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Validação de Limpeza | Manual Gratuito EHEDG

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Na palestra realizada por Juliane Dias, no evento “Fórum de Food Safety” no dia 09/11, foi abordado o tema Validação de Limpeza. Esta é uma etapa importante para redução dos riscos de segurança dos alimentos, proteção da marca da empresa, garantir a correta rotulagem de alergênicos, atender requisitos legais europeus e para atendimentos de normas, como a BRC e a FSSC 22000.

O que é?

É a formalização das evidências de que os processos de limpeza, com ou sem desinfecção, se propriamente implementados, são consistentemente eficazes para atingir um nível de higiene desejado.

Quando realizar?

O ideal é que novas linhas sejam validadas antes da venda do primeiro lote produzido. Para linhas já existentes a validação deve ser retrospectiva, ou seja, avaliação dos procedimentos de limpeza já definidos garantindo que atendem aos critérios de segurança dos alimentos.

Como realizar?

A EHEDG (European Hygienic Engineering and Design Group) publicou um manual gratuito sobre validação de limpeza para a indústria de alimentos.

Este guia divide a validação em 5 etapas:

Etapa 1: Pré-requisitos

  • Qualificação do equipamento: Garantir que os equipamentos e utensílios são adequados para o uso pretendido, que atendem a projetos sanitários, que possuem acesso para todas as limpezas e que são compatíveis com  os procedimentos e produtos de limpeza;
  • Avaliação de riscos: Descrever as partes do equipamento com maior dificuldade de limpeza. Determinar a frequência e grau de limpeza requerido, com base nas características do equipamento e produto;
  • Critério de aceitação: Definir o grau de limpeza esperado com base na análise de risco realizada. Deve-se determinar o critério de aceitação para cada produto ou família de produtos, de acordo com suas características;
  • Técnicas de amostragem / Métodos analíticos: Descrever as técnicas de amostragem (visual, por superfície direta ou análise da última água de enxágue) que serão utilizadas. O método analítico deve ser específico para o contaminante a ser analisado, validado e com limites de detecção ou quantificação conhecidos;
  • Procedimento de simulação da sujidade: Definir como será feita a simulação da sujidade ou considerar o cenário real mais crítico (condição ou conjunto de condições que representam a maior chance do produto ou processo de limpeza falhar);
  • Procedimento de limpeza: Descrever os agentes de limpeza e desinfecção, qualidade da água, parâmetro de processo de limpeza, responsabilidade e capacitação do pessoal envolvido, monitoramento, incluindo calibrações.

Etapa 2: Protocolo de validação de limpeza

É o documento que contempla todos os detalhes do processo de validação de forma a garantir que todos os pré-requisitos foram contemplados. No protocolo de validação deve-se determinar qual o número de ciclos de limpeza a serem realizados consecutivamente, sendo recomendados no mínimo 3 ciclos.

Etapa 3: Processo de validação da limpeza

É avaliado a satisfatoriedade dos procedimentos consecutivos realizados (mínimo 3), ou seja, o atendimento aos objetivos da validação.

Se os objetivos não forem atingidos em algum dos procedimentos acompanhados, deve-se revisar o protocolo de validação e recomeçar as análises. O processo somente está validado quando completado o número de procedimentos consecutivos determinados.

cibele

Etapa 4: Relatório de validação da limpeza

O relatório de validação deve contemplar os resultados, registros, descrição de desvios em relação ao protocolo, conclusão das limpezas de validação e aprovação da validação.

Deve-se ainda determinar quais serão os pontos de monitoramento da limpeza, que não necessariamente precisam ser todos e os mesmos utilizados para a validação.

Etapa 5: Manutenção do status de validação

Definir qual a frequência de validação periódica e descrever quais as situações que necessitem de revalidação após mudanças (alteração de equipamentos, matérias-primas, processo, área de produção, tendências ou surgimento de resultados fora da especificação ou novas descobertas).

Autoria: Cibele Castro Silva, Engenheira de alimentos

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Workshop Food Safety Brazil – O segundo filho do blog nasceu!

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Quem já organizou um evento sabe quão trabalhoso isso é. Durante o II Workshop Food Safety Brazil, algumas pessoas me questionaram como eu estava me sentindo e eu dizia: “Estou me sentindo em trabalho de parto”. Depois de finalizado o evento, parece que o segundo filho do blog nasceu e com muita saúde e vigor (o primeiro nasceu em Fortaleza-CE). Não há mais sentimento de preocupação e sim alívio, gratidão e satisfação.

No total tivemos 72 inscritos neste Workshop, entre profissionais da indústria, professores universitários, estudantes e um representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). As áreas de atuação dos participantes eram diversas, tais como:

  • Indústria de Leite e Derivados;
  • Indústria de Carne e Derivados;
  • Indústria de Aveia, Cevada, Farinhas, etc;
  • Indústria de Embalagens;
  • Indústria de Doces;
  • Indústria de Azeite de Oliva;
  • Laboratório Análise de Alimentos (credenciado pelo MAPA);
  • Cooperativas de Grãos;
  • Indústria de Biscoitos e Bolachas;
  • Indústria de Café;
  • Serviços de Alimentação (restaurante industrial);
  • Consultoria e treinamento.

Londrina estava merendo um evento na área de Segurança de Alimentos e esse sonho foi possível graças ao conjunto de esforços do comitê organizador, palestrantes e claro, pela confiança e participação do público. O feedback que tive dos palestrantes foi sobre a excelente participação (interatividade) do público de Londrina, uma nota 10 sem titubear. Diversos questionamentos foram levantados durante e ao final das palestras, de forma que as respostas vinham não somente do interlocutor, mas também dos colegas participantes. Isso enriqueceu o evento!

