entre outros. A mosca não consegue ingerir nada sólido, somente matéria na forma líquida; por isso, lança sua saliva sobre o alimento para poder digeri-lo e, posteriormente, ingeri-lo.

Em geral, é ativa durante o dia e repousa à noite. São encontradas repousando sobre as paredes, forros e fios das residências.

Os locais por elas visitados apresentam manchas, produzidas pelo depósito de suas fezes e pelo lançamento de saliva sobre o alimento.

Ciclo de vida

O ciclo de vida das moscas pode ser resumido conforme abaixo:

Ovo => Larva => Pupa => Adulto

A fêmea coloca seus ovos (algumas centenas) em carcaças de animais, fossas abertas, depósitos de lixo e outros locais ricos em substâncias orgânicas em decomposição.

Após aproximadamente 24 horas, ocorre o nascimento das larvas. Estas geralmente ficam agrupadas, são vermiformes, esbranquiçadas, movimentam-se muito, não gostam de luz e alimentam-se ativamente.

Após um período de 5 a 8 dias, as larvas abandonam a matéria orgânica em que estavam instaladas. A camada externa de pele das larvas se endurece, formando uma casca, dentro da qual começa a haver a metamorfose para mosca adulta, recebendo neste estágio o nome de pupário. As pupas não se alimentam. As moscas permanecem nesta fase por um período de 4 a 5 dias.

O tempo de vida das moscas varia de espécie para espécie, sendo, em geral, de 25 a 30 dias. Cabe ressaltar que quanto maior a temperatura e a umidade, mais rápido ocorrerá o ciclo de vida.

Agravos para a saúde

As moscas domésticas são insetos que tem importância como vetores mecânicos, isto é, podem veicular agentes patogênicos em suas patas após pousarem em superfícies contaminadas com germes e, posteriormente, pousarem nos alimentos, disseminando a contaminação. Elas podem, desta forma, transmitir várias doenças, tais como distúrbios gastrointestinais.

:: Roedores ::

A característica principal dos roedores é a presença dos dentes incisivos com crescimento contínuo, daí a necessidade de roer para gastar a dentição. Desta forma, estragam muito mais alimentos do que realmente necessitam para se alimentar.

São animais de hábitos noturnos por ser mais seguro saírem de seus abrigos à noite, à procura de alimento.

Possuem várias habilidades físicas, como nadar, subir em locais altos se houver base de apoio, saltar, equilibrar-se em fios e mergulhar, entre outras.

Encontram principalmente no lixo doméstico o seu alimento. Os roedores escolhem aqueles alimentos que estão em condições de serem ingeridos, pois, por meio do seu olfato e paladar apurados separam os alimentos de sua preferência e ainda não estragados. São considerados onívoros, isto é, alimentam-se de tudo o que serve de alimento ao homem.

Nas áreas urbanas encontramos três espécies de ratos: Rattus norvegicus, Rattus rattus e Mus musculus.

Rattus norvegigus

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Nas grandes cidades, os ratos perdem parcialmente algumas características de comportamento como a neofobia (desconfiança a objetos e alimentos estranhos), pela próxima convivência com o homem e devido à dinâmica da cidade.

Na abundância de alimentos, como os provenientes do lixo orgânico inadequadamente disposto ou tratado, a proliferação desses roedores tem se acentuado. É, portanto, a espécie de roedor mais favorecida pelo ambiente urbano degradado por ocupações clandestinas, adensamento de locais carentes de infra-estrutura básica de habitação e saneamento, sendo responsável por surtos de leptospirose, mordeduras e agravos causados por alimentos contaminados por suas fezes e urina.

Rattus rattus

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Conhecido como rato de telhado, rato de forro, rato de paiol ou rato preto, caracteriza-se por possuir grandes orelhas e cauda longa. Como o próprio nome já diz, costuma habitar locais altos como sótãos, forros e armazéns, descendo ao solo em busca do alimento e raramente escava tocas. Está presente e em dispersão na cidade de São Paulo.

Possui grandes habilidades, como caminhar sobre fios elétricos e subir em galhos de árvores, além de escalar superfícies verticais, adaptando-se perfeitamente à arquitetura urbana formada por grandes edifícios e casarões assobradados muitas vezes transformados em cortiços, locais onde encontra grande facilidade para se abrigar e obter alimentos, propiciando a expansão e dispersão da espécie.

Mus musculus

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Popularmente chamado de camundongo, é o de menor tamanho entre as três espécies urbanas. De hábito preferencialmente intradomiciliar, costuma fazer seus ninhos dentro de armários, fogões e despensas.

Tem comportamento curioso, sendo de presa fácil nas ratoeiras. É facilmente transportado em caixas de alimentos e outros materiais, possibilitando sua fácil dispersão na área urbana.

Por sua característica morfológica e hábitos domiciliares, o camundongo não causa a mesma repulsa que os ratos maiores, sendo até tolerado, haja vista a grande quantidade de personagens infantis inspirados nesta espécie, apesar dos riscos que potencialmente pode trazer à saúde humana.

