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Riscos de contaminação na produção de carnes mecanicamente separadas

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A European Food Safety Authority (EFSA) fala sobre o risco de contaminação na produção de carnes mecanicamente separadas (CMS).

Notícia publicada no site foodproductiondaily.com descreve que, de acordo com a EFSA, a alta pressão empregada na produção de carne mecanicamente separada (CMS) de suínos e aves aumenta o risco de contaminação. 

A CMS é a carne obtida por processo mecânico de moagem e separação de ossos de animais que, sob altas pressões, são prensados através de uma peneira. Ou seja, após a retirada dos cortes, o osso com aquele restinho de carne é colocado em uma máquina onde obtêm-se um produto de cor rósea e textura pastosa. Neste processo, só podem ser utilizados ossos, carcaças ou partes de carcaças de animais de açougue (frangos, bovinos, suínos e outros) que tenham sido aprovados para consumo humano. E a CMS só pode ser utilizada em produtos industrializados que são previamente cozidos antes de serem vendidos.
“Na realidade, este processo resulta em uma maior degradação da fibra muscular e uma liberação associada de nutrientes, que fornecem um substrato favorável para o desenvolvimento microbiano”, dizem os cientistas da EFSA. Contudo, além da questão de alta pressão, o parecer conclui que o risco microbiológico representado pela CMS em nada difere do representado pelas carnes comuns.

 De acordo com a literatura, o início da separação mecânica de carne aconteceu na primeira metade do século XX, onde empresas começaram a construir máquinas para desossar peixes. A partir de 1950, nos EUA, novas máquinas começaram a ser produzidas para o processamento de ossos de frango. Hoje em dia existem diversas marcas e tipos de equipamentos que fazem a extração mecânica de carne das diferentes espécies de animais de açougue. Aqui no Brasil, com o enorme aumento da produção de frangos nos anos 90 e a comercialização cada vez maior de cortes, tanto para o mercado interno como para o externo, a CMS tornou-se uma das principais matérias primas para a fabricação de produtos cárneos.

De fato, a CMS está longe de ser carne de verdade, porque possui índices muito menores de proteína, alto teor de gordura (principalmente da medula óssea) e alto teor de cálcio. Enquanto uma carne magra possui por volta de 21 a 22% de proteína e 1 a 3% de gordura, a CMS apresenta um mínimo de 12% de proteína e até 30% de gordura, dependendo do tipo de máquina e da matéria prima utilizada para a sua fabricação. Por ser um produto muito perecível, no Brasil a sua validade para utilização em produtos cárneos é de, no máximo, 90 dias quando congelada imediatamente e mantida a uma temperatura de -18ºC.
Na notícia citada acima, a EFSA afirma que não há preocupações específicas com relação a perigos químicos na CMS, desde que os níveis máximos de resíduos forem respeitados. E dentro da mesma opinião, o Painel da EFSA sobre Riscos Biológicos também estabelece um método para detectar CMS em produtos, usando os níveis de cálcio liberados a partir de ossos durante o processamento como uma referência.

 No Brasil, a Instrução Normativa nº 4 de 21 de março de 2000 estabelece o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Carne Mecanicamente Separada.  De acordo com o referido regulamento, os padrões físico-químicos da CMS devem ser: proteína mínima de 12%; gordura máxima de 30%; teor de cálcio máximo na base seca de 1,5%; 98% dos restos de ossos deverão ter diâmetro máximo de 0,5mm e largura máxima de 0,85mm; e índice de peróxido máximo de 1 mEq KOH por Kg de gordura.

De acordo com a Comissão Europeia (CE) Regulamento (CE) n º 853/2004, relativo regras de higiene para os alimentos de origem animal, a CMS pode ser produzida a partir de aves e suínos, mas não de bovinos, ovinos e caprinos. Ela deve ser claramente identificada nos rótulos dos produtos e não pode contar como parte do teor de carne declarado do produto. Aqui no Brasil, não é exigida esse tipo de declaração e a CMS pode ser obtida também de bovinos.

 Os principais produtos em que podemos encontrar altos índices de CMS são  salsichas (possui até 60% de CMS) , mortadelas (até 60% de CMS),  e empanados Steaks. Produtos como lingüiças frescais ou hambúrgueres crus não podem receber CMS em sua formulação e se isso acontecer, é fraude. Nas lingüiças denominadas Tipo Calabresa, Tipo Portuguesa e Paio, que são submetidas ao processo de cozimento, é permitida a utilização de até 20% de CMS. E em alguns empanados, quase toda a proteína vem da CMS.