Ficamos satisfeitos com a avaliação do público quanto ao conteúdo, didática e interação dos palestrantes com seus respectivos temas. De excelente (nota 10,0) a fraco (nota 2,5), a maioria dos palestrantes atingiu nota média 9,0. Os principais pontos positivos extraídos das fichas de avaliação foram: PONTUALIDADE do evento; coffee break bem servido e de qualidade; e o alto nível de conhecimento dos palestrantes. Quanto aos pontos negativos o blog os lê com critério a fim de implementar melhorias.

Muito obrigado a você que participou desse II Workshop Food Safety Brazil – Entender para realizar (Desmistificando a Segurança dos Alimentos). Agradeço também aos nossos patrocinadores: Grupo Brasmo, Sealed Air Food Care – Diversey e IFS Certification que investiram em nosso sonho; aos apoios da empresa Rumen Forte do Brasil (nutrição animal), Universidade Filadélfia – UNIFIL, Instituto Haward (escola de inglês) e a cervejaria Von Borstel. A todos vocês que possibilitaram a realização deste evento, o nosso muito obrigado.

Em breve disponibilizaremos as palestras aqui no site e você receberá essa informação por e-mail, afinal você é assinante do blog não é?

Fique ligado que o III Workshop Food Safety Brazil vem aí: primeiro semestre de 2017!

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Palestras do II Workshop Food Safety Brazil em Londrina

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Não pôde ir no II Workshop do Food Safety Brazil em Londrina? Esteve lá e quer tem alguma palestra que gostaria de consultar? Clique abaixo e faça bom uso!

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Como avaliar se o processo de fabricação de lubrificantes é Food Grade de acordo com a ISO 21469

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Há algum tempo, entre os especialistas de lubrificantes e lubrificação, existe uma discussão acerca de como se ter uma garantia total de que os lubrificantes indicados para grades especializados, neste caso especialmente “food grade”, realmente atendem a todas as exigências necessárias de forma a não conferirem risco à sua aplicação em equipamentos das indústrias alimentícias e, por conseguinte, nos alimentos produzidos por estes equipamentos onde possam ocorrer os chamados contatos incidentais e até acidentais.

A ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – que é a agência reguladora das atividades comerciais e técnicas relacionadas a lubrificantes no Brasil, através de sua Resolução nº 22 de 2014, nos ofertou um forte aceno sobre o que pode complementar e trazer um consenso para esta discussão. Nesta resolução, em seu artigo 7º , inciso X, é exigido que todos os lubrificantes indicados para fins alimentícios devam apresentar, através de seus fabricantes, o certificado de compliance com a norma ISO 21469 (Safety of machinery – Lubricants with incidental product contact – Hygiene requirements), para que este lubrificante possa ser autorizado a ser comercializado para aplicações em “food grade”. Ou seja, sem esta certificação o registro é indeferido e o produto não pode ser comercializado como grau alimentício.

A partir desta exigência somos conduzidos a uma segunda discussão. Por que exigir que as empresas estejam certificadas por este sistema se já existem programas que garantem que o produto possa ser aplicado em grades especiais? Para facilitar o entendimento devemos externar o que realmente cada sistema propõe para que, posteriormente, possa-se demonstrar o real porquê desta exigência.

O que difere o programa da ISO 21469 dos demais programas de garantia de produtos, como o programa Non-Food Compounds da NSF, por exemplo, é o fato de que os programas, como o citado, garantem apenas que os componentes ou ingredientes do produto estejam de acordo com os preceitos e níveis toxicológicos aceitáveis para considerar o produto como “food grade”. Porém, não garantem que o método de fabricação não oferte riscos adicionais ou acessórios ao produto, que é exatamente o que a certificação ISO 21469 faz ao certificar que o processo de fabricação seja seguro e profilático o suficiente para produzir um produto em grau alimentício.

Em uma analogia simples, podemos utilizar o exemplo da fabricação de uma maionese onde, em um primeiro momento, você tem a receita desta maionese e, posteriormente, você tem a produção desta maionese. Então, ao montar a receita desta maionese é contemplado que ela levará ovos pasteurizados de forma a impedir a presença de salmonela, por exemplo, e o processo de fabricação não possua controles profiláticos necessários dos equipamentos para garantir a ausência de microrganismos como o citado. Desta forma, você não tem como garantir que o produto seja isento de microrganismos que degradem o produto ou confiram riscos a saúde de quem o consuma. Ou seja, de nada adianta garantir que a receita do produto é isenta de riscos em seus ingredientes se o processo de fabricação não endossa isso.

E é exatamente isso que a ISO 21469 propõe aos lubrificantes, garantindo que os processos de fabricação dos lubrificantes sejam profiláticos o suficiente para garantirem ao produto o grau desejado e estar certificado em suas formulações. Mas quando falamos de lubrificantes, existem alguns agravantes adicionais que devemos citar. As plantas de produção de lubrificantes, na grande maioria das vezes, são plantas “general purpose”, ou seja, produzem diversos tipos de lubrificantes em um mesmo parque fabril. Neste caso, o agravante é que normalmente os lubrificantes comuns levam em suas formulações aditivos de desempenho que, não incomumente, possuem em suas composições elementos como zinco, enxofre, fósforo, molibdênio, e outros ingredientes que conferem risco à ingestão destes produtos. Portanto, a certificação ISO 21469 se faz imprescindível para que se tenha garantia total que o grade conferido ao produto realmente é garantido através de seus métodos produtivos.