Você encontra estas e outras informações sobre pragas no site do órgão de Controle de Zoonoses da Secretaria da Saúde e Vigilância em Saúde da Cidade de São Paulo.

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Carreira | Entrevista com Elissandra Lambert

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Se você é estudante da área de alimentos e tem interesse em conhecer um pouco mais da rotina do responsável por segurança de alimentos, este post é para você.

Segurança de alimentos é inegociável. Em geral, é comum ter um responsável, um líder neste tema dentro das indústrias de alimentos. Para mostrar um pouquinho do dia-a-dia de um coordenador de segurança de alimentos, entrevistamos Elissandra Lambert, que atualmente trabalha em uma grande multinacional e possui vasta experiência na área.

  1. Qual é sua formação e por que começou a trabalhar com segurança dos alimentos?

Sou formada em Engenharia de Alimentos pela UFRRJ. Ainda na faculdade, fiz cursos de BPF e APPCC no Senai, e comecei a me envolver com a indústria em pequena escala, durante um projeto de dois anos como bolsista PIBIC. Nesse projeto, pude aprender desde o desenvolvimento do produto, sua produção, as análises necessárias de qualidade e segurança microbiológica, de acordo com a legislação, até sua aceitação pelos consumidores. Essa pequena experiência na área de microbiologia me proporcionou um diferencial durante um processo seletivo de que participei em uma grande multinacional para uma função na área de microbiologia e para a qual fui selecionada.

Desde então, minha carreira trilhou-se para a área da Segurança de Alimentos, trabalhando com microbiologia, auditorias do Sistema de Gestão de Segurança de Alimentos (ISO 22000), sendo membro da Equipe de Segurança de Alimentos, posteriormente na função de Higienista, e há 5 anos como Coordenadora de Segurança de Alimentos.

  1. Como Coordenadora de Segurança dos Alimentos, quais são suas responsabilidades?

Na função de Coordenadora de Segurança de Alimentos, minha principal responsabilidade é prover e promover um sistema de segurança de alimentos robusto e sustentável em todo o processo de fabricação do produto seguro para que o consumidor possa consumir de olhos fechados.

  1. Conte para nossos leitores como é a sua rotina, suas atribuições…

O dia-a-dia de um coordenador dificilmente se repete no seu conteúdo. Sempre há situações novas. Participo de reuniões diárias de avaliação do dia anterior (SDCA) e reuniões semanais com visão estratégica do sistema de qualidade e segurança de alimentos (PDCA), reuniões de sistema com outras normas como gerenciamento de mudanças, reuniões extraordinárias para alinhamentos ou solução de issues e reuniões de análise crítica do sistema de gestão de segurança de alimento. Em cada caso, avalio a situação, levanto oportunidades de melhoria e/ou trato algum desvio ocorrido nos monitoramentos e padrões definidos (ex: PCC, PPR) avaliando impactos e necessidades. O GEMBA (chão de fábrica) faz parte do meu dia a dia, afinal é lá que tudo acontece. Coordeno uma equipe pequena ligada aos assuntos de higiene e sistemas e juntos levantamos melhorias, implantamos e implementamos novas metodologias, desenvolvemos programas de capacitação para nossos colaboradores e apoiamos o processo produtivo como um todo para produção segura.

  1. Quais foram, ou têm sido, os maiores desafios em coordenar segurança de alimentos em uma multinacional?

O maior desafio é me desafiar e desafiar minha equipe diariamente. Inovamos em sistemas cada vez mais precisos e sustentáveis na prevenção de defeitos relacionados à segurança de alimentos envolvendo toda a cadeia, implementando novas legislações e requisitos internos, e mantendo todos os colaboradores capacitados e envolvidos com a criticidade merecida. 

  1. O que você recomendaria para um estudante da área de alimentos que deseja atuar nesta área? Algum conselho?

Um conselho: não confie em fórmulas prontas para a prática de segurança de alimentos. Sim, existem sistemas e metodologias prontas, mas que deverão, contudo, ser ajustáveis ao seu processo. Será sempre preciso estudar e entender qual a real necessidade do seu processo considerando o tipo, qual perigo existente, a qualificação e amadurecimento da sua mão-de-obra e a cultura local. Também é fundamental considerar especialização em cursos extras como a norma FSSC 22000, APPCC, BPF, e se aprofundar nos assuntos de segurança de alimentos por leituras de artigos, revistas relacionadas, inclusive pelo blog Food Safety Brazil, que é uma ótima fonte de diversos assuntos relacionados ao tema. Somente após esta formação, conseguirá implementar um sistema seguro. Se me perguntarem: é fácil? Direi não. Mas é prazeroso se desenvolver e ver acontecer. 

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Tem um amigo louco por segurança de alimentos?

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A resposta é sim? Ela se aplica a você também?