 

 

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O que aprendemos com os erros dos outros?

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Passado um pouco mais de quinze dias do caso Ades Maçã, o assunto já esta caindo no esquecimento da mídia, das redes sociais, dos consumidores e das indústrias. 

De casos como este, cuja repercussão foi nacional e com certeza gerou uma série de prejuízos devemos tirar lições para não repetirmos o mesmo erro.

Segue algumas questões para refletirmos e verificarmos se não estamos correndo o mesmo risco.

– O meu processo permite que uma falha dessas aconteça?

– Como poderia evitar esta falha? Quais medidas preventivas a serem tomadas?

– Na minha empresa já tive um problema similar?

– Os operadores são treinados? Procedimentos de verificação, como checagem das válvulas, são feitos antes do início do CIP?

– O procedimento de amostragem de produto esta adequada? A frequência é suficiente?

– Este perigo foi levantado no Plano APPCC? Há necessidade de considerá-lo?

– Como está o meu processo de rastreabilidade?

– O procedimento de recolhimento esta adequado? Simulações são frequentes? O resultado final é satisfatório? Consigo saber para onde meu produto foi? Consigo trazê-lo de volta? Quanto tempo leva para levantar todas estas informações?

– Há um plano de crises? É de conhecimento de todos? As partes envolvidas sabem o que devem fazer?

– E a comunicação entre departamentos, funciona? É rápida?

– O departamento de atendimento ao consumidor (SAC) esta preparado para dar respostas ao consumidor? Tem orientação de como deve agir? Tem treinamento para avaliar a gravidade do problema desde o primeiro contato?

Enfim, há muitos outros pontos a serem avaliados, estes são apenas alguns para iniciarmos a reflexão e evitarmos que outros casos aconteçam!

 

Juliana Levorato

 

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Surto Alimentar em Minas Gerais causou faringite e síndrome nefrítica

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Em dezembro de 2012 e janeiro de 2013, foram registrados casos de faringite seguida de síndrome nefrítica, em Minas Gerais na cidade de Monte Santo de Minas, associados provavelmente ao consumo de leite e derivados não pasteurizados de produção caseira ou artesanal e à carne crua ou mal cozida, configurando-se um surto inicialmente restrito àquela cidade.

 No entanto, em 01 de fevereiro de 2013, o CVE recebeu a notificação da existência de casos em residentes em  cidades paulistas vizinhas a Monte Santo e ou que tinham visitado o município e consumido alimentos suspeitos produzidos em sua área rural.

Foram analisadas amostras de alimentos que mostraram a presença de vários tipos de Streptococcus e outros patógenos indicando práticas inadequadas de preparação dos mesmos. Entre os alimentos analisados estão: leite in natura, sorvete, queijo e milkshake.

 Cabe destacar que streptococcus são transmitidos por via respiratória por secreções em contato de pessoa para pessoa ou por alimentos contaminados com saliva e espirros, isto é, contaminados com secreções humanas ou por bactéria de origem animal ou mesmo por meio de feridas na pele.

Para  prevenção da doença em cidades paulistas vizinhas e para turistas que se dirigem a Monte Santo de Minas, o Centro de Vigilância Epidemiológica/CCD/SES-SP publicou as seguintes recomendações:

– Não consumir produtos de origem animal crus, como carnes cruas ou mal cozidas, leite e derivados não pasteurizados, e especial cuidado com os alimentos não industrializados procedentes de Monte Santo de Minas tendo em vista a ocorrência de surto e investigação ainda em andamento;

– Atenção aos primeiros sintomas respiratórios frente ao consumo de alimento produzido em Monte Santo de Minas ou contato com pessoas com estes sintomas que lá estiveram; ao aparecimento dos primeiros sintomas respiratórios como dor de garganta, aumento dos gânglios cervicais e ou outros sintomas, procurar um serviço de saúde.

– Hospitais e unidades de saúde devem notificar os casos suspeitos à vigilância epidemiológica local e esta aos demais níveis de vigilância.

– À vigilância sanitária local, recomendam-se inspeções sanitárias e verificação de possível existência de comercialização de alimentos caseiros ou artesanais procedentes de Monte Santo de Minas, com orientações e medidas cabíveis.