Com base no exposto, podemos afirmar que, para um lubrificante ser utilizado em aplicações “food grade”, obrigatoriamente ele deve possuir certificações que garantam que sua formulação possua ingredientes atóxicos ou níveis toxicológicos aceitáveis e ainda a certificação ISO 21469 para que se garanta que no processo de fabricação não existam contaminantes que possam interferir na garantia do grau alimentício. Todo este exposto é ratificado ainda pela resolução da ANP referida anteriormente, na qual sem a apresentação destas certificações o produto não tem sua comercialização permitida, uma vez que o registro deste produto não é deferido pela ANP.

Não obstante a isso, podemos indicar que para uma maior garantia da certificação da formulação do produto, existem no mercado empresas que possuem pacotes de aditivos de desempenho para lubrificantes que já possuem certificações food grade, o que auxilia de uma forma consistente no endosso do grau alimentício.

Em um aceno final, se nos fosse concedido o direito de criar uma orientação direcionada aos auditores, consultores e profissionais da área de segurança de alimentos, da área da qualidade e outras áreas correlatas, seria indicado que fossem incluídos nos procedimentos a obrigatoriedade, para a qualificação de fornecedores de óleos e graxas lubrificantes em grau alimentício, da apresentação da certificação da formulação e a certificação referente aos processos de fabricação (ISO 21469), pois desta forma seus procedimentos estariam em “total compliance”, uma vez que as pontas das cadeias estariam fechadas.

Autor: Antonio Ticianeli Neto.

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Iniciando a carreira em segurança dos alimentos

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A escolha do primeiro emprego pode ser determinante para o resto da vida profissional. Este fato é corroborado com uma pesquisa realizada na USP, que conclui que é muito difícil o profissional formado em engenharia mudar de carreira após escolher a sua área de atuação, e a definição dessa trajetória ocorre até três anos após o primeiro emprego. 

Se é assim, então é fundamental o formando ou recém-formado estar muito ciente das suas atribuições, desafios e perspectivas daquela área que pode lhe acompanhar durante toda a vida.

Há quase 15 anos me interessei pela temática da segurança de alimentos e sigo apaixonada pelo assunto. Se você pensa em também atuar nesta área, este post é para você.

Refraseando a definição do Codex Alimentarius, segurança dos alimentos está relacionada a não produzir alimentos que causem dano ao consumidor quando preparado ou consumido de acordo com o uso ao qual foi planejado pelo fabricante. Assim, o alimento deverá ser entregue isento de perigos biológicos, físicos e químicos, ou com certos perigos dentro de níveis que sejam seguros e considerados aceitáveis para a população alvo.

De que maneira um profissional poderá contribuir com a segurança dos alimentos?

Em empresas de grande porte geralmente há um departamento com foco em qualidade e segurança dos alimentos e assim as atividades podem ser direcionadas para profissionais específicos. Nas organizações de menor porte, onde o profissional talvez tenha que “conhecer de tudo um pouco” algumas atividades possíveis são:

  • Revisar e monitorar especificações de matérias-primas e produtos acabados, pois elas são o ponto de partida para exigir dos fornecedores os controles e monitoramentos adequados;
  • Acompanhar legislações de segurança de alimentos e assegurar que elas sejam cumpridas dentro da empresa;
  • Treinar e supervisionar pessoal para que cumpram as regras de boas práticas de fabricação;
  • Monitorar a condição higiênico-sanitária dos processos de fabricação;
  • Desenvolver rotinas de controles da empresa (ex: check-lists para inspeções);
  • Auxiliar ou fazer parte de equipe multidisciplinar responsável pela estruturação, documentação, implementação e atualização dos estudos APPCC;
  • Selecionar soluções no mercado para serem usados na empresa (de itens simples como uma escova de limpeza até um equipamento, método de análise, ou uma empresa de consultoria);
  • Realizar auditorias internas, em fornecedores ou atuar como auditor de terceira parte, a certificação. Veja a série sobre a carreira de auditor aqui;
  • Definir dizeres de rotulagem para que seja feito o devido uso do produto;
  • Gerenciar resultados de análises realizadas por laboratórios internos e externos (apreciação de laudos);
  • Atuar no laboratório interno da empresa;
  • Acompanhar visitas de clientes e de autoridades sanitárias em suas visitas, fiscalizações ou inspeções;
  • Ser a ponte entre departamentos como produção, manutenção, compras e P&D, entre outros para assuntos de segurança dos alimentos;
  • Fazer parte da equipe responsável pela estruturação, documentação, implementação e atualização de sistemas de gestão.

Embora a lista acima seja extensa, ela não possui a pretensão de esgotar o assunto. A temática da segurança de alimentos é rica e cada empresa pode se organizar de forma específica. 

Para realizar bem estas atividades, o profissional bem-sucedido deve ter competências de comunicação, persistência, foco no resultado e negociação, bem como ter interesse em sempre se manter atualizado, pois os conhecimentos técnico-científicos estão sempre trazendo novo olhar sobre os desafios do segmento.

Créditos de imagem: Food Manufacture.

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Cuidar da Qualidade e Segurança de Alimentos é uma nobre e dura missão!

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Um post baseado nas observações dos nossos leitores e dedicado totalmente a eles.

O II WORKSHOP FOOD SAFETY BRAZIL, realizado em Londrina (PR), reuniu gente muito boa para a discussão de assuntos relacionados ao dia a dia da Qualidade e Segurança de Alimentos.

De um lado, os palestrantes que contribuíram mais uma vez com a disseminação da cultura da Segurança de Alimentos, algo que faz parte do seu dia a dia.

Do outro lado, os ouvintes oriundos de diversos segmentos da indústria de alimentos e instituições ligadas à formação ou à promoção da produção do alimento seguro.

E foi dos comentários dos ouvintes e leitores do blog que surgiu este texto.

Os comentários e as mensagens que recebemos são, talvez, a melhor forma de inspiração que temos!