Então talvez você também goste de “recomendar para seu amigo” esses conteúdos do Food Safety Brazil, que podem te ajudar a preparar refeições mais seguras e livres de surtos alimentares:

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Anvisa aprova propostas de regulamentação da rotulagem da lactose

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Por votação unânime, a Diretoria Colegiada da Anvisa aprovou hoje, 31/01/17, as propostas de regulamentação da rotulagem da lactose, que foram apresentadas neste post. Assim, os rótulos de todos os alimentos e bebidas industrializadas no país terão que apresentar, em até dois anos, alertas sobre a presença de lactose na composição dos produtos.

Os prazos indicados nas propostas começam a correr apenas após a publicação das resoluções no diário oficial. Vale destacar que os Diretores Fernando Garcia Neto, relator do processo, Renato Porto, José Carlos Moutinho e o presidente Jarbas Barbosa, que participaram do debate sobre a regulamentação de alergênicos, relataram a experiência adquirida naquele processo e destacaram o papel da Anvisa de garantir clareza nos rótulos de modo que o consumidor possa compreender o conteúdo dos produtos e, assim, fazer as suas escolhas com segurança. 

Em julho de 2016, o governo sancionou a lei que obrigava a inserção do alerta nas embalagens, mas faltava regulamentar como isso seria feito. Pela nova norma, haverá três tipos de alerta, dependendo da quantidade de lactose contida no alimento. Produtos com teor de lactose superior a 100 mg/100 g ou 100 ml devem apresentar, abaixo da lista de ingredientes, a inscrição “contém lactose”. Já os que tiverem quantidade menor do que 100 mg/100 g deverão conter a indicação “isento de lactose” ou variações como:  “0% lactose”, “sem lactose” ou “não contém lactose”.

Haverá ainda um terceiro alerta, válido para a indústria de alimentos para dietas especiais ou com restrição de lactose. Neste caso, o produto poderá apresentar a informação “baixo em lactose” ou “baixo teor de lactose”, desde que a quantidade da substância seja correspondente a 100 mg ou até 1 g por 100 g.

A lei aprovada em julho passado tinha previsão para entrar em vigor ainda neste mês, mas com a nova regulamentação, o consumidor só deverá encontrar a mudança nas embalagens em 2019. Segundo a Anvisa, o novo prazo atende à reivindicação da indústria de alimentos e de seus fornecedores, que alegam custo elevado para a mudança e curto prazo para adaptação.

Fontes: Anvisa e Uol

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PPR disponível e novo escopo para FSSC 22000: Armazenamento e Distribuição

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A Foundation, proprietária do esquema de certificação em segurança de alimentos FSSC 22000, anunciou neste mês de janeiro de 2017, que a especificação técnica para o programa de pré-requisitos (PPR) em segurança de alimentos para o setor de armazenamento e distribuição foi publicada (norma NEN-NTA 8059). A Versão 4 do esquema FSSC 22000, que comentamos aqui neste artigo, já inclui a expansão do escopo para certificação das organizações ativas na cadeia produtiva de alimentos, que prestam serviços nas áreas de transporte rodoviário, ferroviário, fluvial, marítimo e aéreo, e armazenamento. Com o PPR devidamente publicado, as empresas do setor de armazenamento e distribuição já podem realizar a implementação e buscar a certificação.

Durante a fase de elaboração da especificação técnica deste PPR de armazenamento e distribuição, a FSSC liderou um grupo de trabalho multidisciplinar para avaliar os comentários realizados durante os 30 dias em que a consulta pública ao primeiro esboço do PPR esteve aberta. O resultado de auditorias-piloto conduzidas na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia também foi incorporado ao documento final. Diversos comentários úteis foram fornecidos na consulta pública, o que ajudou o grupo de trabalho a tornar os requisitos do PPR mais claros e mais facilmente auditáveis.

A melhor notícia é que a especificação técnica está disponível para download gratuito no site do NEN (Instituto Holandês de Normatização), mediante cadastro. Clique aqui para acessar o site.

Você pode também consultar mais informações sobre armazenamento e distribuição diretamente no site da FSSC, clicando aqui.

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Entrevista Beach Park II: Treinamento de colaboradores

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O Food Safety Brazil teve a oportunidade de entrevistar a Gerente de Desenvolvimento de Alimentos e Bebidas do Beach Park, Luciana Adriano, e a Supervisora de Qualidade e Segurança de Alimentos, Maciella Gamma, que também é colunista do blog. O Beach Park é um complexo turístico à beira-mar, localizado em Aquiraz, Ceará, formado por parque aquático, hotéis e resorts. A empresa é uma das únicas do setor hoteleiro nacional a possuir certificação ISO 22000 em seu Sistema de Gestão e nos recebeu para uma entrevista antes do Workshop Food Safety na Prática.

A entrevista foi separada nos seguintes temas:

Veja também a entrevista com a Gerente de Food Safety do Copacabana Palace, aqui.

Como é o processo de treinamento de novos colaboradores?