 Maiores informações: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/NT2013_Surto_Monte_Santo.pdf

 

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O FDA está estudando limites para alergênicos

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WASHINGTON – O FDA em dezembro passado estabeleceu uma consulta publica para aceitar comentários com relação a sua intenção de definir niveis de ação para os principais alergênicos como definido pela Lei FALCPA de 2004. Esta consulta teve seu fechamento adiado para 13 de maio de 2013. Inicialmente seria encerrada em fevereiro deste ano.
No seu pedido de comentários, o FDA observou que a lei FALCPA foi promulgada para ajudar os consumidores a identificar mais facilmente os ingredientes de alimentos que podem causar uma reação alérgica. Os alergênicos identificados foram : ovo, leite, peixe, crustáceos, nozes, trigo, amendoim e soja, bem como ingredientes alimentares que contenham proteína derivada de tais alimentos. A definição exclui qualquer óleo altamente refinado derivado de um alergênico (Ex: óleo de soja refinado) e qualquer ingrediente derivado deste óleo.

    Detalhes da lei FALCPA:A lei FALCPA fornece dois mecanismos através dos quais ingredientes podem tornar-se isentos da obrigação de rotulagem de alergênico: Pode-se pedir por uma isenção, fornecendo evidências científicas, incluindo o método analítico, que um ingrediente “não causa uma resposta alérgica que representa um risco para a saúde humana” ou pode-se apresentar provas científicas de que o ingrediente “não contém proteína alergénica” ou que o processo pré-comercialização irá transformar o ingrediente de modo que “não cause uma resposta alérgica que representa um risco para a saúde humana”. 

 

O estabelecimento de níveis de ação para principais alergênicos ajudará a determinar se uma ação é necessária e também possibilitará o estabelecimento de um padrão claro para avaliar reivindicações de petições FALCPA de que um ingrediente ‘não causa uma resposta alérgica que representa um risco para a saúde humana “ou” de que não contém proteína alergênica. Estes limites também podem ajudar a indústria de alimentos a realizar análises de risco e a  desenvolver padrões para avaliar a eficácia de seus controles preventivos de gestão de alergênicos em suas instalações.  
Na consulta realizada, o FDA solicitou observações sobre o seguinte:

• Como definir “uma resposta alérgica que apresenta um risco para a saúde humana?”

• Quais são os alérgenos alimentares de maior risco à saúde pública e qual é o tamanho da população em situação de risco?

• Como os dados clínicos de distribuição de dose pode ser utilizado para estabelecer os niveis de ação?
• Que abordagens existem para uso de marcadores biológicos ou outros factores relacionados com a gravidade das respostas alérgicas em uma avaliação de risco?
• Quais são os dados e as informações existentes sobre os padrões de exposição dietéticos para indivíduos em dietas?
• Que dados ou outras informações existem dos níveis atuais de exposição associados com o consumo de alérgenos não declarados em alimentos embalados?
• Que dados ou outras informações o FDA deve considerar no estabelecimento de niveis de ação para principais alergênicos?

Fica clara a preocupação do FDA em estabelecer limites seguros e que para isso precisa da contribuição de toda a sociedade.  Dúvidas ainda existem e são muitas. Mais do que simplesmente estabelecer limites oficiais, o que está por traz é garantir a segurança de todos os consumidores sensíveis aos principais alergênicos existentes. E isso não é uma tarefa fácil.

Os comentários podem ser realizados no site: www.regulations.gov; Consulta número: FDA-2012-N-0711.
Participe!

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Como elaborar uma declaração de conformidade

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Cada elo na cadeia produtiva deve apresentar garantias de que o material que fornece é seguro. Muitas vezes este item é difícil de evidenciar já que a composição de um insumo pode ser considerada um segredo industrial.  Nestas situações, a parte interessada em manter o sigilo deve garantir que toda e qualquer informação relevante para a condução de uma avaliação de riscos deve estar disponível para o usuário do material.

 Uma forma de se documentar esta comunicação externa é através de uma declaração de conformidade que pode ser elaborada com os seguintes tópicos, quando aplicável:

  • Identificação e endereço de quem fornece a declaração (papel timbrado)
  • Identificação e endereço do fabricante do insumo
  • Nome comercial do insumo
  • Estrutura do material 
  • Uso proposto, incluindo tipos de alimentos e condições de uso (tempo x temperatura)
  • Declaração de cumprimento de BPF e de requisitos de rastreabilidade
  • Afirmação de que o insumo atende as listas positivas das legislações aplicáveis
  • Apresentação de todas as restrições de uso e dados de limite de migração especifica
  • Declarações e comprovação de ensaios de migração total e especifica
  • Data
  • Assinatura do RT

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Biologia molecular e a detecção de patógenos

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Embora a Biologia Molecular tenha iniciado seus estudos há aproximadamente 60 anos,  foi nas décadas de 80 e 90 do século passado, que  foi possível realizar ensaios automatizados para a replicação do DNA “in vitro”.