Uma compilação dos comentários gerou a seguinte lista:

  1. Falta de comprometimento da alta direção, no cumprimento quanto à Segurança de Alimentos;
  2. Real comprometimento da alta gestão com a Segurança de Alimentos;
  3. Manter manipuladores motivados para a Qualidade e Segurança de Alimentos;
  4. Como abordar de forma efetiva a implementação, hábitos de higiene na indústria de alimentos devido ao perfil atual dos funcionários ou praticar as normas de higiene;
  5. Mudança de cultura com relação à segurança de alimentos;
  6. Segurança de Alimentos X Custos;
  7. A certificação de um fornecedor em uma norma que garante o controle dele em relação à matéria fornecida, teria a obrigação do envio de documentos que comprovem o atendimento a especificação (baseada na legislação)?
  8. Maior desafio: como homologar estes fornecedores? Como controlar o perigo Metais Pesados?
  9. Até quando o Custo será fator determinante de compra?
  10. Equilíbrio entre Custo e Qualidade: até onde a qualidade do produto, fornecedor, ou sistema de gestão será fator determinante de compra?
  11. Rastreabilidade em toda a cadeia de fornecimento;
  12. Desenvolvimento de alimentos sustentáveis, com redução máxima de desperdícios com foco na segurança dos alimentos com maior cumprimento e adequação às normas de certificação. Além disso, a busca por padronização das normas. Maior esclarecimento das legislações referentes a alergênicos e intolerâncias;
  13. Em um cenário de crise, onde as empresas buscam permanecer no mercado, reduzir custos, etc. As legislações e exigência de clientes exigem diversos requisitos, que envolvem custos. Como engajar neste cenário com equipe reduzida cumprir com todos os requisitos?
  14. Diante da situação econômica do Brasil, quais alternativas viáveis para que a continuidade dos objetivos relacionados a qualidade e segurança de alimentos sejam mantidos, com a diminuição de recursos e cortes de gastos?
  15. Como manter a qualidade e segurança de alimentos em épocas de restrição de verbas (crise econômica)?
  16. Atualmente o cenário de segurança de alimentos é bastante dinâmico e as informações são atualizadas constantemente. Portanto, acredito que um grande desafio neste cenário será a padronização e comunicação ativa diante destas várias mudanças na área de Segurança de Alimentos;
  17. Aumento da importação de ingredientes da China (outros países também);
  18. Produzir mais com menos custos, reprocesso, retrabalhos, reclamações, perdas de embalagem, perda de imagem;
  19. Atendimento à lei de modernização de segurança de alimentos – HARPC (EUA);
  20. Gerenciamento de alergênicos – controle de contaminação cruzada;
  21. Fraude em alimentos: métodos de investigação e controle;
  22. Ausência de padrões para qualidade higiênica de equipamentos e ambientes na legislação brasileira. A existência e exigência seria uma maneira de melhorar e garantir a segurança de alimentos;
  23. Influência da qualidade nos processos;
  24. Controle e gerenciamento de alergênicos;
  25. Segundo a RASFF/2015, a China é campeã nos alertas de contaminação e migração de metais pesados em embalagens;
  26. Na vanguarda da FSMA (lei de modernidade dos EUA) como são os controles de perigos radiológicos?
  27. Há interesse da indústria de detecção de contaminantes através de métodos cada vez mais sensíveis ou não?
  28. Nanotecnologia e metodologia futura e segura?
  29. Big Data tão comentada no evento do GFSI em fevereiro em Berlim é novidade ou será que via cartão de crédito no pagamento de contas após refeições conseguimos provar as origens dos alimentos contaminados?
  30. Quais são as preocupações governamentais para eventos em massa sobre Food Safety (Exemplos: Copa, Olimpíadas, etc)?

Baseado na minha experiência profissional, e de vida, tentarei tratar de alguns tópicos neste post, pois como vocês viram, as dúvidas e os questionamentos são muitos!

Os primeiros tópicos dizem respeito ao comportamento da chamada “Alta Direção” das empresas.

Infelizmente, para muitos dirigentes ainda vivemos nas décadas de 50 e 60 do século passado. Nessa época, a Qualidade tinha foco apenas em controlar e aprovar, porque sempre foi vista como um requisito de custo e custo, todos sabem, é o que está à frente das tomadas de decisão sempre.

Qualidade sempre foi gasto. P&D, investimento.

Qualidade sempre foi o patinho feio. P&D, o lindo cisne branco.

Quem da nossa área já não ouviu a seguinte pergunta: A certificação não custa muito caro?

_Como assim???

_Caro quanto?

_O que é caro?

A abertura de mercado e clientes de primeiro nível, uma autuação ou ver sua marca ser destruída nas mídias sociais?

Nos meus primeiros anos de trabalho ouvi a seguinte frase de um profissional experiente: “Qualidade é um setor que quando tudo tá certo ninguém valoriza, mas que quando alguma coisa dá errada é sempre a culpada”.

A verdade é que na maioria das empresas, a Alta Direção não é comprometida o suficiente com os requisitos de Qualidade e de Segurança de Alimentos.

Esta afirmação pode ser facilmente confirmada com a seguinte situação: Qual o tamanho da dificuldade de agenda para uma Reunião de Análise Crítica?

Quem não sofreu algum tipo de cobrança por reprovar um fornecedor que não cumpre todos os requisitos legais, mas que tem um preço “extremamente” competitivo?

E as verbas para treinamento e qualificação do pessoal ligado às atividades ligadas à Produção, Manutenção e Qualidade que são sempre muito apertadas?