Maciella: Temos uma cozinha escola, pela qual todo funcionário de A&B que entra no Beach Park passa, antes de ir ao setor – em uma semana de integração. Tem 2 dias do RH, no qual são passados os procedimentos do Beach Park, missão, visão, valores, conduta, enfim: tudo o que ele precisa saber da empresa. Os 3 dias seguintes são na cozinha escola, na qual há uma nutricionista que fica o dia inteiro dando treinamento em segurança de alimentos, teórico e prático. Por exemplo, ela ensina verbalmente como higieniza o hortifrutigranjeiro, e depois eles vão para a pia para fazer o procedimento. Eles são avaliados na parte teórica via prova escrita, e na parte prática, via check-list prático. Se ele não passar nestas avaliações, ele não vai para o setor – volta novamente para treinado, por mais uma semana. O novo colaborador só é liberado quando temos certeza de que ele está fazendo tudo direitinho.

Mais um exemplo: quando a nutricionista finaliza um módulo de recebimento e armazenamento, há uma prática simulando um recebimento. No meio a gente coloca uma latinha avariada, um produto vencido, observa se eles estão atentos a isso, se estão registrando na planilha também. Por isso que existe o check-list prático: a nutricionista e a auxiliar de nutrição deixam os novos colaboradores à vontade e ficam apenas observando.

Luciana: Fora o uso para segurança de alimentos, a cozinha escola também é usada para gastronomia, pois também temos uma certificação em gastronomia básica. É uma escola que não para!

Estas duas pessoas então trabalham apenas com treinamentos de novos entrantes?

Maciella: Nestes três dias sim, mas nos outros dias fazem visitas aos setores e outras tarefas.

Que materiais vocês usam?

Maciella: Vídeo-aulas, cartilhas bem didáticas, toda em desenho (Qualidade em Quadrinhos). Temos todos os módulos e os plastificamos. Nos treinamentos, temos um momento de ler a cartilha e promovemos a discussão, no final de cada cartilha tem exercícios, são bem legais.

Se acontece alguma falha prática, o colaborador volta para a escola?

Maciella: Pode acontecer. Se nas visitas for detectada alguma falha que seja comprometedora, o colaborador tem que ser reencaminhando para a cozinha escola, comunicamos o gerente, já aconteceram demissões por questões como essa… o setor de Qualidade e Segurança de Alimentos é muito atuante e todos os gestores são nossos parceiros.

E sobre os treinamentos periódicos?

Maciella: Nós consideramos que os treinamentos têm validade de 2 anos, que é a mesma validade da certificação da empresa. Após os 2 anos, o colaborador vai novamente para a cozinha-escola e passa pelo mesmo processo.

Esta parte de treinamento é algo muito fixo na cabeça dos nossos colaboradores, pois as visitas das nutricionistas têm foco educativo. As falhas que são percebidas são apontadas na hora, o gestor já é comunicado e há registros disso. Toda visita tem um relatório e a Diretoria fica ciente das falhas que estão acontecendo, ou se está bem. As visitas acontecem todos os dias, de domingo a domingo, e duram 4 horas – todo dia em restaurantes diferente.

De que outra forma vocês comunicam os procedimentos para os colaboradores?

Luciana: Nós temos procedimentos operacionais bem visuais que ficam à disposição dos colaboradores, de forma impressa, ao lado de onde será executada esta tarefa – na parede.

Ninguém consegue passar uma RDC para os colaboradores – precisamos buscar uma forma mais didática. No início quem fazia isso para nós era o Marketing, mas com o volume de procedimentos nós adquirimos o Corel e fazemos por aqui mesmo.

A Gastronomia também usa procedimentos de preparação e montagem de pratos. Estes procedimentos são posteriormente auditados pelo Cliente Oculto – que faz pedidos para o room service, de forma aleatória, mensalmente, para conferir o serviço: tempo de atendimento, postura, adequação do uniforme, etc.

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Legislações de BPF

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Atendendo aos pedidos dos leitores, compilamos algumas legislações de BPF aplicáveis em alguns Estados e na Federação, além de algumas destinadas a segmentos específicos, para auxiliar nas buscas sobre o tema. Aproveitem:

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Segurança dos Alimentos e Cannabis: fabricantes criam normas próprias enquanto as leis não chegam

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Com mais e mais estados votando para legalizar a cannabis, a maconha legal é uma das indústrias de mais rápido crescimento nos Estados Unidos. As vendas legais nacionais da cannabis em 2015 levantaram-se a $ 5.7 bilhões, sendo em 2014 já $ 4.6 bilhões. As projeções para o futuro são brilhantes: até 2020 as vendas legais do mercado devem superar os $ 22 bilhões.

No entanto, uma vez que o governo federal não reconhece a cannabis como legal, a indústria não tem uma estrutura comum ou normas federais para a segurança alimentar. Comparado com outras indústrias, como produtos farmacêuticos e alimentos, a indústria de cannabis está faltando normas federais vitais, deixando as empresas a intensificar por conta própria.