 Patógenos como Salmonella sp, Listeria monocytogenes, E. coli O157, Campylobactr jejuni e Campylobacter coli, Vibrio cholerae e Vibrio parahaemolyticus, Staphylococcus coagulase Positiva, Clostridium botulinum, e alguns outros considerados emergentes são comumente investigados pelo Controle de Qualidade das indústrias produtoras de alimentos no Brasil e no mundo, visto que as exigências e fiscalizações por Órgãos reguladores estão cada vez mais frequentes, principalmente para os países que exportam para EUA, União Européia, Rússia entre outros. Isso fez com que a o diagnóstico por automatização de ensaios microbiológicos para detecção desses microrganismos esteja cada vez mais acessível nos laboratórios, como é o caso de equipamentos que operam por Biologia Molecular.

                   Hoje diversas técnicas podem ser encontradas no “mercado de patógenos”, como PCR (Reação de Cadeia Polimerase) em Tempo Real. Mas, recentemente uma nova técnica foi lançada, A Amplificação Isotérmica do DNA associada à Detecção por Bioluminescência. Diferentemente da PCR, que amplifica o DNA alvo exponecialmente, a Amplificação Isotérmica têm suas reações contínuas operando a uma única temperatura, o que proporciona um menor custo analítico.

           Durante a amplificação, múltiplos primers (estruturas seqüenciais de Bases Nitrogenadas que iniciam as replicações) se alocam simultaneamente em posições específicas do genoma, o que confere a tecnologia uma maior sensibilidade. Além disso, uma enzima mais estável a 60ºC, DNA Polimerase Isotermal, promove a quebra das pontes de hidrogênio das Bases Nitrogenadas e concomitantemente amplifica o DNA.

           Ao mesmo tempo em que o DNA é amplificado ocorre também à  sua detecção, por isso seu resultado é em tempo real. Diferentemente da PCR que realiza sua detecção por fluorescência, esta nova tecnologia, Amplificação Isotérmica, realiza sua detecção por Bioluminescência, onde um subproduto liberado durante a reação de amplificação, o Pirofosfato, é convertido em APT através de uma reação enzimática entre a ATP Sulfurilase e a Adenosina Fosfosulfato (molécula precursora do ATP). Por sua vez, o ATP produzido reage com a Luciferina/Luciferase produzindo Luz.

           A Luz produzida pela reação é mensurada em RLU (Unidade Relativa de Luz) através de um software, que também interpreta o resultado graficamente. Quanto mais luz for produzida na reação, mais DNA do microrganismo alvo está presente na amostra (pré enriquecida) e mais rápido será o resultado POSITIVO, podendo acontecer entre os 15 a 75 minutos de corrida. O resultado Negativo é obtido no final da corrida aos 75 minutos, tempo total de corrida no equipamento.

 Além da precisão nos resultados analíticos, esta tecnologia proporciona ao laboratório de Controle de Qualidade resultados mais rápidos, consequentemente uma tomada de ação imediata quando houver problemas com contaminações, uma maior segurança e rapidez na liberação do produto para consumo e/ou laudos para os clientes.

  Sylnei Santos

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Blog comida sem cocô

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Por uma questão de linha editorial, nosso blog não se propõe a fazer compilações de casos de escândalos e contaminações em alimentos.

No entanto apoiamos iniciativas como a do blog “Comida sem cocô” onde há clippings com o que os autores Melissa Galluci e Isaias Edson Sidney encontraram o que foi definido como

“… todo e qualquer elemento estranho e todo e qualquer sinal de deterioração encontrados em produtos alimentícios que impeçam seu consumo por seres humanos.”

Confira:

http://comidasemcoco.blogspot.com.br/

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Entrevista com colunista: Camila Miret

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Neste mês de aniversário do blog, nossa equipe decidiu inaugurar mais um ciclo de surpresas para nossos leitores.