Nas próximas postagens tratarei dos outros temas listados acima, mas tenham a certeza que todos estão muito, muito mesmo, ligados ao comprometimento ou à falta dele por parte de quem toma as decisões chamadas estratégicas dentro das empresas.

Créditos de imagem: Ordem dos nutricionistas.

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Pesquisa sobre RDC 26/2015

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Um dos objetivos do Blog Food Safety Brazil é aproximar os estudantes da área com a temática da segurança dos alimentos, com o mercado de trabalho e com os desafios do setor. As ações do blog para o público estudantil são gerenciadas pelo Comitê Academia, do qual faço parte. Recebi esta pesquisa conduzida pelos alunos do curso de Nutrição da FAP – Faculdade de Apucarana – que sob supervisão do professor Eduardo Toledo analisaram 34 produtos alimentícios de diferentes marcas e compararam os rótulos destes com os requisitos previstos na Resolução RDC 26/2015 referente a rotulagem de alergênicos. Achei bem interessante compartilhar os achados com nossos leitores e ainda incentivar iniciativas similares nas salas de aula e dentro das indústrias durante os treinamentos sobre Gestão de alergênicos.

Nada como a prática para fortalecer conhecimentos!  

Boa leitura!

Metodologia da pesquisa:

Para a realização deste trabalho foram analisados diferentes produtos nos municípios de Jandaia do Sul, Apucarana e Arapongas no Norte do Paraná. As 34 amostras de diferentes marcas, nacionais e multinacionais, tiveram as informações contidas nos rótulos verificadas e comparadas com os requisitos previstos na Resolução publicada pela ANVISA de rotulagem de alergênicos.

As categorias e marcas de alimentos escolhidas pelos alunos do curso de nutrição da FAP foram:

  • aveia em flocos (5 marcas);
  • barra de cereal (3 marcas);
  • biscoitos de água e sal (8 marcas);
  • farinhas de trigo (5 marcas);
  • leite de UHT (8 marcas);
  • leite condensado (5 marcas).

Requisitos de rotulagem considerados:

Conforme a RDC Nº 26, de 02 de julho de 2015 (ANVISA, 2015), os alergênicos devem ser declarados logo após os ingredientes, de acordo com as seguintes possibilidades:

  • Alérgicos: Contém (nomes comuns dos alimentos que causam alergias alimentares);
  • Alérgicos: Contém derivados de (nomes comuns dos alimentos que causam alergias alimentares);
  • Alérgicos: Contém (nomes comuns dos alimentos que causam alergias alimentares) e derivados.

Em adição a estas possibilidades, ainda há os casos em que é possível ocorrer à contaminação cruzada dos alimentos, e a indústria não consegue comprovar ausência desses alimentos através de um Programa de controle de alergênicos. Estes casos devem receber a seguinte advertência:

ALÉRGICOS: PODE CONTER (NOMES COMUNS DOS ALIMENTOS QUE CAUSAM ALERGIAS ALIMENTARES)

Essas advertências devem ainda seguir alguns requisitos de formatação da declaração, como: caixa alta, negrito, cor contrastante com o fundo do rótulo e altura mínima de 2 mm e nunca inferior à altura de letra utilizada na lista de ingredientes.

Resultados encontrados:

  • Aveia em flocos

4 amostras se mostraram conformes, enquanto 1 apresentou erro na descrição de seus componentes alérgicos. A advertência indicava a presença de derivados de aveia, mas a lista de ingredientes indicava a presença de aveia em flocos.

  • Barra de cereal

Dentre as barras de cereais, todas as 3 amostras verificadas se mostraram de acordo com a Resolução RDC 26/15.

  • Biscoito água e sal

Foram testadas 8 amostras, sendo que metade estava conforme e a outra metade não conforme,  pois apresentaram erro na descrição de seus componentes alérgicos.

Um dos rótulos avaliados errou ao omitir a existência de derivados de trigo e soja, sendo que a mesma apresenta farinha de trigo e lecitina de soja. Além disso, a escrita não estava em caixa alta e não apresentava a palavra “alérgicos”.

Um segundo rótulo errou ao apontar que o produto contém trigo, quando na verdade, contém derivados de trigo (farinha de trigo).

O terceiro desvio foi um caso em que não havia a advertência quanto a presença de derivados de trigo, leite e soja em um produto que utiliza farinha de trigo, soro de leite e lecitina de soja em sua composição. Este produto ainda não utilizou o vocativo: “alérgicos”.

A última situação não conforme com o produto biscoito água e sal envolveu a ausência do uso do vocativo: “alérgicos” no início da frase.

Farinha de trigo:

Foram avaliadas 5 marcas de farinha de trigo, sendo que apenas 2 estavam conformes com a Resolução RDC 26/15. Nas duas situações não conformes, a falha evidenciada foi a mesma: a advertência apresentava a presença de  derivado de trigo não de trigo.

Leite UHT:

Das 8 amostras de leite UHT, apenas 1 situação de não atendimento a RDC 26/15 foi observada. No caso observado, não havia qualquer advertência quanto a presença de alergênicos. O aviso “ALÉRGICOS: CONTÉM LEITE” deveria estar escrito em caixa alta, após a lista de ingredientes, em negrito e com uma letra maior em relação a usada na lista de ingredientes, após a informação “NÃO CONTÉM GLÚTEN”.

  • Leite condensado

Dentre as marcas de leite condensado, 3 se mostraram conformes, enquanto 2 não apresentaram qualquer advertência em relação a presença de componentes alérgicos, no caso leite e derivados.

Conclusão dos autores

As informações fornecidas por meio da rotulagem contemplam um direito assegurado pelo Código de Defesa do Consumidor, o qual determina que a informação sobre produtos deve ser clara e com especificação correta de quantidade, composição e qualidade, bem como sobre os riscos que possam apresentar (BRASIL, 1990; CÂMARA et al., 2008).