Cada estado que permite a cannabis legal oferece regulamentos especiais que a indústria de cannabis deve seguir, deixando um patchwork de regulamentos que variam em cada jurisdição. Em estados como o Colorado, leis foram escritas que aplicam as normas do departamento de saúde do estado ou permitem a aplicação cidade por cidade das normas locais. Em outros estados, processos de leis de alimentos ou drogas são aplicados, mas muitas vezes não estão conectados de maneira significativa ou prática.

Nesse contexto, as empresas que produzem e vendem produtos infundidos com maconha têm um desafio considerável à frente deles, se quiserem garantir que seus produtos são seguros para os consumidores e, no processo, manter a confiança dos consumidores.

Legislação e legalidade flexíveis

Não surpreendentemente, há desafios para a maconha que não são encontrados em outras indústrias. Talvez o obstáculo mais óbvio seja o estatuto federal da folha medicamente significativa: Cannabis está atualmente listada como um narcótico ao lado de heroína e LSD, enquanto a Agência de Controle de Drogas dos EUA considera os opióides como oxycodone mais seguro e permite distribuição generalizada. No momento em que este texto foi escrito, apenas 25 estados legalizaram a maconha para fins medicinais, e apenas quatro estados legalizaram a substância para uso adulto (cannabis recreativo). Por esta razão, a regulamentação da maconha por agências federais como a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA é inexistente, tornando difícil para a indústria estabelecer um conjunto abrangente e viável de diretrizes. E enquanto a FDA “está ciente de que há um interesse considerável no uso de [cannabis] para tentar tratar uma série de condições médicas”, segundo seu site, [2] a agência ainda não considera a cannabis como uma droga segura e eficaz, deixando assim um vácuo para supervisão e orientação sobre segurança e produção.

Semelhante aos problemas encontrados devido ao estatuto legal da cannabis são aqueles causados por práticas de testes da indústria. As normas presentes na indústria de alimentos não estão em vigor na indústria de cannabis. Embora a legislação imponha o teste, os laboratórios operam com diferentes equipamentos, normas e métodos de teste, e tendem a manter seus métodos secretos, impedindo que os produtores possam realizar uma auditoria de terceiros para validar processos e materiais, como é feito em alimentos e medicamentos.

Com estes dois desafios em mente, não surpreende que as regulamentações relativas à indústria de cannabis são muitas vezes confusas e impraticáveis. A ausência de normas e práticas coesas em relação à potência e pureza levou a indústria a inovar e criar práticas que imitam outras indústrias estabelecidas, mas não são suficientes.

Como evidenciado em todo o país, o movimento em direção a uma indústria de cannabis segura e bem regulamentada tem sido incompleta. No Colorado, por exemplo, os fabricantes devem cumprir com as práticas gerais de saúde e saneamento do estado, que incluem treinamento de saneamento obrigatório, semelhante ao treinamento oferecido aos envolvidos na indústria de alimentos. Embora seja útil para manter uma instalação limpa, modelar o programa de treinamento após o da indústria de alimentos torna-o inadequado, pois não aborda questões específicas de cannabis como a potência, os efeitos da cozedura ou outros métodos de produção e as quantidades de tetrahidrocannabinol (THC) dos produtos.

Portanto, sem normas sólidas e orientações a seguir, as empresas são muitas vezes deixadas a classificar por si próprias, resultando em interpretações vagas das regras existentes de outras indústrias. Felizmente, muitas empresas estão liderando o caminho para sair dessa confusão e optar por implementar normas de segurança alimentar e Boas Práticas de Fabricação (BPFs).

Líderes da indústria criam seus próprias normas

Se as empresas são deixadas para se defenderem, então o que exatamente os líderes da indústria estão fazendo para se tornarem compatíveis com o governo federal e cumprir as diretrizes de segurança alimentar? Em geral, as empresas de cannabis consideram a segurança dos consumidores a sua principal prioridade. No entanto, se eles não aderem a qualquer tipo de diretrizes de segurança alimentar, além da possível perda de confiança dos consumidores, as implicações são semelhantes aos da indústria alimentar. Para a produção de comestíveis, uma empresa de cannabis deve estabelecer testes para biocontaminantes e patógenos que espelham as normas para a produção de alimentos. Se uma empresa encontrasse um problema potencial de contaminação, então a destruição do produto ou a realização de um recall seria necessário. No entanto, novamente, não há nenhuma orientação federal, e assim as empresas e os estados são deixados implementando níveis variáveis de monitoramento, relatórios e procedimentos para lidar com tal incidente.

Em suma, eles estão elaborando e implementando seus próprias normas elevadas em segurança alimentar e programas de conformidade. Embora isso varie de empresa para empresa, as maiores empresas estão intensificando as exigências federais, como BPFs e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (HACCP), mesmo antes exigido por lei. As mais avançadas estão contratando gerentes, auditores e consultores experientes em BPF e HACCP para estabelecer melhores práticas que imitam aqueles em indústrias paralelas.