Todo colunista faz aniversário, certo? Então nesta data publicaremos uma entrevista com cada um para podermos conhecê-los melhor.

Hoje, com a palavra, Camila Miret:


Por que escolheu trabalhar com segurança dos alimentos? Sempre pensou em atuar na área, ou simplesmente os caminhos te levaram a isso?
Foi a atração pelo tema, que começou desde a faculdade, quando tive a matéria específica, e depois busquei caminhos, com o mestrado. A segurança de alimentos é muito relevante e adoro trabalhar com ela.

O que mais lhe marcou da experiência de fazer um mestrado em Portugal, na área de segurança de alimentos?

Foi a interação com os colegas nas aulas, que incluía uma aluna de Moçambique, e principalmente a receptividade tanto dos professores e funcionários da faculdade quanto da empresa em que estagiei. Valorizo muito as amizades que conquistei nos dois anos lá e a experiência profissional no estágio da fábrica de concentrado de tomate. O trabalho foi levado bem a sério por todos, adorei.

O que gostaria de ver nesse nosso Brasil, em termos de segurança de alimentos?
Gostaria de ver uma ANVISA mais atuante e antenada nas novidades, com legislação atualizada, profissionais mais qualificados  e estudos mais aprofundados, e também que as “pontas” da cadeia (produção agrícola, transporte dos produtos finais e pontos de venda) levassem mais a sério o assunto de segurança dos alimentos, e se preocupassem com o consumidor e a saúde pública. Se cada etapa da cadeia fizesse o seu papel adequadamente e estabelecesse seus controles, não oneraria tanto a indústria de alimentos. Também gostaria que existissem mais ações de educação dos consumidores.

Quais são seus projetos futuros?
Não vejo a hora de ter o meu primeiro cliente de consultoria certificado. Nenhum deles ainda concluiu os projetos e não chegou ao momento da certificação, mas isso vai acontecer.

Quando você cozinha, toma algumas providências especiais?
Confesso que não sou muito fã de cozinha e raramente faço qualquer coisa. Não tomo nenhuma providência “especial”, só as clássicas e básicas como: lavar as mãos, retirar adornos, prender os cabelos, usar tábuas separadas, entre outras.

Qual é a sua maior frustração como profissional da área?
O desconhecimento do mercado sobre engenharia de alimentos e a desvalorização do profissional, com salários baixíssimos e ao mesmo tempo, grandes responsabilidades para com a saúde pública. Recentemente a ANVISA publicou edital de  concurso, considerando como aptos para concorrerem aos cargos de especialistas em regulação e vigilância áreas que pouco têm a ver, como engenharia mecânica, elétrica e de materiais, e nem sequer mencionaram a engenharia de alimentos. Falta regulamentação para o engenheiro de alimentos, falta fortalecer a categoria.

Qual você considera seu grande momento profissional?
Foi a conclusão do mestrado, o dia da defesa da tese, que me marcou muito e tenho certeza que foi o maior passo que dei para trabalhar com segurança de alimentos.

Qual o tipo de empresa/segmento/atividade mais difícil de auditar?
As dificuldades em auditoria, pelo menos para mim, não estão tão relacionadas a uma atividade ou um segmento, mas sim, a certas situações. Ir auditar uma empresa pela primeira vez sempre dá um friozinho na barriga, porque não sabemos como vamos ser recebidos (às vezes o auditor é visto como inimigo). Temos que ter jogo de cintura para lidar com pessoas, pessoas com diferentes personalidades e estado de espírito. Já observei uma auditoria
numa empresa em que a responsável pela qualidade era extremamente nervosa e ansiosa, tremia e parecia que ia se “desmontar” diante de nós.

Como auditora, percebe muita diferença na formação e grau de preparo do
pessoal das pequenas e médias empresas x grandes corporações?

Sim, já aconteceu algumas vezes. Normalmente as empresas menores não têm condições de investir na contratação e na qualificação de seus profissionais. Mas a principal diferença está entre as regiões do Brasil.
Infelizmente, as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste ainda são bastante carentes em termos de formação do pessoal e oportunidades de desenvolvimento, quando comparamos com Sul e Sudeste.

O que lhe dá mais satisfação no trabalho como auditora? 
Certamente é ter a oportunidade de poder voltar a um cliente já auditado anteriormente e ver a evolução das pessoas, do sistema de gestão, das práticas. Gosto de agregar valor e é bem gratificante quando auditamos uma
empresa que dá a devida importância à certificação, ao seu sistema de gestão e ao processo de auditoria, e enxerga isso como uma bela ferramenta de melhoria contínua.