No entanto, isto não significa que os consumidores o estejam utilizando como uma ferramenta para a escolha dos alimentos que deverão compor sua dieta e, assim, reduzir os excessos alimentares e os danos ocasionados à saúde (CAVADA et al., 2012).

Pode-se verificar que uma grande parte das empresas avaliadas ainda não estão de acordo com a nova legislação de rotulagem, sendo que 10  dos 34 produtos avaliados apresentaram desvios que fere o preconizado pela Resolução RDC 26/2015.

Desvios foram evidenciados em produtos fabricados por pequenas empresas e por algumas empresas de grande reputação e reconhecimento no mercado.

Encontraram-se tanto erros menores, como “ALÉRGICOS: CONTÉM DERIVADOS DE TRIGO” ao invés de “ALÉRGICOS: CONTÉM  TRIGO”, que seria o correto, quanto erros de maior impacto como a não informação da presença de ingredientes alérgicos na embalagem de produtos fabricados após o dia 03 de julho de 2016.

Agradecimento especial ao professor Eduardo Toledo e aos alunos do curso de nutrição da FAP pelo compartilhamento dos dados citados.

Nota da colunista: Esta pesquisa foi realizada em sala de aula com alunos de graduação de nutrição com objetivo de treinar “os olhos” dos alunos e exercitar seus conhecimentos aplicando os requisitos da RDC 26/2015. Não visa ser conclusiva sobre o status da aplicação deste requisito legal e não possui base científica.

Caso a sua faculdade também tenha feito um trabalho interessante de educação em segurança de alimentos nos envie. Quem sabe não pode servir como inspiração para outras turmas?

Até a próxima!

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Importância da Auditoria de fornecedores em armazéns frigorificados no Estado de São Paulo

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As empresas de alimentos estão sempre muito preocupadas com a eficiência das boas práticas de fabricação, pois essas práticas são os alicerces de uma produção de alimentos seguros e de qualidade para o consumidor. Porém essas preocupações e cuidados devem ser estendidos quando são utilizados serviços de armazéns logísticos terceirizados. Quando falamos de empresas que possuem seus produtos incluídos na cadeia do frio, temos uma maior preocupação com os procedimentos e as condições de segurança e qualidade alimentar oferecidas pelos armazéns frigorificados para que não haja qualquer tipo de interferência negativa na segurança alimentar.

O Estado de São Paulo possui diversos armazéns frigorificados, localizados nas mais variadas cidades, mas principalmente em cidades com até 300 Km de distância do litoral paulista. Tal fato reduz o tempo de distribuição e favorece as condições para uma logística mais eficiente e uma manutenção adequada da segurança alimentar dos produtos. Porém o perigo referente à segurança alimentar não termina quando os produtos dão entrada nesses estabelecimentos, pois as boas práticas e as condições estruturais dos armazéns podem transformar um alimento seguro em um possível transmissor de doenças tais como as doenças transmitidas por alimentos (DTA).

Nos anos de 2015 e 2016 foram realizadas visitas em alguns armazéns frigorificados que fazem parte da cadeia logística de produtos cárneos, encontrando assim diferenças enormes entre procedimentos de boas práticas aplicadas nos locais e as condições das estruturas de armazenagem dos produtos. Muitos armazéns obtêm condições satisfatórias para atender os requisitos de boas práticas de armazenagem contidas em legislação, porém esses mesmos estabelecimentos demonstraram ter uma grande deficiência nas condições físicas de contenção de frio com muitas partes estruturais antigas e sem o devido ajuste de manutenção. Outros armazéns detêm condições ótimas de contenção do frio e manutenção estrutural, porém não podemos dizer o mesmo em relação as boas práticas observadas “in loco” com sérias deficiências nos procedimentos e falta de equipamentos básicos adequados. Tais fatos e observações ressaltam sobre a importância de uma auditoria completa de fornecedores e que em muitas os fornecedores que podem prejudicar a cadeia da segurança alimentar não estão ligados aos insumos, mas sim aos serviços prestados à empresa de alimentos.

2 min leituraAs empresas de alimentos estão sempre muito preocupadas com a eficiência das boas práticas de fabricação, pois essas práticas são os alicerces de uma produção de alimentos seguros e de […]

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FSB Entrevista: Humberto Cunha

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Na última quinta-feira nosso querido colunista, Humberto Cunha, completou mais uma primavera e aproveitamos para entrevista-lo com o auxílio de nosso corpo de colunistas especialistas. Humberto é médico-veterinário, faz mestrado em ciências de alimentos na UEL, é idealizador de uma movimentada página sobre segurança de alimentos no Facebook. Iniciou o trabalho voluntário como colunista no Food Safety Brazil este ano, e recentemente, auxiliou na realização do II Workshop Food Safety Brazil. Como ele consegue realizar tudo isso, suas opiniões sobre recentes discussões acerca da legislação do profissional fiscal federal, e muito mais você irá conferir a seguir.