Como as empresas de cannabis podem tornar a segurança alimentar uma prioridade

As empresas que procuram aderir ao movimento progressista em direção a uma indústria de cannabis mais segura devem implementar um punhado de táticas imediatamente. Em primeiro lugar, elas devem se concentrar na aplicação de normas da indústria alimentar. As empresas devem estar cientes do efeito das bactérias em seus produtos e fazer perguntas, incluindo: A refrigeração é necessária para evitar a contaminação? As mercadorias estão sendo armazenadas corretamente e os consumidores estão recebendo instruções detalhadas de armazenamento? Por último: as instalações são limpas? Estas são perguntas simples para pedir no papel, mas algumas empresas lutam para respondê-las, mesmo que a implementação de normas da indústria alimentar seja uma das coisas mais básicas que uma empresa pode fazer para melhorar a segurança de seus produtos.

As empresas de cannabis preocupadas com a segurança também precisam garantir uma dosagem adequada. Embora a legislação varie em estados, nenhum estado neste momento exige que as empresas testem a consistência dos lotes em cada fase do processo de produção. No entanto, esta etapa é essencial se uma empresa quer garantir a dosagem adequada em cada bem que produz. Os métodos de cozedura e os processos de produção podem alterar substancialmente a dosagem pretendida de um produto, de modo que a quantidade resultante de cannabis no produto possa ser completamente diferente do que foi planejado.

Embora seja fácil direcionar a culpa aos reguladores, essas lacunas nos mandatos podem ser abordadas frontalmente e, em alguns casos, resolvidas pela indústria de cannabis. Tudo o que é necessário é ação progressiva. Em vez de esperar que os regulamentos de segurança alimentar sejam aplicados à indústria da cannabis, as empresas podem implementar as suas próprias. Serem rigorosas com a dosagem dos produtos. Teste cada lote para garantir a dosagem adequada. Mantenha sua empresa nos normas da indústria de alimentos. Contratar gestores experientes em BPF e HACCP.

É impossível ignorar o crescimento da indústria de cannabis nos últimos anos. Conforme demonstrado por números de mercado e novos produtos, a indústria tem visto um influxo de interesse dos consumidores, bem como a prosperidade econômica durante a sua meteórica ascensão para se tornar a terceira indústria de crescimento mais rápido nos Estados Unidos. No entanto, com este crescimento vem a necessidade de segurança de alimentos e acessibilidade. Como um item pode atender aos normas da indústria quando não há indústria regulada federalmente? Além disso, como as empresas devem se adaptar quando as leis são postas em prática? Para algumas empresas, a falta de estrutura coerente é um prejuízo para a expansão e, finalmente, resulta em falha

Fontes

1. Arcview Market Research;
2. FDA.

 

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Engenheira de Alimentos de companhia aérea fala sobre sua rotina de trabalho

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Quando estamos na graduação, nossos professores nos informam quanto aos campos de atuação de nossa profissão. Pensar na indústria alimentícia é umas das principais opções para alguém que deseja atuar na área de Food Safety, mas você já pensou em trabalhar numa companhia aérea? Quais seriam as principais atribuições do cargo? Quais conhecimentos seriam exigidos deste profissional? Estas, entre outras perguntas, serão respondidas logo mais.

Buscando trazer luz aos questionamentos, o blog Food Safety Brazil entrevistou a engenheira de alimentos Jacqueline Nochi, Analista da Qualidade de Serviço a Bordo em uma famosa companhia aérea operante no Brasil.

  1. Jacqueline, obrigado por aceitar o convite. A primeira pergunta que gostaria de fazer é quais foram os caminhos que você trilhou até chegar neste atual cargo?

Humberto, logo após a graduação, eu participei de um processo seletivo de Trainee de uma usina produtora de açúcar e etanol e, uma vez aprovada, trabalhei por 3 anos na área de qualidade de produtos acabados (açúcar cristal e refinado). Durante este período, fiz pós-graduação à distância em Segurança de Alimentos e estive em constante contato com as ferramentas da qualidade e auditorias das normas ISO 9000 e FSSC 22000.

Comecei a buscar outra oportunidade em São Paulo, quando me candidatei à atual vaga, pois havia me interessado muito pelo desafio. No início de 2016, iniciei como Analista de Qualidade de Serviço a Bordo nesta companhia, onde trabalho atualmente.

  1. Quais as principais atribuições do seu cargo?

Primeiramente vou explicar como este mundo dinâmico funciona. As companhias aéreas têm parcerias firmadas com fornecedores ao redor do mundo, que garantem a preparação e entrega do serviço de bordo de cada voo. Nestes locais, há uma grande operação para abastecer todos os voos, com rígido controle de qualidade, baseado em padrões internacionais. Sendo assim, todos os alimentos são preparados sob um rigoroso controle, baseado nos princípios do HACCP. Como analista da qualidade, minha responsabilidade é trabalhar em parceria com estes fornecedores, desenvolvendo-os através de indicadores de performance, e também realizando reuniões e as Auditorias de Qualidade.