Qual o seu post preferido do blog Food Safety Brazil?
Difícil dizer exatamente qual o post que mais gosto, mas curto demais a seção “Fator RH” com os textos e dicas do Crístian. O post de Fernando Ubarana, com os “Causos de auditor – graxa mais do que alimentícia” também é bem engraçado. O “Depoimento de uma mãe de bebê alérgico”, de Juliane Dias, me tocou e me chamou muito a atenção de como é difícil lidar com esta situação.

O que você não come na rua?
Tenho uma boa resistência contra intoxicações e infecções alimentares, mas passo longe de espetinhos, salgados caseiros e queijo coalho que costumam vender nas praias.

Qual post publicado lhe dá mais orgulho?
Sem dúvida o de tratamento de não conformidades. Estou bolando outros artigos relacionados ao tema.

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A Copa de 2014 e as inspeções sanitárias

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Realizei uma entrevista com o Dr. Êneo Alves da Silva Júnior, Biomédico, Microbiologista, PhD em Controle Higiênico Sanitário de Alimentos, diretor do Laboratório CDL e autor de diversos livros e publicações em Segurança de Alimentos, entre eles o Manual Prático Higiênico Sanitário. O Dr. Êneo possui grande influência no segmento de segurança de alimentos, sendo convidado para participar da estruturação de novas legislações e diretrizes higiênico-sanitárias, como por exemplo, as diretrizes das inspeções sanitárias que ocorrerão em bares e restaurantes para a Copa de 2014 no Brasil.

Segundo o Dr. Êneo o programa de inspeções que está sendo testado em 16 restaurantes utilizados como pilotos do projeto, será iniciado oficialmente entre abril e maio de 2013.

O modelo de inspeção ainda encontra-se em fase de estruturação, porém, sabe-se que o modelo será semelhante ao adotado por outras cidades, como Londres e Nova York através da classificação dos estabelecimentos por letras ou números conforme as condições higiênico-sanitárias encontradas (veja abaixo o modelo utilizado em Nova York). Os resultados das inspeções seriam expostos ao público em local visível, como na entrada do estabelecimento ou divulgados via Internet, por exemplo.

As autoridades sanitárias estão ainda listando quais estabelecimentos participarão do programa de inspeções, há indícios que somente estabelecimentos fixos (ou seja, ambulantes não entrariam no programa) a um dado raio quilométrico dos estádios onde ocorrerão os jogos da Copa do Mundo entrariam no programa de inspeções. Ainda não se sabe se os estabelecimentos localizados em Shoppings Centers estariam ou não no programa de inspeções.

A metodologia de avaliação, apelidada informalmente de Check List da Copa, será inteiramente baseada da legislação federal vigente RDC 216/2004, legislação essa que se aplica em todo o país e fornece diretrizes exclusivas para serviços de alimentação com relação às boas práticas de fabricação de alimentos.

A seguir ilustramos o modelo utilizado em Nova York:

 

 Fonte da imagem: 

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1219031-restaurantes-serao-classificados-pela-higiene.shtml) 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Gordura em pó é um produto seco?

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A pergunta pode parecer sem cabimento, mas foi a dúvida interessante de uma empresa na hora de avaliar a real necessidade de se cobrar do fornecedor os testes de migração, já que a embalagem  entraria em contato com um produto, seco, dispensado deste controle. O produto era um pó para preparo de chantili,  que tem na sua composição principalmente açúcar e gordura em pó.

Para responder à essa questão, é importante observar que a RDC 105/99 já indicava o emprego de simulantes para alimentos secos dependendo de sua natureza e, portanto, a realização de ensaios de migração conforme o caso.

 Ao revogar o anexo da RDC 105/99, referente à classificação dos alimentos e simulantes para embalagens e equipamentos plásticos em contato com alimentos, a RDC 51/10 deixa mais clara a existência de diferenças entre um “alimento seco não gorduroso” e um “alimento seco gorduroso”.

 Como pode ser verificado nesta atualização, não existe a necessidade de realizar ensaios de migração para “alimentos secos não gordurosos”. No entanto, considerando a presença de gordura no produto em questão, sua classificação será mais próxima da categoria de “alimentos secos gordurosos” e, portanto, é possível concluir que existe a necessidade de realização dos ensaios de migração.”

 

 

 

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