Humberto, você é médico veterinário. Tenho curiosidade para saber quando e como foi a sua escolha por se especializar e trabalhar em segurança dos alimentos. Quais são os maiores desafios que você enfrenta ou enfrentou neste segmento? (Vanessa Cantanhede)

Exatamente o tipo de pergunta que gosto de responder. Afinal, sou médico veterinário e não trabalho com cães e gatos (UAU)! A medicina veterinária lhe forma um médico generalista. Um médico que chamamos de clínico geral, aquele que sabe de tudo um pouco, mas não é especialista na área. A partir do momento em que ele opta por exercer uma atividade mais específica, resolve se aprofundar na oftalmologia ou cardiologia, por exemplo. Na medicina veterinária também, só que muito mais complexo, afinal estudamos todas as espécies domésticas (em alguns casos silvestres) e a partir daí você começa a se decidir: Para qual caminho seguir? Basicamente você pode optar pela produção animal, clínica de pequenos ou grandes animais, vigilância sanitária, inspeção de produtos de origem animal, entre outros. Mas note que mesmo falando que seguirei a área de produção animal, por exemplo, estou falando de qual espécie? Temos a bovinocultura de leite e corte, avicultura, suinocultura, piscicultura, etc. Então é natural que o profissional vá se especializando dentro da sua área de atuação. Eu sempre quis atuar dentro de frigorífico por influência do meu pai. Eu já flertava com essa área desde a graduação e após formado fui trabalhar num abatedouro frigorífico de frango, dentro da inspeção federal. Lá comecei a compreender melhor os programas de autocontrole (BPF, APPCC, PPHO, etc) e a inspeção sanitária ante-mortem e post-mortem dos animais. Nesse momento, a Segurança de Alimentos começou a fazer parte da minha vida. Os maiores desafios que encontrei não foram na área de gestão de qualidade, mas em gestão de pessoas. Acredito que a faculdade não lhe prepara adequadamente para encarar os desafios do mercado de trabalho e tive que me aperfeiçoar by-myself.

Você está fazendo mestrado, como você administra tudo isto: tua carreira, o mestrado e a vida pessoal? Conte-nos sobre o teu mestrado e os maiores desafios em administrar tudo isto. (Angela Busnello)

Essa pergunta é um mistério. Nem eu mesmo sei como consigo fazer tanta coisa ao mesmo tempo, afinal não tenho as “benesses dos portadores do cromossomo XX”. Porém acredito que toda essa adrenalina e cortisol de estar constantemente compromissado com algo me instiga, acabam servindo de combustível para desempenhar minhas atividades. Considero-me uma pessoa ainda em aprendizado e uma das coisas que procuro melhorar diariamente é minha organização. O mestrado me ajudou muito em ser mais organizado, afinal programar todas as análises não é fácil. Acredito que o maior desafio em administrar tudo isso está em priorizar os compromissos.

Qual foi seu maior desafio e maior aprendizado com a organização do II Workshop do Food Safety Brazil? (Silvana Chaves)

Realizar o II Workshop da Associação Food Safety Brazil foi prazeroso, porém tive desafios. O maior desafio foi a questão de ORGANIZAÇÃO, principalmente do tempo, afinal somos todos voluntários e temos outros compromissos. Contar com o conselho de colegas experientes em promover cursos também foi fundamental para o sucesso do evento. O maior aprendizado que tive foi que sem a união da equipe estamos fadados ao fracasso.

Humberto, como você avalia o comportamento dos interessados em segurança dos alimentos nas redes sociais? (Juliane Dias)

Atualmente vejo muitas pessoas interessadas em Segurança dos Alimentos e não só o profissional atuante na área. Na minha página do Facebook, Segurança de Alimentos, contamos com mais de 109.000 seguidores e se eu fizesse uma rastreabilidade do perfil destas pessoas, poderia dizer que muitos ali são pessoas que querem apenas saber quais as melhores práticas para seu churrasquinho de final de semana, qual o melhor lugar da geladeira para armazenar “n” tipo de alimentos, se podem ou não lavar a carne na pia da cozinha, etc. São pessoas não atuantes na área de Segurança de Alimentos, mas se interessam para melhorar sua qualidade de vida. Todavia, depende muito da missão de cada página das redes sociais e a minha missão é chegar na casa de todo consumidor a fim de levar informação fidedigna sobre Food Safety.

“Sensacionalismo” e más notícias são mais virais que conteúdo informativo? Qual é sua experiência? (Juliane Dias)

Você já foi educada em como usar as redes sociais? Eu não fui e ninguém de nós passou por uma auto-escola para prepará-lo futuramente a usar uma conta do Facebook com ética e responsabilidade. Você basicamente age como lhe melhor convém. Quem tem dificuldade em ler, interpretar e analisar os dados pode se precipitar em divulgar uma informação falsa e aí o fósforo foi riscado no palheiro. Qual minha experiência com isso? O caso recente do ITAMBÉ. Eu via em minha timeline particular uma série de notícias falsas sendo compartilhadas e na minha página Segurança de Alimentos do Facebook, nossa equipe soltando as informações verdadeiras. Quem você acha que ganhou em curtidas e compartilhamentos? Sim, as falsas notícias! Creio que a explicação disso é um pouco pela baixa qualidade de educação que temos no país, que dificulta leitura mais criteriosa e melhor interpretação para julgar as notícias e também pela “preguiça” de irmos atrás de outras fontes (confiáveis) para cruzarmos os dados.

Como médico veterinário e já tendo trabalhado na inspeção, você é a favor ou contra a Terceirização de Auditor Fiscal Federal Agropecuário? (Dafné Didier)