O analista, como o próprio nome diz, trabalha muito com informações e acompanha a execução do que foi previamente definido. Você deve estar pensando: você viaja muito? Sim! Temos que viajar para visitar e auditar os fornecedores, mas não trabalhamos voando, o nosso trabalho é em solo durante a preparação dos alimentos, além de gerenciar todos os dados obtidos neste processo.

  1. Como funciona a gestão de alimentos alergênicos visto que uma emergência em pleno voo poderia ser fatal?

Neste ponto, em determinados voos, as companhias oferecem aos passageiros alimentações especiais para dietas restritivas, como por exemplo, alergias e intolerâncias. O passageiro pode consultar nos meios de contato das companhias para verificar o que estará disponível para a rota, bem como solicitar uma refeição adequada.

  1. Qual o perfil ideal de um profissional da qualidade (alimentos) de uma companhia aérea? Seriam os mesmos de uma indústria? Deixe por fim uma dica aos estudantes ou profissionais que buscam (re)colocação.

As competências são as mesmas exigidas por qualquer indústria ou serviço de alimentação: conhecimento nos princípios da Segurança Alimentar e no sistema HACCP, bem como as BPF, Controle de Pragas, Rastreabilidade, Higiene de Funcionários e Manipuladores, Treinamentos, entre outros. É importante também ter conhecimento das Ferramentas da Qualidade, como Ishikawa, 5W2H, Diagrama de Pareto, PDCA, entre outras, para trabalhar com os dados. Toda experiência é importante e em todos lugares e trabalhos você pode aprender alguma nova informação. A experiência na indústria e com as auditorias me ajudou, mas as oportunidades estão aí e são elas que ajudarão os profissionais a se desenvolverem para chegar onde desejam.

Enfim, a minha dica é: aproveitem ao máximo o que os professores e os colegas têm a ensinar, ensinamento nunca é demais. Estejam abertos às novidades, estudem e  mantenham-se informados; trabalhem com o que amam! Assim, mesmo com todas as dificuldades, você estará realizado.

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Jacqueline Nochi é Engenheira de Alimentos pela Universidade Estadual de Maringá – UEM PR, com especialização em Gestão da Segurança dos Alimentos pelo SENAC SP, e atualmente é Analista da Qualidade de Serviço a Bordo de uma companhia aérea.

 

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A contribuição da inspeção ante-mortem de frangos para a Segurança de Alimentos

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Há dois tipos de inspeção sanitária em abatedouros-frigoríficos, segundo o RIISPOA, chamadas de ante-mortem e post-mortem. Como a própria raiz da palavra (em latim) quer dizer, ante-mortem é aquela realizada com o animal ainda vivo e post-mortem, por outro lado, refere-se àquela das carcaças e vísceras dos animais. Todavia, qual a importância delas para a Segurança dos Alimentos? Hoje falaremos sobre a ANTE-MORTEM.

Segundo a Portaria SDA 210/98 do MAPA, a inspeção ante-mortem compreende no exame visual dos lotes de aves destinadas ao abate e do conjunto de medidas adotadas para o processamento industrial, além de ser uma atribuição exclusiva do médico veterinário oficial encarregado da unidade, em outras palavras, consiste na verificação da documentação sanitária do lote e da avaliação clínica da saúde das aves nas gaiolas (paradas) e no cercado (em movimento).h2h1

Figura – Realização da inspeção ante-mortem –  Esquerda: avaliação documental (FAL – Ficha de Acompanhamento do Lote e BS – Boletim Sanitário); Direita: avaliação clínica da saúde das aves nas gaiolas.

Fonte: Arquivo Pessoal.

O objetivo da inspeção ante-mortem é:

  1. Evitar o abate de aves com repleção do trato gastrointestinal (respeitar jejum);

As aves devem chegar ao abatedouro com jejum de no mínimo de 6 a 8 horas, não podendo ultrapassar 12 horas (falha de bem estar animal). O objetivo é esvaziar o trato gastrointestinal das aves e assim diminuindo a probabilidade de contaminação cruzada por conteúdo fecal ou do papo, consequentemente, aumentando a segurança sanitária do processo. Também é comum, nos últimos dias de vida das aves na granja, ingerirem água com ácidos orgânicos, a fim de reduzir a colonização de Salmonella sp nos intestinos dos animais.

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Figura: Com os comedouros suspensos as aves não têm acesso à ração, todavia as mesmas continuam ingerindo água até momentos antes da apanha.

Fonte: Google Imagens.

Caso o jejum mínimo não seja respeitado, isto é, caso os animais cheguem ao estabelecimento com jejum inferior a 6 horas, e for constatado no exame clínico que os mesmos estão com papo cheio, estas aves devem ser abatidas considerando um risco iminente de contaminação por Salmonella sp. (Descreverei em uma futura postagem como funciona esse abate sanitário).

  1. Conhecer o histórico do lote, por meio do Boletim Sanitário, para evitar o abate em conjunto de aves que tenham sido acometidas por doenças que justifiquem o abate em separado (exemplo, lote acometido por Aerossaculite – generalizado);

O Boletim Sanitário nos permite conhecer:

  • Procedência e número de aves da referida granja;
  • Doenças detectadas no lote pelo Veterinário responsável pela granja;
  • Se houve algum tratamento e agente terapêutico usado durante a criação das aves;
  • Data da suspensão da ração com antibióticos ou coccidiostáticos (caso a empresa utilize);
  • Data e hora da retirada da alimentação sólida (suspensão dos comedouros);
  • Entre outras informações.

O procedimento de conferência do Boletim Sanitário é uma ferramenta importante para a inspeção sanitária oficial, pois ações corretivas antecipadas podem ser tomadas em caso de não conformidades. Por exemplo, se durante sua conferência, o veterinário oficial constatar que o lote está com alta incidência de Aerossaculite (inflamação dos sacos aéreos), a velocidade das nóreas deverá ser reduzida gradativamente a fim de que a equipe de inspeção sanitária post-mortem tenha maior acuidade visual e as partes das carcaças e vísceras afetadas sejam devidamente descartadas.

  1. Detectar doenças que não sejam possíveis de identificar no exame post-mortem, especialmente aquelas que afetam o sistema nervoso (por exemplo, a Doença de New Castle manifesta sintomatologia nervosa e como poderíamos observá-la após a morte do animal?);

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Figura: Inspeção da ave em movimento.

Fonte: Arquivo Pessoal.

Certas doenças das aves, como a Doença de Marek, podem causar lesões nervosas. Embora as empresas vacinem os animais contra esse vírus, faz parte do programa sanitário do MAPA verificar, durante a inspeção ante-mortem, suspeitas de doenças de notificação obrigatória (como a Marek).

É comum que um animal acometido por essa doença viral apresente paralisia de asa(s) ou pata(s) devido à lesão do nervo radial ou ciático respectivamente. A ave apresenta “asa caída” ou uma “pata se arrastando”. Eu lhe pergunto: Será que conseguiríamos suspeitar dessa doença com a ave já abatida? Certamente não. Por isso a importância da inspeção clínica afinal se ela apresentar uma paralisia do nervo ciático unilateral, por exemplo, uma de suas patas estará se arrastando. Para tirar a “prova real” de que se trata da doença viral e não de uma fratura, mais aves deverão ser avaliadas.

  1. Identificar lotes com suspeitas de problemas que justifiquem redução na velocidade normal de abate para um exame mais acurado;

Durante o exame clínico das aves pode-se detectar algumas lesões ou doenças em elevada porcentagem se esse lote tiver um status sanitário ruim. Se isso acontecer é necessário reduzir a velocidade de abate antes de pendurar as aves na nórea, a fim de corroborar com a inspeção sanitária post-mortem. Essa redução de velocidade é importante para não permitir que carcaças com lesões passem pela inspeção sem a devida análise e sigam para a sala de cortes, onde gerariam possíveis contaminações cruzadas.

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Figura: Carcaça com Dermatose na região da sobrecoxa.

Fonte: Arquivo Pessoal

  1. Possibilitar a identificação de lotes de aves que tenham sido tratadas com antibióticos, para efeito de sequestro, objetivando a realização de análises laboratoriais que detectem a presença de resíduo na carne;

Nesse caso a inspeção de maior relevância é a DOCUMENTAL. Através do Boletim Sanitário e FAL o veterinário oficial consegue detectar se aquele lote foi medicado e se o período de carência foi respeitado. Supondo que o lote chegue para o abate, onde foi constatado o uso antibiótico terapêutico com período de carência desrespeitado, qual seria a conduta mais eficiente?

Primeiramente o lote será abatido e depois sequestrado para envio de amostra para um laboratório credenciado ou habilitado. Será quantificado o resíduo do medicamento na carne e caso esteja dentro do LMR (Limite Máximo de Resíduo), estabelecido pelo Codex Alimentarius, o produto será liberado para venda (consumo). Mas e se estiver acima do LMR? Podemos enviar para Graxaria (Fábrica de Farinhas)? Não! Porque este resíduo passaria adiante para os animais que consumissem a ração, dando margem ao desenvolvimento de resistência ao antibiótico. O procedimento correto é destinar ao aterro sanitário, com todo procedimento ambiental adequado.

Conclusão

Busquei abordar de forma resumida os principais pontos da inspeção ante-mortem e acredito que foi possível entender sua importância para a Segurança dos Alimentos. Sem ela, certamente comprometeríamos a qualidade sanitária dos produtos de origem animal.

Você gostou dessa postagem? Dê um feedback aqui nos comentários e se possível deixe alguma sugestão de postagem que envolva abate e processamento de frangos, tentarei contribuir com minha experiência.

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