A questão de ser contra ou a favor da terceirização levanta pontos importantes a serem discutidos. Evidente que como todo ponto polêmico, um lado da bancada vai expor prós e outros, contras a respeito do tema debatido. Vejo como lado positivo a geração de mais empregos, porém atualmente sou CONTRA a terceirização da Inspeção do AFFA e vou lhe explicar o motivo. O Brasil gera milhões e milhões na sua receita exportando produtos de origem animal e vegetal. Na área de carne de frango, por exemplo, somos o maior exportador do mundo. O faturamento diário de uma empresa de médio a grande porte num frigorífico avícola é monstruoso e move toda uma economia no país. Todavia, como toda indústria de alimentos, existem problemas a serem resolvidos e que numa situação na qual exige-se a interrupção do abate e condenação ou sequestro de produto, o profissional da qualidade teoricamente deveria se envolver na tomada de decisões, mas muitas vezes não é isso o que acontece. Para tomada de decisões que envolvam ações corretivas mais enérgicas, somente um AFFA tem essas condições, afinal este profissional é um agente do governo que está auditando e fiscalizando a indústria e que com poder de polícia para a tomada dessa decisão, pois está sob amparo legal. Fazendo uma analogia, exponho as leis de trânsito: Todos nós fomos treinados e habilitados a dirigir através da auto-escola e DETRAN, respectivamente. Sabemos o que pode e o que não pode ser feito enquanto conduzimos um veículo. Furar um sinal vermelho, não usar o cinto de segurança, dirigir sob o efeito do álcool e o excesso de velocidade são algumas circunstâncias que gerariam multas e outras punições. Alguns motoristas possuem maturidade (ética) suficiente para não desviar-se da lei, já outros são imprudentes e certamente sem a presença da polícia haveria a instalação do caos. Nessa situação, coloquemos um agente de trânsito terceirizado (no qual quem paga seu salário são os próprios motoristas). Mesmo que os motoristas saibam que estão pondo em risco a vida das pessoas por serem imprudentes, existirá aqueles que não têm maturidade e na tentativa de intervenção por parte desse agente, será que a ordem seria estabelecida com a mesma eficácia comparada com a ação policial? Acredito que a palavra chave para aprovar ou não a terceirização da inspeção federal no Brasil é MATURIDADE! Essa maturidade tem a ver com o estado sócio-político-educacional que temos no Brasil. Estamos passando por mudanças e queremos essa mudança. Chega de impunidade! Que o artigo 5 da Constituição Federal (tomos somos iguais perante a lei…) entre em vigor e o alto escalão político corrupto seja devidamente punido. Quando começarmos a estabelecer genuinamente a ordem nesse país e a MATURIDADE chegar em diferentes níveis econômicos, políticos, sociais… talvez possamos pensar na terceirização da inspeção federal. Isso oneraria menos o Estado e partiríamos para um país mais Neoliberal (sem muita intervenção do Estado). A terceirização da inspeção pode funcionar em outros órgãos brasileiros, mas aqui estamos falando do MAPA, órgão vinculado à uma vertente que move a economia do país. A terceirização deve ficar em Stand-by pelo menos até pormos ordem na casa.

Você acha que é benéfico para a sociedade a reserva de mercado imposta pelo conselho de medicina veterinária, o qual influencia a bancada legislativa a proibir outras categorias profissionais na inspeção de produtos processados de origem animal? (Juliane Dias)

A questão é: tudo o que é novo gera medo e desconfiança. Você sabia que no início das atividades de formação de médicos veterinários no Brasil, nossos professores nas Universidades eram basicamente agrônomos (agrárias) e médicos (saúde pública)? Com o tempo o cenário foi mudando, e os médicos veterinários começaram a ocupar carreiras acadêmicas. É natural de cada conselho defender sua classe por isso a questão da reserva de mercado imposta pelo CFMV/CRMV. Temos um conselho forte e atuante, principalmente na bancada legislativa, por isso nossos direitos são defendidos. Para que a classe do engenheiro ou tecnólogo de alimentos possa avançar, o ideal é que vocês comecem a ocupar estes postos. A inspeção ante-mortem e post-mortem dos animais de abate é e será de atribuição exclusiva do médico veterinário, por questões de formação profissional, mas haverá um dado momento em que outras classes começarão a encontrar seu espaço no MAPA, assim como o químico, farmacêutico, zootecnista e agrônomo encontraram. A inspeção de leite, por exemplo, é basicamente laboratorial então por que não podemos ter a atuação de um engenheiro ou tecnólogo de alimentos?

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Comida japonesa passa a ter requisito legal | RS

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Comida japonesa é preferência de grande parte dos brasileiros e na última década houve um aumento significativo da quantidade de restaurantes especializados neste segmento.

Você já se perguntou sobre a segurança destes alimentos? Será que existe risco de contaminação microbiológica no consumo de pescado cru? Como deverá ser o rigor de higiene e cuidados durante a manipulação e preparo, já que não são tratados termicamente?

Pensando nessas questões, somado ao crescente número de estabelecimentos de culinária japonesa e nos riscos associados ao preparo (quando inadequado), foi publicada a Portaria 1.109 de 2016, construída numa parceria da Equipe de Vigilância de Alimentos da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (EVA/CGVS/SMS), com o Senai e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Esta legislação aprova exigências mínimas para produção, preparo e comercialização de sushis e sashimis em Porto Alegre e está em vigor desde 23 de agosto de 2016.

Do que trata esta Portaria?

Todos os estabelecimentos que produzem, manipulam ou comercializam sushis e sashimis deverão, além de seguir todos os requisitos higiênico-sanitários já constantes na legislação vigente, seguir determinações específicas, tais como:

  • Exigência de congelamento dos pescados capturados em alto mar em alguma das etapas de produção na indústria;
  • Comercialização de pescados resfriados caso oriundos de cativeiro;
  • Exigência de que o arroz temperado tenha pH menor ou igual a 4,5 e seja consumido até 24 horas após o preparo;
  • Temperatura de manutenção dos produtos (manipulados ou não) estão expressos na portaria, que também traz a público normas para a exposição dos alimentos prontos, sejam frios ou quentes.

Ficou curioso e quer saber mais? Acesse a Portaria na íntegra. Lembrando que é aplicável somente em Porto Alegre, mas caso seu estabelecimento seja em outra região, você pode utilizar como referência. Não deixe de ler aqui!

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